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16 Direito das Coisas.pdf

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1	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
PROPRIEDADE	
  
	
  
FUNDAMENTO	
  JURÍDICO	
  DA	
  PROPRIEDADE	
  
	
  
A	
  propriedade	
  é	
  um	
  direito	
  natural.	
  O	
  direito	
  de	
  possuir	
  bens	
  advém	
  da	
  natureza	
  e	
  não	
  da	
  lei.	
  
É	
  condição	
  da	
  existência	
  e	
  da	
  liberdade	
  do	
  homem	
  (teoria	
  da	
  natureza	
  humana).	
  
O	
   direito	
   de	
   propriedade	
   é	
   cláusula	
   pétrea,	
   tutelado	
   no	
   art.	
   5.°	
   da	
  Magna	
   Carta.	
   Cláusula	
  
pétrea	
  é	
  a	
  que	
  não	
  pode	
  ser	
  alterada	
  pelo	
  Poder	
  Constituinte	
  Derivado.	
  
As	
  expressões	
  propriedade	
  e	
  domínio,	
  para	
  uma	
  corrente,	
   são	
   sinônimas,	
   tendo	
  em	
  vista	
  o	
  
princípio	
  da	
  operabilidade.	
  Outra	
  corrente	
  sustenta	
  que	
  o	
  domínio	
  refere-­‐se	
  à	
  titularidade	
  de	
  bens	
  
corpóreos,	
  enquanto	
  a	
  propriedade	
  é	
  a	
  titularidade	
  de	
  bens	
  incorpóreos,	
  que	
  são	
  os	
  direitos.	
  	
  
	
  
CONTEÚDO	
  DO	
  DIREITO	
  DE	
  PROPRIEDADE	
  
	
  
O	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  complexo,	
  pois	
  confere	
  os	
  poderes	
  de	
  usar,	
  gozar,	
  dispor	
  e	
  reaver	
  
a	
  coisa	
  de	
  quem	
  injustamente	
  a	
  possua:	
  
	
  
a)	
  direito	
  de	
  usar	
  (jus	
  utendi):	
  é	
  o	
  direito	
  de	
  exigir	
  os	
  serviços	
  que	
  a	
  coisa	
  pode	
  prestar,	
  sem	
  
alterar-­‐lhe	
  a	
  substância.	
  Exemplos:	
  habitar	
  a	
  casa,	
  montar	
  no	
  cavalo,	
  guardar	
  a	
  coisa	
  etc.;	
  
b)	
   direito	
   de	
   gozar	
   (jus	
   fruendi):	
   é	
   o	
   direito	
   de	
   extrair	
   os	
   benefícios	
   da	
   coisa.	
   Exemplos:	
  
aquisição	
  dos	
  frutos	
  e	
  produtos;	
  alugar	
  a	
  casa	
  etc.	
  Os	
  frutos	
  e	
  mais	
  produtos	
  da	
  coisa	
  pertencem,	
  
ainda	
  quando	
  separados,	
  ao	
  seu	
  proprietário,	
  salvo	
  se,	
  por	
  preceito	
   jurídico	
  especial,	
  couberem	
  a	
  
outrem	
  (artigo	
  1232	
  do	
  CC);	
  	
  
c)	
  direito	
  de	
  dispor	
  (jus	
  abutendi	
  ou	
  disponendi):	
  é	
  o	
  direito	
  de	
  consumir	
  a	
  coisa	
  (destruição	
  
material),	
  aliená-­‐la	
  ou	
  gravá-­‐la	
  de	
  ônus	
  real	
  (v.g.,	
  hipoteca).	
  A	
  inalienabilidade	
  pode	
  ser	
  legal,	
  isto	
  é,	
  
imposta	
  pela	
  lei	
  (v.g.,	
  dote),	
  e	
  voluntária;	
  
•	
  Obs.:	
   Inalienabilidade	
  voluntária.	
  A	
  cláusula	
  de	
   inalienabilidade	
  retira	
  a	
  disponibilidade	
  do	
  
bem,	
  que	
  não	
  poderá	
  mais	
  ser	
  alienado	
  (vendido,	
  doado	
  etc.)	
  e	
  nem	
  penhorado.	
  Ocorre	
  quando	
  o	
  
proprietário	
  aliena	
  a	
  propriedade,	
  mas	
  ao	
  mesmo	
  tempo	
  proíbe	
  que	
  o	
  adquirente	
  torne	
  a	
  aliená-­‐la.	
  
Só	
  é	
  possível	
  nas	
  transmissões	
  gratuitas	
  (testamento	
  e	
  doações	
  puras),	
  devendo	
  estar	
  estipulada	
  a	
  
inalienabilidade	
  no	
  título	
  que	
  transferiu	
  a	
  propriedade	
  e	
  constar	
  no	
  Registro	
  Público.	
  Essa	
  cláusula	
  
não	
  é	
  perpétua,	
  só	
  vale	
  por	
  certo	
  tempo.	
  Pode	
  ser:	
  temporária	
  (quando	
  fixa	
  o	
  termo	
  ou	
  condição	
  
para	
  sua	
  extinção)	
  ou	
  vitalícia	
  (cessa	
  com	
  a	
  morte).	
  Se	
  vitalícia,	
  é	
  possível	
  a	
  alienação	
  do	
  bem,	
  em	
  
vida,	
  mediante	
  ordem	
  judicial	
  e	
  desde	
  que	
  haja	
  motivo	
  justo,	
  ocorrendo,	
  nesse	
  caso,	
  a	
  sub-­‐rogação	
  
do	
  vínculo,	
  consistente	
  na	
  transferência	
  da	
  inalienabilidade	
  para	
  o	
  bem	
  adquirido	
  com	
  o	
  produto	
  da	
  
venda.	
   O	
   bem	
   com	
   cláusula	
   de	
   inalienabilidade	
   não	
   se	
   comunica	
   ao	
   cônjuge	
   do	
   adquirente,	
  
conforme	
  a	
  Súmula	
  49	
  do	
  STF	
  e	
  o	
  art.	
  1.911	
  do	
  CC.	
  
d)	
   direito	
   de	
   reaver	
   (rei	
   vindicatio)	
   a	
   coisa	
   de	
   quem	
   injustamente	
   a	
   possua:	
   consiste	
   em	
  
reivindicá-­‐la	
  por	
  meio	
  da	
  ação	
  reivindicatória.	
  O	
  artigo	
  1228	
  do	
  CC	
  admite	
  a	
  ação	
  reivindicatória	
  em	
  
face	
  de	
  quem	
  possui	
  ou	
  detenha	
  a	
  coisa.	
  Entende-­‐se	
  que	
  o	
  dispositivo	
  é	
  inconstitucional,	
  na	
  parte	
  
que	
  permite	
  a	
  ação	
   reivindicatória	
   contra	
  o	
  detentor,	
  pois	
  a	
   sentença	
   será	
   inócua	
  em	
  relação	
  ao	
  
possuidor,	
  que	
  não	
  será	
  atingido	
  por	
  ela,	
  tendo	
  em	
  vista	
  os	
  limites	
  subjetivos	
  da	
  coisa	
  julgada,	
  que	
  
só	
   atinge	
   as	
  partes.	
  Assim,	
  o	
  detentor	
  que	
   figura	
   como	
   réu	
  deve	
   fazer	
   a	
  nomeação	
  à	
   autoria	
  do	
  
possuidor	
   ou	
   proprietário.	
   Só	
   o	
   proprietário	
   pode	
   ingressar	
   com	
   esta	
   ação.	
   Tratando-­‐se	
   de	
   bem	
  
imóvel	
   é	
   preciso	
   o	
   registro	
   do	
   título	
   aquisitivo,	
   não	
   bastando	
   a	
   escritura	
   pública.	
   Nesta	
   ação,	
  
reclama-­‐se	
   a	
   restituição	
   definitiva	
   da	
   coisa,	
   ao	
   passo	
   que	
   na	
   ação	
   possessória,	
   a	
   proteção	
   é	
  
provisória.	
   A	
   ação	
   reivindicatória	
   é	
   imprescritível.	
   É	
   cabível	
   quando	
   o	
   proprietário	
   é	
   totalmente	
  
privado	
  do	
  seu	
  bem	
  (perda	
  da	
  posse).	
  Discute-­‐se	
  propriedade	
  e	
  não	
  posse.	
  Vencerá	
  a	
  ação	
  quem	
  
 
 
	
  
	
   2	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
provar	
   a	
   propriedade	
   do	
   bem.	
   Se	
   ainda	
   não	
   ocorreu	
   a	
   perda	
   da	
   posse,	
   mas	
   mera	
   turbação,	
   o	
  
proprietário	
   pode	
   ingressar	
   com	
  a	
   ação	
  negatória,	
   que	
   é	
   uma	
  ação	
  de	
   caráter	
   defensivo	
  para	
   se	
  
obter	
  a	
  cessação	
  da	
   turbação.	
  Se	
  houver	
   fundado	
  receio	
  da	
  ocorrência	
  de	
  prejuízo	
  a	
  ser	
  causado	
  
pelo	
  prédio	
  vizinho,	
  o	
  proprietário	
  pode	
  ingressar	
  com	
  ação	
  preventiva,	
  denominada	
  ação	
  de	
  dano	
  
infecto.	
  Observe-­‐se	
  a	
  correlação	
  entre	
  essas	
  três	
  ações	
  petitórias	
  (reivindicatória,	
  negatória	
  e	
  dano	
  
infecto)	
   e	
   as	
   ações	
   possessórias	
   (reintegração	
   de	
   posse,	
   manutenção	
   de	
   posse	
   e	
   interdito	
  
proibitório).	
   O	
   proprietário	
   pode	
   também	
   ingressar	
   com	
   as	
   ações	
   possessórias.	
   Pode	
   também	
  
propor	
  ação	
  declaratória	
  positiva	
  ou	
  negativa	
  a	
  fim	
  de	
  obter	
  uma	
  sentença	
  que	
  torne	
  incontroverso	
  
seu	
  direito	
  de	
  propriedade,	
  eliminando	
  a	
  dúvida.	
  Enquanto	
  na	
  ação	
   reivindicatóriao	
  proprietário	
  
visa	
   reaver	
   a	
   posse	
   da	
   coisa,	
   pressupondo,	
   portanto,	
   a	
   perda	
   da	
   posse,	
   na	
   ação	
   declaratória,	
   o	
  
proprietário,	
   embora	
   se	
   mantendo	
   na	
   posse	
   do	
   bem,	
   quer	
   tornar	
   incontroverso	
   seu	
   direito	
   de	
  
propriedade.	
  
	
  
Quando	
   todos	
  esses	
  poderes	
   (usar,	
  gozar,	
  dispor	
  e	
   reaver)	
   se	
  acham	
  reunidos	
  nas	
  mãos	
  de	
  
um	
  único	
  titular	
  fala-­‐se	
  em	
  propriedade	
  plena	
  ou	
  perfeita	
  ou	
  alodial.	
  A	
  propriedade	
  presume	
  plena	
  
e	
  exclusiva	
  até	
  prova	
  em	
  contrário	
  (artigo	
  1231	
  do	
  CC).	
  Havendo	
  desmembramento	
  de	
  um	
  ou	
  de	
  
alguns	
  desses	
  atributos	
  a	
   favor	
  de	
  outra	
  pessoa,	
  conservando	
  o	
  proprietário	
  os	
  demais	
  atributos,	
  
fala-­‐se	
  em	
  propriedade	
  limitada	
  ou	
  restrita,	
  tal	
  como	
  ocorre	
  no	
  usufruto.	
  Propriedade	
  limitada	
  é	
  a	
  
que	
   tem	
   ônus	
   real	
   ou	
   é	
   resolúvel.	
   Essa	
   classificação	
   decorre	
   da	
   elasticidade	
   do	
   direito	
   de	
  
propriedade	
  (possibilidade	
  de	
  se	
  desmembrar	
  da	
  propriedade	
  um	
  ou	
  alguns	
  dos	
  seus	
  atributos	
  e	
  de	
  
retornar	
  automaticamente	
  esses	
  atributos	
  tão	
  logo	
  venha	
  a	
  cessar	
  a	
  causa	
  do	
  desmembramento).	
  
Assim,	
   morto	
   o	
   usufrutuário,	
   os	
   poderes	
   de	
   usar	
   e	
   gozar	
   retornam	
   ao	
   nu-­‐proprietário,	
  
consolidando-­‐se	
  a	
  propriedade,	
  que	
  de	
  limitada	
  passa	
  a	
  ser	
  plena.	
  
	
  
CARACTERÍSTICAS	
  DO	
  DIREITO	
  DE	
  PROPRIEDADE	
  
	
  
O	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  absoluto,	
  exclusivo	
  e	
  irrevogável:	
  
a)	
  absoluto	
  porque	
  oponível	
  erga	
  omnes;	
  e	
  também	
  porque	
  o	
  proprietário	
  pode	
  usar,	
  gozar	
  e	
  
dispor	
   da	
   coisa	
   como	
   bem	
   entender.	
   Na	
   verdade,	
   porém,	
   o	
   direito	
   de	
   propriedade	
   sofre	
   tantas	
  
restrições,	
   impostas	
   no	
   interesse	
   público	
   e	
   no	
   interesse	
   privado,	
   que	
   não	
   é	
   mais	
   tão	
   absoluto.	
  
Vejamos	
  algumas	
  restrições:	
  1)	
  desapropriação;	
  2)	
  requisição	
  em	
  caso	
  de	
  perigo	
  público	
  iminente;	
  
3)	
   coisa	
   tombada	
   (o	
   dono	
   não	
   pode	
   destruí-­‐la,	
   pintá-­‐la	
   ou	
   restaurá-­‐la	
   sem	
   autorização	
   da	
  
autoridade	
  competente);	
  4)	
  doação	
  universal	
  (é	
  proibida	
  –	
  art.	
  548	
  do	
  CC);	
  5)	
  direito	
  de	
  vizinhança	
  
etc.	
  Modernamente,	
  a	
  propriedade	
  tem	
  função	
  socioambiental.	
  O	
  direito	
  de	
  propriedade	
  deve	
  ser	
  
exercido	
   em	
   consonância	
   com	
   suas	
   finalidades	
   econômicas	
   e	
   sociais	
   e	
   de	
   modo	
   que	
   seja	
  
preservados	
  conforme	
   lei	
  especial	
  o	
  meio	
  ambiente	
   (flora,	
   fauna,	
  patrimônio	
  histórico	
  e	
  artístico,	
  
águas,	
  etc).	
  O	
  STJ	
   já	
  decidiu	
  que	
  o	
  novo	
  proprietário	
  é	
  obrigado	
  a	
   fazer	
  a	
   recuperação	
  ambiental	
  
mesmo	
  não	
   sendo	
  o	
   causador	
  do	
  dano,	
  pois	
   a	
   reserva	
   florestal	
   é	
  uma	
  obrigação	
  propter	
   rem.	
  O	
  
Código	
  Civil,	
   ao	
   contrário	
   do	
  direito	
   romano,	
   limita	
   o	
   direito	
   de	
   propriedade	
  do	
   solo	
   à	
   altura	
   ou	
  
profundidade	
  úteis	
  ao	
  proprietário,	
  não	
  podendo	
  este	
  se	
  opor	
  a	
  trabalhos	
  ou	
  empreendimentos	
  de	
  
terceiros	
  a	
  uma	
  altura	
  ou	
  profundidade	
  que	
  não	
  lhe	
  prejudique	
  (art.	
  1.229	
  do	
  CC).	
  A	
  propriedade	
  do	
  
solo	
  não	
  abrange	
  as	
  jazidas,	
  minas	
  e	
  demais	
  recursos	
  minerais	
  e	
  potenciais	
  de	
  energia	
  hidráulica,	
  os	
  
monumentos	
  arqueológicos	
  e	
  outros	
  bens	
   referidos	
  em	
   lei	
  especial.	
  As	
   jazidas	
  e	
  demais	
   recursos	
  
minerais	
   constituem	
   propriedade	
   distinta	
   do	
   solo	
   para	
   efeito	
   de	
   exploração	
   ou	
   aproveitamento;	
  
não	
  pertencem	
  ao	
  proprietário,	
  mas	
  sim	
  à	
  União	
  (art.	
  176	
  da	
  CF/1988).	
  A	
  avaliação	
  da	
  indenização	
  
devida	
   ao	
   proprietário	
   do	
   solo	
   em	
   razão	
   de	
   alvará	
   de	
   pesquisa	
   mineral	
   é	
   no	
   juízo	
   estadual	
   da	
  
situação	
   do	
   imóvel,	
   conforme	
   238	
   do	
   STJ.	
   O	
   proprietário	
   do	
   solo	
   tem	
   o	
   direito	
   de	
   explorar	
   os	
  
recursos	
   minerais	
   de	
   emprego	
   imediato	
   na	
   construção	
   civil,	
   desde	
   que	
   não	
   se	
   submeta	
   a	
  
 
 
	
  
	
   3	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
transformações	
  industriais.	
  Exemplo:	
  venda	
  de	
  areia,	
  desde	
  que	
  não	
  prejudique	
  o	
  meio	
  ambiente.	
  
O	
  §	
  2º	
  do	
  artigo	
  1228	
  do	
  CC	
  proíbe	
  os	
  atos	
  que	
  não	
  trazem	
  ao	
  proprietário	
  qualquer	
  comodidade	
  
ou	
  utilidade	
  e	
  sejam	
  animados	
  pela	
  intenção	
  de	
  prejudicar	
  outrem.	
  	
  
b)	
   exclusivo	
   porque	
   o	
   proprietário	
   é	
   o	
   único	
   que	
   pode	
   exercer	
   os	
   poderes	
   de	
   propriedade	
  
sobre	
   a	
   coisa,	
   podendo	
   impedir	
   a	
   interferência	
   de	
   terceiros.	
  A	
  mesma	
   coisa	
   não	
  pode	
  pertencer	
  
com	
  exclusividade	
  e	
  simultaneamente	
  a	
  duas	
  ou	
  mais	
  pessoas.	
  No	
  condomínio,	
  essa	
  exclusividade	
  
sobre	
  o	
  todo	
  é	
  exercida	
  em	
  conjunto	
  pelos	
  condôminos;	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  um	
  só,	
  tendo	
  
cada	
   um	
  dos	
   consortes	
   uma	
  parte	
   ideal	
   da	
   coisa	
   indivisível	
   (divisão	
   abstrata).	
  No	
   tocante	
   a	
   essa	
  
parte	
   ideal,	
   o	
   direito	
   do	
   condômino	
   é	
   absoluto,	
   exclusivo	
   e	
   perpétuo.	
   É	
   possível,	
   porém,	
   o	
  
desmembramento	
  da	
  propriedade	
  quando	
  se	
  transfere	
  a	
  terceiros	
  alguns	
  dos	
  seus	
  atributos	
  (v.g.,	
  
usufruto);	
  
c)	
  irrevogável	
  ou	
  perpétuo	
  porque	
  tem	
  duração	
  ilimitada;	
  é	
  transmissível	
  com	
  a	
  morte	
  e	
  não	
  cessa	
  
pelo	
   não-­‐uso.	
   Os	
   únicos	
   direitos	
   reais	
   perpétuos	
   (transmissíveis	
   post	
   mortem)	
   são:	
   o	
   direito	
   de	
  
propriedade	
   (salvo	
   a	
   propriedade	
   resolúvel,	
   que	
   é	
   temporária)	
   e	
   a	
   enfiteuse.	
   A	
   servidão	
   também	
   é	
  
perpétua	
  no	
  sentido	
  de	
  ser	
  transmissível	
  post	
  mortem,	
  porém	
  cessa	
  com	
  o	
  não-­‐uso	
  durante	
  10	
  anos	
  
consecutivos.	
  Já	
  a	
  propriedade	
  intelectual(direito	
  autoral)	
  é	
  temporária	
  no	
  que	
  tange	
  à	
  sua	
  exploração	
  
econômica	
  exclusiva,	
  e	
  perpétua	
  no	
  concernente	
  aos	
  direitos	
  morais	
  (paternidade	
  da	
  obra).	
  
	
  
PROPRIEDADE	
  URBANA	
  E	
  RURAL	
  
	
  
A	
  distinção	
  reside	
  na	
  destinação	
  dada	
  à	
  coisa,	
  independentemente	
  de	
  sua	
  localização.	
  Imóvel	
  
rural	
  ou	
  rústico	
  é	
  o	
  que	
  se	
  destina	
  à	
  exploração	
  extrativa,	
  agrícola	
  ou	
  pecuária	
  ou	
  agroindustrial,	
  
pouco	
  importa	
  se	
  situado	
  em	
  zona	
  urbana	
  ou	
  rural.	
  Não	
  se	
  destinando	
  a	
  essas	
  atividades,	
  o	
  imóvel	
  
é	
  urbano.	
  
	
  
AQUISIÇÃO	
  DA	
  PROPRIEDADE	
  IMÓVEL	
  
	
  
Pode	
   a	
   propriedade	
   ser	
   adquirida	
   pelos	
   seguintes	
   modos:	
   registro	
   do	
   título,	
   acessão,	
  
usucapião,	
  direito	
  hereditário	
  (sucessão	
  causa	
  mortis,	
  regulada	
  pelo	
  direito	
  das	
  sucessões).	
  
Mas,	
   além	
   desses	
   quatro	
  modos,	
   há	
   ainda	
   outros:	
   casamento	
   sob	
   o	
   regime	
   de	
   comunhão	
  
universal,	
  sentença	
  em	
  ação	
  de	
  reivindicação	
  e	
  desapropriação.	
  
	
  
AQUISIÇÃO	
  PELO	
  REGISTRO	
  DO	
  TÍTULO	
  
	
  
A	
  Lei	
  6.015/1973	
  usa	
  indistintamente	
  a	
  palavra	
  registro	
  para	
  abranger	
  os	
  casos	
  de	
  transcrição	
  
e	
   inscrição.	
   Transcrição	
  é	
  o	
   registro	
  do	
   título	
   aquisitivo	
  da	
  propriedade.	
   Inscrição	
  é	
  o	
   registro	
  de	
  
certos	
  atos	
  como	
  a	
  hipoteca	
  e	
  outros	
  direitos	
  reais	
   limitados.	
  Averbação	
  é	
  a	
  anotação	
  no	
  registro	
  
de	
  certos	
  dados	
  ou	
  alterações.	
  Matrícula	
  é	
  o	
  ato	
  realizado	
  por	
  ocasião	
  do	
  primeiro	
  registro	
  de	
  cada	
  
imóvel.	
  
A	
   transcrição	
   do	
   título	
   é	
   a	
   tradição	
   solene.	
   No	
   Brasil,	
   o	
   simples	
   contrato	
   não	
   transfere	
   o	
  
domínio;	
  é	
  preciso	
  a	
  transcrição	
  do	
  título	
  no	
  Cartório	
  de	
  Registro	
  de	
  Imóveis	
  da	
  situação	
  do	
  imóvel	
  
para	
   que	
   se	
   adquira	
   a	
   propriedade,	
   entre	
   vivos.	
   Enquanto	
   não	
   se	
   registrar	
   o	
   título	
   translativo,	
   o	
  
alienante	
   continua	
   a	
   ser	
   havido	
   como	
   dono	
   do	
   imóvel.	
   Em	
   contrapartida,	
   enquanto	
   não	
   se	
  
promover,	
   por	
   meio	
   de	
   ação	
   própria,	
   a	
   decretação	
   de	
   invalidade	
   do	
   registro	
   e	
   o	
   respectivo	
  
cancelamento,	
  o	
  adquirente	
  continua	
  a	
  ser	
  havido	
  como	
  dono	
  do	
  imóvel.	
  Acrescente-­‐se,	
  ainda,	
  que	
  
o	
  registro	
  é	
  eficaz	
  desde	
  o	
  momento	
  em	
  que	
  se	
  apresentar	
  o	
  título	
  ao	
  oficial	
  do	
  registro,	
  e	
  este	
  o	
  
prenotar	
  no	
  protocolo.	
  Se	
  o	
  teor	
  do	
  registro	
  não	
  exprimir	
  a	
  verdade,	
  poderá	
  o	
  interessado	
  reclamar	
  
que	
   se	
   retifique	
   ou	
   anule.	
   Cancelado	
   o	
   registro,	
   poderá	
   o	
   proprietário	
   reivindicar	
   o	
   imóvel,	
  
 
 
	
  
	
   4	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
independentemente	
  da	
  boa-­‐fé	
  ou	
  do	
  título	
  do	
  terceiro	
  adquirente	
  (parágrafo	
  único	
  do	
  art.	
  1.247	
  do	
  
CC).	
  
Em	
  regra,	
  só	
  o	
  registro	
  do	
  título	
  gera	
  transmissão	
  da	
  propriedade	
   imóvel;	
  sem	
  ele	
  a	
  pessoa	
  
não	
   é	
   proprietária.	
   Há,	
   porém,	
   certos	
   casos	
   em	
   que	
   o	
   registro	
   do	
   título	
   não	
   funciona	
   como	
   ato	
  
transmissor	
  da	
  propriedade,	
  mas	
  sim	
  como	
  ato	
  declaratório	
  de	
  sua	
  disponibilidade,	
  v.g.,	
  o	
   formal	
  
de	
   partilha	
   e	
   usucapião.	
   Efetivamente,	
   com	
   a	
   morte	
   já	
   existe	
   o	
   direito	
   de	
   propriedade	
   dos	
  
herdeiros,	
  mas	
  sem	
  o	
  registro	
  do	
  formal	
  de	
  partilha	
  os	
  herdeiros	
  não	
  podem	
  alienar	
  os	
  bens,	
  em	
  
razão	
  do	
  princípio	
  da	
  continuidade	
  dos	
  Registros	
  Públicos.	
  
O	
  registro	
  é	
  ato	
  unilateral,	
  sem	
  prazo	
  certo	
  para	
  sua	
  realização.	
  Com	
  o	
  contrato,	
  o	
  adquirente	
  está	
  
implicitamente	
  autorizado	
  a	
  fazer	
  o	
  registro	
  em	
  seu	
  nome.	
  Assim,	
  o	
  adquirente	
  pode	
  registrar	
  o	
  título	
  
após	
  a	
  morte	
  do	
  alienante.	
  Qualquer	
  interessado	
  (v.g.,	
  o	
  credor)	
  pode	
  promover	
  o	
  registro.	
  
Se	
  houver	
  dois	
  registros	
  do	
  mesmo	
  imóvel,	
  prevalecerá	
  o	
  que	
  foi	
  protocolado	
  primeiro	
  (art.	
  
1.246	
  do	
  CC).	
  O	
  registro	
  deve	
  ser	
  feito	
  no	
  Cartório	
  da	
  situação	
  do	
  imóvel;	
  se	
  o	
  imóvel	
  se	
  situar	
  em	
  
várias	
  comarcas	
  o	
  registro	
  deve	
  ser	
  feito	
  em	
  todas	
  elas.	
  
	
  
São	
  atributos	
  do	
  registro:	
  
Ø princípio	
   da	
   publicidade:	
   qualquer	
   interessado	
   tem	
   acesso	
   ao	
   registro,	
   devendo	
   o	
   oficial	
  
fornecer	
  certidão	
  a	
  quem	
  a	
  pedir;	
  
Ø princípio	
   da	
   legalidade:	
   significa	
   que	
   se	
   há	
   registro	
   é	
   porque	
   o	
   título	
   não	
   contém	
  
irregularidade,	
  pois	
  já	
  foi	
  examinado	
  (conferido);	
  
Ø princípio	
  da	
  continuidade:	
  só	
  é	
  possível	
  o	
  registro	
  se	
  houver	
  registro	
  anterior	
  em	
  nome	
  do	
  
alienante;	
  
Ø princípio	
  da	
  fé	
  pública:	
  presume-­‐se	
  pertencer	
  o	
  direito	
  real	
  à	
  pessoa	
  que	
  consta	
  do	
  registro.	
  
Essa	
  presunção	
  é	
  relativa	
  (juris	
  tantum);	
  
Ø princípio	
   da	
   obrigatoriedade:	
   somente	
   o	
   registro	
   transfere	
   a	
   propriedade	
   nos	
   negócios	
  
jurídicos	
  inter	
  vivos.	
  
	
  
AQUISIÇÃO	
  POR	
  ACESSÃO	
  
	
  
A	
  acessão	
   contínua	
   ocorre	
   quando	
   uma	
   coisa	
   se	
   une	
   à	
   outra	
   por	
   força	
   externa.	
   A	
  acessão	
  
discreta	
  ocorre	
  quando	
  a	
  união	
  se	
  dá	
  por	
   força	
   interna	
  da	
  própria	
  coisa,	
  v.g.,	
  os	
   frutos.	
  O	
  Código	
  
Civil	
  refere-­‐se	
  à	
  acessão	
  contínua.	
  
Na	
  acessão,	
  a	
  coisa	
  acessória	
  (acedente)	
  se	
  une	
  à	
  principal	
  (coisa	
  acedida).	
  O	
  proprietário	
  da	
  
coisa	
  principal	
  adquire	
  a	
  propriedade	
  da	
  coisa	
  acessória.	
  
A	
  acessão	
  pode	
  ser:	
  
a)	
  por	
  obra	
  da	
  natureza:	
  a	
  união	
  provém	
  da	
  força	
  da	
  natureza,	
  sem	
  a	
  intervenção	
  do	
  homem.	
  
São	
  as	
  seguintes:	
  aluvião,	
  avulsão,	
  álveo	
  abandonado	
  e	
  formação	
  de	
  ilhas;	
  
b)	
  industrial	
  ou	
  artificial:a	
  união	
  é	
  produzida	
  pelo	
  homem.	
  São	
  as	
  construções	
  de	
  obras;	
  
c)	
  mistas:	
  a	
  união	
  provém	
  da	
  conjugação	
  da	
  força	
  da	
  natureza	
  e	
  da	
   intervenção	
  do	
  homem.	
  
São	
  as	
  plantações.	
  
	
  
Aluvião	
   é	
   o	
   acréscimo	
   vagaroso	
   e	
   imperceptível	
   de	
   um	
   trecho	
   de	
   terra	
   que	
   o	
   rio	
   anexa	
   às	
  
margens	
   de	
   um	
   terreno.	
   A	
   aluvião	
   formada	
   nas	
   bordas	
   de	
   águas	
   públicas	
   ou	
   dominiais	
   é	
  
considerada	
  bem	
  público	
  (arts.	
  16	
  e	
  17	
  do	
  Código	
  de	
  Águas	
  –	
  Decreto	
  24.643/1934).	
  Formando-­‐se	
  à	
  
margem	
  das	
  correntes	
  comuns	
  ou	
  das	
  correntes	
  públicas	
  de	
  uso	
  comum,	
  pertence	
  ao	
  proprietário	
  
marginal.	
  O	
  terreno	
  aluvial,	
  que	
  se	
  formar	
  em	
  frente	
  de	
  prédios	
  de	
  proprietários	
  diferentes,	
  dividir-­‐
se-­‐á	
  entre	
  eles,	
  na	
  proporção	
  da	
   testada	
  de	
  cada	
  um	
  sobre	
  a	
  antiga	
  margem.	
  O	
  proprietário	
  que	
  
teve	
  o	
  terreno	
  diminuído	
  não	
  tem	
  direito	
  à	
  indenização	
  (fato	
  fortuito).	
  A	
  aluvião	
  pode	
  ser:	
  própria	
  
 
 
	
  
	
   5	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
(é	
  a	
  que	
  se	
  forma	
  com	
  os	
  acréscimos	
  nos	
  terrenos	
  marginais	
  do	
  rio)	
  e	
  imprópria	
  (quando	
  parte	
  do	
  
álveo	
   se	
   descobre	
   em	
   razão	
   do	
   afastamento	
   ou	
   desvio	
   das	
   águas).	
   Reputa-­‐se	
   formada	
   a	
   aluvião	
  
desde	
  que	
  ultrapasse	
  o	
  nível	
  das	
  águas,	
  na	
  época	
  das	
  grandes	
  cheias.	
  Aluvião	
  é	
  obra	
  da	
  natureza,	
  
não	
  podendo	
  ser	
  produzida	
  pelo	
  homem.	
  O	
  Poder	
  Público	
  pode	
  impedir	
  a	
  aluvião	
  e	
  a	
  formação	
  de	
  
ilhas,	
  mediante	
  drenagem	
  e	
  limpeza	
  das	
  margens.	
  
Avulsão	
  é	
  o	
  desprendimento	
  repentino	
  de	
  um	
  trecho	
  de	
  terra	
  por	
  força	
  das	
  águas.	
  É	
  diferente	
  
da	
  aluvião	
  em	
  que	
  o	
  acréscimo	
  de	
  terra	
  é	
  vagaroso,	
  imperceptível,	
  sem	
  que	
  se	
  possa	
  saber	
  a	
  quem	
  
pertenciam	
  as	
  terras	
  trazidas	
  pelas	
  águas.	
  A	
  avulsão	
  pode	
  ser	
  por	
  justaposição	
  (porção	
  de	
  terra	
  de	
  
um	
  imóvel	
  se	
  destaca	
  e	
  adere	
  a	
  outro	
  imóvel)	
  ou	
  por	
  superposição	
  (a	
  porção	
  de	
  terra	
  vai	
  parar	
  no	
  
solo	
   de	
   outro	
   imóvel).	
   O	
   proprietário	
   que	
   sofre	
   avulsão	
   tem	
   um	
   ano	
   (prazo	
   decadencial)	
   para	
  
reclamar	
   a	
   remoção	
   da	
   parte	
   desmembrada;	
   ele	
   não	
   pode	
   pedir	
   indenização	
   (fato	
   fortuito).	
   O	
  
proprietário	
  beneficiado	
  pode	
  escolher	
  entre	
  concordar	
  com	
  a	
  remoção	
  ou	
  pagar	
  o	
  valor	
  da	
  porção	
  
de	
  terra,	
  sem	
  outras	
  indenizações.	
  
Ao	
   desmoronamento	
   de	
   morro	
   ou	
   montanha	
   aplicam-­‐se	
   as	
   mesmas	
   regras	
   da	
   avulsão.	
  
Todavia,	
  se	
  a	
  coisa	
  não	
  for	
  suscetível	
  de	
  aderência	
  natural	
  não	
  há	
  avulsão,	
  mas	
  sim	
  coisa	
  achada,	
  
v.g.,	
   furacão	
   lança	
   roupas	
  do	
  varal	
  ao	
   imóvel,	
  o	
  proprietário	
  do	
   imóvel	
  deve	
   restituí-­‐las	
  ao	
  dono,	
  
aplicando-­‐se	
  por	
  analogia	
  o	
  disposto	
  no	
  art.	
  1.234	
  do	
  CC.	
  
Álveo	
  abandonado	
  (arts.	
  9.º,	
  10	
  e	
  §§	
  1.º	
  e	
  2.º,	
  do	
  Código	
  de	
  Águas	
  –	
  Decreto	
  24.643/1934).	
  O	
  
álveo	
   definitivamente	
   abandonado	
   pelo	
   rio,	
   quer	
   seja	
   público	
   ou	
   particular,	
   pertence	
   aos	
  
proprietários	
  ribeirinhos	
  das	
  duas	
  margens,	
  seguindo	
  a	
  linha	
  mediana	
  que	
  o	
  dividir	
  em	
  duas	
  partes	
  
iguais,	
   tal	
   como	
  a	
   repartição	
  de	
   ilha.	
  Nenhuma	
   indenização	
  é	
  devida	
  aos	
  donos	
  dos	
   terrenos	
  por	
  
onde	
   as	
   águas	
   abriram	
   novo	
   leito	
   (força	
   maior).	
   Se	
   o	
   rio	
   volve	
   ao	
   antigo	
   leito	
   recompõe-­‐se	
   a	
  
situação	
  dominial	
   anterior.	
  Evidente	
  que,	
   se	
  o	
  desvio	
   se	
  deu	
  por	
  obra	
  pública,	
  o	
  dono	
  do	
   imóvel	
  
atravessado	
   pelo	
   novo	
   álveo	
   tem	
   direito	
   à	
   indenização,	
   mediante	
   desapropriação,	
   mas	
   o	
   álveo	
  
abandonado,	
  neste	
  caso,	
  pertencerá	
  ao	
  Poder	
  Público	
  para	
  compensá-­‐lo	
  das	
  despesas	
  feitas.	
  
Qual	
  a	
  diferença	
  entre	
  aluvião	
   imprópria	
   e	
  álveo	
  abandonado?	
  Na	
  aluvião	
  apenas	
  parte	
  do	
  
álveo	
   se	
   descobre	
   em	
   razão	
   do	
   afastamento	
   das	
   águas.	
   No	
   abandono	
   do	
   álveo	
   há	
   total	
   e	
  
permanente	
  abandono	
  do	
  antigo	
  leito,	
  isto	
  é,	
  o	
  leito	
  do	
  rio	
  fica	
  inteiramente	
  descoberto.	
  
	
  
FORMAÇÃO	
  DE	
  ILHAS	
  
	
  
Só	
   pertencem	
   aos	
   particulares	
   as	
   ilhas	
   que	
   emergirem	
   em	
   rios	
   particulares,	
   isto	
   é,	
   não	
  
navegáveis	
   (arts.	
   1.249	
   do	
   CC	
   e	
   23	
   do	
   Código	
   de	
   Águas).	
   No	
  mar	
   territorial,	
   a	
   ilha	
   pertencerá	
   à	
  
União.	
   Em	
   alto-­‐mar,	
   pertencerá	
   ao	
   primeiro	
   país	
   ocupante.	
   Em	
   rios	
   navegáveis	
   ou	
   que	
   banhem	
  
mais	
  de	
  um	
  Estado	
  pertencerá	
  ao	
  Poder	
  Público	
  a	
  quem	
  tais	
  correntes	
  pertencerem.	
  
As	
  ilhas	
  que	
  se	
  formam	
  no	
  meio	
  do	
  rio	
  pertencem	
  aos	
  proprietários	
  ribeirinhos	
  de	
  ambas	
  as	
  
margens	
   na	
   proporção	
   de	
   suas	
   testadas.	
   As	
   que	
   se	
   formam	
   entre	
   a	
   referida	
   linha	
   e	
   uma	
   das	
  
margens	
   pertencem	
   aos	
   proprietários	
   ribeirinhos	
   desse	
   lado.	
   As	
   ilhas	
   que	
   se	
   formam	
   pelo	
  
desdobramento	
  de	
  um	
  novo	
  braço	
  do	
  rio	
  pertencem	
  aos	
  proprietários	
  dos	
  terrenos	
  às	
  custas	
  dos	
  
quais	
  se	
  constituíram.	
  
As	
  ilhas	
  previstas	
  no	
  artigo	
  20,	
  IV,	
  da	
  CF	
  são	
  da	
  União,	
  outras	
  ilhas	
  pertecem	
  ao	
  Município.	
  
	
  
CONSTRUÇÕES	
  E	
  PLANTAÇÕES	
  (arts.	
  1.253	
  a	
  1.259	
  do	
  CC)	
  
	
  
Em	
   regra,	
   toda	
   construção	
   ou	
   plantação	
   existente	
   em	
   um	
   terreno	
   presume-­‐se	
   feita	
   pelo	
  
proprietário	
  e	
  à	
  sua	
  custa,	
  até	
  que	
  se	
  prove	
  o	
  contrário	
  (art.	
  1.253	
  do	
  CC).	
  Se	
  o	
  proprietário	
  planta	
  
com	
  semente	
  alheia	
  ou	
  constrói	
   com	
  material	
  alheio,	
  em	
  terrenopróprio,	
  adquire	
  a	
  propriedade	
  
 
 
	
  
	
   6	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
destas;	
  mas,	
  se	
  agiu	
  de	
  má-­‐fé,	
  fica	
  obrigado	
  a	
  pagar-­‐lhes	
  o	
  valor	
  e	
  as	
  perdas	
  e	
  danos	
  (art.	
  1.254	
  do	
  
CC);	
  se	
  agiu	
  de	
  boa-­‐fé,	
  fica	
  obrigado	
  apenas	
  a	
  pagar	
  o	
  valor	
  da	
  semente	
  ou	
  do	
  material.	
  
Aquele	
  que	
  semeia,	
  planta	
  ou	
  edifica	
  em	
  terreno	
  alheio	
  perde,	
  em	
  proveito	
  do	
  proprietário,	
  
as	
   sementes,	
   plantas	
   e	
   construções	
   (art.	
   1.255	
   do	
   CC).	
   Se,	
   porém,	
   agiu	
   de	
   boa-­‐fé,	
   terá	
   direito	
   à	
  
indenização.	
   Em	
   contrapartida,	
   se	
   estava	
   de	
   má-­‐fé,	
   poderá	
   ser	
   compelido	
   a	
   repor	
   as	
   coisas	
   no	
  
estado	
  anterior,	
  pagando	
  todos	
  os	
  prejuízos	
  que	
  causou.	
  
Por	
  outro	
  lado,	
  o	
  princípio	
  de	
  que	
  o	
  acessório	
  segue	
  o	
  principal	
  sofreu	
  algumas	
  modificações	
  
no	
  Código	
  Civil	
  de	
  2002,	
  na	
  hipótese	
  de	
  a	
  plantação	
  ou	
  construção	
  exceder	
  consideravelmente	
  o	
  
valor	
  do	
  terreno.	
  É	
  a	
  chamada	
  acessão	
  inversa	
  ou	
  invertida.	
  Com	
  efeito,	
  dispõe	
  o	
  parágrafo	
  único	
  
do	
   art.	
   1.255	
   do	
   CC	
   que	
   “se	
   a	
   construção	
   ou	
   a	
   plantação	
   exceder	
   consideravelmente	
   o	
   valor	
   do	
  
terreno,	
   aquele	
   que,	
   de	
   boa-­‐fé,	
   plantou	
   ou	
   edificou,	
   adquirirá	
   a	
   propriedade	
   do	
   solo,	
   mediante	
  
pagamento	
  da	
  indenização	
  fixada	
  judicialmente,	
  se	
  não	
  houver	
  acordo”.	
  O	
  aludido	
  dispositivo	
  só	
  se	
  
aplica	
  às	
  acessões,	
   isto	
  é,	
   construções	
  ou	
  plantações	
  novas,	
  não	
  abrangendo	
  as	
  benfeitorias,	
  que	
  
são	
  os	
  melhoramentos	
  em	
  coisas	
  já	
  existentes.	
  Nesse	
  aspecto,	
  cumpre	
  distinguir	
  acessão	
  industrial	
  
(construções	
  e	
  plantações)	
  e	
  benfeitorias.	
  Benfeitorias	
  são	
  as	
  despesas	
  feitas	
  em	
  coisa	
  já	
  existente,	
  
com	
  o	
  fito	
  de	
  conservá-­‐la,	
  melhorá-­‐la	
  ou	
  embelezá-­‐la.	
  Acessões	
  são	
  obras	
  que	
  criam	
  coisas	
  novas.	
  
Benfeitorias	
   são	
   reparações,	
   reconstruções	
   em	
  obra	
   já	
   existente.	
   Construção	
   em	
   terreno	
   vazio	
   é	
  
acessão.	
  Reforma	
  da	
  casa	
  ou	
  construção	
  de	
  edícula	
  é	
  benfeitoria.	
  
Se	
  a	
  construção	
  ou	
  plantação	
  exceder	
  consideravelmente	
  o	
  valor	
  do	
  terreno,	
  mas	
  ambas	
  as	
  
partes	
  estiverem	
  de	
  má-­‐fé,	
  adquirirá	
  o	
  proprietário	
  as	
   sementes,	
  plantas	
  e	
  construções,	
  devendo	
  
ressarcir	
   o	
   valor	
   das	
   acessões	
   (art.	
   1.256	
   do	
   CC).	
   Presume-­‐se	
   a	
  má-­‐fé	
   do	
   proprietário,	
   quando	
   o	
  
trabalho	
  de	
  construção,	
  ou	
  lavoura,	
  se	
  fez	
  em	
  sua	
  presença	
  e	
  sem	
  impugnação	
  sua	
  (parágrafo	
  único	
  
do	
  art.	
  1.256	
  do	
  CC).	
  Tal	
  situação,	
  há	
  de	
  se	
  presumir	
  a	
  boa-­‐fé	
  do	
  edificador	
  ou	
  lavrador,	
  diante	
  do	
  
consentimento	
  tácito	
  do	
  proprietário.	
  
Quando	
  terceiro	
  de	
  boa-­‐fé	
  planta	
  ou	
  edifica	
  com	
  semente	
  ou	
  material	
  de	
  outrem,	
  em	
  terreno	
  
igualmente	
  alheio,	
  a	
  construção	
  ou	
  a	
  plantação	
  passa	
  a	
  pertencer	
  ao	
  proprietário	
  do	
  solo,	
  mas	
  o	
  
dono	
  da	
  semente	
  ou	
  dos	
  materiais	
  poderá	
  cobrar	
  do	
  proprietário	
  a	
  indenização	
  devida,	
  quando	
  não	
  
puder	
  havê-­‐la	
  do	
  plantador	
  ou	
  construtor	
  (art.	
  1.257	
  e	
  seu	
  parágrafo	
  único	
  do	
  CC).	
  
Por	
  outro	
   lado,	
   se	
  a	
   construção,	
   feita	
  parcialmente	
  em	
  solo	
  próprio,	
   invade	
   solo	
  alheio	
  em	
  
proporção	
  não	
  superior	
  à	
  vigésima	
  parte	
  deste,	
  adquire	
  o	
  construtor	
  de	
  boa-­‐fé	
  a	
  propriedade	
  da	
  
parte	
  do	
  solo	
  invadido,	
  se	
  o	
  valor	
  da	
  construção	
  exceder	
  o	
  dessa	
  parte,	
  e	
  responde	
  por	
  indenização	
  
que	
   represente,	
   também,	
  o	
   valor	
  da	
   área	
  perdida	
  e	
   a	
  desvalorização	
  da	
  área	
   remanescente	
   (art.	
  
1.258	
  do	
  CC).	
  Quanto	
  ao	
  construtor	
  de	
  má-­‐fé,	
  poderá	
  também	
  adquirir	
  a	
  propriedade	
  da	
  parte	
  do	
  
solo	
  invadido	
  em	
  proporção	
  não	
  superior	
  à	
  vigésima	
  parte,	
  desde	
  que:	
  a)	
  efetue	
  o	
  pagamento	
  em	
  
décuplo	
   das	
   perdas	
   e	
   danos;	
   b)	
   o	
   valor	
   da	
   construção	
   exceda	
   consideravelmente	
   o	
   da	
   parte	
  
invadida;	
  c)	
  impossibilidade	
  de	
  se	
  demolir	
  a	
  porção	
  invasora	
  sem	
  grave	
  prejuízo	
  para	
  a	
  construção.	
  
Esses	
  requisitos,	
  que	
  são	
  cumulativos,	
  encontram-­‐se	
  no	
  parágrafo	
  único	
  do	
  art.	
  1.258	
  do	
  CC.	
  Alguns	
  
civilistas	
  acrescentam	
  mais	
  um	
  requisito,	
  que	
  é	
  a	
  necessidade	
  de	
  proteger	
  terceiro	
  de	
  boa-­‐fé.	
  
Acrescente-­‐se,	
   ainda,	
   que	
   se	
   o	
   construtor	
   estiver	
   de	
   boa-­‐fé,	
   e	
   a	
   invasão	
   do	
   solo	
   exceder	
   à	
  
vigésima	
  parte	
   deste,	
   adquire	
   a	
   propriedade	
  da	
   parte	
   do	
   solo	
   invadido	
   e	
   responde	
  por	
   perdas	
   e	
  
danos	
  que	
  abranjam	
  o	
  valor	
  que	
  a	
   invasão	
  acrescer	
  à	
  construção,	
  mais	
  o	
  da	
  área	
  perdida	
  e	
  o	
  da	
  
desvalorização	
   da	
   área	
   remanescente	
   (art.	
   1.259,	
   1.ª	
   parte,	
   do	
   CC).	
   Denota-­‐se	
   que	
   a	
   construção	
  
passa	
  a	
  ser	
  o	
  principal	
  e	
  o	
  solo	
  o	
  acessório.	
  Se,	
  porém,	
  o	
  construtor	
  estiver	
  de	
  má-­‐fé,	
  será	
  obrigado	
  
a	
  demolir	
  o	
  que	
  nele	
  construiu,	
  pagando	
  as	
  perdas	
  e	
  danos	
  apurados,	
  que	
  serão	
  devidos	
  em	
  dobro	
  
(art.	
  1.259,	
  2.ª	
  parte,	
  do	
  CC).	
  
	
  
	
  
	
  
 
 
	
  
	
   7	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
PERDA	
  DA	
  PROPRIEDADE	
  IMÓVEL	
  
	
  
O	
  art.	
  1.275	
  do	
  CC	
  aponta	
  as	
  seguintes	
  causas	
  de	
  perda	
  da	
  propriedade:	
  alienação,	
  renúncia,	
  
abandono,	
   perecimento	
   do	
   imóvel	
   e	
   desapropriação.	
   Mas,	
   além	
   dessas,	
   há	
   outras:	
   usucapião,	
  
morte,	
   confisco,	
   posse	
   pro	
   labore	
   ou	
   posse-­‐trabalho,	
   requisição	
   administrativa	
   da	
   propriedade	
  
particularetc.	
  No	
   caso	
   de	
   alienação	
   e	
   renúncia,	
   a	
   perda	
   só	
   se	
   dá	
   com	
  o	
   registro	
   no	
   Registro	
   de	
  
Imóveis	
  (parágrafo	
  único	
  do	
  artigo	
  1275	
  do	
  CC).	
  
Alienação	
  é	
  o	
  ato	
  pelo	
  qual	
  o	
  proprietário	
  transfere	
  a	
  propriedade	
  a	
  outra	
  pessoa.	
  Pode	
  ser	
  
gratuita	
  (doação),	
  onerosa	
  (compra	
  e	
  venda),	
  voluntária	
  (ex.:	
  dação	
  em	
  pagamento)	
  e	
  compulsória	
  
(desapropriação	
  e	
  adjudicação).	
  A	
  perda	
  da	
  propriedade	
  se	
  dá	
  no	
  momento	
  da	
  transcrição	
  do	
  título	
  
aquisitivo.	
  
Renúncia	
  é	
  o	
  ato	
  unilateral	
  pelo	
  qual	
  o	
  proprietário	
  expressamente	
  abre	
  mão	
  do	
  direito	
  de	
  
propriedade.	
   Para	
   produzir	
   efeitos	
   a	
   renúncia	
   precisa	
   ser	
   registrada	
   no	
   Registro	
   Imobiliário	
  
(parágrafo	
   único	
   do	
   art.	
   1.275	
   do	
   CC).	
   Não	
   existe	
   renúncia	
   tácita.	
   De	
   acordo	
   com	
  Maria	
   Helena	
  
Diniz,	
   a	
   renúncia	
   deve	
   ser	
   feita	
   em	
   favor	
   de	
   terceira	
   pessoa,	
   que	
   não	
   precisa	
   manifestar	
   sua	
  
aceitação,	
  data	
  venia,	
  esse	
  ato	
  não	
  é	
  renúncia	
  e	
  sim	
  doação.	
  	
  
Abandono	
  ou	
  derrelição	
  (res	
  derelicta)	
  é	
  o	
  ato	
  unilateral	
  pelo	
  qual	
  o	
  proprietário	
  larga	
  a	
  coisa	
  
com	
  intenção	
  de	
  abandoná-­‐la	
  (animus	
  derelinquendi).	
  Se	
  o	
  abandono	
  for	
  tácito	
  é	
  preciso	
  ficar	
  bem	
  
evidenciada	
  a	
  intenção	
  do	
  abandono.	
  Mera	
  negligência	
  não	
  é	
  abandono.	
  A	
  casa	
  pode	
  permanecer	
  
fechada	
  e	
  nem	
  por	
  isso	
  haverá	
  abandono.	
  O	
  imóvel	
  abandonado	
  é	
  bem	
  vago	
  e	
  passa	
  ao	
  domínio	
  do	
  
Poder	
  Público	
  três	
  anos	
  depois.	
  Se	
  o	
  imóvel	
  abandonado	
  for	
  urbano,	
  pertencerá	
  ao	
  Município	
  ou	
  ao	
  
Distrito	
   Federal,	
   se	
   se	
   achar	
   nas	
   respectivas	
   circunscrições.	
   Se	
   estiver	
   situado	
   em	
   zona	
   rural,	
  
pertencerá	
  à	
  União,	
  onde	
  quer	
  que	
  ele	
  se	
  localize	
  (art.	
  1.276	
  e	
  §	
  1.º	
  do	
  CC).	
  Presumir-­‐se-­‐á	
  de	
  modo	
  
absoluto	
   a	
   intenção	
   de	
   abandonar	
   o	
   imóvel,	
   quando,	
   cessados	
   os	
   atos	
   de	
   posse,	
   deixar	
   o	
  
proprietário	
   de	
   satisfazer	
   os	
   ônus	
   fiscais	
   (§	
   2.º	
   do	
   art.	
   1.276	
   do	
   CC).	
   Anote-­‐se,	
   contudo,	
   que	
  
enquanto	
  não	
  decorrer	
  o	
  prazo	
  de	
  três	
  anos	
  não	
  haverá	
  a	
  perda	
  da	
  propriedade,	
  podendo	
  o	
  titular	
  
da	
  propriedade	
  reaver	
  o	
  bem	
  de	
  terceiros.	
  O	
  abandono	
  só	
  se	
  configura	
  após	
  o	
  decurso	
  deste	
  prazo.	
  
Só	
  pode	
  ser	
  arrecadado	
  como	
  bem	
  vago	
  se	
  presentes	
  os	
  seguintes	
  requisitos:	
  a)	
  cessar	
  a	
  posse	
  do	
  
proprietário;	
  b)	
  o	
  bem	
  não	
  se	
  encontrar	
  na	
  posse	
  de	
  outrem;	
  c)	
  decurso	
  do	
  prazo	
  de	
  três	
  anos.	
  
Enquanto	
   na	
   renúncia	
   o	
   proprietário	
   expressamente	
   abre	
   mão	
   do	
   direito	
   de	
   propriedade,	
  
exigindo	
  a	
  transcrição	
  no	
  Registro	
  Imobiliário,	
  no	
  abandono,	
  o	
  proprietário	
  apenas	
  larga	
  o	
  que	
  é	
  seu	
  
(derrelição	
  da	
  coisa)	
  com	
  o	
  propósito	
  de	
  não	
  a	
  ter	
  mais	
  para	
  si	
  (animus	
  derelinquendi),	
  ele	
  abre	
  mão	
  
tacitamente	
  do	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  Saliente-­‐se,	
  ainda,	
  que,	
  de	
  acordo	
  com	
  Maria	
  Helena	
  Diniz,	
  
a	
   renúncia	
   deve	
   ser	
   feita	
   em	
   favor	
   de	
   alguém,	
   ao	
   passo	
   que	
   no	
   abandono	
   o	
   proprietário	
   não	
  
especifica	
  o	
  beneficiário.	
  Abandono	
  de	
  coisa	
  móvel	
  confunde-­‐se	
  com	
  renúncia,	
  não	
  há	
  diferença.	
  
Perecimento.	
  Ex.:	
  a	
  casa	
  definitivamente	
  tomada	
  pelas	
  águas	
  do	
  mar.	
  
	
  
POSSE	
  PRO	
  LABORE	
  OU	
  POSSE-­‐TRABALHO	
  
	
  
Dispõe	
  o	
  §	
  4.º	
  do	
  art.	
  1.228	
  do	
  CC:	
  “O	
  proprietário	
  também	
  pode	
  ser	
  privado	
  da	
  coisa	
  se	
  o	
  
imóvel	
  urbano	
  ou	
  rural	
  reivindicado	
  consistir	
  em	
  extensa	
  área,	
  na	
  posse	
   ininterrupta	
  e	
  de	
  boa-­‐fé,	
  
por	
  mais	
  de	
  5	
  (cinco)	
  anos,	
  de	
  considerável	
  número	
  de	
  pessoas,	
  e	
  estas	
  nela	
  houverem	
  realizado,	
  
em	
   conjunto	
   ou	
   separadamente,	
   obras	
   e	
   serviços	
   considerados	
   pelo	
   juiz	
   de	
   interesse	
   social	
   e	
  
econômico	
   relevante”.	
   Acrescenta	
   o	
   §	
   5º	
   que	
   “O	
   juiz	
   fixará	
   a	
   justa	
   indenização	
   devida	
   ao	
  
proprietário;	
  pago	
  o	
  preço	
  valerá	
  a	
  sentença	
  como	
  título	
  para	
  o	
  registro	
  do	
   imóvel	
  em	
  nome	
  dos	
  
possuidores”.	
   A	
   indenização	
   não	
   abrange	
   juros	
   compensatórios,	
   pois	
   esta	
   desapropriação	
   não	
   é	
  
feita	
  pelo	
  poder	
  público.	
  Trata-­‐se	
  de	
  uma	
  hipótese	
  de	
  desapropriação	
  privada	
  judicial,	
  baseada	
  no	
  
princípio	
  da	
  função	
  social	
  da	
  propriedade.	
  Logo	
  não	
  há	
  qualquer	
  inconstitucionalidade	
  em	
  razão	
  da	
  
 
 
	
  
	
   8	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
violação	
  da	
  propriedade,	
  que	
  não	
  é	
  um	
  direito	
  absoluto.	
  O	
  registro	
  da	
  sentença	
  só	
  é	
  feito	
  após	
  o	
  
pagamento	
   no	
   prazo	
   fixado	
   pelo	
   juiz.	
   Sem	
   o	
   pagamento	
   não	
   se	
   registra	
   a	
   sentença,	
   salvo	
   se	
  
prescrever	
  a	
  ação	
  de	
  cobrança.	
  Distingue-­‐se	
  do	
  usucapião,	
  pois	
  este	
  não	
  é	
  indenizável.	
  O	
  Código	
  é	
  
omisso	
  sobre	
  quem	
  tem	
  a	
  obrigação	
  de	
   indenizar	
  o	
  proprietário.	
  Cremos	
  que	
  a	
   indenização	
  deva	
  
ser	
  paga	
  pelos	
  reivindicantes.	
  Não	
  tem	
  cabimento	
  atribuir	
  esta	
  obrigação	
  ao	
  Município	
  da	
  situação	
  
do	
  bem,	
  por	
  força	
  do	
  princípio	
  da	
  indisponibilidade	
  dos	
  bens	
  públicos.	
  Todavia,	
  há	
  quem	
  entenda	
  
que	
  o	
  Estado	
  deve	
  indenizar	
  quando	
  se	
  tratar	
  de	
  ocupantes	
  de	
  baixa	
  renda.	
  Preceitua	
  o	
  art.	
  2.030	
  
das	
  Disposições	
  Transitórias	
  do	
  Código	
  Civil	
  que	
  o	
  prazo	
  de	
  cinco	
  anos	
  deve	
  sofrer	
  o	
  acréscimo	
  de	
  
mais	
  dois	
  anos,	
  após	
  a	
  entrada	
  em	
  vigor	
  do	
  novo	
  Código,	
   se	
  a	
   situação	
  que	
   lhe	
  deu	
  origem	
  teve	
  
início	
  antes	
  da	
  vigência	
  do	
  novoCódigo	
  ou	
  durante	
  a	
  vacatio	
  legis.	
  
É	
  necessária	
  a	
  intervenção	
  do	
  Ministério	
  Público	
  no	
  processo,	
  tendo	
  em	
  vista	
  a	
  presença	
  de	
  
interesse	
  coletivo.	
  A	
  ação	
  reivindicatória	
  movida	
  pelo	
  proprietário	
  deve	
  ser	
   julgada	
   improcedente	
  
quando	
  os	
   réus	
  alegarem	
  e	
   comprovarem	
  os	
   requisitos	
  da	
  desapropriação	
  privada	
   judicial.	
  Vê-­‐se	
  
assim	
  que	
  a	
  desapropriação	
  judicial	
  é	
  matéria	
  de	
  defesa	
  em	
  ações	
  reivindicatórias	
  ou	
  possessórias.	
  	
  
Quanto	
  aos	
  bens	
  públicos,	
  não	
  podem	
  ser	
  objetos	
  de	
  usucapião	
  e	
  por	
  isso	
  não	
  se	
  submetem	
  à	
  
desapropriação	
   privada	
   judicial,	
   mas	
   uma	
   corrente	
   admite	
   tanto	
   o	
   usucapião	
   quanto	
   essa	
  
desapropriação	
  em	
  relação	
  às	
  terras	
  devolutas.	
  	
  
	
  
AQUISIÇÃO	
  DA	
  PROPRIEDADE	
  MOBILIÁRIA	
  
	
  
A	
   aquisição	
   da	
   propriedade	
   de	
   coisa	
   móvel	
   pode	
   se	
   dar	
   pela	
   ocupação,	
   especificação,	
  
comistão,	
  confusão,	
  adjunção	
  e	
  tradição.	
  Há,	
  ainda,	
  outros	
  modos:	
  sucessão	
  hereditária,	
  usucapião	
  
etc.	
  
A	
  ocupação	
  apresenta-­‐se	
  sob	
  três	
  formas:	
  
	
  
a)	
  ocupação	
  propriamente	
  dita:	
   é	
   a	
   apropriação	
  de	
   res	
  nullius	
   (coisa	
  que	
   jamais	
   teve	
  dono,	
  
v.g.,	
   caça,	
   pesca)	
   ou	
   res	
   derelictae	
   (coisa	
   abandonada	
   ou	
   renunciada	
   pelo	
   dono).	
   Quem	
   se	
  
assenhorear	
   de	
   coisas	
   sem	
  dono	
  para	
   logo	
   lhe	
   adquire	
   a	
   propriedade,	
   não	
   sendo	
  essa	
  ocupação	
  
defesa	
  por	
  lei	
  (artigo	
  1263	
  do	
  CC).	
  Coisas	
  públicas	
  de	
  uso	
  comum	
  podem	
  ser	
  apropriadas	
  em	
  parte,	
  
mas	
   não	
   no	
   todo.	
   Exemplo:	
   quem	
   recolhe	
   água	
   do	
   rio	
   torna-­‐se	
   dono.	
   Não	
   existe	
   ocupação	
   de	
  
imóvel	
  porque	
  todas	
  as	
  terras	
  têm	
  dono;	
  o	
  imóvel	
  abandonado	
  pertence	
  ao	
  Poder	
  Público;	
  inexiste	
  
imóvel	
   que	
   seja	
   res	
   nullius.	
   O	
   único	
   caso	
   de	
   aquisição	
   de	
   imóvel	
   por	
   ocupação	
   ocorre	
   no	
  
loteamento,	
   quando,	
   desde	
   a	
   data	
   do	
   registro	
   do	
   loteamento,	
   o	
   Município	
   adquire,	
   mediante	
  
ocupação,	
   o	
   domínio	
   das	
   ruas	
   e	
   praças	
   abertas	
   para	
   servirem	
   a	
   lotes	
   vendidos	
   (art.	
   22	
   da	
   Lei	
  
6.766/1979).	
   Dá-­‐se	
   o	
   nome	
   de	
   res	
   hostilis	
   à	
   ocupação	
   bélica,	
   matéria	
   relacionada	
   ao	
   direito	
  
internacional	
  público.	
  
b)	
   descoberta	
   (ou	
   invenção,	
   conforme	
   denominava	
   o	
   Código	
   Civil	
   de	
   1916):	
   é	
   o	
   achado	
   de	
  
coisa	
   perdida	
   (art.	
   1.233	
   do	
   CC).	
   O	
   descobridor	
   (aquele	
   que	
   acha	
   a	
   coisa)	
   não	
   adquire	
   a	
  
propriedade;	
  ele	
  deve	
  devolver	
  a	
  coisa	
  ao	
  dono	
  ou	
  legítimo	
  possuidor	
  e	
  não	
  o	
  conhecendo	
  deverá	
  
tentar	
  encontrá-­‐lo	
  e	
  se	
  não	
  conseguir	
  deverá	
  entregar	
  para	
  a	
  autoridade	
  competente	
  (arts.	
  1.233,	
  
parágrafo	
  único,	
  do	
  CC,	
  e	
  169,	
  parágrafo	
  único,	
   II,	
  do	
  CP);	
   tem	
  direito	
  à	
  recompensa	
  pelos	
  gastos	
  
que	
  fez	
  para	
  devolver	
  e	
  conservar	
  a	
  coisa;	
  esta	
  recompensa	
  é	
  denominada	
  achádego;	
  se	
  passados	
  
sessenta	
  dias	
  não	
  aparecer	
  o	
  dono,	
  a	
  coisa	
  passa	
  a	
  pertencer	
  ao	
  Estado	
  e	
  será	
  vendida	
  em	
  hasta	
  
pública.	
   É	
   importante	
   destacar	
   que	
   “Aquele	
   que	
   restituir	
   a	
   coisa	
   achada,	
   nos	
   termos	
   do	
   artigo	
  
antecedente,	
  terá	
  direito	
  a	
  uma	
  recompensa	
  não	
  inferior	
  a	
  5%	
  (cinco	
  por	
  cento)	
  do	
  seu	
  valor,	
  e	
  à	
  
indenização	
  pelas	
  despesas	
  que	
  houver	
  feito	
  com	
  a	
  conservação	
  e	
  transporte	
  da	
  coisa,	
  se	
  o	
  dono	
  
não	
  preferir	
  abandoná-­‐la”	
  (art.	
  1.234,	
  caput,	
  do	
  CC).	
  Outrossim,	
  “Na	
  determinação	
  do	
  montante	
  da	
  
recompensa,	
  considerar-­‐se-­‐á	
  o	
  esforço	
  desenvolvido	
  pelo	
  descobridor	
  para	
  encontrar	
  o	
  dono,	
  ou	
  o	
  
 
 
	
  
	
   9	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
legítimo	
  possuidor,	
  as	
  possibilidades	
  que	
  teria	
  este	
  de	
  encontrar	
  a	
  coisa	
  e	
  a	
  situação	
  econômica	
  de	
  
ambos”	
  (parágrafo	
  único	
  do	
  art.	
  1.234	
  do	
  CC).	
  “O	
  descobridor	
  responde	
  pelos	
  prejuízos	
  causados	
  ao	
  
proprietário	
   ou	
   possuidor	
   legítimo,	
   quando	
   tiver	
   procedido	
   com	
   dolo”	
   (art.	
   1.235	
   do	
   CC).	
   “A	
  
autoridade	
  competente	
  dará	
  conhecimento	
  da	
  descoberta	
  através	
  da	
  imprensa	
  e	
  outros	
  meios	
  de	
  
informação,	
   somente	
   expedindo	
   editais	
   se	
   o	
   seu	
   valor	
   os	
   comportar”	
   (art.	
   1.236	
   do	
   CC).	
  
“Decorridos	
   60	
   (sessenta)	
   dias	
   da	
   divulgação	
   da	
   notícia	
   pela	
   imprensa,	
   ou	
   do	
   edital,	
   não	
   se	
  
apresentando	
  quem	
  comprove	
  a	
  propriedade	
  sobre	
  a	
  coisa,	
  será	
  esta	
  vendida	
  em	
  hasta	
  pública	
  e,	
  
deduzidas	
  do	
  preço	
  as	
  despesas,	
  mais	
  a	
  recompensa	
  do	
  descobridor,	
  pertencerá	
  o	
  remanescente	
  ao	
  
Município	
  em	
  cuja	
  circunscrição	
  se	
  deparou	
  o	
  objeto	
  perdido”	
  (art.	
  1.237,	
  caput,	
  do	
  CC).	
  “Sendo	
  de	
  
diminuto	
  valor,	
  poderá	
  o	
  Município	
  abandonar	
  a	
  coisa	
  em	
  favor	
  de	
  quem	
  a	
  achou”	
  (parágrafo	
  único	
  
do	
  art.	
  1.237	
  do	
  CC).	
  
c)	
   tesouro:	
   é	
   o	
   depósito	
   antigo	
   de	
   coisas	
   preciosas,	
   oculto	
   e	
   de	
   cujo	
   dono	
   não	
   se	
   guarde	
  
memória.	
   O	
   tesouro	
   será	
   dividido	
   por	
   igual	
   entre	
   o	
   proprietário	
   do	
   prédio	
   e	
   o	
   inventor	
   que	
   o	
  
encontrou	
   casualmente	
   (art.	
   1.264	
   do	
   CC).	
   Todavia,	
   o	
   tesouro	
   pertencerá	
   por	
   inteiro	
   ao	
  
proprietário	
  do	
  prédio,	
   se	
   for	
  achado	
  por	
  ele,	
  ou	
  em	
  pesquisa	
  que	
  ordenou,	
  ou	
  por	
   terceiro	
  não	
  
autorizado	
  (art.	
  1.265	
  do	
  CC).	
  Achando-­‐se	
  em	
  enfiteuse,	
  o	
  tesouro	
  será	
  dividido	
  por	
   igual	
  entre	
  o	
  
descobridor	
   e	
   o	
   enfiteuta,	
   ou	
   será	
   deste	
   por	
   inteiro	
   quando	
   ele	
  mesmo	
   seja	
   o	
   descobridor	
   (art.	
  
1.266do	
   CC).	
   O	
   usufrutuário	
   tem	
   direito	
   à	
   metade	
   do	
   tesouro	
   quando	
   se	
   tratar	
   de	
   usufruto	
  
universal,	
   a	
   outra	
  metade	
   pertence	
   ao	
   inventor,	
   mas	
   no	
   usufruto	
   particular	
  metade	
   do	
   tesouro	
  
pertence	
  ao	
  nu-­‐	
  proprietário	
  a	
  outra	
  ao	
  inventor,	
  conforme	
  §3º	
  do	
  artigo	
  1392	
  do	
  CC.	
  	
  
	
  
Especificação	
  é	
  a	
  transformação	
  de	
  coisa	
  móvel	
  em	
  espécie	
  nova,	
  em	
  virtude	
  do	
  trabalho	
  ou	
  
da	
   indústria,	
  desde	
  que	
  não	
  seja	
  possível	
   reduzi-­‐la	
  à	
   forma	
  primitiva.	
  Exemplo:	
  o	
  escultor	
  que	
  da	
  
pedra	
  cria	
  a	
  estátua.	
  Se	
  o	
  especificador	
   lança	
  mão	
  de	
  matéria-­‐prima	
  alheia	
  a	
  quem	
  pertencerá	
  a	
  
coisa?	
   O	
   especificador	
   é	
   dono:	
   a)	
   quando	
   a	
   matéria-­‐prima	
   lhe	
   pertença,	
   ainda	
   que	
   em	
   parte	
  
somente	
  (art.	
  1.269	
  do	
  CC),	
  pouco	
   importa	
  esteja	
  de	
  boa	
  ou	
  má-­‐fé;	
  b)	
  quando	
  a	
  matéria-­‐prima	
  é	
  
alheia,	
   mas	
   o	
   especificador	
   se	
   achar	
   de	
   boa-­‐fé	
   (art.	
   1.270	
   do	
   CC).	
   Em	
   ambas	
   as	
   hipóteses,	
   o	
  
especificador	
   só	
   será	
   o	
   dono	
   da	
   espécie	
   nova,	
   se	
   esta	
   não	
   puder	
   voltar	
   à	
   forma	
   primitiva,	
   caso	
  
contrário,	
  o	
  objeto	
  novo	
  pertencerá	
  ao	
  dono	
  da	
  matéria-­‐prima.	
  Se	
  o	
  especificador	
  agiu	
  de	
  má-­‐fé	
  o	
  
objeto	
  novo	
  pertencerá	
  ao	
  dono	
  da	
  matéria-­‐prima,	
  quer	
   seja	
  ou	
  não	
  passível	
   a	
   redução	
  à	
   forma	
  
primitiva.	
   Em	
   qualquer	
   caso,	
   haja	
   ou	
   não	
   boa-­‐fé,	
   se	
   o	
   preço	
   da	
   mão-­‐de-­‐obra	
   exceder	
  
consideravelmente	
  o	
  valor	
  da	
  matéria-­‐prima,	
  o	
  objeto	
  novo	
  será	
  do	
  especificador	
  (art.	
  1.270,	
  §	
  2.º,	
  
do	
  CC),	
  que	
  apenas	
   terá	
  que	
   indenizar	
  o	
  valor	
  do	
  material	
  que	
  empregou	
   (Washington	
  de	
  Barros	
  
Monteiro).	
  
	
  
Ø Acessão	
  é	
  a	
  junção,	
  incorporação	
  de	
  uma	
  coisa	
  a	
  outra;	
  
Ø Especificação	
  é	
  a	
  transformação	
  de	
  matéria-­‐prima	
  em	
  espécie	
  nova.	
  
Ø Confusão	
  é	
  a	
  mistura	
  entre	
  líquidos.	
  
Ø Comistão	
  é	
  a	
  mistura	
  entre	
  coisas	
  sólidas.	
  O	
  artigo	
  1272	
  comete	
  erro	
  gráfico,	
  faz	
  menção	
  a	
  
comissão,	
  mas	
  o	
  correto	
  é	
  comistão.	
  
Ø Adjunção	
  é	
  quando	
  uma	
  coisa	
  se	
  justapõe	
  a	
  outra	
  e	
  não	
  pode	
  mais	
  ser	
  separada.	
  Exemplo:	
  
tinta	
  na	
  parede.	
  
	
  
Sobre	
  a	
  confusão,	
  comistão	
  e	
  adjunção,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  1.272	
  e	
  parágrafos	
  do	
  CC	
  que	
  “as	
  coisas	
  
pertencentes	
  a	
  diversos	
  donos,	
  confundidas,	
  misturadas	
  ou	
  adjuntadas	
  sem	
  o	
  consentimento	
  deles,	
  
continuam	
  a	
  pertencer-­‐lhes,	
  sendo	
  possível	
  separá-­‐las	
  sem	
  deterioração”.	
  O	
  §	
  1.º	
  dispõe	
  que	
  “Não	
  
sendo	
  possível	
   a	
   separação	
  das	
   coisas,	
   ou	
  exigindo	
  dispêndio	
  excessivo,	
   subsiste	
   indiviso	
  o	
   todo,	
  
cabendo	
   a	
   cada	
   um	
   dos	
   donos	
   quinhão	
   proporcional	
   ao	
   valor	
   da	
   coisa	
   com	
   que	
   entrou	
   para	
   a	
  
 
 
	
  
	
   10	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
mistura	
  ou	
  agregado”.	
  O	
  §	
  2.º,	
  por	
  sua	
  vez,	
  determina	
  que	
  “Se	
  uma	
  das	
  coisas	
  puder	
  considerar-­‐se	
  
principal,	
  o	
  dono	
  sê-­‐lo-­‐á	
  do	
  todo,	
  indenizando	
  os	
  outros”.	
  
De	
  acordo	
  com	
  o	
  art.	
  1.273	
  do	
  CC,	
  “Se	
  a	
  confusão,	
  comistão	
  ou	
  adjunção	
  se	
  operou	
  de	
  má-­‐fé,	
  à	
  
outra	
  parte	
  caberá	
  escolher	
  entre	
  adquirir	
  a	
  propriedade	
  do	
  todo,	
  pagando	
  o	
  que	
  não	
  for	
  seu,	
  abatida	
  a	
  
indenização	
  que	
  lhe	
  for	
  devida,	
  ou	
  renunciar	
  ao	
  que	
  lhe	
  pertencer,	
  caso	
  em	
  que	
  será	
  indenizado”.	
  
Se	
  da	
  mistura	
  surgir	
  espécie	
  nova,	
  como	
  na	
  hipótese	
  de	
  surgir	
  um	
  novo	
  mineral	
  pela	
  mistura	
  de	
  
minerais,	
  aplica-­‐se	
  as	
  normas	
  da	
  especificação	
  (artigos	
  1269	
  a	
  1271	
  do	
  CC).	
  O	
  artigo	
  1274	
  se	
  equivoca	
  
ao	
  mandar	
  aplicar	
  os	
  artigos	
  1272	
  e	
  1273,	
  que	
  nada	
  tem	
  a	
  ver	
  com	
  a	
  especificação.	
  
	
  
Tradição	
   é	
   o	
   ato	
   de	
   entrega	
   da	
   coisa	
   ao	
   adquirente	
   com	
   o	
   intuito	
   de	
   transferir-­‐lhe	
   a	
  
propriedade.	
  Simples	
  entrega	
  não	
  é	
  tradição;	
  é	
  preciso	
   intenção	
  de	
  transferir	
  o	
  domínio	
  da	
  coisa.	
  
Quem	
  entrega	
  é	
  o	
   tradens.	
  A	
   tradição	
  só	
   transfere	
  a	
  propriedade	
  quando	
   feita	
  pelo	
  proprietário.	
  
Aquisição	
  a	
  non	
  domino	
  é	
  negócio	
   inexistente	
  em	
  face	
  do	
  proprietário;	
  se,	
  porém,	
  este	
  ratificar	
  o	
  
negócio,	
  ou	
   se	
  o	
  vendedor	
   se	
   tornar	
  proprietário,	
  o	
  ato	
   se	
   convalesce	
   se	
  o	
  adquirente	
  estava	
  de	
  
boa-­‐fé	
  (§	
  1.º	
  do	
  art.	
  1.268	
  do	
  CC).	
   Igualmente,	
  a	
  tradição	
  feita	
  por	
  quem	
  não	
  seja	
  proprietário	
  só	
  
produz	
   efeito	
   quando	
   a	
   coisa,	
   oferecida	
   ao	
   público,	
   em	
   leilão	
   ou	
   estabelecimento	
   comercial,	
   for	
  
transferida	
  ao	
  adquirente	
  de	
  boa-­‐fé	
  (art.	
  1.268,	
  caput	
  do	
  CC).	
  Outra	
  exceção	
  é	
  a	
  alienação	
  onerosa	
  
feita	
  pelo	
  herdeiro	
  aparente,	
  que	
  não	
  é	
  proprietário,	
  mas	
  a	
  propriedade	
  é	
  transferida,	
  por	
  força	
  do	
  
artigo	
  1817	
  do	
  CC.	
  Acrescente-­‐se,	
  ainda,	
  que	
  a	
  tradição	
  realizada	
  por	
  quem	
  não	
  é	
  dono	
  configura	
  
crime	
  de	
  estelionato	
  (art.	
  171,	
  §	
  2.º,	
  I,	
  do	
  CP),	
  além	
  disso,	
  não	
  gera	
  a	
  transmissão	
  da	
  propriedade.	
  	
  	
  
A	
  propriedade	
  da	
  coisa	
  não	
  se	
  transfere	
  pelo	
  negócio	
  jurídico,	
  e	
  sim	
  pela	
  tradição	
  (artigo	
  1267	
  
do	
  CC).	
  O	
  §2º	
  salienta	
  que	
  não	
  transfere	
  a	
  propriedade	
  a	
  tradição	
  que	
  tem	
  por	
  título	
  um	
  negócio	
  
jurídico	
  nulo.	
  	
  
A	
  tradição	
  pode	
  ser:	
  real,	
  simbólica	
  e	
  ficta.	
  
A	
   tradição	
  é	
   real	
   quando	
  há	
  a	
  efetiva	
  entrega	
  da	
   coisa	
  pelo	
   alienante	
  ao	
  adquirente	
  ou	
  ao	
  
terceiro	
  designado	
  pelo	
  adquirente.	
  
Simbólica	
   oupresumida	
   ou	
   consensual	
   é	
   a	
   tradição	
   em	
   que	
   há	
   um	
   ato	
   que	
   representa	
   a	
  
entrega	
   da	
   coisa.	
   A	
   entrega	
   não	
   é	
   real.	
   Exemplo:	
   entrega	
   das	
   chaves	
   do	
   imóvel	
   vendido.	
   Outro	
  
exemplo	
  é	
  a	
  venda	
  sobre	
  documentos,	
  a	
  tradição	
  da	
  coisa	
  é	
  substituída	
  pela	
  entrega	
  de	
  seu	
  título	
  
representativo	
  e	
  dos	
  outros	
  documentos	
  exigidos	
  pelo	
   contrato	
  ou,	
  no	
   silêncio	
  deste,	
  pelos	
  usos	
  
(art.	
  529	
  do	
  CC).	
  
Tradição	
   ficta	
   ou	
   jurídica	
   é	
   a	
   decorrente	
   do	
   constituto	
   possessório	
   ou	
   cláusula	
   constituti	
  
(tradição	
  convencional);	
  a	
  tradição	
  jurídica	
  se	
  opera	
  por	
  força	
  de	
  lei,	
  sem	
  a	
  entrega	
  material.	
  
Como	
   regra	
   geral,	
   é	
   pela	
   tradição,	
   e	
   não	
   pelo	
   contrato,	
   que	
   se	
   opera	
   a	
   transferência	
   do	
  
domínio	
  (art.	
  1.267	
  do	
  CC).	
  
	
  
Exceções:	
  
	
  
1.	
  alienação	
  fiduciária	
  (Dec.-­‐lei	
  911/1969).	
  Há,	
  porém,	
  quem	
  sustente	
  a	
  ocorrência	
  da	
  tradição	
  
ficta;	
  
2.	
   na	
   compra	
   e	
   venda	
   de	
   títulos	
   da	
   dívida	
   pública,	
   a	
   celebração	
   do	
   contrato	
   transfere	
  
imediatamente	
  ao	
  comprador	
  a	
  propriedade	
  do	
  título	
  (art.	
  8.º	
  do	
  Dec.-­‐lei	
  3.545/1941);	
  
3.	
  na	
  compra	
  da	
  coisa	
  de	
  que	
  já	
  tinha	
  a	
  posse;	
  
4.	
   no	
  matrimônio	
   realizado	
   sob	
   o	
   regime	
   de	
   comunhão	
   universal,	
   onde	
   a	
   transferência	
   do	
  
domínio	
  efetua-­‐se	
   independentemente	
  da	
   tradição;	
  decorre	
  do	
  próprio	
  casamento	
   (art.	
  1.667	
  do	
  
CC);	
  
	
  
	
  
 
 
	
  
	
   11	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
PROPRIEDADE	
  RESOLÚVEL	
  OU	
  REVOGÁVEL	
  
	
  
Propriedade	
   resolúvel	
   ou	
   revogável	
   é	
   aquela	
   que	
   se	
   extingue	
   se	
   ocorrer	
   certa	
   condição	
   ou	
  
termo	
  extintivo,	
  previsto	
  no	
  próprio	
  título	
  que	
  a	
  constituiu.	
  Exemplo:	
  contrato	
  de	
  compra	
  e	
  venda	
  
com	
   pacto	
   de	
   retrovenda,	
   pelo	
   qual	
   o	
   vendedor	
   pode	
   reaver	
   o	
   imóvel	
   alienado,	
   dentro	
   de	
   três	
  
anos,	
   mediante	
   a	
   devolução	
   do	
   preço	
   e	
   reembolso	
   das	
   despesas	
   contratuais.	
   O	
   proprietário	
  
resolúvel	
  é	
  dono	
  da	
  coisa	
  enquanto	
  não	
  ocorrer	
  o	
  termo	
  ou	
  a	
  condição	
  extintiva,	
  podendo	
  vendê-­‐
la,	
  doá-­‐la	
  e	
  hipotecá-­‐la;	
  só	
  não	
  pode	
  destruí-­‐la.	
  A	
  propriedade	
  resolúvel	
  é	
  temporária.	
  Trata-­‐se	
  de	
  
uma	
  exceção	
  à	
  perpetuidade	
  do	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  
Ocorrida	
  a	
  condição	
  ou	
  termo	
  extintivo	
  revoga-­‐se	
  (extingue-­‐se)	
  seu	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  A	
  
revogação	
  é	
  ex	
  tunc,	
  isto	
  é,	
  desde	
  a	
  prática	
  do	
  ato.	
  É	
  o	
  princípio	
  da	
  retroatividade	
  das	
  condições;	
  é	
  
como	
  se	
  ele	
  nunca	
  tivesse	
  sido	
  proprietário;	
  o	
  proprietário	
  terá	
  direito	
  de	
  reivindicar	
  a	
  coisa	
  ainda	
  
que	
  alienada	
  a	
  terceiros,	
  pois	
  todos	
  os	
  direitos	
  reais	
  concedidos	
  medio	
  tempore	
  são	
  extintos	
  (art.	
  
1.359	
  do	
  CC).	
  A	
  venda	
  e	
  a	
  hipoteca	
  são	
  válidas,	
  mas	
   ineficazes	
  perante	
  o	
  proprietário;	
  o	
   terceiro	
  
adquirente	
  do	
  bem	
  terá	
  apenas	
  direito	
  à	
  indenização	
  contra	
  o	
  proprietário	
  resolúvel.	
  
Outros	
   exemplos	
   de	
   propriedade	
   resolúvel:	
   fideicomisso,	
   doação	
   com	
   cláusula	
   de	
   reversão	
  
em	
   que	
   o	
   bem	
   volta	
   para	
   o	
   doador	
   no	
   caso	
   de	
   morte	
   do	
   donatário	
   e	
   alienação	
   fiduciária	
   em	
  
garantia.	
  
	
  
PROPRIEDADE	
  AD	
  TEMPUS	
  
	
  
Propriedade	
  ad	
   tempus	
   (art.	
   1.360	
   do	
   CC)	
   é	
   aquela	
   que	
   se	
   extingue	
   em	
   virtude	
   de	
   causas	
  
supervenientes	
  não	
  previstas	
  no	
  título.	
  Exemplo:	
  revogação	
  da	
  doação	
  por	
  ingratidão.	
  É	
  espécie	
  de	
  
propriedade	
   resolúvel.	
   Todavia,	
   o	
   possuidor	
   que	
   a	
   adquirir	
   antes	
   da	
   causa	
   de	
   extinção	
   será	
  
considerado	
  proprietário	
  perfeito,	
  não	
  perderá	
  o	
  bem.	
  	
  	
  
Enquanto	
  na	
  propriedade	
   resolutiva	
  a	
   causa	
  extintiva	
   consta	
  no	
  próprio	
   título	
  aquisitivo	
  da	
  
propriedade,	
   na	
   propriedade	
   ad	
   tempus	
   a	
   causa	
   extintiva	
   é	
   estranha	
   ao	
   título.	
   Na	
   propriedade	
  
resolutiva	
  a	
  revogação	
  é	
  ex	
  tunc.	
  Na	
  propriedade	
  ad	
  tempus	
  a	
  revogação	
  é	
  ex	
  nunc,	
   isto	
  é,	
  desde	
  
agora;	
  logo,	
  serão	
  válidas	
  as	
  alienações	
  e	
  ônus,	
  recaídos	
  sobre	
  o	
  imóvel.	
  Assim,	
  a	
  ingratidão	
  revoga	
  
a	
  doação,	
  extinguindo-­‐se	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  Entretanto,	
  será	
  válida	
  a	
  alienação	
  ou	
  hipoteca	
  
feita	
  pelo	
  donatário	
   ingrato	
  antes	
  da	
  sentença	
  que	
   lhe	
  reconhece	
  a	
   ingratidão,	
   ressalvando-­‐se	
  ao	
  
doador	
  o	
  direito	
  à	
  indenização	
  contra	
  o	
  donatário.	
  
Na	
   propriedade	
   resolutiva,	
   a	
   pessoa	
   a	
   quem	
   aproveita	
   a	
   revogação	
   tem	
   ação	
   real,	
   isto	
   é,	
  
direito	
  de	
  sequela	
  (poderá	
  reaver	
  a	
  coisa,	
  esteja	
  em	
  poder	
  de	
  quem	
  quer	
  que	
  seja);	
  na	
  propriedade	
  
ad	
  tempus,	
  se	
  a	
  coisa	
  não	
  puder	
  ser	
  restituída	
  em	
  espécie,	
  por	
  ter	
  sido	
  alienada,	
  a	
  ação	
  será	
  pessoal	
  
(não	
  poderá	
  reaver	
  a	
  coisa,	
  devendo	
  se	
  contentar	
  com	
  a	
  mera	
  indenização).	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
 
 
	
  
	
   12	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
PERGUNTAS:	
  
1) Por	
  que	
  a	
  propriedade	
  é	
  um	
  direito	
  natural?	
  
2) O	
  que	
  é	
  a	
  teoria	
  da	
  natureza	
  humana?	
  
3) Por	
  que	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  cláusula	
  pétrea?	
  
4) Qual	
  o	
  conteúdo	
  do	
  direito	
  de	
  propriedade?	
  
5) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  o	
  direito	
  de	
  usar	
  e	
  o	
  direito	
  de	
  gozar?	
  
6) Qual	
  o	
  conteúdo	
  do	
  direito	
  de	
  dispor?	
  
7) Quais	
  as	
  ações	
  cabíveis	
  para	
  exercer	
  o	
  direito	
  de	
  reavera	
  coisa	
  com	
  base	
  na	
  propriedade?	
  
8) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  a	
  propriedade	
  plena	
  ou	
  perfeita	
  e	
  a	
  propriedade	
  limitada	
  ou	
  restrita?	
  
9) Por	
  que	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  elástico?	
  
10) Por	
  que	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  absoluto?	
  
11) Por	
  que	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  exclusivo?	
  No	
  condomínio,	
  existe	
  está	
  exclusividade?	
  
12) Em	
  que	
  consiste	
  a	
  irrevogabilidade	
  ou	
  perpetuidade	
  do	
  direito	
  de	
  propriedade?	
  Há	
  exceções?	
  
13) Quais	
  são	
  os	
  direitos	
  reais	
  perpétuos?	
  
14) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  a	
  propriedade	
  urbana	
  e	
  a	
  propriedade	
  rural?	
  
15) Quais	
  os	
  modos	
  de	
  aquisição	
  da	
  propriedade	
  imóvel?	
  
16) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  registro,	
  transcrição,	
  inscrição,	
  averbação	
  e	
  matrícula?	
  
17) O	
  que	
  é	
  tradição	
  solene?	
  
18) Qual	
  o	
  inicio	
  da	
  eficácia	
  do	
  registro?	
  
19) É	
  possível	
  adquirir	
  a	
  propriedade	
  imóvel	
  sem	
  adquirir	
  o	
  registro?	
  
20) É	
  possível	
  o	
  registro	
  após	
  a	
  morte	
  do	
  alienante?	
  	
  
21) Se	
  houver	
  duplicidade	
  de	
  registro	
  qual	
  prevalece?	
  
22) O	
  que	
  é	
  o	
  princípio	
  da	
  publicidade	
  do	
  registro?	
  
23) O	
  que	
  é	
  o	
  princípio	
  da	
  legalidade	
  do	
  registro?	
  
24) O	
  que	
  é	
  o	
  princípio	
  da	
  continuidade	
  do	
  registro?	
  
25) O	
  que	
  é	
  o	
  princípio	
  da	
  fé	
  pública	
  do	
  registro?	
  
26) O	
  que	
  é	
  o	
  princípio	
  da	
  obrigatoriedade	
  do	
  registro?	
  
27) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  acessão	
  contínua	
  e	
  acessão	
  discreta?	
  
28) 	
  O	
  que	
  é	
  acessão	
  por	
  obra	
  da	
  natureza?	
  
29) O	
  que	
  é	
  acessão	
  industrial?	
  
30) O	
  que	
  é	
  acessão	
  mista?	
  
31) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  aluvião	
  e	
  avulsão?	
  
32) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  álveo	
  abandonado	
  e	
  aluvião	
  impróprio?	
  
33) Quem	
  planta	
  ou	
  constrói	
  em	
  terreno	
  alheio	
  sempre	
  adquiri	
  a	
  propriedade	
  da	
  plantação	
  ou	
  
construção?	
  
34) Quem	
  constrói	
  em	
  solo	
  próprio,	
  mas	
  invade	
  solo	
  alheio,	
  adquire	
  a	
  propriedade	
  da	
  construção?	
  
35) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  renúncia	
  e	
  abandono?	
  
36) O	
  que	
  é	
  posse	
  pro-­‐labore?	
  
37) O	
  que	
  é	
  ocupação?	
  
38) O	
  que	
  é	
  descoberta?	
  
39) O	
  que	
  é	
  achadego?	
  
40) O	
  descubridor	
  responde	
  pelos	
  prejuízos	
  causados	
  ao	
  proprietário?	
  
41) Quando	
  a	
  coisa	
  achada	
  vendida	
  em	
  hasta	
  pública?	
  
42) O	
  que	
  é	
  tesouro?	
  
43) A	
  quem	
  pertence	
  o	
  tesouro?	
  
44) O	
  que	
  é	
  especificação?	
  
45) A	
  quem	
  pertence	
  a	
  coisa	
  que	
  é	
  objeto	
  de	
  especificação?	
  
 
 
	
  
	
   13	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
46) Qual	
  a	
  diferença	
  entre	
  especificação	
  e	
  acessão?	
  
47) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  confusão,	
  comistão	
  e	
  adjunção?	
  A	
  quem	
  pertence	
  estas	
  coisas?	
  
48) O	
  que	
  é	
  tradição?	
  
49) A	
  simples	
  entrega	
  configura	
  tradição?	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
50) A	
  entrega	
  feita	
  por	
  quem	
  não	
  é	
  proprietário	
  produz	
  o	
  efeito	
  de	
  transmitir	
  a	
  propriedade?	
  
51) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  tradição	
  real,	
  simbólica	
  e	
  ficta?	
  
52) Em	
  que	
  hipóteses	
  o	
  simples	
  contrato	
  transmite	
  o	
  domínio?	
  
53) Qual	
  a	
  distinção	
  entre	
  a	
  propriedade	
  resolúvel	
  e	
  propriedade	
  ad	
  tempus?	
  
	
  
	
  
 
 
	
  
	
   1	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  –	
  DIREITO	
  DAS	
  COISAS	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
CONDOMÍNIO	
  GERAL	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
Comunhão	
  é	
  o	
  fato	
  de	
  o	
  direito	
  pertencer	
  a	
  mais	
  de	
  uma	
  pessoa.	
  Ocorre	
  nas	
  relações	
  jurídicas	
  
em	
  que	
  há	
  pluralidade	
  subjetiva.	
  Há	
  comunhão	
  de	
  propriedade,	
  servidão,	
  usufruto,	
  uso,	
  habitação	
  
e	
   superfície.	
  Assim,	
   o	
   condomínio	
  ou	
   compropriedade,	
   que	
  é	
  o	
   fato	
  de	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  
pertencer	
  a	
  mais	
  de	
  uma	
  pessoa,	
  é	
  uma	
  espécie	
  do	
  gênero	
  comunhão.	
  	
  
Anote-­‐se,	
  contudo,	
  que	
  o	
  direito	
  de	
  propriedade	
  é	
  um	
  só,	
  mas	
  é	
  exercido	
  em	
  conjunto	
  pelos	
  
condomínios.	
  Todavia,	
  perante	
  terceiros	
  cada	
  condomínio	
  pode	
  agir	
  como	
  proprietário	
  exclusivo	
  do	
  
todo,	
  exercendo	
  a	
   totalidade	
  dos	
  poderes	
   inerentes	
  ao	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  Entre	
  os	
  próprios	
  
condomínios,	
   porém,	
   como	
   esclarece	
   Washington	
   de	
   Barros	
   Monteiro,	
   o	
   direito	
   de	
   cada	
   um	
   é	
  
autolimitado	
   pelo	
   do	
   outro,	
   na	
   medida	
   de	
   suas	
   quotas,	
   para	
   que	
   possível	
   se	
   torne	
   a	
   sua	
  
coexistência.	
  
	
  
CLASSIFICAÇÃO	
  
	
  
Quanto	
  à	
  origem,	
  o	
  condomínio	
  pode	
  ser:	
  
	
  
a)	
   convencional	
   ou	
   voluntário:	
   é	
   o	
   que	
   nasce	
   da	
   vontade	
   dos	
   condôminos,	
   através	
   da	
  
aquisição	
   em	
   comum	
   da	
   coisa.	
   No	
   silêncio,	
   presume-­‐se	
   a	
   igualdade	
   dos	
   quinhões	
   (art.	
   1.315,	
  
parágrafo	
  único	
  do	
  CC).	
  
b)	
  Eventual	
  ou	
  fortuito:	
  é	
  o	
  que	
  nasce	
  da	
  vontade	
  de	
  uma	
  terceira	
  pessoa,	
  através	
  da	
  doação	
  
ou	
  testamento	
  de	
  uma	
  coisa	
  em	
  favor	
  de	
  mais	
  de	
  uma	
  pessoa.	
  É	
  também	
  chamado	
  de	
  condomínio	
  
acidental	
  ou	
  incidente.	
  
c)	
   legal	
  ou	
  necessário:	
  é	
  o	
  imposto	
  pela	
  lei,	
  como	
  no	
  caso	
  de	
  paredes,	
  cercas,	
  muros	
  e	
  valas	
  
(art.	
  1327).	
  A	
  propósito,	
  as	
  despesas	
  com	
  essas	
  divisórias	
  devem	
  ser	
  rateadas	
  entre	
  os	
  vizinhos.	
  Se	
  
um	
  vizinho	
  ergue	
  essas	
  divisórias,	
  o	
  outro	
  tem	
  o	
  direito	
  de	
  adquirir-­‐lhe	
  a	
  metade	
   ideal,	
  mediante	
  
pagamento,	
  é	
  claro,	
  do	
  preço	
  proporcional	
  da	
  obra,	
  e	
  não	
  o	
  preço	
  de	
  custo	
  (art.	
  1.328).	
  O	
  valor	
  é	
  
apurado	
   no	
  momento	
   em	
   que	
   o	
   confrontante	
   exerce	
   o	
   direito	
   de	
   pleitear	
   a	
   sua	
  meação.	
   Antes	
  
desse	
  pagamento,	
  o	
  vizinho	
  não	
  poderá	
  utilizar

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