A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

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Disciplina: Estágio Supervisionado Básico I em Psicologia – SDE0210
PROFESSOR: PAULO COGO, Doutor.
Curso de Psicologia
Unidade III: Entrevista Psicológica
Conteúdo da aula:
A entrevista psicológica
Características da entrevista psicológica
A ENTREVISTA PSICOLÓGICA
A entrevista psicológica, ao lado da observação psicológica e dos testes psicológicos, é um dos principais instrumentos utilizados para a coleta de informações para fins de avaliação psicológica.
Ao lado dos questionários psicológicos (inventários, escalas de atitude e levantamento de opinião) a entrevista psicológica constitui uma das principais técnicas de inquisição ou inquirição de informações.
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Inquirir é arguir, perguntar, questionar.
A inquirição é considerada uma das técnicas mais importantes e aquela que todo psicólogo utiliza para fins de coleta de informação.
Dentre os instrumentos de inquirição encontram-se o questionário e a entrevista.
Existem três tipos de questionários: os inventários as escalas de atitude e o levantamento de opinião.
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Um questionário é um instrumento de coleta de dados constituído de uma série de perguntas que tem por finalidade obter as respostas do sujeito que estão, de modo geral, impregnadas com suas ideias e sentimentos. 
Os inventários são geralmente usados como instrumentos de auto-avaliação, constituindo um tipo de questionário em que são dispostas afirmações sobre um determinado tema e o respondente deve concordar ou não.
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Nos inventários o indivíduo é seu próprio juiz, pois lhe cabe dar sua opinião a respeito das informações que lhes são apresentadas.
São três tipos de inventários: os de interesse, que são os inventários profissionais ou vocacionais, os de personalidade, que visam medir traços de personalidade para identificar as diferenças individuais e assim traçar um diagnóstico e os inventários de ajustamento que medem a capacidade em realizar ajustamentos necessários quando o sujeito está exposto em situações de pressão e tensão.
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Em uma escala de atitude, o sujeito recebe um número de afirmações sobre um determinado tema, geralmente polêmico, e deve expressar sua atitude em relação a elas.
É importante lembrar que o conceito psicológico de atitude é uma predisposição subjetiva para a ação.
Logo, não é a ação em si.
Posso ter uma atitude favorável a um determinado fato e agir de forma congruente.
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Assim como posso afirmar que sou favorável a determinado fato, mas, na hora da ação, minha ação é oposta ao que afirmei.
Nesse caso minha atitude e meu comportamento são incongruentes com o que foi afirmado.
As atitudes são variáveis intervenientes (não observáveis, mas diretamente inferíveis de comportamentos observáveis) e são compostas por três componentes: o cognitivo, o afetivo e o comportamental. 
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O levantamento de opinião é um tipo de questionário que busca inquirir informações específicas de um único tema.
Pode ser apresentado sob o formato de questão única, e o sujeito vai responder sim ou não.
O referendo é um exemplo de um levantamento de opinião. 
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A entrevista psicológica é ao mesmo tempo um instrumento e um processo dinâmico de coleta de de informações, pois o inquiridor (o psicólogo) é aquele que ao mesmo tempo efetua o processo e o avalia. 
A entrevista não é uma conversação, um bate-papo; é uma técnica rigorosa utilizada para colher informações que são muito importantes para o processo de avaliação psicológica e especialmente para a vida de alguém.
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Existem diferentes tipos de entrevista, porém toda entrevista deve ser muito bem planejada e sistematizada, possuindo objetivos claros para que possa ser eficaz.
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DIFERENÇAS ENTRE CONSULTA, ANAMNESE E ENTREVSITA
Consulta é uma assistência profissional.
Anamnese é a evocação voluntária do passado.
Entrevista é um procedimento técnico para atender a uma consulta.
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TIPOS DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA QUANTO À ESTRUTURA
Considerada um instrumento fundamental para a coleta da informações na área da Psicologia Clínica, a entrevista psicológica é um procedimento de investigação científica em Psicologia que tem regras, objetivos e formatos específicos para realização em áreas específicas da Psicologia.
Existem três tipos de entrevista psicológica: a estruturada, a semiestruturada e a não estruturada. 
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA ESTRUTURADA OU DIRETIVA OU SISTEMÁTICA OU FECHADA
É aquela em que o psicólogo já tem uma série de informações preestabelecidas, como, por exemplo, o currículo de um profissional que se candidata a uma vaga de emprego.
Quando o psicólogo está trabalhando de uma forma mais objetiva, usa esse tipo de entrevista.
Aqui o psicólogo dirige e controla as perguntas, portanto é também denominada de entrevista psicológica controlada.
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Como dito antes é muito utilizada na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho, especialmente em situações de seleção de pessoal.
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA SEMIESTRUTURADA OU SEMIDIRETIVA OU MISTA 
É normalmente utilizada quando muitos dados deixam de ser falados na entrevista aberta, então o psicólogo entrevistador busca esclarecê-los através de uma investigação mais sistemática.
Assim, na entrevista mista, a entrevista estruturada segue-se à não estruturada com o objetivo de melhorar a qualidade e a quantidade das informações colhidas.
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É frequentemente utilizada no psicodiagnóstico e em situações de orientação profissional.
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NÃO ESTRUTURADA OU NÃO DIRETIVA OU NÃO SISTEMÁTICA OU ABERTA OU DE LIVRE ESTRUTURAÇÃO
O psicólogo possibilita o entrevistado a escolher por onde vai começar a falar.
As perguntas são de caráter geral, objetivando levar o entrevistado a falar livremente para que o psicólogo possa colher maior número de informações.
A diferença é que aqui o psicólogo não tem questões a priori sobre o sujeito.
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A não diretividade encoraja o sujeito a se expressar do modo que desejar, e os comentários feitos por ele são o material que o psicólogo entrevistador usa para avaliar a sua opinião e sua atitude em relação a alguma coisa.
Apesar de não ter uma ordenação rígida, há um objetivo específico a ser atingido.
Ela está limitada aos fins que se pretende atingir.
Aqui cabe ao psicólogo entrevistador intervir, quando necessário, no sentido de reconduzir o sujeito ao assunto de interesse.
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É utilizada, especialmente, na área da Psicologia Clínica. 
Fazendo alusão à entrevista aberta ou não estruturada, Cunha (2000) argumenta, ao abordar as entrevistas clínicas, que “todos os tipos de entrevista têm alguma forma de estruturação na medida em que a atividade do psicólogo entrevistador direciona a entrevista no sentido de buscar alcançar seus objetivos”.
Por isso, refere-se a esse tipo de entrevista como entrevista de livre estruturação.
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Uma entrevista psicológica, na prática, antes de poder ser considerada uma técnica, deve ser vista como um contato social entre duas ou mais pessoas.
O sucesso da entrevista dependerá, portanto, de qualidades gerais de um bom contato social, sobre o qual se apoiam as técnicas clínicas específicas.
Desse modo, a execução da técnica é influenciada pelas habilidades interpessoais do entrevistador. (Cunha, 2000, p.52). 
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Assim,para realizar uma boa entrevista, Cunha (2000, p.52) aponta algumas habilidades interpessoais que o entrevistador deve ter.
O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE:
1º. Estar presente, no sentido de estar inteiramentedisponível para o outro naquele momento e poder escutá-lo sem a interferência de questões pessoais;
2º. Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de trabalho;
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3º. Facilitar a expressão dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada ou a buscar ajuda;
4º. Buscar esclarecimentos para colocações vagas ou incompletas; 
5º. Gentilmente confrontar esquivas e contradições;
6º. Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista;
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7º. Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente, especialmente quando elas atuam diretamente na relação com o psicólogo entrevistador (transferência);
8º. Compreender seus processos contra transferenciais;
9º. Assumir a iniciativa em momentos de impasse; 
10º. Dominar as técnicas que utiliza.
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Partindo do princípio que o instrumento de trabalho do psicólogo entrevistador é ele mesmo, de está em uma relação interpessoal, e que o objeto que se estuda é outro ser humano, ao colher as informações sobre a vida do paciente, poderá implicar em um exame de sua própria vida.
Então, na sua atuação, o entrevistador deve estar dissociado, de maneira a conseguir graduar o impacto emocional e a desorganização ansiosa (Bleger,1998).
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De acordo com Cunha (2000), para estar presente e poder ouvir o paciente, o entrevistador deve ser capaz de isolar outras preocupações e, momentaneamente, focalizar sua atenção no paciente.
Para tanto, é preciso o controle do grau de ansiedade. 
A ansiedade do psicólogo entrevistador é um dos fatores mais difíceis de manipular.
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Toda investigação implica em certo grau de ansiedade diante do desconhecido, a qual o entrevistador deverá ser capaz de tolerar (Bleger,1998). 
Todo entrevistador deve ter domínio das técnicas que utiliza para sentir segurança e possa estar preocupado com o processo e não o que precisa ou deve fazer.
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Cunha (2000) chama a atenção para o fato de que a falta desse domínio pode resultar em uma aplicação mecânica e desconexa das diretrizes da técnica.
Com a prática e a experiência, a entrevista flui e a atuação do profissional transforma a técnica em arte. 
Toda entrevista psicológica é uma relação, com características particulares, que se estabelece entre pelo menos duas pessoas.
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O psicólogo precisa perceber que o ambiente onde ocorrem essas relações interpessoais é de expressiva importância.
Para Bleger (1998), o campo da entrevista é dinâmico, pois está sujeito a mudanças, e a observação deve ser estendida do campo específico existente em cada momento à continuidade e sentido dessas mudanças.
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Sendo o campo a dinâmica que se estabelece a partir do contato entre o psicólogo entrevistador e entrevistado, onde estão presentes características de personalidade de um e de outro, o psicólogo deve ter cautela para que não haja variações que causem interferências no campo.
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Por isso, Bleger (1998) chama a atenção que:
“Para se obter o campo particular de entrevista, devemos contar com um enquadramento rígido, que consiste em transformar um conjunto de variáveis em constantes. O enquadramento funciona como uma espécie de padronização da situação estímulo que oferecemos ao entrevistado; com isso não pretendemos que esta situação deixe de atuar como estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável para o entrevistado.”
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Então, o que nesse campo não pode variar?
O que tem de ser constante?
O papel psicólogo entrevistador, os objetivos, o lugar, o tempo da entrevista e, inclusive, os honorários do profissional (o enquadre).
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No entanto, como afirma Cunha (2000):
“Muitas vezes o aspecto avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psicoterapia que se inicia, devido ao aspecto terapêutico intrínseco a um processo de avaliação e ao aspecto avaliativo intrínseco à psicoterapia. O entrevistador deve estar atento aos processos no outro, e a sua intervenção deve orientar o sujeito a aprofundar o contato com sua própria experiência”(p.46).
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O psicólogo, ao utilizar a entrevista como instrumento para coleta de informações, não está conversando, como imagina a maioria dos leigos.
Ele está trabalhando, observando, levantando alguma hipótese e criando condições para a verificação delas.
Inclusive quando o paciente for uma criança.
Nesse caso, deve levar em consideração que o trabalho deve ser feito em um ambiente lúdico.
A criança muitas vezes não sabe expressar seus pensamentos e seus conflitos.
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É no ato de brincar que ela experiencia e expõe para o profissional o material que precisa ser averiguado e trabalhado. 
É importante lembrar que o primeiro contato deve ser feito com o responsável; só depois é que o psicólogo falará com a criança.
Entretanto, devo ser alertado de que isso seria o ideal, porém, não raro, o que acontece é que a mãe, mesmo avisada anteriormente de que deve vir sem a criança, a traz para a primeira consulta.
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Então, sugere-se que o psicólogo se apresente à criança, crie um grau de empatia e peça a ela que faça uma tarefa enquanto conversa com a mãe.