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Direito Administrativo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
PÓS‐GRADUAÇÃO EM GESTÃO DO 
MEIO AMBIENTE:  
Educação, Direito e Análise Ambiental 
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO 
AMBIENTAL 
Profª. Sandra de Mello Carneiro Miranda 
 
2011 
APRESENTAÇÃO 
Caros alunos, 
É com alegria que assumo mais uma vez a tarefa de ser professora do Curso de 
Especialização a Distância em Gestão do Meio Ambiente, da Universidade 
Federal de Juiz de Fora (UFJF), ao ministrar a disciplina “Educação, Direito e 
Análise Ambiental”. Trabalhar na educação a distância tem sido uma experiência 
bastante enriquecedora e uma oportunidade de aprendizagem, que tem me 
proporcionado a reinvenção do meu modo de ensinar. 
Dando continuidade à ênfase “Direito” do nosso curso, cabe-me agora tratar do 
“Direito Administrativo Ambiental a Distância”. Na apostila elaborada para a 
disciplina, serão vistos alguns aspectos essenciais da relação entre Direito 
Administrativo e Direito Ambiental. Em razão do intrínseco envolvimento das duas 
disciplinas, sugiro que vocês tenham um manual de Direito Administrativo para 
dar suporte à matéria que será estudada. 
Será analisado o licenciamento, que ocupa lugar de relevo dentre os atos de 
política ambiental exercidos pela Administração Pública. Cabe-me destacar que o 
licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente licencia empreendimentos e atividades utilizadoras de 
recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, ou 
aquelas que possam causar degradação ambiental. Assim, torna-se indispensável 
falar sobre a avaliação de impacto ambiental. Nesse estudo, serão enfatizados o 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 
por serem os mais completos e complexos instrumentos de Avaliação de 
Impactos Ambientais. Posteriormente, serão abordadas a Responsabilidade 
Administrativa Ambiental e as sanções administrativas derivadas de condutas e 
de atividades lesivas ao meio ambiente. 
É importante destacar que a concepção de meio ambiente para o direito não se 
restringe ao ambiente natural (sistemas vivos, elementos químicos e fenômenos 
físicos), mas envolve o meio ambiente cultural (como os sítios arqueológicos, as 
paisagens, as obras de valor artístico, turístico e arquitetônico) e o meio ambiente 
artificial (equipamentos urbanos, por exemplo). Assim, o tombamento e a 
desapropriação serão estudados como formas de proteger o patrimônio cultural 
brasileiro. 
A fim de aprofundar nas discussões teóricas que envolvem o direito administrativo 
ambiental, junto com a apostila serão trabalhados textos complementares. 
Buscarei também realizar pesquisas para verificar casos de aplicação dos 
conhecimentos adquiridos. Por meio dessa estruturação do curso, minha intenção 
é fazer com que vocês possam apreender o conteúdo da disciplina e refletir sobre 
ele para colocá-lo em prática na sua atuação jurídica e/ou cidadã. 
Bom curso a todos! 
Profª. Sandra de Mello Carneiro Miranda 
SUMÁRIO 
 
1. RELAÇÃO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL 
2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
3. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA): O ESTUDO DE IMPACTO 
AMBIENTAL E O RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL 
4. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL 
5. TOMBAMEN 
6. DESAPROPRIAÇÃO 
REFERÊNCIAS 
1 RELAÇÃO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL 
1.1 AS PRÉ-COMPREENSÕES DO DIREITO DO AMBIENTE 
Um problema prévio a qualquer análise que se faça do Direito Ambiental tem a 
ver com a finalidade em nome da qual é estabelecido o seu regime. Discutem-se, 
assim, os fundamentos da tutela jurídico-política do ambiente e coloca-se a 
seguinte questão: deve-se proteger o ambiente em face do valor que ele tem em 
si ou é a vida do Homem que se pretende assegurar em condições dignas de 
existência? Assinalam-se, habitualmente, duas grandes compreensões da tutela 
jurídica do ambiente: 
Antropocêntrica: a defesa do ambiente é feita com o objetivo principal – ou mesmo 
único - de defender a vida humana. 
Ecocêntrica: o ambiente é tutelado em si mesmo, procurando-se a defesa e a 
promoção da natureza como um valor novo. 
Como afirma Dias (2002, p. 10), 
independente da opção que se tome, deve sublinhar-se que se vem 
sentindo paulatinamente o trânsito de uma visão antropocêntrica do direito 
para uma outra em que também as “coisas” passam a merecer a tutela da 
ordem jurídica (substituição do princípio antropocêntrico pelo princípio 
ecocêntrico ou biocêntrico). 
1.2 INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE DO DIREITO 
AMBIENTAL 
Uma característica marcante do Direito Ambiental é a necessidade de se ter um 
tratamento interdisciplinar. Há fortes relações entre os conhecimentos jurídicos e 
os provenientes de outras ciências como, por exemplo, a Ecologia (estudo e 
caracterização dos ecossistemas), a Economia (avaliação econômica do dano 
ambiental), a Antropologia (levantamento de populações indígenas), a Estatística 
(cálculos de probabilidade de estudos de impacto ambiental), entre outras. 
Além da interdisciplinaridade entre o Direito Ambiental e outras ciências, também 
no nível especificamente jurídico, deve-se destacar a transversalidade desse 
ramo do direito, no sentido de chamar a atenção para a importância dos 
conceitos, meios, institutos e instrumentos dos diferentes ramos “clássicos” do 
direito na ordenação jurídica do ambiente. É o que explica Dias (2002, p. 15), em 
seus ensinamentos sobre o direito administrativo e constitucional do direito 
português, que também se aplicam ao caso brasileiro: 
Isto porque a proteção do ambiente “convoca” praticamente todas as 
disciplinas clássicas do Direito, uma vez que levanta problemas nas 
relações entre sujeitos particulares (Direito Civil), nas relações entre os 
diversos sujeitos que compõem a comunidade internacional (Direito 
Internacional Público). É um dos sectores onde mais se tem feito sentir a 
regulamentação da União Europeia (Direito Comunitário): suscita algumas 
opções fundamentais da comunidade politicamente organizada (Direito 
Constitucional), merece já a qualificação dos principais atentados ao 
ambiente como crimes (Direito Penal) e é um sector fundamental da 
intervenção do Estado e das outras pessoas colectivas públicas e das 
relações entre a Administração Pública e os cidadãos (Direito 
Administrativo). 
1.3 O PAPEL DO DIREITO ADMINISTRATIVO NA TUTELA DO AMBIENTE 
Apesar da transversalidade do Direito Ambiental, o Direito Administrativo possui 
uma posição de relevo na ordenação jurídica do ambiente. Isso porque a proteção 
e a promoção do ambiente, mais do que relacionadas com os interesses 
particulares dos cidadãos individualmente considerados, configuram-se como um 
interesse coletivo da maior importância. E a persecução do interesse público é um 
dos objetivos basilares do Direito Administrativo. 
Na visão de Dias (2002), outra razão que justifica o papel do Direito 
Administrativo em sede ambiental prende-se com sua maior aptidão para regular 
questões de índole técnica. Assim, a Constituição estabelece as opções básicas 
sobre a organização e o funcionamento da atividade administrativa e a legislação, 
por sua vez, ocupa-se da disciplina jurídica dos comportamentos e atividades com 
impactos ambientais. Mas Dias (2002, p. 27) afirma que, 
na esmagadora maioria dos casos, essas leis estão muito “longe” das 
situações concretas, sendo imprescindível que a Administração se ocupe 
da interpretação, especificação, pormenorização e, por vezes, 
desenvolvimento dos preceitos legais através de regulamentos 
administrativos indispensáveis à autorização e licenciamento de 
actividades susceptíveisde produzirem impactos ambientais, ao controle, 
fiscalização e sancionamento das condutas com efeitos ambientais 
nocivos e outras formas de fixar a disciplina ambiental dos casos 
concretos sujeitos à sua apreciação. 
Daí que toda a “aparelhagem” técnica do direito administrativo, designadamente 
contida em regulamentos e actos administrativos, venha a desempenhar um 
papel de relevo único na ordenação jurídica do ambiente. (grifos do autor) 
1.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO E DO DIREITO AMBIENTAL 
Uma consequência da intrínseca relação entre o Direito Ambiental e o Direito 
Administrativo consiste no dever de observância dos princípios da Administração 
Pública para a tutela jurídico-administrativa do meio ambiente. Aplicam-se aqui os 
princípios que conformam toda a atividade administrativa, como os previstos no 
caput do art. 37 da CF/88: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”. 
O mesmo vale para os princípios que, embora não expressamente previstos na 
Constituição, comandam a atividade administrativa. Nesse sentido, mencionam-
se os princípios da supremacia do interesse público sobre o particular, o da 
motivação dos atos administrativos, o da proporcionalidade e o da finalidade. 
Na verdade, mesmo os princípios específicos do Direito Ambiental devem ser 
aplicados em conformidade com os princípios do Direito Administrativo. Assim 
ensina Machado (2004) ao afirmar que o princípio da precaução deverá ser 
implementado pela Administração Pública, no cumprimento dos princípios 
expostos no art. 37, caput, da CF/88. Conforme o autor, contraria a moralidade e 
a legalidade administrativa o adiamento de medidas de precaução que devam ser 
tomadas imediatamente. Violam o princípio da publicidade e o da impessoalidade 
administrativas os acordos e/ou licenciamentos em que o cronograma da 
execução de projetos ou a execução de obras não sejam apresentados 
previamente ao público, possibilitando que os setores interessados possam 
participar do procedimento das decisões. 
Acrescenta-se que o princípio da precaução deve ser pensado a partir de duas 
premissas: 
a) Motivação – qualquer ação estatal para postergar, controlar, cercear ou 
impedir o desenvolvimento de uma atividade deve estar fundamentada. A 
ameaça deve estar devidamente demonstrada, ainda que não seja possível 
comprová-la cientificamente. 
b) Proporcionalidade – a ação controladora não deve necessariamente 
impedir o desenvolvimento da atividade, mas controlar seus riscos 
possíveis, reduzir a ameaça do dano ou mitigá-lo. 
A mesma observação cabe quanto ao princípio da informação tangente às 
questões ambientais. Toma-se como exemplo o Estudo de Impacto Ambiental e 
seus respectivos relatórios (EIA/RIMA): o primeiro (EIA) é um documento 
complexo, multidisciplinar, com um conteúdo vasto sobre uma determinada 
atividade proposta que deve se submeter a ele; o segundo é um relatório com 
linguagem mais acessível, destinado a dar publicidade aos seus resultados para 
que todos os interessados tenham acesso. 
Outro exemplo que pode ser considerado é o licenciamento ambiental. Sempre 
que vai ser julgado um pedido de licenciamento é dada publicação prévia da 
reunião que o julgará para informar aos interessados. Praticamente, todas as 
práticas e políticas ambientais estão submetidas a processos de publicidade. É 
um direito categórico que todos devem ter acesso adequado a informações 
relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, 
principalmente informações sobre materiais e atividades perigosas em suas 
comunidades. 
Também é clara essa exigência quando se trata da aplicação do princípio da 
consideração da variável ambiental no processo decisório de política de 
desenvolvimento. Segundo o princípio, qualquer ação ou decisão, seja ela 
emanada do poder público ou da iniciativa privada, com risco potencial de dano 
ao meio ambiente, deve considerar a variável ambiental. Ou seja, a questão 
ambiental, dada a sua importância, deve ser considerada de modo prioritário, e 
inquestionavelmente inserida dentro das motivações que direcionam qualquer 
política de desenvolvimento proposta ou estabelecida. 
1.5 PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL 
Antunes afirma que 
A utilização de recursos ambientais é atividade submetida ao poder de 
polícia do Estado, não se concebendo sem a presença de diferentes 
mecanismos de controle que serão manejados pelo Estado conforme as 
necessidades que forem se apresentando na vida diária (ANTUNES, 2008, 
p. 125). 
O conceito de poder de polícia foi dado pelo art. 78, do Código Tributário 
Nacional, em que: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina 
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, 
com observância do processo legal e tratando-se de atividade que a lei 
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
Daí decorre que o poder de polícia é prerrogativo da Administração Pública, uma 
vez que legitima a intervenção na esfera jurídica do particular em defesa de 
interesses maiores relevantes para a coletividade, desde que fundado em lei 
anterior que o discipline e defina seus contornos. 
O poder de polícia ambiental, definido como incumbência do Poder Público pelo 
art. 225, da CF/88, é decorrência lógica para o exercício da tutela administrativa 
do ambiente. Nesse sentido, Machado (2004) afirma que o Poder Público ganha 
constitucionalmente a incumbência de proteger o meio ambiente em sua sanidade 
e equilíbrio ecossistêmico. Para tanto, dispõe de uma série de instrumentos de 
controle de atividades potencialmente poluidoras e, mais importante, legitimidade 
para agir, para intervir na esfera de direitos do poluidor e corrigir a sua conduta. 
Assim, o princípio do controle do poluidor pelo Poder Público traduz a sua 
necessária intervenção para manutenção, restauração e preservação dos 
recursos naturais. Essa intervenção, muitas vezes, representa o exercício do 
poder de polícia administrativo – faculdade inerente à administração pública de 
limitar o exercício dos direitos individuais, visando assegurar o bem-estar da 
coletividade. 
Importante lembrar o papel do princípio da precaução no Direito Ambiental que, 
segundo Machado (2004), estende o poder de polícia da administração, pois, em 
nome desse princípio, o Estado pode suspender uma grande liberdade, ainda que 
ele não possa apoiar sua decisão em uma certeza científica. 
Adiciona-se o poder de polícia ambiental decorrente da função socioambiental da 
propriedade, ou seja, ao fato de o Estado ter a possibilidade, legalidade e 
legitimidade de impor um comportamento positivo ao proprietário (fiscalização, 
autuação, desapropriação etc.) condicionando-o ao atendimento do bem-estar 
social e dos valores éticos da comunidade. 
O poder de polícia ambiental é exercido mais comumente por meio de ações 
fiscalizadoras. Cabe ao Poder Público verificar, por exemplo, a observância dos 
padrões de qualidade ambientalque determinam a forma como certos recursos 
podem ser utilizados, como e de que forma podem ser eliminados os dejetos da 
produção, entre outros fins que visam manter a qualidade ambiental em níveis 
socialmente aceitáveis. Embora seja comum o exercício do poder de polícia 
ambiental por meio de ações fiscalizadoras, dentre os atos de polícia, o 
licenciamento ocupa lugar de relevo e será visto em capítulo próprio. 
O poder de polícia administrativa é dotado dos atributos da discricionariedade, da 
autoexecutoriedade e da coercibilidade, inerentes aos atos administrativos. Pode 
ser exercido diretamente ou por delegação, desde que esta tenha esteio legal, 
não podendo ser arbitrária, nem ampla, nem indefinida. A omissão do exercício do 
poder de polícia pela autoridade competente pode configurar tanto infração 
administrativa, nos termos do § 3º, do art. 70 da Lei nº 9.605/98, quanto ato de 
improbidade administrativa, a teor do art. 11, II, da Lei nº 8.429/92, ensejando a 
corresponsabilidade e, até mesmo, a perda do cargo do funcionário omisso. 
No art. 23, VI, a CF/88 estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federal 
têm competência concorrente para legislar sobre a proteção do meio ambiente. 
De acordo com o art. 30, I e II, cabe aos Municípios legislar sobre assuntos de 
interesse local, suplementando as legislações federal e estadual. No art. 24, VI, a 
Constituição dispõe que todos os entes federativos têm competência comum para 
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. 
Portanto, a polícia ambiental deve ser exercida cumulativamente por todos os 
entes federativos, genericamente referidos no caput do art. 225, da CF/88, como 
o Poder Público. Em sintonia com a regra constitucional, a Lei nº 9.605/98 inclui 
todos os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, no âmbito das três esferas 
da federação, para fins de lavratura dos autos de infração administrativa. 
Para saber a respeito do funcionamento do SISNAMA, sugere-se a revisão do 
item 6.1 Gestão Ambiental no Brasil, da apostila de “Fundamentos de Direito 
Ambiental” do curso. 
2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL1 
Por ser concebido como bem de uso comum do povo e como um direito 
fundamental, o meio ambiente condiciona a fruição da propriedade privada e o 
desenvolvimento de atividades econômicas à sua função socioambiental. Isso 
significa dizer que a exploração do meio ambiente, dos recursos e elementos 
naturais, independente de se situarem em áreas públicas ou privadas, sofre 
restrições legais que visam assegurar a sua proteção, a duração ou a proteção de 
sua qualidade. 
Nesse sentido, a exploração do meio ambiente é sempre limitada e condicionada 
(BENJAMIN, 2008): uma atividade que repercute (ou que pode repercutir) 
negativamente na qualidade do ambiente, compreendida como efetiva ou 
potencialmente poluidora, e que não poderá ser realizada de qualquer maneira. 
Devem ser atendidas certas condições, certos requisitos legais que podem, 
inclusive, inviabilizar a exploração de um dado recurso ou o desenvolvimento de 
uma dada atividade (seja pela escassez/raridade do recurso, seja pelo potencial 
lesivo da atividade). 
Dessa forma, é necessário não apenas conhecer certas práticas e quais as 
possíveis consequências negativas poderão recair sobre a qualidade do 
ambiente, mas, sobretudo, controlar essas práticas. Esse raciocínio implica a 
materialização de certos instrumentos de controle e de comando que 
consagraram o Direito Ambiental, principalmente no seu aspecto preventivo. 
Dentre esses instrumentos, o que será adentrado adiante figura como um dos 
mais importantes, o Licenciamento Ambiental, previsto na Lei nº 6.938/81, art. 9º, 
inc. IV, que visa “verificar a possibilidade e regularidade de toda e qualquer 
intervenção projetada sobre o meio ambiente” (MILARÈ, 2008). 
 
1 Capítulo elaborado pelo professor Leonardo Alejandro Gomide Alcântara. 
 
Antes de se falar especificamente sobre o licenciamento ambiental, vale recordar, 
no Direito Administrativo, as noções de autorização e licença: 
a) Autorização – ato administrativo discricionário (faculta ao administrador a 
decisão de sua concessão ou não) e precário (pode ser retirado a qualquer 
momento a critério do administrador), que faculta ao administrado um 
direito que, em “circunstâncias normais”, é proibido (trata-se de um ato 
constitutivo). Por exemplo, o porte de armas. 
b) Licença – ato administrativo vinculado (preenchendo certos requisitos 
legais, o administrador é obrigado a concedê-la) e definitivo (mantendo-se 
as condições que facultam a licença ao administrado, a mesma não pode 
ser retirada), que faculta ao administrado, mediante cumprimento de 
requisitos legais, o gozo de direito líquido e certo (trata-se de um ato 
declaratório). 
No Direito Ambiental, a licença e o processo de licenciamento são peculiares, 
distintos do Direito Administrativo, podendo-se afirmar que a Licença Ambiental é 
uma licença sui generis, com características próprias e exclusivas, seguindo 
preceitos legais, padrões administrativos e rituais claramente estabelecidos. Por 
suas características peculiares, pode-se questionar sobre a Natureza Jurídica do 
licenciamento ambiental, indagando-se: Trata-se de uma licença ou uma 
autorização? Um ato administrativo vinculado ou discricionário? Ou é um ato 
definitivo ou precário? 
Pode-se adiantar que, mesmo cumprindo os requisitos legais, mesmo que os 
estudos que precedem o licenciamento não indiquem transgressões à legislação 
vigente, a concessão da licença não é vinculante para o administrador, pois o 
mesmo pode se pautar na conveniência do projeto. Ou seja, ainda que cumpridos 
todos os requisitos legais, um empreendimento pode ter negada a sua licença por 
não atender aos interesses sociais de uma dada região, comunidade, estado etc. 
Mas isso não significa uma discricionariedade absoluta para o administrador, pois, 
por exemplo, conforme se sabe, via de regra, são as instâncias colegiadas de 
gestão política do meio ambiente que julgam o licenciamento (os conselhos 
ambientais). 
Essas instâncias, conforme estudado na disciplina “Fundamentos de Direito 
Ambiental”, comportam uma multiplicidade de segmentos representativos de 
diferentes interesses sociais, e, em meio a profundas discussões entre os 
segmentos, pode-se deliberar pela não concessão de uma licença. Mas o debate 
tornará a motivação da não concessão suficientemente clara, ou seja, a decisão 
de não conceder a licença deverá ser satisfatoriamente motivada de acordo com 
os interesses sociais. 
Pode-se dizer, desse modo, que não se trata de um ato inteiramente discricionário 
e nem inteiramente vinculado, mas algo que se situa entre as duas coisas. Por 
sua vez, há prazos de validade para cada tipo de licença e possibilidade de 
renovação, o que enseja tratar-se de um ato administrativo precário. Entretanto, a 
licença ambiental goza de estabilidade temporal, já que, durante a sua vigência, 
não pode ser retirada ou modificada sem justa causa. E são muitas as razões que 
justificam estabelecer prazos de validade para as licenças ambientais, como o 
simples fato de que se vive num mundo dinâmico onde o que se compreende hoje 
como algo inofensivo, o avanço do saber pode demonstrar o contrário, 
necessitando readaptações, novas tecnologias etc. Além disso, poderia-se admitir 
que uma atividade sabidamente poluidora (que em outro momento não se 
entendia como tal) atue perpetuamente degradando por ter uma licença definitiva. 
Por fim, a discussão caminha para dirimir uma questão central: afinal, a Licença 
Ambiental trata-se de licença ou autorização? Com baseem estudos como o de 
Edis Milaré, Paulo Afonso Leme Machado, entre outros, pode-se afirmar, 
categoricamente, que se trata de uma licença, pois garante o direito de 
propriedade e o livre exercício da atividade econômica – direito subjetivo 
fundamental previsto constitucionalmente. 
Esse instrumento de gestão ambiental, de controle da administração pública das 
atividades humanas que interferem nas condições ambientais, é um “ato uno, de 
caráter complexo, em cujas etapas podem intervir vários agentes dos diversos 
órgãos do SISNAMA”. Um licenciamento ambiental será sempre precedido de 
estudos técnicos que subsidiem sua análise (MILARÉ, 2008), sendo que, o 
principal dentre estes (mas não o único), é o Estudo de Impacto Ambiental e seu 
respectivo relatório (EIA/RIMA), que será estudado no próximo capítulo. A 
Resolução nº 237/97, em nível federal, é o principal instrumento normativo 
regulamentar desse instrumento da PNMA, estabelecendo um rol de atividades 
que ficam obrigadas ao Licenciamento Ambiental, além de algumas 
conceituações importantes, tais como: 
Licenciamento Ambiental: “É o procedimento administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas 
efetivas ou potencialmente poluidoras, ou aquelas que, sob qualquer forma, 
possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e 
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”. 
Licença Ambiental: “Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente 
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão 
ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, 
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos 
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou 
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental”. 
Estudos Ambientais: “São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos 
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma 
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da 
licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle 
ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, 
plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco”. 
Partindo dessas conceituações, pode-se aferir que o Licenciamento Ambiental 
possui momentos diferenciados, desdobrando-se – ainda que considerado como 
ato uno – na concessão de três subespécies de licenças: 
1 Licença Prévia (LP): avalia-se a proposta de atividade potencial ou 
efetivamente poluidora, atesta-se o projeto do empreendimento e sua 
viabilidade ambiental e legal frente à área em que se propõe a atividade. 
Também, nesse momento, são propostas condicionantes (como o próprio 
nome diz, são ações que devem ser realizadas como condição para a 
licença) e estabelecidos requisitos básicos que deverão ser atendidos ao 
longo do licenciamento. 
2 Licença de Instalação (LI): nesse momento, avaliam-se os planos de 
implantação e os impactos decorrentes das obras de instalação da 
atividade proposta, consentindo ou não, de acordo com a proposta, com a 
instalação física (obras de infraestrutura e engenharia) do empreendimento 
ou atividade. 
3 Licença de Operação (LO): vencidas as anteriores e após observar o 
cumprimento das condicionantes e requisições, a última etapa avalia os 
impactos gerados pelo exercício da atividade e as formas de 
controle/mitigação dos mesmos, consentindo ou não com a operação da 
atividade. Somente, a partir dessa etapa, o empreendimento (ou atividade) 
poderá operar conforme se propôs. 
Percebe-se que os impactos decorrentes da instalação de um empreendimento 
podem ser muito distintos daqueles decorrentes de sua operação. Toma-se como 
exemplo uma empresa que pretende tingir tecidos: na sua instalação, poderá 
haver supressão de florestas, geração de entulhos da obra, movimentação de 
terra etc. Por sua vez, na operação, haverá despejo de dejetos químicos, poluição 
atmosférica, rejeitos industriais, entre outros. Por todo empreendimento ou 
atividade possuir momentos diferenciados, com impactos diferenciados, o 
legislador teve o cuidado de criar um instrumento que avaliasse cada um desses 
momentos, tornando o processo de licenciamento ambiental um procedimento 
complexo. 
Procedimento 
Com base na Resolução CONAMA nº 237/97, art. 10, em sua integralidade, o 
procedimento de licenciamento ambiental pode ser compreendido com oito fases 
distintas, a saber: 
1 Definição de documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao 
início do processo. 
2 Requerimento de licença e seu anúncio público. 
3 Análise dos documentos e vistoria técnica. 
4 Solicitação de esclarecimentos e complementações (se necessário). 
5 Audiência Pública (se necessário). 
6 Esclarecimentos e complementações decorrentes da Audiência Pública (se 
necessário). 
7 Emissão de parecer técnico conclusivo e jurídico. 
8 Deferimento ou não da licença. 
Para melhor ilustrar os procedimentos e fases do Licenciamento Ambiental, será 
analisado a seguir o licenciamento no Estado de Minas Gerais. 
2.1 LICENCIAMENTO EM MINAS GERAIS 
Em Minas Gerais, a Lei nº 7.772/80 cria a Política Estadual de Proteção, 
Conservação e Melhoria do Meio Ambiente. Essa lei vai ser regulamentada pelo 
Decreto nº 44.844/2008, que, por sua vez, estabelece as regras para o 
licenciamento ambiental e a autorização ambiental de funcionamento no Estado. 
Entretanto, a legislação que mais nos interessa no momento é a Deliberação 
Normativa COPAM n° 74/04, pois a mesma é que vai estabelecer os critérios para 
a classificação das atividades submetidas ao licenciamento Ambiental ou à 
Autorização Ambiental de Funcionamento. Dois pontos são considerados para a 
classificação: 
1 Porte do empreendimento: área útil, volume de produção, número de 
empregados etc. 
2 Potencial poluidor/degradador: estabelecido pela DN nº 74/04, de acordo 
com o impacto ambiental no solo, água e ar. 
Conforme a DN COPAM nº 74/04, em seu anexo único: 
1 Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente são 
enquadradas em seis classes que conjugam o porte e o potencial 
poluidor (ou degradador) do meio ambiente (1, 2, 3, 4, 5 e 6), conforme a 
Tabela A-1: 
Tabela A-1: Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial 
poluidor da atividade e do porte. 
 Potencial 
poluidor/degradador 
geral da atividade 
 P M G 
 
Porte do 
P 1 1 3 
Empreendimen
to 
M 2 3 5 
 G 4 5 6 
 
2 O potencial poluidor/degradador da atividade é considerado pequeno (P), 
médio (M) ou grande (G), em função das características intrínsecas da 
atividade, conforme as listagens A, B, C, D, E, F e G. O potencial poluidor é 
considerado sobre as variáveis ambientais: ar, água e solo. Para efeito de 
simplificação, incluem-se, no potencial poluidor sobre o ar, os efeitos de 
poluição sonora, e sobre o solo, os efeitos nos meios bióticos e 
socioeconômicos. O potencial poluidor/degradador geral é obtido da Tabela 
A-2: 
Tabela A-2: Determinação de potencial poluidor/degradador geral. 
 
 Potencial Poluidor/Degradador 
Variáveis 
Variáveis 
Ambientais 
Ar/Água/S
olo 
P P P P P P M M M G 
P P P M M G M M G G 
P M G M G G M G G G 
Geral P P M M M G M M G G 
 
3 O porte do empreendimento, por sua vez, também é considerado pequeno 
(P), médio (M) ou grande (G), conforme os limites fixados nas listagens. A 
própria DN COPAM nº 74/04 estabeleceuma ampla listagem de atividades 
sujeitas ao licenciamento, classificando-as a partir de seu potencial poluidor. 
Vale ressaltar que o simples fato de uma atividade não se encontrar na 
listagem não a isenta a priori de um Licenciamento Ambiental, caso a 
mesma seja efetiva ou potencialmente poluidora. Mesmo porque atividades 
novas surgem de forma muito mais dinâmica do que são modificadas as 
normatizações que as regulamentam ambientalmente e isso não significa 
que as mesmas devam ficar sem controle. 
A seguir, o passo a passo dos procedimentos: 
1 Preencher e protocolar o “Formulário de Caracterização do 
Empreendimento Integrado - FCEI” (momento em que o empreendedor 
vai descrever qual a atividade/empreendimento que pretende 
desenvolver). 
2 Receber o “Formulário de Orientações Básicas Integrado – FOBI” e 
cumprir suas determinações (após avaliar a classe e o tipo de 
empreendimento proposto ao órgão ambiental – o órgão executivo do 
SISMUMA (FEAM) irá designar quais são os estudos e documentações 
necessárias para o empreendimento). 
3 Dependendo da classe do empreendimento, o mesmo deverá proceder 
ao licenciamento ambiental – LP, LI e LO (classes 3, 4, 5, e 6) ou 
requisitar uma Autorização Ambiental de Funcionamento – AAF, que não 
o isenta do Licenciamento Ambiental Municipal quando couber. 
4 É dada a publicação no Diário Oficial do Estado do requerimento da 
licença (para que todos os interessados possam saber e mesmo 
participar, sem direito a voto se não for conselheiro, nos espaços 
colegiados do processo). O empreendedor também faz publicar em jornal 
de grande circulação. 
5 É elaborado um parecer técnico, com base nas vistorias, para analisar a 
correspondência entre a realidade do local proposto para o 
empreendimento e o que foi apresentado pelo empreendedor nos 
estudos solicitados, entrando no mérito do processo, recomendando ou 
não a aprovação do licenciamento. Também é elaborado um parecer 
jurídico, que, por sua vez, analisará aspectos formais e legais do 
processo. 
6 Poder-se-á requisitar, por parte do órgão ambiental, informações 
complementares, caso os técnicos detectem que o estudo apresentado 
seja insuficiente. Dependendo do estudo, os prazos podem variar. 
7 O processo é enviado para o Conselho de Política Ambiental (COPAM) 
ou seus regionais para ser apreciado nas câmaras técnicas competentes. 
A licença pode ser deferida, comunicando-se ao empreendedor, ou 
indeferida, caso em que o empreendedor deverá formalizar novo 
processo com as devidas correções. 
Em âmbito municipal, o procedimento é bastante aproximado, conforme pode ser 
exemplificado com o município de Juiz de Fora (MG), conveniado à Secretaria 
Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). 
2.1.1 Licenciamento em Juiz de Fora (MG) 
Para se submeter ao licenciamento em Juiz de Fora, é necessário: 
1 Preencher Formulário de Caracterização do Empreendimento – FCE. 
2 O órgão ambiental remete ao empreendedor o Formulário de 
Orientação Básica – FOB (detalha os tipos de estudos e documentação 
necessários). 
3 O interessado solicita a licença ambiental através de requerimento 
acompanhado de documentação (PCA/RCA). 
4 É publicado no Diário Oficial do Município o requerimento de licença. 
5 O empreendedor faz publicar o requerimento em jornal de grande 
circulação no município. 
6 É elaborado (com base em análises e vistorias) um parecer técnico e 
um parecer jurídico. 
7 Informações complementares (prazo máximo de 120 dias para a 
entrega). 
8 O processo é enviado ao Comdema para análise e julgamento da 
licença. 
9 Após a decisão do Comdema, o processo é encaminhado à Agenda JF 
para posterior comunicação ao interessado. 
2.2 CARACTERÍSTICAS 
Conforme visto, o Licenciamento Ambiental é sui generis, com características que 
o assemelham a uma autorização, mas que é essencialmente uma licença. 
Desdobra-se em três subespécies (LP, LI e LO) e sempre exige alguma forma de 
avaliação prévia de impactos. Estabelece prazos de validade, mas possui 
estabilidade temporal distinguindo-se da precariedade da autorização e do caráter 
definitivo das licenças tradicionais. 
2.3 COMPETÊNCIA 
Outro ponto de substancial importância trata-se das competências para o 
licenciamento. A competência deve ser fundada no alcance dos impactos 
ambientais do empreendimento proposto, cabendo aos órgãos do SISNAMA e ao 
IBAMA proceder ao licenciamento. 
Existe a possibilidade constitucional de licenciamentos múltiplos, como na 
federação, nos estados e nos municípios concomitantemente (reconhecimento do 
STJ), mas isso pode gerar uma grande confusão caso haja divergências. Os 
dispositivos da R. CONAMA nº 237/97 fixam também critérios de dominialidade 
do bem, mas alguns autores apontam que isso afronta a CF/88, que apresenta 
definições como “interesse local” e esmiúça competências ambientais para os 
entes federados. 
Conforme a Resolução, o Licenciamento Federal: 
Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o 
licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 
de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo 
impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber: 
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país 
limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica 
exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do 
domínio da União. 
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; 
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do 
País ou de um ou mais Estados; 
IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, 
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que 
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, 
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; 
V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a 
legislação específica. 
§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após 
considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos 
Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, 
bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no 
procedimento de licenciamento. 
§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar 
aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto 
ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as 
exigências. 
Quanto ao Licenciamento Estadual/Distrital: 
Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o 
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades: 
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades 
de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; 
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de 
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º 
da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim 
forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; 
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de 
um ou mais Municípios; 
IV - delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por 
instrumento legal ou convênio. 
Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o 
licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico 
procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizara 
atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos 
demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento. 
Por fim, quanto ao Licenciamento Municipal: 
Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos 
competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, 
o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto 
ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por 
instrumento legal ou convênio. 
Para que um município possa licenciar ambientalmente atividades ou 
empreendimentos, é necessário que ele possua: 
1 Conselho deliberativo e paritário; 
2 Lei de Política Ambiental (caso de MG); 
3 Corpo técnico habilitado. 
Em Minas Gerais, os municípios podem licenciar as atividades classe 1 e 2 
originariamente. Caso possuam convênio com a SEMAD, podem licenciar 
atividades classes 3 e 4, conforme DN COPAM nº 102/06. Ou seja, firmando 
convênio, o município pode licenciar atividades que a priori são de competência 
do Estado. 
Conforme DN COPAM nº 102/06: 
Art. 3º - O sistema municipal de gestão ambiental a que se refere o art.1º 
desta Deliberação Normativa, nos casos de convênios realizados para o 
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades classificadas 
nas classes 3 e 4 da Deliberação Normativa nº 74, de 9 de setembro de 
2004, caracteriza-se pela existência de: 
I - política municipal de meio ambiente prevista em lei orgânica ou 
legislação específica; 
II - conselho de meio ambiente caracterizado por instância normativa, 
colegiada, consultiva e deliberativa de gestão ambiental, com 
representação da sociedade civil organizada paritária à do Poder Público, 
eleita autonomamente, em processo coordenado pelo município, com as 
mesmas restrições que os Conselheiros do COPAM central, na forma 
estabelecida pelo art. 31 e art. 34 caput e §§1°, 2°, 3° e 4° do Decreto 
Estadual nº 44.316, de 07 de julho de 2006; 
III - órgão técnico-administrativo na estrutura do Poder Executivo 
Municipal, com atribuições específicas ou compartilhadas na área de meio 
ambiente, dotado de corpo técnico multidisciplinar responsável pela 
análise de pedidos de licenciamento, fiscalização e pelo controle de 
impactos ambientais, ainda que de forma consorciada com outros 
municípios, desde que todos os integrantes do consórcio sejam partes do 
convênio a que se refere esta Deliberação Normativa; 
IV - sistema de licenciamento ambiental, que preveja: 
a) a análise técnica pelo órgão descrito no inciso III; 
b) a concessão das licenças ambientais pela instância colegiada prevista 
no inciso II; 
c) a indenização dos custos de análise ambiental, nos moldes do sistema 
adotado pelo COPAM. 
V - sistema de fiscalização ambiental legalmente estabelecido, que 
preveja multas para o descumprimento de obrigações de natureza 
ambiental; 
VI - destinação das receitas geradas pelas ações previstas nos incisos IV 
e V e outras, ao sistema municipal de gestão ambiental; 
VII - sistema adequado de disposição final de resíduos sólidos urbanos e 
de tratamento de efluentes domésticos, de acordo com as normas 
estabelecidas pelo COPAM; 
VIII - Plano Diretor Municipal implantado ou revisado de acordo com o 
estabelecido na Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001. 
Art. 4º - O sistema municipal de gestão ambiental a que se refere o art. 1º 
desta Deliberação Normativa, nos casos de convênios realizados para a 
autorização ambiental de funcionamento de empreendimentos e 
atividades classificadas nas classes 1 e 2 da Deliberação Normativa nº 74, 
de 9 de setembro de 2004, caracteriza-se pela existência de: 
I - política municipal de meio ambiente prevista em lei orgânica ou 
legislação específica; 
II - conselho de meio ambiente caracterizado por instância normativa, 
colegiada, consultiva e deliberativa de gestão ambiental, com 
representação da sociedade civil organizada paritária à do Poder Público, 
eleita autonomamente, em processo coordenado pelo município, com as 
mesmas restrições que os Conselheiros do COPAM central, na forma 
estabelecida pelo art. 31 do Decreto Estadual, 44.316, de 07 de julho de 
2006; 
III - estrutura institucional dotada de corpo técnico multidisciplinar, com 
capacidade para conceder e fiscalizar o cumprimento das autorizações 
ambientais de funcionamento, ainda que de forma consorciada, desde que 
todos os municípios integrantes do consórcio sejam partes do convênio a 
que se refere esta Deliberação Normativa; 
IV - Sistema adequado de disposição final de resíduos sólidos urbanos e 
de tratamento de efluentes domésticos, de acordo com as normas 
estabelecidas pelo COPAM; 
V - Plano Diretor Municipal implantado ou revisado de acordo com o 
estabelecido na Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001. 
São conferidos prazos para a análise da licença, para informações 
complementares, para validade de licenças entre outros, conforme a R. CONAMA 
nº 237/97: 
Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de 
análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em 
função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como 
para a formulação de exigências complementares, desde que observado o 
prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o 
requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos 
em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de 
até 12 (doze) meses. (Grifo nosso) 
§ 1º - A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa 
durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou 
preparação de esclarecimentos pelo empreendedor. 
§ 2º - Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados, desde que 
justificados e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental 
competente. 
Art. 15 - O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos 
e complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente, dentro 
do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da 
respectiva notificação 
Parágrafo Único - O prazo estipulado no caput poderá ser prorrogado, 
desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão 
ambiental competente. 
Art. 16 - O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14 e 15, 
respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha 
competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao 
arquivamento de seu pedido de licença. 
Art. 17 - O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a 
apresentação de novo requerimento de licença, que deverá obedecer aos 
procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de 
custo de análise. 
Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de 
validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo 
documento, levando em consideração os seguintes aspectos: 
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o 
estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e 
projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser 
superior a 5 (cinco) anos. 
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no 
mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do 
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos. 
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar 
os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, 
no máximo, 10 (dez) anos. 
§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os 
prazos de validadeprorrogados, desde que não ultrapassem os prazos 
máximos estabelecidos nos incisos I e II 
§ 2º - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de 
validade específicos para a Licença de Operação (LO) de 
empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, 
estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores. 
§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou 
empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante 
decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após 
avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no 
período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso 
III. 
§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou 
empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na 
respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a 
manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
2.4 ALTERAÇÃO DAS LICENÇAS 
Conforme visto, a Licença Ambiental não confere ao licenciado uma outorga de 
operar ad eternum, mas além da temporalidade, há ainda a possibilidade de 
modificação da mesma, principalmente quando ocorrem situações imprevisíveis. 
Nesses casos, adota-se analogamente a Lei Federal nº 8.666/93, art. 58, inc. I, 
que trata da modificação de contratos administrativos aplicando-se a teoria da 
imprevisão. A cláusula Rebus sic standibus (a convenção não permanece em 
vigor se as coisas não permanecem como eram) é bastante apropriada nesse 
sentido. Se as condições originais mudarem, a licença poderá ser alterada. Ou 
seja, aplica-se a teoria da imprevisão esclarecendo que, no curso do contrato, 
quando sobrevêm eventos excepcionais e imprevisíveis que subvertem a equação 
econômico-financeira do pacto, possibilita-se a sua revisão. No caso da Licença 
Ambiental, a sua modificação se dá quando é percebida a situação de 
inadequação circunstancial da licença ambiental. A modificação pode ser 
restritiva ou liberalizante, correndo às custas do empreendedor. 
A R. CONAMA nº 237/97 é bastante elucidativa quanto às possibilidades de 
cancelamento e suspensão: 
Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, 
poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e 
adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: 
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas 
legais. 
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que 
subsidiaram a expedição da licença. 
III - Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
Um pouco mais detalhadamente: 
a) Suspensão da licença – 1. Omissão de informações importantes sanáveis 
e 2. Superveniência de graves riscos para o ambiente ou para saúde, 
superáveis através de medidas de controle e adequação. 
b) Cancelamento da licença – 1. Expedida de forma contrária a ordem 
jurídica; 2. Subsidiada por falsa descrição de informações relevantes e 3. 
Superveniência de graves riscos (ambiente e saúde) insuperáveis. 
Há que se falar ainda em direito à indenização. Essa ocorre no caso de 
suspensão ou cancelamento da licença por motivo alheio ao licenciado, ou seja, 
quando ele não contribuiu para a modificação da situação que tornou a licença 
inadequada e o Estado a suspende ou a cancela. Este deve arcar com as 
consequências e prejuízos econômicos decorrentes da paralisação da atividade, e 
não o empreendedor. 
2.5 LICENCIAMENTO CORRETIVO 
Por fim, resta falar sobre o Licenciamento Corretivo, que é aquele requerido de 
atividades que operam sem as devidas licenças (o art. 34 do Dec. nº 4.340/02 
obriga a Licença de Operação Corretiva (LOC) em dozes meses após a 
publicação). Quando determinada atividade já operava antes de se exigir o 
licenciamento e este passa a ser exigido, a mesma deverá proceder com o seu 
licenciamento corretivo para tornar-se ambientalmente regularizada. 
No caso em que a atividade passa a operar sem o licenciamento, mas já havia a 
obrigação legal de licenciar-se, a mesma incorre em crime ambiental previsto no 
artigo 60 da Lei nº 9.605/98, a saber: 
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte 
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente 
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou 
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Figura em Minas Gerais o instituto da Denúncia Espontânea, que opera quando o 
empreendedor da atividade não licenciada, mas passível de licenciamento, se 
apresenta por livre e espontânea vontade ao órgão ambiental para regularizar-se. 
Nesse caso, firma-se um Termo de Compromisso com o órgão ambiental para 
não incorrer em punições mais severas. O mesmo pode ocorrer diante do 
Ministério Público, em que se firmará uma Termo de Ajustamento de Conduta 
(TAC). 
3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA): O ESTUDO DE IMPACTO 
AMBIENTAL E O RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL2 
A forma mais eficiente de se evitar danos ao meio ambiente é prevenindo-os na 
sua origem, como assevera um dos princípios mais importantes do Direito 
Ambiental, o princípio da prevenção. Mas, para que isso seja possível, é 
necessário que se tenha conhecimento sobre os possíveis danos que uma ação, 
atividade ou empreendimento podem ocasionar, além de uma previsibilidade 
mínima para que se possa ter um controle satisfatório sobre possíveis riscos e 
perigos para o ambiente e para a saúde. 
Assim, o instrumento da PNMA que será estudado nesta unidade tem 
precisamente essa função, avaliar antecipadamente, ou mesmo no curso de uma 
atividade, seus possíveis impactos no ambiente de forma suficiente para que os 
mesmos possam ser controlados, afastados, mitigados ou minimizados. Dessa 
forma, possibilitará afastar os custos econômicos e sociais da degradação do 
ambiente. 
Uma conceituação e designação de sua função para o AIA pode ser dada como: 
Instrumento formado por um conjunto de procedimentos capaz de 
assegurar, desde o princípio do processo, que se faça um exame 
sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, 
programa, plano ou política) e de suas alternativas e que os resultados 
sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis 
pela tomada de decisão, garantindo adoção de medidas de proteção 
(MOREIRA apud MILARÉ, 2008, p. 354). 
O AIA é de suma importância para o planejamento e o controle de atividades 
potencial ou efetivamente degradadoras, bem como para planos, projetos e 
mesmo políticas públicas, pois é o instrumento que vai subsidiar as informações 
 
2 Capítulo elaborado pelo prof. Leonardo Alejandro Gomide Alcântara. 
 
necessárias para o processo de tomada de decisão, obrigando que se leve em 
conta a variável ambiental no mesmo. Ou seja, o meio ambiente deve ser 
considerado nos processos de tomada de decisões tanto para atividades e 
empreendimentos da iniciativa privada, quanto para projetos, planos e políticas do 
Estado, fazendo jus ao princípio da consideração da variável ambiental. 
O AIA se subdivide em inúmeras modalidades de instrumentos como o Estudo de 
Impacto Ambiental e o seu relatório – EIA/RIMA, o Plano de Controle Ambiental e 
seu relatório – PCA/RACA, o Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV, a Avaliação 
Ambiental Estratégica – AAE, entre outros. Para o presente estudo, se dará ênfase 
ao EIA/RIMA por ser o mais completo e complexo instrumento de Avaliaçãode 
Impactos Ambientais. Os demais instrumentos serão apenas mencionados. 
3.1 LEGISLAÇÃO DISCIPLINADORA 
A PNMA, Lei nº 6938/81, em seu artigo 9º, inciso III, cria como um de seus 
instrumentos a Avaliação de Impactos Ambientais. O Decreto Federal nº 
88.351/83, posteriormente modificado pelo Dec. nº 99.274/90, ao regulamentar a 
Lei nº 6938/81, vinculou a avaliação de impactos ambientais aos sistemas de 
licenciamento, outorgando ao Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) a 
competência para fixar os critérios básicos segundo os quais serão exigidos 
estudos de impactos ambientais para fins de licenciamento (MILARÉ, 2008). O 
regramento legal efetuado pelo CONAMA se deu com a Resolução CONAMA nº 
001/86 que diz em seu preâmbulo: 
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das 
atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de 
junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são 
atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e considerando a 
necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os 
critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da 
Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política 
Nacional do Meio Ambiente. 
Entretanto, o que o CONAMA veio efetivamente a regulamentar com a R. 
CONAMA nº 001/86 foi o EIA/RIMA, criando um rol de atividades que se obrigam 
ao referido estudo, conforme se atesta no seu artigo 2º: 
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e 
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à 
aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter 
supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, 
tais como (grifo nosso): 
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
II - Ferrovias; 
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei 
nº 32, de 18.11.66; 
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de 
esgotos sanitários; 
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: 
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de 
irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, 
retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, 
transposição de bacias, diques; 
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de 
Mineração; 
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos 
ou perigosos; 
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de 
energia primária, acima de 10MW; 
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, 
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo 
de recursos hídricos); 
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; 
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos 
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; 
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas consideradas de 
relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais 
e estaduais competentes; 
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade 
superior a dez toneladas por dia. 
Posteriormente, o CONAMA edita a Resolução CONAMA nº 006/87, que 
regulamenta o Estudo de Impacto Ambiental para obras em estágio avançado, 
sobretudo para os empreendimentos do setor elétrico, executados por empresas 
governamentais. Como as atividades já estavam em desenvolvimento, essa 
modalidade de estudos visava subsidiar um processo de licenciamento ambiental 
corretivo. Vale ressaltar que o modelo de AIA, apresentado pela R. CONAMA nº 
006/87, apesar de receber o mesmo nome “Estudo de Impacto Ambiental”, se 
distingue do EIA, regulamentado pela R. CONAMA nº 001/86, visto que este é um 
estudo prévio, realizado antes de se iniciar o empreendimento. 
No mesmo ano, é editada a Resolução CONAMA nº 009/87, dando um passo 
importante para a ampliação democrática do processo de licenciamento 
ambiental, pois a mesma vai regulamentar a realização de audiência pública na 
hipótese do EIA/RIMA, consagrando os princípios da publicidade e da 
participação democrática. Adiante, será retomada essa discussão. 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o sentido dado pela R. 
CONAMA nº 001/86 no seu artigo segundo, quando menciona sobre a 
necessidade de EIA para “atividades modificadoras do meio ambiente” é 
corrigido, condicionando-o somente para atividades de “significativa degradação”. 
O texto anterior estava tecnicamente equivocado, uma vez que qualquer atividade 
é modificadora do ambiente, mas nem toda atividade é significativamente 
degradadora. 
Conforme a CF/88: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. (Grifo 
nosso) 
Entretanto, o instrumento regulamentar mais importante para o AIA, assim como 
para o licenciamento ambiental, foi a Resolução CONAMA nº 237/97. A 
Resolução nº 237 altera a Resolução nº 001, distinguindo o AIA como gênero, no 
qual o EIA/RIMA é uma espécie. Conforme art. 1º, inc. III e art. 3º: 
Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes 
definições: 
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos 
aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e 
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como 
subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório 
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental 
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação 
de área degradada e análise preliminar de risco. 
Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades 
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa 
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e 
respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual 
dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, 
quando couber, de acordo com a regulamentação. 
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a 
atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de 
significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais 
pertinentes ao respectivo processo de licenciamento. 
3.2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 
são dois documentos distintos que consagram a vocação preventiva do Direito 
Ambiental Brasileiro, estimulando a participação democrática e contribuindo para 
um manejo adequado do meio ambiente, com a utilização racional dos recursos 
naturais e com desenvolvimento e implementação de tecnologias mais 
sustentáveis. 
O EIA é um estudo complexo, com linguagem técnica e dados expostos 
pormenorizadamente. Por sua vez, o RIMA seriaa síntese desse estudo, os seus 
principais resultados expostos em uma linguagem acessível direcionada ao 
público em geral. 
A função do EIA é quantificar (tanto quanto possível) e qualificar antecipadamente 
o impacto ambiental de uma dada atividade. É um estudo que visa antecipar as 
prováveis modificações que irão decorrer da implementação de uma dada 
atividade, submetida ao estudo, tanto em aspectos biofísicos quanto 
socioeconômicos. Tem uma vocação preventiva bastante evidente, bem como de 
monitoramento (MACHADO, 2004). 
O conceito jurídico de impacto ambiental pode ser extraído da própria R. 
CONAMA nº 001/86: 
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante 
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - as atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - a qualidade dos recursos ambientais. 
Conforme mencionado, o EIA é um estudo complexo, caro, que requer uma 
equipe técnica multidisciplinar que deverá elaborar levantamentos, análises, 
inventários, consultas etc. É um estudo que necessita de um prazo razoável para 
a sua elaboração e que deve obedecer a três requisitos básicos: 
1 Transparência administrativa: todas as informações disponíveis 
devem ser liberadas; 
2 Consulta aos interessados: consiste na efetiva participação e 
fiscalização dos interessados; 
3 Motivação da decisão ambiental: as decisões em desacordo com as 
alternativas do EIA devem ser motivadas. 
Conforme visto, existem diversas atividades que ficam submetidas ao EIA (rol do 
art. 2º da R. nº 001/86). Entretanto, a interpretação constitucional deve 
prevalecer, obrigando o EIA somente para as atividades de “significativa 
degradação”. Mas, afinal, o que se entende por “significativa degradação? 
Existe um debate doutrinário a esse respeito que incorre, muitas vezes, em 
posicionamentos divergentes. Pode-se fazer menção a duas perspectivas de 
“significativa degradação”, a “presumida” e a “discricionária”. A presumida 
ocorreria naquelas atividades ditadas pelo rol do art. 2º da R. CONAMA nº 001/86, 
ou seja, admite-se que aquelas ali previstas acarretam necessariamente 
significativa degradação, logo ficam obrigadas ao EIA/RIMA. Entretanto, no rol do 
artigo segundo, não é exaustivo, mas sim, meramente, exemplificativo. Não há 
como prever, dentre todas as atividades humanas, aquelas que efetivamente 
causarão significativa degradação, mesmo porque uma atividade concebida como 
inofensiva, ao ser desenvolvida em um ecossistema frágil, pode ser 
significativamente degradante. Nesse sentido, há a necessidade de se pensar em 
uma significativa degradação discricionária e, por isso, o administrador só poderá 
aferi-la no caso concreto e a partir daí requerer um EIA/RIMA. 
Contudo, esse mesmo raciocínio serve para questionar a significativa degradação 
presumida (confrontando a ideia de uma presunção “absoluta” por uma “relativa”) 
uma vez que as atividades estabelecidas no rol do artigo segundo, dependendo 
do local onde serão propostas (suponha-se uma área já completamente 
degradada/antropisada), podem não representar uma significativa degradação, 
logo não necessitando do EIA/RIMA, que conforme mencionado é um estudo 
caro. Por sua vez, a doutrina majoritária assevera que para as atividades do artigo 
2º presume-se significativa degradação, logo necessitam de EIA/RIMA 
independentemente do local onde serão propostas. 
O objetivo principal do EIA é influir no mérito da decisão administrativa de 
concessão da licença ambiental, considerando a possibilidade de sua não 
execução, por isso é fundamental que seja elaborado antecipadamente (deve ser 
realizado com antecedência). O órgão ambiental (Federal, Estadual ou Municipal), 
após analisar a proposta da atividade, exigirá o tipo de estudo adequado para o 
seu licenciamento. Constatando-se a possibilidade de significativa degradação, o 
estudo adequado será o EIA. Conforme visto, estudos de avaliação ambiental 
poderão ser exigidos posteriormente ao licenciamento, bem como 
complementações aos estudos desenvolvidos, inclusive ao EIA, caso se constate 
alguma insuficiência no mesmo. 
Quanto à equipe de elaboração, que deve ser multidisciplinar e habilitada pelo 
Cadastro Técnico Federal de Atividades – IBAMA, não há mais a necessidade de 
independência da equipe (não ser empregado da própria empresa proponente), 
conforme o art. 7º RE. CONAMA nº 001/86, pois a mesma determinação foi 
revogada pelo art. 22 da RE. CONAMA nº 237/97. 
Tal medida é percebida como acertada, pois o fato de ser contratado ou 
empregado não muda muita coisa em relação à idoneidade da equipe. Ademais, 
qualquer informação equivocada que acarrete em dano ambiental ensejará, de 
imediato, a responsabilização civil (objetiva). Caso haja má-fé, intenção ou 
inobservância dos deveres objetivos de cuidado (imprudência, imperícia ou 
negligência), a equipe e o seu contratante poderão responder penal e 
administrativamente (culpa sentido lato – art. 66 e 74 da Lei nº 9605/98). 
Outra discussão que se perfaz diz respeito aos custos da elaboração do estudo, 
pois alguns entendem que o Estado é que deveria responsabilizar-se. Entretanto, 
essa é uma discussão vazia, uma vez que quem vai obter lucro com a atividade é 
o proponente da mesma. Logo, obviamente, o mesmo deve arcar com seus 
custos. Ao Estado cabe fiscalizar devidamente se o estudo foi realizado de forma 
adequada e idônea, caso contrário, responsabilizar os culpados. Nesse sentido, 
todos os custos correm por conta do proponente do projeto. 
3.2.1 Diretrizes Gerais do EIA (aspectos formais) 
As diretrizes gerais da elaboração do EIA figuram como aspectos formais e 
devem ser atendidas sob pena de invalidação, o que seria um grande prejuízo 
para o empreendedor. As mesmas estão previstas no artigo 5º da R. CONAMA nº 
0001/86: 
Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, 
em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional 
do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: 
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de 
projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; 
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados 
nas fases de implantação e operação da atividade; 
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente 
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, 
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; 
lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. 
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto 
ambiental o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o 
Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do 
projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias, 
inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos. 
3.2.2 Conteúdo Mínimo do EIA 
De igual maneira, o conteúdo mínimo do EIA deve ser seguido sob pena de 
invalidação do estudo. O mesmo está previsto no artigo 6º da R. CONAMA nº 
0001/86: 
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as 
seguintes atividades técnicas: 
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa 
descrição e análise dos recursos ambientais esuas interações, tal como 
existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da 
implantação do projeto, considerando: 
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os 
recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos 
d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes 
atmosféricas; 
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, 
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor 
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de 
preservação permanente; 
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e 
a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, 
históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a 
sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura 
desses recursos. 
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, 
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da 
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os 
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, 
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau 
de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a 
distribuição dos ônus e benefícios sociais. 
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas 
os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, 
avaliando a eficiência de cada uma delas. 
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os 
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem 
considerados. 
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto 
Ambiental o órgão estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o 
Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, 
pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área. 
3.2.3 Conteúdo Mínimo do RIMA 
Por sua vez, o RIMA tem disciplinado seu conteúdo mínimo no artigo 9º da 
referida resolução: 
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões 
do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: 
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade 
com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; 
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, 
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a 
área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de 
energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, 
emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem 
gerados; 
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da 
área de influência do projeto; 
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e 
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os 
horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, 
técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e 
interpretação; 
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, 
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas 
alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; 
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em 
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam 
ser evitados, e o grau de alteração esperado; 
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e 
comentários de ordem geral). 
Observação importante: O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e 
adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em 
linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais 
técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens 
e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua 
implementação (Parágrafo único, art. 9º). 
3.3 AUDIÊNCIAS PÚBLICAS 
A audiência pública, conforme mencionado, é de substancial importância para 
uma atuação mais ativa da sociedade civil, já que é um espaço onde ela poderá 
se manifestar diretamente, formular questões, fazer denúncias, detectar 
controvérsias. É um momento muito importante no processo democrático desse 
instrumento da PNMA, apesar de não ser o único e de não culminar em decisões. 
A R. CONAMA nº 009/87 vai regulamentar as audiências públicas bem como 
estabelecer as hipóteses de seu cabimento: 
Art. 1º - A Audiência Pública referida na RESOLUÇÃO/Conama/nº 001/86, 
tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em 
análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos 
presentes as críticas e sugestões a respeito. 
Art. 2º - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por 
entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais 
cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência 
pública. 
§ 1º - O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do 
RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo 
que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública. 
§ 2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do 
Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade. 
§ 3º - Após este prazo, a convocação será feita pelo Órgão Licenciador, 
através de correspondência registrada aos solicitantes e da divulgação em 
órgãos da imprensa local. 
§ 4º - A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos 
interessados. 
§ 5º - Em função da 1 calização geográfica dos solicitantes, e da 
complexidade do tema, poderá haver mais de uma audiência pública sobre 
o mesmo projeto de respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. 
Art. 3º - A audiência pública será dirigida pelo representante do Órgão 
Licenciador que, após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo 
RIMA, abrirá as discussões com os interessados presentes. 
Art 4º - Ao final de cada audiência pública será lavrara uma ata sucinta 
Parágrafo Único - Serão anexadas à ata, todos os documentos escritos e 
assinados que forem entregues ao presidente dos trabalhos durante a 
seção. 
Art. 5º - A ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus anexos servirão de 
base, juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do 
licenciador quanto à aprovação ou não do projeto. 
3.4 OUTROS ESTUDOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
O PCA/RCA, denominado Plano de Controle Ambiental e seu respectivo Relatório 
de Controle Ambiental, são estudos exigidos para empreendimentos ou atividades 
com menor potencial ofensivo ao ambiente, ou com menor capacidade de gerar 
impactos ambientais. Geralmente, quando não é necessário o EIA/RIMA, utiliza-
se este instrumento. A elaboração e estruturação de seus documentos possuem 
escopo semelhante aos do EIA/RIMA, mas com um grau de especificidade bem 
menor. É como um EIA/RIMA mais simples, mais rápido e mais barato. 
Entretanto, não dispensa a seriedade que um estudo ambiental deve conter, 
acarretando nas mesmas responsabilizações ou necessidade de 
complementações caso se apresente insatisfatório. 
Por sua vez, o Plano de Recuperação de Áreas Degradas - PRAD foi instituído 
pelo Decreto Federal nº 97.632, de 10.04.1989. Define em seu Artigo Primeiro 
que "Os empreendimentos que se destinam à exploração dos recursos minerais 
deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do

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