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Prescrição penal

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Prescrição penal
Definição: 
 			É a perda do direito de punir pelo decurso do tempo.
Fundamentos:
Punição do estado por sua ineficácia
Regeneração do infrator
Pacificação social.
Natureza:
 			A natureza da prescrição é penal. Logo, os prazos prescricionais devem ser contados nos termos do artigo Assim, tem aplicação o disposto no artigo 10 do Código Penal: (Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.). Por outro lado as normas relativas a prescrição não podem retroagir para prejudicar o réu. 
Crimes imprescritíveis:
Racismo ( Art. 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;)
Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional eo Estado Democrático de Direito (art. 5º, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático)
Prazos:
 			Lembrar: os prazos prescricionais podem se interromper (voltam a contar do início) ou se suspender (conta-se o período já transcorrido).
Espécies de prescrição:
1ª Família:
Prescrição da Pretensão Punitiva (antes de transitar em julgado a sentença condenatória - também chamada de “prescrição da ação”)
a.1 – Prescrição pela pena em abstrato 
a.2 – Prescrição pele pena em concreto: prescrição retroativa e intercorrente
2ª Família:
Prescrição da pretensão executória (após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória) 
3ª Família:
Prescrição da pena de multa. A norma de regência é o artigo 114 do CP:
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
        I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
        II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
4ª Família. 
Prescrição da medida de segurança
			O Código não dispõe sobre a prescrição nas hipóteses de imposição de medida de segurança. No entanto, a jurisprudência tem entendido que o prazo é igual àquele do máximo da pena prevista para a infração penal praticada. 
Prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato
 			Antes da sentença não está determinada a pena que será imposta para aquela pessoa. Portanto, os cálculos são sempre realizados pela 
Como se faz o cálculo prescricional:
Determina-se a infração penal de que a pessoa é acusada.
Determina-se o máximo da pena prevista para aquela infração penal.
O máximo da pena prevista para aquela infração penal é utilizado para determinar o prazo através das disposições previstas no artigo 109 do CP: 
Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
 			        I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
  VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Circunstâncias que influenciam no montante do prazo prescricional pela pena em abstrato:
O artigo 115 do CP:
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos
As causas especiais de aumento e de diminuição da pena
Termo inicial do prazo prescricional. 
			É o artigo 111 do CP a norma que estabelece (norma de regência) o termo inicial de contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva: 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
 Causas interruptivas da prescrição da pretensão punitiva.
 
 			Ensina Victor Eduardo Rios Gonçalves que: 
“ 	Iniciada a fluência do prazo prescricional, ele terá curso até que sobrevenha referida causa extintiva da punibilidade ou que seja atingido por alguma causa interruptiva. Estas se encontram previstas em rol taxativo no art. 117 do Código Penal, sendo que todas consistem em decisões judiciais proferidas no curso da ação penal.
‘ 	A ocorrência de causa interruptiva faz com que novo curso prescricional se inicie por completo (art. 117, § 1º, do cp), devendo o prazo anterior ser ignorado para fim de prescrição pela pena em abstrato...” (Autor citado, em Curso de Direito Penal. Parte Geral. São Paulo, Saraiva, 2015, p. 427).
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - pela decisão confirmatória da pronúncia;  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).
        V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI
 VI - pela reincidência.
 Causas suspensivas 
 			As causas suspensivas estão previstas tanto no Código Penal quanto nas leis esparsas. Ocorrendo a causa suspensiva, o prazo para de correr (fica suspens). Posteriormente, resolvida a causa suspensiva, o prazo volta a correr mas nele deve ser computado o período anterior à causa suspensiva. 
Prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto (retroativa e intercorrente).
 			Existe uma regra no processo penal que é denominada “proibição da reformatio in pejus”. Esta regra determina que a pessoa não pode ser prejudicada em virtude de seu próprio recurso. 
			Pois bem. Até o momento verificamos a ocorrência da prescrição antes de definida a pena. Ocorre que, a partir da sentença, se não houve recurso por parte da acusação, em virtude do princípio da proibição do reformatio in pejus o máximo da pena não será mais aquele previsto no tipo penal, será aquele, de fato, estabelecido pelo juiz na sentença.
			Assim, incumbe, agora com base na pena imposta na sentença, da qual não recorreu a acusação, refazer os cálculos da prescrição, agora com base na pena imposta na sentença.
			A prescrição, como se viu, pode ocorrer entre os marcos de interrupção. Hipótese na qual é denominada prescrição retroativa (“retroativa” porque os cálculos são feito retroativamente – da sentença para trás) 
			Mas a prescrição da pretensão punitiva, agora com base na pena em concreto, deve também ser realizada entre a sentença e o acórdão, hipótese na qual recebe a denominação de “superveniente”.
			Estas espécies de prescrição estão previstas no artigo 110, § 1º, do CP:
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgadopara a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.

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