Buscar

Alegações Finais tentativa homicídio desclassificação 0000169 50.2012.8.02.0061

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

�
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS
DEFENSORIA PÚBLICA DE MESSIAS
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICO OFÍCIO DE MESSIAS
Ação Penal n° 0000169-50.2012.8.02.0061
ALEGAÇÕES FINAIS
PAULO DA SILVA DOS SANTOS, devidamente qualificado nos autos da ação penal em epígrafe, por intermédio da Defensoria Pública Estadual, neste ato por conduto da Defensora Pública adiante firmada, vem à presença de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, nos termos a seguir:
I - SÍNTESE PROCESSUAL
O acusado foi denunciado e processado por ter, supostamente, praticado o ilícito penal previsto no art. 121, §2°, IV c/c art. 14, II e art. 69, todos do Código Penal e art. 14 da Lei n. 10826/03, tendo como suposta vítima Alexandra Pereira do Nascimento. 
Certidão negativa de antecedentes às fls. 141 e 269.
A vítima não foi localizada.
Concluída a instrução, em sede de alegações finais, o Ministério Público requereu a desclassificação para o crime de lesão corporal leve (art. 129 CP) e porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10826/03). 
II- MÉRITO
a) Desclassificação do delito
Da leitura do inquérito policial acostado aos autos, verifica-se que as duas testemunhas (condutores), Srs. Nilson Emiliano dos Santos e André Luis Boaventura Novais, chegaram ao local após o fato e encontraram o acusado portando uma arma de fogo, assim como a vítima com a mão ensaguentada. 
Em interrogatório policial, o acusado confessou o fato, no entanto, afirmou que retornou ao evento com a arma para intimidar seu agressor (fl. 11). 
Em sede de instrução, foram realizadas as oitivas das testemunhas de acusação:
Fazia parte da guarnição que apreendeu o mesmo; houve um disparo no evento, corre corre, gritaria; quando os populares chamou na direção onde aconteceu o fato 9...0 apontaram para o mesmo e ele se encontrava armado; disparo atingiu a mão; a vítima chegou logo depois com populares querendo linchá-lo; pessoal ficou comentando que foi briga de casal; não sabe se conhecia a vítima; a gente não chegou a conversar com a vítima; a gente fez a segurança dele; era uma festa de carnaval; não posso nem falar agora depois de três ou quatro anos; no momento da abordagem não tentou fugir e colaborou (testemunha de acusação André Luiz)
Não tinha intriga com ele; a gente discutiu no dia do carnaval; ele (acusado) correu e os policiais o levaram à delegacia; a arma disparou; o tiro foi pra cima; a minha irmã falou pra mim; disseram que atingiu o dedo de uma menina; a minha irmã pegou na mãe dele e a arma disparou; eu tava longe e quando vi a confusão cheguei perto; não, ele não mirou em mim não; eu tava longe; só cheguei na hora que minha irmã pegou na mãe dele e disparou; eu tava afastado, não tava muito próximo dele não; ele não disse que iria pegar arma para matar (a testemunha); o motivo da discussão foi que ele tava agarrado com minha irmã aí fui lá; antes desse dia nunca tinha discutido; conhecia ele há muito tempo; morava vizinho da minha casa [...]. (testemunha de acusação Marcelo)
eu não vi; soube que todo mundo comentava; soube que mina ex-cunhada e atual cunhada estavam discutindo; parece que ele chegou e se desentendeu; ele disparou um tiro no meio do carnaval e atingiu a mão da moça; soube que ele atirou pra cima, para assustar as duas, não sei; a moça (vítima) não estava conversando coma s cunhadas; soube que ele não tinha intenção de atingir ninguém; mas a minha cunhada falou que ele tinha atirado pra cima; não sei se ele tinha arma antes; eu ouvi o disparo; eu corri, muita gente correu; a minha cunhada conhece a moça (vítima) que mora no RJ as duas; eu não conheci; [...]; ele sempre foi tranquilo; ele é muito defensor da família; sempre tive boa relação com ele; a cunhada mora no RJ, distante da Alessandra (vítima). (testemunha de acusação Verônica)
Em interrogatório judicial, João Geizon afirmou que:
[...] Foi agredido no carnaval quando passou pela festa p ir trabalhar; a minha irmã e a irmã do Marcelo estavam discutindo; Soube que Marcelo e irmãos estavam vindo para pegá-lo; Então pegou a arma, voltou à festa e quando eles bateram nele, a arma disparou; A arma não tinha registro; Tinha arma para se defender no CRM; Nunca havia atirado; O tiro atingiu a mão da vitima que estava com as mãos para cima pulando carnaval.
Além disso, o prontuário de atendimento no Hospital Geral do Estado (fls. 302-307) aponta para ferimento na mão da vítima.
Dessa forma, verifica-se que não há prova nos autos acerca do dolo de praticar tentativa de homicídio, entendimento semelhante ao do Ministério Público, conforme se vê nas alegações finais à fl. 337. 
Sobre o tema, a instituição do Conselho de Sentença somente aprecia aqueles casos dolosos contra a vida, em que, portanto, o agente teve real intenção de matar, diverso do que encontramos nos autos. Em momento algum se verifica que o acusado agiu com animus necandi.
Logo, a tipificação perseguida nos autos deve ser aquela descrita no artigo 129, e não a do art. 121, ambos do Código Penal, o que, por conseguinte, retira do Tribunal do Júri a competência para apreciar o caso.
Diante disso, claro está que a intenção do acusado foi, no máximo, somente lesionar a suposta vítima, jamais de matá-la. Não há falar, no presente caso, em presença do animus necandi.
O dolo não pode ser simplesmente presumido, deve ser verificado com base no conjunto probatório conduzido ao apostilado processual. Não há nos autos nenhum elemento capaz de comprovar o dolo de matar do agente.
Assim, conclui-se que a acusação não se desincumbiu de comprovar a intenção do acusado no momento da prática do fato, elemento essencial para que reste configurado o delito de homicídio.
A condenação criminal é a sanção mais gravosa prevista pelo ordenamento jurídico pátrio, uma vez que o Direito Penal é orientado pelo princípio da fragmentariedade, somente utilizado como último e derradeiro meio de disciplina das relações sociais.
Diante desse princípio, verifica-se que só é possível haver condenação criminal depois de uma busca extremamente diligente e exaustiva da verdade material, a fim de instruir o processo com o máximo de provas necessárias e possíveis.
Ante a insuficiência das provas carreadas aos autos quanto ao “animus” do agente e pautando-se na necessária prudência que é impositiva ao caso, nada mais resta senão a DESCLASSIFICAÇÃO do delito apontado na inicial para o crime de lesão corporal c/c porte ilegal de arma de fogo. 
b) Ausência de representação
Havendo a desclassificação para o crime de lesão corporal leve, conforme defendido e em consonância com entendimento do Ministério Público, verifica-se que não consta nos autos representação da vítima, nos termos dos arts. 88 e 91 da Lei 9099/90�, sendo esta condição de procedibilidade da ação penal. 
Ressalte-se, ainda, que a vítima sequer foi localizada para comparecer à audiência de instrução, operando-se a extinção da punibilidade quanto ao delito de lesão corporal. 
c) Porte de arma - ausência de materialidade
Não consta dos autos exame pericial sobre o bem apreendido, o que torna impossível a análise sobre a potencialidade lesiva a arma, sendo forçosa a absolvição do réu (REsp 1207294/AC):
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 14, CAPUT, DA LEI 10.826/03. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL DE EFICIÊNCIA DE ARMA DE FOGO. MATERIALIDADE NÃO COMPROVADA. RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO.
1. Tratando-se de crime de porte de arma de fogo, esta Sexta Turma tem defendido ser indispensável a comprovação da potencialidade lesiva do instrumento, sob pena de violação ao princípio da ofensividade em Direito Penal, o qual exige um mínimo de perigo concreto ao bem jurídico tutelado.
2. Recurso especial a que se dá provimento, para reconhecer a ofensa ao artigo 14 da Lei 10.826/03, ante a não comprovação da materialidade para fins de condenação pelo delito de porte de arma de fogo.
(REsp 1207294/AC, Rel. Ministra MARIA THEREZADE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 31/05/2011, DJe 08/06/2011)
 Nesse ponto, ao realizar o laudo, caso fosse constatada a total ineficácia da arma e munições, caberia o reconhecimento da atipicidade (AgRg no HC 149.191-RS).
Pugna-se, então, pela absolvição do réu em virtude da atipicidade da conduta.
 
III- REQUERIMENTOS
Ante o exposto, por todos os argumentos esposados, é de propugnar a Defesa Técnica:
a) Pela IMPRONÚNCIA do acusado, tendo em vista as razões antes expostas;
b) Pela desclassificação do crime contido na denúncia para os delitos previstos nos arts. 129 do Código Penal e art. 14 da Lei n. 10826/03;
c) Pela extinção da punibilidade quanto ao crime de lesão corporal e absolvição referente ao porte de arma;
d) Em caso de condenação, pela fixação da pena privativa de liberdade em seu mínimo legal;
e) Pelo reconhecimento da atenuante da confissão espontânea;
f) Pela substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
g) Pelo direito do réu recorrer em liberdade.
Nestes termos, pede deferimento.
Messias/AL, 7 de novembro de 2016.
ANDRESA WANDERLEY DE GUSMÃO BARBOSA
Defensora Pública do Estado de Alagoas
� Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
__________________________________________________________________________________
Fórum de Messias