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OVINO seminario verminose

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Verminoses em Ovinos
As principais verminoses de importância patogênica que atacam ovinos são causadas pelos helmintos:
	 ESPÉCIES
	NOME VULGAR
	ÓRGÃOS ATACADOS
	SINAIS CLÍNICOS
	HOSPEDEIRO DEFINITIVO
	HH Haemonchus 
Co contortus
	Lombriga da coalheira
	 Abomaso
	Anemia, apatia, caquexia, edema submandibular, fezes de cor escura ou com sangue vivo.
	Ruminantes em geral
	Ostertagia circumcinta
	Verme marrom da coalheira
	Abomaso
	Diarréias e anemia
	Ruminantes em geral
	Trichostrongylus
axei
	
	Abomaso
	Diarréia, hemorragia, anemia
	Ruminantes em geral
	Trichonstrongylus
colubriformis
	Verme da diarréia negra/Verme vermelho do intestino
	Intestino delgado
	Diarréia, hemorragia, anemia
	Ruminantes em geral
	Cooperia punctata
	Verme da diarréia negra/Verme vermelho do intestino
	Intestino delgado
	Processo inflamatório catarral, diarréia
	Ruminantes em geral
	Strongyloides papillosus
	Verme da diarréia negra/Verme vermelho do intestino
	Intestino delgado e pulmões
	Diarréia, broncopneumonia, edema e irritação
	Ovinos e caprinos
	Paramphistomum spp.
	_____________
	Intestino delgado e rúmen
	Diarréias fétidas e escuras, debilidade
	Bovinos e ovinos
	Oesophagostomum venulosum
	Verme da verruga do intestino grosso
	Intestino grosso
	Diminuição do consumo de ração, diarréia
	Ovinos e caprinos
	Trichuris ovis
	Chicote do ceco
	Ceco
	A maioria é assintomática
	Ovinos
	Dictiocaulus filaria
	Verme do pulmão
	Pulmões
	Posição ortopnéica
	Ovinos e caprinos
	Dictiocaulus viviparus
	Lombriga do pulmão
	Pulmões
	Posição ortopnéica
	Ruminantes em geral
	Fasciola hepatica
	Baratinha do fígado/ Saguaypé/Fígado flácido
	Fígado
	Mucosa pálida, edema submandibular, respiração ofegante, ascite
	Ruminantes em geral, equídeos e humanos
	Echinococcus granulosus
	Cisto hidático/Hidatiose
	Pulmões,fígado e cérebro
	Geralmente assintomática
	Cães
(ovinos, bovinos e humanos são hosp. Intermediários)
	Taenia multiceps
	Coenurose
	Cérebro
	Abdome abaulado,fezes sanguinolentas
	Cães e gatos
	Taenia hidatigena
	Cisticercose/Bolha d’água
	Peritôneo
	Abdome abaulado,fezes sanguinolentas
	Cães e gatos
	Thysanosoma actinoides
	Tênia do fígado
	Fígado, vesícula biliar e intestino delgado
	Icterícia 
	Ruminantes em geral
	Moniezia expanza
	Tênia do cordeiro
	Int.delgado
	Assintomática
	Ruminantes 
	Bunostomum sp.
	Bunostomíase
	Intestino delgado
	Anemia, diarréia, fezes escuras, urticária e dermatite
	Ruminantes em geral
Os sintomas gerais são: fraqueza, perda de peso, diarréia, edema submandibular (papada) e anemia. 
As espécies de maior importância para a ovinocultura e para a saúde humana são:
1 – Haemonchus contortus e Trichonstrongylus spp.
 Os ovos são eliminados nas fezes dos animais e eclodem de quatro a seis dias após serem eliminados, em temperatura ambiente entre 24 e 30°C.Após a eclosão dos ovos, a larva rabtidiforme passa por muda de sua cutícula de quitina. Nos dois primeiros instares, denominados L1 e L2, a larva alimenta-se de bactérias. Quando atinge o estádio L3, a larva filariforme reveste-se com a cutícula do segundo instar como uma bainha protetora, não se alimenta pois está completamente envolvida por esta bainha e esta é a forma infectante. A larva infectante é bastante móvel e migra para a pastagem. Os ruminantes ingerem a larva infectante (L3) no pasto. A bainha protetora é desfeita quando a larva atinge o rúmen, o primeiro dos quatro estômagos dos ruminantes. A larva passa para o abomaso e penetra na mucosa onde atinge o quarto estádio (L4) após 48 horas. A larva de 4 estadio (L4)retorna ao lume do abomaso e muda para L5, em seguida atinge o estadio adulto,diferenciado em macho e fêmea. A partir da L4 este nematódeo alimenta-se de sangue trazendo potencial risco de anemia ao hospedeiro.
2- Fasciola hepatica
Os adultos presentes nos canais biliares de ovinos e outros animais herbívoros (ou do homem) põem ovos que são carreados através do canal colédoco e são eliminados com as fezes. Em ambiente aquático os ovos libertam o miracídio entre 9 a 25 dias. Este nada livre na água procurando um caracol ou caramujo de água doce, do gênero Lymnaea, no qual penetra, alojando-se nos seus tecidos e transformando-se em esporocistos, no interior dos quais são formadas às rédias, que realizam um processo de multiplicação assexuada neste hospedeiro intermediário. No interior das rédias são formadas as larvas cercárias que abandonam o hospedeiro intermediário e, na água, vão-se encistar sobre a superfície de plantas aquáticas, sendo então conhecidas como metacercárias. Essas são ingeridas pelos animais herbívoros junto com as plantas. No caso do homem, o vegetal ingerido é o agrião. No tubo digestivo as metacercárias se desencistam e perfuram a mucosa do intestino e migram pelo líquido peritoneal para o fígado, perfuram a cápsula hepática -Cápsula de Gllisson- migram através do parênquima hepático onde permanecem por cerca de dois meses, crescendo. Após esse período alojam-se nos canais biliares, onde atingem a maturidade sexual, tornado-se adultos. Como são hermafroditas, podem fazer autofecundação, iniciando-se novo ciclo com a postura de ovos por cada indivíduo, ovos esses que são levados ao ambiente externo ao hospedeiro através da peristalse,com as fezes.
3- Echinococcus granulosus
O parasita adulto (hermafrodita) vive durante cerca de um ano no intestino do hóspede definitivo (cão ou raposa) excretando os seus ovos sexuadamente nas fezes. Os ovos são então ingeridos na água ou plantas pelo hospedeiro intermediário, normalmente uma ovelha, um roedor ou outros herbívoros, mas acidentalmente também pelo homem. No intestino destes animais, os ovos libertam as larvas, que penetram na mucosa do intestino e depois nas veias, migrando pelo sangue até órgãos bem irrigados, principalmente o fígado (que recebe o sangue vindo dos intestinos primeiro), mas também no pulmão ou outros órgãos. Aí encistam-se, ou seja, adoptam formas quiescentes. Estes cistos têm membranas múltiplas externas e no interior liquido ou gel e crescem até se transformarem em cistos hidáticos ou metacestodes, nos quais crescem cerca de vinte pequenos vermes (denominados protoscocelos). Os cistos podem crescer até 15 centímetros de diâmetro, mas frequentemente são maiores, e podem multiplicar-se por fragmentação. O cão ou raposa é infectado quando consome carne contendo estes protoscocelos, que se desenvolvem no seu intestino em formas adultas exclusivamente intestinais. Contudo o homem não é habitualmente consumido por canídeos, e nele os cistos continuam crescendo e causam problemas de saúde.
4- Bunostomum sp
Para completarem seu ciclo biológico, esses nematóides necessitam passar por uma fase pré-parasitária ou de vida livre no meio ambiente até atingir o estádio de larva infectante (L3). A outra fase denominada parasitária ocorre dentro do hospedeiro. No trato digestivo do hospedeiro, ruminantes, as L3 penetram na parede do abomaso ou dos intestinos ou ainda permanecem entre as vilosidades do tubo digestivo, onde se nutrem de alimento pré-digerido, tecidos ou sangue do hospedeiros e, ao mesmo tempo, desenvolvem-se para o estágio adulto. As fêmeas desses parasitos realizam a postura de centenas de ovos no trato digestivo dos ovinos que chegam ao meio externo junto com as fezes (COSTA, 2000). As larvas infectantes (L3) não migram para as pastagens, permanecendo na massa fecal. A infecção mais comum é a via cutânea, quando o hospedeiro contamina sua pele com fezes. As L3, ao penetrarem na pele deixam sua cutícula, atingem a circulação sanguínea e vão ter ao coração e aos pulmões, onde vagueiam por cerca de 10 dias. Perfurando os capilares dos alvéolos, mudam para L4 e, pela árvore brônquica, chegam a faringe quando são eliminadas ou deglutidas. No intestino delgado, mudam para adultoe os ovos aparecem nas fezes 52 a 68 dias após a infecção. A via oral é menos comum e eficiente do que a via percutânea (FORTES,2004).
Todas as verminoses podem se apresentar sob a forma aguda, levando os animais rapidamente à morte, ou sob a forma crônica, onde os efeitos do parasitismo são gradativamente notados.
Um dos maiores desafios dos criadores de ovelhas e carneiros é evitar a perda de animais devido às verminoses, que podem levar à morte de até 50% do rebanho.Há casos em que só se identifica a doença após o abatimento do animal, ao se constatar a existência de pequenas vesículas na própria carne ou em seu fígado. Quando isto ocorre, o produtor precisa descartar o animal, já que o consumo desta carne pode ser prejudicial à saúde humana. 
É interessante lembrar que aproximadamente 5% dos vermes existentes está no interior dos ovinos e 95% encontra-se nas pastagens. Por esta razão, deve-se usar técnicas de manejo adequadas como: rodízio de pastagens, uso de restevas, pastagens novas, pastoreio alternado com bovinos e eqüinos, com o objetivo de diminuir a reinfestação dos ovinos após a dosificação.
Alguns fatores como a idade (animais jovens) e estado fisiológico (ovelha no período pré-parto e durante a lactação) interferem na imunidade dos animais fazendo com que fiquem mais susceptíveis à doença, e seus principais prejuízos são: diminuição do índice de parições; diminuição do crescimento dos animais; diminuição da produção de leite e aumento do número de mortes no rebanho.
Nos dias atuais a verminose tornou-se um dos principais problemas sanitários dos ovinos,a ovelha tem uma sensibilidade muito maior com relação aos outros animais para a verminose, que causa danos significativos. Os vermífugos seriam ferramentas de uso imediato, mas se tornam um problema por conta da resistência dos parasitas. Observamos, por isso, que num futuro próximo, precisamos buscar maneiras de controle, como a consorciação com outras espécies ou produtos homeopáticos ou fitoterápicos para a cura da enfermidade. Por este motivo, o conceito de controle da verminose baseia-se na utilização dos vermífugos somente quando for estritamente necessário, e com eficácia comprovada através de exame de fezes (OPG).
Para testar a eficácia do vermífugo, utiliza-se o teste de redução do OPG. Para realização do exame deve-se coletar as fezes diretamente do reto do animal, no dia em que se vai administrar o vermífugo, e repetir a coleta entre 07 a 14 dias após a vermifugação. As fezes deverão ser encaminhadas à um laboratório, onde um zootecnista ou médico veterinário, após realizar o exame de fezes, indicará a eficiência do vermífugo administrado. O produto estará sendo eficaz quando o resultado for acima de 90%, abaixo disso, pode estar havendo resistência dos vermes ao produto utilizado. Recomenda-se também a troca de produto a cada ano, após comprovada ineficácia do produto.
A administração de vermífugos deve ser realizada de maneira correta. Sendo assim, deve-se ter como base um animal que represente o peso médio do lote. Também deve-se verificar as pistolas e seringas automáticas em bom estado de funcionamento e se estão calibradas para a dosagem correta. No caso de administração de vermífugo via oral, deve-se certificar que o animal esteja engolindo todo o produto administrado, e se possível, realizar a aplicação após jejum de 12 horas. Deve-se verificar a quantidade de dias a esperar para a utilização do leite e carne dos animais vermifugados (prazo de carência).
Vermífugos à base de albendazol não deve ser administrado às fêmeas no início da gestação, pois há perigo de haver reabsorção fetal, e vermífugos à base de organofosforados e closantel não devem ser administrados às fêmeas no terço final da gestação, pois podem provocar aborto fetal.
Estratégias para vermifugação
Matrizes:
· Terço final da lactação (principalmente raças lanadas)
· Logo após o parto (todas as raças)
· Desmame (no caso de mãe e cria criados à pasto, vermifugar ambos)
Cordeiros:
· Confinados do desmame ao abate – vermifugar ao desmame
· Confinados do nascimento ao abate – não vermifugar
Recria:
· Fêmeas e reprodutores confinados desde o nascimento – vermifugar somente mediante resultado de OPG
Pode-se utilizar o método de vermifugação geral, em que se vermifuga todos os animais, o tratamento seletivo, em que se vermifuga apenas os animais que estão doentes.
Este segundo método traz a vantagem de ser mais econômico pois requer a utilização de quantidades menores do medicamento. É possível identificar os animais que precisam ser vermifugados a partir da observação das conjuntiva de seus olhos (método Famacha).
Ao dosificar o rebanho, deve-se separar os ovinos por categoria (idade), para se calcular corretamente a dose do produto. Após a dosificação, manter o rebanho na mangueira ou galpão por 8 a 12 horas, com o objetivo de eliminar nestes locais os ovos da postura dos vermes, que por motivo da dosificação é intensa, não contaminando desta forma as pastagens.
 
Conclusão:
O controle da verminose não pode mais ser baseado em vermifugações regulares de todo o rebanho, e o método Famacha® é a alternativa mais prática e barata porque preserva os poucos antiparasitários que ainda são eficazes na propriedade e, principalmente, permite conhecer os animais suscetíveis da propriedade, possibilitando o seu descarte, o que leva a cada ano ao uso cada vez menor dos vermífugos. Além disso, para colaborar no controle dos parasitas, é necessário manejar e alimentar bem os animais.
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