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DanielAlmeida-Resenhas

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A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
 	Quem está estudando, ou já estudou, em escolas públicas, ao ouvir falar sobre o ensino de língua estrangeira (especificamente, língua inglesa) apresenta logo, uma reação de decepção, pois, presenciou o despreparo de muitos professores e uma metodologia contida, que na maioria das vezes limitava-se, apenas, a estrutura da língua. Segundo as OCEM (2006), a escola regular tende a concentrar-se apenas no ensino linguístico ou instrumental da Língua Estrangeira e desconsidera, assim, outros objetivos, tais como, os educacionais e culturais. E foi justamente para mudar esta situação, que as OCEM lançam uma proposta capaz de fazer com que as instituições regulares, não consista apenas, neste tipo de ensino, desenvolvendo assim, uma função educacional, onde o estudante possa aprender não só uma nova língua como também os valores culturais, sociais e ideológicos.
 	Para que tal modificação possa ser concretizada, é necessário que os professores estejam atualizados em meios da linguagem e suas novas tecnologias e manuseiem a língua estrangeira de maneira a trabalhá-la em sua heterogeneidade. Por isso, as OCEM destacam a importância dos conceitos de Letramentos (escrita, leitura e oralidade dialogadas entre si formando a mente crítica e ideológica, ou seja, como mostra as OCEM (2006), linguagem com formas de leitura que interagem com formas de escrita em práticas socioculturais contextualizadas.), Multiletramentos (múltiplos letramentos que envolvem uma enorme variação de mídias e se constroem de forma multissemiótica e híbrida), multimodalidade (no ensino de língua, seria usar diversos meios e mídias para facilitar-lo, tais como: aparelho de áudio, vídeo, cartazes e etc. As OCEM refere-se a isso como um inter-relação de texto verbal, visual e sonoro, chamando a atenção do leitor a diversos pontos do texto.) e hipertexto (textos que promovem a autonomia do leitor, fazendo com que ele possa navegar em diversos textos com múltiplos temas de acordo com sua vontade. As OCEM (2006) apresenta o seguinte conceito: “Conexão estabelecida pelos programadores do site, ou de uma página de um site, entre páginas aparentemente não sequenciais ou não, direta ou explicitamente conectadas, sendo essa conexão feita por meio de um link sobre o qual se clica, levando o leitor à nova página escolhida por ele”).
 	Os olhares não devem ser voltados apenas aos professores, sabemos da grande falta de motivação que muitos alunos de escolas públicas têm em relação ao aprendizado de uma nova língua. Esta falta de interesse dificulta ainda mais o ensino que já é limitado. Como fazer, então, um aluno que mora na zona rural e na periferia, sem expectativa nenhuma de melhora de vida, ter interesse de aprender uma língua estrangeira? Inclusão e Globalização! As OCEM remetem a ideia de inclusão e globalização não apenas no ensino de línguas, mas sim, em todas as matérias escolares. A ideia é promover a expansão da compreensão de mundo sem se voltar isoladamente para a matéria aplicada, fazendo com que o aluno tenha uma interação além de sua sociedade.
 	Através das tecnologias da linguagem apresentadas acima, as OCEM mostram que é possível ensinar língua estrangeira, educar através dela, propondo assim valores e cidadania aos alunos e ao mesmo tempo incluí-los socialmente e digitalmente, pois a língua inglesa e o mundo digital (Internet), hoje, integram praticamente, toda a comunicação mundial e “relevância político-econômica no movimento da globalização” (OCEM 2006). Assim, a proposta também é chamar a atenção dos alunos para a língua estudada, mostrando sua diversidade de culturas e abrindo-lhes os olhos para novas vidas longe de suas fronteiras.
 	Depois de delimitar o que se deve fazer para a melhoria do ensino de línguas estrangeira no ensino médio, as OCEM mostram também qual caminho deve-se trilhar para chegar ao bom desempenho de ensino. O primeiro passo seria fazer com o que o professor abandonasse suas metodologias pedagógicas tradicionais encontradas em muitos de seus livros trabalhados em sala. Essas metodologias consistem em conceitos de homogeneidade na língua e da gramática normativa, mas sabemos que é exatamente ao contrário, sendo a língua heterogênea, pois como mostra as OCEM (2006), “através do conceito de homogeneidade na língua e da gramática normativa a escola se transforma em um sistema excludente e promove os valores dos grupos dominantes da comunidade e exclui os outros grupos”.
 	O segundo passo consiste em um trabalho do professor com a língua que valorize a leitura, a comunicação oral e a prática escrita, buscando apresentar os conteúdos a serem trabalhados, por meios de temas como: cidadania, diversidade, justiça social, dependência/independência, valores, diferenças regionais/nacionais e etc. Além disso, seguir uma estrutura lógica, que seria: tipos de texto, contexto de uso, habilidades comunicativas e aspectos linguísticos. Assim seria desenvolvida a comunicação oral no programa, tendo como ponto de partida o contexto de uso e a prática escrita.
 	As OCEM mostram os caminhos possíveis de como educar por meio do aprendizado de língua inglesa, contextualizando a língua no meio social dos alunos, através das tecnologias digitais, buscando a inclusão social e digital do indivíduo. Mas antes de educar os alunos é necessário educar os professores e dar-lhes condições apropriadas de trabalho. Contudo, só para lembrar, essas orientações foram destinadas no ano de 2006, pelo Ministério da educação, para as escolas públicas de ensino médio com o objetivo de mudar o ensino de língua estrangeira. Entretanto, pelo que podemos ver, na grande maioria dessas instituições públicas até agora nada foi mudado.
BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio - Linguagens, códigos e suas tecnologias - LE. Brasília, MEC, 2006, p. 80-120.

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