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Direito Empresarial 1º semestre

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DIREITO EMPRESARIAL – 1º semestre (5º ano)
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO
FALÊNCIA
→ Histórico: 
A falência é um processo de satisfação do credor. 
Na Roma Antiga, o devedor que não cumpria a obrigação dentro do prazo era morto, ou tinha parte do seu corpo decepada como punição pela falta de pagamento. Tal metodologia não era viável, haja vista que, a Roma tinha como principal base o exército, e esse método de cobrança não satisfazia o credor e ainda diminuía o exército romano. 
Pouco tempo depois, ainda nos primórdios da civilização romana, o devedor que não cumpria a obrigação dentro do prazo podia ser vendido como escravo no estrangeiro, mas essa metodologia também não era totalmente eficaz pois era transformada em uma espécie de “divida eterna”, já que quase nunca os escravos adquiriam sua liberdade. 
O direito romano evoluiu no sentido de obstar a satisfação de dividas na pessoa do devedor e criar mecanismos de execução meramente patrimonial. 
Na Itália, foi desenvolvida uma feira de escambo, e quando o comerciante devedor não quitava a divida, os credores se reuniam e diligenciavam até sua tenda, pegando para si e partilhando tudo que havia nela até a satisfação do débito. Tal conduta originou o primeiro concurso creditório (concurso de credores). 
 	No estado capitalista contemporâneo, se alguém não cumpre obrigação, legal ou contratual, de pagar o que deve, o sujeito ativo pode promover perante o Poder Judiciário, a execução de tantos bens do patrimônio do devedor quantos bastem à integral satisfação de seu crédito. 
 	O juiz identifica, a partir do titulo que lhe é apresentado pelo credor, a existência e o descumprimento de crédito liquido, certo e exigível; determina, então, a expropriação de um bem do patrimônio do devedor, para satisfazer o crédito do exequente. 
 	A execução processa-se, em regra, individualmente, ou seja, um só credor move processo contra o devedor, para dele haver satisfação da obrigação descumprida; o aparato judiciário, acionado pelo processo, busca um bem do sujeito passivo da obrigação, expropria-o e paga o titular do crédito. Para evitar injustiça, o direito afasta a regra da individualidade da execução e prevê, na hipótese, a instauração da execução concursal, isto é, do concurso de credores. 
→ Legislação brasileira: 
Decreto-lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945 → Antiga Lei de Falências (Importante frisar que as falências e concordatas que existiam antes de junho de 2005 ainda seguem as disposições previstas no decreto em apreço, mesmo não estando mais em vigor).
Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 → Atual Lei de Falências (As falências originadas após o vigor dessa lei são automaticamente regidas por esta – em decorrência disso, não existe mais o instituto da concordata, nem preventiva e tampouco suspensiva).
O regime de insolvência civil se submete aos artigos 748 e s.s do Código de Processo Civil revogado em 2015. Apesar de o CPC ter sido revogado, como o novo dispositivo processual não esclareceu o procedimento da insolvência civil, o legislador manteve o disposto nos aludidos artigos do código antigo. 
O sistema falimentar adota sistema recursal próprio, distinto do processo comum. Nele cabe agravo por instrumento contra sentenças e apelação contra decisões interlocutórias, como a que decide o pedido de restituição, por exemplo. Quando a lei for omissa caberá o recurso indicado pelo CPC. 
 	Frisa-se que o Decreto-Lei de 1945 é fundado no interesse exclusivo do credor (individualista), tal interesse é oriundo dos valores da própria época. É relevante que no sistema antigo o devedor tenha apenas o favor legal de requerer uma moratória ou concordata, mostrando a total falta de preocupação com o devedor. Durante a vigência do aludido decreto, o Estado interferia e dispunha uma concordata de até 2 anos para apuração da divida (preventiva); e se decretada a falência, dispunha de uma concordata suspensiva. 
Obs.: No sistema anterior, requerer a falência tratava-se de um pedido muito arriscado, haja vista que, havia uma série de requisitos a serem preenchidos, e caso o falido/empresa em recuperação não se enquadrasse em qualquer um dos requisitos, o pedido era mal-sucedido e o juiz decretava diretamente a falência, sem contestação.
 	Atualmente, diante da crise econômica e financeira que alguns empresários passam, e considerando que, as empresas sofrem imensa tributação, o sistema evoluiu criando um mecanismo muito mais adequado à sociedade contemporânea, onde os credores são ouvidos sobre a ótica de tentar encontrar uma solução para a quebra da empresa. A falência é um DIREITO do devedor e não uma sanção. 
 	A falência é um direito do devedor, tanto que, o legislador prevê no artigo 105 da Lei de Falências a possibilidade de o devedor requerer sua própria falência (autofalência). 
→ Conceitos:
→ Conceito professor Marco Antonio Geiger França Correa: Falência é o processo judicial de execução concursal do patrimônio do devedor empresário que, normalmente, é uma pessoa jurídica revestida da forma de sociedade limitada ou sociedade anônima. 
 	A falência é o regime jurídico aplicável ao devedor empresário e insolvente, ou seja, é o processo concursal do patrimônio do devedor empresário, que normalmente é uma pessoa jurídica revestida da forma de sociedade limitada ou anônima. Existem dois tipos de conceito:
Material: A falência é o conjunto de regras em geral, destinado ao tratamento do empresário insolvente dentro do ordenamento jurídico. 
Formal: É a execução coletiva dos credores (concurso creditório) contra o devedor empresário insolvente. 
Obs.: Se o devedor desprovido de recursos para pagar as dividas é empresário, a execução concursal será a falência. Se o devedor explora sua atividade econômica sem empresarialidade ou não exerce nenhuma atividade econômica, a execução concursal será a insolvência civil (CPC). 
 	Para que se instaure o processo de execução concursal denominado falência, é necessária a concorrência de 3 pressupostos: 
Devedor sociedade empresária (em geral, sociedade limitada ou anônima);
Insolvência (impontualidade injustificada, execução frustrada ou prática de ato de falência);
Sentença declaratória da falência. 
→ Diferença entre insolvência civil e insolvência empresarial:
Insolvência empresarial: Não possui correlação com o ativo e o passivo do devedor empresário, mas sim com a presunção de insolvência. Esta presunção caracteriza-se pela impontualidade na satisfação do crédito, bem como em casos de auto falência e nos casos previstos na Lei de falências (Lei nº 11.101/05).
 	
Insolvência civil: A insolvência civil pressupõe a desproporção negativa patrimonial, ou seja, ocorre a insolvência civil do devedor quando este, não empresário, ostenta um passivo superior ao seu ativo. 
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida, exclusivamente, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobrea construção ou a plantação, no segundo caso.
§ 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente na matrícula do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o terreno, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas obrigações que a eles estão vinculadas.
§ 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.
§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem.
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo.
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente previsto neste Código.
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube.
TÍTULO II
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.
§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado.
§ 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la.
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente.
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação.
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicialnão corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado.
§ 1o A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada será ineficaz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo, da plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não intimado.
§ 3o A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa de cessão ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4o A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou ao concessionário não intimado.
§ 5o A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do concessionário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do respectivo imóvel não intimado.
§ 6o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será ineficaz em relação ao titular desses direitos reais não intimado.
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
 	O patrimônio do devedor é representado por bens cujos valores somados são inferiores a totalidade das suas dividas, ou seja, quando alguém deve mais do que tem para pagar a regra da individualidade da execução torna-se injusta, porque execuções individuais não possibilitam descriminar os credores de acordo com os graus de necessidades ou garantias contratadas, com o objetivo de atender a um dos outros.
 	Dessa forma, o direito afasta a regra da individualidade da execução e prevê, na hipótese, a instauração da execução concursal (concurso de credores). 
 	O valor básico de justiça e que se encontra nos alicerces do direito falimentar, isto é, a instauração de uma execução única, envolvendo todos os credores e abrangendo a totalidade do patrimônio do devedor é resultado do tratamento paritário dos credores (estabelece as mesmas regras para todos).
→ Pressupostos da falência: 
 	Se um empresário mercantil possui bens suficientes para pagar todas as suas dividas, o mais justo é a instauração de uma execução única, envolvendo todos os credores e abrangendo a totalidade dos bens do patrimônio do devedor. A série de execuções singulares não permite o tratamento paritário dos credores, com o rendimento preferencial dos mais necessitados e ao interesse público esses objetivos só se alcançam em uma execução concursal. 
Obs.: Empresário intelectual, cientifico, artístico e literário → sofrem insolvência civil e não empresária, portanto, não estão sujeitos a falência. 
* Só cabe falência na sociedade.
→ Instauração da falência:
 	A falência pressupõe para sua admissibilidade a insolvência jurídica. Existem 3 possibilidades para a instauração da falência:
Impontualidade:
 	A impontualidade injustificada característica da falência deve referir-se a obrigação líquida, entendendo-se assim a representada por título executivo, judicial ou extrajudicial protestado. Qualquer dos títulos que legitimem a execução individual, de acordo com a legislação processual civil, pode servir de base à obrigação a que se refere a impontualidade caracterizadora da falência.
 	Ademais, o devedor só pode ter a falência decretada se tiver deixado de cumprir pontualmente obrigação de mais de 40 salários mínimos. Admite a lei que os credores se reúnam em litisconsórcio ativo para, somando os seus créditos, alcançarem juntos esse patamar. Caso o título protestado não atinja o montante mínimo legal (ou não o atinja a soma dos títulos protestados) e não se consiga formar o litisconsórcio, o credor não pode requerer a falência do devedor, mas unicamente mover-lhe execução judicial.
 	Está claro que a sociedade empresária, se tem fundados motivos para não pagar determinado título, não pode falir por força de inadimplemento, de impontualidade injustificada, até mesmo porque, a rigor, não existirá inadimplemento ou impontualidade se justificável a omissão do devedor em realizar o pagamento. Se a obrigação estiver já prescrita, for inexistente ou nula, por exemplo, o fato de o devedor deixar de cumpri-la não caracteriza insolvência jurídica.
 	A própria lei sugere um elenco de hipóteses de impontualidade justificada: falsidade do título, prescrição, nulidade da obrigação, pagamento da dívida ou qualquer motivo que extinga ou suspenda o cumprimento da obrigação ou não legitime a cobrança do título.
.
 	A prova da impontualidade é sempre o protesto do título por falta de pagamento. Qualquer que seja o documento representativo da obrigação a que se refere a impontualidade injustificada, deve ser protestado. Se for título de crédito (letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédula de crédito etc.), o protesto cambial basta à caracterização da impontualidade, mesmo que extemporâneo, isto é, ainda que ultrapassado o prazo fixado na legislação cambial para a conservação do direito de regresso contra codevedores.
 
Obs.: Para a decretação da falência de codevedor (avalista, endossante etc.), hipótese mais rara embora igualmente possível, o protesto cambial deve ter sido providenciado pelo credor no prazo da lei cambiária, visto ser esta uma condição de exigibilidade da obrigação, no caso. Nenhum outro meio de prova (testemunhal, documental etc) é apto a essa finalidade, isto é, demonstrar a impontualidade para os fins da lei falimentar.
 	Em suma, para que se encontre caracterizado o comportamento descrito pelo art. 94, I, da LF, e, portanto, seja cabível a instauração da execução concursal por falência, é necessário que a sociedade empresária devedora tenha sido impontual, sem relevante razão jurídica, no cumprimento de obrigação documentada em título executivo. A impontualidade, ademais, deverá ser provada necessariamente pelo protesto, cambial ou especial, do título (o devedor empresário impontual não está necessariamente insolvável).
- Síntese: A impontualidade jurídica refere-se a obrigação liquida, representada por titulo executivo judicial ou extrajudicial protestado, e, ainda que o empresário deixe de cumprir a obrigação cujo valor seja superior a 40 salários mínimos. A impontualidade não exige relevante razão jurídica para justificar o pedido falimentar, ficando tão somente adstrita aos requisitos postos no artigo 94, I da Lei de falências. 
Execução frustrada:
 	A sociedade empresária devedora que, executada, não paga, não deposita nem nomeia bens à penhora no prazo legal incorre em execução frustrada. 
 	Se está sendo promovida contra a sociedade empresária uma execução individual, isso significa que ela não pagou, no vencimento, obrigação líquida, certa e exigível. Por outro lado, se não nomeou bens à penhora, é sinal de que talvez não disponha de meios sequer para garantir a execução. Esses fatos denunciam a insolvabilidade da executada e possibilitam a decretação da falência.
 	O pedido de falência da executada com fundamento no art. 94, II, da LF não se faz nos autos da execução individual. Esta, na verdade,deve ser suspensa ou mesmo extinta (alguns juízes condicionam o processamento do pedido de falência à prova do encerramento definitivo da execução). O exequente deve, então, solicitar uma certidão atestando a falta do pagamento, depósito ou nomeação de bens à penhora, para, em seguida, formular, perante o juiz competente, o pedido de falência instruído com aquele documento.
Obs.: Para essa hipótese de insolvência jurídica, o protesto do título em que se baseia a execução é desnecessário.
Obs.: Ademais, note-se que para a caracterização da tríplice omissão como fundamento da falência do executado não é necessário que o título objeto da execução tenha valor mínimo. Esse requisito a lei estabeleceu apenas para a hipótese de falência por impontualidade injustificada. Desse modo, se o credor executou duplicata de valor inferior a 40 salários mínimos, essa circunstância não impede que, vindo a se configurar a execução frustrada, seja pedida e decretada a falência do devedor.
- Síntese: A execução frustrada caracteriza-se quando um devedor executado não paga, não deposita e não nomeia bens a penhora. O pedido da falência da executada com fundamento no artigo 94, II da LF não se faz nos autos do execução individual a esta, na verdade, deve ser suspensa ou mesmo extinta. O autor do pedido falimentar deverá carrear certidão do juízo da execução que comprove a frustração da execução. 
Atos de falência:
 	Os atos de falência correspondem a comportamentos normalmente praticados pela sociedade empresária que se encontra em insolvência econômica, isto é, com ativo inferior ao passivo (patrimônio líquido negativo).
 	Pode eventualmente encontrar-se em situação patrimonial equilibrada, mas expõe-se ao decreto de quebra porque a lei as define como outra forma de insolvência jurídica, não interessando se a sociedade empresária tem ou não ativo superior ao passivo; se seu representante legal, em nome da pessoa jurídica, praticou ato de falência, cabe a instauração da execução concursal.
 	São atos de falência: 
Liquidação precipitada: 
 	Incorre nessa hipótese legal a sociedade empresária que liquida seu negócio de forma abrupta, isto é, vende os bens do ativo não circulante indispensáveis à exploração da atividade (mobiliário, máquinas, tecnologia, veículos etc.), sem reposição, deixando de observar as regras atinentes à dissolução. Também está praticando ato de falência a sociedade empresária que emprega meios ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos, como a contratação de novos empréstimos para quitar os anteriores, sem perspectiva imediata de recuperação econômica da empresa, ou aceita pagar juros excessivos, comparativamente aos praticados no mercado.
 	
Negócio simulado: 
 	Se a sociedade empresária tenta retardar pagamentos ou fraudar credores por meio de negócio simulado, ou, ainda, alienar, parcial ou totalmente, elementos do seu ativo não circulante, está incorrendo em comportamento definido como ato de falência.
Alienação irregular de estabelecimento: 
 	A sociedade empresária que vende o seu estabelecimento empresarial sem o consentimento dos credores, salvo se conservar, no patrimônio, bens suficientes para responder pelo passivo, está exposta à decretação da quebra, por ter incorrido em conduta característica de ato de falência. Entre os requisitos do direito brasileiro para a regularidade do trespasse, encontra-se a anuência dos credores, indispensável para a plena eficácia do ato. Em suma, o alienante estabelecimento empresarial que não possui bens suficientes para garantia das obrigações dos seus credores e que não obtém a concordância destes credores permite o pedido falimentar. 
Transferência simulada do principal estabelecimento: 
 	A sociedade empresária é, em princípio, livre para transferir seu principal estabelecimento para onde e quando quiser. Se o motivo da mudança é ditado pela racionalidade empresarial (por exemplo, proximidade de fornecedores ou consumidores, melhor infraestrutura logística etc.), é lícita, e não configura, por conseguinte, qualquer ato de falência. Há, contudo, transferências cujo objetivo é fraudar a lei, frustrar a fiscalização ou prejudicar credores, dificultando-lhes o exercício de direitos. Nesses casos, considera-se simulada a transferência, já que seu objetivo não é empresarialmente justificável, caracterizando-se, então, o ato de falência.
Garantia real: 
 	Para a caracterização desta hipótese de ato de falência, a instituição de garantia real (hipoteca, penhor, caução de títulos etc.) pela sociedade empresária em favor de um de seus credores deve operar-se posteriormente à constituição do crédito. 
Obs.: Não se verifica o ato de falência se a constituição da obrigação e a concessão da garantia real são concomitantes.
 	A incoincidência entre os atos é que revela o intuito de fraudar, na medida em que importa atribuir a quem já é credor uma condição mais favorável, na eventualidade da quebra (na ordem de pagamentos, o titular de garantia real tem preferência sobre os credores não garantidos). Normalmente, ninguém concede garantia real para o credor que já havia concordado conceder crédito sem ela.
 
Obs.: Só costuma agir dessa forma a sociedade empresária que antevê a possibilidade de falência, por encontrar-se em estado de insolvabilidade.
Abandono do estabelecimento empresarial:
 	O abandono do estabelecimento empresarial por parte do representante legal da sociedade devedora importa caracterização de ato de falência. Não há fundamento para a quebra, contudo, se a sociedade empresária constituiu procurador com poderes e recursos suficientes para responder pelas obrigações sociais.
Descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação judicial:
 	Se a sociedade empresária é beneficiária de recuperação judicial, ela não pode deixar de cumprir sem justificativa qualquer das obrigações assumidas no plano de reorganização. Verificado o inadimplemento, a qualquer tempo, caracteriza-se o ato de falência.
 
→ Processo de falência: 
 	
 	O processo de falência desdobra-se em 3 estapas:
Pedido de falência/Etapa pré-falimentar: Tem inicio com a petição inicial de pedido de falência, onde se expõe os fatos jurídicos, e conclui-se com a sentença declaratória ou denegatória desta. Se houver decretação de falência nasce à execução coletiva/concurso creditório 
Obs.: Com a abertura do concurso creditório surge um novo ente processual, qual seja a massa falida. A decretação da falência não extingue a personalidade jurídica do falido, sendo que, continua sendo devedor. 
Etapa falimentar: Inaugurada pela sentença declaratória e concluída pela de encerramento da falência. Seus objetivos são a apuração judicial do ativo e passivo do devedor, a realização do ativo e o pagamento do passivo admitido. 
Reabilitação: Reabilitação dos representantes legais da sociedade falida condenados por crime falimentar. 
Fase de conhecimento: 
 	Proferida a sentença declaratória da falência, tem inicio o processo falimentar propriamente dito. É essa a decisão que instaura a execução concursal da sociedade empresaria insolvável. 
 	Entre os objetivos do processo falimentar encontra-se a definição do ativo e do passivo da falida. O conhecimento judicial da extensão do ativo da sociedade empresária falida envolver atos como a arrecadação dos bens encontrados nos estabelecimentos empresariais da falida ou o depósito em cartório dos seus livros obrigatórios, que também auxiliarão na mensuração do passivo social. A
	 A definição do passivo da devedora falida opera-se pela verificação dos créditos, que compreende a publicação e republicação da relação de credores, a apresentação de divergência, habilitação e impugnações de crédito, além da ação rescisória de crédito admitido. 
→ Procedimento do processo de falência:
 	Falência trata-se de um concurso de crédito, realizado por meio de um processo, que tem por objetivo universal a satisfação dos créditos dos credores lesados por atos práticos pelosujeito declarado como falido (a falência é um marco diferencial do empresário). 
 	Opera-se a dissolução da sociedade empresária falida, ficando seus bens, atos e negócios jurídicos, contratos e credores submetidos a um regime jurídico específico, o falimentar, diverso do regime geral do direito das obrigações. É a sentença declaratória da falência que introduz a falida e seus credores nesse outro regime (ela não se limita a declarar fatos ou relações preexistentes, mas modifica a disciplina jurídica destes, dando um caráter constitutivo, além de declaratório). 
	Algumas instituições não se submetem ao direito falimentar, mas sim a procedimento liquidatório tradicional, ou até mesmo a insolvência civil, como no caso de sociedade simples de advogados (determinada assim pelo estatuto da OAB). As empresas que não estão submetidas ao processo de falência são:
Empresa pública e sociedade de economia mista;
Instituição financeira pública ou privada
Cooperativa de crédito
Consórcio
Entidade de previdência complementar
Sociedade operadora de plano de assistência à saúde
Sociedade seguradora
Sociedade de capitalização
Sociedade comum (advocacia)
Outras entidades legalmente equiparadas às anteriores
Art. 2o Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Obs.: Sociedade de fato (sem contrato) pode falir, no entanto não pode pedir auto falência, além de também não poder pedir a falência de terceiros, mesmo que estes possam pedir a sua. 
→ A ação de falência:
 	A ação de falência é denominada pedido de falência, através deste, busca-se a decretação da quebra do empresário. Vale ressaltar que os credores podem pedir a falência do empresário ou este mesmo pode pedir sua autofalência. 
 	Na petição inicial que instrui o pedido de falência devem conter os pressupostos que deram causa a ação, quais sejam in casu, a impontualidade, a execução frustrada ou a verificação de alguma das hipóteses de atos de falência. 
 	Após o recebimento da petição, o empresário falido é citado para efetuar o depósito elisivo. Em relação ao depósito elisivo ou depósito impeditivo da falência, que deve ser realizado quando demonstrada impontualidade ou execução frustrada, há de se mencionar que deve ser feito no prazo de contestação (10 dias úteis). 
 	Assim, o devedor poderá depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios. Desta forma, não haverá a decretação da falência, entretanto é importante lembrar que tal depósito é apenas cabível nos termos dos incisos I e II do artigo 94 da Lei 11.101/2005 (impontualidade e execução frustrada). Uma vez que, somente nessas hipóteses em que há uma presunção relativa no que refere-se a presunção da insolvência jurídica do devedor
 	A elisão pode acompanhar a defesa ou ser feita independentemente de resposta. No primeiro caso, tem nítido caráter de cautela, no segundo, equivale o depósito ao reconhecimento do pedido, em seu molde especifico do direito falimentar. Fato é que, uma vez efetuado o depósito, a decretação da falência está todo afastada.
Obs.: No caso do inciso III (atos da falência) do artigo em comento, não há possibilidade do deposito elisivo, haja vista que a presunção de insolvência é absoluta. Não obstante, o devedor deverá pleitear sua defesa de forma a provar que não houve a condição autorizadora ou implementadora do pedido de falência alegada pelo credor.
 	Usualmente apresenta-se a contestação. O artigo 98 da Lei de Falências aponta o prazo de 10 dias, mas não faz referência se úteis ou corridos. Na ausência de disposição expressa, aplica-se o Novo Código de Processo Civil, considerando o prazo de 10 dias úteis. 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor.
 	Após tais procedimentos, pode ocorrer ou não a instrução probatória. Costuma ser necessária quando a ação de falência é interposta com fundamento em algum dos atos de falência previstos no inciso III do artigo 94 da Lei de Falências, pois costumam necessitar de muitas provas. Na ausência de disposições sobre a instrução, aplica-se o NCPC. 
Obs.: A ação deve ser interposta no juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil, no entanto, é muito importante ressaltar que nem sempre o principal estabelecimento é a sede da empresa, muitas vezes, o principal estabelecimento é o local onde ocorre a maior concentração de relações jurídicas. 
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
 	A competência para julgar a demanda é absoluta, isto porque, o magistrado pode de oficio determinar a remessa dos autos para o juiz que considerar competente, considerando o aspecto funcional e territorial. 
→ A sentença de falência:
 	A sentença declaratória da falência deve ter o conteúdo genérico de qualquer sentença judicial e o específico que a lei falimentar lhe prescreve. Assim, deverá o juiz, ao julgar procedente o pedido de falência, atentar-se tanto ao disposto no art. 458 do CPC quanto no art. 99 da LF.
 	Assim, a sentença declaratória da falência deve, como qualquer sentença judicial, conter:
Relatório, com a suma do pedido e da resposta, e o registro das principais ocorrências da fase pré-falimentar;
Os fundamentos adotados para exame das questões de fato e de direito (faz coisa julgada, se verificada questão prejudicial, juiz competente e contraditório/ampla defesa, como por exemplo ação de paternidade)
Dispositivo legal que embasa a decisão (faz coisa julgada)
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores (os administradores das sociedades limitadas e os diretores das anônimas).
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
Obs.: 
	O termo legal da falência é o período anterior à decretação da quebra, que serve de referência para a auditoria dos atos praticados pela sociedade falida. Como é fácil perceber, a falência não costuma surpreender os responsáveis pela empresa falida, já que normalmente a degradação da situação econômica, patrimonial e financeira é paulatina, e o sócio controlador e administradores anteveem o desfecho desastroso para o negócio. Nesse contexto, pode-se verificar a prática de atos que frustram os objetivos do antevisto processo falimentar.
 	De qualquer forma, é necessário investigar se ocorreram irregularidades nas vésperas da declaração da falência, auditando-se os atos da sociedade falida. Para a realização dessa auditoria, é necessário adotar uma referência temporal que circunscreva os atos a serem investigados. É o juiz que deve, se possível na própria sentença de quebra, estabelecer esse parâmetro investigativo, por meio da fixação do termo legal da falência. 
 	Esse termotem importância também para a ineficácia perante a massa de alguns dos atos que frustram os objetivos do processo falimentar. 
 	Quando a falência tem por fundamento a impontualidade injustificada ou execução frustrada, o termo legal não pode retrotrair por mais de 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento; na hipótese de pedido fundado em ato de falência ou de autofalência, o termo legal não pode retrotrair por mais de 90 dias da petição inicial; e se é o caso de convolação em falência de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial homologada em juízo, não pode retrotrair por mais de 90 dias do respectivo requerimento (LF, art. 99, II). Caso o juiz, ao decretar a falência, não tenha ainda os elementos para a determinação do termo legal, deverá fixá-lo provisoriamente na sentença declaratória da falência. Adotará, para tanto, as poucas informações sobre o devedor e o volume da massa de que dispuser naquele momento.
 	Em suma, é o período anterior a quebra em que os atos praticados pelo empresário falido são suspeitos e, portanto, ineficazes em relação à massa falida. Em regra, são contados 90 dias do pedido de falência pra trás; mas excepcionalmente, nas hipóteses de impontualidade, o prazo é de 90dias a contar do primeiro protesto. 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
Obs.: Nomeia quem são os credores. O devedor deve oferecer obrigatoriamente lista com todos os seus credores, e caso algum dos credores de fato não esteja na lista, terá a oportunidade de habilitar-se no processo de falência ao verificar no edital (será publicado edital com aludida lista). 
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.
→ Recursos: 
 	O processo de falência admite diversos recursos. 
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação.
Agravo de Instrumento:
 	Da sentença declaratória da falência cabe, sempre, o recurso de agravo. prazo, a tramitação e os efeitos do agravo são os dispostos no Código de Processo Civil, assim preceitua a Lei de Falências (art. 189). Desse modo, a sociedade falida que não se conformou com a declaração da falência deve, nos 15 dias úteis seguintes à publicação da sentença no Diário Oficial, interpor, perante o tribunal competente, o agravo, instruindo-o de acordo com a lei processual civil, e comunicando, nos 3 dias subsequentes, o juízo falimentar, para eventual retratação deste.
 	Em regra, o agravo de instrumento possui apenas efeito devolutivo, porém o relator, no tribunal, poderá atribuir efeito suspensivo ao agravo, a pedido da falida agravante ou de ofício.
 	O efeito suspensivo tem extrema importância porque se o relator atribuir efeito, a sociedade empresária não é falida e continuará operando regularmente até o julgamento do recurso; porém, se não atribuir efeito ao agravo, terá este apenas o devolutivo, quer dizer, a agravante é ainda falida, e o concurso de credores deve continuar tramitando normalmente, sendo possível efetuar o cumprimento provisório de sentença. 
Obs: O agravo é interponível contra a sentença declaratória da falência em qualquer caso, independentemente do fundamento da quebra (impontualidade injustificada, execução frustrada, ato de falência, convolação de recuperação judicial ou extrajudicial homologada). Têm legitimidade para o agravo, além da falida, também o credor ou o Ministério Público, embora não costumem estes últimos recorrer.
Embargos de Declaração:
 	Cabe, também, contra a sentença declaratória da falência o recurso de embargos de declaração, sempre que presentes os pressupostos que o autorizam, como a omissão, obscuridade, contradição ou erro material.
Apelação:
 	Contra a sentença que denega o pedido de falência pode ser interposto o recurso de apelação, no prazo de 10 dias úteis, segundo o processo previsto no Código de Processo Civil.
 	Em regra, a apelação é recebida em seu duplo efeito, qual seja devolutivo e suspensivo, o que faz com que a sociedade empresária não seja considera ainda como falida e continuará operando regularmente até o julgamento do recurso, no entanto, poderá o magistrado receber apenas no efeito devolutivo. Nessa situação a apelante é ainda falida, e o concurso de credores deve continuar tramitando normalmente, sendo possível efetuar o cumprimento provisório de sentença. 
Obs.: Existe uma peculiaridade da sentença que julga improcedente o pedido de falência, no sentido de que, o magistrado pode condenar o autor do pedido ao pagamento de indenização, caso verifique que este agiu com dolo no decorrer da ação. É o caso, por exemplo, da concorrente que ingressa com pedido de falência contra sua grande oponente apenas para “manchar” o nome zeloso da empresa, falsificando um titulo extrajudicial de mais de 40 salários mínimos; de modo que, no decorrer do processo o juiz vai averiguar que o titulo é falso, e percebendo que trata-se de dolo com finalidade de prejudicar o réu, condenará nos próprios autos o autor ou autores que atuaram com dolo, respondendo inclusive, solidariamente em caso de mais de um deles atuar com esse animo especifico (a liquidação se dá nos próprios autos). 
RECUPERAÇÃO DA EMPRESA
 	A lei contempla lista exemplificativa dos meios de recuperação da atividade econômica (LF, art. 50). Nela, encontram-se instrumentos financeiros, administrativos e jurídicos que normalmente são empregados na superação de crises em empresas. Os administradores da sociedade empresária interessada em pleitear o benefício em juízo devem analisar, junto com o advogado e demais profissionais que osassessoram no caso, se entre os meios indicados há um ou mais que possam mostrar-se eficazes no reerguimento da atividade econômica.
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
§ 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.
 	Como se trata de lista exemplificativa, outros meios de recuperação da empresa em crise podem ser examinados e considerados no plano de recuperação. Normalmente, aliás, os planos deverão combinar dois ou mais meios, tendo em vista a complexidade que cerca as recuperações empresariais.
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
 	A falência é um concurso universal, que por sua vez, traz melhores possibilidades para que os credores tenham seu crédito satisfeito.
 	O juiz da falência é quem determina todos os atos que vão levar a solvência ou a inabilidade completa do devedor, porém, torna-se inviável o juiz tomar todas as decisões, por isso temos duas figuras os órgãos administradores:
 	A declaração da sentença da falência constitui na impossibilidade de praticar os atos de empresa. Com sua decretação, todo patrimônio desse falido será chamado de massa falida. A partir dessa sentença o juiz irá presidir todos os atos relacionados a solvência das dívidas, contando com dois auxiliares:
→ Administrador judicial: auxiliar do juiz na prática dos atos de administração do patrimônio e consequentemente a habilitação dos créditos e sua distribuição. 
→ Ministério público: Vai atuar de duas formas:
- como fiscal da lei, visando a proteção da ordem publica nas atividades econômicas societárias, interagindo em todos os atos em prol da proteção do interesse comum.
- como parte, quando praticar atos no processo de falência, podendo, por exemplo, impugnar as contas do administrador, processar por crime falimentar o empresário, embargar a execução dessa massa falida em razão de questões de natureza publica, entre outras. 
→ ÓRGÃOS ADMINISTRADORES DA FALÊNCIA / RECUPERAÇÃO JUDICIAL:
 	A recuperação judicial é um processo peculiar, em que o objetivo buscado (a reorganização da empresa explorada pela sociedade empresária devedora, em benefício desta, de seus credores e empregados e da economia local, regional ou nacional) — pressupõe a prática de atos judiciais não somente pelo juiz, Ministério Público e partes, como também de alguns órgãos específicos previstos em lei. Em vista da complexidade dos interesses envolvidos e dos fundamentos técnicos da recuperação de qualquer empresa em crise, fazem-se necessárias a constituição e a operacionalização de instâncias deliberativas e fiscais para que a empresa explorada pela sociedade devedora consiga remodelar-se e sobreviver.
 	São três os órgãos específicos da recuperação judicial: Assembleia dos Credores, administrador judicial e o Comitê.
→ Administrador Judicial:
 	Em toda recuperação judicial, como auxiliar do juiz e sob sua direta supervisão, atua um profissional na função de administrador judicial. Ele é pessoa da confiança do juiz, por este nomeado no despacho que manda processar o pedido de recuperação judicial (auxiliar)
 	Assim, é aquele que auxilia o juiz na gestão do patrimônio e consequentemente na habilitação dos créditos. Este pode pessoa natural ou jurídica. 
 	O administrador judicial deve ser pessoa idônea, sendo natural, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador – ou jurídica especializada, exercendo atividades correlatas com o intuito de ser administrador judicial, devendo indicar um representante para responder pelos atos da PJ
	Os atos praticados pelo administrador são praticados em seu próprio nome, pois o falido tem seus atos da vida civil suspensos. Como já dito, do administrador exige-se idoneidade, e ainda, deverá ter a capacidade de ser empresário, ou seja, civilmente capaz, e que não:
- tenham sido condenados crime contra a economia popular;
- servidor público;
- juízes;
- promotores;
- delegados; 
Obs.: não poderá ter sido administrador de outra conta falimentar e que suas contas tenham sido recusadas, ou se foi destituído por culpa ou dolo do ofício de ser administrador judicial.
 	O Administrador Judicial é escolhido pelo juiz. Após prestar o termo de compromisso iniciam-se os atos do administrador e ele pode ser substituído ou destituído.
- Quando substituído, pode ser em virtude de sua desistência ou em virtude de sua incapacidade temporária ou permanente. A substituição não pressupõe culpa ou dolo do substituído, ou seja, a remuneração será devida até o momento de sua substituição.
- A destituição pode ser pedida tanto pelo juiz, quanto pela Assembleia de Credores, e sempre pressupõe culpa ou dolo, ou seja, trata-se do Administrador que não praticou os atos conforme a lei determina, ou não apresentou as contas, e ainda se, suas contas foram rejeitadas. Quando destituído, estará impedido de ser novamente administrador de falência durante o prazo de 5 anos e pressupõe a responsabilidade civil do administrador. 
	A delegação da administração judicial é instituto pessoalíssimo, ou seja, indelegável, porém é permitido contratar pessoas para auxiliarem o administrador, que deverá pedir uma autorização prévia para o juízo da Falência se quiser que este remunere os auxiliares. Se não pedir autorização, não poderá pedir para massa falida pagar. 
 	Nada impede que o próprio administrador seja o advogado da falência, porém deverá pedir autorização prévia para o juízo da Falência se quiser cobrar honorários, pois não caberia ao advogado determinar a sucumbência que acreditasse receber pelos seus trabalhos. Todas essas remunerações tem natureza extraconcursal. 
Impedimentos:
Estão, porém, impedidos de exercer a função os que anteriormente não a desempenharam a contento. Quem, nos 5 anos anteriores, exerceu a função de administrador judicial ou membro de Comitê em processos de falência ou recuperação judicial e dela foi destituído, deixou de prestar contas ou teve reprovadas as que prestou, está impedido de ser nomeado para a função.
Também há impedimentoque veda a nomeação de pessoas com vínculo de parentesco ou afinidade até terceiro grau com qualquer dos representantes legais da sociedade empresária requerente da recuperação judicial, amigo, inimigo ou dependente destes.
 	As razões que fundamentam os impedimentos legais percebem-se com facilidade.
- No primeiro caso, a pessoa revelou não estar apta ao exercício da função, e o juiz só deve escolhê-la em outro processo se
convencido de que, além do transcurso dos 5 anos, ela amadureceu profissionalmente e reúne, agora, os atributos de competência e responsabilidade necessários ao bom desempenho das tarefas a ela cometidas.
- No segundo, em virtude do parentesco, afinidade, amizade, inimizade ou dependência em relação aos diretores da sociedade empresária que explora a empresa em crise, a pessoa não está inteiramente livre para o exercício da função.
 	Na recuperação judicial, as funções do administrador judicial variam de acordo com dois vetores:
Caso o Comitê, que é órgão facultativo, exista ou não: 
 	Uma vez instalado o Comitê, ao administrador judicial caberá basicamente proceder à verificação dos créditos, presidir a Assembleia dos Credores e fiscalizar a sociedade empresária devedora.
 	Não havendo Comitê, o administrador assumirá também a competência reservada pela lei a esse órgão colegiado, exceto se houver incompatibilidade.
Caso tenha sido ou não decretado o afastamento dos administradores da empresa em recuperação:
 	O administrador judicial é investido no poder de administrar e representar a sociedade empresária requerente da recuperação judicial quando o juiz determinar o afastamento dos seus diretores, enquanto não for eleito o gestor judicial pela Assembleia Geral. Somente nesse caso particular, tem ele a prerrogativa de se imiscuir por completo na intimidade da empresa e tomar as decisões administrativas atinentes à exploração do negócio.
 	Não tendo o juiz afastado os diretores ou administradores da sociedade empresária requerente da recuperação judicial, o administrador judicial será mero fiscal desta, o responsável pela verificação dos créditos e o presidente da Assembleia dos Credores.
Remuneração:
 	A remuneração do administrador judicial tem natureza jurídica extraconcursal e será paga pela sociedade empresária em processo de recuperação (antes do pagamento dos credores, para não correr o risco de não receber), segundo os parâmetros fixados pelo juiz e observado o limite máximo da lei: 5% do passivo sujeito à recuperação judicial. Claro que na definição da remuneração, o juiz deve levar em conta principalmente a extensão das atribuições cometidas. Se a atuação do administrador judicial restringir-se à verificação dos créditos, ela deve ser menor — consideravelmente menor — à atribuída àquele profissional temporariamente investido no poder de direção e representação legal da sociedade empresária em recuperação, por exemplo.
 	Assim, o valor devido está estipulado na lei em no máximo 5% do patrimônio líquido do devedor, em se tratando de sociedade, e em micro empresas e empresas de pequeno porte o máximo é 2%. É pago 60% no início do processo e 40% no remanescente antes de pagar os credores. 
OBSERVAÇÕES MUITO IMPORTANTES – Considerações de Geiger: 
A administração da falência, a quem cabe o administrador realizá-la, tem o dever de prestar contas da sua administração, em duas hipóteses: 
→ 1. Ordinária, ou seja, ao término do processo. 
→ 2. Extraordinária, sempre ocorre em caso de substituição ou destituição. O prazo é a partir do ato de destituição ou substituição de 5 dias para que o administrador preste contas dos seus atos ao juiz que dará vista aos credores e ao Ministério Público, para que eles aprovem ou impugnem as contas. Essa prestação de contas ocorre em apartado no processo de falência, não dentro do processo, ou seja, em anexo. Se existe assembleia, compete à esta a aprovação das contas. 
O dever de prestação de contas do administrador, seja na forma ordinária ou extraordinária, será apresentada ao juízo da Falência, autuado em separado e julgado após aviso aos credores e interessados, para eventual impugnação, no prazo de 10 dias. Caso haja impugnação, o juiz determina a realização das diligências que considerar cabíveis a apuração dos fatos por ventura alegados. Segue-se, adiante, a oitava do Ministério Público e a resposta do administrador judicial 
O administrador judicial é o auxiliar do juiz na administração da falência é representante legal da comunhão dos interesses dos credores 
O administrador judicial responde civilmente por má administração ou infração a lei. Até o final do processo falimentar somente a massa falida tem legitimidade ativa para responsabiliza-lo. 
→ Assembleia dos Credores:
 	A Assembleia dos Credores é o órgão colegiado e deliberativo responsável pela manifestação do interesse ou vontade predominantes entre os que titularizam crédito perante a sociedade empresária requerente da recuperação judicial sujeitos aos efeitos desta.
 	De maneira geral, nenhuma recuperação de empresa se viabiliza sem o sacrifício ou agravamento do risco, pelo menos em parte, dos direitos de credores. Por esse motivo, em atenção aos interesses dos credores (sem cuja colaboração a reorganização se frustra), a lei lhes reserva, quando reunidos em assembleia, as mais importantes deliberações relacionadas ao reerguimento da atividade econômica em crise.
	O credores são reunidos em classes, que é atribuída em virtude da natureza da obrigação (credores trabalhistas e ou de acidentes do trabalho, credores com garantia real, credores de crédito quirografário com ou sem privilegio).
Legitimidade para convocação:
 	Têm legitimidade para convocar a Assembleia dos Credores o juiz, e será convocada mediante edital publicado em diário oficial, com antecedência mínima de 15 dias de sua realização, onde deve constar o dia, a hora, o local e a pauta, e, além disso, o quórum de instalação.
 	Em primeira convocação, o quórum mínimo é mais da metade do valor dos créditos do devedor. Se não for instalada em primeira convocação, deverá haver uma segunda convocação, que poderá ser com qualquer número de credores e só poderá ser realizada 5 dias após da primeira. 
Art. 36. A assembléia-geral de credores será convocada pelo juiz por edital publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá:
I – local, data e hora da assembléia em 1a (primeira) e em 2a (segunda) convocação, não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1a (primeira);
II – a ordem do dia;
III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembléia.
§ 1o Cópia do aviso de convocação da assembléia deverá ser afixada de forma ostensiva na sede e filiais do devedor.
§ 2o Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requerer ao juiz a convocação de assembléia-geral.
§ 3o As despesas com a convocação e a realização da assembléia-geral correm por conta do devedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de requerimento do Comitê de Credores ou na hipótese do § 2o deste artigo.
 	A convocação deve ser feita por edital no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com a indicação da ordem do dia, local, data e hora da assembleia, bem como o local em que os interessados poderão obter cópia dos documentos a serem votados. Determina a lei, também, que extrato da convocação seja afixado nos estabelecimentos do devedor.
Obs.: O anúncio da convocação da assembleia deve ser publicado com a antecedência mínima de 15 dias da data de sua realização. 
 	Nesta, para instalarem-se validamente os trabalhos, é exigida a presença de credores titulares de mais da metade do passivo do requerente(em cada classe). 
- É o quórum de instalação da Assembleia dos Credores em primeira convocação. Caso não seja alcançado ou mesmo se a Assembleia não se realizar por qualquer outra razão, terá lugar a segunda convocação, observado o intervalo mínimo de 5 dias da data da primeira. 
- Em segunda convocação, os trabalhos da Assembleia se instalam validamente com qualquer número de credores.
 	Na recuperação judicial, a Assembleia dos Credores tem a seguintes competências:
Aprovar, rejeitar e revisar o plano de recuperação judicial;
Aprovar a instalação do Comitê e eleger seus membros;
Manifestar-se sobre o pedido de desistência da recuperação judicial;
Eleger o gestor judicial, quando afastados os diretores da sociedade empresária requerente;
Deliberar sobre qualquer outra matéria de interesse dos credores
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:
I – na recuperação judicial:
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
c) (VETADO)
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei;
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;
Obs.: As mais relevantes questões relacionadas ao processo de recuperação judicial inserem-se na esfera de competência da Assembleia dos Credores. Simplesmente não tramita a recuperação judicial sem a atuação desse colegiado.
Presidência da Assembleia:
 	Em princípio, quem preside os trabalhos da Assembleia dos Credores (tanto do plenário como das instâncias classistas) é o administrador judicial, que convocará qualquer credor para ser secretário. Essa regra somente não se aplica quando estiver em discussão e votação proposta de afastamento do administrador judicial, caso em que será presidente o credor presente à Assembleia que titular o crédito de maior valor. O presidente designará entre os credores presentes o secretário.
Obs.: Pode haver casos que a assembleia convocada seja para destituir o administrador e quem presidirá é o credor de maior crédito. Os credores podem nomear mandatários ou representante para substituí-lo na assembleia e para esses terem direitos a voto, o credor deve entregar a procuração com 24 horas de antecedência para o administrador.
 	Na condução dos trabalhos, o presidente deve observar as mesmas cautelas e procedimentos normalmente adotados por quem preside a Assembleia Geral de acionistas na sociedade anônima.
 	Das discussões e deliberações havidas, será lavrada ata com a assinatura dele, do secretário, do representante legal da sociedade devedora (se presente) e de dois membros de cada uma das classes de credores votantes (isto é, não se exigem as assinaturas de representantes da classe ou classes que não funcionaram como instância deliberativa). Os subscritores da ata testemunham a fidelidade do conteúdo do documento. O registro assim formalizado deve ser juntado aos autos do processo de recuperação judicial em 48 horas, juntamente com a lista de presença.
Participantes da Assembleia dos Credores:
 	Da Assembleia dos Credores podem participar os sujeitos aos efeitos da recuperação judicial que tenham sido admitidos ao processo. Em outros termos, dela não participam os credores não admitidos e os não sujeitos. A recuperação atinge, como regra, todos os credores existentes ao tempo da impetração do benefício.
 	Assim, da Assembleia não participa aquele credor cuja obrigação constituiu-se após o dia da distribuição do pedido de recuperação judicial.
 	Também por estarem excluídos dos efeitos da recuperação judicial, não têm assento na Assembleia o fiduciário, o arrendador mercantil ou o negociante de imóvel (como vendedor, compromitente vendedor ou titular de reserva de domínio) se houver cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade no contrato.
	Por fim, os bancos credores por adiantamento aos exportadores (ACC), porque não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial, não têm o direito de participar da reunião.
 	Em princípio, todos os credores admitidos na recuperação judicial têm direito a voz e voto na Assembleia. São credores admitidos e, por conseguinte, em princípio titulares do direito a voz e voto na Assembleia os que se encontram
na última lista publicada (a relação de credores apresentada pelo devedor com a petição inicial, a organizada pelo administrador judicial ou, por fim, a consolidação do quadro geral). Está admitida e integra a Assembleia dos Credores a pessoa física ou jurídica cujo nome consta do rol — dentre os três que se elaboram ao longo da verificação de créditos — que tiver sido publicado por último..
Os impedidos a compor essa assembleia são pessoas que tenham qualquer tipo de interesse empresarial com o falido, como o sócio do falido. Está impedido de pertencer a assembleia geral de credores o sócio do falido que subscrever mais de 10% do capital social em qualquer sociedade coligada. Cônjuge do devedor e parente até o segundo grau também estão impedidos.
 	Além dos que constam das listas publicadas no decorrer da verificação de crédito, também o credor que fez a apresentação de crédito ao administrador judicial (ou impugnou a relação com o objetivo de aumentar ou reclassificar para cima seu crédito) é considerado admitido e pode participar da Assembleia, mesmo que ainda não decidido seu pleito. É suficiente a prova da apresentação de crédito (ou da impugnação da relação de credores feita com aqueles objetivos) para o habilitante (ou impugnante) ter direito de ingresso no recinto em que se realiza o encontro assemblear, discutir e votar as matérias.
 	Há credores admitidos que não titularizam o direito ao voto, mas apenas à voz na Assembleia. São os sócios ou acionistas da sociedade empresária requerente do benefício e pessoas jurídicas a eles ligadas, a saber: 
- coligada;
- controladora ou controlada desta;
- sociedade que tenha por sócio ou acionista alguém que participe da devedora com mais de 10% do capital social;
- sociedade de que participe com mais de 10% a devedora ou seus sócios ou acionistas.
 	Se uma dessas pessoas físicas ou jurídicas tiver crédito perante a requerente da recuperação judicial, terá direito de participar das discussões da Assembleia dos Credores, mas não das deliberações.
 	Em idêntica situação se encontram os cônjuges, parente, consanguíneo ou afim, colateral até o segundo grau, descendente ou ascendente do acionista controlador ou de administrador da sociedade empresária requerente da recuperação judicial.
 	A limitação dos direitos desses credores na Assembleia decorre do conflito de interesses patente na simultaneidade das condições de investidores da sociedade devedora (ou pessoas a eles ligadas) e credores desta. O conflito de interesses impede que seu voto contribua para a formação da vontade geral dos credores.
 	O credor admitido com direito a voz ou a voz e voto deve, antes de ingressar no recinto em que acontecerá a Assembleia, assinar a lista de presença. Afora os integrantes do conclave assemblear, titular de crédito admitido na recuperação judicial, só podem entrar e permanecer no local dos trabalhos o administrador judicial, os profissionais por ele contratados para o auxiliarem na oportunidade, devidamente identificados por crachás, e, por força das prerrogativas legais da profissão, os advogados dos credores. Por fim, os representantes legais da sociedade empresária requerente da recuperação judicial, mesmo que não titularizem crédito perante ela, têm o direito de participar da Assembleia dos Credores. Como a lei determina que eles assinem a ata, por certo permite sua presença no evento.
Quóruns de deliberação:
 	O quórum geral de deliberação é o de maioria, computada sempre com base no valor dos créditos dos credores integrantes da instância deliberativa presentes à Assembleia.
 	Desse modo, se o evento assemblearse realiza em segunda convocação, com a presença de apenas 10 credores, somam-se os créditos deles e calcula-se o peso proporcional do direito creditório de cada um na soma. Os percentuais assim encontrados norteiam a quantidade de votos atribuídos a cada credor.
 	Se, por força desse cálculo, um deles titularizar sozinho 51% da soma dos créditos dos presentes, então ele compõe isolado a maioria e faz prevalecer sua vontade e interesse, mesmo contra os dos demais. Assim será, inclusive, mesmo que o seu crédito represente parcela ínfima do passivo, se os credores ausentes titularizarem a parte substancial deste.
 	A maioria dos presentes no plenário ou na instância classista (segundo o valor proporcional dos créditos) representa, então, o quórum geral de deliberação. Pode-se chamá-la de maioria simples, cuja base de cálculo são os créditos dos credores presentes e não o total do passivo. Não havendo na lei expressa previsão de quórum diverso, o voto ou votos correspondentes a essa maioria simples serão suficientes para a aprovação da matéria em votação.
 	Cada credor presente na Assembleia terá o voto proporcional ao valor do seu crédito admitido na recuperação judicial. Desconsidera-se, por conseguinte, o valor das despesas que individualmente fizeram para tomar parte do processo, que são excluídas deste. Aqui, também importa o que constar da relação de credores vigente, ressalvada a hipótese de habilitação tempestiva ou impugnação apresentada pelo próprio titular do crédito.
→ Cômite:
 	O Comitê é órgão facultativo da recuperação judicia e fiscalização (Fiscalizam os atos do administrador) l. Sua constituição e operacionalização dependem do tamanho da atividade econômica em crise.
 	Ele deve existir apenas nos processos em que a sociedade empresária devedora explora empresa grande o suficiente para absorver as despesas com o órgão. Se a atividade econômica é modesta, não há razão para se destinarem recursos (dos parcos existentes) à remuneração dos membros do Comitê. Mesmo nas recuperações de macroempresas, se eventualmente o perfil do passivo não ostentar maior complexidade, não determina a lei a instauração e funcionamento do Comitê.
	Compõem-se também em classes, porém, pertencem somente um representante de cada classe dos credores titulares. Além do representante se nomeiam 2 suplentes de cada uma dessas classes. Uma vez instalado não pode ser dissolvido. 
 	Somente teremos comitê de credores se houver assembleia. Os membros desse comitê não são remunerados pela massa falida, ou seja, pode ser gratuito como também podem ser remunerados por cada uma das classes que representa. 
Ministério público – que age de duas formas: 
Age como fiscal da lei - a intervenção do MP são para a proteção da ordem pública, pois a atividade econômica interessa para a sociedade. Interage em todos os atos da falência como auxiliar do juiz para a proteção do interesse comum. 
Age como parte na prática de atos da falência. Exemplo disso é que o MP pode impugnar as contas do administrador. O MP pode processar o empresário por crime falimentar a falência fraudulenta, pode embargar a execução da massa falida em virtude das obrigações de natureza fiscal. 
Obs.: Em nenhuma hipótese será obrigatório.
 	Quem decide se o órgão deve ou não existir são os credores da sociedade em recuperação judicial. Cabe a eles verificar se a empresa em crise tem meios para absorver, sem maiores consequências, os custos da implantação e funcionamento do Comitê e, além disso, se a complexidade do passivo o recomenda. Na dúvida quanto à oportunidade da instalação, devem os credores simplesmente postergar a decisão e aguardar a regular tramitação do processo de recuperação judicial, para, vindo a ter, com esta, maiores informações sobre a empresa em crise, decidir-se pela pertinência ou não do órgão.
 	O Comitê se instala por deliberação de qualquer uma das classes de credores reunidos em Assembleia. Não é necessário, portanto, que a maioria em todas as classes considere o órgão útil, bastando que ela se verifique numa única delas.
 	Aprovada a constituição do Comitê, caberá também à Assembleia dos Credores eleger os seus membros. Nela, reúnem-se as classes de credores para cada uma eleger 1 membro titular e 2 suplentes que a representem no Comitê. Entre os suplentes, convém hierarquizar os eleitos (primeiro suplente e segundo suplente), para que não haja dúvidas acerca de quem integra o órgão na ausência ou impedimento do titular. Se a Assembleia não estabeleceu a hierarquia dos suplentes, o que — entre os dois — titularizar o crédito de maior valor será o primeiro, e o de menor, o segundo.
Obs.: Na eleição dos membros do Comitê, observam-se os mesmos impedimentos para o exercício da função de administrador judicial, já examinados. Por exemplo, o parente até terceiro grau de diretor da sociedade empresária requerente da recuperação judicial está impedido de ser eleito titular ou suplente do Comitê.
Competência:
 	A principal competência do Comitê é fiscal. Quer dizer, cabe aos membros desse órgão fiscalizar tanto o administrador judicial como a sociedade empresária em recuperação judicial, antes e depois de concedida esta. Para tanto, os membros do Comitê têm livre acesso às dependências, escrituração e documentos da sociedade empresária requerente da recuperação judicial.
 	Sempre que constatar qualquer fato que considere irregular, o Comitê, por voto da maioria dos seus membros, deve encaminhar ao juiz da recuperação judicial requerimento fundamentado das providências que entender pertinentes. Se o órgão, por exemplo, considera que o devedor não está fazendo a provisão de caixa ou os cortes de custos indicados no plano de reorganização aprovado, deve apenas requerer ao juiz que determine a adoção das medidas administrativas aptas à eliminação das distorções.
 	A fiscalização da empresa em recuperação judicial é a mais importante atribuição do Comitê e, por isso, dela devem ser prestadas contas mensais (a lei fala imprecisamente “a cada 30 dias) ao juiz. Nesse relatório mensal, convém que o Comitê dê grande destaque às eventuais irregularidades constatadas, para que não se perca a notícia no bojo dos autos.
 	É natural que, após seguidos meses de insossos relatórios com a rotineira mesmice da atuação do órgão, não seja dada a devida atenção a denúncia grave se o próprio Comitê não a destacar. Respondem por má desempenho de suas funções os membros do órgão que não observarem, nos relatos periódicos ao juiz da situação da empresa em recuperação, forma proporcional à gravidade do conteúdo.
 	Além de sua competência fiscal, por cujo exercício presta contas mensais, o Comitê pode eventualmente exercer também duas outras:
- A primeira diz respeito à elaboração de plano de recuperação alternativo ao apresentado pela sociedade empresária devedora. A lei não a menciona especificamente, mas deve-se admiti-la em qualquer caso. Sempre que o Comitê tiver um plano de recuperação diferente do apresentado pelo devedor pode e deve tomar a iniciativa de submetê-lo à Assembleia dos Credores. Convém que indique as diferenças entre seu plano e o da sociedade empresária requerente da recuperação judicial, bem como as vantagens que nele enxerga.
- A segunda competência do Comitê estranha à função de fiscalização tem natureza administrativa. Quando o juiz determina o afastamento da administração da sociedade em recuperação judicial, cabe ao Comitê cuidar das alienações de bens do ativo permanente e dos endividamentos necessários à continuação da atividade empresarial, submetendo à autorização do juiz as medidas administrativas a eles relacionadas. Cessa o exercício dessa competência de partícipe da administração da empresa após a aprovação do plano de recuperação judicial. Note-se que afora essa hipótese específica, o Comitê não tem nenhuma outra atribuição de índole administrativa, sendo-lhe então vedado ultrapassar os limites da função fiscal que lhe é reservada pela lei.
 	Quando o Comitê é composto por dois ou mais membros,

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