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Súmula 292 STF Parte 01

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Súmula - 292 - Supremo Tribunal Federal
Interpretação:
“Interposto o recurso extraordinário por mais de um dos fundamentos indicados no artigo 101, III, da CF, admissão apenas por um deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer dos outros.” [2: >http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2567<]
 Aspectos Jurídicos:
O recurso extraordinário é um mecanismo processual que viabiliza a análise de questões constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.
Para que o recurso chegue à Suprema Corte é necessário que o jurisdicionado tenha se valido de todos os meios ordinários, ou seja, que tenha percorrido as demais instâncias judiciais do País. Também se exige que o recorrente preencha alguns requisitos legais para que o recurso extraordinário possa ser recebido pelo STF.
Para entendermos verificamos o Art. 102, §3º da Constituição Federal:1
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
(...)
§ 3º: No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.
Nos termos do artigo 102, inciso III, da Constituição Brasileira, o RE é cabível quando se alegar que a decisão de Tribunal recorrido (a quo):[3: >http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_102_.asp<]
Contrariar dispositivo da Constituição do Brasil;
Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal: O recurso extraordinário constitui-se num verdadeiro instrumento de controle da constitucionalidade das leis. Inicialmente, no juízo de admissibilidade, bastará que a decisão a quo tenha declarado inconstitucional tratado ou lei federal, para que seja admitido o recurso extraordinário. Já no STF, será examinado minuciosamente o mérito, a fim de declarar se há inconstitucionalidade ou não;
Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição.
Julgar válida lei local contestada em face de Lei Federal: A alínea acrescentada pela EC n◦ 45/04 se encarregou de dar ao STF a oportunidade de julgar tal hipótese, sob o remédio do recurso extraordinário. A Lei é ato normativo que essencialmente deve ser editada por autoridade competente. E a Constituição Federal estabelece a competência legislativa: privativa, concorrente ou residual da União, Estados e Municípios.
A competência para julgar o recurso extraordinário é do Supremo Tribunal Federal, por meio de suas turmas. Competência exclusiva da instância máxima do judiciário e foi exatamente este instrumento que a Carta Magna previu para viabilizar a sua preservação.
Prazo: Para a interposição do recurso extraordinário é de 15 dias contados da intimação da decisão recorrida.
Se o recurso extraordinário prejudicar o recurso especial, o relator sobrestará o julgamento deste, e, ato contínuo, remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal para o julgamento daquele recurso. Por outro lado, havendo entendimento divergente do relator do recurso especial, o Supremo Tribunal Federal devolverá os autos para o Superior Tribunal de Justiça, visando o julgamento do recurso especial, cuja decisão deverá ser acatada pelo relator supracitado.
Efeito do recurso extraordinário: é apenas devolutivo, portanto, o acórdão poderá ser executado provisoriamente.
Se o caso admita e exija a interposição simultânea do Recurso Extraordinário e o Recurso Especial, ambos deverão ser entregues aos respectivos órgãos competentes dentro do mesmo prazo recursal, que é de 15 dias, sendo que serão julgados autonomamente.
Será julgado, em regra, primeiro o Recurso Especial, para que depois, caso não tenha sido prejudicado, seja julgado o Recurso Extraordinário.
Conclui-se que o recurso extraordinário e especial foram merecedores de destaque sendo caracterizados com a natureza de excepcionalidade, pois individualizados pela Constituição Federal quanto às hipóteses de cabimento e suas limitações.
Considerando-se que o recurso extraordinário emergiu dos fundamentos do writ oferror da Lei norte-americana, é evidente que este tem o escopo de proteger a preeminência da Constituição e inicialmente, antes da inserção do recurso especial, também das leis infraconstitucionais.
Em socorro ao grande acúmulo de processos no Supremo Tribunal Federal, criou-se o Superior Tribunal de Justiça, prioritariamente guardião das leis federais através do recurso especial.
Assim, os recursos extraordinários e especiais foram merecedores de destaque sendo caracterizados com a natureza de excepcionalidade, pois individualizados pela Constituição Federal quanto às hipóteses de cabimento e suas limitações.
Destarte, sob a argumentação dessa natureza excepcional, não se admite a apreciação de matéria fática, uma vez que na instância superior o que interessa é a solução do interesse público, e não a do particular strictu sensu.
Neste ritmo, os recursos no ordenamento jurídico brasileiro sofrem uma aferição de admissibilidade bipartida onde existe uma verdadeira seleção dos instrumentos recursais, na intenção de excluir possíveis protelações de carga meramente imprudente.
O juízo de admissibilidade, então, é um modo pelo qual o juízo exofficio protege o abuso do acesso protelatório a instância superior.
Segundo Luiz Guilherme Barinoni e Daniel Mitidiero:
“Considera-se que o juízo de admissibilidade é tão apenas um método de filtrar e eleger os recursos excepcionais que realmente estão calcados nos dispositivos constitucionais. Notadamente o juízo de mérito não se confunde com o juízo de admissibilidade, pois no primeiro o que ocorre é o exaurimento cognitivo da questão exposta.” [4: BARINONI. Luiz Guilherme; e MITIDIERO. Daniel. Código Civil Comentado. 3ª Ed. Revista dos Direitos Tribunais Editora. 2015. ]
Neste juízo de admissibilidade verifica-se a existência de determinados elementos genéricos – equiparados às condições da ação - e específicos, estes por sua vez elencados restritivamente na Carta Magna.
Ainda, os recursos excepcionais só serão admissíveis quando não restar qualquer outro meio de impugnação.
No tocante a hipótese da alteração inserida pela Emenda 45 de 2004, esta nos trouxe o desmembramento de uma das hipóteses de cabimento do recurso especial, transportando para o Supremo Tribunal Federal o desempenho do papel de órgão de decisão política, no âmbito da supremacia da Constituição Federal.

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