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1. Introdução e Regime Jurídico Administrativo

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DIREITO
ADMINISTRATIVO
�
I. Noções introdutórias de Direito Administrativo 
1. Direito posto, Direito Público e Direito Privado
Direito é o conjunto de normas (regras e princípios) impostas coativamente pelo Estado, que disciplinam a coexistência pacífica dos indivíduos em sociedade. Direito posto, por sua vez, é o direito (conjunto de regras e princípios) vigente em um dado momento histórico. O Direito se divide em ramo público e privado.
Direito Público x Direito Privado: 
O Direito Público é o que se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público (mas é possível que o Estado pratique, também, atos privados)�. O Direito Privado é o ramo jurídico que se preocupa com o interesse privado, regulando as relações entre particulares. Toda regra de direito público também é de ordem pública (o interesse público não pode ser modificado pela vontade das partes), mas nem toda regra de ordem pública é também de direito público (o conceito de ordem pública é muito mais amplo do que o conceito de direito público). Ex.: normas sobre capacidade, impedimento para casamento etc – assim, no direito privado também existem regras de ordem pública. Grave:
Regras de ordem pública são aquelas inafastáveis pela vontade das partes (cogentes). Tais regras estão presentes tanto no Direito Público como no Direito Privado. Ex.: regras quanto à capacidade civil.
Toda regra de Direito Público é também de ordem pública, mas regras de ordem pública existem também no Direito Privado.
2. Teorias para conceituar o Direito Administrativo
A doutrina diverge bastante quanto ao conceito do Direito Administrativo, sobretudo em razão da dificuldade que há em se individualizar o seu objeto.
2.1 Teoria Exegética/Legalista: o Direito Administrativo se preocuparia, tão-só, com o estudo e aplicação das leis (“lei seca”). Afirma que o Direito Administrativo de um país é a legislação administrativa (leis, decretos, regulamentos) dele vigente num dado momento A necessidade do estudo de princípios complementa e supera a corrente legalista.
2.2 Teoria do Serviço Público: Conceituava toda atividade do Estado como serviço público. Ignoravam, portanto, o Direito Civil para o Estado, deixando de lado, p. ex., a intervenção da Administração na economia. Nem toda a atividade do Estado se limita ao serviço público, e nem ‘toda a atuação do Estado é direito administrativo’.
2.3 Critério do Poder Executivo: Segundo esse critério, o Direito Administrativo tem como objeto de estudo tão somente os atos do Poder Executivo. Ocorre que também os poderes Legislativo e Judiciário exercem função administrativa. Além disso, o Poder Executivo pratica atos que não se submetem ao Direito Administrativo, a exemplo dos regidos pelo Direito Privado.
2.4 Critério das relações jurídicas: Segundo esse critério, o Direito Administrativo se preocupava com todas as relações jurídicas do Estado. Amplo demais: nem todas as relações jurídicas do Estado são regidas pelo Direito Administrativo
2.5 Critério Teleológico: conceitua o DA como o sistema de princípios que regulam a atividade do Estado para a consecução de seus fins. Foi aceito no Brasil (Oswaldo Aranha Bandeira de Mello), mas tido por insuficiente. 
2.6 Critério residual/negativo: É definido por exclusão: toda a atividade estatal que não seja legislativa e jurisdicional. Foi aceito no Brasil, mas é insuficiente e não conceitua. 
2.7 Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado: o DA só se se preocupa com as atividades jurídicas do Estado” e não os aspectos sociais, que interessam à sociologia. Não discute políticas públicas. 
2.8 Critério da Administração Pública (Hely Lopes Meireles): 
Para Hely Lopes Meireles, o Direito Administrativo é uma soma de vários critérios anteriores, de sorte que o Direito Administrativo é:
“Conjunto harmônico de regras e princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar de forma concreta (tem destinatário certo; diferente da Legislativa, que á abstrata), direta (não depende de provocação; diferente da judiciária, que é indireta) e imediata (diferente da social, que é mediata) os fins desejados pelo Estado”.
É um conjunto harmônico de regras e princípios (critério teleológico);
Que regem os órgãos, agentes e a atividade administrativa (critério residual);
Realizando, de forma direta ( não depende de provocação, ao contrário da função jurisdicional que depende de provocação – o Judiciário é inerte.
Concreta ( tem destinatário certo (exemplo: desapropriar o imóvel de José; nomear Maria). Diferente da elaboração de leis, que são abstratas. 
Imediata ( É a atuação/função jurídica do Estado, já que a atuação social do Estado é realizada de forma mediata. 
 Os fins desejados pelo Estado: quem define os fins desejados é a Constituição Federal. Ao Direito Administrativo cabe realizá-los de maneira concreta, direta e imediata.
CESPE. De forma sintética, o critério da administração pública pode ser assim conceituado: conjunto harmônico de princípios que regem a Administração Pública. CERTO.
Esse conjunto harmônico de princípios e regras forma o chamado Regime Jurídico Administrativo�. Este tema é muito cobrado em questões de concursos da CESPE.
3. Fontes do Direito Administrativo
Fonte é o que leva o surgimento de uma regra jurídica. As fontes do Direito Administrativo são, pois, as responsáveis pelo surgimento de uma regra de direito administrativo (modos pelos quais esse ramo é formalizado). A doutrina do DA não é pacífica sobre esse tema. Há quem diga que a sua única fonte é a Lei. São fontes:
Lei em sentido amplo: qualquer espécie normativa: lei ordinária, complementar, delegada, decretos, regulamentos, instrução, MP, tratados, regra de direito constitucional etc. Leis estrangeiras, embora possam servir de inspiração, não são fontes;
Doutrina;
Jurisprudência: é o conjunto de julgamentos reiterados, sempre no mesmo sentido. a jurisprudência estrangeira, mesmo administrativa, não é fonte do DA brasileiro;
Costumes: Regra de conduta habitual e uniforme, com a consciência jurídica de ser obrigatória. É fonte quer quando preenche as omissões da lei, quer quando serve à sua interpretação e incidência, mas não a revoga ou derroga; praxe administrativa (simples rotina administrativa) não se confunde com costume.
Princípios gerais do direito : Princípios são “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”. (Celso Antônio Bandeira de Mello)
4. Sistemas administrativos (mecanismos de controle)
É o mecanismo de controle: praticado um ato administrativo, quem pode rever esse ato? No direito comparado tem-se dois sistemas:
Contencioso administrativo (Sistema Francês): todo ato administrativo é controlado e decidido somente pela própria Administração. Excepcionalmente, o Poder Judiciário poderá controlá-los, a exemplo dos casos que envolverem estado e capacidade das pessoas, atividade pública de caráter privado (como locação), direito penal, propriedade privada;
Sistema de jurisdição única: os atos praticados pela Administração serão revistos pela própria Administração, mas o julgamento final (coisa julgada) é sempre do Poder Judiciário. A Administração também julga, mas esse julgamento pode ser revisto pelo Judiciário. É o sistema adotado no Brasil�.
Pela lógica, é impossível um sistema misto. A mistura já está nos dois mecanismos
5. Diferenças entre Estado, Governo e Administração
5.1 Estado: 
É uma Pessoa Jurídica de direito público capaz de contrair direitos e obrigações. Pessoa jurídica é aquele que tem personalidade jurídica (a aptidão para ser sujeito de diretos e obrigações). No Brasil, o Estado é pessoa jurídicade Direito Público. Registre-se que somente com o Código Civil de 1916, consolidou-se a idéia segundo a qual o Estado é pessoa jurídica de direito público, afastando-se a antiga teoria da dupla personalidade. Dizia-se que, relativamente às atividades privadas, sua personalidade seria de direito privado.
São elementos do Estado:
Povo: as pessoas que compõem a pessoa jurídica Estado;
Território: é o espaço físico onde esse povo está situado;
Governo soberano (soberania): é o comando, a direção do Estado (não apenas o chefe do executivo, mas todos aqueles que estão no comando do país). Um Estado soberano possui independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna.
O Estado de Direito (expressão cunhada na Alemanha (Rechtstaat), em 1813) é aquele politicamente organizado e que obedece às suas próprias leis. 
Poderes do Estado
Os poderes do Estado constituem os seus elementos orgânicos (Executivo, Legislativo e Judiciário). Assim, compõe-se o Estado de poderes, segmentos estruturais em que se divide o poder geral e abstrato decorrente de sua soberania.
Os poderes do Estado, como estruturas internas destinadas à execução de certas funções, foram concebidos por Montesquieu, que afirmava que entre eles deveria haver necessário equilíbrio, de forma a ser evitada a supremacia de qualquer deles sobre o outro (freios e contra-pesos). Figuram de forma expressa em nossa Constituição: são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art.2º).
De outro lado, os poderes do Estado não se confundem com os poderes da Administração (poder disciplinar, poder hierárquico, poder de polícia e poder regulamentar).
Funções do Estado
Quando pensamos em função, estamos falando em uma atividade exercida em nome e no interesse de outrem. Pergunta-se: o que é função pública? Função pública é, portanto, a atividade exercida em nome e no interesse do povo. Esta é exercida pelos administradores públicos.
A cada um dos Poderes de Estado foi atribuída precipuamente determinada função. Assim, ao poder Legislativo foi cometida a função normativa (ou legislativa); ao Executivo, a função administrativa; e, ao Judiciário, a função jurisdicional. Entretanto, não há exclusividade no exercício das funções pelos Poderes. Há, sim, preponderância, de forma que cada poder possui funções típicas (função principal, precípua – é a função para a qual o poder foi criado) e atípicas (função secundária ex.: julgamento pelo CN; realização de concurso para a magistratura; edição de MP pelo Presidente da República).
São dois os critérios utilizados para caracterizar as funções do Estado: orgânico (ou subjetivo) e material (objetivo). O primeiro procura identificar a função através de quem a produz. O segundo, por seu turno, toma em conta a atividade, ou seja, um dado objeto. 
O critério objetivo subdivide-se em objetivo-material e objetivo-formal. O primeiro busca reconhecer a função a partir de elementos intrínsecos a ela. Já o critério objetivo-formal se apega essencialmente em características “de direito” (regime jurídico) da atividade, sendo, segundo Celso Antônio, o critério adequado. 
Função legislativa ( Exercida precipuamente pelo Poder Legislativo. É a única que tem poder para inovar o ordenamento jurídico. Elaboração de leis e atos normativos de forma direta (sem provocação); geral (atinge a todos que estiveram na mesma situação) e abstrata (não tem destinatário certo);
Função judiciária/jurisdicional ( aplicação coativa da lei na resolução de conflitos. É indireta (precisa de provocação, já que a jurisdição é inerte), concreta (destinatários certos, salvo nos controles abstratos de constitucionalidade) e marcada pela intangibilidade jurídica: coisa julgada. Somente a função jurisdicional tem essa característica
Função executiva/administrativa (executa e cumpre a lei. Atuação direta (age sem provocação), concreta (com destinatário certo), não tem o poder de inovar o ordenamento jurídico (ex.: a medida provisória inova, mas é função atípica do executivo); não goza definitividade (a coisa julgada administrativa é na verdade uma intangibilidade tão somente na via administrativa, não sendo, pois, uma verdadeira coisa julgada, já que pode ser revista pelo Judiciário)
Função de governo/função política (Celso Antonio Bandeira de Melo) ( Prevalece, na doutrina, a afirmação de que há uma trilogia de funções no Estado. O prof. Celso Antonio, contudo, afirma que determinados atos estatais parecem não se acomodar bem neste modelo. Essa função tem natureza política: são as decisões maiores do Administrador, não rotineiras – não são as funções nem de legislar, nem de administrar, nem de julgar (ex.: declaração de guerra, de estado de sítio, sanção ou veto de lei etc)�. As funções de governo são aquelas que se relacionam com a superior gestão da vida política do Estado. 
5.2 Governo
Governo é o comando, a direção do Estado. Decisão concreta. Para que o Estado seja independente, esse governo precisa ser soberano. A soberania, por sua vez, é a independência na ordem internacional, com supremacia na ordem interna.
Governo é uma atividade de índole discricionária e de índole política, enquanto a administração é uma atividade desenvolvida nos limites da lei e da norma técnica.
5.3 Administração Pública 
A expressão “administração pública” possui dois enfoques distintos (ambos usados pela CF/88). 
Critério subjetivo/orgânico/formal: diz respeito aos órgão, agentes e pessoas jurídicas que compõe a Administração. Grafa com letra maiúscula: Administração pública. É sinônimo de Estado (complexo de órgãos responsáveis pelo desempenho de funções administrativas). 
Critério objetivo/material: É a atividade desenvolvida pelo Estado. Grafa-se administração. 
CESPE. A responsabilidade civil da Administração, no Brasil, segue, em regra, a responsabilidade objetiva. FALSO. A responsabilidade não é da administração, mas do ESTADO.
Regimes da Administração Pública
1 – Regime de Direito Privado: excepcional. Igualdade com o particular.
2 – Regime de Direito Público: Regime Jurídico Administrativo.
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II. Regime jurídico administrativo
Em outras palavras, o regime jurídico-administrativo consiste em um conjunto de princípios que guardam entre si uma correlação lógica que embasam e regem o Direito Administrativo, dando-lhe unidade. Ou, ainda, o conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração.. 
1. Supremacia do Interesse Público sobre o Privado (“finalidade pública”)
Interesse público: Celso Antônio define interesse público como o “interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da sociedade e pelo simples fato de o serem”. Desmascara-se o mito de que os interesses públicos não podem ser defendidos por particulares e de que necessariamente se vincula aos interesses do Estado (que pode ter interesses secundários)�. 
A doutrina costuma, ainda, diferenciar o interesse público primário do interesse público secundário. 
Entende-se por interesse público primário a vontade social.
Interesse público secundário, por sua vez, consiste na vontade do Estado enquanto pessoa jurídica. “O interesse que só diz respeito à Administração Pública ou que de modo geral não condiz com o interesse de toda a coletividade é chamado de interesse secundário” (GASPARINI). O ideal é que estes interesses sejam coincidentes. Ou seja: o interesse do Estado deve ser o mesmo do povo. Diz GASPARINI: “o interesse secundário, salvo se coincidente com o interesse primário, não pode ser perseguido pela AP, conforme têm entendido os mais renomados administrativistas”
A individualização dos diversos interesses qualificáveis como públicos só pode ser encontrada no próprio direito positivo, ou seja, a que seja adotado pela Constituição e Leis em conformidade com ela. 
Ideia moderna e constitucional de interesse público: Gustavo Binenbjm, em sua obra“Uma Teoria do Direito Administrativo”, afirma que “a definição do que é o interesse público, e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares, deixa de estar ao inteiro arbítrio do administrador, passando a depender de juízos de ponderação proporcional entre os direitos fundamentais e outros valores e interesses metaindividuais constitucionalmente consagrados”. 
O princípio da supremacia do interesse público é indispensável para a vida em sociedade, o convívio social. É pressuposto de uma ordem social estável, onde todos se sintam garantidos e resguardados. 
Supremacia é superioridade, sobreposição do interesse público em face do interesse individual. No embate entre o interesse público e o particular há de prevalecer o interesse público. A aplicação desse princípio, por certo, não significa total desrespeito ao interesse privado�. 
Decorre da Supremacia: 
Posição de supremacia dos órgãos administrativos nas relações com os particulares.
Vigora a verticalidade nas relações entre Administração e particulares, podendo a Administração constituir os privados em obrigações ou modificar as relações unilateralmente. 
Posição privilegiada dos órgãos administrativos nas relações com os particulares. 
A fim de assegurar conveniente proteção aos interesses públicos. Ex: presunção de veracidade e legitimidade dos atos administrativos; maiores prazos processuais. 
Decorre ainda de 1 e 2 a autotutela. Todavia, tais prerrogativas são “deveres-poderes”, ou seja, seu uso só é legítimo se usados na medida indispensável ao atendimento dos interesses públicos, uma vez que a administração está presa a uma finalidade cogente.
 Alguns autores começaram a questionar a existência desse princípio. Assim, parte da doutrina (corrente minoritária) passou a entender que este princípio da supremacia serve para a prática de arbitrariedades. Logo, deveria ser desconstituído, desconstruído. Para a maioria da doutrina o ideal não é eliminar o princípio, mas sim aplicá-lo corretamente, de forma verdadeira. Assim entendem Celso Antônio, Gasparini, Maria S. etc. recomenda-se a leitura de Marçal Justen Filho, que analisa com cuidado a questão.
2. Princípio da indisponibilidade, pela Administração, do Interesse Público: 
O princípio da indisponibilidade decorre do fato de o administrador exercer função pública. Função significa exercer atividade em nome e no interesse de outrem. Assim, se o administrador exerce atividade em nome e no interesse do povo, este interesse não é seu.
Uma vez que a Administração não titulariza os interesses públicos, estes não se encontram à sua livre disposição, cabendo a ela apenas curá-los, na estrita conformidade com a finalidade legal: o direito administração se baseia numa “relação jurídica que se estrutura no influxo de finalidade cogente”. 
Desse caráter instrumental decorre que a Administração está submetida a princípios como legalidade (finalidade, razoabilidade, motivação, responsabilidade do Estado), continuidade do serviço público, isonomia, controle administrativo, publicidade, controle judicial�.
Grave: a supremacia confere à Administração Pública prerrogativas; a indisponibilidade, deveres.
É muito importante tratar deste princípio em questões subjetivas de concursos públicos.
Segundo Celso Antônio, dois são os princípios que constituem as “pedras de toque” do Direito Administrativo, ou seja, as bases do ramo jurídico. Para o autor, os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público são as “pedras de toque” do direito administrativo.
Caput do art. 37 da CF/88: Princípios Mínimos da Administração Pública (LIMPE) 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
Cinco são os princípios administrativos trazidos pelo caput do art. 37: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE). Não trocar impessoalidade por isonomia. Este caput foi alterado pela EC 19/98, que lhe trouxe o princípio da eficiência. 
Estes 5 princípios enumerados no caput do art. 37 são chamados de princípios mínimos da Administração Pública. Mas atente: não são apenas estes que devem ser respeitados pela Administração.
3. Legalidade
O princípio da legalidade possui diversas referências na Constituição Federal�. Art. 5º, II;
Princípio específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e que lhe dá identidade própria. Opondo-se a toda forma de poder arbitrário, tem raiz na idéia de soberania popular. É a tradução jurídica de um propósito político: o de submeter os exercentes do poder a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos. 
O princípio da legalidade possui dois enfoques diferentes (não-contradição x subordinação):
Legalidade para o particular ( Segundo o critério de não contradição à lei, o particular pode fazer tudo, salvo o que a lei proíbe. 
Legalidade para a Administração ( Para o Direito Público, temos o critério de subordinação à lei, de modo que a atividade administrativa não deve apenas ser exercida sem contraste com a lei, mas só pode ser exercida nos termos da lei. Administração somente pode agir se houver previsão legal. Não impede a discricionariedade nos casos autorizados.
Princípio da legalidade x Princípio da reserva de lei
Legalidade não se confunde com reserva de lei. Reserva de lei significa reservar uma matéria a uma determinada espécie normativa (lei em sentido formal). 
Logo, percebe-se que o princípio da reserva de lei é muito mais restrito que o princípio da legalidade. Hoje, o princípio da legalidade vem sido entendido em sentido amplo. Assim quando se fala em controle/aplicação de legalidade, alude-se não só ao controle de atos com base na lei, mas também nas normas (regras e princípios) constitucionais.
Assim, legalidade = controle/aplicação da lei e da CF/88.
Também Barroso afirma que a legalidade compõe i. a preeminência de lei, como hierarquicamente superior aos demais atos e ii. reserva de lei, esta dividida em:
Reserva legal formal ou material: há reserva de lei formal quando determinada matéria só possa ser disciplinada por lei emanada do Poder Legislativo. Há reserva de lei material quando se admite não apenas lei em sentido formal, mas outros diplomas normativos primários com força de lei (medida provisória, leis delegadas, etc.);
Reserva legal absoluta ou relativa: Reserva legal absoluta: exige que o legislador esgote o tratamento da matéria (ex: norma penal incriminadora). Reserva legal relativa: permite que só os parâmetros gerais sejam fixados em lei, completando-os por ato infra-legal;
Reserva legal simples e qualificada: Na reserva legal qualificada, a própria Constituição predetermina a finalidade que deverá ser perseguida pela regulamentação, como também as condições e aos meios a serem utilizados. Na reserva legal simples, a Constituição se limita a exigir que eventual matéria ou restrição de direitos seja feita por lei. 
Ao que parece, segundo o entendimento dominante, o art. 5°, II, refere-se a reserva de lei material (qualquer espécie) e relativa, pois há poder normativo através de portarias, resoluções, etc. O relevante é que estes atos secundários não inovem substancialmente a ordem jurídica, mas sejam decorrentes de lei�.
4. Impessoalidade 
Dois são os sentidos atribuídos a este princípio:
A Administração deve tratar os administrados sem discriminações, sem favoritismos ou perseguições. Não pode buscar interesses pessoais, próprios ou alheios (ex.: nepotismo). Assemelha-se à isonomia. 
Os atos administrativos são impessoais; não são imputáveis aos agentes que os praticam. Por conta disso, o Estado responde pelos atos praticados pelos seus agentes (os atos são da pessoa jurídica). Ex: art. 37 §1°, CF/88: proíbe que conste nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoçãopessoal. 
Os dois grandes exemplos de impessoalidade na CF são: concurso público e licitação.
Divergência: 
Para a doutrina moderna (Celso Antônio) a impessoalidade se assemelha à isonomia�. Já a finalidade, para a doutrina moderna, significa buscar o espírito da lei, a vontade maior da lei. Para a doutrina tradicional (Helly Lopes) é o mesmo que princípio da finalidade, sinônimo de imparcialidade, que surgiu sob o nome de impessoalidade na CF/88 (minoritário). 
4.1 Nepotismo
No âmbito do Judiciário e Ministério Público, há norma expressa proibindo (CNJ/CNMP). O CNJ/CNMP tratou do nepotismo por meio de resolução e não lei, daí porque foi ajuizada ADC n. 12. O STF afirmou que eles podiam tratar do tema através de resolução. Além de reconhecer o poder normativo desses órgãos, o STF entendeu que eles apenas concretizaram um mandamento imanente da Constituição. São 4 (quatro) os princípios constitucionais que fundamentam a proibição do nepotismo: impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia.
ADC n. 12: [...] Noutro giro, os condicionamentos impostos pela Resolução em foco não atentam contra a liberdade de nomeação e exoneração dos cargos em comissão e funções de confiança (incisos II e V do art. 37). Isto porque a interpretação dos mencionados incisos não pode se desapegar dos princípios que se veiculam pelo caput do mesmo art. 37. Donde o juízo de que as restrições constantes do ato normativo do CNJ são, no rigor dos termos, as mesmas restrições já impostas pela Constituição de 1988, dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade. É dizer: o que já era constitucionalmente proibido permanece com essa tipificação, porém, agora, mais expletivamente positivado. Não se trata, então, de discriminar o Poder Judiciário perante os outros dois Poderes Orgânicos do Estado, sob a equivocada proposição de que o Poder Executivo e o Poder Legislativo estariam inteiramente libertos de peias jurídicas para prover seus cargos em comissão e funções de confiança, naquelas situações em que os respectivos ocupantes não hajam ingressado na atividade estatal por meio de concurso público. O modelo normativo em exame não é suscetível de ofender a pureza do princípio da separação dos Poderes e até mesmo do princípio federativo. Primeiro, pela consideração de que o CNJ não é órgão estranho ao Poder Judiciário (art. 92, CF) e não está a submeter esse Poder à autoridade de nenhum dos outros dois; segundo, porque ele, Poder Judiciário, tem uma singular compostura de âmbito nacional, perfeitamente compatibilizada com o caráter estadualizado de uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados a competência de organizar a sua própria Justiça, mas não é menos certo que esse mesmo art. 125, caput, junge essa organização aos princípios "estabelecidos" por ela, Carta Maior, neles incluídos os constantes do art. 37, cabeça. Medida liminar deferida para, com efeito vinculante: a) emprestar interpretação conforme para incluir o termo "chefia" nos inciso II, III, IV, V do artigo 2° do ato normativo em foco b) suspender, até o exame de mérito desta ADC, o julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça; c) obstar que juízes e Tribunais venham a proferir decisões que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma Resolução nº 07/2005, do CNJ e d) suspender, com eficácia ex tunc, os efeitos daquelas decisões que, já proferidas, determinaram o afastamento da sobredita aplicação.
Posteriormente, o STF editou a súmula vinculante n.º 13 
Súmula vinculante n. 13	
“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau�, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
O Supremo Tribunal Federal (STF), ao editar a 13ª Súmula Vinculante da Corte, vedou o nepotismo nos Três Poderes, no âmbito da União, dos Estados e dos municípios. O dispositivo tem de ser seguido por todos os órgãos públicos e, na prática, proíbe a contratação de parentes de autoridades e de funcionários para cargos de confiança, de comissão e de função gratificada no serviço público. 
A súmula também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando dois agentes públicos empregam familiares um do outro como troca de favor. Ficam de fora do alcance da súmula os cargos de caráter político, exercido por agentes políticos. (pode p. ex., um prefeito nomear parentes como secretários).
Com a publicação da súmula, é possível contestar, no próprio STF, por meio de reclamação, a contratação de parentes para cargos da administração pública direta e indireta no Judiciário, no Executivo e no Legislativo de todos os níveis da federação.
Mas atente: esta súmula tem gerado problemas de interpretação. P. ex.: a União possui um funcionalismo enorme, em todo o território nacional. Assim: como aplicar e fiscalizar esta súmula? Mais ainda: aquele que exerce função gratificada é concursado. Como proibir que este evolua na carreira, pelo fato de haver um parente seu ocupando cargo na mesma pessoa jurídica?
5. Moralidade 
Compreende-se em tal âmbito os princípios da lealdade, honestidade e boa-fé, e aplicação de sentidos éticos aceitáveis socialmente. Não se identifica com legalidade. Um ato pode ser imoral sem ser ilegal�. 
A Administração deve atuar com base nos princípios éticos. Violá-los implica violar o próprio direito, porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37, configurando ilicitude e acarretando a invalidação do ato. 
Tal princípio possui um conceito vago, indeterminado. Em razão disto, o Poder Judiciário possui uma certa dificuldade de aplicá-lo, não o reconhecendo de forma isolada, mas sempre atrelado aos demais�. 
Convém distinguir a moralidade comum da moralidade administrativa: A moralidade administrativa é muito mais rigorosa que a moralidade comum, envolvendo não só a correção de atitudes, mas também a chamada BOA ADMINISTRAÇÃO. Em síntese: moralidade administrativa = correção de atitudes + boa administração. Registre-se que a idéia da boa administração está também atrelada ao princípio da eficiência. 
A moralidade não se confunde com improbidade administrativa (lei 8429/92), que é conceito mais amplo, abarcando violação à eficiência, legalidade, etc. Outros autores tratam as expressões como sinônimas�. 
No plano federal, o Decreto n° 1.117/94 prevê o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
6. Publicidade 
Dever de a Administração manter transparência nos seus comportamentos. Se os interesses públicos são da coletividade, os atos que os implementam hão de ser públicos. Ampla divulgação dos atos, ressalvadas as hipóteses de sigilo, para dar conhecimento ao titular do direito. 
Não se confunde com publicação em diário oficial: nem todo ato precisa de publicação (ex: licitação na modalidade convite não há publicação do instrumento, mas há publicidade). Ato interno não precisa de publicidade externa. A publicação, quando exigida, é a do órgão oficial.
São consequências da publicidade:
Conhecimento ao titular do direito (democracia: povo);
Condição de eficácia (e não de validade)�;
Início da contagem de prazos (recurso, multas, decadência, prescrição): não contam da expedição, mas do recebimento da notificação;
Viabiliza o controle por parte do administrado. 
Assim, a consequência jurídica da inobservância do princípio é que o ato praticado sem a devida publicidade não produzirá efeitos.
Atenção:
A publicação - quando exigida -, para surtir os efeitos desejados, é a doórgão oficial (órgão público ou privado destinado à publicação dos atos estatais). Assim, não se considera como tendo atendido ao princípio da publicidade a mera notícia, veiculada pela imprensa falada, escrita ou televisiva, do ato praticado pela AP, mesmo que a divulgação ocorra em programas dedicados a noticiar assuntos relativos ao seu dia-a-dia, como é o caso da Voz do Brasil (STF, RE 71.652).
A Lei 8.666/93, em seu art. 6º, define imprensa oficial como “o veículo oficial de divulgação da Administração Publicam sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os Estados, o DF e os M, o que for definido nas respectivas leis”;
CESPE. A licitação, na modalidade convite, não tem publicidade. ERRADO. Na modalidade de licitação convite, não há PUBLICAÇÃO de instrumento. Lembremos que a publicação em diário oficial é uma das hipóteses de publicidade
Se não for exigida por lei essa forma de publicidade, os mesmos efeitos são alcançados mediante a afixação dos atos, contratos e outros instrumentos jurídicos em quadro de editais, colocado em local de fácil acesso na sede do órgão emanador. Veja: não são todos os atos que necessitam de publicação por instrumentos oficiais de divulgação.
A Administração Pública, salvo determinação legal, é livre para escolher um ou outro desses procedimentos para dar a devida publicidade a seus atos, contratos e atividades, mas não pode valer-se ora de um, ora de outro, dado que tal conduta dificultaria o conhecimento que desses atos e comportamentos devem ter os administrados (Primeiro Tribunal de Alçada Civil de SP, Ap. 33.371);
A publicação dos atos, contratos e outros instrumentos jurídicos, salvo os normativos, pode ser resumida;
A publicidade, sob pena de ser tida como irregular, deve atender a outras exigências legais, como é, por exemplo, o número de publicações. Segundo o STF (RE 1085436/SP), o ato, contrato ou lei será tido como inexistente se sua publicação não foi regular.
O art. 11, Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) dispõe que a quebra do dever de publicar consiste em ato de improbidade administrativa�.
A publicidade poderá ser reclamada através de dois meios básicos: 
Direito de petição ( Pelo qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos administrativos para formular qualquer tipo de postulação (art. 5º, XXXIV) e;
As certidões ( Expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos, cuja publicidade permite aos administrados a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas situações.
Atenção: o habeas data é remédio pessoal utilizado para a obtenção de informações pessoais. Em se tratando de outras informações (gerais), o remédio adequado para o acesso a estas é o mandado de segurança, a fim de amparar o direito líquido e certo à informação.
Publicidade e empresas estatais
Embora aplicados às autarquias e fundações públicas, as sociedades de economia mista e empresas públicas somente se subordinam a esses princípios se prestadoras de serviço público. Elas, em tese, não se submetem se exploradoras de atividade econômica, dado que são constituídas e organizadas para atuar nos termos das entidades privadas. Como regra, seus atos e comportamento são prestigiados pelo sigilo, quando disserem respeito aos seus objetivos. (GASPARINI).
Exceções ao dever de publicar
Há divergência na doutrina sobre o tema. Apenas uma hipótese (a primeira) é incontroversa:
1ª - Art. 5º, XXXIII, CF ( Segurança da sociedade e do Estado;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
2ª - Art. 5º, X, CF ( Intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
3ª – Art. 5º, LX, CF ( Atos processuais no âmbito da Administração Pública.
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Ex.: O processo ético disciplinar é sigiloso, corre em segredo, com a finalidade de proteger a carreira do profissional. Ao final, o seu resultado é publicado, em razão de um compromisso social. A lei 8.112 também abre a possibilidade de processo sigiloso, na forma da lei.
Para Celso Antônio, o dispositivo só se aplica ao processo judicial. 
Promoção pessoal (art. 37, §1º)
Art. 37, §1º § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Este artigo, que cai muito em concurso, proíbe a promoção pessoal (ato de improbidade administrativa) nos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos. 
Mas veja: o STJ entende que, nem sempre, o simples ato de constar o nome gera improbidade. Se o nome da autoridade ou servidor público foi empregado de caráter meramente informativo, não há promoção e, conseqüentemente, não haverá improbidade administrativa. 
Além disso, também não se comete infração com a colocação de fotos de autoridade em galerias especialmente criadas, a exemplo da Galeria dos ex-Prefeitos.
Um exemplo clássico de promoção pessoa consiste em colocar o nome de administradores públicos ainda vivos em bens (prédios) públicos. A promoção pessoal viola:
Pessoalidade;
Legalidade;
Moralidade;
Eficiência; Etc.
CESPE: a promoção pessoal fere, precipuamente, o princípio da publicidade. ERRADO. O princípio precipuamente atingido foi o da IMPESSOALIDADE, muito embora outros também tenham sido violados.
7. Eficiência 
Trata-se de princípio que ingressou no art. 37, caput, da CF, em razão da EC nº 19 de 1998. A eficiência, portanto, adquire roupagem constitucional com a referida emenda. Apesar disso, a Administração Pública, desde antes, deveria agir com eficiência. A Lei 8.987/95, já previa expressamente o princípio�. 
Ligado ao modo de atuação do agente público e ao modo de organizar a Administração Pública. Vincula-se às ideias de: Ausência de desperdícios; economia de dinheiro público; produtividade; agilidade e presteza do serviço público�.
Dois enfoques:
Eficiência quanto aos meios e quanto aos resultados: 
Na consecução dos serviços públicos deve haver eficiência no meio (gastar pouco) e na obtenção do melhor resultado. 
Para Carvalho filho, o Judiciário não pode compelir a tomada de decisão que entenda mais eficiente, nem invalidar ato invocando exclusivamente a eficiência: idéia de separação dos poderes. 
Eficácia quanto aos Servidores (máquina administrativa): 
Estabilidade do Servidor:
CF. Art. 41 - São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. 
§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo: 
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa;
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. 
A EC 19/98 alterou a estabilidade dos servidores exigindo: nomeação + 3 anos exercício + aprovação em avaliação de desempenho (valoração eficiência - §4°). Previu a perda da estabilidade se não for eficiente mediante procedimento administrativo, processo judicial ou avaliação periódica (§1°). Vê-se, assim, que a avaliação periódica é requisito para a estabilidade e, ao mesmo tempo, motivo a ensejar a sua perda. 
Racionalizaçãoda máquina administrativa: 
A EC nº 19, alterando o art. 169 da CF, trouxe, ainda, regras de racionalização da máquina administrativa (racionalização de mão-de-obra):
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. [...]
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:  
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;  
II - exoneração dos servidores não estáveis. 
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. 
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. 
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. 
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º
Este artigo faz referência ao limite de gasto com pessoal fixado por Lei Complementar, qual seja a Lei de Responsabilidade Fiscal, LC 101/00, que prevê o limite de 60% da receita líquida para Estados e municípios e 50%, para a União. 
As unidades que ultrapassarem os limites previstos deverão proceder à racionalização dos gastos com pessoal, cortando:
Ao menos 20% dos ocupantes de cargos em comissão (livre nomeação e exoneração, ocupado por qualquer pessoa, para o desempenho de funções de direção, chefia e assessoramento) e ocupantes de função de confiança (só pode ser atribuída a quem já tem cargo efetivo, que terá direito a gratificação);
Servidores não estáveis, conforme a necessidade;
Servidores estáveis.
Por óbvio, os servidores serão exonerados e não demitidos, já que a demissão consiste em uma pena por falta grave, aplicável em processo disciplinar, o que difere do caso. 
Atenção: depois de exonerado o servidor, o cargo será extinto e só poderá ser recriado 04 (quatro) anos depois, evitando-se a vingança pessoal.
Além disso, o servidor estável, quando exonerado em razão da racionalização dos gastos, tem direito à indenização (e somente ele). 
8. Isonomia
Se todos são iguais perante a lei, são iguais perante a Administração. Impõe-se o tratamento impessoal, igualitário e isonômico. Igualdade formal e material: Consiste em tratar os iguais de forma igual e os desiguais, de maneira desigual, na medida da sua desigualdade. 
 Comporta temperamentos e exceções, sempre determinados pelo interesse público. A discriminação deve estar compatível com o objetivo da norma. A aplicação da isonomia pressupõe a verificação do fator de exclusão e a sua compatibilidade com o objetivo da norma. Se esta compatibilidade existir, o princípio da isonomia restará plenamente realizado. Ex.: estatura mínima para delegado viola a isonomia. 
Segundo Celso Antônio, deve haver uma (i) “correlação lógica existente entre o fator erigido em critério de discrímen e a disparidade estabelecida no tratamento jurídico diversificado” e (ii) “consonância desta correlação lógica com os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados”�.
Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido
É possível o limite de idade em concurso público, desde que compatível com a natureza das atribuições e complexidade do cargo, sendo previsto na lei da carreira. A discriminação deve estar devidamente fundamentada no interesse público e a restrição deve ser imposta por lei (STF, AgARg no AI 534.560-8-DF).
Discute-se muito a questão da subjetividade do exame psicotécnico. Para alguns autores, este teste viola o princípio da isonomia. O STF entende, contudo, que este deve estar previsto na lei da carreira além de se exigirem critérios objetivos. 
Obs.:
Observe-se que as pessoas públicas (União, Estado-membro, autarquia...) podem receber da lei tratamento privilegiado em relação ao particular;
O princípio da igualdade não deve ser entendido em termos absolutos, de modo a se converter em obstáculo do bom e eficaz desempenho da atividade administrativa.
9. Finalidade:
Para a doutrina moderna, não se transformou na impessoalidade. Continua existindo como princípio autônomo. 
Corrente tradicional: para Hely Lopes Meirelles, o princípio da finalidade não passaria de um sinônimo do princípio da impessoalidade. Este último, que impõe a busca do interesse público, substituiria os antigos princípios da finalidade e imparcialidade.
Corrente moderna: para Celso Antônio Bandeira de Mello, impessoalidade e finalidade são princípios autônomos. 
Radica-se nos fundamentos da legalidade. Impõe ao administrador a obediência à finalidade de cada ato para os quais é competente, observando não apenas a finalidade própria de todas as leis, que é o interesse público, bem como a finalidade específica abrigada em cada ato. O fim da norma é um limite ao abuso de poder. 
Está ligado à legalidade, não sendo possível separa a lei da sua finalidade, e não à impessoalidade Desvio de finalidade é vício de legalidade. 
Lei 9.784/99 (Lei de Processo Administrativo)
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
10. Contraditório e ampla defesa
Até 1988, não havia preocupação com o contraditório e ampla defesa em processo administrativo, de maneira que estes princípios ainda não estão consolidados na via administrativa. 
contraditório significa dar ciência da existência do processo. O contraditório constitui, ainda, a bilateralidade da relação jurídica processual. Conseqüentemente, dá-se à parte a oportunidade de defesa, falando-se, então, no princípio da ampla defesa. Concepção do contraditório como direito de influência. 
Ampla defesa, assim, significa dar oportunidade para que a parte se defenda. A ampla defesa engloba: 
Defesa prévia ( Significa a possibilidade da parte se defender antes da decisão final. Para que a defesa prévia seja efetiva, as penas precisam estar previamente estabelecidas (sanções pré-determinadas). Além disso, exige-se um procedimento pré-determinado.
Garantia/direito de informação ( A Administração deve viabilizar a reprodução do processo, embora não tenha obrigação quanto às despesas da cópia. Em outras palavras: não há um direito de cópia, mas sim um direito à viabilização da reprodução. 
Garantia de produção de provas ( A prova tem que participar do convencimento do julgador. Direito de participação. 
Defesa Técnica (Súmula 343 – STJ x Súmula Vinculante n° 5) ( A Lei 8.112/90 dispõe que a presença do advogado consiste em uma faculdade. O STJ editou a súmula 343, entendendo que a presença do advogado é obrigatória em todas as fases do processo disciplinar. Pacificando a questão, o STF editou a súmula vinculante n° 5: entendendo que a falta de defesa técnica de advogado em processo administrativodisciplinar não ofende a Constituição Assim, a presença de advogado em processo administrativo disciplinar é facultativa (a preocupação era com a reintegração dos servidores demitidos ao cargo, com o direito retroativo à remuneração). 
Súmula Vinculante n° 5: a falta de defesa técnica de advogado em processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição
Direito de recurso (deve ser viabilizado mesmo sem previsão legal. Não há recursos típicos como no processo civil. De toda decisão administrativa cabe recurso. Em alguns editais de concursos públicos, há previsão expressa quanto à impossibilidade de recurso contra alguma(s) de sua(s) fase(s), o que viola o contraditório e a ampla defesa. Também é preciso haver espelho de prova para que o candidato possa recorrer em concursos públicos. 
Mas o STF afirma não haver obrigatoriedade do duplo grau administrativo. Argumentar com base no direito de petição. 
Depósito prévio da multa para recorrer: A jurisprudência é uníssona: O depósito prévio da multa é incompatível com o contraditório e a ampla defesa, vez que inviabiliza o direito de recurso, que não pode ficar da dependência da capacidade econômica da parte
Súmula vinculante n° 21: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”
10.1 Contraditório e ampla defesa no Tribunal de Contas (súmula vinculante nº 3, STF).
STF Súmula Vinculante nº 3 - Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Os processos que tramitam no Tribunal de Contas da União estão sujeitos ao contraditório e ampla defesa. Quando existir a possibilidade de anular ou revogar um ato que beneficie o interessado, este deverá ser chamado ao processo, tendo direito ao contraditório e à ampla defesa, excetuados aqueles que decidam sobre: a concessão inicial de aposentadoria; reforma; pensão. 
Explica-se: o ato complexo é aquele cuja perfeição depende de mais de uma manifestação de vontade. É o que a Corte entendeu que ocorre in casu. Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria ou pensão, não está realizando controle ou fiscalização de ato que já existe, mas atuando para que este seja formado (participando da formação do ato), eis que se trata de ato complexo. Convém observar os precedentes do STF que levaram à edição desta súmula. Por óbvio, o ato de concessão inicial de aposentadoria/reforma/pensão está sujeito ao contraditório e ampla defesa, mas não no âmbito do Tribunal de Contas. 
Atenção: no segundo semestre de 2010, o Pleno do STF pacificou que caso o processo de verificação da legalidade da concessão inicial do benefício ultrapasse cinco anos, contados da data de origem da concessão, deve ser garantido o contraditório. Isso já questiona a natureza de ato complexo do controle do TCU (se fosse mesmo, pouco importa o decurso de 5 anos). Em março de 2011, o STF entendeu que o prazo de 5 anos conta da entrada do processo no TCU (alguns ministros negaram expressamente a natureza de ato complexo). 
11. Proporcionalidade/razoabilidade
Exige a proporcionalidade entre os meios e os fins perseguidos pela administração. Segundo a doutrina alemã, a proporcionalidade há de revestir-se de tríplice fundamento: 1) adequação (o meio deve ser compatível com o fim colimado); 2) exigibilidade (a conduta deve ter-se por necessária); 3) proporcionalidade em sentido estrito (as vantagens a ser conquistadas superam as desvantagens – eq. Entre benefícios e prejuízos). A medida tomada deve ser adequada, necessária e proporcional para se atingir a finalidade legal. 
As condutas desarrazoadas são inválidas, uma vez que não se espera seja finalidade da lei tomar uma atitude pouco razoável, prejudicial ao cidadão. Qualquer excesso é uma superação do escopo normativo. Ato desarrazoado é ilegal em sentido amplo, porque ofende a CF/88. 
O juízo de conveniência e oportunidade (controle do mérito administrativo) não pode ser feito pelo judiciário, mas a razoabilidade sim. Ex.: construção de hospital ou praça. O judiciário não controla o mérito, mas acaba controlando, indiretamente, pela ilegalidade. Trata-se de controle de legalidade em sentido amplo (que envolve lei e normas constitucionais), plenamente possível. Leitura recomendada: ADPF nº 45, que trata do controle de políticas públicas.
Conclui-se, daí, que os princípios da razoabilidade e proporcionalidade LIMITAM O MÉRITO DO ADMINISTRADOR, restringindo a sua liberdade. Integram o controle de legalidade. O administrador tem liberdade, desde que esta seja razoável, proporcional. 
A Lei 9.784/99, prevê a proporcionalidade expressamente em seu art. 2º e, no par. ún., exige que nos processos administrativos seja observada “a adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”.
CESPE. Os princípios da razoabilidade estão implícitos na Constituição Federal e expressos na norma infraconstitucional. CORRETO. Estes princípios estão expressos na lei (Lei do Processo Administrativo Disciplinar 9.784/99), embora implícitos na Constituição. 
CESPE. A regra segundo a qual o Poder Judiciário não pode imiscuir-se no mérito administrativo tem sido cada vez mais flexibilizada para assegurar, de modo mais efetivo, a legalidade dos atos administrativos, ainda que se trate de atos discricionários. VERDADE.
12. Continuidade do Serviço Público: 
Os serviços essenciais devem manter um nível de regulamento satisfatório. Nem sempre significa atividade ininterrupta, mas tão-só regular. Decorre da obrigatoriedade do desempenho da atividade administrativa e da indispensabilidade, pela administração, dos interesses públicos. O interesse público tem para a Administração o sentido de dever, decorrendo daí esse princípio.
A. Continuidade em relação aos Serviços Públicos
Existem certas situações específicas que excepcionam o princípio, permitindo a paralisação temporária da atividade. 
Art. 6º. §3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
O art. 6º, §3º da Lei 8.987/95, tendo por objeto a concessão e permissão de serviços públicos, trata do tema, dispondo que não viola o princípio da continuidade a interrupção do serviço:
Por razões de emergência ( Sem necessidade de prévio aviso;
Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações ( Com prévio aviso;
Quando o usuário estiver inadimplente ( Com prévio aviso.
O corte em razão do inadimplemento tem respaldo em três princípios: a) supremacia do interesse público; b) continuidade dos serviços públicos e c) isonomia. Aquele que não paga o devido e continua recebendo o serviço põe em risco a prestação de serviço aos não inadimplentes, violando a isonomia e a própria continuidade (eis que a prestadora pode vir a deixar de prestá-lo em razão da inadimplência). 
Mesmo se o usuário for órgão ou pessoa jurídica de direito público (ex.: um Município), é possível a descontinuidade.
Mas veja: Para a jurisprudência, se for comprometer a supremacia do interesse público, não permite (ex: cortar a luz de hospital). Se for interesse particular, há algumas decisões não permitindo também, com base nos arts. 22 e 42 do CDC (corrente minoritária)
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. 
Atente: alguns serviços são remunerados por tarifa, pagamento que se caracteriza como preço público, de caráter tipicamente negocial. Tais serviços, freqüentemente prestados por permissionários e concessionários, admitem a suspensão no caso de inadimplemento da tarifa pelo usuário, devendo ser restabelecido tão logo seja quitado o débito. (José dos Santos Carvalho Filho). 
B. Em relação aos Servidores Públicos
Pergunta-se: o servidor público possui direito de greve? Sim. Trata-se de garantia prevista no, mais precisamente no seu art. 37, VII, texto constitucional que dispõe:
Art. 37. VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Até a EC n. 19, a CF fazia menção aos “limites definidos em lei complementar”. Agora, lei específica (ordinária).
Duas correntes: a. trata-se de norma de eficácia contida: pode exercer desde já, podendo a lei limitar (é o que ocorria na prática); b. Eficácia Limitada enquanto não vier a lei a greve será ilegal. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, este inciso traz uma norma de eficácia limitada, sendo importante lembrar que ainda não existe a lei referida. 
Mas atente: no julgamento de três Mandados de Injunção – instrumento próprio para leis com eficácia limitada - (670, 708 e 712), o Supremo estendeu ao servidor público, no que couber, a lei do trabalhador comum (L. 7.783/89), enquanto não sobrevier a lei específica. Registre-se que estas decisões foram proferidas com base na teoria concretista geral, possuindo efeito erga omnes.
A lei 7.783/89 exige a aprovação da greve através da maioria absoluta dos trabalhadores, com a manutenção de 60% destes prestando serviços. Deverá o pretório excelso se manifestar sobre os limites de aplicação deste diploma legal. É possível o desconto do dia não trabalhado. Demissão é pena por infração funcional grave, e greve não é infração funcional, mas direito. Lei 8112, art. 132: só se quebrar coisas, extrapolar durante a greve.
 
STF. MI 712. 2. A Constituição do Brasil reconhece expressamente possam os servidores públicos civis exercer o direito de greve --- artigo 37, inciso VII. A Lei n. 7.783/89 dispõe sobre o exercício do direito de greve dos trabalhadores em geral, afirmado pelo artigo 9º da Constituição do Brasil. Ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis. 3. O preceito veiculado pelo artigo 37, inciso VII, da CB/88 exige a edição de ato normativo que integre sua eficácia. Reclama-se, para fins de plena incidência do preceito, atuação legislativa que dê concreção ao comando positivado no texto da Constituição. 4. Reconhecimento, por esta Corte, em diversas oportunidades, de omissão do Congresso Nacional no que respeita ao dever, que lhe incumbe, de dar concreção ao preceito constitucional. Precedentes. 5. Diante de mora legislativa, cumpre ao Supremo Tribunal Federal decidir no sentido de suprir omissão dessa ordem. Esta Corte não se presta, quando se trate da apreciação de mandados de injunção, a emitir decisões desnutridas de eficácia. 6. A greve, poder de fato, é a arma mais eficaz de que dispõem os trabalhadores visando à conquista de melhores condições de vida. Sua auto-aplicabilidade é inquestionável; trata-se de direito fundamental de caráter instrumental. 7. A Constituição, ao dispor sobre os trabalhadores em geral, não prevê limitação do direito de greve: a eles compete decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dela defender. Por isso a lei não pode restringi-lo, senão protegê-lo, sendo constitucionalmente admissíveis todos os tipos de greve. 8. Na relação estatutária do emprego público não se manifesta tensão entre trabalho e capital, tal como se realiza no campo da exploração da atividade econômica pelos particulares. Neste, o exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses egoísticos do sujeito detentor de capital --- indivíduo ou empresa --- que, em face dela, suporta, em tese, potencial ou efetivamente redução de sua capacidade de acumulação de capital. Verifica-se, então, oposição direta entre os interesses dos trabalhadores e os interesses dos capitalistas. Como a greve pode conduzir à diminuição de ganhos do titular de capital, os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva ou potencialmente, algumas vantagens mercê do seu exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária, no âmbito da qual, em tese, aos interesses dos trabalhadores não correspondem, antagonicamente, interesses individuais, senão o interesse social. A greve no serviço público não compromete, diretamente, interesses egoísticos do detentor de capital, mas sim os interesses dos cidadãos que necessitam da prestação do serviço público. 9. A norma veiculada pelo artigo 37, VII, da Constituição do Brasil reclama regulamentação, a fim de que seja adequadamente assegurada a coesão social. 10. A regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos há de ser peculiar, mesmo porque "serviços ou atividades essenciais" e "necessidades inadiáveis da coletividade" não se superpõem a "serviços públicos"; e vice-versa. 11. Daí porque não deve ser aplicado ao exercício do direito de greve no âmbito da Administração tão-somente o disposto na Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os parâmetros atinentes a esse exercício. 12. O que deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a coerência entre o exercício do direito de greve pelo servidor público e as condições necessárias à coesão e interdependência social, que a prestação continuada dos serviços públicos assegura. 13. O argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o que se afiguraria inconcebível, por ferir a independência e harmonia entre os poderes [art. 2o da Constituição do Brasil] e a separação dos poderes [art. 60, § 4o, III] --- é insubsistente. 14. O Poder Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no mandado de injunção, formular supletivamente a norma regulamentadora de que carece o ordenamento jurídico. 15. No mandado de injunção o Poder Judiciário não define norma de decisão, mas enuncia o texto normativo que faltava para, no caso, tornar viável o exercício do direito de greve dos servidores públicos. 16. Mandado de injunção julgado procedente, para remover o obstáculo decorrente da omissão legislativa e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no artigo 37, VII, da Constituição do Brasil
C. Em relação aos contratos 
Pergunta-se: a exceptio non adimpleti contractus� é aplicável aos contratos administrativos?
De acordo com o art. 78, XV da Lei 8.666/93, mesmo que a Administração não cumpra sua obrigação, deverá o contratado continuar prestando o serviço no prazo de 90 dias, não podendo haver interrupção repentina do serviço. Depois desse prazo, a empresa pode suspender o serviço.
Assim, de acordo com a doutrina majoritária, a exceção de contrato não adimplido é sim aplicável aos contratos administrativos, porém de forma diferenciada, em nome do princípio da continuidade.
Hely Lopes Meirelles afirmava que não era possível. Ocorre que o doutrinador faleceu antes da vigência da Lei 8.666/93. Apenas em cursos de nível técnico da FCC deve ser sustentada a posição de Hely Lopes.
Para a doutrina majoritária, a exceção de contrato não cumprido não se confunde com uma cláusula exorbitante, na medida em que também se aplica aos contratos pactuados entre particulares.
13. Princípio da autotutela
Permite à Administração proceder à revisão de seus próprios atos, seja por ilegalidade (anulação), seja por inconveniência (revogação). Convém observar as súmulas 346 e 473, ambas do Supremo Tribunal Federal:
Súmula 346 - A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.Súmula nº 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Nos termos da sumula 473, ato ilegal não gera qualquer direito, desde que declarado, ex tunc; A revogação opera ex nunc. , respeitando direito adquirido. 
Para revogar, a Administração não tem limite temporal, só material (direito adquirido entre outros). Quanto à anulação, o Poder Judiciário pode anular a qualquer tempo, mas a Administração tem um prazo decadencial de 5 anos. Lei 9784/96, arts. 54: 
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1° No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2° Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Há o dever de zelo, tutela, cuidado tanto dos bens quanto dos interesses públicos. Logo: é um dever da Administração Publica invalidar, espontaneamente ou mediante provocação, o próprio ato, contrário à sua finalidade, ilegal. Atente: Não cabe à AP invalidar atos e contratos regidos pelo Direito Privado. 
Autotutela não se confunde com tutela administrativa, que diz respeito ao controle que a A. direta exerce sobre as entidades da A. indireta.
14. Princípio da Especialidade: 
Ligado à idéia de descentralização administrativa. A lei que cria a entidade estabelece com precisão as finalidades que lhe incubem atender, de tal modo que não cabe aos seus administradores afastar-se dos objetivos definidos na lei. 
O princípio da especialidade vincula a pessoa jurídica à finalidade para qual foi criada. O ato administrativo não pode modificá-la. 
O MP/MG: aplicou o princípio também para administração direta: os órgãos só podem ter sua finalidade alterada por lei.
15. Princípio da Motivação:
Exigência de uma administração democrática, assente no ideal de cidadania (art.1°) e apreciação judicial (art. 5°); para o judiciário rever, deve motivar. Razões de direito e de fato pelos quais o ato foi praticado. Todo ato precisa de motivação (apesar de em alguns ser implícita), sobretudo os discricionários. Anterior ou concomitantes ao ato.
16. Princípio da Presunção de Legitimidade: 
Os atos administrativos presumem-se legítimos. Registre-se que esta presunção é relativa (juris tantum), admitindo prova em contrário. O efeito é inverter o ônus da prova e conferir a aplicação imediata aos atos.
Presunção de legitimidade = presunção de legalidade + presunção de veracidade (certeza dos fatos) .
A consequência prática da presunção de legitimidade para os atos administrativos consiste na sua aplicação imediata – Criam obrigações independentes da concordância. 
� Diógenes Gasparini: “O Direito Público regula as relações jurídicas em que predomina o interesse do Estado, enquanto o Direito Privado disciplina as relações jurídicas em que prevalece o interesse dos particulares. É o critério do interesse que aparta, no caso, esses ramos do Direito”. Creio eu que pode ser diferenciado pelos sujeitos da relação jurídica: se envolver o Estado será direito público (divergência em relação do Direito Trabalho).
� “Direito Administrativo é o conjunto de normas e princípios (sic) que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir” (Carvalho Filho). “Direito Administrativo é expressão que comporta, ao menos, duas acepções. De fato, pode indicar um conjunto de regras jurídicas ou uma disciplina científica autônoma”. (Gasparini).
� O Brasil sempre adotou o sistema da jurisdição única. Somente em um momento, com a EC 07/77, tentou-se criar, no Brasil, o sistema de contencioso administrativo. Apesar de escrita, a regra tornou-se inoperante, nunca saindo do papel.
� O autor destaca que tais atividades diferem da função executiva sob o ponto de vista material (pois fogem da gestão rotineira dos assuntos da sociedade), bem como sob o ponto de vista formal (por não estarem em pauta comportamentos infralegais ou infraconstitucionais expedidos na intimidade de uma relação hierárquica, suscetíveis de revisão quanto à legitimidade)
� Interesse público “é o que se refere a toda a sociedade. É o interesse do todo social, da comunidade considerada por inteiro” (GASPARINI).
� Cuidado com a pegadinha do CESPE: a superioridade não é do Estado, nem do Administrador, mas sim do interesse público. Cuidado com o enunciado
� Atente à jurisprudência: 1. O STF já decidiu que o poder de transigir ou de renunciar não se configura se a lei não o prevê (RDA, 128:178); a relevação de prescrição é renúncia de direito que importa em liberalidade, cuja efetivação depende de autorização legislativa (RDA, 107:278); 2. É vedado aos agentes públicos a renúncia parcial ou total de poderes ou competências, salvo autorização legal; 3. Não pode a AP deixar de usar os meios judiciais e extrajudiciais para repelir a turbação, o esbulho e a indevida utilização de áreas públicas (RT, 726:236); 4. Os órgãos de representação judicial da Advocacia-Geral da União devem recorrer.
� Art. 5º. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Art. 37 Caput; Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
� Eros Grau: “Ora, há visível distinção entre as seguintes situações: (i) vinculação às definições da lei; (ii) vinculação às definições decorrentes – isto é, fixadas em virtude de lei. No segundo, em virtude da reserva de norma. (...) Voltando ao artigo 5°, II, do texto constitucional, verificamos que nele o principio da legalidade é tomado em termos relativos, o que induz a conclusão de que o devido acatamento lhe estará sendo conferido quando ato normativo não legislativo, porém regulamentar ou regimental, definir obrigação de fazer ou não fazer alguma coisa imposta a seus destinatários”
� “No princípio da impessoalidade se traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa é senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia”. (Celso Antônio Bandeira de Mello)
� Igual impedimento processual. 
� Entende José dos Santos Carvalho Filho: “o princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto. Acrescentamos que tal forma de conduta deve existir não somente nas relações entre a Administração e o os administrados, em geral, como também internamente, ou seja, na relação entre a Administração e os agentes públicos que a integram”.
� Costuma-se exigir também violação à legalidade. CESPE: administrador usa máquina da prefeitura no fim de semana, pagando a gasolina: deve ser punido mesmo sem dano ao erário porque viola a moralidade.
� “Quando muito, podemos afirmar que a probidade administrativa é apenas um particular aspecto da moralidadeadministrativa que recebeu da CF um tratamento próprio, na medida em que atribuiu ao ímprobo a pena de suspensão dos direitos políticos” (GASPARINI).
� Grave: os contratos firmados pela Administração só produzem os devidos efeitos a partir da sua publicação. Art. 61, parágrafo único da Lei 8666: A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
� Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: IV - negar publicidade aos atos oficiais;
� Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. 
� “Conhecido entre os italianos como ‘dever de boa administração’, o princípio da eficiência impõe à AP direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento [...]” (GASPARINI)
� Leciona Celso Antônio: “tem-se que investigar, de um lado, aquilo que é adotado como critério discriminatório; de outro lado, cumpre verificar se há justificativa racional, isto é, fundamento lógico, para, à vista do traço desigualador acolhido, atribuir o específico tratamento jurídico construído em função da desigualdade proclamada. Finalmente, impende analisar se a correlação ou fundamento racional abstratamente existente é, in concreto, afinado com os valores prestigiados no sistema normativo constitucional”. 
� Art. 476 do atual Código Civil: "nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro".

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