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Correção exercícios Ciência Política – 2017.1 Correção Casos Concretos Ciência Política 2017.1 Aula 1: Em reportagem constante em http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2012/06/20/201cdesinteressepor-politica-ameaca-a-democracia201d, o filósofo francês Francis Wolff, um ardoroso defensor da democracia, afirmou que um de seus alvos no estudo da política é exatamente o apolitismo. Em sua opinião, o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia, ao fomentar entre outros males a ação do que chama de políticos profissionais. Livre de cobranças, esse grupo teria o hábito de aprovar ou impor medidas descoladas das verdadeiras necessidades e desejos dos cidadãos. Por isso, para o filósofo, o apolitismo, seria a recusa dos cidadãos, explícita ou implícita, em participar da vida da comunidade política e das escolhas que essa comunidade faz, ou seja, seria o desinteresse pela coisa pública. Diante do texto acima e, de acordo com o que você apreendeu da leitura referente à Aula 1, responda: a) A verdadeira concepção de política se coaduna com o desinteresse da coisa pública pela cidadania? → Neste sentido, a política pode ser entendida como tudo aquilo que diz respeito à relação entre os cidadãos com os seus governantes (que são seus representantes) e com toda a coletividade. b) Estaria correta a afirmação do filósofo Francis Wolff quando afirma que "o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia"? Justifique sua resposta. → O desinteresse dos cidadãos é um risco para a democracia, na medida em que os afasta da participação efetiva e do controle social dos governantes e da coisa pública, deixando nas mãos de grupos a condução das questões políticas, que deveriam ser conduzidas no interesse público, da coletividade. Aula 2: Caso 1- “’E evidente que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum que os mantenha subjugados, eles se encontram naquela condição que é chamada de guerra; e essa guerra é uma guerra de cada homem contra cada outro homem”. Aponte o autor dessa frase e a situação por ele descrita: a)Locke e o estado da natureza. b)Hobbes e o estado da natureza. c)Hobbes e o estado em sociedade. d)Platão e o estado da natureza Caso 2- Como vimos, em Hobbes, o contrato social faz com que os indivíduos abdiquem de sua infinita liberdade e a entreguem a um soberano, que deve garantir suas vidas e uma ordem social segura. Com este acordo, segundo Hobbes, está criada a sociedade e também o Estado. Neste sentido, pergunta -se: a) Quais as finalidades do Estado na visão de Hobbes? Para Hobbes, o Estado tem 3 finalidades: a) representar os cidadãos, que livremente delegaram todos os seus direitos e poderes, encontra legitimada a submissão de todos à sua autoridade soberana; b)assegurar a ordem, com o uso do da força estatal, de forma monopolizada e; c) ser a única fonte da lei, o que decorre da soberania estatal. Aula 3: Na visão de Locke e Rousseau os homens são completamente livres conforme a sua natureza, pelo que são criaturas marcadas pela bondade. Sendo certo que com o surgimento da propriedade o homem abandona a sua condição natural, pode-se afirmar que a propriedade surge da mesma forma e tem os mesmos efeitos na formação do Estado para ambos os autores? → A visão de Locke e Rousseau quanto ao direito de propriedade é distinta. Na visão de Locke a propriedade é fruto do crescimento populacional, onde o homem se vê obrigado a constituir a propriedade sob pena de perecimento até mesmo físico, tratando a propriedade, inclusive como um direito natural (assim como a vida e a liberdade). Para Rousseau, a propriedade e constituída de forma voluntária, como fruto da liberdade humana e não como um direito natural, ressaltando-se que a discussão obre igualdade de direitos é constante na obra de Rousseau. Aula 4: Considerando a possibilidade das ilhas de Fernando de Noronha deixarem de compor o território brasileiro, é certo que a extensão territorial brasileira será alterada. Com a dita alteração, o mar territorial e o espaço aéreo sofrerão algum tipo de impacto? → Com a alteração da extensão territorial brasileira, relativa à área da ilha de Fernando de Noronha, haverá um impacto na extensão do mar territorial, que corresponde a 12 milhas marítimas, a partir da costa, o que sofrerá uma redução, a partir de Fernando de Noronha. Também ocorrerá uma redução do território aéreo correspondente à ilha. Aula 5: Paulo, refugiado de guerra, já vive no Brasil acerca de 20 anos, já tem todos os documentos Brasileiros, já constituiu a sua família (com mulher e um casal de filhos) tem emprego fixo, mas não pensa em se naturalizar brasileiro. Quando questionado a esse respeito, ele afirma ser grato ao Brasil, mas que não se sente Brasileiro. Diante do caso de Paulo, é possível identificar uma distinção entre o conceito de povo e o conceito de nação? A resposta dessa questão deverá discutir os conceitos quantitativo e qualitativo de povo. → No aspecto qualitativo, deverão ser discutidos os conceitos político, jurídico e sociológico. A pergunta envolve o conceito sociológico de povo, no qual se considera como nação os cidadãos se consideram unidos pelos mesmos vínculos culturais, linguísticos, que não é o caso de Paulo, que não se sente brasileiro. Aula 6: O conceito de soberania é teoricamente bastante complexo e tem variado no decorrer do tempo, suscitando uma grande quantidade de acepções conceituais. Podemos, de qualquer forma, extrair que se trata de um termo que designa o poder político no Estado Moderno estando expresso em praticamente todas as constituições modernas. A Constituição brasileira tem alguns dispositivos (no caso os art. 4º e 14) que fazem tal referência, senão vejamos: Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; (...) III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; (...) Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. (...)? (grifo nosso) Diante do acima exposto, pergunta-se: a) Diante do que está expresso no Art. 4º da Constituição Federal, é possível afirmar que o Brasil deve considerar que a soberania sempre exterioriza a supremacia estatal? → A soberania só pode ser entendida como supremacia, quando nos referimos ao território nacional, nas relações internamente constituídas, o que pode ser extraído do artigo 1º, I, da Constituição federal. Nas relações internacionais, a soberania deve ser entendida como independência, já que os Estados estão em situação de igualdade e se obrigam ao cumprimento de normas internacionais se assim pactuarem em acordos, tratados e convenções internacionais, o que se observa no artigo 4º, I, IV e V, da Constituição. AULA 07: Considere a hipótese: O Premier da Alemanha propõe que a Comunidade Européia se transforme em uma federação enquanto que o Premier da França contrapropõe que ela se transforme em uma confederação. Ambos querem estabelecer um vínculo jurídico, entre aqueles estados europeus, mais forte que o Tratado de Maastrich. Do ponto de vista da natureza dos vínculos jurídicos propostos, o que os diferenciaria? → A diferença principal está relacionada com a soberania dos Estados. Se na federação os estados europeus perderiam a soberania, em prol da soberania oriunda de sua união, passando à soberania ser atribuída apenas ao Estado Federal e os demais entes federativos são dotados de autonomia político-administrativa, na confederação os Estados conservariam a sua soberania, podendo exercer o direito de secessão. Ressalte-se também o caráter definitivo do modelo federativo e sua instituição por uma constituição federal e o caráter temporário da forma confederativa, criada por um Tratado Internacional. AULA 08: Após superar uma ditadura e iniciar um processode redemocratização determinado país “P” resolve elaborar uma nova constituição. Embora estivesse definido que se organizariam pela via federativa, houve uma divisão política quanto à forma de governo a ser assumida: por um lado, os mais tradicionalistas requerendo o retorno à monarquia que deu origem ao surgimento do país no Século XVIII; e, por outro lado, os que defendem uma república de viés democrático, evitando estabelecer qualquer resquício personalista ao poder. A disputa se acirra e o representante da Família Real, figura carismática e bastante conhecido entre a população local, percebendo que os constituintes estão inclinados a estabelecer a forma de governo republicana, passa a defender que a constituição preveja uma forma monárquica com eleições para rei, sendo que o eleito deve governar com mandato fixo de seis anos, além de responder politicamente pelos seus atos. Pergunta-se: a) A proposta do representante da família real faz algum sentido sob a perspectiva da teoria política atualmente estudada? → A afirmação não faz nenhum sentido. O conceito de monarquia por definição Pressupõe a transmissão do poder em virtude dos laços de sangue, sendo que o término do direito de ser o monarca somente ocorre com a morte ou com a comprovada ausência de condições de cumprir suas atribuições. A condução ao exercício da função de Monarca não decorre da escolha popular. Além disso, também é da definição desta forma de governo que o monarca não tenha responsabilidade política e, por isso, não necessite se explicar ao povo ou a qualquer órgão. No caso em tela, o que a Família Real estaria propondo é exatamente a assunção de uma forma de governo republicana, cujas características são: acesso ao poder por meio de sufrágio censitário ou universal, permanência limitada temporalmente por meio de mandato fixo e responsabilização do governante. b) A Constituição brasileira de 1988 permitiria uma modificação (emenda constitucional) com a finalidade de alterar a forma de governo republicana pela forma monárquica? Pesquise e responda. → A Constituição de 1988 não impede que o Brasil assuma a forma Monárquica de governo, pois não gravou a forma republicana com cláusula pétrea no art. 60 da CRFB/88. Neste sentido, apenas a forma federativa foi gravada com cláusula de imodificabilidade. Embora haja quem defenda que após o Plebiscito de 1993, em que o povo escolheu a forma republicana de governo, não poderia mais, no âmbito da presente Constituição, alterar-se a forma de governo, a maioria não pensa assim. Neste caso, embora esteja cristalizada a posição de que a forma de Estado (federativa) não possa ser alterada, a maior parte dos juristas e cientistas políticos entende que a forma (republicana) ou mesmo o sistema de governo (presidencialista) podem ainda ser alterados por meio de emenda à constituição. AULA 09: Leia a notícia abaixo, divulgada em http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2015/06/cunha-defendedebate-para-trocar-presidencialismo-por-parlamentarismo.html. (29/06/2015) Cunha defende debate para trocar presidencialismo por parlamentarismo. Para presidente da Câmara, sistema presidencialista está em 'crise'. Ele citou que, no parlamentarismo, chefe de governo pode ser destituído.(Nathalia Passarinho - Do G1, em Brasília) O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta segunda-feira (29), em visita à Assembleia Legislativa de Manaus, que o Brasil debata a possibilidade de mudar o atual sistema presidencialista pelo parlamentarismo- sistema pelo qual o chefe de governo (primeiro-ministro) é eleito pelo parlamento e pode ser destituído antes do término do mandato (...). Nós vivemos uma crise de presidencialismo. Uma crise na qual, se o sistema fosse parlamentarista, seria muito mais fácil de ser resolvida. O presidencialismo implica que você elege o governante e depois só na próxima eleição você tem condições de rever sua posição", disse. (...) Diante da reportagem acima apresentada, procure responder as seguintes questões: a) Por que razão o Presidente da Câmara afirmou que no sistema parlamentarista o Primeiro -Ministro pode ser destituído antes do término do mandato? → O chefe de Governo depende do Poder Legislativo para se manterno poder e, por isso, a queda do gabinete pode ocorrer a qualquer momento, a partir de um voto de desconfiança do parlamento. Assim, os Poderes Executivo e Legislativo se entrelaçam de tal maneira que ocorrendo eventual descontentamento com as decisões políticas do Poder Executivo, a maioria do Poder Legislativo pode exigir a queda desse Poder Executivo (Gabinete e Primeiro-Ministro), a partir de um voto de desconfiança. Logo é correto afirmar que o prazo do mandato do Poder Executivo é indeterminado. b) Estaria correta a afirmação do Presidente da Câmara quando afirma que no presidencialismo ao se eleger o governante, somente na eleição seguinte o povo teria condições de rever sua posição? Pesquise e responda de forma fundamentada. → Pode-se dizer que possui parcial razão. Embora o mandato presidencial tenha prazo determinado constitucionalmente, de quatro anos e uma vez eleito pelo povo, inexiste a destituição pelo Congresso Nacional a partir de um voto de desconfiança ou moção de censura. Porém, tem-se o instrumento do impeachment, no qual o Chefe do Poder Executivo pode vir a ser destituído do cargo se condenado por crime de responsabilidade, nos termos do que estabelece o Art. 52, II combinado com o Artigo 85, ambos da Constituição Federal de 1988. c) O que é o recall? O Brasil adota este instituto? → O Recall é importante instrumento jurídico da democracia direta ou participativa, consagrando-se o direito de revogação da representação política e possibilitando a correção de rumo em caso de erro de escolha no período das eleições. Porém, é importante salientar que por falta de previsão constitucional o sistema constitucional brasileiro não se utiliza deste instituto jurídico, que daria ao eleitorado a possibilidade de revogar o mandato. AULA 10: Após inúmeras manifestações populares exigindo ampliação de participação dos cidadãos no processo político do País “P”, os governantes, assustados com tais eventos, dão início a uma reforma política que tem por objetivo alterar algumas regras estabelecidas na Constituição de “P”. Nesta, atualmente, há previsão para que apenas os homens com idade igual ou superior a 21 anos possam votar, sendo que a proposta é a de que o voto seja passível de ser exercido por homens e mulheres com idade igual ou superior a 18 anos. Além desta alteração outras mais poderão ser propostas pelos atuais parlamentares, que, simbolicamente, representam a vontade do povo de “P”?. Diante do quadro apresentado, e considerando a leitura de seu livro de Ciência Politica, responda: a) A alteração da idade mínima para exercício do voto pode ser considerada uma medida que amplia o grau de democracia de “P”? → Se considerarmos que a inclusão do maior número de participantes foi um dos critérios considerados por Robert Dahl (recentemente falecido, mas reconhecido como um dos grandes estudiosos do fenômeno democrático) como relevantes para medir o grau de democracia de uma determinada comunidade política, temos que a diminuição da idade mínima proposta pode sim, representar o aumento do grau de democracia em “P”. Isto porque o número de cidadãos que participarão do processo de formação da vontade coletiva será maior e com isso, um percentual maior da população atuará politicamente b) A vontade popular manifestada por meio de parlamentares é admitida dentro de um quadro teórico democrático? Se sim, seguindo que modelo de democracia, a dos antigos ou a dos modernos? Justifique. → Sim. Democracia dos modernos. Como se sabe, a democracia dos modernos fundamenta-se em um sistema de controle e limitação, com base na transmissão representativa do poder do povo a seus representantes, que passam a exercer mandatos políticos, representando a vontade da cidadania. É o exato caso do exercícioem tela. A democracia dos antigos só seria observável se os próprios cidadãos pudessem, per si, apresentar, discutir e aprovar suas propostas, seguindo o modelo de participação direta, no qual o cidadão exercita pessoalmente seus direitos políticos c) A manifestação nas ruas pode ser considerada como exercício democrático ou a democracia somente deve ser reconhecida pela manifestação institucional do voto? Justifique sua resposta. → Certamente que sim. A democracia nos dias de hoje pode ser pensada também dentro dos quadros organizacionais ou institucionais não estatais. Nas concepções de democracia na atualidade, para aferição de qual o grau de democratização vivencia uma determinada sociedade, devem ser levados em conta não somente a participação prevista nos instrumentos institucionais (constituições, leis, eleições, etc.), mas também a participação do grupo social em manifestações não-institucionalizadas que tenham por fim manifestar posições relacionadas ao interesse da coletividade. A manifestação não institucional observada no caso acima, respeitando premissas básicas de respeito ao princípio da não-violência, bem representa esta ideia, sendo que é possível até mesmo entender que seu caráter espontâneo melhor se coaduna com a ideia de autonomia coletiva que deve estar presente no ideal democrático.
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