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Caso Eliete

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE “Z”.
CLARICE, profissão, naturalidade, nacionalidade, inscrito sob CPF, RG. Vem por seu advogado devidamente representada com procuração anexa, pelo rito ordinário mover em face de Dolores Gertrudes, Viúva, profissão, naturalidade, nacionalidade, inscrita sob CPF, RG, AÇÃO DE INTERDIÇÃO C/C TUTELA DE URGÊNCIA, com fulcro no art. 747, II c/c art. 300 ambos Código de Processo Civil pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
DOS FATOS
A ré, que é viúva e conta com idade de 92 (noventa e dois) anos, reside com sua filha, ora autora, a quem compete prestar-lhe toda a assistência material necessária. Em virtude da idade avançada, a ré possui diversas limitações mentais, necessitando do auxílio da autora para lhe dar banho, alimentá-la e ministrar-lhe os vários remédios que controlam sua depressão, mal de Alzheimer e outras patologias psíquicas, conforme relatórios médicos emitidos por Hospital Público Municipal (documento 02). Vale destacar que a ré não tem mais condições de exercer pessoalmente os atos da vida civil, de tal modo que a pensão que recebe do INSS é fundamental para cobrir as despesas com medicamentos, ficando as demais despesas suportadas por sua filha, ora autora
Foi recebida na residência da requerente correspondência do INSS comunicando que a interditanda deveria comparecer ao posto mais próximo para o seu recadastramento do cartão do benefício, sob pena de suspensão do pagamento no caso de ausência da parte interditanda. Ora, diante dos óbices supra narrados, físicos e mentais, fica evidente que a ré não tem mais condições de praticar qualquer ato da vida civil, incorrendo em hipótese de incapacidade absoluta, inapta a reger sua pessoa e administrar seus bens, correndo até mesmo o risco de perder os seus benefícios previdenciários, o que só aumentará seus problemas.
Assim, não sobram alternativas à autora senão socorrer-se da tutela jurisdicional do Estado para que a ré seja interditada, incumbindo-lhe a administração de sua vida civil doravante.
DO DIREITO
Diante dos fatos, conclui-se que a ré é relativamente incapaz para os atos da vida civil, conforme o art. 4º, III, do Código Civil, uma vez que não tem o necessário discernimento para os atos da vida civil. No entanto há de ser interditada, com a nomeação de um curador, a quem incumbirá sua representação, à luz do que prevê o art. 1.767, I, do Código Civil, assim disposto:
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
Deve-se destacar, na oportunidade, que a autora tem legitimidade ativa para esta ação judicial. Com efeito, ostentando a condição de filha (documento 04), se enquadra no conceito de “parente”, em observância ao art. 1.768, II, do Código Civil; e art. art. 747, II, do CPC
DO PEDIDO DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
A providência aqui pleiteada, diante da situação de urgência, há de ser antecipada por Vossa Excelência, deferindo-se a curatela provisória à autora, até deliberação final. Com efeito conforme o art. 300 do CPC:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo
No caso em tela, a prova inequívoca resulta da documentação juntada, que demonstra claramente não apenas a legitimidade da autora, mas especialmente as condições de saúde psíquica da ré, sem prejuízo de deixar claro que depende dos benefícios previdenciários para sua mantença.
Por outro lado, existe fundado receio de dano irreparável, pois, caso a ré não compareça ao posto da autarquia mais próximo para recadastramento e retirada de novo cartão de benefício previdenciário, terá suspenso o pagamento.
Assim sendo, é de todo conveniente a imediata nomeação da autora como curadora provisória da ré, inaudita altera pars, até decisão final deste juízo.
DO PEDIDO
Ante exposto, a presente ação deve ser julgada totalmente procedente para os fins de se interditar a ré Dolores Gertrudes, nomeando como sua curadora a autora Clarice.
Requer ainda:
a citação da interditanda para o interrogatório perante Vossa Excelência, designando-se data para o ato, na forma do art. 751 do CPC;
a intimação do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito como fiscal da lei, conforme art. 178, II, do CPC;
c) seja conferida à sentença de interdição especial publicidade, expedindo-se, ainda, mandado de averbação ao Cartório de Registro de Pessoas Naturais, na forma do art. 755, § 3º do CPC; e
seja confirmada, em sentença, a antecipação dos efeitos da tutela.
A autora provará o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pela realização de inspeção judicial.
Atribui-se à causa o valor de R$, para fins de alçada.
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade “Z”, 10 de setembro de 20117
Advogado
OAB/

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