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Aula 10 Jurisprudências STF e STJ: Leis Penais, Direito Penal e Processo Penal p/ Carreiras Policiais Professores: Alexandre Herculano, Vinicius Silva Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 57 Aula 10 ± Crimes da Lei 8.666/93 e Crimes Contra a Administração Pública (parte 1) SUMÁRIO PÁGINA 1. Crimes da Lei 8.666/93 1 2. Crimes Contra a Administração Pública (parte 1) 17 3. Questões propostas 41 4. Questões comentadas 46 5. Gabarito 57 1. Crimes da Lei nº 8.666/93 Olá meus amigos e amigas que estão se preparando para provas das carreiras policiais, hoje vamos verificar mais uma lei penal especial de grande relevância para carreiras policiais, principalmente para carreiras policiais. Estamos falando da Lei de Licitações e Contratos, a famosa Lei nº. 8.666/93, que é cobrada em todos os concursos das carreiras policiais, seja na parte de Direito Administrativo, seja na parte de Legislação Penal Especial. Quem está se preparando para carreiras policiais federais como, por exemplo PF e PRF, deve ficar atento aos crimes dessas leis, principalmente o pessoal da PF, pois a Polícia Federal investiga muito esse tipo de delito, Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 57 A primeira coisa que você deve ter em mente é a legislação correlata aos crimes no CP, como forma de se preparar para o entendimento da jurisprudência do STF e STJ acerca do tema. Assim, vamos dar enfoque na Lei 8.666/93 na sua parte criminal e depois vamos verificar quais os principais julgados que versam sobre o tema. Primeiramente, para ambientar vocês aos crimes cuja jurisprudência será comentada aqui vamos verificar qual a lei seca correspondente. Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 57 Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 57 adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais. Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 57 Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá- lo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 57 Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; III - entregando uma mercadoria por outra; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida; V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 57 Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração. Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 57 índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente. § 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. § 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal. Veja que a lei prevê algumas condutas típicas, geralmente, que atentam contra o caráter competitivo do processo licitatório, que visa dar igualdade de condições a todos que queiram contratar com a administração pública. Algumas condutas ainda se mostram atentatórias à boa gestão da Administração e ainda procuram evitar que se tenha outras formas ilegais de obtenção de vantagens por parte dos participantes dos processos licitatórios. Vamos agora trabalhar alguns julgados relativos aos crimes acima. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 57 O primeiro julgado que vamos comentar tem relação com a contratação de escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação e mesmo assim o procedimento não esteja eivado de ilegalidade. O STF estabeleceu alguns requisitos para que pudesse ser válida a contratação direta. Vejamos: O STF ao julgar denúncia contra ex-prefeito pela prática do crime do art. 89 da Lei nº. 8.666/93. Estabeleceu alguns requisitos para que seja reputada válida a contratação direta de escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação, os requisitos são os seguintes: x É necessário que se instaure um procedimento administrativo formal; x Deverá ser demonstrada a notória especialização do profissional a ser contratado; x Deverá ser demonstrada a natureza singular do serviço; x Deverá ser demonstrado que é inadequado que o serviço a ser contratado seja prestado pelos integrantes do Poder Público (no caso, pela PGM); e x O preço cobrado pelo profissional contratado deve ser compatível com o praticado pelo mercado. Sendo cumpridos esses requisitos, não há que se falar em crime do art. 89 da Lei nº. 8.666/93. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 57 STF. 1ª Turma. Inq 3074/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/8/2014 (Info 756). O crime mais comum em provas e no dia a dia forense é o do art. 89, pois é através dele que muitos administradores públicos procuram UHHPEROVDU�RV� ³SDWURFtQLRV´�TXH�DOJXPDV�HPSUHVDV�SULYDGDV�RX�SHVVRDV� físicas realizam em prol de suas campanhas políticas. Escritórios de advocacia geralmente exercem um papel muito relevante nesse contexto. O que o gestor público faz para reaver todo o patrocínio nas causas decorrentes das campanhas políticas é tentar favorecer o determinado escritório por meio de contratações diretas para p patrocínio de causas que, geralmente versam sobre enormes quantias em dinheiro. Vamos agora tratar do segundo julgado, que também é sobre o crime do art. 89. PENAL. DENÚNCIA. JUSTA CAUSA. 1 - Denúncia que descreve, minuciosamente, fatos que, caso comprovados, durante a instrução, configuram violação do art. 89 da Lei nº 8.666, de 1993.2 - Efeito danoso da contratação sem licitação pública que será averiguado com base nas provas apuradas no curso da relação jurídica processual. 3 - Existe justa causa em denúncia que preenche, com base em procedimento administrativo, os requisitos para o seu recebimento, por descrever fatos que, em tese, aconteceram e são considerados ilícitos. 4 - Conselheira do Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 57 Tribunal de Contas que está sendo apontada como tendo violado o art. 89 da Lei das Licitações, por ter fatiado contrato, sem autorização legal, quando Prefeita de município, tudo para fugir da exigência do direito do certame licitatório. 5 - Denúncia recebida. (STJ - Apn: 480 MG 2006/0259090-0, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento: 06/06/2007, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJ 29/06/2007 p. 461) De acordo com o julgado acima, podemos afirmar que para que seja configurada a conduta delituosa descrita no art. 89 devemos ter o preenchimento de alguns requisitos, quais sejam: x Resultado danoso ao erário público, para que haja a consumação pois se trata de crime material. x Dolo específico de violar o procedimento licitatório, ou seja, trata- se de crime que possui elemento subjetivo especial. A pergunta que pode ser feita é a seguinte: toda vez em que o administrador público desrespeitar a lei de licitações, no que diz respeito à dispensa ou inexigibilidade de licitação, ele estará incorrendo no crime do art. 89. A resposta para a pergunta é negativa, pois de acordo com o julgado acima, não basta apenas termos uma decisão incorreta de dispensa ou inexigibilidade. Deve haver dolo específico de causar prejuízo ao erário público e além disso devemos ter comprovadamente o prejuízo causado à administração pública. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 57 Outro julgado que corrobora esse entendimento é o seguinte: Para que haja a condenação pelo crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de que o agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, mesmo que a decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha sido incorreta, isso não significa necessariamente que tenha havido crime, sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do agente. STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2016 (Info 813). Portanto, muito cuidado com esse crime, pois ele é o que mais cai em provas de carreiras policiais, pois é o mais falado tanto na jurisprudência, quanto na doutrina. Passando adiante vamos sair um pouco do art. 89 e vamos verificar um julgado relativo aos crimes dos arts. 90 e 96, I, da Lei 8.666/93 e a possibilidade de haver concurso formal entre eles. Para que você lembre- se de que delitos estamos falando, vamos trazer a leis eca a respeito: Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivodo procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 57 decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; Os crimes aparentam tratar de condutas semelhantes, o que poderia, em tese, afastar a possibilidade de incidência do instituto do concurso formal, no entanto, a jurisprudência do STJ já emanou entendimento de que é possível sim e não configuraria bis in idem o caso acima. Vejamos. Não configura bis in idem a condenação pela prática da conduta tipificada no art. 90 da Lei nº. 8.666/1993 (fraudar o caráter competitivo do procedimento licitatório) em concurso formal com a do art. 96, I, da mesma lei (fraudar licitação mediante elevação arbitrária dos preços). STJ. 5a Turma. REsp 1.315.619-RJ, Rel. Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ-PR), julgado em 15/8/2013. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 57 A justificativa que o STJ deu para o caso foi a de que os tipos penais tutelam bens jurídicos distintos e por essa razão é plenamente aceitável o concurso material entre os delitos. Por um lado, no crime do art. 90 o agente busca eliminar a competição ou fazer com que esta seja apenas aparente, no crime do art. 96, I, atinge- se diretamente a licitação, elevando arbitrariamente os preços em prejuízo da Fazenda Pública. Dessa forma, caracterizadas as duas espécies delitivas, um crime não estará absorvido pelo outro. Assim, é plenamente possível o concurso material entre os delitos. Para finalizar, vamos abordar agora uma jurisprudência relativa aos efeitos da condenação no caso de crimes decorrentes da lei de licitações. Em relação às sanções administrativas, temos um dispositivo penal muito relevante, que é o do art. 83: Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo. Note que há perda do cargo no caso de cometimento de crimes definidos na lei de licitações e contratos. Fique ligado que anda que tentados os crimes sujeitam seus agentes à esse tipo de sanção. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 57 Vamos verificar agora a jurisprudência do STJ sobre o tema. Trata- se de um REsp de 2012, no qual foi possível estabelecer algumas conclusões para o caso acima. Vejamos. RECURSO ESPECIAL. PENAL. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E TUTELA JUDICIALRELATIVA À LEI N. 8.666/1993, ARTS. 83 E 89. PREFEITO. LICITAÇÃODISPENSADA INDEVIDAMENTE. CONDENAÇÃO DO AGENTE PÚBLICO. PERDA DEMANDATO. RECONDUÇÃO AO CARGO MEDIANTE ELEIÇÃO POPULAR. INVESTIDURAORIGINÁRIA. DIPLOMAÇÃO CONCEDIDA PELO JUÍZO ELEITORAL. NECESSIDADEDE MOTIVAÇÃO CONCRETA PARA AFASTAMENTO DE CARGO PÚBLICO. 1. Cinge-se a controvérsia à possibilidade de efeitos extrapenais do decisum condenatório de agente político (prefeito) alcançarem novo mandato - recondução ao cargo público obtida por meio de eleições democráticas -, a provocar o afastamento do cargo atual (arts. 83 e89 da Lei n. 8.666/1993). 2. No caso, ao contrário da pretensão recursal - em relação ao pedido de afastamento de prefeito eleito para novo mandato -, o acórdão estadual não violou o art. 83 da Lei n. 8.666/1993, pois, se fosse julgado e condenado em 2001, ao tempo em que era prefeito (mandato de 2001 a 2004), não resta dúvida de que perderia o mandato eletivo, em decorrência do previsto no art. 83 da Lei n. 8.666/1993.3. Com a eleição para prefeito em 2009, firmou-se nova investidura originária, com outra diplomação concedida pelo juízo eleitoral -para período de mandato eletivo diverso (2009 a 2012). Consequentemente, não pode perder o Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 57 cargo por um fato anterior, cometido em 2001, porque aquele período de mandato eletivo já se encontra encerrado, desde o ano de 2004.4. A norma de regência determina a perda do mandato eletivo. Logo, por óbvio, o cargo em questão só pode ser aquele que o infrator ocupava à época da conduta típica. Em outros termos, caso o servidor ou agente político se mantivesse no mesmo cargo, ceteris paribus, até o decisum condenatório, perderia-o em razão do disposto no art. 83 da Lei n. 8.666/1993. Hipótese inexistente in casu. 5. Exige-se, em acréscimo, para a conveniente adequação dos efeitos da condenação penal, que o decisum seja revestido de motivação concreta para o afastamento do mandato eletivo (art. 92, parágrafo único, do CP).6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, improvido. (STJ - REsp: 1244666 RS 2011/0046545-1, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 16/08/2012, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/08/2012) Resumindo a ideia do julgado acima, podemos afirmar que: 1. A perda do cargo cinge-se ao cargo ocupado por ocasião do crime cometido e não a outros cargos eventualmente ocupados. 2. Os efeitos do art. 83 não são automáticos, devendo a autoridade judiciária devidamente fundamentar a sua decisão, expondo os motivos que a levaram a imposição dessa sanção. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 57 Enfim, esses são os delitos da lei 8.666/93 na visão da jurisprudência do STJ e do STF, focados em concursos. 2. Crimes Contra a Administração Pública (parte 1) Meus amigos, antes de entrar nos crimes propriamente ditos, faz- se necessário saber o conceito de funcionário público, pois será de grande importância para o entendimento da aula. Assim determina o art. 327 do Código Penal: ³Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - A pena será aumentadada terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 57 direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)´ Pessoal, o nosso Código Penal adotou a noção ampliada do conceito de funcionário público discutido no âmbito do Direito Administrativo. E foi mais longe. Não exige, para caracterizá-lo, nem sequer o exercício profissional ou permanente da função pública. Verifica-se que o funcionário público, diante do art. 327, caracteriza-se pelo exercício da função pública. Portanto, o que importa não é a qualidade do sujeito, de natureza pública ou privada, mas sim a natureza da função por ele exercida. ³$� FRQGLomR� GH� 'HSXWDGD� (VWDGXDO� QmR� VH� FRQIXQGH� Fom a qualidade funcional ativa exigida pelo tipo penal previsto no art. 312 do Código Penal, que leva em consideração, entre outras condicionantes, a circunstância de o agente ser funcionário público. A quebra do dever legal de representar fielmente os anseios da população e de quem se esperaria uma conduta compatível com as funções por ela exercidas, ligadas, entre outros aspectos, ao controle e à repressão de atos contrários à administração e ao patrimônio públicos, distancia-se, em termos de culpabilidade, da regra geral de moralidade e probidade administrativa imposta a todos os funcionários públicos, cujo conceito Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 57 está inserido no art. 327 do Código Penal. Daí ser possível a elevação da pena-base em razão do grau de responsabilidade do cargo exercido pelo agente ���IDVH���VHP�TXH�LVVR�LPSRUWH�HP�ELV�LQ�LGHP�´��5+&��������- AgR, rel min. Teori Zavascki, julgamento em 10-2-2015, Segunda Turma, DJE de 2-3-2015.) ³e�SRVVtYHO�D�DWULEXLomR�GR�FRQFHLWR�GH�IXQFLRQiULR�S~EOLFR�FRQWLGD�QR�DUW�� 327 do CP a juiz federal. É que a função jurisdicional é função pública, pois consiste atividade privativa do Estado-juiz, sistematizada pela Constituição e normas processuais respectivas. Consequentemente, aquele que atua na prestação jurisdicional ou a pretexto de exercê-la é IXQFLRQiULR�S~EOLFR�SDUD� ILQV�SHQDLV�´� �5+&���������� UHO��PLQ��/XL]�)X[�� julgamento em 19-8-2014, Primeira Turma, DJE de 30-9-2014). Assim, o exercício de uma função pública, ou seja, aquele inerente aos serviços prestados pela Administração Pública, não pode ser confundido com o múnus público, entendido como encargo ou ônus conferido pela lei e imposto pelo Estado em determinadas situações, a exemplo do que ocorre com tutores, curadores, etc. Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, pois só podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de delito, a lei exige do indivíduo uma condição ou situação específica. Os crimes funcionais classificam-se em: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 57 9 próprios - são aqueles cuja ausência da qualidade de funcionário público torna o fato atípico. Ex: prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal. Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não era funcionário público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum outro crime. Observa-se que a qualidade do sujeito ativo aparece como elemento do tipo penal. 9 impróprios - a ausência da qualidade especial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal. Ex: concussão ± Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário público, o crime é de extorsão. Então, pessoal, considera-se Funcionário Público para fins penais: 9 Cargo público ± ex: estatutário; 9 Emprego público ± ex: celetista; 9 Função pública ± cumpre um dever para com a Administração; 9 Embora transitoriamente e sem remuneração. Ex.: jurado, mesário; 9 Estagiário é funcionário público para fins penais, mesmo sendo de Autarquia, assim considerou o STJ; 9 O Administrador Judicial é funcionário público para fins penais? Não exerce função pública, mas encargo público Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 57 (múnus público). Outros exemplos: inventariante dativo, tutor dativo, curador dativo. 9 E o advogado dativo? Questão divergente, mas para o STJ é tranquilo o entendimento de que ele exerce função pública, pois remunerado pelo Estado, fazendo tarefa própria da Defensoria Pública, ente estatal. Equiparam-se a funcionário público quem: 9 Exerce cargo, emprego, função em entidade paraestatal. Ex: empresa pública. 9 Trabalha para empresa prestadora de serviço contratada. 9 Empresa conveniada. Pessoal, a lei não falou nada sobre a autarquia, como fica? Não está prevista e não pode ser acrescentada para não configurar analogia in malam partem. Autarquia no sentido amplo foi esquecida pelo legislador, mas fiquem atentos, pois, como disse acima, já teve decisão do STJ considerando o estagiário de Autarquia funcionário público, para efeito do art. 327 do CP. Os chefes do Poder Executivo municipal - Prefeito, estadual- Governador e federal ± Presidente da República têm como escapar dessa causa de aumento? Vejamos posição do STF: "o chefe do Executivo Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 57 exerce função de direção do órgão da Administração Direta, por isso não há como escapar da majorante". Bem, visto isso, vamos abordar alguns tipos penais. A primeira parte menciona os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em Geral, assim, inicia-se pelo crime de peculato. Esse delito, segundo a doutrina, apresenta quatro espécies: 1. Peculato-apropriação ± art. 312, caput, 1ª parte; 2. Peculato-desvio ± art. 312, caput, 2ª parte; 3. Peculato-furto ± art. 312, § 1º = peculato impróprio; 4. Peculato-culposo ± art. 312, § 2º ± é o único crime culposo funcional. ³DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionáriopúblico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 57 alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa." O peculato-apropriação encontra-se no rol dos delitos funcionais impróprios, haja vista que, basicamente, o que o especializa em relação ao delito de apropriação indébita, previsto no art. 168 do CP, é o fato de ser praticado por funcionário público em razão do cargo. No crime de peculato, o conceito de posse abrange também a disponibilidade jurídica da coisa, ou seja, possibilidade de livre disposição que ao agente faculta, legalmente, o cargo que desempenha. Dessa forma, não só tem a posse o funcionário que detém o poder material o direito de disposição do bem, mas também seu chefe e superior hierárquico que dele pode dispor mediante ordem. Assim, posse Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 57 e cargo devem ter uma relação direta, ou seja, uma relação de causa e efeito. A segunda parte do art. 312 prevê o peculato-desvio. Nesse caso o agente não atua no sentido de inverter a posse da coisa, agindo como se fosse o dono, mas sim desvia o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito próprio ou alheio. ³2�peculato desvio caracteriza-se na hipótese em que terceiro recebe armas emprestadas pelo juiz, depositário fiel dos instrumentos do crime, acautelados ao magistrado para fins penais, enquadrando-se no conceito de funcionário público. In casu, juiz federal detinha em seu poder duas pistolas apreendidas no curso de processo-crime em tramitação perante a vara da qual era titular. Ao entregar os armamentos, a policial federal desviou bem de que tinha posse em razão da função em proveito deste, emprestando-lhe finalidade diversa da pretendida ao assumir a função de GHSRVLWiULR�ILHO�´��5+&����������UHO��PLQ��/XL]�)X[��MXOJDPHQWR�HP���-8- 2014, Primeira Turma, DJE de 30-9-2014). ³2� VLPSOHV� IDWR� GH� FLGDGmR� DVVLQDU� FRQYrQLR� FRPR� WHVWHPXQKD� QmR� sinaliza participação em desvio de verbas públicas, ocorrido na execução de obra. (...) No peculato-desvio, exige-se que o servidor público se aproprie de dinheiro do qual tenha posse direta ou indireta, ainda que mediante mera disponibilidade jurídica. O fato de não constar da denúncia o modo relativo ao núcleo do tipo, não sendo para tanto Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 57 suficiente o grau de parentesco com sócios da cessionária, impossibilita o UHFHELPHQWR� GD� SHoD�´� �,QT� ������� UHO�� PLQ�� 0DUFR� $XUpOLR�� MXOJDPHQWR� em 15-5-2014, Plenário, DJE de 10-6-2014.) Meus caros, essas duas modalidades são conhecidas como peculato próprio. Entretanto, existe outra modalidade de peculato reconhecida como imprópria, que ocorre na hipótese do chamado peculato-furto. Aqui o delito reside no fato de ser praticado por funcionário público, pois, caso contrário haverá a desclassificação do crime de furto (art. 155 do CP). Quanto ao peculato culposo, cabe ressaltar que se for reparado o dano até a sentença irrecorrível, será extinta a punibilidade, e caso seja reparado posteriormente o agente terá a pena reduzida de metade. Algumas informações são muito importantes para prova de vocês. No caso de peculato de uso não será punido, podendo o agente responder por ilícito administrativo. Outra coisa, nos crimes contra a Administração Pública não cabe o princípio da insignificância, assim tem sido o entendimento dos tribunais. E, para fechar essa parte o particular é levado a condição de funcionário público quando pratica o crime em concurso com o servidor público, desde que aquele saiba da condição desse. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 57 "Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena ± detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)" Quanto ao crime de inserção de dados falsos ao sistema de informações, é preciso saber que inicialmente, prevê o tipo penal dois Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 57 comportamentos: ou é o próprio funcionário autorizado que insere os dados falsos, ou seja, é ele que introduz, coloca ou facilita para que terceira pessoa leve a efeito sua inserção. Na segunda modalidade de comportamento, a conduta do funcionário autorizado é dirigida no sentido de alterar ou excluir, indevidamente, dados verdadeiros. Esse delito é conhecido doutrinariamente como peculato-eletrônico, em razão do modo pelo qual o delito é praticado. No caso do art. 313 B, ao contrário do que ocorre com o tipo penal anterior, que exigia uma qualificação especial do funcionário (autorizado), basta que seja funcionário. É importante, também,saber que ocorrido essas condutas, as penas poderão ser aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Pessoal, como fiz nos crimes Contra Pessoa e Patrimônio, focarei os crimes que mais têm caídos nas provas, mas, não exime vocês de lerem a literalidade, onde destacarei os principais pontos, vamos lá! "Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave." Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 57 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa." "Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exação § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa." No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 57 momento da exigência da vantagem indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente. STJ. 5ª Turma. HC 266.460-ES, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 Então, aqui mais um crime cometido por funcionário público, e para tal conduta exige que esse esteja: 9 no exercício da função; 9 fora da função, mas em razão dela. Ex: em férias; e 9 particular na iminência de assumir função pública (faltam apenas etapas burocráticas. Ex: definir a data da posse, diplomação, exame médico, etc)�� ³&DUWHLUDGD� FRP�'LiULR� 2ILFLDO´�� Esse caso é um caso excepcional, em que o particular pode funcionar como sujeito ativo. A concussão é crime em que o funcionário público, valendo-se do respeito ou mesmo receio que sua função infunde, impõe à vítima a concessão de vantagem a que não tem direito. Há violação da probidade do funcionário público e abuso da autoridade ou poder de que dispõe. São, portanto, elementos da concussão: (a) exigência de vantagem indevida; (b) que esta vantagem tenha como destinatário o próprio concussionário ou então um terceiro; e (c) que a exigência seja ligada à Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 57 função do agente, mesmo que esteja fora dela ou ainda não a tenha assumido. Quero chamar a atenção de vocês para seguinte: se o delito é praticado por fiscal de rendas, o crime será o do Art. 3º, II, Lei 8.137/90 ± princípio da especialidade. É CRIME FUNCIONAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, não contra a Administração, ok? Então, se a vantagem indevida for constituir em tributo ou contribuição social o delito será o do Art. 316, § 1º, será o crime de excesso de exação. Se a vantagem indevida não for tributo ou contribuição social teremos o abuso de autoridade! E o médico do SUS que cobra pagamento adicional do paciente pratica que crime? Bom, vejamos três hipóteses: 9 o médico exige do paciente o pagamento adicional para realizar operação cirúrgica - concussão ± Art. 316, CP; 9 o médico solicita do paciente a verba adicional - corrupção passiva ± Art. 317, CP; 9 o médico engana o paciente simulando ser devido o pagamento - estelionato ± Art. 171, CP. "Crime de concussão. Exigência de pagamento para realização de cirurgia de urgência. (...) O médico particular, em atendimento pelo SUS, equipara-se, para fins penais, a funcionário público. Isso por efeito da regra que se lê no caput do art. 327 do CP." (RHC 90.523, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 19-4-2011, Segunda Turma, DJE de 19-10- Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 57 2011.) No mesmo sentido: HC 97.710, rel. min. Eros Grau, julgamento em 2-2-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010. "Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Em síntese, na corrupção passiva, o servidor público comercializa sua função pública. Sujeito ativo do crime é o funcionário público, sem distinção de classe ou categoria, podendo ser típico ou equiparado (art. 327 do CP), ainda que afastado do seu exercício. Também aquele que ainda não assumiu o seu posto (aguarda a posse, por exemplo), mas em razão do cargo, solicita ou recebe a vantagem ou promessa de vantagem indevida, pratica o delito de corrupção. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 57 ³2� UHFHELPHQWR�GH�SURSLQD�constitui o marco consumativo do delito GH�FRUUXSomR�SDVVLYD��QD�IRUPD�REMHWLYD�ÄUHFHEHUʦ��VHQGR�LQGLIHUHQWH�TXH� VHMD�SUDWLFDGD�FRP�HOHPHQWR�GH�GLVVLPXODomR�´��$3����-EI-sextos, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, julgamento em 13-3-2014, Plenário, DJE de 21-8-2014.)São três as condutas típicas que caracteriza corrupção passiva: solicitar (pedir) vantagem indevida; receber referida vantagem; e, por fim, aceitar promessa de tal vantagem, anuindo com futuro recebimento. No verbo solicitar, a corrupção parte do intraneus (servidor público corrupto). Aqui reside a diferença marcante entre os crimes de corrupção passiva e concussão, a qual vimos anteriormente. A ação do funcionário, no caso da concussão, representa uma exigência, e, no caso da corrupção passiva, representa uma solicitação (pedido). Já nos verbos receber e aceitar promessa, a iniciativa é do corruptor (particular, ou seja, extraneus). Todas as condutas típicas acabam por enfocar a mercancia do agente com a função pública. Para a existência do crime deve haver um nexo entre a vantagem solicitada ou aceita e a atividade exercida pelo corrupto. Assim, embora funcionário público, caso não seja o agente competente para a realização do ato comercializado, não há que se falar em crime de corrupção, podendo ocorrer exploração de prestígio, estelionato, etc. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 57 É preciso saber, ainda, que classifica-se como imprópria a corrupção que visa a prática de ato legítimo (oficial de justiça que solicita vantagem para realizar o legítimo ato processual), e, como própria, a que tiver por finalidade a realização de ato injusto (solicitar vantagem para facilitar fuga de preso). Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de vantagem, o crime é de natureza formal, consumando-se ainda que a gratificação não se concretize. Já na modalidade receber, o crime é material, exigindo efetivo enriquecimento ilícito do autor (o resultado). A corrupção passiva, em regra, não pressupõe a ativa, salvo nas modalidades receber (que pressupõe oferecer) e aceitar promessa (que pressupõe prometer). A modalidade solicitar, portanto, não pressupõe a corrupção ativa. Prevalece ser possível a tentativa apenas na modalidade solicitar, quando formulada por meio escrito (carta interceptada). O corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica com infração do dever funcional, pune-se mais severamente. Aqui, o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor. Caso a violação praticada pelo agente público constitui, por si só, um novo crime, haverá concurso formal ou material (a depender do caso concreto) entre a corrupção passiva e a infração dela resultante. Nessa hipótese, no entanto, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário estaríamos no campo do bis in idem. Exemplo: funcionário solicita vantagem para facilitar fuga de preso. Já está consumado o crime Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 57 de corrupção passiva. Se o corrupto, efetivamente, facilitar a fuga do preso, responde pelo art. 317, caput, em concurso material com o art. 351, ambos do CP. No § 2º do art. 317 temos a corrupção passiva privilegiada (de menor potencial ofensivo). Nesta figura, o agente, sem visar satisfazer interesse próprio (pois, do contrário, haveria prevaricação), cede a pedido, pressão ou influência de outrem. É o caso dos famigerados "favores" administrativos. "Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)" No caso acima, exige a lei penal que o fato não somente seja praticado por funcionário público, mas, sim, por aquele que tenha o dever funcional de evitar o contrabando ou descaminho. Pessoal, vocês vão ver a frente o tipo, mas para adiantar, o contrabando ocorre no caso da mercadoria proibida, já o descaminho, no caso de mercadoria aceita no país, mas que não foi devidamente taxada os impostos. Por exemplo: um cidadão vai ao Paraguai e compra um "iphone", e ao atravessar não passa pela alfândega, nesse caso, ao ser pego, poderá responder pelo crime de descaminho e não contrabando. Mas, cuidado, pois no crime de Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 57 descaminho, existe decisão do STF aplicando o princípio da insignificância quando os delitos não ultrapassem o limite de R$ 10.000,00, entretanto, já tem julgado admitindo o limite de R$ 20.000,00. Isso na esfera penal, ok? Segundo a posição atual do STJ, o pagamento do tributo devido NÃO extingue a punibilidade do crime de descaminho. STJ. 5" Turma. RHC 43.558-SP, Rei. Min. Jorge Mussi,julgado em 5/2/2015 (lnfo 555). "Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano." Para que se configure o delito de prevaricação, o comportamento deve ser praticado de forma indevida, ou seja, contrariamente àquilo que Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 57 era legalmente determinado a fazer, infringindo o seu dever funcional. Outra coisa, é inepta a denúncia, em crime de prevaricação, que não especifica o interesse ou o sentimento pessoal que o acusado buscou satisfazer, pois, já decidiu STJ que dificuldades burocráticas não se confundem com retardamento doloso. "Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Advocacia administrativa Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa." No crime de condescendência criminosa, o núcleo "deixar" pressupõe um comportamento omissivo por parte do agente, cuidando- se, outrossim, de um crime omissivo próprio. Da mesma forma, a segunda conduta prevista no tipo "não levar o fatoao conhecimento da Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 57 autoridade competente" também implica uma omissão própria". E tratando-se de prática de atos que não são da competência do agente e agindo ele com o fim de facilitar interesse particular perante a Administração Pública, imperiosa se faz a condenação pelo crime de advocacia administrativa. Agora, fiquem atentos, pois não se configura esse delito quando o funcionário, por exemplo, explica ao interessado o seus direitos perante a Administração. Pois a lei proíbe, na verdade, que o funcionário assuma a "causa" do particular e pratique atos concretos que importem na sua defesa perante a Administração Pública. "Violência arbitrária Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Abandono de função Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 57 Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Violação de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I ± permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II ± se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 57 Lei nº 9.983, de 2000) Violação do sigilo de proposta de concorrência Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - 'HWHQomR��GH�WUrV�PHVHV�D�XP�DQR��H�PXOWD�´ Pessoal, prevalece, na doutrina, o entendimento no sentido de que o crime violência arbitrária foi tacitamente revogado pela Lei 4.898/1965 ± Crimes de Abuso de Autoridade, por se tratar de diploma legislativo posterior relativo à idêntica matéria. Na jurisprudência, entretanto, o cenário é diametralmente oposto. PaUD� R� 67)�� ³2� DUWLJR� ��� do Código Penal, que tipifica o crime de violência arbitrária, não foi revogado pelo artigo 3º, alínea i, GD�/HL�Q�������������/HL�GH�$EXVR�GH�$XWRULGDGH�´�� O crime de abandono de função, em que pese a imprecisão terminológica do legislador, o correto é falar-se em ³DEDQGRQR�GH�FDUJR S~EOLFR´��H�QmR�HP�³DEDQGRQR�GH�IXQomR´��SRU�XPD�VLPSOHV�UD]mR��&RPR� se sabe, esta expressão é muito mais ampla do que aquela. De fato, função pública corresponde a qualquer atividade realizada pelo Estado com a finalidade de satisfazer as necessidades de natureza pública. O núcleo do tipo é ³DEDQGRQDU´�� RX� VHMD�� ODUJDU� DOJR�� GHL[DQGR-o ao desamparo. O abandono de cargo pode verificar-se de dois modos distintos: (a) pelo afastamento do funcionário público; ou (b) pela não apresentação do funcionário público no momento adequado. O abandono de cargo deve prolongar-se por tempo juridicamente relevante, a ser Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 57 avaliado no caso concreto, pois o delito depende da comprovação do perigo de dano à Administração Pública. Vamos agora verificar algumas questões sobre o tema e ver como as bancas de concursos estão se comportando perante esse tipo de questão. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 57 3. Questões propostas 01. (ACAFE ± PCSC ± Delegado de Polícia ± 2014) Considerando as disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da vantagem oferecida. III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo. IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração. a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas II e IV estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas I, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 57 02. (CESPE ± UNB ± TCDF ± Auditor de Controle Externo ± 2014) Com base na Lei de Improbidade Administrativa, bem como nos crimes previstos na Lei de Licitações e nos crimes contra as finanças públicas, julgue os itens que se seguem. Considere que determinado agente político tenha contratado advogado sem a realização de licitação, por confiarplenamente no trabalho do causídico. Nesse caso, a contratação configura crime de dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses previstas em lei, para o qual é prescindível a comprovação do dolo específico, ou seja, a intenção de causar dano ao erário, e a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. 03. (2015 - CESPE - TCE-RN - Auditor) A respeito dos crimes contra a administração pública e do crime de responsabilidade de prefeitos e vereadores, julgue o próximo item. Segundo o entendimento do STJ, é desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo administrativo-fiscal para a configuração do crime de descaminho. 04. (2015 ± FAURGS - TJ-RS - Outorga de Delegação de Serviços Notoriais e Registrais) Sobre os crimes praticados por funcionários públicos, julgue os itens abaixo. O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da obtenção de qualquer vantagem indevida para sua consumação. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 57 05. (2015 ± CESPE ± TCU - Procurador do Ministério Público) Ainda com relação aos crimes praticados contra a administração pública, julgue os itens. O crime de abandono de função é comissivo por omissão. 06. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. Considere que Eduardo, em proveito alheio, tenha desviado material do almoxarifado de um estabelecimento penal do Distrito Federal, exclusivamente em razão de sua condição funcional, que lhe permitia contar com a total confiança de seus superiores, dos demais funcionários e dos vigilantes, além de ter livre acesso ao referido setor. Nessa hipótese, Eduardo praticou o delito de concussão. 07. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. O indivíduo que iluda, em parte, o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no país pratica o delito de descaminho. 08. (2016 ± FGV - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público ± Administrativa) Caio ocupa cargo em comissão em órgão da Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 57 administração direta, tendo se apoderado, indevidamente e em proveito próprio, de um laptop pertencente ao órgão por ele dirigido e do qual tinha a posse em razão do cargo. Diante do fato narrado, Caio deverá responder por: A) crime comum, mas não próprio, já que não pode ser considerado funcionário público; B) peculato-furto, com o aumento de pena em razão do cargo comissionado ocupado; C) peculato apropriação, com o aumento de pena em razão do cargo comissionado ocupado; D) peculato apropriação, com direito à extinção da punibilidade se devolvida a coisa ou reparado o dano antes do recebimento da denúncia; E) peculato-furto, com a redução da pena pela metade se devolvida a coisa antes do recebimento da denúncia. 09. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens abaixo. O detentor de cargo em comissão não é equiparado a funcionário público para fins penais. 10. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens abaixo. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 57 A exigência, por funcionário público no exercício da função, de vantagem indevida, configura crime de corrupção ativa. 11. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens abaixo. Caso os autores de crime contra a administração pública sejam ocupantes de função de direção de órgão da administração direta, as penas a eles impostas serão aumentadas em um terço. 12. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens abaixo. Tratando-se de crime de peculato culposo, a reparação do dano após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ocasiona a extinção da punibilidade do autor. 13. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens abaixo. Não configura crime o fato de o funcionário deixar de praticar ato de ofício a pedido de outrem se, com isso, ele não obtiver vantagem patrimonial. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 57 4. Questões comentadas 01. (ACAFE ± PCSC ± Delegado de Polícia ± 2014) Considerando as disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da vantagem oferecida. III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo. IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração. a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas II e IV estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas I, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 57 Resposta: item E. Comentário: Vamos aos comentários item por item: I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. ± item correto, basta verificar a letra fria da lei, no art. 90 da Lei 8666/93. II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da vantagem oferecida. Item correto, de acordo com o art. 95, § único da Lei 8666/93. Mais um item de pura lei seca. III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissionaldeclarado inidôneo. Item correto, nos termos do Art. 97 da Lei 8666/93. IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração. Item correto, mais uma vez de acordo com o art. 97, § único da Lei 8666/93. Veja que uma questão para o cargo de delegado de polícia exigiu apenas a memorização da letra fria da lei. 02. (CESPE ± UNB ± TCDF ± Auditor de Controle Externo ± 2014) Com base na Lei de Improbidade Administrativa, bem como nos crimes previstos na Lei de Licitações e nos crimes contra as finanças públicas, julgue os itens que se seguem. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 57 Considere que determinado agente político tenha contratado advogado sem a realização de licitação, por confiar plenamente no trabalho do causídico. Nesse caso, a contratação configura crime de dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses previstas em lei, para o qual é prescindível a comprovação do dolo específico, ou seja, a intenção de causar dano ao erário, e a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. Resposta: item incorreto. Comentário: Mais uma questão sobre o tema do crime do art. 89, da Lei n°. 8.666/93. Veja que a questão está de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ sobre o assunto. O grande lance aqui nesse problema é que a questão menciona que para a configuração do delito não é necessário o dolo específico, tampouco o efetivo prejuízo à vítima. Sabemos que isso está fora de cogitação, pois para a configuração do crime acima é necessário comprovar tanto o prejuízo quanto o dolo específico em causar prejuízo ao erário público, conforme foi apresentado na parte teórica da aula de hoje. Vamos relembrar um importante julgado referente a esse tema. Para que haja a condenação pelo crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de que o Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 57 agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, mesmo que a decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha sido incorreta, isso não significa necessariamente que tenha havido crime, sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do agente. STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 03. (2015 - CESPE - TCE-RN - Auditor) A respeito dos crimes contra a administração pública e do crime de responsabilidade de prefeitos e vereadores, julgue o próximo item. Segundo o entendimento do STJ, é desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo administrativo-fiscal para a configuração do crime de descaminho. Comentários: Vejamos um julgado do STJ sobre o assunto! ���³A consumação do delito de descaminho e a posterior abertura de processo-crime não estão a depender da constituição administrativa do débito fiscal. Primeiro, porque o delito de descaminho é rigorosamente formal, de modo a prescindir da ocorrência do resultado naturalístico. Segundo, porque a conduta materializadora GHVVH� FULPH�p� µLOXGLU¶� R�(VWDGR�TXDQWR�DR�SDJDPHQto do imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. E iludir não Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 57 VLJQLILFD� RXWUD� FRLVD� VHQmR� IUDXGDU�� EXUODU�� HVFDPRWHDU´� �+&� �������� Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 1º.02.11). No mesmo sentido: HC 120.783, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe de 11.04.14. Gabarito: C. 04. (2015 ± FAURGS - TJ-RS - Outorga de Delegação de Serviços Notoriais e Registrais) Sobre os crimes praticados por funcionários públicos, julgue os itens abaixo. O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da obtenção de qualquer vantagem indevida para sua consumação. Comentários: Isso mesmo, e já reforçado pelo STF e pelo STJ! "Crime de concussão: é crime formal, que se consuma com a exigência. Irrelevância do não recebimento da vantagem indevida (STF, HC 74009/MS)". ³Crime de concussão: trata-se a concussão de delito formal, que se consuma com a realização da exigência, independentemente da obtenção da vantagem indevida �67-��+&��������´. Gabarito: C. 05. (2015 ± CESPE ± TCU - Procurador do Ministério Público) Ainda com relação aos crimes praticados contra a administração pública, julgue os itens. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 57 O crime de abandono de função é comissivo por omissão. Comentários: Trata-se de crime omissivo próprio, pois o tipo penal descreve uma conduta omissiva. Consuma-se com o abandono do cargo por tempo juridicamente relevante, capaz de criar uma situação de perigo à Administração Pública. Gabarito: E. 06. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. Considere que Eduardo, em proveito alheio, tenha desviado material do almoxarifado de um estabelecimento penal do Distrito Federal, exclusivamente em razão de sua condição funcional, que lhe permitia contar com a total confiança de seus superiores, dos demais funcionários e dos vigilantes, além de ter livre acesso ao referido setor. Nessa hipótese, Eduardo praticou o delito de concussão. Comentários: Negativo pessoal, trata-se de peculato-desvio. A segunda parte do art. 312 prevê o peculato-desvio. Nesse caso o agente não atua no sentido de inverter a posse da coisa, agindo como se fosse o dono, mas sim desvia o Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 10 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 57 dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito próprio ou alheio. Gabarito: E. 07. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. O indivíduo que iluda, em parte, o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no país pratica o delito de descaminho. Comentários: No descaminho o núcleo do tipo é iludir, ou seja, enganar, ludibriar, frustrar o pagamento de tributo devido pela entrada ou saída de mercadoria do território nacional. Gabarito: C. 08. (2016 ± FGV - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público ± Administrativa) Caio ocupa cargo em comissão em órgão da administração direta, tendo se apoderado, indevidamente e em proveito próprio, de um laptop
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