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Apostila1 HVRDD9DC94

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Aula 10
Jurisprudências STF e STJ: Leis Penais, Direito Penal e Processo Penal p/ Carreiras
Policiais
Professores: Alexandre Herculano, Vinicius Silva
 
Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais 
Teoria e Exercícios 
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Aula 10 ± Crimes da Lei 8.666/93 e Crimes Contra a 
Administração Pública (parte 1) 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Crimes da Lei 8.666/93 1 
2. Crimes Contra a Administração Pública (parte 1) 17 
3. Questões propostas 41 
4. Questões comentadas 46 
5. Gabarito 57 
 
1. Crimes da Lei nº 8.666/93 
 
Olá meus amigos e amigas que estão se preparando para provas 
das carreiras policiais, hoje vamos verificar mais uma lei penal especial de 
grande relevância para carreiras policiais, principalmente para carreiras 
policiais. 
Estamos falando da Lei de Licitações e Contratos, a famosa Lei nº. 
8.666/93, que é cobrada em todos os concursos das carreiras policiais, 
seja na parte de Direito Administrativo, seja na parte de Legislação Penal 
Especial. 
Quem está se preparando para carreiras policiais federais como, por 
exemplo PF e PRF, deve ficar atento aos crimes dessas leis, 
principalmente o pessoal da PF, pois a Polícia Federal investiga muito esse 
tipo de delito, 
 
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A primeira coisa que você deve ter em mente é a legislação 
correlata aos crimes no CP, como forma de se preparar para o 
entendimento da jurisprudência do STF e STJ acerca do tema. 
Assim, vamos dar enfoque na Lei 8.666/93 na sua parte criminal e 
depois vamos verificar quais os principais julgados que versam sobre o 
tema. 
 
Primeiramente, para ambientar vocês aos crimes cuja 
jurisprudência será comentada aqui vamos verificar qual a lei seca 
correspondente. 
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora 
das hipóteses previstas em lei, ou deixar de 
observar as formalidades pertinentes à 
dispensa ou à inexigibilidade: 
 
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, 
e multa. 
 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre 
aquele que, tendo comprovadamente 
concorrido para a consumação da ilegalidade, 
beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade 
ilegal, para celebrar contrato com o Poder 
Público. 
 
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Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante 
ajuste, combinação ou qualquer outro 
expediente, o caráter competitivo do 
procedimento licitatório, com o intuito de 
obter, para si ou para outrem, vantagem 
decorrente da adjudicação do objeto da 
licitação: 
 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos, e multa. 
 
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, 
interesse privado perante a Administração, 
dando causa à instauração de licitação ou à 
celebração de contrato, cuja invalidação vier 
a ser decretada pelo Poder Judiciário: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
 
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a 
qualquer modificação ou vantagem, inclusive 
prorrogação contratual, em favor do 
 
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adjudicatário, durante a execução dos 
contratos celebrados com o Poder Público, 
sem autorização em lei, no ato convocatório 
da licitação ou nos respectivos instrumentos 
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com 
preterição da ordem cronológica de sua 
exigibilidade, observado o disposto no art. 
121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 
8.883, de 1994) 
 
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 
1994) 
 
Parágrafo único. Incide na mesma pena o 
contratado que, tendo comprovadamente 
concorrido para a consumação da ilegalidade, 
obtém vantagem indevida ou se beneficia, 
injustamente, das modificações ou 
prorrogações contratuais. 
 
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a 
realização de qualquer ato de procedimento 
licitatório: 
 
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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
 
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta 
apresentada em procedimento licitatório, ou 
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
lo: 
 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, 
e multa. 
 
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, 
por meio de violência, grave ameaça, fraude 
ou oferecimento de vantagem de qualquer 
tipo: 
 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos, e multa, além da pena correspondente 
à violência. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena 
quem se abstém ou desiste de licitar, em 
razão da vantagem oferecida. 
 
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Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda 
Pública, licitação instaurada para aquisição 
ou venda de bens ou mercadorias, ou 
contrato dela decorrente: 
 
I - elevando arbitrariamente os preços; 
 
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, 
mercadoria falsificada ou deteriorada; 
 
III - entregando uma mercadoria por outra; 
 
IV - alterando substância, qualidade ou 
quantidade da mercadoria fornecida; 
 
V - tornando, por qualquer modo, 
injustamente, mais onerosa a proposta ou a 
execução do contrato: 
 
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, 
e multa. 
 
 
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Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar 
contrato com empresa ou profissional 
declarado inidôneo: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incide na mesma pena 
aquele que, declarado inidôneo, venha a 
licitar ou a contratar com a Administração. 
 
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, 
injustamente, a inscrição de qualquer 
interessado nos registros cadastrais ou 
promover indevidamente a alteração, 
suspensão ou cancelamento de registro do 
inscrito: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa.Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 
89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de 
quantia fixada na sentença e calculada em 
 
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índices percentuais, cuja base corresponderá 
ao valor da vantagem efetivamente obtida ou 
potencialmente auferível pelo agente. 
 
§ 1o Os índices a que se refere este artigo 
não poderão ser inferiores a 2% (dois por 
cento), nem superiores a 5% (cinco por 
cento) do valor do contrato licitado ou 
celebrado com dispensa ou inexigibilidade de 
licitação. 
 
§ 2o O produto da arrecadação da multa 
reverterá, conforme o caso, à Fazenda 
Federal, Distrital, Estadual ou Municipal. 
 
Veja que a lei prevê algumas condutas típicas, geralmente, que 
atentam contra o caráter competitivo do processo licitatório, que visa dar 
igualdade de condições a todos que queiram contratar com a 
administração pública. 
Algumas condutas ainda se mostram atentatórias à boa gestão da 
Administração e ainda procuram evitar que se tenha outras formas ilegais 
de obtenção de vantagens por parte dos participantes dos processos 
licitatórios. 
Vamos agora trabalhar alguns julgados relativos aos crimes acima. 
 
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O primeiro julgado que vamos comentar tem relação com a 
contratação de escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação e 
mesmo assim o procedimento não esteja eivado de ilegalidade. O STF 
estabeleceu alguns requisitos para que pudesse ser válida a contratação 
direta. Vejamos: 
 
O STF ao julgar denúncia contra ex-prefeito pela prática do crime do art. 
89 da Lei nº. 8.666/93. Estabeleceu alguns requisitos para que seja 
reputada válida a contratação direta de escritório de advocacia por 
inexigibilidade de licitação, os requisitos são os seguintes: 
 
x É necessário que se instaure um procedimento administrativo 
formal; 
x Deverá ser demonstrada a notória especialização do profissional a 
ser contratado; 
x Deverá ser demonstrada a natureza singular do serviço; 
x Deverá ser demonstrado que é inadequado que o serviço a ser 
contratado seja prestado pelos integrantes do Poder Público (no 
caso, pela PGM); e 
x O preço cobrado pelo profissional contratado deve ser compatível 
com o praticado pelo mercado. 
Sendo cumpridos esses requisitos, não há que se falar em crime do art. 
89 da Lei nº. 8.666/93. 
 
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STF. 1ª Turma. Inq 3074/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 26/8/2014 (Info 756). 
 
O crime mais comum em provas e no dia a dia forense é o do art. 
89, pois é através dele que muitos administradores públicos procuram 
UHHPEROVDU�RV� ³SDWURFtQLRV´�TXH�DOJXPDV�HPSUHVDV�SULYDGDV�RX�SHVVRDV�
físicas realizam em prol de suas campanhas políticas. 
Escritórios de advocacia geralmente exercem um papel muito 
relevante nesse contexto. O que o gestor público faz para reaver todo o 
patrocínio nas causas decorrentes das campanhas políticas é tentar 
favorecer o determinado escritório por meio de contratações diretas para 
p patrocínio de causas que, geralmente versam sobre enormes quantias 
em dinheiro. 
Vamos agora tratar do segundo julgado, que também é sobre o 
crime do art. 89. 
 
PENAL. DENÚNCIA. JUSTA CAUSA. 1 - Denúncia que descreve, 
minuciosamente, fatos que, caso comprovados, durante a instrução, 
configuram violação do art. 89 da Lei nº 8.666, de 1993.2 - Efeito danoso 
da contratação sem licitação pública que será averiguado com base nas 
provas apuradas no curso da relação jurídica processual. 3 - Existe justa 
causa em denúncia que preenche, com base em procedimento 
administrativo, os requisitos para o seu recebimento, por descrever fatos 
que, em tese, aconteceram e são considerados ilícitos. 4 - Conselheira do 
 
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Tribunal de Contas que está sendo apontada como tendo violado o art. 89 
da Lei das Licitações, por ter fatiado contrato, sem autorização legal, 
quando Prefeita de município, tudo para fugir da exigência do direito do 
certame licitatório. 5 - Denúncia recebida. 
(STJ - Apn: 480 MG 2006/0259090-0, Relator: Ministro JOSÉ 
DELGADO, Data de Julgamento: 06/06/2007, CE - CORTE 
ESPECIAL, Data de Publicação: DJ 29/06/2007 p. 461) 
 
De acordo com o julgado acima, podemos afirmar que para que seja 
configurada a conduta delituosa descrita no art. 89 devemos ter o 
preenchimento de alguns requisitos, quais sejam: 
x Resultado danoso ao erário público, para que haja a consumação 
pois se trata de crime material. 
x Dolo específico de violar o procedimento licitatório, ou seja, trata-
se de crime que possui elemento subjetivo especial. 
A pergunta que pode ser feita é a seguinte: toda vez em que o 
administrador público desrespeitar a lei de licitações, no que diz respeito 
à dispensa ou inexigibilidade de licitação, ele estará incorrendo no crime 
do art. 89. 
A resposta para a pergunta é negativa, pois de acordo com o 
julgado acima, não basta apenas termos uma decisão incorreta de 
dispensa ou inexigibilidade. Deve haver dolo específico de causar prejuízo 
ao erário público e além disso devemos ter comprovadamente o prejuízo 
causado à administração pública. 
 
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Outro julgado que corrobora esse entendimento é o seguinte: 
Para que haja a condenação pelo crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, 
exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de que o 
agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, 
mesmo que a decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha 
sido incorreta, isso não significa necessariamente que tenha havido crime, 
sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do agente. 
STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
2/2/2016 (Info 813). 
 
Portanto, muito cuidado com esse crime, pois ele é o que mais cai 
em provas de carreiras policiais, pois é o mais falado tanto na 
jurisprudência, quanto na doutrina. 
Passando adiante vamos sair um pouco do art. 89 e vamos verificar 
um julgado relativo aos crimes dos arts. 90 e 96, I, da Lei 8.666/93 e a 
possibilidade de haver concurso formal entre eles. Para que você lembre-
se de que delitos estamos falando, vamos trazer a leis eca a respeito: 
 
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante 
ajuste, combinação ou qualquer outro 
expediente, o caráter competitivodo 
procedimento licitatório, com o intuito de 
obter, para si ou para outrem, vantagem 
 
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decorrente da adjudicação do objeto da 
licitação: 
 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos, e multa. 
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda 
Pública, licitação instaurada para aquisição 
ou venda de bens ou mercadorias, ou 
contrato dela decorrente: 
I - elevando arbitrariamente os preços; 
 
Os crimes aparentam tratar de condutas semelhantes, o que poderia, em 
tese, afastar a possibilidade de incidência do instituto do concurso formal, 
no entanto, a jurisprudência do STJ já emanou entendimento de que é 
possível sim e não configuraria bis in idem o caso acima. Vejamos. 
 
Não configura bis in idem a condenação pela prática da conduta tipificada 
no art. 90 da Lei nº. 8.666/1993 (fraudar o caráter competitivo do 
procedimento licitatório) em concurso formal com a do art. 96, I, da 
mesma lei (fraudar licitação mediante elevação arbitrária dos preços). 
STJ. 5a Turma. REsp 1.315.619-RJ, Rel. Min. Campos Marques 
(Desembargador convocado do TJ-PR), julgado em 15/8/2013. 
 
 
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A justificativa que o STJ deu para o caso foi a de que os tipos penais 
tutelam bens jurídicos distintos e por essa razão é plenamente aceitável o 
concurso material entre os delitos. 
Por um lado, no crime do art. 90 o agente busca eliminar a competição ou 
fazer com que esta seja apenas aparente, no crime do art. 96, I, atinge-
se diretamente a licitação, elevando arbitrariamente os preços em 
prejuízo da Fazenda Pública. 
Dessa forma, caracterizadas as duas espécies delitivas, um crime não 
estará absorvido pelo outro. 
Assim, é plenamente possível o concurso material entre os delitos. 
Para finalizar, vamos abordar agora uma jurisprudência relativa aos 
efeitos da condenação no caso de crimes decorrentes da lei de licitações. 
Em relação às sanções administrativas, temos um dispositivo penal muito 
relevante, que é o do art. 83: 
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda 
que simplesmente tentados, sujeitam os seus 
autores, quando servidores públicos, além 
das sanções penais, à perda do cargo, 
emprego, função ou mandato eletivo. 
 
Note que há perda do cargo no caso de cometimento de crimes 
definidos na lei de licitações e contratos. Fique ligado que anda que 
tentados os crimes sujeitam seus agentes à esse tipo de sanção. 
 
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Vamos verificar agora a jurisprudência do STJ sobre o tema. Trata-
se de um REsp de 2012, no qual foi possível estabelecer algumas 
conclusões para o caso acima. Vejamos. 
 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E TUTELA 
JUDICIALRELATIVA À LEI N. 8.666/1993, ARTS. 83 E 89. PREFEITO. 
LICITAÇÃODISPENSADA INDEVIDAMENTE. CONDENAÇÃO DO AGENTE 
PÚBLICO. PERDA DEMANDATO. RECONDUÇÃO AO CARGO MEDIANTE 
ELEIÇÃO POPULAR. INVESTIDURAORIGINÁRIA. DIPLOMAÇÃO 
CONCEDIDA PELO JUÍZO ELEITORAL. NECESSIDADEDE MOTIVAÇÃO 
CONCRETA PARA AFASTAMENTO DE CARGO PÚBLICO. 1. Cinge-se a 
controvérsia à possibilidade de efeitos extrapenais do decisum 
condenatório de agente político (prefeito) alcançarem novo mandato - 
recondução ao cargo público obtida por meio de eleições democráticas -, 
a provocar o afastamento do cargo atual (arts. 83 e89 da Lei n. 
8.666/1993). 2. No caso, ao contrário da pretensão recursal - em relação 
ao pedido de afastamento de prefeito eleito para novo mandato -, o 
acórdão estadual não violou o art. 83 da Lei n. 8.666/1993, pois, se fosse 
julgado e condenado em 2001, ao tempo em que era prefeito (mandato 
de 2001 a 2004), não resta dúvida de que perderia o mandato eletivo, em 
decorrência do previsto no art. 83 da Lei n. 8.666/1993.3. Com a eleição 
para prefeito em 2009, firmou-se nova investidura originária, com outra 
diplomação concedida pelo juízo eleitoral -para período de mandato 
eletivo diverso (2009 a 2012). Consequentemente, não pode perder o 
 
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cargo por um fato anterior, cometido em 2001, porque aquele período de 
mandato eletivo já se encontra encerrado, desde o ano de 2004.4. A 
norma de regência determina a perda do mandato eletivo. Logo, por 
óbvio, o cargo em questão só pode ser aquele que o infrator ocupava à 
época da conduta típica. Em outros termos, caso o servidor ou agente 
político se mantivesse no mesmo cargo, ceteris paribus, até o decisum 
condenatório, perderia-o em razão do disposto no art. 83 da Lei n. 
8.666/1993. Hipótese inexistente in casu. 5. Exige-se, em acréscimo, 
para a conveniente adequação dos efeitos da condenação penal, que o 
decisum seja revestido de motivação concreta para o afastamento do 
mandato eletivo (art. 92, parágrafo único, do CP).6. Recurso especial 
conhecido em parte e, nessa parte, improvido. 
(STJ - REsp: 1244666 RS 2011/0046545-1, Relator: Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 16/08/2012, T6 - 
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/08/2012) 
 
Resumindo a ideia do julgado acima, podemos afirmar que: 
 
1. A perda do cargo cinge-se ao cargo ocupado por ocasião do 
crime cometido e não a outros cargos eventualmente ocupados. 
2. Os efeitos do art. 83 não são automáticos, devendo a 
autoridade judiciária devidamente fundamentar a sua decisão, 
expondo os motivos que a levaram a imposição dessa sanção. 
 
 
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Enfim, esses são os delitos da lei 8.666/93 na visão da 
jurisprudência do STJ e do STF, focados em concursos. 
 
2. Crimes Contra a Administração Pública (parte 1) 
 
Meus amigos, antes de entrar nos crimes propriamente ditos, faz-
se necessário saber o conceito de funcionário público, pois será de grande 
importância para o entendimento da aula. Assim determina o art. 327 do 
Código Penal: 
 
 ³Funcionário público 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem 
exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, 
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
 § 2º - A pena será aumentadada terça parte 
quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo 
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
 
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direção ou assessoramento de órgão da administração direta, 
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação 
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 
1980)´ 
 
Pessoal, o nosso Código Penal adotou a noção ampliada do conceito 
de funcionário público discutido no âmbito do Direito Administrativo. E foi 
mais longe. Não exige, para caracterizá-lo, nem sequer o exercício 
profissional ou permanente da função pública. Verifica-se que o 
funcionário público, diante do art. 327, caracteriza-se pelo exercício da 
função pública. Portanto, o que importa não é a qualidade do sujeito, de 
natureza pública ou privada, mas sim a natureza da função por ele 
exercida. 
³$� FRQGLomR� GH� 'HSXWDGD� (VWDGXDO� QmR� VH� FRQIXQGH� Fom a qualidade 
funcional ativa exigida pelo tipo penal previsto no art. 312 do Código 
Penal, que leva em consideração, entre outras condicionantes, a 
circunstância de o agente ser funcionário público. A quebra do dever 
legal de representar fielmente os anseios da população e de quem se 
esperaria uma conduta compatível com as funções por ela exercidas, 
ligadas, entre outros aspectos, ao controle e à repressão de atos 
contrários à administração e ao patrimônio públicos, distancia-se, em 
termos de culpabilidade, da regra geral de moralidade e probidade 
administrativa imposta a todos os funcionários públicos, cujo conceito 
 
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está inserido no art. 327 do Código Penal. Daí ser possível a elevação da 
pena-base em razão do grau de responsabilidade do cargo exercido pelo 
agente ���IDVH���VHP�TXH�LVVR�LPSRUWH�HP�ELV�LQ�LGHP�´��5+&��������-
AgR, rel min. Teori Zavascki, julgamento em 10-2-2015, Segunda 
Turma, DJE de 2-3-2015.) 
 
³e�SRVVtYHO�D�DWULEXLomR�GR�FRQFHLWR�GH�IXQFLRQiULR�S~EOLFR�FRQWLGD�QR�DUW��
327 do CP a juiz federal. É que a função jurisdicional é função pública, 
pois consiste atividade privativa do Estado-juiz, sistematizada pela 
Constituição e normas processuais respectivas. Consequentemente, 
aquele que atua na prestação jurisdicional ou a pretexto de exercê-la é 
IXQFLRQiULR�S~EOLFR�SDUD� ILQV�SHQDLV�´� �5+&���������� UHO��PLQ��/XL]�)X[��
julgamento em 19-8-2014, Primeira Turma, DJE de 30-9-2014). 
 
Assim, o exercício de uma função pública, ou seja, aquele inerente 
aos serviços prestados pela Administração Pública, não pode ser 
confundido com o múnus público, entendido como encargo ou ônus 
conferido pela lei e imposto pelo Estado em determinadas situações, a 
exemplo do que ocorre com tutores, curadores, etc. 
Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, 
pois só podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste 
tipo de delito, a lei exige do indivíduo uma condição ou situação 
específica. Os crimes funcionais classificam-se em: 
 
 
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9 próprios - são aqueles cuja ausência da qualidade de 
funcionário público torna o fato atípico. Ex: prevaricação, 
previsto no artigo 319 do Código Penal. Se ficar comprovado 
que na época do fato o indivíduo não era funcionário 
público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum 
outro crime. Observa-se que a qualidade do sujeito ativo 
aparece como elemento do tipo penal. 
9 impróprios - a ausência da qualidade especial faz com que 
o fato seja enquadrado em outro tipo penal. Ex: concussão 
± Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário público, o 
crime é de extorsão. 
Então, pessoal, considera-se Funcionário Público para fins penais: 
 
9 Cargo público ± ex: estatutário; 
9 Emprego público ± ex: celetista; 
9 Função pública ± cumpre um dever para com a 
Administração; 
9 Embora transitoriamente e sem remuneração. Ex.: jurado, 
mesário; 
9 Estagiário é funcionário público para fins penais, mesmo 
sendo de Autarquia, assim considerou o STJ; 
9 O Administrador Judicial é funcionário público para fins 
penais? Não exerce função pública, mas encargo público 
 
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(múnus público). Outros exemplos: inventariante dativo, 
tutor dativo, curador dativo. 
9 E o advogado dativo? Questão divergente, mas para o STJ 
é tranquilo o entendimento de que ele exerce função 
pública, pois remunerado pelo Estado, fazendo tarefa 
própria da Defensoria Pública, ente estatal. 
 
 Equiparam-se a funcionário público quem: 
9 Exerce cargo, emprego, função em entidade paraestatal. 
Ex: empresa pública. 
9 Trabalha para empresa prestadora de serviço contratada. 
9 Empresa conveniada. 
 
 Pessoal, a lei não falou nada sobre a autarquia, como fica? Não 
está prevista e não pode ser acrescentada para não configurar analogia in 
malam partem. Autarquia no sentido amplo foi esquecida pelo legislador, 
mas fiquem atentos, pois, como disse acima, já teve decisão do STJ 
considerando o estagiário de Autarquia funcionário público, para 
efeito do art. 327 do CP. 
 Os chefes do Poder Executivo municipal - Prefeito, estadual- 
Governador e federal ± Presidente da República têm como escapar dessa 
causa de aumento? Vejamos posição do STF: "o chefe do Executivo 
 
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exerce função de direção do órgão da Administração Direta, por isso não 
há como escapar da majorante". 
 Bem, visto isso, vamos abordar alguns tipos penais. A primeira 
parte menciona os crimes praticados por funcionário público contra a 
Administração em Geral, assim, inicia-se pelo crime de peculato. Esse 
delito, segundo a doutrina, apresenta quatro espécies: 
1. Peculato-apropriação ± art. 312, caput, 1ª parte; 
2. Peculato-desvio ± art. 312, caput, 2ª parte; 
3. Peculato-furto ± art. 312, § 1º = peculato impróprio; 
4. Peculato-culposo ± art. 312, § 2º ± é o único crime 
culposo funcional. 
 
³DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 Peculato 
 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, 
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, 
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em 
proveito próprio ou alheio: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionáriopúblico, 
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, 
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou 
 
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alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade 
de funcionário. 
 Peculato culposo 
 § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime 
de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, 
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; 
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 Peculato mediante erro de outrem 
 Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade 
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa." 
 
O peculato-apropriação encontra-se no rol dos delitos 
funcionais impróprios, haja vista que, basicamente, o que o especializa 
em relação ao delito de apropriação indébita, previsto no art. 168 do CP, 
é o fato de ser praticado por funcionário público em razão do cargo. 
No crime de peculato, o conceito de posse abrange também a 
disponibilidade jurídica da coisa, ou seja, possibilidade de livre 
disposição que ao agente faculta, legalmente, o cargo que desempenha. 
Dessa forma, não só tem a posse o funcionário que detém o poder 
material o direito de disposição do bem, mas também seu chefe e 
superior hierárquico que dele pode dispor mediante ordem. Assim, posse 
 
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e cargo devem ter uma relação direta, ou seja, uma relação de causa e 
efeito. 
A segunda parte do art. 312 prevê o peculato-desvio. Nesse caso 
o agente não atua no sentido de inverter a posse da coisa, agindo como 
se fosse o dono, mas sim desvia o dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
móvel, em proveito próprio ou alheio. 
³2�peculato desvio caracteriza-se na hipótese em que terceiro recebe 
armas emprestadas pelo juiz, depositário fiel dos instrumentos do crime, 
acautelados ao magistrado para fins penais, enquadrando-se no conceito 
de funcionário público. In casu, juiz federal detinha em seu poder duas 
pistolas apreendidas no curso de processo-crime em tramitação perante 
a vara da qual era titular. Ao entregar os armamentos, a policial federal 
desviou bem de que tinha posse em razão da função em proveito deste, 
emprestando-lhe finalidade diversa da pretendida ao assumir a função de 
GHSRVLWiULR�ILHO�´��5+&����������UHO��PLQ��/XL]�)X[��MXOJDPHQWR�HP���-8-
2014, Primeira Turma, DJE de 30-9-2014). 
 
³2� VLPSOHV� IDWR� GH� FLGDGmR� DVVLQDU� FRQYrQLR� FRPR� WHVWHPXQKD� QmR�
sinaliza participação em desvio de verbas públicas, ocorrido na execução 
de obra. (...) No peculato-desvio, exige-se que o servidor público se 
aproprie de dinheiro do qual tenha posse direta ou indireta, ainda que 
mediante mera disponibilidade jurídica. O fato de não constar da 
denúncia o modo relativo ao núcleo do tipo, não sendo para tanto 
 
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suficiente o grau de parentesco com sócios da cessionária, impossibilita o 
UHFHELPHQWR� GD� SHoD�´� �,QT� ������� UHO�� PLQ�� 0DUFR� $XUpOLR�� MXOJDPHQWR�
em 15-5-2014, Plenário, DJE de 10-6-2014.) 
 
Meus caros, essas duas modalidades são conhecidas como 
peculato próprio. Entretanto, existe outra modalidade de peculato 
reconhecida como imprópria, que ocorre na hipótese do chamado 
peculato-furto. Aqui o delito reside no fato de ser praticado por 
funcionário público, pois, caso contrário haverá a desclassificação do 
crime de furto (art. 155 do CP). 
Quanto ao peculato culposo, cabe ressaltar que se for reparado o 
dano até a sentença irrecorrível, será extinta a punibilidade, e caso seja 
reparado posteriormente o agente terá a pena reduzida de metade. 
Algumas informações são muito importantes para prova de vocês. 
No caso de peculato de uso não será punido, podendo o agente 
responder por ilícito administrativo. Outra coisa, nos crimes contra a 
Administração Pública não cabe o princípio da insignificância, assim 
tem sido o entendimento dos tribunais. E, para fechar essa parte o 
particular é levado a condição de funcionário público quando pratica o 
crime em concurso com o servidor público, desde que aquele saiba da 
condição desse. 
 
 
 
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 "Inserção de dados falsos em sistema de informações 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a 
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da 
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou 
para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de 
informações ou programa de informática sem autorização ou 
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 Pena ± detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a 
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a 
Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000)" 
 
 Quanto ao crime de inserção de dados falsos ao sistema de 
informações, é preciso saber que inicialmente, prevê o tipo penal dois 
 
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comportamentos: ou é o próprio funcionário autorizado que insere os 
dados falsos, ou seja, é ele que introduz, coloca ou facilita para que 
terceira pessoa leve a efeito sua inserção. Na segunda modalidade de 
comportamento, a conduta do funcionário autorizado é dirigida no sentido 
de alterar ou excluir, indevidamente, dados verdadeiros. Esse delito é 
conhecido doutrinariamente como peculato-eletrônico, em razão do 
modo pelo qual o delito é praticado. 
 No caso do art. 313 B, ao contrário do que ocorre com o tipo penal 
anterior, que exigia uma qualificação especial do funcionário (autorizado), 
basta que seja funcionário. É importante, também,saber que ocorrido 
essas condutas, as penas poderão ser aumentadas de um terço até a 
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a 
Administração Pública ou para o administrado. 
 Pessoal, como fiz nos crimes Contra Pessoa e Patrimônio, focarei os 
crimes que mais têm caídos nas provas, mas, não exime vocês de lerem a 
literalidade, onde destacarei os principais pontos, vamos lá! 
 
 "Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
 Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de 
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total 
ou parcialmente: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime 
mais grave." 
 
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 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
 Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa." 
 
 "Concussão 
 Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 Excesso de exação 
 § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que 
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação 
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
 § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, 
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa." 
 
 
No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no 
 
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momento da exigência da vantagem indevida (e não no instante da 
entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma 
com a exigência da vantagem indevida. 
Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do 
crime que já se consumou anteriormente. 
STJ. 5ª Turma. HC 266.460-ES, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 11/6/2015 
 
Então, aqui mais um crime cometido por funcionário público, e para 
tal conduta exige que esse esteja: 
9 no exercício da função; 
9 fora da função, mas em razão dela. Ex: em férias; e 
9 particular na iminência de assumir função pública (faltam 
apenas etapas burocráticas. Ex: definir a data da posse, 
diplomação, exame médico, etc)�� ³&DUWHLUDGD� FRP�'LiULR�
2ILFLDO´�� Esse caso é um caso excepcional, em que o 
particular pode funcionar como sujeito ativo. 
A concussão é crime em que o funcionário público, valendo-se do 
respeito ou mesmo receio que sua função infunde, impõe à vítima a 
concessão de vantagem a que não tem direito. Há violação da probidade 
do funcionário público e abuso da autoridade ou poder de que dispõe. 
São, portanto, elementos da concussão: (a) exigência de vantagem 
indevida; (b) que esta vantagem tenha como destinatário o próprio 
concussionário ou então um terceiro; e (c) que a exigência seja ligada à 
 
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função do agente, mesmo que esteja fora dela ou ainda não a tenha 
assumido. 
Quero chamar a atenção de vocês para seguinte: se o delito é 
praticado por fiscal de rendas, o crime será o do Art. 3º, II, Lei 
8.137/90 ± princípio da especialidade. É CRIME FUNCIONAL CONTRA A 
ORDEM TRIBUTÁRIA, não contra a Administração, ok? 
Então, se a vantagem indevida for constituir em tributo ou 
contribuição social o delito será o do Art. 316, § 1º, será o crime de 
excesso de exação. Se a vantagem indevida não for tributo ou 
contribuição social teremos o abuso de autoridade! 
E o médico do SUS que cobra pagamento adicional do paciente 
pratica que crime? Bom, vejamos três hipóteses: 
9 o médico exige do paciente o pagamento adicional para 
realizar operação cirúrgica - concussão ± Art. 316, CP; 
9 o médico solicita do paciente a verba adicional - corrupção 
passiva ± Art. 317, CP; 
9 o médico engana o paciente simulando ser devido o 
pagamento - estelionato ± Art. 171, CP. 
"Crime de concussão. Exigência de pagamento para realização de cirurgia 
de urgência. (...) O médico particular, em atendimento pelo SUS, 
equipara-se, para fins penais, a funcionário público. Isso por efeito da 
regra que se lê no caput do art. 327 do CP." (RHC 90.523, rel. min. 
Ayres Britto, julgamento em 19-4-2011, Segunda Turma, DJE de 19-10-
 
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2011.) No mesmo sentido: HC 97.710, rel. min. Eros Grau, julgamento 
em 2-2-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010. 
 
 "Corrupção passiva 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
 § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de 
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência 
de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Em síntese, na corrupção passiva, o servidor público comercializa 
sua função pública. Sujeito ativo do crime é o funcionário público, sem 
distinção de classe ou categoria, podendo ser típico ou equiparado (art. 
327 do CP), ainda que afastado do seu exercício. Também aquele que 
ainda não assumiu o seu posto (aguarda a posse, por exemplo), mas em 
razão do cargo, solicita ou recebe a vantagem ou promessa de vantagem 
indevida, pratica o delito de corrupção. 
 
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³2� UHFHELPHQWR�GH�SURSLQD�constitui o marco consumativo do delito 
GH�FRUUXSomR�SDVVLYD��QD�IRUPD�REMHWLYD�ÄUHFHEHUʦ��VHQGR�LQGLIHUHQWH�TXH�
VHMD�SUDWLFDGD�FRP�HOHPHQWR�GH�GLVVLPXODomR�´��$3����-EI-sextos, rel. p/ 
o ac. min. Roberto Barroso, julgamento em 13-3-2014, Plenário, DJE de 
21-8-2014.)São três as condutas típicas que caracteriza corrupção passiva: 
solicitar (pedir) vantagem indevida; receber referida vantagem; e, por 
fim, aceitar promessa de tal vantagem, anuindo com futuro recebimento. 
No verbo solicitar, a corrupção parte do intraneus (servidor público 
corrupto). Aqui reside a diferença marcante entre os crimes de corrupção 
passiva e concussão, a qual vimos anteriormente. A ação do funcionário, 
no caso da concussão, representa uma exigência, e, no caso da corrupção 
passiva, representa uma solicitação (pedido). 
Já nos verbos receber e aceitar promessa, a iniciativa é do 
corruptor (particular, ou seja, extraneus). Todas as condutas típicas 
acabam por enfocar a mercancia do agente com a função pública. 
Para a existência do crime deve haver um nexo entre a vantagem 
solicitada ou aceita e a atividade exercida pelo corrupto. Assim, embora 
funcionário público, caso não seja o agente competente para a realização 
do ato comercializado, não há que se falar em crime de corrupção, 
podendo ocorrer exploração de prestígio, estelionato, etc. 
 
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É preciso saber, ainda, que classifica-se como imprópria a 
corrupção que visa a prática de ato legítimo (oficial de justiça que 
solicita vantagem para realizar o legítimo ato processual), e, como 
própria, a que tiver por finalidade a realização de ato injusto (solicitar 
vantagem para facilitar fuga de preso). 
Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de vantagem, o crime é de 
natureza formal, consumando-se ainda que a gratificação não se 
concretize. Já na modalidade receber, o crime é material, exigindo 
efetivo enriquecimento ilícito do autor (o resultado). 
A corrupção passiva, em regra, não pressupõe a ativa, salvo nas 
modalidades receber (que pressupõe oferecer) e aceitar promessa 
(que pressupõe prometer). A modalidade solicitar, portanto, não 
pressupõe a corrupção ativa. Prevalece ser possível a tentativa apenas na 
modalidade solicitar, quando formulada por meio escrito (carta 
interceptada). 
O corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o 
pratica com infração do dever funcional, pune-se mais severamente. Aqui, 
o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor. 
Caso a violação praticada pelo agente público constitui, por si só, 
um novo crime, haverá concurso formal ou material (a depender do 
caso concreto) entre a corrupção passiva e a infração dela resultante. 
Nessa hipótese, no entanto, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do 
contrário estaríamos no campo do bis in idem. Exemplo: funcionário 
solicita vantagem para facilitar fuga de preso. Já está consumado o crime 
 
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de corrupção passiva. Se o corrupto, efetivamente, facilitar a fuga do 
preso, responde pelo art. 317, caput, em concurso material com o art. 
351, ambos do CP. 
No § 2º do art. 317 temos a corrupção passiva privilegiada (de 
menor potencial ofensivo). Nesta figura, o agente, sem visar satisfazer 
interesse próprio (pois, do contrário, haveria prevaricação), cede a 
pedido, pressão ou influência de outrem. É o caso dos famigerados 
"favores" administrativos. 
 
 "Facilitação de contrabando ou descaminho 
 Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de 
contrabando ou descaminho (art. 334): 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)" 
 
No caso acima, exige a lei penal que o fato não somente seja 
praticado por funcionário público, mas, sim, por aquele que tenha o dever 
funcional de evitar o contrabando ou descaminho. Pessoal, vocês vão ver 
a frente o tipo, mas para adiantar, o contrabando ocorre no caso da 
mercadoria proibida, já o descaminho, no caso de mercadoria aceita no 
país, mas que não foi devidamente taxada os impostos. Por exemplo: um 
cidadão vai ao Paraguai e compra um "iphone", e ao atravessar não passa 
pela alfândega, nesse caso, ao ser pego, poderá responder pelo crime de 
descaminho e não contrabando. Mas, cuidado, pois no crime de 
 
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descaminho, existe decisão do STF aplicando o princípio da insignificância 
quando os delitos não ultrapassem o limite de R$ 10.000,00, entretanto, 
já tem julgado admitindo o limite de R$ 20.000,00. Isso na esfera penal, 
ok? 
 
Segundo a posição atual do STJ, o pagamento do tributo devido NÃO 
extingue a punibilidade do crime de descaminho. 
STJ. 5" Turma. RHC 43.558-SP, Rei. Min. Jorge Mussi,julgado em 
5/2/2015 (lnfo 555). 
 
 "Prevaricação 
 Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente 
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho 
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros 
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 
2007). 
 Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano." 
 
Para que se configure o delito de prevaricação, o comportamento 
deve ser praticado de forma indevida, ou seja, contrariamente àquilo que 
 
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era legalmente determinado a fazer, infringindo o seu dever funcional. 
Outra coisa, é inepta a denúncia, em crime de prevaricação, que não 
especifica o interesse ou o sentimento pessoal que o acusado buscou 
satisfazer, pois, já decidiu STJ que dificuldades burocráticas não se 
confundem com retardamento doloso. 
 
 "Condescendência criminosa 
 Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de 
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo 
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da 
autoridade competente: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 Advocacia administrativa 
 Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse 
privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa." 
 
No crime de condescendência criminosa, o núcleo "deixar" 
pressupõe um comportamento omissivo por parte do agente, cuidando-
se, outrossim, de um crime omissivo próprio. Da mesma forma, a 
segunda conduta prevista no tipo "não levar o fatoao conhecimento da 
 
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autoridade competente" também implica uma omissão própria". E 
tratando-se de prática de atos que não são da competência do agente e 
agindo ele com o fim de facilitar interesse particular perante a 
Administração Pública, imperiosa se faz a condenação pelo crime de 
advocacia administrativa. Agora, fiquem atentos, pois não se configura 
esse delito quando o funcionário, por exemplo, explica ao interessado o 
seus direitos perante a Administração. Pois a lei proíbe, na verdade, 
que o funcionário assuma a "causa" do particular e pratique atos 
concretos que importem na sua defesa perante a Administração Pública. 
 
 "Violência arbitrária 
 Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto 
de exercê-la: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena 
correspondente à violência. 
 Abandono de função 
 Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em 
lei: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de 
fronteira: 
 
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 Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
 Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de 
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem 
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, 
substituído ou suspenso: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 Violação de sigilo funcional 
 Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e 
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não 
constitui crime mais grave. 
 § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
 I ± permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e 
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não 
autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 II ± se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública 
ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela 
 
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Lei nº 9.983, de 2000) 
 Violação do sigilo de proposta de concorrência 
 Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência 
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: 
 Pena - 'HWHQomR��GH�WUrV�PHVHV�D�XP�DQR��H�PXOWD�´ 
 
Pessoal, prevalece, na doutrina, o entendimento no sentido de que 
o crime violência arbitrária foi tacitamente revogado pela Lei 4.898/1965 
± Crimes de Abuso de Autoridade, por se tratar de diploma legislativo 
posterior relativo à idêntica matéria. Na jurisprudência, entretanto, o 
cenário é diametralmente oposto. PaUD� R� 67)�� ³2� DUWLJR� ��� do Código 
Penal, que tipifica o crime de violência arbitrária, não foi revogado pelo 
artigo 3º, alínea i, GD�/HL�Qž�������������/HL�GH�$EXVR�GH�$XWRULGDGH�´�� 
O crime de abandono de função, em que pese a imprecisão 
terminológica do legislador, o correto é falar-se em ³DEDQGRQR�GH�FDUJR 
S~EOLFR´��H�QmR�HP�³DEDQGRQR�GH�IXQomR´��SRU�XPD�VLPSOHV�UD]mR��&RPR�
se sabe, esta expressão é muito mais ampla do que aquela. De fato, 
função pública corresponde a qualquer atividade realizada pelo Estado 
com a finalidade de satisfazer as necessidades de natureza pública. O 
núcleo do tipo é ³DEDQGRQDU´�� RX� VHMD�� ODUJDU� DOJR�� GHL[DQGR-o ao 
desamparo. O abandono de cargo pode verificar-se de dois modos 
distintos: (a) pelo afastamento do funcionário público; ou (b) pela não 
apresentação do funcionário público no momento adequado. O abandono 
de cargo deve prolongar-se por tempo juridicamente relevante, a ser 
 
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avaliado no caso concreto, pois o delito depende da comprovação do 
perigo de dano à Administração Pública. 
Vamos agora verificar algumas questões sobre o tema e ver como 
as bancas de concursos estão se comportando perante esse tipo de 
questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Questões propostas 
 
01. (ACAFE ± PCSC ± Delegado de Polícia ± 2014) Considerando as 
disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e 
contratos da Administração Pública, analise as afirmações a seguir e 
assinale a alternativa correta. 
I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, 
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do 
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, 
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. 
II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da 
vantagem oferecida. 
III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com 
empresa ou profissional declarado inidôneo. 
IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a 
contratar com a Administração. 
 a) Apenas a afirmação I está correta. 
 b) Apenas II e IV estão corretas. 
 c) Apenas I e III estão corretas. 
 d) Apenas I, III e IV estão corretas. 
 e) Todas as afirmações estão corretas. 
 
 
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02. (CESPE ± UNB ± TCDF ± Auditor de Controle Externo ± 2014) 
Com base na Lei de Improbidade Administrativa, bem como nos crimes 
previstos na Lei de Licitações e nos crimes contra as finanças públicas, 
julgue os itens que se seguem. 
Considere que determinado agente político tenha contratado advogado 
sem a realização de licitação, por confiarplenamente no trabalho do 
causídico. Nesse caso, a contratação configura crime de dispensa ou 
inexigibilidade de licitação fora das hipóteses previstas em lei, para o qual 
é prescindível a comprovação do dolo específico, ou seja, a intenção de 
causar dano ao erário, e a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres 
públicos. 
 
03. (2015 - CESPE - TCE-RN - Auditor) A respeito dos crimes 
contra a administração pública e do crime de responsabilidade de 
prefeitos e vereadores, julgue o próximo item. 
Segundo o entendimento do STJ, é desnecessária a constituição definitiva 
do crédito tributário por processo administrativo-fiscal para a 
configuração do crime de descaminho. 
 
04. (2015 ± FAURGS - TJ-RS - Outorga de Delegação de Serviços 
Notoriais e Registrais) Sobre os crimes praticados por 
funcionários públicos, julgue os itens abaixo. 
O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da 
obtenção de qualquer vantagem indevida para sua consumação. 
 
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05. (2015 ± CESPE ± TCU - Procurador do Ministério Público) 
Ainda com relação aos crimes praticados contra a administração 
pública, julgue os itens. 
O crime de abandono de função é comissivo por omissão. 
 
06. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do 
STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, 
julgue o item subsequente. 
Considere que Eduardo, em proveito alheio, tenha desviado material do 
almoxarifado de um estabelecimento penal do Distrito Federal, 
exclusivamente em razão de sua condição funcional, que lhe permitia 
contar com a total confiança de seus superiores, dos demais funcionários 
e dos vigilantes, além de ter livre acesso ao referido setor. Nessa 
hipótese, Eduardo praticou o delito de concussão. 
 
07. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do 
STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, 
julgue o item subsequente. 
O indivíduo que iluda, em parte, o pagamento de imposto devido pela 
entrada de mercadoria no país pratica o delito de descaminho. 
 
08. (2016 ± FGV - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público ± 
Administrativa) Caio ocupa cargo em comissão em órgão da 
 
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administração direta, tendo se apoderado, indevidamente e em 
proveito próprio, de um laptop pertencente ao órgão por ele 
dirigido e do qual tinha a posse em razão do cargo. Diante do fato 
narrado, Caio deverá responder por: 
A) crime comum, mas não próprio, já que não pode ser considerado 
funcionário público; 
B) peculato-furto, com o aumento de pena em razão do cargo 
comissionado ocupado; 
C) peculato apropriação, com o aumento de pena em razão do cargo 
comissionado ocupado; 
D) peculato apropriação, com direito à extinção da punibilidade se 
devolvida a coisa ou reparado o dano antes do recebimento da denúncia; 
E) peculato-furto, com a redução da pena pela metade se devolvida a 
coisa antes do recebimento da denúncia. 
 
09. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com 
relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens 
abaixo. 
O detentor de cargo em comissão não é equiparado a funcionário público 
para fins penais. 
 
10. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com 
relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens 
abaixo. 
 
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A exigência, por funcionário público no exercício da função, de vantagem 
indevida, configura crime de corrupção ativa. 
 
11. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com 
relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens 
abaixo. 
Caso os autores de crime contra a administração pública sejam ocupantes 
de função de direção de órgão da administração direta, as penas a eles 
impostas serão aumentadas em um terço. 
 
12. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com 
relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens 
abaixo. 
Tratando-se de crime de peculato culposo, a reparação do dano após o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória ocasiona a extinção 
da punibilidade do autor. 
 
13. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária) Com 
relação aos crimes contra a administração pública, julgue os itens 
abaixo. 
Não configura crime o fato de o funcionário deixar de praticar ato de ofício 
a pedido de outrem se, com isso, ele não obtiver vantagem patrimonial. 
 
 
 
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4. Questões comentadas 
 
01. (ACAFE ± PCSC ± Delegado de Polícia ± 2014) Considerando as 
disposições da Lei 8.666/93, que institui normas para licitações e 
contratos da Administração Pública, analise as afirmações a seguir e 
assinale a alternativa correta. 
I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, 
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do 
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, 
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. 
II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da 
vantagem oferecida. 
III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com 
empresa ou profissional declarado inidôneo. 
IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a 
contratar com a Administração. 
 
 a) Apenas a afirmação I está correta. 
 b) Apenas II e IV estão corretas. 
 c) Apenas I e III estão corretas. 
 d) Apenas I, III e IV estão corretas. 
 e) Todas as afirmações estão corretas. 
 
 
 
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Resposta: item E. 
Comentário: 
Vamos aos comentários item por item: 
I. Constitui crime o ato de frustrar ou fraudar, mediante ajuste, 
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do 
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, 
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. ± item 
correto, basta verificar a letra fria da lei, no art. 90 da Lei 8666/93. 
II. Constitui crime o ato de abster-se ou desistir de licitar, em razão da 
vantagem oferecida. Item correto, de acordo com o art. 95, § único da Lei 
8666/93. Mais um item de pura lei seca. 
III. Constitui crime o ato de admitir à licitação ou celebrar contrato com 
empresa ou profissionaldeclarado inidôneo. Item correto, nos termos do 
Art. 97 da Lei 8666/93. 
IV. Comete crime aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a 
contratar com a Administração. Item correto, mais uma vez de acordo 
com o art. 97, § único da Lei 8666/93. 
Veja que uma questão para o cargo de delegado de polícia exigiu apenas 
a memorização da letra fria da lei. 
 
02. (CESPE ± UNB ± TCDF ± Auditor de Controle Externo ± 2014) 
Com base na Lei de Improbidade Administrativa, bem como nos crimes 
previstos na Lei de Licitações e nos crimes contra as finanças públicas, 
julgue os itens que se seguem. 
 
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Considere que determinado agente político tenha contratado advogado 
sem a realização de licitação, por confiar plenamente no trabalho do 
causídico. Nesse caso, a contratação configura crime de dispensa ou 
inexigibilidade de licitação fora das hipóteses previstas em lei, para o qual 
é prescindível a comprovação do dolo específico, ou seja, a intenção de 
causar dano ao erário, e a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres 
públicos. 
 
Resposta: item incorreto. 
Comentário: 
Mais uma questão sobre o tema do crime do art. 89, da Lei n°. 8.666/93. 
Veja que a questão está de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ 
sobre o assunto. 
O grande lance aqui nesse problema é que a questão menciona que para 
a configuração do delito não é necessário o dolo específico, tampouco o 
efetivo prejuízo à vítima. Sabemos que isso está fora de cogitação, pois 
para a configuração do crime acima é necessário comprovar tanto o 
prejuízo quanto o dolo específico em causar prejuízo ao erário público, 
conforme foi apresentado na parte teórica da aula de hoje. 
Vamos relembrar um importante julgado referente a esse tema. 
 
Para que haja a condenação pelo crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, 
exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de que o 
 
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agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, 
mesmo que a decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha 
sido incorreta, isso não significa necessariamente que tenha havido crime, 
sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do agente. 
STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
2/2/2016 (Info 813). 
 
 
03. (2015 - CESPE - TCE-RN - Auditor) A respeito dos crimes 
contra a administração pública e do crime de responsabilidade de 
prefeitos e vereadores, julgue o próximo item. 
Segundo o entendimento do STJ, é desnecessária a constituição definitiva 
do crédito tributário por processo administrativo-fiscal para a 
configuração do crime de descaminho. 
 
Comentários: 
Vejamos um julgado do STJ sobre o assunto! 
���³A consumação do delito de descaminho e a posterior abertura 
de processo-crime não estão a depender da constituição 
administrativa do débito fiscal. Primeiro, porque o delito de 
descaminho é rigorosamente formal, de modo a prescindir da ocorrência 
do resultado naturalístico. Segundo, porque a conduta materializadora 
GHVVH� FULPH�p� µLOXGLU¶� R�(VWDGR�TXDQWR�DR�SDJDPHQto do imposto devido 
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. E iludir não 
 
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VLJQLILFD� RXWUD� FRLVD� VHQmR� IUDXGDU�� EXUODU�� HVFDPRWHDU´� �+&� ��������
Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 1º.02.11). No 
mesmo sentido: HC 120.783, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa 
Weber, DJe de 11.04.14. 
Gabarito: C. 
 
04. (2015 ± FAURGS - TJ-RS - Outorga de Delegação de Serviços 
Notoriais e Registrais) Sobre os crimes praticados por 
funcionários públicos, julgue os itens abaixo. 
O crime de concussão, de natureza puramente formal, prescinde da 
obtenção de qualquer vantagem indevida para sua consumação. 
 
Comentários: 
Isso mesmo, e já reforçado pelo STF e pelo STJ! 
"Crime de concussão: é crime formal, que se consuma com a exigência. 
Irrelevância do não recebimento da vantagem indevida (STF, HC 
74009/MS)". ³Crime de concussão: trata-se a concussão de delito formal, 
que se consuma com a realização da exigência, independentemente da 
obtenção da vantagem indevida �67-��+&��������´. 
Gabarito: C. 
 
05. (2015 ± CESPE ± TCU - Procurador do Ministério Público) 
Ainda com relação aos crimes praticados contra a administração 
pública, julgue os itens. 
 
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O crime de abandono de função é comissivo por omissão. 
 
Comentários: 
Trata-se de crime omissivo próprio, pois o tipo penal descreve uma 
conduta omissiva. Consuma-se com o abandono do cargo por tempo 
juridicamente relevante, capaz de criar uma situação de perigo à 
Administração Pública. 
Gabarito: E. 
 
06. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do 
STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, 
julgue o item subsequente. 
Considere que Eduardo, em proveito alheio, tenha desviado material do 
almoxarifado de um estabelecimento penal do Distrito Federal, 
exclusivamente em razão de sua condição funcional, que lhe permitia 
contar com a total confiança de seus superiores, dos demais funcionários 
e dos vigilantes, além de ter livre acesso ao referido setor. Nessa 
hipótese, Eduardo praticou o delito de concussão. 
 
Comentários: 
Negativo pessoal, trata-se de peculato-desvio. A segunda parte do art. 
312 prevê o peculato-desvio. Nesse caso o agente não atua no sentido de 
inverter a posse da coisa, agindo como se fosse o dono, mas sim desvia o 
 
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dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito próprio ou 
alheio. 
Gabarito: E. 
 
07. (2015 ± FUNIVERSA - SEAP-DF) Segundo entendimento do 
STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, 
julgue o item subsequente. 
O indivíduo que iluda, em parte, o pagamento de imposto devido pela 
entrada de mercadoria no país pratica o delito de descaminho. 
 
Comentários: 
No descaminho o núcleo do tipo é iludir, ou seja, enganar, ludibriar, 
frustrar o pagamento de tributo devido pela entrada ou saída de 
mercadoria do território nacional. 
Gabarito: C. 
 
08. (2016 ± FGV - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público ± 
Administrativa) Caio ocupa cargo em comissão em órgão da 
administração direta, tendo se apoderado, indevidamente e em 
proveito próprio, de um laptop

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