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Análise Textual Aula 9

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Aula 9: Sentidos metafórico e metonímico
Ao final desta aula, você será capaz de:
Entender as possibilidades de sentido na língua;
Identificar sentidos metafórico e metonímico.
 
Quando estamos diante de um texto para fazer uma leitura, geralmente imaginamos que todas as informações estarão disponíveis no próprio texto, não é mesmo ?  Bem, nem sempre acontece dessa maneira. Claro que algumas vezes encontramos textos que possuem quase todas as informações presentes, e quando o leitor segue essas informações, ele consegue entender a mensagem. Porém, algumas vezes, encontramos textos em que as mensagens não estão tão evidentes, e que se tornam mais difíceis de ler, não é verdade? Esta aula irá tratar exatamente disso: os sentidos que circulam nas entrelinhas de um texto.
No vídeo, você assiste a uma cena do filme Ponto de Mutação (Mindwalk, 1992), drama dirigido por Bernt Capra. A fala da personagem apresenta um processo metafórico de compreensão da realidade, a partir da comparação entre o pensamento cartesiano e o pensamento holístico.
Um pingo de teoria...
Alguns textos necessitam mais de nossos conhecimentos, porque as palavras não se bastam sozinhas. Então, para entendermos a mensagem, necessitamos combinar às palavras mais informações, e essas informações vêm de nosso conhecimento de mundo.  
Vamos a um exemplo? Veja a imagem a seguir e depois responda o que você entendeu.
Momento de reflexão...
Observe a Imagem na tela do computador e verifique
se você compreendeu a mensagem.
Depois, para conferir a resposta» clique na seta
laranja.
Trata-se de uma comparação entre o valor do capital
financeiro e o capital intelectual de uma empresa, no qi
se refere ao valor de mercado.
A expressão "ponta do iceberg" é usada para indicar que
"aquilo que está na superfície é pequeno em relação ao que
está invisível".
No caso apresentado, a imagem mostra como o capital
intelectual representa a base sólida para que o resultado
financeiro apareça.
Quando as palavras, os elementos linguísticos, conduzem o leitor para o entendimento da mensagem, o trabalho
que ele terá será fundamentalmente com essas palavras, ou seja, esses elementos linguísticos conduzem o
entendimento.
Veja o exemplo abaixo (clique nos destaques):
Quem apoiou a candidatura de Patrícia Amorim, na esperança de que ela revitalizasse os esportes olímpicos do
Flamengo, não se decepcionou. A presidenta do clube rubro-negro acertou, definitivamente, nesta quarta-feira, a
contratação do medalhista de ouro em Pequim e recordista mundial de natação, César Cielo, cuja transferência do
Pinheiros para a Gávea será oficializada ainda esta tarde, na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
(CBDA).
Ex-nadadora olímpica, Patrícia foi uma das motivações para que Cielo fosse para o clube.
Renato Maurício Prado - 0 Globo; Lancepress (publicado no site 0 globo)
Quando as palavras estão estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do conteúdo relacionada a ela e
à mensagem do texto, o leitor tem mais trabalho, pois o texto não explica, mas necessita que o leitor busque o
entendimento. Assim, ele precisa acionar seu "conhecimento de mundo" para fazer as conexões adequadas com
as palavras e chegar ao entendimento do texto.
Reveja o exemplo abaixo (clique nos destaques):
Quem apoiou a candidatura de Patrícia Amorim, na esperança de que ela revitalizasse os esportes olímpicos do
Flamengo, não se decepcionou. A presidenta do clube rubro-negro acertou, definitivamente, nesta quarta-feira, a
contratação do medalhista de ouro em Pequim e recordista mundial de natação, César Cielo, cuja transferência do
Pinheiros para a Gávea será oficializada ainda esta tarde, na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
(CBDA).
Ex-nadadora olímpica, Patrícia foi uma das motivações para que Cielo fosse para o clube.
Renato Maurício Prado - 0 Globo; Lancepress (publicado no site 0 globo)
Conceituando metáfora...
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 484) assim conceitua: “Metáfora é um princípio onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade faz da metáfora um recurso de economia lexical, mas com um potencial expressivo muitas vezes surpreendente”.
A metáfora é o emprego da palavra fora de seu sentido
normal. E já que cria uma associação de sentidos de forma
figurada, ela é classificada como figura de linguagem.
Ela baseia-se na transferência (metaphorá em grego
significa "transporte") de um termo para um contexto que
não lhe é próprio. Quando isso ocorre, temos um processo
metofórico de produção de sentido.
A metáfora entre palavras funciona a partir do estabelecimento de uma relaçâo/comparaçâo de sentido entre um elemento comparado e um elemento comparante. Vamos a um exemplo extraído da letra de Renato Russo para a música Monte Castelo (escrita a partir de um soneto de Luis de Camões):
Amor é fogo que arde sem se ver (Amor: elemento compardo; fogo: elemento comparante)
Muitos verbos e expressões também são utilizados em sentido metafórico. Vamos a alguns exemplos:
Para mim essa desculpa não cola
Colar, em sentido literal é o ato de unir duas partes. Em sentido figurado, significa "funcionar", "valer".
Mandou o funcionário pro olho da rua.
Uma rua não possui "olho", logo "olho da rua" significa "desempregado", "demitido".
Muitos textos correspondem a uma metáfora. Em outras palavras, o texto é, em parte ou em sua totalidade,
metafórico, pois utiliza uma construção para servir como figuração da realidade, sem descrevê-la literalmente.
A fábula é uma das mais antigas maneiras de se contar uma história. O autor grego Esopo
usava muitos bichos como personagens de suas fábulas, como tartarugas, lebres, raposas,
formigas e cigarras, com o objetivo de criticar os valores da sociedade de sua época. Acredita-
se que tenha vivido no século VI antes de Cristo.
Uma raposa que vinha pela estrada encontrou uma parreira com uvas madurinhas. Passou
horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Saiu murmurando, dizendo que
não as queria mesmo, porque estavam verdes. Quando já estava indo, um pouco mais à
frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... voltou correndo
pensando ser as uvas, mas quando chegou lá. para sua decepção, era apenas uma folha que
havia caído da parreira. A raposa decepcionada virou as costas e foi-se embora de novo. com
um ar de importante.
Moral da história: "Quem desdenha quer comprar", ou "É fácil desprezar aquilo que não se
pode alcançar".
José de Sousa Saramago (1922-2010) é um escritor português,
vencedor do prémio Nobel de Literatura de 1998. seu livro Ensaio
sobre a cegueira (Blindness, em inglês) foi adaptado para o cinema e
lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil e Canadá, dirigido por
Fernando Meirelles (realizador de O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus).
Ensaio sobre a cegueira faz uma intensa crítica aos
valores da sociedade, e ao que acontece quando um
dos sentidos vitais falta à população. Funciona como
uma grande metáfora para a falta de visão das
pessoas sobre a condição humana e a vida em
sociedade. No filme, somente uma pessoa é capaz de
ver, e ela será a chave para a interpretação da vida e
da sociedade como um todo.
Conceituando metonímia...
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 485) assim conceitua: “Metonímia consiste na transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, processado por uma relação cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na contiguidade das ideias”.
Na metonímia, a relação entre os elementos que os termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
Na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição.Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Clique aqui para ver alguns exemplos.
Na metonimia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência.
Sou alérgico a cigarro. Uma pessoa não é alérgica ao cigarro, mas sim aos efeitos que ele causa, como a fumaça.
Fumei um cubano. Existe uma relação lógica entre cigarro e fumaça. Logo. no exemplo, vemos uma troca da causa pela consequência na construção da frase. Não podemos imaginar que alguém irá fumar um habitante de Cuba. Mas sabemos que o produto mais conhecido daquele país é o charuto. Logo, podemos dizer que houve uma troca entre o produto pelo país produtor, e essa lógica é possível para o entendimento da mensagem.
Tomei uma caixa de cerveja A caixa é um invólucro, geralmente feito de plástico. Com base nisso, seria impossível entender que alguém beberia tal embalagem. Entretanto, dentro da caixa de cerveja há... cerveja. Logo, entende-se que o autor da frase se referiu ao conteúdo, e nao ao que contém.
Metáfora e metonímia: aproximações e afastamentos
Para estabelecermos uma comparação, vamos usar como base o texto de Afrânio da Silva Garcia, publicado no site do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos .
Metáfora	Relação de adesão semântica entre duas palavras ou expressões, como uma comparação implícita (sem a presença do elemento comparativo).
A vida é um teatro de fantoches. Comparação implícita entre um elemento ("vida") com outro ("teatro"), na qual o interlocutor terá de, por sensibilidade individual, associar um significado para interpretar outro.
A vida é como um teatro de fantoches. Comparação explicita entre um elemento ("vida") com outro ("teatro"), através de um elemento comparativo, que indica ao interlocutor a necessidade de comparar para interpretar.
Metonímia	Relação de aproximação,em que parte do conteúdo semântico de uma palavra ou expressão é relacionado a outra palavra ou expressão, também numa comparação implícita.
“A farmácia já chegou?" (Há aproximação de ideias quando perguntamos isso porque queremos
saber se alguém que trabalha na farmácia trouxe a encomenda.)
 “Estou lendo Jorge Amado" (Claro que não estou lendo uma pessoa, mas alguma obra do escritor Jorge Amado.)
SENTIDO
Quando nos comunicamos, através da língua, produzimos mensagens que possam ser entendidas por quem nos ouve, certo?  Se não fosse assim, a comunicação não seria efetivada, pois nossos pares não entenderiam nosso discurso. E temos de concordar que todos nós queremos ser entendidos, ou melhor, queremos que nossas mensagens tenham SENTIDO.
Daí a importância de percebermos o que, na verdade, buscamos quando fazemos parte de uma conversa ou quando lemos informações em livros, cartazes etc:  procuramos entender o SENTIDO. Em outras palavras, desejamos saber o que o Fulano está dizendo com os enunciados que está produzindo ou o que está escrito no livro, no cartaz, no anúncio, e assim por diante.  Já percebeu que até mesmo quando estamos diante de um quadro, de uma charge, diante de algo que não contenha palavras precisamos entender a mensagem através das figuras? É importante perceber que necessitamos de uma sequência de figuras, gestos, sinais ou palavras que sejam coerentes, que comuniquem uma mensagem.
Logo,  o sentido está presente nas diferentes mensagens  que existem à nossa volta, é assim que entendemos o mundo, não é mesmo?  Desvendando os sentidos daquilo que o compõe,  porém nosso interesse está ligado a mensagens compostas com a linguagem verbal.  
Se o SENTIDO está presente nos enunciados, entendemos algo como:
HÁ UMA NECESSIDADE DE AMOR URGENTE NO MUNDO
FÁBIO, VOCÊ NÃO VAI PRECISAR DO DINHEIRO ?
O GRANDE PARADOXO EXISTENCIAL TALVEZ SEJA TERMOS ANSEIO POR UMA VIDA SIMPLES QUE SE ENCONTRA PERMEADA DE QUESTÕES COMPLEXAS.
Você vê dificuldade de entender algum deles?
Essas dificuldades, muitas vezes, são por conta de não conhecermos determinadas palavras,
daí não fazermos ideia do que a mensagem quer dizer, não entendermos o seu SENTIDO.
Mas e quando o sentido não está claramente exposto nas palavras ou nas frases?
Podemos dizer que não há sentido nessas mensagens
Evidentemente será mais difícil entendermos a mensagem quando o sentido não está colocado
claramente. Entretanto, há sentidos que, apesar de não serem ditos diretamente, estão
"escondidos", "sugeridos". Esses sentidos são chamados de IMPLÍCITOS.
Uma informação IMPLÍCITA é uma informação que precisa ser desvendada pelo leitor ou pelo
ouvinte através das pistas que o interlocutor deixou.
“Este texto está direcionado a jovens que estão em busca do amor, que estão em busca de
uma paixão ardente, que desarrume suas vidinhas arrumadinhas... Contradição? Claro, jovem
gosta de contradizer, de se ver dentro de uma ‘saia justa’, vez por outra.  Gosta de surtar 
diante do improvável e, às vezes, diante do provável também.”
Você percebe que, neste texto, a descrição do comportamento 
do jovem não é muito clara? O leitor precisa fazer algumas conexões 
com aquilo que já sabe sobre os jovens, sobre a paixão, sobre a 
vida, para entender o SENTIDO das informações.   
O sentido está, portanto, IMPLÍCITO.
SENTIDOS IMPLÍCITOS
O sentido é essencial para o entendimento da mensagem, concorda?  Já falamos sobre isso, vimos, também, que esse sentido 
precisa ser COMPARTILHADO entre o locutor/escritor e o ouvinte/leitor, pois para entender a mensagem o ouvinte/leitor precisa 
reconstruir o sentido que lhe foi passado.
Portanto, pensemos sobre o seguinte:
Quando o sentido está ESCONDIDO, IMPLÍCITO, ele
precisa ser desvendado pelo ouvinte/leitor, que o
transformará em uma informação EXPLÍCITA, assim
como os sentidos que estão presentes, claramente,
nos elementos do enunciado.
Os sentidos IMPLÍCITOS também podem vir através de ironias. Podem vir através de construção com ausência, com mensagens 
aparentemente desconectadas, mas que fazem sentido. Veja:
“Quando Deus criou os maridos, ele prometeu às mulheres que os maridos bons e ideais 
seriam encontrados em todos os CANTOS do mundo. E, depois... ele fez a Terra REDONDA!” 
(autor desconhecido)
Os elementos em maiúscula nos deixam pistas para entender que quando Deus arredondou a Terra, eliminou os cantos. Logo, não é possível encontrar maridos ideias, pois não há cantos para procurá-los.  Claro que para se chegar a essa conclusão, precisamos refletir sobre como o conteúdo está construído. O sentido está implícito.
Enfim, há diversas estratégias para os sentidos estarem implícitos, e percebemos isso pelo esforço que é necessário para interpretar determinadas mensagens.
Sendo assim, podemos concluir que interpretar é desvendar sentidos, não o que queremos, mas o que está posto na mensagem.

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