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1 Compartimentalização dos líquidos corporais e homeostasia (2)

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Ludmila AmitranoMannarino Página 1 
 
COMPARTIMENTALIZAÇÃO DOS LÍQUIDOS CORPORAIS E 
HOMEOSTASIA 
 
Quando estamos saudáveis, significa que os nossos sistemas orgânicos foram capazes de sofrer 
adaptações aos estímulos recebidos. Por exemplo, podemos citar as mudanças ocorridas em 
função da temperatura ambiental, atividade física, altitude, jejum prolongado e até mesmo 
durante a assimilação de novas informações. Conforme nos adaptamos aos estímulos ambientais, 
internos ou externos ao corpo, mantemos as condições necessárias para o funcionamento das 
nossas células. Concluímos que independente da localização e da função que a célula exerça, ela 
necessita de um ambiente equilibrado, que atenda as suas necessidades de sobrevivência e 
função. 
 
Líquidos e compartimentos corporais 
 
Sabemos que a água é o principal componente do nosso corpo, correspondendo 
aproximadamente 60% do nosso peso. Esse volume é denominado de água corporal total (ACT), e 
é onde encontram-se dissolvidos vários solutos como íons inorgânicos, aminoácidos e proteínas. A 
ACT está distribuída em compartimentos orgânicos, como será descrito a seguir. 
A porção interna do nosso corpo pode ser dividida em dois compartimentos preenchidos por 
líquidos, o intracelular, que possui o líquido intracelular (LIC) e o extracelular, com o liquido 
extracelular (LEC). Quem separa o LIC do LEC é a membrana citoplasmática, sendo ela a 
responsável pela individualidade celular, controlando quais e quanto de cada elemento podem 
entrar ou sair da célula. 
 
Figura 1.1 - Compartimentos intra e extracelular 
 
O compartimento extracelular é subdividido em outros compartimentos importantes, o 
intersticial (ou intercelular) e o vascular, contendo os líquidos intersticial (LIS) e plasmático, 
respectivamente. A composição desses dois líquidos extracelulares é bastante semelhante, pois os 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 2 
 
capilares, que são os menores e mais numerosos vasos sanguíneos, são bastante permeáveis a 
quase todos os solutos, exceto as proteínas e elementos celulares. 
O líquido presente nas câmaras oculares, na cavidade abdominal e entre as meninges (liquido 
cefalorraquidiano), por exemplo, não estão dentro das células, nem entre elas e nem no vaso 
sanguíneo, compondo assim o líquido transcelular, e esse compartimento é denominados 
transcelular. 
Compartimento % do peso 
corporal 
LIC 30-40 
LEC 
LIS 15-16 
Plasmático 3-4 
Transcelular 1-3 
Tabela 1 - Distribuição da ACT (60% peso corporal) 
A análise desses compartimentos permite-nos visualizar que as células do nosso corpo 
encontram-se banhadas pelo LEC, e esse ambiente é denominado de meio interno. Ou seja, as 
condições do meio interno é que devem ser mantidas equilibradas para atender as necessidades 
celulares, seja na composição química ou física, pois é ele que oferece à célula os elementos 
necessários a sua sobrevivência e função. 
 
Composição dos líquidos corporais 
 
A composição dos líquidos corporais difere entre si conforme o compartimento em que estão 
localizados, sendo que mantém a mesma concentração, em mEq/L, de cargas positivas (cátions) e 
negativas (ânions), obedecendo o princípio da eletroneutralidade. No LEC o principal cátion é o 
sódio, que é contrabalanceado pelos ânions cloreto e bicarbonato. Já no LIC o potássio e o 
magnésio são os principais cátions, e os ânions que os neutralizam são representados pelas 
proteínas e fosfatos orgânicos. 
Nesses dois compartimentos, a diferença na concentração de cada soluto é gerada e mantida 
por mecanismos de transporte da membrana celular, sendo que a osmolaridade (concentração 
total de soluto por litro de solução) é a mesma entre eles. A manutenção desta osmolaridade é 
importante para manter equilibrado o volume de água entre os compartimentos, pois ela tem livre 
passagem pela membrana celular, e qualquer alteração na osmolaridade movimentaria a água 
para dentro ou para fora da célula. 
Quanto aos LIS e plasmático, a diferença mais significativa de composição entre eles é gerada 
pela presença de proteínas no plasma sanguíneo, que devido ao seu grande tamanho molecular, 
não conseguem atravessar a parede dos capilares. Pelo fato destas apresentarem carga negativa e 
serem impermeáveis, a manutenção da eletroneutralidade é devida a redistribuição de pequenos 
cátions e ânions, através da parede capilar. Dessa forma, o plasma contém uma concentração 
levemente menor de ânions (como de cloreto) e uma ligeiramente maior de cátions (como sódio e 
potássio), quando comparado ao líquido intersticial. A esse evento denominamos de equilíbrio de 
Donnam-Gibbs. 
 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 3 
 
Movimento de substâncias entre os compartimentos 
 
A passagem de água e substâncias entre os compartimentos orgânicos ocorre através de 
membrana, e esta apresenta permeabilidade seletiva, ou seja, é permeável à água, mas com 
permeabilidade variável, ou até mesmo impermeável aos solutos. Logo a membrana funciona 
como uma barreira à passagem livre para a maioria das moléculas com importância biológica, 
sendo a movimentação de substâncias entre os compartimentos dependentes de sistemas 
especiais de transporte. 
Os mecanismos de transporte de solutos pela membrana são de dois tipos, sem gasto de 
energia (ATP), que é denominado de transporte passivo, e com gasto de energia, que é o 
transporte ativo. Ambos os transportes possuem modalidades diferentes de serem realizados, e 
serão descritos a seguir. 
Difusão 
É uma modalidade de transporte passivo, e consiste na passagem do soluto do compartimento 
em que ele está mais concentrado para o que ele está menos concentrado, isso significa dizer que 
a força que promove a difusão é chamada de gradiente de concentração. Não podemos esquecer 
que as partículas carregadas eletricamente vão ser atraídas pelas cargas opostas, influenciando a 
difusão. 
A difusão simples é quando a membrana não oferece resistência à passagem da substância e 
elas difundem-se livremente pela membrana obedecendo ao gradiente de concentração e 
elétrico. Mas se possui alto peso molecular, por exemplo, vai depender de proteínas 
transportadoras presentes na membrana celular para facilitar seu transporte, por isso essa 
modalidade é chamada de difusão facilitada. 
A difusão simples (ou apenas difusão) ocorre em todas as células do nosso corpo. E a facilitada 
ocorre, por exemplo, para entrada de glicose na célula. 
 
 
Figura 1.2 - Difusão 
Transporte Ativo 
Quando as substâncias movimentam-se contra o gradiente de concentração é necessário gasto 
de energia para que aconteça, além de proteínas transportadoras, visto que essa modalidade 
ocorre contra a tendência natural do deslocamento, movimentando do meio menos concentrado 
para o mais concentrado. 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 4 
 
Sabendo-se que não é interessante para célula manter o sódio em concentração elevada no 
LIC, pois favoreceria a movimentação da água, ele é transportado para o meio extracelular por 
transporte ativo, essa é a bomba de sódio e potássio, que transporta três moléculas de sódio para 
fora da célula ao mesmo tempo em que bombeia duas de potássio para dentro, mantendo a 
concentração de sódio mais elevada no LEC e de potássio no LIC. 
 
Figura 1.3 - Bomba de sódio e potássio 
Osmose 
A movimentação da água pelos compartimentos corporais ocorre por canais de água na 
membrana (aquaporinas), e obedece a duas forças, a pressão osmótica, realizada pela 
concentração de soluto (que retém a água), e a pressão hidrostática, exercida pelo volume de 
líquido na parede do compartimento. Quando os compartimentos apresentam diferença de 
concentração, a água desloca do meio menos concentrado (possui menor pressão osmótica) para 
o mais concentrado (commaior pressão osmótica) para tornar as soluções isotônicas (com a 
mesma concentração de soluto/L). Mas, conforme a parede desse compartimento que recebe a 
água começa a ser pressionada pelo aumento do volume de líquido (pressão hidrostática), impede 
o deslocamento de mais água. Nos casos em que a pressão hidrostática é maior que a osmótica, a 
água será conduzida no sentido inverso, e nesse caso denominamos de osmose reversa ou 
filtração. 
 Exemplo de osmose é quando colocamos a hemácia em uma solução hipertônica (maior 
concentração de soluto/L), visto que, pela pressão osmótica, perderá água para o meio externo, 
consequentemente ela irá murchar (crenação). Essa perda ocorrerá até o volume do meio 
oferecer resistência a mais passagem de água (pressão hidrostática). Se a solução for hipotônica, a 
concentração de solutos na hemácia exercerá pressão osmótica, fazendo com que a água entre, e 
dependendo de quanta água entrar, a pressão hidrostática será tão grande que poderá romper a 
membrana da hemácia (hemólise). 
 Um exemplo de osmose reversa é o aumento de pressão sanguínea sobre a parede dos vasos 
capilares, exercendo maior pressão hidrostática, e com isso ocorre extravasamento de líquido para 
o espaço intersticial, causando o edema (acúmulo de líquido no compartimento intercelular). 
A filtração ocorre fisiologicamente nos glomérulos renais, mas depois boa parte da água é 
novamente reabsorvida para o sangue por osmose, nos túbulos renais. Também é por osmose que 
absorvemos a água que ingerimos, quando ela chega ao intestino grosso. 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 5 
 
 
Figura 1.4 - Osmose 
Transporte envolvendo porções da membrana celular 
São os processos de endocitose, exocitose e transcitose. 
Na endocitose a membrana engloba as partículas formando vesículas no interior da célula, e 
pode ser dividida em pinocitose (partículas em solução) e fagocitose (partículas sólidas). A 
exocitose ocorre quando as vesículas presentes no interior das células se fusionam a membrana 
exteriorizando o seu conteúdo. Esses dois processos podem ocorrer em todas as células. 
Durante a absorção de alguns nutrientes pelo intestino delgado, as partículas entram nos 
enterócitos por endocitose e são liberados para o espaço intersticial por exocitose, e 
posteriormente são absorvidas pelos capilares intestinais. Este é um exemplo de transcitose, uma 
combinação de endocitose e exocitose. 
 
 
Figura 1.5 – Transcitose 
Importante! 
Qualquer falha nesses mecanismos de transporte pode comprometer a sobrevivência da 
célula e até mesmo do organismo, como um todo. 
 
 
Homeostasia e processos homeostáticos 
 
Os elementos que são necessários ao metabolismo celular, como glicose, aminoácidos, sais 
minerais, vitaminas e O2, são oferecidos através do liquido intersticial, que é enriquecido pelo 
líquido plasmático. Os produtos desse metabolismo, como CO2, ácido úrico, ureia e creatinina são 
excretados da célula para o meio intercelular e dai retirados pela circulação, para destinos 
apropriados. Logo, para que a composição química, o volume do LEC e a temperatura (em torno 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 6 
 
de 37°C) sejam mantidos constantes no meio interno, é necessário que os sistemas orgânicos 
sofram os ajustes necessários. Portanto, a esse equilíbrio dinâmico, que garante a saúde do nosso 
corpo, é que denominamos homeostasia. 
O controle dos sistemas ocorre principalmente pelo evento de retroalimentação negativa, ou 
feedback negativo, que consiste em mecanismos de ajustes baseados na oscilação dos 
parâmetros, mantendo-os dentro de uma faixa de normalidade. Vejamos alguns exemplos. 
 O centro nervoso de controle da respiração regula a concentração do CO2 nos líquidos 
corporais. Logo, a elevação desse parâmetro (CO2) é percebida pelo centro respiratório, que 
irá determinar mudanças na respiração, tornando-a mais profunda e rápida, com isso 
aumenta a entrada de O2 no sangue e a retirada do excesso de CO2, retornando com o 
parâmetro para a faixa de normalidade. Esse retorno cessa o estímulo de ajuste sobre o 
centro respiratório. 
 A insulina é o hormônio produzido pelas células beta do pâncreas e é responsável pela 
diminuição da glicemia (concentração de glicose no sangue), pois favorece o deslocamento 
desta para dentro das células. Uma elevação desse parâmetro (glicemia) é percebida pelas 
células pancreáticas que irão secretar insulina, fazendo com que o nível de glicose no sangue 
diminua, e quando normaliza, o estimulo de secreção de insulina é interrompido. 
 O centro nervoso vasomotor é responsável pelo controle da pressão sanguínea. Quando 
ocorre diminuição desse parâmetro (pressão sanguínea) o centro vasomotor produz respostas 
mediadas pelo sistema autônomo simpático que irá aumentar a frequência cardíaca e a 
contração da parede vascular, retornando com os valores de normalidade de pressão do 
sangue. 
 
No feedback negativo, o efeito gerado pelo ajuste do sistema é contrário ao evento que o 
desencadeou. 
* Aumento do CO2 → resposta do centro respiratório → diminuição do CO2 
* Aumento da glicemia → resposta pancreática → diminuição da glicemia 
* Queda da pressão sanguínea → resposta do centro vasomotor → elevação da pressão 
sanguínea 
 
Figura 1.6 - feedback negativo 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 7 
 
Poucos sistemas são controlados por feedback (retroalimentação) positivo. Nesse caso os 
efeitos gerados pelo ajuste do sistema "alimenta" mais ainda o evento que o desencadeou. Por 
exemplo, a ocitocina é o hormônio produzido pelo hipotálamo e secretado pela neurohipófise, ele 
estimula a contração uterina durante o parto. Quanto mais a criança distende o canal do parto 
durante o seu nascimento, mais ocitocina é secretada, logo mais contrações vão ocorrer. No 
feedback positivo é necessário um fator para cessar a alimentação do sistema e no caso da 
ocitocina, é o parto, ou seja, a expulsão da criança e da placenta irá diminuir a distensão do colo 
uterino. 
 
 
Figura 1.7 - feedback positivo 
 
Importância dos processos homeostáticos 
 
Os processos de ajustes que garantem a homeostasia ocorrem por meio dos sistemas de 
controle, que atuam a nível celular, ou podem interferir no funcionamento de parte ou de todo 
um órgão, ou ainda, atuar em todo o corpo, controlando a interação entre os sistemas. Como já 
vimos eles são regulados pelos mecanismos de feedback. 
O objetivo desses sistemas de controle é ajustar as características físicas e a composição do 
LEC dentro de uma faixa estreita de valores. Quando esses valores oscilam fora dessa faixa, mas 
com limites máximos e mínimos não letais, significa que houve uma quebra na homeostasia, ou 
seja, são causados por doenças. Mas quando ultrapassam os limites não letais podem levar a uma 
disfunção muito grave, e até mesmo à morte. Quanto mais distante da faixa de normalidade, mais 
severo é o quadro clínico. 
Quando fazemos exame no sangue, estamos verificando o funcionamento de muitos dos 
sistemas, pois a composição do líquido plasmático reflete a composição do liquido intersticial, logo 
podemos verificar a condição do meio interno. A tabela 2 mostra alguns parâmetros que podem 
ser aferidos. 
 
 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 8 
 
 
Limite 
Não –letal 
mínimo 
(aproximado) 
Valor 
normal 
mínimo 
Valor 
normal 
Valor 
normal 
máximo 
Limite 
Não –letal 
Máximo 
(aproximado) 
Oxigênio 
(mm Hg) 
10 35 40 45 1.000 
Dióxido de carbono 
(mm Hg) 
5 35 40 45 80 
Íon sódio 
(mmol/L) 
115 138 142 146 175 
Íon potássio 
(mmol/L) 
1,5 3,8 4,2 5,0 9,0 
Íon cálcio 
(mmol/L) 
0,5 1,0 1,2 1,4 2,0 
Íon cloreto 
(mmol/L) 
70 103 108 112 130 
Íon bicarbonato 
(mmol/L) 
8 24 28 32 45 
Glicose(mg/dL) 
20 75 85 95 1.500 
Temperatura 
corporal 
(°C) 
18,3 37 37 37 43,3 
Ácido-base 
(pH) 
6,9 7,3 7,4 7,5 8,0 
Tabela 2 - Adaptação Tratado de Fisiologia Médica, cap. 1 - Gutton& Hall 
Observem algumas das consequências quando esses limites são ultrapassados: 
 Temperatura 7°C acima do normal pode desencadear um ciclo vicioso de aumento de 
metabolismo celular, que destrói as células. 
 Variação de 0,5 no valor de pH, para cima ou baixo, pode levar à morte. 
 Redução em 1/3 da concentração de potássio pode levar a paralisia por incapacidade 
funcional dos nervos. Já o aumento em duas vezes ou mais, pode levar a depressão do 
músculo cardíaco. 
 Redução para metade da concentração de cálcio pode acarretar contrações tetânicas em 
todo o corpo, por geração espontânea de impulso nervoso periférico. 
 Redução em metade da concentração normal de glicose pode acarretar intensa irritabilidade 
mental e até convulsão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 9 
 
Participação dos principais sistemas orgânicos na manutenção da homeostasia 
 
 
Figura 1.8 - representação do transporte do LEC e participação dos sistemas corporais 
Agora iremos fazer uma apresentação sucinta de como os sistemas funcionais do nosso corpo 
colaboram com a manutenção da homeostasia, tendo em vista que, o funcionamento de cada um 
é fundamental para que os outros possam exercer suas funções. Posteriormente, nas outras 
unidades, iremos descrever cada um de forma mais detalhada. 
O transporte do líquido extracelular é realizado pelo sistema circulatório que é composto pelo 
coração, vasos sanguíneos e linfáticos. A dinâmica circulatória consiste no bombeamento do 
sangue pelo coração, fazendo com que este circule por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos. 
É em nível nos capilares que ocorre a troca de substâncias entre o plasma e o líquido intersticial, 
sendo que é a mistura contínua entre esses dois líquidos corporais que garante uma semelhança 
na composição desses líquidos praticamente em todos os seguimentos. O volume de líquido que 
sai dos capilares sanguíneos na porção arterial, devido à pressão hidrostática elevada e a 
permeabilidade destes, é maior do que é recolhido pelos capilares venosos, sendo esse excesso de 
água recolhido pelos vasos linfáticos, juntamente com outros elementos, formando a linfa, o que 
posteriormente é devolvido à circulação venosa, no retorno ao coração. 
A obtenção de substâncias para enriquecer o LEC fica a cargo do sistema respiratório, 
digestório e alguns tecidos metabólicos. Durante a circulação do sangue pelos pulmões (pequena 
circulação), o oxigênio presente no ar inspirado difunde dos alvéolos para os capilares 
pulmonares, devido à diferença no gradiente de concentração e a permeabilidade de suas 
membranas (alveolar e capilar), e com a circulação sistêmica (grande circulação) ele é ofertado às 
células, quando se difunde pelos capilares teciduais para o líquido intersticial. Ao mesmo tempo 
em que o sangue oferta oxigênio para o sistema digestório durante a grande circulação, ele 
absorve os nutrientes que foram obtidos com a digestão dos alimentos, enriquecendo o líquido 
plasmático de substâncias como carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos. Tecidos e órgãos que 
realizam funções metabólicas como o fígado (principalmente), adipócitos (células gordurosas), 
mucosa do trato gastrintestinal e glândulas endócrinas são capazes de armazenar e modificar 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 10 
 
quimicamente algumas substâncias presentes no sangue para que posteriormente sejam utilizadas 
por outras células. 
A remoção das substâncias provenientes do metabolismo celular ou que estão em excesso é 
feita pelo sistema respiratório, renal e secreção biliar. Da mesma forma que o oxigênio difunde do 
alvéolo para o capilar pulmonar, o dióxido de carbono (CO2), formado pela respiração celular, faz o 
sentido inverso, e com os movimentos respiratórios é liberado para a atmosfera. Muitos 
elementos não mais necessários ao organismo são excretados na urina que é formada pelo 
sistema renal. Os rins não apenas filtram o sangue, pois esse processo é pouco seletivo, 
permitindo que substâncias essenciais ao organismo sejam filtradas, como a glicose e o 
aminoácido, portanto, é necessário que após a filtragem do plasma nos glomérulos renais, ocorra 
a reabsorção para o sangue e a secreção para os túbulos de substâncias, conforme a necessidade 
de rete-las ou elimina-las, respectivamente. Sendo o fígado o principal órgão de metabolização, 
algumas substâncias são excretadas pela bile, que é produzida pelo fígado, armazenada na 
vesícula biliar e secretada no intestino, onde é eliminada juntamente com os alimentos não 
digeridos, por meio das fezes. 
O sistema músculo-esquelético participa da homeostasia por originar os movimentos do corpo, 
seja para o deslocamento em busca de alimento e a mastigação, como permitir a mobilidade para 
proteção contra ambientes adversos, garantindo assim a integridade de todos os outros sistemas 
e os demais mecanismos homeostáticos. 
Apesar da reprodução não ser considerada por muitos autores como uma função relacionada à 
homeostasia, é por meio dela que novos seres são originados, sendo, portanto, uma função 
relacionada à perpetuação da espécie, que é a base biológica da vida. Se considerarmos que a 
forma sexuada de reprodução possibilita recombinações genéticas, ela colabora com a 
possibilidade de originar descendentes que sejam mais resistentes ao meio que seus progenitores. 
Para que haja uma sincronia no funcionamento do corpo, o sistema nervoso e o endócrino 
exercem um papel regulador, onde o primeiro atua regulando, principalmente, as atividades 
musculares e secretórias do corpo, enquanto o segundo, por meio dos hormônios, regula, 
principalmente, as funções de metabolismo celular. A porção sensorial do sistema nervoso é 
responsável por captar as informações do ambiente externo e interno do nosso corpo e conduzi-
las até o centro de integração (sistema nervoso central), que tem a função de processa-las, 
armazena-las, assim como gerar pensamentos, ideias e comandos, que são enviados pelo 
segmento motor para serem executados pelos músculos e glândulas. Por outro lado, o sistema 
endócrino produz mediadores químicos, os hormônios, que são distribuídos pelo sangue para todo 
o corpo, incrementando ou minimizando uma função realizada pelo seu tecido-alvo, ou seja, o 
local onde ele atua. 
Se assimilarmos o que é homeostasia e como ela é conseguida, podemos imaginar quais 
ajustes que os sistemas devem sofrer, mediante aos estímulos, para que ela seja mantida. 
 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 11 
 
Exercícios 
1) São líquidos presentes nos compartimentos extracelulares, exceto: 
a) Liquido intracelular 
b) Liquido plasmático 
c) Líquido intercelular 
d) Líquido transcelular 
 
2) A estrutura responsável pela diferença de composição entre o líquido intracelular e o 
extracelular é: 
a) Capilar sanguíneo 
b) Membrana celular 
c) Rins 
d) Fígado 
 
3) A administração endovenosa de uma solução hipertônica de sacarose pode levar a crenação 
das hemácias devido a: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
 
4) O mecanismo de transporte que envolve porções da membrana, e que permite a absorção de 
muitos nutrientes pelo intestino é denominado: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
 
5) O liquido que banha as células, sendo o responsável em manter as condições de sobrevivência 
e função da mesma é denominada: 
a) Meio interno 
b) Liquido transecular 
c) Liquido intracelular 
d) Todas estão corretas 
 
6) Quando o equilíbrio dinâmico é mantido, garantido a condição de saúde podemos dizer que 
estamosem: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
 
7) Quando o pâncreas secreta a insulina, com o objetivo de diminuir a glicemia, e para de 
secretar quando esta retorna a faixa de normalidade, podemos dizer que o mecanismo de 
controle que está ocorrendo é: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
 
 
Ludmila AmitranoMannarino Página 12 
 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
 
8) O que justifica podermos avaliar a nossa condição de saúde pelo exame de sangue? 
a) O fato de ele estar presente nos vasos sanguíneos 
b) A drenagem de líquido tecidual pelos vasos linfáticos 
c) A semelhança entre a sua composição e a do meio interno 
d) O princípio da eletroneutralidade 
 
9) Sabendo que o sistema circulatório faz o transporte de líquido extracelular, e que ele pode ser 
enriquecido com oxigênio e nutrientes, descreva a integração dos sistemas envolvidos: 
 
10) Descreva a participação dos sistemas de controle, que atuam regulando o funcionamento 
corporal: 
 
Gabarito 
 
1. A 
2. B 
3. C 
4. D 
5. A 
6. A 
7. D 
8. C 
 
9.O sangue ao circular pelo corpo permite, a nível capilar, a mistura dos componentes 
intercelular ao plasma, desta forma ao passar pelo sistema respiratório é feita a obtenção de 
oxigênio e a liberação do gás carbônico, e ao irrigar o trato intestinal absorve os nutrientes obtidos 
com a digestão dos alimentos. O sangue enriquecido é distribuído aos tecidos, garantindo a 
homeostasia celular. 
 
10. São sistemas de controle o nervoso e o endócrino. O nervoso é responsável por perceber as 
variações do ambiente interno e externo do corpo; associar e integrar as informações recebidas e 
gerar respostas, que ajustarão o funcionamento das glândulas e dos músculos esqueléticos, 
cardíaco e liso, conforme a necessidade para manutenção da homeostasia. O sistema endócrino 
libera mediadores químicos (hormônios) que irão atuar a nível celular, incrementando ou inibindo 
uma função da célula, dessa forma, também colabora nos ajustes necessários para manutenção da 
homeostasia.

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