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O Império Romano e o Cristianismo

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Aula 10 - O Império Romano e o Cristianismo
A Arquitetura Romana
A funcionalidade de empreendimentos romanos tais como: aquedutos, termas, anfiteatros, circos e arcos.
A Arte Romana
Escritores, oradores e teatrólogos mais conhecidos da cultura romana introduziram o conceito de contaminatio. Quer dizer, mostrar obras romanas tardias, que são menores como menos adornos, como podemos ver nas igrejas romanas, por exemplo, são tardias. O assunto da aula, além de pontuar os aspectos culturais mais significativos da cultura romana, introduz os problemas que levarão à sua crescente fragilidade, geradora de um processo de desagregação, cujo ponto culminante é o século V.
Tetrarquia ( Divisão do Império Romano em quatro áreas administrativas. Existiam dois imperadores principais e dois secundários. Criada com o objetivo de facilitar o controle sobre toda a extensão do Império.
Limes ( Regiões fronteiriças do Império Romano, habitadas por povos com características culturais diferentes dos romanos.
Contaminatio ( Técnica utilizada pelos escritores latinos para adaptar textos gregos, introduzindo elementos característicos de sua própria cultura. O resultado não é uma tradução, nem tampouco uma cópia, é algo novo, mas híbrido.
Incursões ( Entrada dos primeiros povos habitantes dos limes para além das fronteiras do Império de forma inicialmente “pacífica”. Muitos acabaram absorvidos pelo exército.
Vamos falar agora um pouco de história factual. Para isso, mais uma vez, vamos nos valer do contestado Mário Curtis Giordani. Primeiro, para conceituar as instituições políticas:
O Imperador, este nome significa que o princeps detinha o imperium em seu triplo aspecto: civil, militar e judiciário. A palavra imperator empregada já neste sentido como o sobrenome Augusto, e mais tarde após a Diocleciano, César. Magistratura: as antigas magistraturas republicanas subsistem no Império, marcando um elemento de continuidade. Algumas novas foram criadas como o Prefeito do pretório, chefe da guarda pretoriana; que era a força armada imediatamente ao lado do Imperador. O Prefeito da cidade era o encarregado da administração das cidades e policiamento da organização romana.
O senado Imperial é marcado pela perda gradual de seus privilégios de Estado, confirmando mais e mais o senado no domínio da administração urbana. O senado imperial havia perdido suas atribuições relativas ao culto, à guerra, e, parte, a administração das províncias: teve, entretanto, sua competência ampliada no terreno legislativo, eleitoral. As províncias foram divididas em províncias que compunham o microcosmo existente no centro do poder romano, autorizando cidadania e estabelecendo localmente assembleias no modelo romano. Outras cidades tinham prefeituras militares em que comandantes deveriam manter a ordem, como por exemplo, Israel. Politicamente chegamos ao Baixo Império Romano, o último imperador da dinastia dos Antoninos foi Cômodo, retratado no filme o gladiador. Licenças poéticas à parte, Cômodo tentou ampliar a política de Pão e Circo que havia sido reestruturada por seu pai Marco Aurélio. Assassinado pela guarda pretoriana, Roma afunda em uma guerra civil.
O Senado
Um dos principais articuladores da morte de Cômodo, leva um político senatorial ao poder, é o início da dinastia dos Severos. Sua entrada no poder com Sétimo Severo (193 - 211) é marcada por uma série de disputas contra grupos que não aceitavam mais o domínio romano como os Partas e Árabes. Enfrenta uma série de revoltas dentro de áreas tradicionais do Império, inclusive com autores se autodenominando Imperadores, não Augustus, mas como um líder militar adotando a nomenclatura de César. Foi sucedido pelos seus filhos, mas a crise política se manteve constantemente. Os poderes estavam em disputa, as conquistas haviam cedido e a pressão de povos dominados é cada vez maior. Os discursos então falam cada vez mais em restauradores, homens que fossem capazes de recuperar a organização perdida pelo Império.
Temos nesse momento o crescimento do sistema colonato, uma busca de populações sem espaço e sem a garantia do Império. Vemos Roma negociar com grupos de Federados. Começam a surgir no espaço romano figuras do colonato, o esvaziamento das cidades, aumento da população campesina, o escravismo romano está em claro declínio e o preço é cada vez mais alto, se tornando um artigo de luxo. A economia romana demonstra dificuldades e a fome passa a ser um drama recorrente em escritos romanos.
Colonato
Grandes propriedades estabelecem contratos com grupos de servos internamente, seu sentido é com a economia em crise, a organização de monoculturas fica cada vez mais prejudicada, o sistema escravista se torna caro, passando a possibilidade de ceder terras cultiváveis em troca de trabalho em áreas comuns uma tendência importante.
Federados
São grupos que reconhecem o poder de Roma, pagam tributos, mas têm uma administração própria, independente do poder romano. A partir do século IV, grupos diversos que se fazem presentes passam inclusive a fazer parte do exército romano. Entre os restauradores destaca-se a figura de Diocleciano que assume o poder em 284. Diocleciano é um oficial Ilírio do estado maior e assume o poder empenhado em fazer uma série de reformas no mundo romano, buscando restaurá-lo.
Reforma Religiosa ( O imperador procurou dar ao regime uma base religiosa inaugurando um novo culto, o culto ao Sol Invictus, que se tornou patrono do Império; reforma monetária: procurou controlar a cunhagem de moedas e valorizá-las a fim de evitar a crescente alta de preços.
Reformas Sociais ( Obrigou as corporações de ofícios de Roma à prestação gratuita de serviços ao Estado e promoveu a distribuição de pão e carne aos romanos. Temos aí a proposição de renovar uma estrutura imperial, de buscar novas formas de afirmar o que é ser romano. Dentro desse quadro, ser romano não é ser vitorioso militarmente, não bastam as grandes construções, nem a figuração da ordem e o surgimento de leis.
Diocleciano ascende ao poder com o discurso de reorganizar e reestrutura o Império. A partir desse momento, o Império não será mais de um Imperador, têm-se quatro Imperadores, a Tetrarquia. Dois Augustos nos centros e nas cidades mais importantes e dois Césares, nas fronteiras mais problemáticas, dois líderes militares.
O Governo de Diocleciano
Peter Brown é sem dúvida um dos maiores antiquistas, em especial da transição entre o mundo antigo e o medievo. O autor é muito feliz como saliente que os leitores modernos, influenciados pela autossatisfação e pela opinião interessada das elites do primeiro e do segundo séculos depois de Cristo, tendem a identificar esta forma de governo caracteristicamente indireta com o apogeu da civilização imperial romana. Mas, de fato, correspondeu apenas a uma suspensão acidental do comportamento normal dos sistemas imperiais. Depois de 238, todas as classes do mundo romano se viram obrigadas a enfrentar realidades quotidianas menos agradáveis no Império. Entre 238 e 270, a bancarrotas, a fragmentação política e as repetidas derrotas de grandes exércitos romanos puseram em causa a soberba indiferença em que se baseara o sistema anterior de governo. O que nos surpreende não é tanto o seu fracasso, mais a rapidez e a determinação com que foi substituído por um novo sistema, após uma única geração de humilhante incerteza. 
O Império Romano que veio a ser conduzido pelo imperador Diocleciano entre 284 e 305 e que garantia um controle ainda maior de cada uma das regiões através da delegação destas a uma coligação denominada de Tetrarquia. O Império Romano restaurado constituía uma sociedade bastante abalada, ansiosa pelo retorno da lei e da ordem. As palavras de ordem na época eram reparatio e renovatio. Não se tratava, porém, de uma sociedade irreparavelmente empobrecida. Apesar da expansão do Exército e da burocracia imperial, a carga fiscal global correspondia apenas a dez por cento do excedente agrário. O que se mantinha perfeitamente dentro das capacidadesda maior parte das comunidades camponesas. Na Anatólia, por exemplo, a carga fiscal da época de Diocleciano foi mantida praticamente sem alteração até aos últimos dias do Império Otomano. O que se alterou foi a própria presença local do Estado. As elites perderam os seus privilégios honoríficos: daí em diante, as cidades só puderam desenvolver-se quando constituíam centros de governo.
Constantinopla, fundada em 327 pelo Imperador Constantino era nada menos do que a "Nova Roma" era Roma, a "cidade reinante", que passava a existir fisicamente na parte oriental do Império. Em cada província passou a existir uma metrópole, uma cidade mãe que constituía a capital permanente da região e colocava na sombra todas as outras cidades vizinhas. Em muitas regiões importantes - nas províncias do Danúbio, por exemplo - começou a tornar-se óbvio que o Governo imperial podia até dispensar as cidades; o poder imperial podia apoiar-se diretamente nos campos. Os grandes domínios imperiais da Panônia, em torno do Lago Balaton, rodeados pelas torres e muralhas elevadas que constituíam o símbolo da autoridade e da segurança nesse mundo que, de momento recuperara a ordem, dominavam os campos como se fossem autênticas cidades reinantes em miniatura.
Ainda segundo Peter Brown, as sociedades que se encontram sob tensão tendem a sentir-se confortadas quando, pelo menos, um dos aspectos da sua vida habitual se mantém inalterado. Os habitantes do Império Romano e dos territórios vizinhos sentiam que podiam continuar a contemplar uma paisagem religiosa que de há muito lhes era familiar, já que o Império de Diocleciano era uma sociedade essencialmente politeísta.
O senso comum aceitava como sóbria a existência de muitos deuses, e a necessidade de venerar esses deuses através de gestos concretos e públicos de reverência e gratidão. Os deuses estavam ali. Constituíam uma presença invisível e perene junto da espécie humana. O conhecimento dos deuses e daquilo que lhes agradava e desagradava tendia a depender do local, da memória social e era mantido através de rito e gestos herdados do passado.
A religio, ou seja, a forma adequada de veneração de cada deus, reforçava (idealizava até) a coesão social e servia de suporte à transmissão das tradições no interior das famílias, das comunidades locais e, através da memória, das cidades orgulhosas e das nações iluminadas por séculos de história. Nem os deuses eram simples abstrações etéreas. Tratava-se de seres vibrantes, cujas ordens menores partilhavam o mesmo espaço físico dos humanos. Tocavam todos os aspectos do mundo natural e dos ambientes humanos. Alguns eram consideravelmente mais importantes do que outros, a Religio que esses deuses recebiam dependia em grande medida da imagem que os seus adoradores tinham de si próprios. Os filósofos místicos procuravam os deuses mais elevados e, através deles, tentavam unir-se ao Uno, à fonte intoxicante e metafisicamente necessária de qualquer ser. Este amor sublime elevava a alma para além do corpo, que domo que silenciava todos os cuidados deste mundo. O que interessava eram as religiões, no plural - as muitas formas tradicionalmente aceites de honrar uma multidão de deuses cuja presença invisível dava calor, solenidade e um pouco de intertemporalidade à colmeia de comunidades sobrepostas em que, como vimos, se encontravam mergulhados os habitantes do Império Romano (e em particular aqueles que viviam na complexa sociedade característica das suas cidades).
Para um homem como Diocleciano, no momento em que para celebrar 20 anos de governo estável erigia um monumento no foro, em 303, religio significava também aparecer num altar fumegante, rodeado pelos deuses sempre presente e pelos animais que desde sempre tinham sido considerados conveniente para os sacrifícios importantes. Essa estrutura da tetrarquia vai ser o momento, enquanto Diocleciano está vivo, em que o sistema consegue uma sobrevida interessante. No momento da morte de Diocleciano, quem tem mais legitimidade é o que se sai melhor da "briga". Entre idas e vindas, chega ao poder de um César, que vem de uma região mais Oriental, mas, que consegue uma legitimidade singular, pelas vitórias obtidas. Ele chega a Roma, com toda uma festa preparada para a aclamação do novo César. Mas, ao invés dele participar da festa, reúne os bispos cristãos locais, busca o apoio na classe média romana e das mulheres e traz a possibilidade de uma religião que fuja da estrutura complexa de panteão, mas que oferece uma nova forma de identidade.
Devemos sinalizar que a história do cristianismo é complexa. Jesus Cristo, em si, não funda uma religião. Polêmica à parte, tem após a sua morte a constituição de dois grandes grupos missionários, os liderados por Tiago, e suas missões judaicas e judeu-romano Paulo, que estrutura a chamada missão gentílica. O cristianismo pregado por Paulo se difunde em meio a espaços helenísticos e será influenciado por posições estoicistas romanas e principalmente pelo neoplatonismo mediterrânico. O cristianismo não surge em uma ordem, perfeita, os chamados pais da igreja tinham entre suas principais características as multiplicidades. Os credos não eram lineares, mas sim cada vez mais filosóficos. Daí seu crescimento nas classes médias romanas, não era um credo judaico como surgiu, mas um misto de religiões messianistas e uma nova ordem.
Constantino, em 29 de outubro de 312, entrou em Roma depois de derrotar Maxêncio no dia anterior, numa batalha junto da ponte Múlvia, perto da cidade. No Capitólio, os altares dos deuses estavam já prontos para receber o sacrifício apropriado à celebração deste triunfo. Mas, em vez disso, Constantino dirigiu-se diretamente para o palácio imperial. Mais tarde, fez saber que tinha recebido um sinal específico e singular do Deus único dos cristãos. Ao escrever aos cristãos, tornou claro que só devia os seus êxitos à proteção desse grande Deus. Cerca de uma década mais tarde, escreveu ao jovem "Rei dos Reis", Shapur II "Invoco Deus único de joelhos e recuo com horror perante o sangue dos sacrifícios”. Em 325, Constantino juntou todos os bispos cristãos do seu império em Niceia a fim de realizarem um concílio ecumênico. Ou seja, "mundial" - que até incluía uma representação dos bispos persas.  Ao fazê-lo, permitiu à Igreja Cristã ver-se a si mesma face a face, pela primeira vez.  Caros, organizar um concílio naquele momento é justamente o esforço em institucionalização da Igreja, transformá-la em um novo Polo, um espaço para aproximar seus discursos, que estavam longe de serem comuns ou coerentes, ao mesmo tempo institucionalizá-la ao modelo do Império Romano, o se romano ganha uma nova tentativa de cola de organização.
Em 312, o Cristianismo já não eram uma religião nova. Existia a cerca de duzentos e cinquenta anos. O mundo de Jesus de Nazaré e de Paulo estava tão distante dos contemporâneos de Constantino como a época de Luís XIV está de nós próprios. Os cristãos apresentavam a sua igreja como tendo estado em contínuo conflito com o império pagão; mas de fato, o período que se seguiu a 250 representou uma nova situação. Tanto a Igreja como o Império tinham-se alterado. O Império chegara às localidades, os imperadores tinham-se envolvido mais diretamente em assuntos locais. O cristianismo transformara-se num problema espalhado por todo o Império. A violência local esporádica e as condenações por parte dos governadores locais deram origem a éditos imperiais. O primeiro destes éditos foi publicado em 250. Em 303, Diocleciano promulgou um último conjunto de medidas, conhecido pelegos cristãos sob o nome de “Grande Perseguição”, que foi aplicado durante 11 anos em partes da Ásia Menor, da Síria e do Egito. A Grande Perseguição assinalou a chegada à idade adulta tanto no novo Império como da Igreja Cristã.
De fato a Igreja Cristã também tinha se modificado. Dispunha agora de uma hierarquia óbvia, como chefes visíveis. Em 303, tal como em 250 e em 257, o governo atacou os bispos, padres e diáconos cristãos. A maior responsabilidade foi atribuídaaos bispos; Cipriano de Cartago, por exemplo, foi executado em 258 como “porta-bandeira” da “facção” cristão. Se um bispo capitulava, poderia desaparecer a lealdade de toda uma comunidade cristã. Segundo Brown, a Igreja a que Constantino trouxe a paz em 312 era já um corpo bastante complexo. É impossível saber quantos cristãos havia no Império desta época: já sugeriu um máximo de 10 por cento da população, com uma concentração maior na Síria, na Ásia Menor e nas principais cidades do Mediterrâneo romano. O que se sabe de certeza é que no há qualquer justificação para o mito romântico que se desenvolveu mais tarde, segundo o qual os cristãos eram uma minoria perpetuamente perseguida, literalmente obrigada à clandestinidade pela severidade da repressão. No século III, antes de Constantino, muitas outras personalidades haviam se convertido ao cristianismo, como já sinalizamos o modelo não alienígena ao espaço romano, mas abre a possibilidade de mudanças importantes na mentalidade religiosa.
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