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Fundamentos de Filosofia Aula 2

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Fundamentos de Filosofia 
Aula 2 
 
 
 
Professor Rui Valese 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Oi, seja bem-vindo(a) à aula 2 de Fundamentos de Filosofia. Aqui, estudaremos 
os diferentes períodos filosóficos, bem como sobre as filosofias desenvolvidas 
fora do contexto indo-europeu. Para esse estudo, apesar de não ser a melhor 
forma de se estudar Filosofia, seguiremos uma sequência cronológica e linear. 
Porém, isso tem um propósito didático e pedagógico: compreender os momentos 
de continuidade e descontinuidade do pensamento filosófico. Da mesma forma, 
estudares também as áreas de investigação filosófica. 
Esperamos, com isso, dar um panorama geral da Filosofia, para uma melhor 
compreensão do que seja a mesma, bem como de que maneira a mesma pode 
contribuir para a sua formação profissional. 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com a fala inicial do 
professor Rui. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A vida de Sócrates é inspiração para muitas reflexões, bem como para 
questionar algumas das nossas atitudes. Após o seu julgamento e condenação, 
Sócrates recebe três alternativas: 
 Mudar de cidade e deixar de filosofar 
 Fugir, com a ajuda de seus discípulos que subornariam os guardas que o 
vigiavam 
 Seguir em frente e cumprir sua sentença: morrer tomando cicuta 
Qual dessas atitudes você tomaria? 
 
 
Sobre esta reflexão, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo do 
professor Rui. 
 
 
E aí, está curioso para saber sobre a defesa de Sócrates? Estão, acompanhe o 
vídeo a segui com os comentários do professor Rui. 
 
 
Tema 1: Filosofia Antiga e Medieval 
Quando falamos da Filosofia Antiga e Medieval, estamos nos referindo a um 
período bastante longo da História da Filosofia: do século VII a.C. até o século 
XVI d.C. Assim, não dá para resumir em poucas páginas tudo o que foi tratado 
nesse período, nem as coisas mais relevantes. Porém, trataremos pelo menos 
de alguns dos principais filósofos do período e alguns de seus principais 
problemas. 
 
 
 
As subdivisões desse período são muitas. Por não termos espaço para análises 
mais aprofundadas, optamos por uma divisão em duas partes. Seguiremos a 
divisão clássica da História da Filosofia, começando pelo seu nascimento, na 
Grécia Antiga, até o seu desenvolvimento europeu. Porém, não nos 
esqueceremos das manifestações filosóficas em outros espaços geográficos e 
culturais, como África, Ásia e América Latina. 
A primeira fase pode ser dividida em: 
 Período cosmológico (século VII ao V a. C.) 
 Período antropológico (século V ao IV a. C.) 
 Período sistemático (século IV ao III a. C.) 
 Período greco-romano (século III a. C. ao VI d. C.) 
A segunda fase é o da Filosofia Medieval, que pode ser dividida em: 
 Patrística 
 Medieval 
1ª Fase – Período Cosmológico 
Esse período é o do nascimento da filosofia grega. É uma fase ainda de 
rompimento com a consciência mítica, que dava conta, ou pelo menos tentava 
dar conta, até então, de explicar todas as coisas. Esse período também é 
conhecido como pré-socrático, uma vez que a reflexão sobre os dramas 
existenciais humanos praticamente começa apenas com Sócrates. 
Nesse período, a principal preocupação é com o princípio constitutivo de 
tudo, por isso, cosmológico. Muitas vezes, chega a ser mais uma investigação 
da natureza. Tanto é assim que buscam na natureza o elemento fundante e 
constitutivo de tudo: fogo, água, terra, ar, e assim por diante. Tales de Mileto, por 
exemplo, previu o eclipse solar de 585 a.C. Zombavam dele porque, segundo 
alguns, andava com a “cabeça nas nuvens”. Como conhecia o funcionamento da 
natureza, havia previsto uma grande colheita de azeitonas. 
 
 
Porém, as pessoas duvidaram de sua sabedoria. Para provar o que sabia, alugou 
todas as prensas de azeitona da sua região. No ano seguinte, pode cobrar o 
preço que quisesse, mostrando que a Filosofia, mesmo a da natureza, tem sua 
utilidade. 
Porém, o que interessa ao filósofo não é o quanto irá ganhar com o 
conhecimento que adquire. Nesse período, dois filósofos fundarão dois 
princípios fundamentais da Filosofia: 
 Parmênides – para quem, o que podemos conhecer é o que permanece, 
já que, sobre o que muda, nunca podermos ter certeza alguma 
 Heráclito – para quem, o que podemos conhecer é a mudança, uma vez 
que a realidade é o resultado do conflito de forças contrárias; tudo está 
em movimento; a realidade é movimento 
1ª Fase – Período Antropológico 
É o período em que viveram Sócrates e Platão. Juntamente com os sofistas, são 
os primeiros a romperem com a filosofia que especulava sobre a natureza e 
passaram a se ocupar das questões relacionadas ao existir humano, seja em 
sociedade ou os problemas existenciais individuais, como é a felicidade, justiça, 
beleza, coragem, etc. 
 
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-
Q31sd83msNc/UksUliBv5WI/AAAAAAAAA4s/qZQlwvAusgo/s1600/culturaeepigenetica02.jpg>. 
 
 
Sócrates e Platão divergiam dos sofistas com relação ao papel da Filosofia. Para 
estes, a Filosofia deveria instrumentalizar os cidadãos para os debates na ágora. 
Costumavam cobrar pelos seus ensinamentos, bem como defendiam que a 
forma do discurso era mais importante que seu conteúdo. 
Sócrates acreditava que o conhecimento da verdade possibilitaria aos sujeitos 
serem bons. Para tanto, defendia a prática da maiêutica (parto de ideias) como 
forma de se chegar à verdade. Como o oráculo havia afirmado que ele era o 
homem mais sábio de sua época, põe-se a investigar junto, aos cidadãos que 
lhe são contemporâneos, se isso correspondia à verdade. 
Porém, essa atitude lhe rende muitos inimigos, principalmente entre aqueles que 
se autoproclamavam sábios, uma vez que, em várias ocasiões, havia exposto a 
ignorância dos mesmos. Como resultado, o mesmo é julgado por crimes como: 
corromper os jovens, não acreditar nos deuses e criar uma nova divindade. 
Platão, por sua vez, é o grande divulgador dos pensamentos de Sócrates. Em 
algumas de suas obras, não é tão fácil distinguir o que é seu pensamento e o 
que é do mestre. 
Platão escreveu por meio de diálogos, onde o personagem principal é Sócrates. 
Na Alegoria da Caverna, que está no Livro VII de A República, uma de suas 
principais obras, está, talvez, o fundamento do seu pensamento. Para ele, 
existem dois mundos: o Mundo das Ideias, onde estão as essências de todas as 
coisas, as ideias perfeitas; e o Mundo das Aparências, que é o que vivemos, é 
uma mera reprodução. 
Faça uma pausa, acesse a versão online da aula e assista a este vídeo sobre o 
Mito da Caverna: 
 
 
 
 
 
 
Outra ideia fundamental no pensamento de Platão é a teoria da reminiscência, 
segundo a qual as almas passam por sucessivas reencarnações, sendo as 
responsáveis por escolher seus destinos, que são apresentados pelas moiras 
Láquesis, Cloto e Átropos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moiras 
A cada encarnação, as almas são julgadas e sentenciadas. Conforme tiverem 
vivido, poderão voltar ao Mundo das Ideias (céu), reencarnar ou ir para o mundo 
subterrâneo (inferno), onde passarão um tempo por lá (se seus erros forem 
pequenos), ou ficarão em definitivo (se seus erros foram imperdoáveis). Cabe a 
cada alma, primeiramente, escolher bem seu destino e, em seguida, saber viver 
o destino escolhido e/ou corrigi-lo, por meio da Filosofia, que é o antídoto a toda 
forma de engano, se necessário. 
1ª Fase – Período Sistemático 
O principal nome da filosofia desse período é Aristóteles. Nascido em Estagira, 
colônia grega na antiga Jônia, foi filho de Nicômaco,amigo e médico de Amintas 
III, rei macedônio, foi tutor de Alexandre da Macedônia. Discípulo de Platão, após 
a morte do mestre (347 a. C.), deixa Atenas, para onde voltará mais tarde e 
fundará o Liceu. 
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/aristoteles-sua-escola.htm 
 
 
 
 
Desenvolve um pensamento muito diferente de seu mestre. Para ele, não 
existiam dois mundos, como defendia Platão, mas um único, que está em 
mudança e permanência contínua. Para explicar esse duplo movimento, cria o 
conceito de ato, que é a realização das possibilidades, que já estavam 
contidas no ser; e de potência, que é a possibilidades de as coisas serem 
algo. 
Aristóteles também é o sistematizador de grande parte do conhecimento 
filosófico até então produzido, tendo investigado também sobre os seres vivos, 
a natureza, dentre outros temas. Suas obras tratam de ética, política e lógica. 
Nesse último, aliás, é o criador da lógica formal, instrumento adequado, segundo 
ele, para se verificar a veracidade das coisas. 
1ª Fase – Período Greco-romano 
Esse período é o do nascimento do Império Romano e é caracterizado pela 
incorporação de muitos dos valores estéticos, políticos, culturais e éticos dos 
gregos, por parte dos romanos. Os temas principais eram as questões éticas, do 
conhecimento e das relações dos seres humanos com a natureza. É o momento, 
também, do nascimento do cristianismo, cujos seguidores, num primeiro 
momento, serão perseguidos pelos romanos, mas, depois será não só 
incorporado, como tornado religião oficial do império. 
2ª Fase – Período da Patrística 
Na fase patrística (Relativo a padres da Igreja Católica), num primeiro momento, 
há uma negação da Filosofia, que é tida como um pensamento contrário à fé. 
Porém, num segundo momento, percebe-se que, para se tornar aceitável entre 
os pagãos, havia a necessidade de tornar a nova religião fundamentada em 
argumentos lógico-racionais consistentes, e não somente intuitivos e/ou 
subjetivos. Assim, a filosofia serviria de instrumento de defesa da fé cristã contra 
os ataques teóricos dos que seguiam outras religiões ou que não seguiam 
nenhuma em particular. A filosofia é, então, instrumentalizada. 
 
 
Ao mesmo tempo, o cristianismo introduz alguns problemas que os gregos até 
então não tinham se ocupado: o pecado original, a criação do mundo, a ideia de 
um Deus trino, juízo final, salvação, dentre outros. 
Existiram duas patrísticas: uma grega, que defendia uma conciliação entre fé e 
razão; uma latina, que num primeiro momento nega a Filosofia e, depois, a 
instrumentaliza. 
O principal nome desse período é Santo Agostinho, que realiza um processo de 
cristianização do pensamento platônico, conservando algumas ideias de Platão, 
como a separação entre corpo e alma, e modificando outras, como a ideia da 
vida após a morte. Para Agostinho, não há a possibilidade de retorno. 
2ª Fase – Período Medieval 
No segundo período, o principal nome é Santo Tomás de Aquino, que é o 
responsável por cristianizar o pensamento de Aristóteles. Da mesma forma, o 
principal problema para os padres doutores da Igreja Católica é a questão dos 
universais. Isto é, se os conceitos universais correspondem à realidade de 
alguma coisa ou se são meramente palavras. Outro problema é apresentar 
provas, argumentos que comprovem a existência de Deus. 
Para saber mais sobre os filósofos pré-socráticos, os filósofos da natureza, 
acesse a seguir: 
http://www.paradigmas.com.br/index.php/revista/edicoes-31-a-40/edicao-
33/287-os-filosofos-pre-socraticos-filosofos-da-natureza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/02/historia-da-filosofia-
medieval-escolas-e-filosofos.jpg>. 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com o professor Rui 
tratando do tema que estamos vendo. 
 
Tema 2: Filosofia Moderna e Contemporânea 
A Filosofia Moderna tem suas raízes no Renascimento (século XIV ao XVI) e vai 
até meados do século XVIII, quando começa o Período Contemporâneo. Esse é 
o nosso objetivo nessa aula: conhecer os principais problemas e pensadores da 
Filosofia Moderna e Contemporânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Renascimento marca um período de rompimento com a mentalidade, com 
alguns dos valores medievais, principalmente o predomínio do cristianismo, e 
com a ideia de que as verdades são reveladas somente a alguns poucos por 
meio do Espírito Santo. Da mesma forma, é marcado pelo renascimento 
comercial e urbano, que conduzirá ao nascimento de uma classe social, a 
burguesia, que, séculos mais tarde, irá realizar as grandes revoluções 
burguesas, pondo abaixo diversas monarquias do poder, bem como, a partir do 
mercantilismo e das políticas colonialistas, acumulará riquezas que serão 
utilizadas para o início e desenvolvimento da Revolução Industrial. 
 
Fonte: <http://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2013/07/sa1234567.png>. 
 
 
 
O Renascimento marca uma mudança de postura em relação ao ser humano: 
esse é colocado como centro, como sujeito do próprio conhecimento. A partir 
daí, é resgatada, de certa forma, a autonomia do ser humano em relação ao 
próprio pensamento, quando da ruptura com a consciência mítica, que levou ao 
nascimento da Filosofia. Três problemas principais ocuparão as atenções dos 
filósofos desse período: 
a) Teoria do conhecimento 
Com relação ao conhecimento, duas perspectivas dividirão os filósofos: os 
empiristas e os idealistas. Para os empiristas, herdeiros de Aristóteles, liderados 
pelo inglês John Locke e pelo escocês David Hume, a ideia central é que o 
conhecimento humano é resultado de suas experiências. Assim como 
Aristóteles, acreditavam que o ser humano é como uma folha de papel em 
branco, uma tábula rasa, onde são inscritos os conhecimentos produzidos a 
partir das experiências vividas. 
Já os idealistas, herdeiros de Platão e liderados por Descartes (século XVII) e 
Kant (século XVIII), defendem a existência de ideias inatas, isto é, que o ser 
humano, quando nasce, já é possuidor de certas ideias, e que as mesmas são o 
ponto de partida do conhecimento e não a experiência, pois essa é considerada 
falha e enganadora, pois que oriundas dos sentidos, que são falhos e 
enganadores. 
Tanto Platão quanto Descartes desconfiam dos sentidos. O primeiro cria a 
Alegoria da Caverna, onde relata a existência de seres presos no interior de uma 
caverna que vêm sombras e ouvem coisas, e as tomam como verdade. Sem se 
aperceberem que são o resultado de objetos refletidos na parede da caverna, e 
que os sentidos captam como sendo reais. Já Descartes se refere à possibilidade 
da existência de um gênio maligno que, intencionalmente, tentaria me enganar. 
Da mesma forma, a única maneira de não se deixar enganar é suspeitar dos 
sentidos e confiar apenas na razão e no uso de um método que bem conduza a 
razão. 
 
 
Kant, por sua vez, realiza uma revolução copernicana do conhecimento quando 
afirma que não é o sujeito que deve circular ao redor do objeto, e sim que é o 
objeto que deve circundar o sujeito. Para Kant, captamos apenas as 
manifestações dos objetos, e não os objetos mesmos. 
b) Filosofia política 
Com relação à filosofia política, estas perspectivas dividirão os filósofos: a 
justificativa teológica do poder dos reis, liderados por Jean Bodin e Jacques 
Bossuet; e a contratualista, liderada por John Locke, Jean Jacques Rousseau e 
Thomas Hobbes. Para os primeiros, o poder dos reis é de origem divina e, como 
tal, não cabe questionamento nem da origem do poder dos mesmos, nem das 
medidas que os mesmos tomam,uma vez que seriam justificadas pela sua 
origem. Assim como não se deve questionar Deus, também não se deve 
questionar as decisões reais. 
 
Fonte: 
<http://www.settemuse.it/pittori_scultori_europei/gerard_f/francois_gerard_003_incoronazione_
carlo_X_1827.jpg>. 
Já os contratualistas defendem a necessidade de o Estado ter um contrato com 
seus cidadãos, para que esses abram mão de sua liberdade natural, em favor 
da vida em sociedade. Porém, o que motiva cada um deles a justificar a 
necessidade desse contrato social é diferente. Para Thomas Hobbes, por 
exemplo, o ser humano é mal por natureza. 
 
 
Ele afirma que, homo homini lúpus, ou o homem é lobo do homem e, portanto, 
há a necessidade da existência de leis, contratos para as relações entre os seres 
humanos sejam controladas. 
Já para Rousseau, o ser humano é bom por natureza e a sociedade o corrompe. 
Assim, se faz necessário a existência do contrato social com vistas a preservar 
a bondade original. Já para John Locke, ideólogo do liberalismo e do Iluminismo, 
a única fonte de legitimidade de poder dos governantes é a vontade do povo e, 
o contrato social visa garantir os direitos e as liberdades individuais, expressos 
no direito à propriedade. 
c) Ética 
Com relação à ética, o principal nome desse período, sem sombras de dúvida, é 
Immanuel Kant. Kant desenvolve sua ética a partir de imperativos, isto é, de 
normas que devem ser respeitadas por elas mesmas, e não porque por meio 
delas se almeja alguma coisa que não seja o próprio cumprimento do dever. 
Segundo ele, somente agindo assim o ser humano constrói a sua autonomia, 
sua maioridade, já que, do contrário, agindo por imposição externa ou por algum 
outro interesse que não seja o cumprimento do próprio dever, permaneceria na 
menoridade e seria um sujeito heterônomo. 
Para Kant, devemos agir de maneira que, a nossa máxima seja universal, isto é, 
aquilo que nos orienta a agir, deve ser válida não somente para mim, mas, para 
todo mundo. Da mesma forma, sua perspectiva ética está fundamentada na ideia 
de que o ser humano é um fim em si mesmo, e não um meio para alguma coisa, 
qualquer que seja ela. 
Para saber mais sobre a filosofia medieval cristã, acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=Eu-CWNAa6lU 
Conheça a teoria de que os fins justificam os meios, de Maquiavel. Acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=tjhXPRB8w7Q 
 
 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com o professor Rui 
tratando do tema que estamos vendo. 
 
Tema 3: Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência 
Fechada a primeira etapa dessa aula, que tratava dos períodos históricos da 
Filosofia, passemos a tratar das suas grandes áreas: a Teoria do Conhecimento 
e a Filosofia da Ciência. No início da Metafísica, afirma Aristóteles: “Todos os 
homens, por natureza, aspiram ao saber”. Ou seja, é da natureza humana querer 
uma explicação para as coisas. Não nos contentamos apenas em ver ou viver, 
sem entender como as coisas são, porque as coisas são o que são, por que 
vivemos, por que morremos, o que é o tempo, o que é o belo, o que é a felicidade, 
etc. 
Se num primeiro momento as explicações mágico-fantasiosas fornecidas pela 
mitologia e pelas religiões eram suficientes para dar conta da curiosidade 
humana, com o desenvolvimento das sociedades humanas, as mesmas passam 
a ser insuficientes. Assim, há a necessidade de buscar uma explicação lógico-
racional para as coisas. É a partir dessa necessidade que surgirá a filosofia 
grega. Na Grécia Antiga, os primeiros sábios a se dedicarem a essa busca 
ficaram conhecidos como filósofos pré-socráticos. 
Suas preocupações eram encontrar o princípio fundante de tudo, a arkhé. A partir 
dessa preocupação, dois caminhos se abrem: 
 
 
 
 
 
 a ideia defendida por Heráclito de Éfeso, para quem a realidade é 
movimento, um “fluxo perpétuo”. Por isso, para ele, o princípio constitutivo 
de tudo era o fogo, que tinha a capacidade de transformar as coisas. Tudo 
está em movimento. Porém, esse movimento não é desordenado, nem 
aleatório, mas, surge da harmonia dos contrários. 
 a ideia defendida por Parmênides de Eleia, contrária a Heráclito, 
afirmava que somente podemos pensar aquilo que permanece, e não o 
que muda, pois desse, por estar constantemente mudando, nunca 
poderemos afirmar algo de fixo. Assim, o que podemos conhecer é o que 
é idêntico, imutável. 
Passada essa primeira fase da Filosofia de busca por um princípio fundante, com 
Sócrates e os sofistas, entramos numa fase antropológica – o que não significa 
que harmônica; pelo contrário, uma das diferenças entre Sócrates e os sofistas 
está justamente na relação com o conhecimento. Enquanto para o primeiro, por 
meio da maiêutica, era possível chegar à verdade das coisas e, dessa forma, 
agir corretamente; para os sofistas, a questão era saber argumentar 
corretamente para defender uma determinada ideia. Assim, enquanto Sócrates 
defende a busca da verdade como um princípio ético epistemológico, para os 
sofistas, a mesma era uma questão de argumentação, opinião e persuasão. 
Para Platão, discípulo e principal divulgador das ideias de Sócrates, existem dois 
tipos de conhecimento: 
 Sensíveis – são provenientes dos sentidos; não são confiáveis porque 
são oriundos dos sentidos que são falhos 
 Inteligíveis – são provenientes da capacidade racional do sujeito; são 
seguros, pois são o resultado da atividade intelectual dos sujeitos 
 
 
 
 
Platão, também, distingui quatro graus de conhecimento: 
 
Para Platão, ainda, existem dois mundos: 
 o mundo das ideias, onde estão as ideias, os conceitos eternos e 
imutáveis de todas as coisas e que é alcançado somente pelo raciocínio 
e a intuição intelectual 
 o mundo das representações, que é captado pelos sentidos 
 
Como método de conhecimento, Platão defende a dialética, que, para ele, 
consistia num diálogo em que se apresentavam teses contrárias sobre um 
determinado assunto, até se chegar à tese verdadeira, abandonando a falsa. 
Já para Aristóteles, não existem dois mundos, mas, tão somente um. 
Permanência e mudança estão nos próprios seres. Da mesma forma, não existe 
um conhecimento inferior (crença e opinião) e outro superior (raciocínio e 
intuição intelectual), como queria Platão, mas graus de conhecimento, que vão, 
sucessivamente, um enriquecendo o outro. 
 
 
Assim, passamos da sensação para a percepção, desta para a imaginação, que 
será sucedida pela memória, que dará origem à linguagem, e essa ao raciocínio, 
chegando, por fim, à intuição. 
 
Assim, para Aristóteles, não há uma ruptura, mas uma continuidade. No entanto, 
reconhece que a intuição é superior às demais e não depende delas para existir. 
 
 
Outra diferença de pensamento entre Aristóteles e seu mestre era quanto à 
origem do conhecimento. Enquanto para Platão, o conhecimento sensível é 
desvalorizado, para Aristóteles, a experiência é fundamental. 
Afirma ele: “Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos 
sentidos”. 
Na Idade Média, a preocupação do conhecimento é com os conceitos universais. 
Existem realmente ou não passam de palavras? Outra característica do 
problema do conhecimento para os medievais era quanto a sua origem. Para os 
padres doutores da Igreja Católica, a origem do conhecimento estava em Deus 
e era revelado aos mesmos por obra do Espírito Santo. Assim, somente eles 
estavam autorizados a dizerem o que era e o que não era verdade, a partir dos 
estudos realizados no livro sagrado dos católicos: a Bíblia. Essa interpretação, 
porém, deveria ser feita à luz da fé, e não da razão. Enquanto essa representariaa Filosofia, aquela representaria a Teologia, que lhe era superior e à qual deveria 
estar submetida. 
Outra característica da filosofia dessa época é o aparecimento de problemas 
que, para os gregos, não existiam. Por exemplo: como seres imperfeitos, assim 
tornados por meio do Pecado Original, podem conhecer o que é perfeito? Por 
conseguinte, como o finito, que é o ser humano, pode conhecer o infinito, que é 
Deus? O que são verdades da razão e o que são verdades da fé? Como 
consequência dessa forma de pensar, a Igreja Católica medieval empreenderá 
uma luta de controle do conhecimento. 
Para tanto, buscará manter nas bibliotecas de seus conventos, a maioria das 
obras escritas conhecidas até então, impedindo o acesso às mesmas, seja por 
meio da Inquisição, seja por meio da elaboração de um Index Librorum 
Prohibitorum, lista de livros proibidos, pois se chocavam com as doutrinas e os 
dogmas da Igreja. Essa lista só abolida em 1966, pelo papa Paulo VI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://osabicao.com.br/o-que-foi-o-index-librorum-prohibitorum/>. 
Ainda na Idade Média, século XIII, Roger Bacon começa a questionar as 
verdades reveladas, afirmando que um conhecimento, para ser tido como 
verdadeiro, deveria passar pela experiência. Já no século XVI, Francis Bacon 
afirmava que quatro ídolos nos impediam de conhecer a verdade: 
 Ídolos da caverna – que são nossas opiniões oriundas dos nossos 
órgãos dos sentidos 
 Ídolos do fórum – que são oriundos da linguagem e da influência das 
outras pessoas 
 Ídolos do teatro – são as opiniões formadas a partir do que as 
autoridades nos impõem 
 Ídolos da tribo – são as opiniões que formamos pelo fato de vivermos 
em sociedades que possuem a mesma origem, destino, características e 
comportamentos 
 
 
 
No século XVII, Descartes irá se propor uma tarefa monumental: reconstruir todo 
o conhecimento, partindo do zero. Para ele, era necessário abandonar tudo o 
que havia sido ensinado como verdadeiro para reconstruir o conhecimento, não 
pela tradição, mas por meio da aplicação de um método que desse segurança 
sobre as verdades que se devia afirmar. Afirmava ele, que era necessário 
começar pela leitura do grande livro: o mundo. Da mesma forma que Platão, 
Descartes negará os conhecimentos oriundos por meio dos sentidos, pois, 
segundo ele, os sentidos nos enganam; eles não são confiáveis. Afirmava ainda: 
“Quem me garante que, agora, não há um gênio maligno que está me fazendo 
crer que estou escrevendo o que acredito estar escrevendo realmente?” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-
EWbEYLfrqHM/Ui9FQWBgHaI/AAAAAAAAAF8/CNvH_MoZspw/s1600/Descartes.jpg>. 
Assim, para que possa chegar a verdades claras e evidentes, preciso munir-me 
de um método seguro. Desta forma, propõe ele seu método que está dividido em 
quatro passos: 
 
 
 
a) Evidência – é não admitir nada em meu espírito como sendo verdadeiro, 
sem antes verificar se assim o é 
b) Divisão – dividir o problema a ser investigado em tantas partes quanto 
forem necessárias para melhor compreendê-lo 
c) Enumeração – ordenar as partes e os pensamentos, indo das mais 
simples para as mais complexas 
d) Revisão – fazer a revisão completa de todos os passos dados, para se 
ter certeza de nada ter esquecido ou observado superficialmente 
Da mesma forma que Aristóteles irá divergir do idealismo de seu mestre Platão, 
também John Locke, contemporâneo de Descartes, irá em caminho oposto ao 
do filósofo francês, e afirmará a primazia da experiência sensível na produção 
de todo o conhecimento humano produzido. 
No século XVIII, Immanuel Kant irá realizar uma revolução epistemológica. Ante 
a dicotomia entre empiristas e racionalistas, Kant afirmará que ambos estavam 
errados. Para ele, o conhecimento não é nem inato, nem adquirido pela 
experiência. O que é inato é a razão, que conhece as coisas por meio da 
experiência. No entanto, afirma Kant, não é possível conhecer as coisas em si, 
mas, tão somente, suas representações, às quais chama de noumeno. 
Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o noumeno, acesse: 
http://basedafilosofia.blogspot.com.br/2011/10/filosofia-do-conhecimento-
missao-23.html 
Kant afirma ainda que, até então, acreditava-se que o sujeito circulava ao redor 
do objeto, da mesma forma que se acreditava que o Sol girasse em torno da 
Terra; quando, na realidade, é o contrário: é o objeto que deve circular ao redor 
do sujeito cognoscente, como é a terra que gira ao redor do Sol. 
 
 
 
A partir do século XVIII, afirma-se a primazia do conhecimento científico sobre 
os demais tipos de conhecimento. À ciência compete explicar todas as coisas e 
dar a última palavra sobre cada uma delas. O método científico passa a ser 
defendido como infalível e acaba por transformar a ciência num novo dogma, 
num novo mito. Algo para ser tido como verdadeiro tem que ser, primeiro, 
afirmado como sendo o resultado de um trabalho científico. Até mesmo as 
ciências humanas, como Antropologia, Sociologia e Psicologia, então nascentes, 
buscam se afirmar como ciências para serem reconhecidas. 
No entanto, os séculos XIX e XX irão mostrar que a racionalidade científica irá 
produzir algumas irracionalidades, como, por exemplo, a exploração da mão de 
obra à exaustão nas fábricas, bem como a criação de armas de destruição em 
massa, resultantes do avanço científico e tecnológico, que será denunciado 
principalmente, primeiramente por Marx e a esquerda hegeliana ainda no século 
XIX e, durante o século XX, pelos fenomenologistas e pela Escola de Frankfurt. 
Esse passa a ser, principalmente, o abjeto da filosofia da ciência: investigar suas 
possibilidades e suas limitações, bem como os usos mercadológicos e 
ideológicos do conhecimento científico. 
Para saber mais sobre a relação entre ato e potência, com base na metafísica 
aristotélica, acesse: 
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahumus/article/downlo
ad/1504/1208 
Fica também como sugestão de filmes para compreender esse período que 
estudamos: 
 O nome da rosa 
o http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2402/ 
 Quo vadis 
o http://www.adorocinema.com/filmes/filme-44210/ 
 
 
 
 Em nome de Deus 
o http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47707/ 
 O poço e o pêndulo 
o https://filmow.com/o-poco-e-o-pendulo-t15153/ 
 Abelardo e Heloisa 
o http://www.conexaoparis.com.br/2015/04/14/abelardo-e-heloisa-
uma-historia-de-amor/ 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com o professor Rui 
tratando do tema que estamos vendo. 
Tema 4: Ética, Filosofia Política e Estética 
Começamos agora mais uma unidade de aprendizagem. Essa unidade tem 
como temas centrais a Ética, a Filosofia Política e a Estética. Buscaremos 
abordar essas três áreas, na medida do possível, de maneira integrada. 
Enquanto as duas primeiras têm mais a ver com o viver, seja individual, seja em 
sociedade, a dimensão estética diz respeito mais às questões do belo, das artes 
em si e de sua função social e/ou meramente estética. No entanto, mesmo o agir 
individual ou coletivo também devem aspirar ao belo, ao sumo bem, à perfeição, 
à ordem, à harmonia. 
Por ordem, não se entende a ordem positivista, mas aquilo que, no dizer de 
Aristóteles, pode proporcionar a felicidade. 
Primeiramente, compete fazer uma distinção entre moral e ética. Enquanto a 
moral diz respeito às regras que organizam o nosso viver, a ética é a 
reflexão sobre tais noções e princípios que fundamental a ação dos 
indivíduos em sociedade. Assim, não seria correto falarmos da existência de 
umindivíduo ético, mas, de um indivíduo moral, ou seja, aquele que segue as 
regras prescritas para o grupo social do qual o mesmo faça parte. O problema é 
que mesmo essas regras podem não ser tão morais assim, pois a moral é uma 
construção histórica, social e cultural. Portanto, não possui objetividade. 
 
 
É certo que certas regras, como “não matarás”, podem ser entendidas como 
tendo caráter universal. Porém, outras regras podem ser questionadas, tais 
como a possibilidade de um homem se casar com mais de uma mulher, por 
exemplo, ou a punição com apedrejamento até a morte da mulher que for pega 
traindo o marido ou mesmo as mães que, em algumas comunidades africanas, 
extirpam o clitóris de suas filhas, dentre outras. 
Sócrates foi um dos primeiros filósofos a tratar das questões morais. Para ele, 
um sujeito que conhece a verdade, age corretamente. Assim, quando um sujeito 
erra, é porque desconhece a verdade. Por isso, sua primeira máxima é o 
“Conhece-te a ti mesmo”; frase essa que estava inscrita no pórtico do Oráculo 
de Delfos. Ou seja, o primeiro conhecimento que devemos ter é sobre nós 
mesmos, antes de procurar conhecer as demais coisas. O autoconhecimento é 
o caminho para vida autêntica e feliz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2012/06/conhece-te-ti-mesmo.html>. 
A moral também está relacionada com a maneira como o indivíduo se relaciona 
com o problema da liberdade. Nesse sentido, se cumpro uma regra por 
obrigação, não estou sendo um sujeito moral, pois a moral pressupõe a escolha 
 
livre e consciente do indivíduo em agir de acordo com certas regras. Da mesma 
forma, se cumpro uma regra porque espero alguma recompensa ou por medo 
de receber algum tipo de sanção se não a cumprir, também o ato deixa de ser 
moral. 
Para Aristóteles, o sujeito moral é aquele que sabe agir com equilíbrio e 
constância. Isto é, nem o indivíduo destemido, nem o covarde são virtuosos, mas 
sim aquele que sabe agir de acordo com as circunstâncias. É no justo meio que 
se encontra a virtude. Da mesma forma, para Aristóteles, não basta agir 
corretamente uma única vez, nem fazer apenas um tipo de ação correta. Como 
o mesmo afirma em Ética a Nicômaco: “Uma andorinha não faz verão”. 
Assim, é necessário constância e persistência. Aliás, para Aristóteles, a 
educação começa pelo exemplo, que precisa ser imitado e repetido, até se tornar 
hábito, isto é, até que o sujeito realize tal ação, mesmo sem pensar. Esse mesmo 
princípio do justo meio, que Aristóteles defende para a moral, também o defendia 
no campo da política, pois a cidade justa é aquela que age com equilíbrio, 
praticando a justiça distributiva e participativa no que tange a proporcionar a 
todos os cidadãos o acesso tanto aos bens partilháveis, quanto aos bens 
participáveis. A justiça distributiva de Aristóteles se baseia no princípio de 
que é necessário tratar desigualmente os desiguais, para torná-los iguais. 
Durante a Idade Média, na Europa, a moral estava atrelada aos Dez 
Mandamentos. Esses eram os princípios que deveriam orientar o agir dos 
indivíduos, bem como os dogmas da Igreja Católica. Os casos de desvio da 
moral e da fé, assim como aqueles que não partilhavam da fé cristã, eram 
tratados como heresias, podendo o indivíduo ser julgado e condenado pelo 
Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição. Esse instrumento, aliás, não foi utilizado 
somente pela Igreja Católica, mas, também, pelas igrejas protestantes. 
Imannuel Kant, no século XVIII, irá propor seus imperativos categóricos como 
forma de dizer aos indivíduos como deve se portar um indivíduo moral. Antes, 
porém, é necessário compreender, dele, dois conceitos: autonomia e 
heteronomia. 
 
 
Num pequeno texto, escrito em 1783, intitulado Resposta à pergunta: O que é 
Esclarecimento? Kant define tais conceitos da seguinte forma: 
 Autonomia é a condição do sujeito que, orientado pelo seu próprio 
entendimento, é capaz de agir sem a orientação de outrem. Esse 
comportamento Kant também o chamou de maioridade. 
 Heteronomia é a condição do sujeito que abre mão da própria liberdade, 
para ser governado por outrem. Tal condição é chamada por Kant de 
menoridade. 
A política, definida a partir de como os gregos a conceberam, pode ser definida 
como a arte de governar a cidade com vistas ao bem comum de seus cidadãos. 
Para apresentar sua concepção de cidade justa, Platão escreveu A República. 
Em linhas gerais, Platão defende a ideia de que cada indivíduo ocupe sua função 
na cidade de acordo com suas aptidões – da mesma forma que cada um seja 
instruído para realizar da melhor forma possível suas tarefas. Já o pensamento 
político de Aristóteles está expresso em sua obra Política. Nela, dentre outras 
coisas, destaca-se a ideia defendida por Aristóteles da justiça distributiva e 
participativa, a que já nos referimos anteriormente. 
No século XVI, viveu um dos principais filósofos políticos: Nicolau Maquiavel. Em 
sua obra O Príncipe, inaugurará uma nova visão a respeito da política, 
separando-a das questões ético-morais, pois a moral política é distinta da moral 
privada. Aquela deve ser vista e julgada a partir das medidas necessárias que 
são tomadas com vistas ao bem comum. 
Essa parte da obra, aliás, foi equivocadamente interpretado como “os fins 
justificam os meios”. Frase muitas vezes atribuída a Maquiavel, que o mesmo 
nunca escreveu. 
Maquiavel escreve essa obra pensando na unificação italiana em torno de uma 
república, e não dividida como estava então, presa fácil de qualquer aventureiro 
estrangeiro que quisesse dominar seus principados. 
 
 
Assim, começa a descrever como um príncipe deveria agir para alcançar tal 
unificação. A principal característica do príncipe, para Maquiavel, era aliar a virtú 
com a fortuna. 
Enquanto a primeira seria a capacidade que o príncipe deveria ter de realizar 
grandes feitos, a segunda seria o fato de o mesmo ser dotado de sorte e que 
soubesse aproveitar desses momentos para realizar suas ações. Assim, força e 
coragem de nada adiantam sem a presença do momento propício e vice-versa. 
A filosofia política apresentará alguma novidade com as teorias contratualistas 
dos séculos XVII e XVIII. Essas são uma reação à ideia defendida durante a 
Idade Média e até início do século XVII, que defendiam a origem divina dos reis. 
Sendo o poder dos monarcas de origem divina, não cabem questionamentos, 
mas, tão, somente, a obediência cega. Para Thomas Hobbes, o ser humano, que 
vivia em estado de natureza, sente a necessidade de um contrato que regule a 
vida em sociedade, pois, caso contrário, mantendo o estado de natureza, o mais 
provável é que um acabe por destruir o outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <https://politica210.wordpress.com/2014/07/07/leviatathomas-hobbes/>. 
 
 
 
Já para John Locke, os governados livremente escolhem ser governados por 
uma instância superior que julgue imparcialmente os atos dos cidadãos. 
Ferrenho opositor das tiranias e das monarquias absolutistas, defendia que as 
leis fossem a expressão da vontade dos cidadãos. Por fim, para Rousseau, o ser 
humano é bom por natureza. O problema está na sociedade, que o corrompe. 
Como o povo tem a soberania, cabe ao governante, como representante do 
povo, realizar a vontade geral do mesmo. Da mesma forma, a preservação da 
bondade original dever ser garantida por meio da educação. 
Por fim, chegamos ao campo da Estética. Já antecipamos algumas ideias a 
respeito desse tema. Palavra que deriva das palavras gregas aisthetiké e 
aisthesis, e significa o ato de observar, perceber, notar, apreciar algo e faculdade 
de sentir,compreensão pelos sentidos, respectivamente; diz respeito ao 
conhecimento produzido pelos sentidos, pela experiência sensível. Nesse caso, 
essa apreciação diz respeito ao caráter de beleza da obra apreciada. 
Tal obra pode ser uma pintura, uma escultura, uma música, uma peça de teatro, 
de cinema, dentre várias manifestações artísticas. O termo foi criado pelo filósofo 
alemão Alexandre Baumgarten, no século XVIII. Para Kant, a palavra estética 
diz respeito à nossa capacidade de julgamento tanto da beleza de uma obra de 
arte, como da beleza da natureza. 
Nos séculos XVIII e XIX, concebia-se as artes como: atividade humana 
autônoma e não instrumentalizada; é resultado da experiência sensorial, da 
inspiração e da imaginação; por ser uma atividade desinteressada e 
contemplativa, não está a serviço de ninguém, a não ser de si mesma; o objetivo 
do artista é a manifestação do belo. 
Como campo de investigações filosóficas, a estética possui pelos menos dois 
significados (ARANHA, 2012).: 
a) Estudo racional dos “valores propostos pelas obras de artes e do 
sentimento que suscita nos seres humanos” 
 
 
b) Estudo do “conjunto de características formais que a arte assume em 
determinado período, que corresponde ao que chamamos de estilo” 
Se para os empiristas, a beleza não é uma qualidade das coisas, mas, o 
sentimento que está na mente de quem contempla, para Kant, o belo é “aquilo 
que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-la 
intelectualmente”. Da mesma forma, até mesmo o feio pode ser belo. E, uma 
obra somente é feia quando for malfeita. Já para Hegel, a beleza possui uma 
dimensão histórica. Isto é, o que é belo num determinado período, pode não o 
ser em outro. Assim, não existiria o belo em si, mas, o belo contextualizado, 
histórica e socialmente. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://www.mensagenscomamor.com/categoria/entretenimento/livros/livros-nacionais>. 
 
Saiba Mais 
Provocações sobre ética: https://www.youtube.com/watch?v=-lto47d29JI 
Filosofia Política na América Latina Hoje: 
https://www.youtube.com/watch?v=1J20_uSICpE 
 A crise da arte: https://www.youtube.com/watch?v=plZhcbJLVRk 
 
 
 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com o professor Rui 
tratando do tema que estamos vendo. 
 
Tema 5: Filosofias existentes fora do contexto indo-europeu 
Por que somente é possível filosofar em grego e alemão, como defendia 
Heidegger em sua tese de doutoramento? Talvez, a essa firmação, deveríamos 
acrescentar os seguintes elementos: primeiramente, somente foi possível 
filosofar em grego; posteriormente, em latim, francês e inglês e, por fim, em 
alemão. E esse complemento não é de concordância, mas de ironia, pois, 
conforme afirma Dussel, a filosofia praticada na América Latina, por 
exemplo, é uma filosofia inautêntica, uma vez que apenas reflete o 
pensamento de filósofos indo-europeus. 
Ao mesmo tempo, o pensamento filosófico produzido fora do contexto indo-
europeu sempre foi desqualificado ou qualificado como religião. No então, se em 
outros continentes não se produziu um pensamento filosófico sistemático como 
o grego, não significa que não tenham produzido outro tipo de pensamento 
filosófico. Aliás, inclusive pensamento esse que pode inclusive romper com uma 
ontologia totalizante e excludente. 
O pensamento filosófico indiano, por exemplo, já apresentava, muito antes dos 
primeiros filósofos gregos, três conceitos metafísicos relacionados ao ser 
humano enquanto Ser: 
 
 
 
 
 
 Atman – o eu, ou alma 
 Karma – as ações humanas praticadas em vida e orientadas por uma 
eficácia moral com vistas à libertação 
 Moksha – que seria a libertação: o mais alto ideal do existir humano 
Assim, atman, o eu, teria que viver o seu karma, isto é, realizar ações orientadas 
por uma eficácia moral com vistas a libertar-se dessa vida material, alcançando 
moksha, a liberdade. 
Para saber mais sobre a filosofia hindu: 
http://www.estudantedefilosofia.com.br/filosofias/filosofiaindiana.php 
A palavra karma, aliás, tem sido usada no Ocidente, pelo senso comum inclusive, 
com significado completamente pervertido, uma vez que, por aqui, entendemos 
karma como castigo, punição e/ou peso a ser carregado em vida pela vontade 
de alguma divindade que resolveu castigar-me. Porém, seu significado se 
aproxima à terceira lei de Newton: para toda ação corresponde uma reação de 
mesma força e em sentido contrário. 
Tanto o pensamento teológico que dá sustentação às religiões de matriz 
africana, quanto a Filosofia Espírita possuem o mesmo fundamento: a lei do 
retorno. Assim, minhas ações devem ser realizadas em sentido de libertar-se e 
não de aprisionar-se. Ou seja, colhemos os frutos das ações que realizamos. 
Somos o que fazemos. Dessa forma, nosso existir é um aprendizado. Quando 
aprendermos nossas lições, nos libertaremos. Enquanto não as aprendermos, 
precisaremos de outras vidas para realizar o aprendizado necessário. 
Já na filosofia chinesa, por exemplo, a preocupação não é com o Ser, mas com 
o processo. Assim, não existe uma categoria “tempo” que faz a divisão entre 
presente, passado e futuro, mas, no sentido de um devir, de um processo que é 
kairós – tempo propício. Diferente da tradição ocidental, que toma o tempo e o 
divide em partes, pedaços, um intervalo entre dois momentos, por exemplo – o 
presente é o intervalo entre o passado e o futuro – para o pensamento chinês, 
 
 
o tempo é um processo, assim como o mundo não foi criado num determinado 
tempo, mas é um processo autorregulado, isto é, que se desenvolve de acordo 
com um momento propício e por si mesmo. 
Para saber mais sobre filosofia chinesa: 
O que é a filosofia chinesa? >>> http://criticanarede.com/fil_china.html 
História da Filosofia Chinesa >>> http://voluntas.tripod.com/Hp/fchinesa.htm 
Outro exemplo vem do continente africano e de sua filosofia ubuntu, filosofia 
essa gestada na África Subsaariana. O princípio dessa filosofia é expresso na 
seguinte frase: “uma pessoa é uma pessoa, junto com outras pessoas”. Ou, em 
termos metafísicos clássicos: um Ser é um Ser, junto com outros Seres. Isto é, 
não se funda na exclusão, mas na inclusão, na interdependência. O filósofo 
Martin Buber (1878-1965) em sua obra Eu-Tu afirma algo semelhante: o Eu 
somente tem sentido e existência na presença de um Tu; não o Tu dominando, 
não o Tu explorando, não o Tu violentando, mas existindo com ele, (co)existindo. 
Emanuel Levinas (1906-1995) e Enrique Dussel (1934-) refletem sobre o 
conceito de alteridade na mesma perspectiva. 
 
Fonte: <http://www.nieuwwij.nl/wp-content/uploads/2016/02/ubuntu.jpg>. 
 
 
 
As formulações de um pensamento filosófico latino americano têm pouco mais 
de 50 anos. Ainda enfrente resistência nas academias, bem como já foi 
considerada como teologia e, por outros, até mesmo de que já teria esgotado 
seu potencial criativo. Porém, esse pensamento tem se renovado e, ao mesmo 
tempo, se consolidado apesar das resistências. E até mesmo contra elas. 
Se até o século XIX, a dominação da América Latina, assim como de outros 
continentes, era obra de diversos países europeus, legitimadas por ontologias 
totalizantes, por vezes substituindo, por vezes contando com o seu apoio e 
complacência, hoje quem realiza esse processo de dominação são os Estados 
Unidos, não por meio de uma ontologia que tenha elaborado, mas que reafirma 
os mesmos princípios de uma ontologia dominante, de negação das identidades 
nacionais, impondo um Ser dominador, tanto por meios culturais (cinema, 
música, histórias em quadrinho, desenhos animados, língua, etc.), como por 
meiosfísicos (guerras, terrorismos, embargos, bloqueios, sanções, etc.). Assim, 
não tem como pensar a possibilidade de uma filosofia latino-americana sem 
considerar esse cenário, dentre tantos outros processos vividos por essa parte 
do mundo. 
É a partir dessas provocações, dentre outras, que o filósofo argentino Enrique 
Dussel, a partir da década de 1960 publica uma série de obras e realiza uma 
série de pesquisas buscando cumprir um objetivo: o de construir um pensamento 
filosófico que rompa com a ontologia europeia, criando um pensamento autêntico 
e autóctone. O ponto de partida é a crítica ao pensamento produzido pela 
modernidade, mas não só. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://pau-mividasinti.blogspot.com.br/2011/05/el-sur-es-mi-norte.htm>. 
Principalmente pelos mesmos constituírem uma totalidade fundamentada numa 
ontologia que impõe um determinado tipo de Ser, de ente que é totalizante e 
dominador, guiado por uma vontade de poder que coisifica, que objetiva o Outro, 
negando-lhe sua identidade, sua outridade. Desta forma, sugere Dussel, é 
necessário pensar uma ontologia fora desse centro totalizante. Que parta da 
periferia historicamente dominada, oprimida, aculturada, assujeitada. Dussel se 
desafia a pensar um sistema filosófico que não seja: 
a) Meramente reprodução do que já fora pensado 
b) Uma filosofia nova, que parta da periferia, para pensar os problemas da 
periferia, a partir de ferramentas epistemológicas gestadas na e pela 
periferia 
Nesse projeto, porém, adverte Dussel, não é possível contar nem com aqueles 
que produziram um pensamento europeu preponderante (Kant, Hegel e 
Heidegger), muitos menos com alguns de seus críticos (Kierkegaard, Feuerbach 
e Marx), 
 
 
ou com aqueles que aqui no continente latino-americano imitaram tais 
filosofares. Esses, Dussel os classifica como “inautênticos”: “porque é filosofia 
inautêntica. 
Tampouco poderíamos partir dos imitadores latino-americanos dos críticos de 
Hegel – da filosofia preponderante – porque igualmente eram inautênticos”. As 
razões pelas quais nem os primeiros, nem os segundos podem ser utilizados 
para e na constituição desse novo pensamento são pelo menos três: 
a) Os primeiros, por criarem um pensamento otológico excludente 
b) Por incluírem, em seu processo de desenvolvimento, os países e culturas 
periféricas como objeto, como coisa 
c) Os segundos por, mesmo que tenham feito a crítica aos fundamentos 
ontológicos dos primeiros, não conseguiram romper com a ontologia 
totalizante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://pv-priscilaviegas.blogspot.com.br/2010/04/como-voce-se-ve-muitos-de-nos-ja.html 
 
 
 
Esse novo pensamento, além de romper com essa ontologia totalizadora, não 
poderia ser, em hipótese alguma, opressor. Há que se romper com uma 
ontologia de um Ser (países centrais) que objetiva o Outro (países periféricos). 
Assim, percebe-se que não tem como produzir um pensamento original sem 
começar por questionar o processo histórico de dominação a que foi submetida 
a América Latina. Uma vez que esse processo de colonização, bem como o 
neocolonialismo e o imperialismo atual estão fundados, justificados e legitimados 
pela ontologia eurocêntrica. Percebe-se, então, que se trata de um duplo 
rompimento: ontológico e político-econômico-cultural. 
Como processo constitutivo de um pensamento original, Dussel propõe uma 
hermenêutica que vá em busca de uma nova visão de mundo 
(Weltaschauungen). Inspirando-se no pensamento de Paul Ricouer e na 
fenomenologia postranscendental de Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre, dentre 
outros. Partindo de uma crítica à visão de mundo grega e europeia, às quais 
opõe a visão judaico-cristã, questiona as pretensões das primeiras de, a partir 
de uma perspectiva linear de seu desenvolvimento histórico, propor-se como 
modelo de universalidade para o restante do mundo. 
Saiba Mais 
Pensar o Mundo Desde a Filosofia da Libertação >>> 
https://www.youtube.com/watch?v=ZJgoZKAe4rg 
Taoismo >>> https://www.youtube.com/watch?v=62DQ6cSKw7U 
Diálogos: Filosofia africana >>> 
https://www.youtube.com/watch?v=IMubZgdiDmg 
 
 
 
 
 
 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com o professor Rui 
tratando do tema que estamos vendo. 
 
TROCANDO IDEIAS 
Problema para discussão: é melhor, para o governante, ser temido ou ser amado 
por seus súditos? 
“Vale mais ser amado ou temido (na chefia)? O ideal é ser as 
duas coisas, mas como é difícil reunir as duas coisas, é muito 
mais seguro - quando uma delas tiver que faltar - ser temido do 
que amado. Porque, dos homens em geral, se pode dizer o 
seguinte: que são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, 
fugidios ao perigo, ávidos do ganho. E enquanto lhes fazeis bem, 
são todos vossos e oferecem-vos a família, os bens pessoais, a 
vida, os descendentes, desde que a necessidade esteja bem 
longe. Mas quando ela se avizinha, contra vós se revoltam”. 
Maquiavel 
NA PRÁTICA 
O livro “O Príncipe”, de Maquiavel, tem excelentes frases impactantes na vida 
política. Um trabalho bastante produtivo é retirar algumas dessas frases e 
apresentá-las a ocupantes de cargos públicos eletivos e solicitar-lhes a opinião 
dos mesmos sobre tais pensamentos. Depois, fazer uma síntese comparativa e 
reflexiva sobre tais opiniões. 
 
 
 
 
 
SÍNTESE 
Nessa aula, vimos os principais períodos da História da Filosofia, desde sua 
origem grega, até o século XX. Ainda é uma perspectiva indo-europeia. Porém, 
se faz necessário ainda esse percurso para, num outro momento, fazermos a 
crítica do mesmo. A filosofia ocidental tem origem na Grécia Antiga. Porém, essa, 
não é uma exclusividade grega e europeia. 
Se nesse continente, ela foi se desenvolvendo a partir dos problemas vividos 
nessa região, em outros continentes, outros povos desenvolveram pensamentos 
também filosóficos, tanto do ponto de vista ético, como moral e político. 
A Filosofia é um tipo de conhecimento que aborda diferentes temas, de maneiras 
variadas. Assim, quando investigamos, por exemplo, sobre questões morais, e 
essa é uma característica da Filosofia, não se tem uma unanimidade sobre o que 
pode ou não pode ser considerado moral, e sim perspectivas diferentes de um 
mesmo problema. O que não significa um subjetivismo e um relativismo que nos 
deixam sem rumo, mas sim reflexões e orientações baseadas em argumentação 
lógica. E aqui, é interessante retomarmos nosso problema: até onde ir, em nome 
daquilo que acreditamos? 
Após o seu julgamento, Sócrates tinha diferentes alternativas: 
 Mudar de cidade e deixar de filosofar 
 Fugir, com a ajuda de seus discípulos que subornariam os guardas que o 
vigiavam 
 Seguir em frente e cumprir sua sentença: morrer tomando cicuta 
E nós, teríamos a mesma predisposição de Sócrates? Ou, em nome de nossa 
vida, renunciaríamos às nossas crenças e convicções? 
 
 
 
 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir com a fala final do 
professor Rui. 
 
 
Referências 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à Filosofia. São 
Paulo: Moderna, 2000. 
BUBER, Martin. Eu e tu. São Paulo: Cortez, 1979. 
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1999. 
CUNHA, José Auri. Filosofia: iniciação à investigação filosófica. São Paulo: 
Atual, 1992. 
NIELSEN NETO, Henrique. Filosofia básica. São Paulo: Atual, 1986. 
PRADO JR., Caio. O que é Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1998. 
REALE, Giovanni. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2003.

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