Buscar

Arnaldo Süssekind Curso de direito do trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Arnaldo Süssekind
(Ministro aposentado do TST e titular das Academias Brasileira de Letras 
Jurídicas, Nacional de Direito do Trabalho, Brasileira de Previdência e Assistência 
Social e Iberoamericana de Derecho del Trabajo y de la Seguridad Social, 
ex-representante do Brasil na OIT e ex-Ministro do Trabalho 
e da Previdência Social)
CURSO DE DIREITO 
DO TRABALHO
3a Edição 
Revista e Atualizada
A jurista C laudia M edeiros Ahm ed participou, 
com o autor deste livro, d a atualização de alguns capítulos
J . 6
ctrr 
3 £ b -
~R €IM O V R R
Rio • Soo Paulo • Recife • Curitiba 
2010
abrir'
fteüM le u ¡Jifero
índice gemi
t í t u l o i
IN TRO D U ÇÃ O
Capítulo I - Breve histórico do trabalho hum ano.............................
1 - 0 começo desta h istória ..................................................................................3
II - Escravidão............................................................................................................ 4
III - Locação de trabalho livre................................................................................ 5
IV - Servidão............................................................................................................6
V A mita espanhola.............................................................................................. 7
VI - Corporações de ofício .................................................................................... 8
VII - Renascença.....................................................................................................9
VIII - Manufaturas monopolistas...................................................................10
IX - Da Revolução Industrial à era da informática...................................11
Capítulo II - Formação histórica e ideológica do Direito do Trabalho . . . 13
I - A Revolução Francesa e a exploração do trabalhador...........................13
II - O pioneirismo de OWEN e a organização sindical............................. 15
III - A conquista das primeiras leis de proteção ao trabalho....................17
IV - Do manifesto de MARX-ENGELS à legalização do sindicato..........18
V - BISMARCK, os seguros sociais e a internacionalização das leis
soçial-trabalhistas....................................................................................20
VI - LEÀO X III. a doutrina social da Igreja e a multiplicação
das leis soc ial-trabalhistas..................................................................... 2 2
VII Ação de intelectuais e de sindicatos em prol do Direito
do T rabalh o.............................................................................................2-1
VIII - Tratado de Versailles: a consagração do Direito do
Trahalho e a criação da O I T ..............................................................25
IX Caráter intervencionista do Direito do Trabalho............................... 27
Capítulo III - Evolução do Direito do Trabalho no B ra sil................... 31
I - Da Independência à República (1 8 2 2 -1 8 8 9 )......................................... 31
II - A primeira República (1 8 8 9 -1 9 3 0 ) ........................................................ 33
III - O Governo Provisório da Revolução de 1 9 3 0 .................................... 35
IV - O período da Constituição de 1934 ..................................................... 38
V - O período da Carta de 1937 e a C L T .................................................... 39
VI - O período da Constituição de 1946 ..................................................... 44
VII - O período da Constituição de 1967..................................................... 46
V III - A Constituição de 1988 ........................................................................ 48
Capítulo IV - Reflexos da globalização da economia nas relações
de trabalh o ...................................................................................................51
I - Globalização da economia...........................................................................51
II - Desregulamentação ou flexibilização do Direito do Trabalho..........54
Capítulo V - Direito Internacional do Trabalho.......................................59
I - Considerações preliminares........................................................................ 59
II - Finalidade e ob jeto .......................................................................................60
III - A Declaração Universal dos Direitos do Homem e os
direitos sociais tratados pela O N U ..................................................... 61
IV - Organização Internacional do Trabalho (OI I ) ..................................63
A - Natureza jurídica, competência e membros.............................63
B - Órgãos: composição e atribuições. Tripartismo........................ 65
C - Atividade normativa: convenções e recomendações...............68
1) Integração das normas internacionais no direito
nacional. Efeitos da ratificação.....................................................71
E - Controle da aplicação das normas................................................ 73
TÍT U L O II
TEO R IA G ERA L DO D IR tlT O D O TRABALHO
Capítulo I - Conceito e objeto do Direito do T rab a lh o ........................ 79
Capítulo II -T erm in o lo g ia .............................................................................85
Capítulo III - Autonomia e relações do Direito do Trabalho...............89
I - Considerações gerais.................................................................................... 89
II - Autonomia c ien tífica ..................................................................................90
III - Principais relações do Direito do Trabalho.........................................92
A - Interdependência cien tífica ..........................................................92
B - Econom ia............................................................................................92
C - Direito Constitucional................................................................... 93
D - Direito Civil...................................................................................... 94
E - Direito C om ercial...........................................................................95
F - Direito Penal.....................................................................................96
G - Direito Processual Civil................................................................. ....
H - Direito Administrativo................................................................... ....
I - Direito Internacional..................................................................... 9 7
J - Previdência S o cia l.......................................................................... ....
Capítulo IV - Natureza Jurídica do Direito do Trabalho................... 101
I - Direito público e direito privado............................................................10 1
II - Direito Social..............................................................................................|Q3
III - Natureza mista com unidade conceituai............................................104
IV - Classificação das normas do sistema brasileiro............................... IOg
Capítulo V - Princ ípios do Direito do Trabalho.....................................109
I - Conceituaçào de principio.........................................................................1 (>9
II - Princípios constitucionais gerais.............................................................11 2
III - Princípios constitucionais alusivos ao Direito do T rabalh o..........114
IV - Princ ípios deduzidos dos sistemas legais............................................116
V - O princípio protetore seus corolários................................................116
V I - Considerações finais................................................................................120
Capítulo V I - Fontes d»» Direito d«» Trabalho......................................... 123
I - Considerações gerais..................................................................................123
II - Constituição................................................................................................124
III - Normas internacionais............................................................................. 125
IV - Leis...............................................................................................................126
V - Regulamentos e portarias........................................................................12H
VI - Sentenças normativas.............................................................................129
VII - Convenções coletivas de trabalho.....................................................130
VIII - Regulamento de empresa....................................................................132
IX - Costume e fontes subsidiárias.............................................................132
X - I lierarquia das fontes formais de d ire ito ............................................135
Capítulo VII - Interpretação e Aplicação da Norma Trabalhista..........139
I - Métodos de interpretação........................................................................ 139
II - Normas gerais, especiais e excepcionais..............................................141
III - O a rt. 5° da LICCB e o a r t . 8” da C L T ..............................................141
IV - Abuso de direito e fraude à l e i .............................................................144
Capítulo VIII - Relações de trabalh o..........................................................149
I - Emenda Constitucional n" 4 5 ................................................................. 149
II - Da relação de trabalho............................................................................. 150
III - Algumas modalidades de relação do trabalho..................................151
IV - Legislação aplicável..................................................................................155
V - Princípios pertinentes...............................................................................156
VI - Trabalhadores autônomos......................................................................157
VII - Relação de trabalho e relação de consumo.......................................158
T IT U L O III 
IN C ID ÊN C IA D O D IR E IT O D O TRABALHO
Capítulo I - Reflexos do Código Civil nas relações de trabalho. 163 
Capítulo II - Pessoas e categorias sujeitas às leis trabalhistas. . . 169
I - Tendência e estatística...............................................................................¡6 9
II - Disposições constitucionais...................................................................170
III - Empregado c trabalhador autônomo.................................................. 171
IV - Trabalhador avulso.................................................................................174
V - Empregado dom éstico............................................................................176
VI - Servidor público civil e militares......................................................... 179
V II - Trabalhador rural....................................................................................181
VIII - Cooperativas de trabalho...................................................................183
....................................... 186ososIX - Religi
X - Microempresa e empresa de pequeno porte......................................187
Capítulo III - Conflito de leis no tem po..................................................IH‘>
Capítulo IV - Conflito de leis no espaço..................................................193
I - Direito uniforme e conflito de leis...................................... ...................193
II - Normas internacionais sobre o conflito de leis do trabalho............ I
III - Direito brasileiro............ ...................................................................... ¡9 8
A - Considerações gerais......................................................................198
B - Capacidade das partes, modalidade e forma do
contrato de trabalh o...................................................................199
C - Execução e cessação do contrato de trabalho........................ 200
D - Situações especiais: técnicos estrangeiros, serviços de
engenharia no exterior e empresa binacional I I Al P U ------203
E - Jurisdição com petente.................................................................205
F - Imunidade de jurisdição..............................................................206
T ÍT U L O IV 
C O N TR A T O D E TRABALHO
Capítulo I - O empregador como sujeito do contrato de trabalho . 211
I - Conceito de empregador..........................................................................211
II - Empresa c estabelecim ento.................................................................. 215
III - Grupo empregador.................................................................................216
IV - Consórcio................................................................................................. 222
V - Sucessão de empresas..............................................................................224
VI - Terceirização e trabalho temporário..................................................227
VII - Regulamento de empresa.................................................................... 231
Capítulo II - Contrato de trabalho e em pregado............................235
I - Conceituação do contrato de trabalho.............................................. 235
II - Subordinação jurídica do empregado...................................................237
III - Serviços eventuais....................................................................................239
IV - Trabalho manual, técnico ou intelectual........................................... 240
V - Cargos de confiança.................................................................................242
VI - Sócio e empregado................................................................................. 243
Capítulo III - Natureza jurídica e contratos a f in s ............................... 245
I - Teorias explicativas da relação de em prego.........................................245
II - Características do contrato de trabalho..............................................249
III - Distinção entre o contraio de trabalho e contratos afins...............250
Capítulo IV - Validade do contrato e efeito da> nulidades................. 255
I - Pressupostos da validade contratual....................................................... 255
II - Efeito das nulidades nas relações de trabalho.................................... 256
III - Capacidade e o b je to ............................................................................... 257
IV - Form a......................................................................................................... 260
Capítulo V - Duração do co n tra to ............................................................ 263
I - Contrato por prazo indeterminado....................................................... 263
II - Contrato por prazo determinado..........................................................264
III - Contrato provisóno especial.................................................................265
IV - Tempo de serviço....................................................................................268Capítulo VI - Contratos especiais.............................................................. 271
I - Considerações preliminares......................................................................271
II - Contrato de experiência...........................................................................272
III - Contrato de equipe..................................................................................272
IV - Contrato de aprendizagem....................................................................274
A - Considerações gerais...........................................................................274
B - legislação brasileira...........................................................................275
Capítulo VII - Direitos e obrigações dos contratantes.........................277
I - Empregador.................................................................................................. 277
A - Poder de Comando...............................................................................277
B - M u lta ...................................................................................................... 279
C - Obrigações.............................................................................................279
II - Empregado....................................................................................................280
III - Inventos e modelos de utilidade.......................................................... 280
Capítulo V III - P rov a .................................................................................... 283
I - Carteira de trabalho e previdência social.............................................. 283
II - Salário............................................................................................................. 284
III - ônus da prova........................................................................................... 285
Capítulo IX - Renúncia e transação..........
I - Distinções necessárias...............................
II - Limites da inderrogabilidade de direitos
III - Momentos da renúncia..........................
IV - Transação..................................................
V - Recibos de quitação.................................
287
287
288 
289
291
292
Capítulo X - Suspensão do contrato de trabalho.................................297
I - Considerações preliminares....................................................................297
II - Efeitos jurídicos.......................................................................................298
III - Serviço militar e encargo público civil...............................................299
IV - Mandato sindical.................................................................................... 301
V - Suspensão disciplinar.............................................................................302
VI - G rev e.......................................................................................................304
VII - Benefícios previdenciários................................................................. 306
VIII - Suspensão bilateral do contrato de trabalho.................................313
Capítulo XI - Interrupção remunerada da prestação de serviços.............315
I - Efeitos jurídicos............................................................................................315
II - Natureza jurídica da remuneração.........................................................316
III - Ausências legais..........................................................................................318
IV - Doença até quinze dias........................................................................... 320
V - Repousos remunerados: descanso semanal e em feriados,
férias anuais e licença à gestante............................................................322
VI - Convocação militar de reservista............................................................323
VII - Paralisação da empresa, voluntária ou involuntária........................ 324
Capítulo XII - Alteração do contrato de trabalho....................................329
I - Modalidades...................................................................................................329
II - Alterações permitidas por l e i .................................................................. 330
III - Exegese do art. 468 da C L T ...................................................................331
IV -Jiis variandi................................................................................................ 334
V - Transferência do local de trabalho........................................................ 337
A - Considerações preliminares.........................................................337
B - Mudança de domicílio.................................................................... 337
C - Cargo de confiança.........................................................................338
D - Necessidade de serviço................................................................338
E - Extinção do estabelecimento...................................................... 339
F - Despesas da transferencia..............................................................341
Capítulo X III - Terminação do contrato de trabalho.............................343
I - Nomenclatura..............................................................................................343
II - Configuração da despedida.......................................................................345
III - Justas causas para a rescisão cio contrato de trabalho....................346
A - Conceito............................................................................................346
B - Natureza do elenco dos atos faltosos.........................................346
C - Atualidade e perdão tácito ..........................................................347
D - Proporcionalidade e dupla punição........................................... 348
IV - Análise das justas causas para a despedida.........................................348
A - Considerações gerais......................................................................348
B - Improbidade..................................................................................349
C - Incontinência de conduta ou mau procedimento................. 350
D - Negociação concorrente...............................................................351
F. - Condenação criminal....................................................................351
F - Desídia.............................................................................................. 352
G - Embriaguez.....................................................................................353
H - Violação de segredo da empresa................................................ 354
I - Indisciplina e insubordinação......................................................354
J - Abandono de emprego............................................................ 355
K - Ofensas físicas ou morais..........................................................356
L - Jogos de azar.....................................................................356
M - Outras fa ltas..................................................................................357
V - Despedida indireta....................................................................................358
VI - Outros casos de terminação do contrato de trabalho................... 360
A - Obrigações legais incompatíveis com o em prego.................360
B - Morte do empregador................................................................. 361
C - Aposentadoria do empregado..................................................... 361
D - Força maior e factum principis...................................................361E - Falência e concurso de credores................................................ 362
VII - Culpa recíproca.......................................................................................363
VIII - Aviso prévio............................................................................................364
IX - Seguro-desemprego................................................................................ 366
Capítulo XIV' - FG TS e Indenizações........................................................... 369
I - A Constituição de 1988 e a Convenção O IT -158 ............................... 369
II - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço...............................................370
A - Formação e g estã o ................................................................................ 370
B - Movimentação........................................................................................ 372
C - Fiscalização e ação judicial.................................................................. 373
III - Indenização compensatória....................................................................... 373
IV - Dano moral.................................................................................................... 375
A - Repúdio internacional e nacional................................................. 375
B - Dano moral na relação de emprego...............................................377
Capítulo XV' - Estabilidade no em p reg o ................................................. 383
I - Da estabilidade absoluta à ampliação do direito de despedir.
A Convenção O IT-158 ............................................................................... 383
II - Antecedentes legislativos no Brasil.......................................................387
III - A Constituição de 1988 c o fim da estabilidade dccenal...............388
IV - Natureza jurídica......................................................................................390
V - Fontes geradoras da estabilidade......................................................... 391
A - Constituição, leis. contratos e precedentes normativos . . . 391
B - Dirigentes sindicais....................................................................... 393
C - Empregada gestante.....................................................................400
D -M em bros da C l PA....................................................................... 401
VI - Cargos e situações que não geram a estabilidade.............................402
A - Cargos de confiança.....................................................................402
B - Comissão, substituição, interinidade c contrato a prazo.............403
V II - Extinção da estabilidade.....................................................................404
A - Falta grave.........................................................................................404
B - Extinção da empresa, estabelecimento ou se to r ......................406
C - Renúncia..............................................................................................407
VIII - Reintegração do empregado................................................................. 408
TÍT U L O V
N ORM AS l)E PROTEÇÃO AO TRABALHADOR 
Capítulo I - Salário ............................................................................................413
I - Fundamentos e objetivos............................................................................. 413
II - Regulamentação internacional..................................................................415
III - Política salarial brasileira..........................................................................418
IV - Considerações gerais..............................................................................421
A - Elementos componentes do salário...........................................421
B - Salário básico e sobressalário.......................................................422
C - Trabalho gratuito..........................................................................423
D - Salário aleatório................................................................................424
V - Salário utilidade...........................................................................................424
A - Caracterização..................................................................................424
B - Alimentação.......................................................................................424
C - I labitaçâo............................................................................................425
D - Transporte.........................................................................................427
E - V estuário........................................................................................... 429
F - Valor pecuniário............................................................................... 429
VI - Salário m ínim o.......................................................................................... 430
VII - Piso salarial e salário profissional.......................................................... 432
VIII - Com issão...................................................................................................433
IX - Gratiiicação e prêmios...................................................................... 435
A - Gratificação ajustada......................................................................435
B - Gratificação natalina (13° salário).................................................437
C - Prêmio................................................................................................439
X - Diárias e ajudas de c u s to .......................................................................... 440
XI - G o rje tas........................................................................................................4 4 1
XIII - Isonoinü sal.iri.il.................................................................................
A - D im to internacional................................................................
B - D i r e i t o b r a s i l e i r o ........................................................................................................
XIV - Proteção ao salário............................................................................
A Inalterabilidade e irredutibiltdade........................................
B - Intcxralidadc.................................................................................
C - Intangihilidade............................................................................
D - Condições do pagamento.........................................................
E - Inadimplemento e mora contumaz........................................
Capítulo II - Participação nos l u c r o s .............................................................
I - De Napoleão a João Paulo I I ......................................................................* * *
u - A Constituição h m f c in e a m Ku i c b (uridica da partKipação. . . ; . ®
III - Regulamentação da norma c o n stiti* .........................................................
Capítulo III - Duração do tra b a lh o ............................................................4 6 3
I - Fundamente« e universalização da limitação de tempo de
trabalho...................................................................................................................
II - Duração do trabalho no Brasil....................................................................4o~
A - Histórico..............................................................................................• ¡¡'?
B - Duração e horário de trabalho.....................................................
C - A Carta Magnac a C L T .................................................................
D - Compensação dc jornadas (Banco de h o ra s ) .............
li -T rabalhoa (empo parcial...............................................................
F - Turnos de revezamento................................................................. 46-;
G - Sobreaviso e ...................................................................................... j/U
1 1 - 1 loras tu .................................................................................................471
I - Horário de trabalho c intervalos compulsórios..........................4 7 3
J - Fixas ao e alteração da jornada de trabalho................................. 4 7 3
K - Fixação, controle e alteração do horário de trahalho.................. 4 7 5
L - Trabalho noturno........................................................................... 4/b
M - Trabalho extraordinário.................................................................... 477
Capitulo IV - Repouso semanal em feriado»................................................4 8 3
I - Fundamentos e objetivos................................................................................4 8 3
II - Repouso sem anal..........................................................................................
A - Campo de aplicação............................................................................484
B - Duração c dia do repouso..................................................................484
III - Feriados civis e religiosos..............................................................................4 8 6
IV - Autorizações |>ara o trabalho em dias de rep ouso...............................487
V - Remuneração dos dias de rep ou so .............................................................488
Capitulo V - Férias rem uneradas.................................................................... 493
I - Fundamentos c objetivo................................................................................4 9 3
U - Antec edentes históricos e universalização................................................494
III - Direito positivo nacional..................................................................495
A - Campo de aplicação...............................................................................495
B - Período aquisitivo....................................................................................495
C - Período de g o zo ...................................................................................... 497
D - Férias coletivas........................................................................................500
E - Remuneração.......................................................................................... 500
F - Efeitos da terminação do emprego.................................................... 502
Capítulo VI - Segurança e meditina do trabalho..................................... 503
I - Universalização da proteção ao ambiente de trabalho..........................503
II - Direito positivo nacional...............................................................................505
A - Preceitos constitucionais....................................................................... 505
B - Legislação iniraconstitucional.......................................................... 505
C - Insaluhndade e periculosidade: conceitos e adicionais................507
D - Prevenção dos infortúnios do trabalho.............................................510
Capítulo V II - Trabalho da mulher ............................................................. 513
I - Internacionalização da proteção ao trabalho feminino..........................513
II - Preceitos constitucionais brasileiros.........................................................517
III - Legislação ordinária......................................................................................518
Capítulo V III - Trabalho do m en o r..............................................................523
I - Internacionalização da proteção ao trabalho do menor......................523
A - Considerações preliminares.............................................................523
B - Primeiras normas internai ionais..................................................... 524
C - Ação normativa e prática da O IT ...................................................526
D - Situação no Brasil.................................................................................529
II - Direito positivo nacional...............................................................................529
A - Normas constitucionais....................................................................... 529 *
B - Conceito de menor trabalhador......................................................531
C - Proibições...................................................................................................531
D - Duração do trabalho........................................................................... 533
E - Aprendizagem....................................................................................... 534
F - Disposições diversas...............................................................................536
T ÍT U L O VI 
D IR E IT O C O L E T IV O 1 )0 TRABALHO
Capítulo 1 - Organizarão sindical.................................................................. 539
I - Resumo histórico do direito sindical......................................................539
II - Convenções da O I T ...................................................................................542
III - Sistemas e métodos de atuação sindical............................................546
IV - Organizações sindicais internacionais.................................................549
V - A organização sindical no B rasil.............................................................550
A - Histórico...............................................................................................550
B - Liberdade sindical................................................................................ 55U
C - Unidade e pluralidade sindical........................................................552
D - Sindk. ali/ação por categoria econômica e categoria profissional. 55*1
E - Criação de sindícalo............................................................................557
F - Administração do sindicato................................................................560
G - Concentração e desmembramento de categorias......................561
11 - Filiação ao sindicato............................................................................562
1 - Entidades de grau superior................................................................563
J - Centrais sindicais.................................................................................565
K - Autonomia sindical.............................................................................. 569
L - Registro sindical................................................................................... 572
M - Representação e substituição processual.....................................578
N - Contribuições sindicais.......................................................................582
Capítulo II - Interação empregado-empresa............................................ 589
I - H istórico......................................................................................................... 589
II - Sistem as......................................................................................................... 590
III - Considerações gerais.................................................................................593
IV - A interação no Brasil.................................................................................395
Capítulo III - Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho.............599
I - H istórico..........................................................................................................599
II - Condições de êxito da negociação coletiva..........................................600
III - Normas internacionais.............................................................................. 602
IV - Sistema legal brasileiro............................................................................603
A - A Constituição e a flexibilização de direitos........................... 603
B - Modalidades, sujeitos e objeto da contratação coletiva . . . . 606
C - Natureza juríd ica............................................................................609
D - Incidência e eficácia ju ríd ica ...................................................... 611
Capítulo IV - Direito de g re v e .....................................................................613
I - Histórico e reconhecimento do direito de g rev e ................................ 613
II - Conceito de direito de g rev e ...................................................................618
III - Direito positivo brasileiro....................................................................... 619
A - Campo de aplicação.......................................................................619
B - Definição e sujeito ativo................................................................622
C - Objeto e greves impróprias...........................................................623
D - Oportunidade e prtxedimento....................................................625
E - Serviços essenciais.............................................................................627
F - Suspensão do contrato de trabalho...............................................630
G - Abusos e responsabilidades.........................................................631
índice O no m ástico ..............................................................................................637
índice Alfabético Rem issivo......................................................................... 641
Capítulo I
BREVE HISTORIA 
DO TRABALHO HUMANO
I — O começo desta história
Toda energia humana, física ou intelectual, empregada com 
um fim produtivo, constitui trabalho. Mesmo na mais remota 
antiguidade, o homem sempre trabalhou: na fase inicial da 
pré-história, com o objetivo de alimentar-se, defender-se e 
abrigar-se do frio e das intempéries; no período paleolítico, 
ele produziu lanças, machados e outros instrumentos, com os 
quais ampliou sua capacidade de defesa e sua instintiva agres­
sividade.
A necessidade de agrupamento impôs a formação de pe­
quenas tribos, que lutavam entre si. A princípio, os prisioneiros 
eram mortos e comidos; depois, porque a caça, a pesca e, mais 
tarde, a agricultura abasteciam os componentes dos grupos, os 
derrotados passavam à condição de escravos para a execução 
dos serviços mais penosos. Surgia, assim, o trabalho em favor 
de terceiros, objeto de um ramo do Direito cuja autonomia
3
viria a ocorrer somente na época contemporânea. Mas, no curso 
da história, essa prestação de serviços tomou diversas formas, 
gerando importantes instituições jurídicas, com remarcados 
reflexos econômicos, sociais e políticos.
II — Escravidão
Sob a ótica do Direito, o escravo era coisa (res) e não pessoa, 
podendo o seu proprietário dele dispor: vendê-lo, trocá-lo, 
utilizá-lo como lhe aprouvesse e até matá-lo. A relação jurídica 
era de domínio absoluto por parte do dono, a cujo patrimônio 
o escravo pertencia e se incorporava o produto do seu trabalho.
Embora não fosse sujeito de direito1, a mulher escrava 
transmitia esse estigma a seus descendentes. As outras vias de 
aquisição da condição de escravo eram o aprisionamento de 
guerra, a insolvência do devedor e a condenação por certos 
crimes.
Os povos da antiguidade fizeram do trabalho escravo o 
esteio da sua economia e o instrumento das suas realizações. 
As civilizações dos egípcios, assírios e babilônios foram edifi­
cadas com base nesse tipo de trabalho, sem embargo da ativi­
dade dos servos da gleba, cuja figura jurídica surge na agricul­
tura, e do trabalho livre dos artífices e artesãos.2 Na Grécia 
antiga e em Roma a execução dos serviços materiais cabia,
1 Como bem ponderou ALONSO OLÉA, o artifício de considerar coisa uma 
pessoa teve objetivo de justificar: a) o poder do amo sobre o escravo, negando 
a este a propriedade do seu trabalho, já que uma coisa não pode ser sujeito 
de uma relação jurídica; b) o trabalho forçado ou involuntário, porque, como 
coisa, o escravo seria incapaz para decidir sobre sua própria atividade ("Intro­
dução ao Direito do Trabalho”, trad. bras., Porto Alegre, Ed. Sulina, 1969, 
pág. 60).
2 V. os pormenorizados registros de EVARISTO DE MORAES FILHO, in 
“Introdução ao Direito do Trabalho", São Paulo, LTr, 1971, págs. 144/48.
4
geralmente, aos escravos. Entre os romanos, no entanto, muitos 
se libertaram.
A vida alicerçada no trabalho escravo tornou-se tão comum 
que foi plenamente justificada pelos grandes filósofos da an­
tiguidade clássica3. Na Idade Média foi, em grande parte, 
substituída pela servidão; e, apesar de combatida, desde então, 
por importantes correntes do pensamento, caminhou com a 
história, sendo até incrementada, nos albores da época con­
temporânea, por ingleses, holandeses e portugueses, em tráfico 
contínuo para as respectivas colônias.
A Revolução Francesa condenou a escravidão e, em meados 
do século XIX, ela foi proibida nos territórios dominados pela 
Inglaterra. Em 1888 foi abolida no Brasil4. Não obstante, a 
existência de focos de trabalho escravo em pleno século XX 
levou a extinta sociedade das nações a adotar, em 1926, uma 
convenção internacional visando a extinguir definitivamente a 
escravidão.
III — Locação de trabalho livre
A prevalência dos regimes da escravidão e, em menor escala, 
o da servidão não excluiu, na antiguidade, o trabalho autônomo 
dos artesãos e a contratação da prestação de serviços dos 
artífices. Aliás, o Código de Hammurabi, adotado na Babilônia 
no século XXI a.C., dispôs sobre condições para a prestação 
do trabalho livre, inclusive salário, regulamentou o trabalho 
em várias profissões, tratou da aprendizagem etc. Muito mais 
tarde, as hetairidas gregas e os collegia romanos reuniram
3 PLATÃO, ARISTÓTELES, XENOFONTE, SÊNECA, TÁCITO e outros 
filósofos da antiguidade justificaram a escravidão. O segundo destes explicitava: 
"a utilidade dos escravos é, mais ou menos, a mesma dos animais domésticos. 
(“A Política”, trad. bras., São Paulo, Atena, 1946, pág. 17).
4 Anteriormente, havia sido proibida a importação de escravos (1850) e 
libertados os nasciturnos (1871), assim como os maiores de 65 anos (1885).
5
trabalhadores livres, com finalidades sobre as quais ainda per­
dura ampla controvérsia: cooperativas de trabalho ou associa­
ções assistenciais?
O Direito Romano partiu da figura jurídica do arrendamento 
de coisa (locatio conducto rei) para aplicá-la, como obrigação 
de fazer, às duas formas usuais da contratação do trabalhador 
livre: a) para a execução de determinada obra (locatio conductio 
operis); b) para a prestação de serviços em favor do contratante 
(locatio conductio operarum).
Na locatio operis, gênese do contrato de empreitada, o 
contratado obrigava-se a executar e entregar certa obra ao 
contratante, dele recebendo o preço fixado. O objeto do con­
trato era, portanto, um resultado, cabendo o contratado ao 
risco da sua execução.
Na locatio operarum, que gerou o contrato de trabalho, o 
trabalhador obrigava-se a prestar serviços ao contratante, de 
quem recebia remuneração ajustada por unidade de tempo. O 
objeto do contrato era, pois, uma atividade, cabendoao con­
tratante o risco do empreendimento.
IV — Servidão
A vinculação do colono à terra existiu nas grandes civiliza­
ções antigas. Mas a servidão renasceu forte após a queda do 
Império Romano, no ano de 476, transformando-se no esteio 
da estrutura econômica do regime feudal. Com o desmorona­
mento do poder político central, nobres e representantes na 
Igreja passaram a dominar regiões caracterizadas pela agricul­
tura (latifúndios). Eles não perdiam o domínio da terra cedida 
aos colonos, a quem davam proteção, deles recebendo obe­
diência e um cânon enfitêutico, pago com parte da produção 
agrícola ou em dinheiro. Era o regime feudal. O colono, oriundo 
de antigas gerações de escravos ou de trabalhadores livres, 
vinculava-se juridicamente à terra colonizada, juntamente com
6
os seus familiares, tomando-se um parceiro obrigatório do 
eventual detentor do feudo. Daí a expressão “servo da gleba".
A obrigação de o servo cultivar a terra a que pertencia era 
irredimível, não se resolvendo por sucessão no feudo. A evo­
lução foi sutil: o escravo era coisa, de propriedade do seu amo; 
o colono era pessoa, pertencente à terra5. Sendo “pessoa”, 
sujeito de direito, podia transmitir, por herança, seus animais 
e objetos pessoais: mas transmitia também a condição de servo.
A partir do século X I a sociedade medieval, alicerçada na 
estrutura agrária feudal, cedeu sua primazia à sociedade urbana, 
fundada no comércio e na indústria rudimentar. Ressurgiram 
os municípios (comunas), com certa autonomia. Os feudos 
enfraqueceram-se; as pestes e as cruzadas facilitaram a fuga 
dos colonos;. O regime feudal, com a servidão, entrou em crise.
Tal como a escravidão, também ressurgiu, com muito menor 
intensidade, em várias fases da história. Tanto que a Revolução 
Comunista, na primeira quadra do nosso século, teve de pro­
mover a extinção de remanescentes colonatos na União Sovié­
tica, constituídos de servos da gleba.
V — A mita espanhola
A mita foi desenvolvida na América espanhola entre os 
indígenas, correspondendo a trabalho obrigatório, imposto por 
sorteio. Mas não era gratuito, e os seus prestadores estavam 
protegidos por algumas normas jurídicas surpreendentes para 
a época, conhecidas como “legislação das índias”, de FELIPE 
II (Ordenanças de 1574]: a) salário em dinheiro, com peri­
odicidade não superior a uma semana, e expressa vedação do
5 "O regime que assim se cria é, praticamente, de absoluta servidão; de certo 
modo tão ignominioso como o da escravidão, pois se neste a pessoa é conceituada 
como objeto, naquele faz-se o sujeito depender da coisa e seguir, em definitivo,,
o seu destino” (MANUEL ALONSO GARCIA, "Curso de Derecho dei Tra- 
bajo", Barcelona, Ariel, 8a ed., 1982, pág. 14).
7
truck-systen; b) jornada de oito horas, como regra, e de sete 
horas nas minas; c) descanso dominical; d) assistência médica 
e meio salário durante o tratamento de acidentes do trabalho; 
e) proibição de vários tipos de trabalho a menores de dezoito 
anos e mulheres6.
VI — Corporações de ofício
Com a decadência do regime feudal, os colonos refugia- 
ram-se nas cidades, ao lado dos artesãos e operários especia­
lizados, onde podiam defender-se das violências dos seus antigos 
senhores. E, inspirados nos collegia romanos e nas ghildas 
germânicas, esses trabalhadores livres organizaram-se em grê­
mios, que, a pouco e pouco, passaram a constituir ponderáveis 
instrumentos da produção econômica local. Surgiram, assim, 
no século XII, as Corporações de Artes e Ofícios, que agre- 
miavam pessoas da mesma profissão ou atividade profissional 
e elegiam, quase sempre, um santo como patrono.
Os estatutos da corporação dispunham sobre os respectivos 
poderes e estabeleciam rígida hierarquia entre os seus filiados. 
Estes se dividiam em aprendizes, companheiros e mestres.
O aprendiz devia obediência a seu mestre, com quem 
aprendia o ofício correspondente à Corporação. Terminado o 
aprendizado, geralmente em torno de cinco anos, ele passava 
a companheiro ou oficial; mas, até alcançar o mais elevado 
grau de hierarquia da Corporação, só podia trabalhar para o 
respectivo mestre.
Os estatutos de cada Corporação eram elaborados por uma 
comissão administrativa constituída por mestres eleitos em
6 LUIS DESPONTIN, "El Derecho del Trabajo”, Buenos Aires, Ed. Biblio­
gráfica Argentina, 1947, págs. 260/4. Segundo MIGUEL DE LA MADRID, 
"Infelizmente, estas normas, surpreendentes para o tempo em que foram 
ditadas, constituindo a primeira legislação protetora de uma classe social, não 
operam na realidade" ("La Legislación Obrera", México, Porrúa, 1981, pág.
4).
assembleia. Eles fixavam, mediante regulamentação própria, a 
duração do trabalho (jornadas do nascer ao pôr do sol); proibiam 
o trabalho aos domingos e nos dias de festas religiosas; dispu­
nham, enfim, sobre a manufatura dos produtos e sua comer­
cialização. Na época do seu esplendor, como acentua ROBER­
TO FACHETTI7, as corporações de oficio conjugaram os três 
poderes estatais: a) o Legislativo, posto que ditavam os estatutos 
e estabeleciam condições de trabalho; b) o Executivo, exercido 
pelos seus chefes; c) o Judicial, visto que os jurados tinham 
poderes para sancionar as faltas dos agremiados.
As corporações de ofício constituíram, na verdade, típicas 
empresas dirigidas pelos respectivos mestres, que cuidavam da 
formação profissional para assegurar a mão de obra necessária 
à execução da atividade econômica para a qual desfrutavam 
de autêntico monopólio: ninguém, na sua área de atuação, 
podia exercer o correspondente ofício sem ingressar no grêmio. 
Não obstante, valorizaram o trabalho humano, sob a decisiva 
influência da Igreja Católica, que propagava o valor moral do 
trabalho.
Da forte dependência dos companheiros aos mestres e da 
dificuldade, cada vez maior, de ascenderem aqueles à maestria, 
nasceu crescente divergência entre os componentes dessas duas 
classes. No século XIV os primeiros constituíram associações 
para a defesa dos seus interesses (Compagnonnage), que se 
tornaram, como muitos o reconhecem8, precursoras dos sindi­
catos criados no início do século XIX.
VII — Renascença
A Renascença marcou, no século XV, o início da época 
moderna. E os seus notáveis e inovadores movimentos nas
7 “Los Sindicatos”, Montevidéu, Ed. A. M. Fernandez, 1982, vol. I, päg. 22.
8 JEAN-MAURICE VERDIER, Syndicats, Paris, Dalloz, 1966, pag. 10.
9
artes, na filosofia, na literatura, na política e nas ciências 
valorizaram o homem e, por via de conseqüência, o seu trabalho. 
A partir de então, acirrou-se a luta entre mestres e compa­
nheiros, sendo que as associações destes defenderam o boicote, 
a greve e até o abandono das cidades. Iniciava-se o declínio 
das corporações de ofício, incrementado ainda pela expansão 
do mercantilismo9. Também o Estado nacional e os principados 
soberanos fortaleceram-se e conseguiram submeter as corpo­
rações ao poder real, reduzindo-lhes a autonomia profissional 
e os privilégios econômicos.
Entre as causas da decadência das corporações, ALONSO 
GARCIA dá ênfase ao “desaparecimento progressivo das re­
gulamentações profissionais e da consagração do princípio da 
liberdade como postulado essencial da nova era, de signo in­
dividualista, contrário a toda manifestação corporativa ou gru­
pai”10. Por isso mesmo a Revolução Francesa as aboliu, proi­
bindo “restabelecê-las de fato, sob qualquer pretexto e com 
qualquer forma” (art. I o da Lei Chapelier, de 17.6.1791).
VIII — Manufaturas monopolistas
Com o regime das manufaturas, surgido na fase da deca­
dência das corporações de ofício, as relações de trabalho apre­
sentaram características de transição entre o sistema anterior
9 Focalizando o advento do mercantilismo, que prevaleceu da metade do 
século XV à metade do século XVIII, ROBERTO BARRETO PRADO recorda 
que os comerciantesestabeleceram-se nos arrabaldes ou burgos das cidades 
(burguesas), conquistando a liberdade de se locomover e de realizar transações. 
A economia da distribuição foi substituída pela economia do lucro, sendo o 
comércio ampliado pelo desenvolvimento da navegação. Grandes empresas 
formaram-se e delas aproximaram-se os monarcas, que se tomaram senhores 
incontestes da ordem temporal ("Curso de: Direito Sindical", São Paulo, LTr, 
1984, págs. 39/40).
10 Ob. cit., pág, 2 2 .
10
e o capitalismo, passando o trabalhador a receber um salário 
como contraprestação do serviço executado.
As manufaturas eram empresas que detinham o monopólio 
regional para determinada atividade econômica, concedida pelo 
poder real. Competia ao rei a aprovação do regulamento ad­
ministrativo que as regia. A figura do empresário surgia nítida, 
como chefe da empresa, com poder de comando absoluto.
O monopólio de que dispunham as manufaturas não pro­
porcionava qualquer margem de Überdade para negociar o valor 
ou a forma da sua remuneração. E o empregado só podia deixar 
o emprego mediante autorização do empresário.
Tal como as corporações de ofício, também as manufaturas 
monopolistas foram extintas pela precitada lei de 1791.
IX — Da Revolução Industrial à era da informática
ARevolução Industrial teve início em 1775, quando JAMES 
WATT inventou a máquina a vapor. Com essa energia motora, 
cresceram e expandiram-se as empresas. E a contratação de 
operários livres foi utilizada num sistema econômico onde 
predominava a fisiocracia11. Pregava-se, por conseguinte, a não 
intervenção do Estado nas relações contratuais — princípio 
que acabou sendo consagrado pela Revolução Francesa.
A partir daí se desenvolveu o regime do contrato de trabalho 
formalmente livre. Mas as condições de trabalho, inclusive o 
salário, eram ditadas pelo empregador. A pouco e pouco, os 
trabalhadores organizaram-se nos países industrializados, para 
a luta contra o liberalismo econômico, que propiciava sua
11 Defensores ardorosos do laissez-faire, os fisiócratas proclamavam: ‘'Facul­
temos aos proprietários, aos patrões e aos comerciantes a maior liberdade de 
ação (...) A vida econômica obedece às suas próprias leis. Não necessita, pois, 
da intervenção do Estado” (MAX BEER, "História do socialismo e das lutas 
sociais", trad. bras., Rio, Ed. Calvino, 1944, vol. I, pág. 490).
11
exploração. Nascia, então, a legislação social-trabalhista, cuja 
formação histórica é objeto do capítulo seguinte.
Hoje, quer nos países de economia de mercado, quer nos 
países socialistas, os respectivos sistemas jurídicos impõem aos 
empregadores a observância de certas condições de proteção 
ao trabalhador, editadas pelo Estado ou estipuladas nos instru­
mentos da negociação coletiva, da qual participam os sindicatos.
Cabe indagar, agora: a nova revolução tecnológica — a da 
informática — não imporá significativas modificações no Di­
reito do Trabalho? Afinal, a generalização do uso dos compu­
tadores, muitos dos quais interligados por satélites, tende a 
substituir o ser humano, podendo dirigir complexas máquinas 
e robôs numa fábrica automatizada. E, através dessa nova 
revolução, as empresas multinacionais irão expandir-se cada 
vez mais, com orçamentos financeiros superiores aos de diversos 
países. Essa é a nova realidade socioeconômica que o Direito 
tem de enfrentar. A flexibilização das leis de proteção ao 
trabalho, ainda que sob tutela sindical, tornou-se significativa 
na Europa Ocidental desde os anos 80, com reflexos na Cons­
tituição brasileira de 1988. Relevante é não esquecermos que
o homem deve ser sempre o centro e o fim de qualquer sistema 
social e que a Constituição brasileira inclui a dignidade da pessoa 
humana e os valores sociais do trabalho (art. Io, III e IV).
12
Capítulo II
FORMAÇÃO HISTÓRICA E IDEOLÓGICA 
DO DIREITO DO TRABALHO
I — A Revolução Francesa e a exploração do trabalhador
O Direito do Trabalho é um produto da reação verificada 
no século X IX contra a exploração dos assalariados por em­
presários. Estes se tornaram mais poderosos com o aumento 
da produção fabril, resultante da utilização dos teares mecânicos 
e da máquina a vapor, e com a conquista de novos mercados, 
facilitada pela melhoria dos meios de transporte (Revolução 
Industrial); aqueles se enfraqueceram na razão inversa da ex­
pansão das empresas, sobretudo porque o Estado não impunha 
aos empregadores a observância de condições mínimas de tra­
balho e ainda proibia a associação dos operários para defesa 
dos interesses comuns.
Se a Revolução Francesa (1789) foi, sob o prisma político, 
um marco notável na história da civilização, certo é que, ao 
estear todo o sistema jurídico em conceitos abstratos de igual­
dade e liberdade, permitiu a opressão dos mais fracos, falhando,
13
portanto, no campo social. É que a relação contratual estipulada 
entre o detentor de um poder e aquele que, por suas neces­
sidades de subsistência, fica obrigado a aceitar as regras im­
postas por esse poder, não constitui, senão formalmente, uma 
relação jurídica; na sua essência, representa um fator de do­
minação.
Afirmando a igualdade jurídico-política dos cidadãos (todos 
são iguais perante a lei), a Revolução Francesa adotou o prin­
cípio do respeito absoluto à autonomia da vontade (liberdade 
contratual), cuja conseqüência foi a não intervenção do Estado 
nas relações contratuais (laissez-faire) . Consagrou, assim, o 
liberalismo-económico pregado pelos fisiócratas, com o que 
facilitou a exploração do trabalhador. As teorias de ADAM 
SMITH, considerado o pai da economia política, foram testadas 
na prática; mas o resultado, sob o ângulo social, foi trágico.
Decorrência dessa filosofia foi a Lei Chapelier (1791), a 
qual, objetivando evitar a pressão de grupos organizados em 
detrimento da liberdade individual, proibiu a coalizão de cida­
dãos, inclusive de “operários e oficiais de qualquer arte”1. Essa 
proibição originária da França foi sucessivamente adotada em 
diversos países, conceituando-se como delitos penais e os mo­
vimentos grevistas e até as tentativas de sindicalização.2
1 Proibindo amplamente as coalizões, dispôs a precitada lei:
‘'Art. I o — Sendo uma das bases fundamentais da Constituição francesa a 
abolição de toda classe de corporações de cidadãos do mesmo estado ou 
profissão, fica proibido restabelecê-las de fato, sob qualquer pretexto e com 
qualquer forma.
Art. 2o — Os cidadãos do mesmo estado ou profissão, os empresários, os 
que têm estabelecimento aberto, os operários e oficiais de qualquer arte não 
poderão, quando se encontrem reunidos, nomear presidente nem secretário 
sindical, organizar registros, adotar ou deliberar, nem elaborar regulamentos 
sobre seus pretendidos interesses comuns".
2 A coalizão de trabalhadores com o fim de obter aumento de salário ou
redução da duração do trabalho foi considerada delito de conspiração na 
Inglaterra e nas suas possessões (Combinations Acts de 1799 e 1800) e, bem 
assim, nos Estados Unidos, por decisão judiciária de 1806 (OIT, “Libertad
14
A utilização cada vez maior da máquina, que poderia ter 
acarretado a diminuição das jornadas de trabalho e a elevação 
dos salários, como conseqüências do maior rendimento do 
trabalho produtivo, teve, paradoxalmente, efeitos diametral­
mente opostos. Num retrocesso que afrontava a dignidade 
humana, a duração normal do trabalho totalizava, comumente, 
16 horas diárias; o desemprego atingiu níveis alarmantes e o 
valor dos salários decresceu3. Para complementar o orçamento 
da família operária, a mulher e a criança ingressaram no mercado 
de trabalho, acentuando o desequilíbrio entre a oferta e a 
procura de emprego. E, assim, ampliada a mão de obra dispo­
nível, baixaram ainda mais os salários (Lei de bronze de LAS- 
SALE). Nem a liberdade formal nem a máquina libertaramo 
homem.
II — O pioneirismo de OWEN e a organização sindical
O quadro resumido na seção anterior haveria de sensibilizar 
alguns parlamentares, muitos intelectuais e os bons empresá­
rios.
Sindical — Manual de Educación Obrera”, Genebra, 1963, pág. 10). O Código 
Penal francês, promulgado em 1810 como parte do Código de Napoleão, 
também qualificou as coalizões operárias ou patronais como delito.
3 Segundo revelações de ALFREDO PALACIOS, nessa época "a liberdade 
liberticida foi soberana. Não só se romperam os obstáculos que a idade e o 
sexo opunham à jornada extorsiva. Até os conceitos de dia e noite, de uma 
simplicidade singela nos velhos estatutos, pois a jornada de trabalho estava 
regulada pela luz do sol, obscureceram-se” (“La Fatiga”, Buenos Aires, 4a ed., 
Ed. Claridad,. 1994, pág. 35). Na Inglaterra, em Lancashire, “entre 1813 e 
1833, o número de teares mecânicos havia subido de 2.400 a 100.000 e, 
paralelamente, o salário dos tecelões tinha caído de 13 s. 1/2 a 4 s. 1/2 por 
semana, com um dia de trabalho de 12 a 16 horas” (LEÓNIDAS DE REZENDE, 
"Do não intervencionismo ao mais amplo intervencionismo econômico”, Rio, 
Imprensa Nacional, 1934, pág. 28).
15
Coube ao moleiro ROBERT PEEL obter, em 1802, na 
Inglaterra, a primeira lei de proteção ao trabalhador, na fase 
contemporânea da história. Ela visou à criança, limitando a 
jornada de trabalho em 12 horas, dispondo sobre sua aprendi­
zagem e estabelecendo regras de higiene nas fábricas. Essa lei, 
entretanto, não teve eficácia na prática. Foi o empresário 
ROBERT OWEN quem, realmente, lançou as sementes que 
frutificaram, sendo, por isso, considerado, mui justamente, o 
pai da legislação do trabalho: ele implantou diversas medidas 
de proteção ao trabalho na sua fábrica de tecidos em New 
Lamark, na Escócia4; difundiu ideias inovadoras no seu livro 
A New View o f Society (1813); propôs no Congresso de Aix- 
la-Chapelle a celebração de um tratado internacional limitando 
ajornada de trabalho (1818); colaborou com PEEL na aprovação 
de nova lei sobre o trabalho do menor (1819); incentivou, 
enfim, a agremiação dos operários em sindicatos (trade unions), 
os quais se tornaram, a partir de então, o mais poderoso 
instrumento de conquista dos direitos social-trabalhistas.
Registra a Organização Internacional do Trabalho5 que, já 
no início do século XIX, alguns operários, sobretudo os car­
pinteiros, mecânicos e tipógrafos, passaram a reunir-se na Grã- 
Bretanha para acertarem suas reivindicações; e depois, sempre 
em grupo, levavam as postulações aos respectivos patrões.
4 Assumindo a direção da fábrica em 1800, OWEN empreendeu profunda 
reforma, abrindo escolas, suprimindo castigos e prêmios, não admitindo menores 
de 10 anos, limitando a jornada de trabalho a dez horas e meia, adotando 
medidas de higiene, instituindo cooperativa de consumo e fundando caixa de 
previdência para a velhice e assistência médica. Em 1806 pagou salários integrais 
aos operários que não tiveram trabalho. Em 1817 tornou-se socialista. Três 
anos depois, abandonou os seus negócios e fundou colônias de trabalho coletivo 
na Inglaterra e nos Estados Unidos da América; mas nenhuma delas teve 
sucesso. Desde então, se afastou do movimento sindical (Cf. MAX BEER, 
"História do socialismo e das lutas de classe", trad. bras., Rio, Ed. Calvino, 
1944. vol. I, págs. 554/9).
5 “Las negociaciones colectivas”, Genebra, OIT, 1960, págs. 12/4.
16
Estes, por vezes, os atendiam; em outras oportunidades nega­
vam-se até a recebê-los. Surgiram; então, as greves da época 
contemporânea. Com a revogação da lei britânica sobre o delito 
de coalizão (1824), os grupos informais de trabalhadores foram 
se transformando nas trade unions, que assumiram o papel de 
negociador com os empregadores para a estipulação das con­
dições a serem respeitadas nos contratos individuais de traba­
lho. Nascia o contrato ou convenção coletiva de trabalho. 
Nenhuma lei impunha sua eficácia erga omnes; todavia, o 
gentlemerís agreement assegurava a observância do pactuado 
entre os sindicatos e os empresários.
O sindicalismo, iniciado na Inglaterra, logo se expandiu 
para a França, Alemanha, Itália e outros países industrializados, 
sendo que, nos Estados Unidos da América, o direito de sin- 
dicalização foi reconhecido pela Corte de Massachusetts (1842) 
em decisão que se tomou um marco na história do sindicalismo 
norte-americano. As trade unions, sob a inspiração de OWEN, 
fundaram, em 1833, a “União Nacional Consolidada", que 
chegou a reunir meio milhão de trabalhadores. Ela comandou 
a deflagração de uma série de greves, num movimento deno­
minado "Cartismo”, porque tinha por finalidade a conquista 
de direitos políticos e sociais do homem, expostos numa Carta 
elaborada entre 1837 e 1838 pelo movimento sindical.
III — A conquista das primeiras leis de proteção ao trabalho
A luta contra a máquina, que se exasperou na Inglaterra6, 
foi substituída, a pouco e pouco, por campanhas, às vezes 
violentas, para a conquista de leis imperativas de proteção ao 
trabalho: a) na França, onde desde 1806 já funcionavam os
6 O movimento dos ludistas, cujo objetivo era a destruição dos “monstros 
de ferro”, levou a Câmara dos Lords a prescrever, em 1811, a pena de morte 
para estancar a luta contra a máquina.
17
Conseils de prud'homme, constituídos de empregadores e em­
pregados, com atribuições para conciliar e decidir questões 
oriundas do trabalho, foi proibido o trabalho de crianças em 
minas de subsolo (1813) e o trabalho em domingos e feriados 
(1814); b) na Inglaterra, em 1833, foi proibido o trabalho do 
menor de 9 anos, limitada a 9 horas a jornada de trabalho do 
menor de 13 anos e a 12 horas a do menor de 18 anos, com 
a instituição de inspetores de fábricas; c) na Alemanha, em 
1839, foi vetado o trabalho do menor de 9 anos e fixada em 
10 horas a jornada de trabalho do menor de 16 anos; d) ainda 
na França, em 1814, foi proibido o trabalho do menor de 8 
anos, limitada a 8 horas a jornada de trabalho dos menores de 
8 a 12 anos e fixada em 12 horas a dos menores de 12 a 16 
anos; e) a Inglaterra volta a legislar, em 1844, para limitar a 
prestação do trabalho feminino a 10 horas diárias.
A mais importante lei dessa fase de formação histórica e 
ideológica do Direito do Trabalho, que sepultou o tabu do não 
intervencionismo do Estado nas relações de trabalho, foi a que, 
na Inglaterra, em 1847, limitou a jornada normal de trabalho 
a 10 horas, em disposição de caráter geral. Essa lei coroou 
intensa campanha sindical, na qual os trabalhadores reivindi­
cavam a jornada de oito horas7.
IV — Do manifesto de MARX-ENGELS à legalização do 
sindicato
O ano de 1848 foi marcado por importantes acontecimentos 
no campo político e no social: a) MARX e ENGELS tornaram
7 Muitos autores indicam a lei francesa de 1848 como a primeira a fixar uma 
jornada de trabalho em norma de aplicação geral. Entretanto, como registra 
LEÔN1DAS DE REZENDE (ob. cit., pág. 286), a precedência coube ao bill 
das dez horas aprovado em 1847 pelo Parlamento inglês, sob a direção de 
ASLEY (Lord SHAFTESBURY). E MAX BEER, no seu livro sobre a história 
das lutas sociais, confirma a data, reproduzindo ainda as palavras de KARL 
MARX a respeito dessa lei pioneira [ob. e vol. cits., págs. 577/8).
18
público o Manifesto Comunista, advogando a direção global 
da economia pelo poder político e o exercício deste pelo 
proletariado; b) na Inglaterra, extinguiram-se os movimentos 
cartista (de fíns políticos e sociais) e owenista (de índole 
socialista), que tanto influenciaram as trade unions; c) o sin­
dicalismo inglês, tendo em vista o éxito nos entendimentos 
com os empresários para a aprovação da lei das 10 horas de 
trabalho, passou a admitir a negociação como forma de conci­
liação de interesses entre patrões e operários, contrariando, 
assim, atese comunista da luta de classes como único meio 
para a afirmação do proletariado; na França triunfou uma 
revolução, de duração efêmera (fevereiro a julho de 1848), 
que uniu a pequena burguesia ao operariado e constituiu a 
Comissão de Luxemburgo para propor medidas práticas de 
proteção ao trabalho.
Nas décadas de 50 e 60 do século X IX foi escassa a atividade 
legislativa concernente aos direitos trabalhistas. Isto apesar da 
ampla campanha incrementada pela Associação Internacional 
dos Trabalhadores8 em prol da jornada de 8 horas. Com essa 
finalidade, foram aprovadas duas resoluções, em 1866, por um 
congresso norte-americano e internacional. Não obstante a 
reivindicação da jornada de oito horas por alguns congressos 
nacionais e internacionais de trabalhadores9, até o final do 
século XIX somente servidores públicos foram contemplados 
por lei neste sentido10. E a origem do I o de maio como Dia
8 A Associação foi organizada pela Primeira Internacional (Londres, 1864). 
Nela, a corrente marxista predominou sobre o anarquismo de BAKUNIN; mas 
essa lutas internas enfraqueceram a entidade, que se dissolveu em 1876.
9 O Congresso Operário Internacional (Genebra, 1866) ressaltou que a 
limitação da jornada de trabalho em oito horas era "uma condição prévia sem 
a qual terão que fracassar todos os esforços de emancipação”. No mesmo ano, 
em Baltimore, o Congresso Geral dos Trabalhadores Norte-Americanos levantou 
a bandeira da jornada de oito horas.
10 A primeira lei estatuindo a jornada de oito horas para os empregados e 
operários do Serviço Público Federal foi sancionada nos Estados Unidos em 
1868.
19
do Trabalho foi uma decorrência da campanha para a conquista 
dessa limitação da jornada de trabalho11.
Nas décadas de 70 e 80 do século X IX verificam-se o 
reconhecimento legal e a conseqüente expansão do sindicalis­
mo. A Inglaterra, que foi um dos primeiros países a proibir a 
sindicalização e que depois passou a tolerá-la, revogando o 
delito da coalizão (1824), cedeu ante o fato social e legislou 
sobre o tema: em 1871, sob a chefia de DISRAELI, o governo 
inglês regulamentou o direito de sindicalização ('Trade unions 
aci). Nos Estados Unidos esse direito foi reconhecido pelos 
tribunais, com base na Constituição; em 1884, a França adotou 
a lei de associações profissionais (Lei Waldeck-Rousseau).
V — BISMARCK, os seguros sociais e a internacionalização 
das leis social-trabalhistas
A vitória da Alemanha na guerra de 1870/71 e o temor da 
expansão das ideias de MARX e ENGELS, que eram germâ­
11 O rápido desenvolvimento industrial dos Estados Unidos fomentou a ex­
pansão dos sindicatos. Em 1884, o IV Congresso de Trabalhadores Norte-Ame­
ricanos, reunido em Chicago, aprovou plano de ação visando à adoção geral 
da jornada de oito horas, a partir de I o de maio de 1886. Nos primeiros meses 
desse ano foram despedidos milhares de trabalhadores que se negavam a 
abandonar seus sindicatos, No dia marcado, mais de 50.000 trabalhadores 
entraram em greve. Houve passeatas e lutas com a polícia, sobretudo em 
Chicago, com mortes e feridos de ambos os lados. E, pela morte dos policiais, 
os líderes do movimento, ALBERT PARSONS e I.UIZ LING, foram conde­
nados à forca. LING suicidou-se na prisão; o outro foi enforcado. Três anos 
depois, em Paris, o Congresso Internacional Socialista aprovou resolução re­
comendando que em todos os países, a partir de 1890, o I o de maio fosse 
celebrado com manifestações operárias, com o fim de lograr a universalização 
da jornada de oito horas. Contudo, somente a partir do início do século X X 
foram sancionadas leis neste sentido; mas o I o de maio continuou a ser 
comemorado como Dia do Trabalho (de festas em alguns países; de reivindi­
cações, em outros). Paradoxalmente, nos Estados Unidos esse dia recai na 
primeira segunda-feira do mês de setembro.
20
nicos, levaram o Chanceler BISMARCK a implantar o primeiro 
sistema de seguros sodais: de enfermidade (1883), de acidente 
do trabalho (1884) e de velhice e invalidez (1889). Esses 
seguros obrigatórios abrangiam todos os trabalhadores da in­
dústria e do comércio. Em 1886 o seguro-enfermidade foi 
estendido à agricultura e, em 1892, aos transportes.
Na Alemanha já vigoravam algumas leis de proteção ao 
trabalhador12. Por isso mesmo, o custo social da mão de obra, 
elevado com as contribuições previdenciárias, preocupou tanto 
os empresários como alguns parlamentares e o próprio KAISER 
GUILHERME II. Este, valendo-se do prestígio do seu país, 
apoderou-se da iniciativa do Conselho Federal da Suíça no 
sentido de internacionalizar a legislação social-trabalhista e 
convocou a Conferência de Berlim, que se realizou em março 
de 1890, com o apoio explícito do PAPA LEÃO XIII.
A ideia de internacionalizar as normas fundamentais da 
proteção social ao trabalho, seja para nivelar o custo da produção 
entre países industrializados, seja para atender a princípios de 
justiça social, já havia sido defendida, dentre outros13, por 
OWEN (1818), BLANQUI (1838), LEGRAND (1841), 
MARX e ENGELS (1864), pelo Conselho Federal da Suíça 
(1855, 1876, 1881 e 1890) e pela Segunda Internacional (Paris, 
1889).
A Conferência de Berlim teve o mérito de evidenciar que 
temas trabalhistas de relevo podiam ser tratados no plano 
internacional. Os êxitos obtidos foram a assinatura do Protocolo 
fixando em 14 anos a idade mínima de admissão nos trabalhos 
das minas (salvo nos países meridionais, onde a idade mínima 
seria de 12 anos) e de várias recomendações concernentes à 
proibição do trabalho das mulheres nas minas, à redução da
12 Proibição do trabalho do menor de 12 anos, jornada de seis horas para os 
menores de 12 a 14 anos, proteção ao trabalho da mulher e inspeção do 
trabalho a cargo de autoridades policiais.
13 Cf. nosso "Direito Internacional do Trabalho”, Slo Paulo, LTr, 3a ed., 
2000, págs. 76/79.
21
jornada de trabalho nas minas, à arbitragem nos conflitos de 
trabalho, à organização de sociedades de socorro mútuo entre 
os trabalhadores, à proibição do trabalho dos menores de 12 
anos nos estabelecimentos industriais (salvo nos países meri­
dionais, onde a idade mínima seria de 10 anos), à proibição 
do trabalho noturno das mulheres e, finalmente, à concessão 
de um período de descanso por motivo de parto.
VI — LEÃO X III, a doutrina social da Igreja e a multiplicação 
das leis social-trabalhistas
O intenso trabalho dos sindicatos ingleses, franceses, ale­
mães e norte-americanos, quer dos vinculados ao socialismo 
revolucionário, quer dos independentes, resultou na conquista 
das primeiras leis trabalhistas do mundo contemporâneo. Mas 
é inquestionável que a divulgação da encíclica Rerum Novarum, 
do PAPA LEÃO XIII, em 15 de maio de 1891, acelerou a 
multiplicação dessas leis. Essa famosa encíclica pleiteou a mu­
dança da diretriz então predomindante no trato das questões 
pertinentes ao trabalho, a fim de preservar a dignidade humana 
do trabalhador e implantar a justiça social; criticou tanto o 
liberal-individualismo, como o socialismo14; e, em virtude da 
sua alta procedência, exerceu remarcada influência entre mui­
tos governantes e parlamentares, dos quais dependia a decre­
tação de inadiáveis normas de proteção social ao trabalhador15.
14 Proclamando que os interesses do Estado, dos patrões e dos trabalhadores 
não são inconciliáveis, desde que atendidos os princípios da justiça social, 
LEÃO XIII emprestou "fundamento moral à intervenção do Estado nas relações 
de trabalho, mostrando a impossibilidade da solução do problema social, se os 
povos continuassem aferrados às anacrônicas concepções do liberal individua­
lismo” (GERALDO BEZERRA DE MENEZES, “Doutrina Social e Direito do 
Trabalho", Rio, 1953, pág. 21).
15 A Rerum Novarum deu ênfase especial à adoção da jornada de oito horas: 
"A atividade do homem é limitada, como a sua

Outros materiais