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Direito Penal ROTEIRO DE ESTUDO – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Prof. Luciano Santoro LUCIANO.SANTORO@DOCENTE.UNIP.BR 1 DA MOEDA FALSA 1.1 MOEDA FALSA Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Bem jurídico: fé pública “O delito de moeda falsa consiste em infração penal cujo bem jurídico atingido é a fé pública, ou seja, a segurança da sociedade em relação à circulação monetária. O sujeito passivo desse crime é o Estado e a coletividade. A lesão ao bem protegido não pode ser mensurada pela quantidade de cédulas introduzidas em circulação pelo sujeito ativo, nem pelo número de lesionados pela conduta criminosa. Portanto, qualquer que seja o 2 montante da falsificação ou o número de pessoas atingidas, há ofensa ao bem jurídico, o qual não é quantificado. Assim sendo, não há falar em aplicação do princípio da insignificância em relação ao crime de circulação de moeda falsa” (TRF 4.ª R. – 6.ª T. – AP 2001.04.01.037286-0 – Rel. Fábio Bittencourt da Rosa – DJU 21.05.2002, p. 670). Elemento do tipo: Falsificar + fabricando-a ou alterando-a + moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro Fabricar = contrafação pela produção de uma moeda nova, falsa, com aparência de verdadeira. Alterar = modificar, transformar o já existente para aumentar o seu valor. Adulteração física. Moeda metálica = cunhada em metal pelas autoridade monetárias Papel moeda = cédula ou nota emitido por órgão autorizado do governo. Quantidade de moeda? Irrelevante para o crime, apenas serve para fundamentar a pena (culpabilidade = reprovação social). Elemento subjetivo: dolo. Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: Estado e a coletividade. Eventualmente, alguém que recebeu a moeda falsa. Consumação: Consuma-se com a falsificação da moeda. Circulação? Dispensável, porém a moeda deve reunir condições para tal. Tentativa admissível. 3 “Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo, formais, onde se tutela imediatamente a fé pública e apenas mediatamente o patrimônio particular. O que se exige é a potencialidade lesiva do objeto material do falso e não a ocorrência de lesão efetiva. A consumação do crime independe da introdução da moeda falsa em circulação, a mera ação de ‘adquirir’ ou ‘guardar’ a cédula, tendo ciência de sua inautenticidade, já configura o delito” (TRF 4.ª R. – Ap. 97.04.09631-3 – Rel. Fábio Bittencourt da Rosa – j. 09.03.99 – RT 765/732). Pena: reclusão de 3 a 12 anos. Figuras equiparadas: a) quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa (§1º) b) quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. (§ 4º) Causa de aumento de pena: não há. Privilégio: (detenção de 6 meses a 2 anos e multa) quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. (§2º) Qualificadora: (reclusão de 3 a 15 anos e multa) funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. (§3º) Crime próprio. Ação Penal: pública incondicionada Particularidades: a) Competência da Justiça Federal: interesse da União. b) Moeda brasileira: Hipótese de extraterritorialidade incondicionada (art. 7º, I, b e §1º, CP) c) Moeda estrangeira: extraterritorialidade condicionada (art. 7º, II) pois o Brasil se comprometeu em punir esse delito na Convenção de Genebra 4 d) Falsificação grosseira: não caracteriza este crime, mas pode configurar o estelionato. “A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual” (STJ – CC 5.273 – Rel. Vicente Cernicchiaro – DJU 06.12.93, p. 26.634). • “A imitação grosseira, perceptível icto oculi, não configura o delito de falsificação de moeda. Hipótese que caracteriza, em tese, a tentativa de estelionato. Conflito negativo de jurisdição conhecido, para declarar competente – Justiça comum” (STF – CJ – Rel. Thompson Flores – RT 554/463 e RTJ 98/991). • Falsificação grosseira de cédula de quinhentos cruzeiros. Contratação evidente à primeira vista – “Na espécie, dada a inidoneidade da imitação, para enganar o público, o crime a identificar-se será o de tentativa de estelionato, e não o de moeda falsa” (STF – CJ – Rel. Soares Muñoz – RTJ 85/430). e) Fabricar e colocar em circulação: crime único se for a mesma pessoa. “A introdução de moeda falsa na circulação só constitui crime autônomo, quando realizada por quem não foi o autor da falsificação. Se é o próprio falsificador quem faz uso da moeda falsa, o crime é um só, devendo o seu autor responder somente pela falsificação” (TJSP – AC – Rel. Bernardes Jr. – RT 176/474). f) Inaplicabilidade do princípio da insignificância Crime de moeda falsa. Princípio da insignificância. Inaplicabilidade. Denúncia. Recebimento – “O delito em tese praticado não pode ser considerado como de pequena monta tendo em vista cuidar-se de infração que não é de trato patrimonial mas ofensiva aos interesses da fé pública, que não podem ser mensurados por critérios de prejuízos econômicos” (TRF 3.ª R. – 2.ª T. – RSE 2000.61.81.005959-0 – Rel. Peixoto Jr. – j. 12.03.2002 – DJU 22.07.2002, p. 321). • Penal. Crime de moeda falsa. CP, art. 289, § 1.º. Concessão de habeas corpus de ofício. Trancamento de inquérito policial. Princípio da insignificância. Recurso provido – “Tratando-se de crime de moeda falsa, não se aplica o princípio da insignificância, uma vez que o bem 5 jurídico tutelado pela norma não é o patrimônio, mas a fé pública. O trancamento de inquérito policial por meio de habeas corpus só é cabível em situações excepcionais, como, por exemplo, quando se verificar, prima facie, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade. Recurso ministerial e remessa oficial providos” (TRF 3.ª R. – 1.ª T. – RSE 2000.03.99.058458-4 – Rel. Nelton dos Santos – j. 13.04.2004 – RT 830/684). 1.2 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização;restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Bem jurídico: Fé pública, em especial no tráfico jurídico da moeda (regular circulação no meio econômico). Tipo objetivo: 3 condutas: Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda + com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; à Cria-se nova cédula, nota ou bilhete através da junção de fragmentos. à Lembrar que alterar o verdadeiro não é o 290, mas sim o crime de moeda falsa do art. 289. “Tratando-se de alteração de moeda, através da junção de fragmentos de cédulas, a figura delituosa é a do art. 290 do CP e não a do art. 289 do mesmo diploma” (TFR – AC – Rel. Raimundo 6 Macedo – RF 186/308). • “É no art. 290 e não no art. 289 que se classifica o crime de introduzir na circulação papel-moeda alterado com fragmentos de cédulas verdadeiras” (TFR – AC – Rel. Macedo Ludolf – RF 165/308). • “Enquadra-se no art. 290, e não no art. 289 do CP, a falsificação de papel-moeda mediante aposição de algarismos destacados de outras cédulas” (TFR – AC – Rel. Aguiar Dias – RT 231/675). • Alteração de cédulas mediante colagem de fragmentos-de outras notas – Configuração do delito previsto no art. 290 e não do definido pelo art. 289 do CP – “A modificação do valor de cédula verdadeira mediante aposição de fragmentos de outra não constitui o crime de falsificação propriamente dito, mas o assemelhado de adulteração. A adição de partes de cédulas, dizeres ou algarismos, de cédulas verdadeiras, as cédulas também verdadeiras, para aumentar-lhes o valor, não constitui o delito de moeda-falsa, mas crime a esse assemelhado” (TFR – AC – Rel. Elmano Cruz – RT 208/538). suprimir, + em nota, cédula ou bilhete recolhidos, + para o fim de restituí-los à circulação, + sinal indicativo de sua inutilização; à faz desaparecer o sinal indicativo de sua inutilização, para o fim de restituí-lo à circulação. à E se a supressão do sinal indicativo for apenas para colecionar? restituir + à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização 7 à E se o mesmo agente tiver criado ou suprimido e, após, restituído a cédula? Cuida- se de hipótese de pos factum impunível. Tipo subjetivo: Dolo generico para a 1a. e 3a. figuras. Dolo específico para a 2a. figura, consistente no elemento específico “para o fim de restituí-los à circulação”. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Estado. Consumação: na 1a. e na 2a. com a formação da Cédula. Na 3a. modalidade quando volta à circulação. Qualificadoras (Máximo de 12 anos) se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo Causa de aumento de pena: Não tem. Pena: 2 a 8 anos. Ação Penal: pública incondicionada. Competência da Justiça Federal. 1.3 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Bem jurídico: fé pública. Tipo objetivo: Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar + maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente + destinado à falsificação de moeda 8 • “Comprovado, através dos exames procedidos pelo Instituto Nacional de Criminalística e pela Casa da Moeda do Brasil, que os objetos apreendidos em mãos do réu prestavam-se para fabricar moeda falsa, impõe-se a sua condenação” (TFR – AC – Rel. José Cândido – DJU 19.5.83, p. 6.886). • Moeda falsa – Posse do material adequado à falsificação – “O crime de moeda falsa se integra pela simples posse de material destinado à falsificação” (TFR – Rel. Macedo Ludolf – RF 1 18/542). • “A expressão “especialmente destinado” do art. 291 há de ser entendida no sentido estrito de destinação objetiva, peculiar a falsificação, não se concebendo ao objeto outra aplicação” (TJSP – AC – Rel. Joaquim de Sylos Cintra – RT 167/147). Tipo subjetivo: Dolo generico. “É indispensável à perfeição do delito previsto no art. 291 do CP a inequivocidade do destino do maquinismo, aparelho ou instrumento destinado à falsificação. Visando o petrecho não especificamente a contrafação da moeda, mas sim a prática de fraudes, como, por exemplo, o ‘conto da guitarra’, somente se poderá cogitar de eventual estelionato” (TACRIM-SP – HC – Rel. Ricardo Couto – JUTACRIM 19/249). Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Estado. Consumação: Delito formal, porquanto não requer resultado naturalístico de nenhuma das condutas. Petrechos para falsificação de moeda – “Comprovado que o agente possui uma gráfica destinada à falsificação de dólares norte-americanos, inclusive com alguns exemplares já falsificados, justifica-se a sua condenação nas penas do art. 291 do CP” (TRF 2.ª R. – 1.ª T. – Ap. 0222841-1/94 – Rel. Clélio Erthal – DJU 18.04.95). 9 • Fornecimento de petrecho especialmente destinado à falsificação de moeda – Art. 291 CP – “Crime que comporta, em tese, a tentativa, mas que chegou, no caso concreto, a consumar-se, diversamente do que veio a suceder com os co-réus, condenados pela falsificação (art. 289) e beneficiados com a diminuição da pena, de acordo com o art. 14, parágrafo único, do estatuto repressivo” (STF – RE 114.101 – Rel. Octávio Gallotti – RTJ 123/1.220). Qualificadoras: Não há. Causa de aumento de pena: Não há. Pena: reclusão, 2 a 6 anos e multa. Ação Penal: Ação penal pública incondicionada. 1.4 EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. Bem jurídico: fé pública. Estefam entende que é a “integridade ou intangibilidade do sistema monetário nacional”. Tipo objetivo: Emitir, + sem permissão legal, + nota, bilhete, ficha, vale ou título + que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago 10 Colocar em circulação vale, nota, bilhete, ficha ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome a que deveria ser pago. Elemento normativo: “sem permissão legal”. Tipo subjetivo: Dolo generico. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Estado. Consumação: Emissão com o efetivo lançamento em circulação do objeto material. Privilégio: detenção, de 15 dias a 3 meses ou multa Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa Pena: detenção de 1 a 6 meses,ou multa. Ação Penal: Pública incondicionada. 2 DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICO No Capítulo II foram inseridos crimes de falsificação de títulos e outros papéis públicos que de representam por si mesmo conteúdo econômico. Nelson Hungira justificou sua inserção em um capítulo próprio, após o crime de moeda falsa, mas antes das demais falsificações, por entender que seriam tipos intermediários entre o falsum numerário e o falsum documental. 2 são os crimes previstos neste artigo: a) falsificação papéis públicos; b) petrechos de falsificação. 2.1 FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 11 I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 12 Bem jurídico: fé pública, no sentido de crença e credibilidade (autenticidade e veracidade) dos papéis públios. Tipo objetivo: Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; OU II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; OU III - vale postal; OU IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; OU V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; OU VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município ROL PREVISTO NO ARTIGO 293 É TAXATIVO! A falsificação pode ocorrer de duas formas: fabricando (criando, papéis inexistentes) ou alterando papéis verdadeiros (modifica o seu conteúdo). Falsificação deve ser apta a enganar, senão configura crime impossível. Objetos materiais (papéis passíveis de falsificação) I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo: por ex., selos de cigarro, bebida, etc (comprovam a arrecadação do imposto). 13 II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: tais como apólices, debêntures ou letras do tesouro; III - vale postal: REVOGADO TACITAMENTE PELA LEI N° 6.538/76 IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público: apenas a cautelar de penhor encontra efetivamente relevância, já que se trata de título referente a contrato de penhor privativos da Caixa; as cadernetas em regra identificavam as contas poupanças; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. Bilhete de loteria: NÃO É ESSE ARTIGO, MAS SIM ART. 54 DO DECRETO N° 6.259/44 Tipo subjetivo: Dolo generico. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Estado e eventualmente alguém prejudicado. Consumação: Consuma-se com a sua efetivação falsificação (criação ou alteração), independentemente de eventual circulação. Admite-se a tentativa por ser crime plurissubsistente. Figura equiparada: § 1° - USO DE PAPÉIS PÚBLICOS § 1o Incorre na mesma pena quem: I – USA, GUARDA, POSSUI OU DETÉM qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; II – IMPORTA, EXPORTA, ADQUIRE, VENDE, TROCA, CEDE, EMPRESTA, GUARDA, FORNECE ou RESTITUI À CIRCULAÇÃO selo falsificado destinado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 14 de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Atividade comercial: EQUIPARAÇÃO - § 5° - Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. Privilégios: 3 hipóteses: a) Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização (reclusão, de um a quatro anos, e multa) - § 2°; b) Usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior (reclusão, de um a quatro anos, e multa) - § 3°; c) Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração (detenção, de seis meses a dois anos, ou multa) - § 4°. Pena: caput e § 1°: 2 a 8 anos e multa; §§ 2° e 3°: 1 a 4 anos e multa; § 4°: 6 meses a 2 anos ou multa. Causa de aumento de pena: 1/6 se forfuncionário público e prevalecer-se do cargo. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte Ação Penal: Pública incondicionada. 15 2.2 PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Bem jurídico: fé pública, no sentido de crença e credibilidade (autenticidade e veracidade) dos papéis públios. Tipo objetivo: Fabricar OU Adquirir OU Fornecer OU Possuir OU Guardar + objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior Tipo subjetivo: Dolo generico. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Estado. Consumação: Consuma-se com a posse, fabricação, aquisição, fornecimento ou guarda do objeto voltado à falsificação do papel público. Delito formal, sendo admitida a tentativa. Pena: reclusão de 1 a 3 anos. Causa de aumento de pena: 1/6 se for funcionário público e prevalecer-se do cargo. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte Ação Penal: Pública incondicionada. 3 DA FALSIDADE DOCUMENTAL 16 Capítulo mais importante do Título X por conter as infrações que por excelência constituem falsidade documental. Segundo Nelson Hungria documento “é todo escrito especialmente destinado a servir ou eventualmente utilizável como meio de prova de fato juridicamente relevante” (documento é papel escrito com eficiência probante na órbita jurídica).. Sendo assim, “nem todos papel escrito é documento, mas o documento há de ser sempre um papel escrito”. 4 são os elementos necessários à existência do falso (Sylvio do Amaral): a) alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante (immutatio veritatis); b) imitação da verdade (immitatio veritatis); c) potencialidade do dano; d) dolo. Nas palavras de Andre Estefam: “O falsário sempre procura alterar a verdade (immutatio veritatis) sobre fato juridicamente relevante, imitando no falso o que é verdadeiro (immitatio veritatis), ou seja, dando ao que não é a aparência de ser, a fim de iludir terceiros, podendo-lhes causar dano (embora não seja necessário que tal resultado efetivamente ocorra). Espécies: Documento Público X Documento Privado Distinção quanto à: a) procedência: público é sempre expedido pelo Estado, por meio de algum funcionário público no exercício da função legal ou regulamentar b) exigibilidade: qualquer pessoa pode exigir do Estado que emita um documento público, sempre que preenchidos os requisitos legais. O particular não pode ser coagido, sob pena de crimes de constrangimento ilegal ou exercício arbitrário das próprias razões. c) relevância jurídica: documentos públicos são sempre dotados de importância jurídica, posto que podem criar, extinguir ou modificar direitos. O particular nem sempre tem essa relevância. d) responsabilidade civil: os documentos públicos são emitidos em nome do próprio Estado, daí resultando que estará civilmente 17 obrigado a fazer frente às responsabilidades dele oriundas. O capítulo III distingue-se em: a) Falsidade material: arts. 296, 297, 298, 301, § 1°, 303 e 305, CP. A falsidade material recai sobre a própria integridade física do documento, seja na fabricação de um similar ao verdadeiro (contrafação) ou na modificação de um documento verdadeiro (alteração). A contrafação pode ser total ou parcial (neste caso, de um documento composto de duas ou mais partes perfeitamente individualizáveis). b) Falsidade ideológica: arts. 299, 300, 301 e 302. A falsidade ideológica ocorre quando alguém altera a verdade sobre um documento fisicamente verdadeiro. O exterior é verdadeiro, mas o interior (seu conteúdo) é falso, o que os autores costumam chamar de “mentira reduzida a termo”. Nos termos do artigo 299, para que ocorra a falsidade ideológica há necessidade de que seja prejudicado direito, criada obrigação ou alterada a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pode ser realizada através da omissão (de declaração que dele devia constar) ou inserção de declaração falsa ou divers ada que devia ser escrita. c) Uso de documento falso: art. 304, que pode ser tanto material quanto ao ideológico. 3.1 FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração 18 Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Bem jurídico: fé pública (confiabilidade dos documentos públicos) Elemento do tipo: Falsificar, fabricando-os ou alterando-os + selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; OU selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião Falsificar = contração total ou parcial Alterar = modificar Selo público destinado a autenticar atos oficiais ou selo ou sinal atribuído a entidade de direito público ou a autoridade ou sinal público de tabelião. Atenção: se o selo ou sinal já estiver estampado no documento, haverá o crime do artigo 298 do CP. No artigo 296 a lei se preocupa com o objeto impressor e não a figura impressa. Elemento subjetivo: dolo genérico Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: Estado. Consumação: Com a contrafação ou adulteração. Crime de perigo. Admite a tentativa. Pena: reclusão de 2 a 6 anos e multa Causa de aumento de pena: §2º. Aumento de 1/6 se for funcionário público. 19 Qualificadora: não há. Ação Penal: pública incondicionada 3.2 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Bem jurídico: fé pública (confiabilidade dos documentos públicos) Elemento do tipo: Falsificar + 20 no todo ou em parte + documento público OU alterar documento público verdadeiro Falsificar = contrafação total ou parcial Alterar = modificar Documento público = a) aquele emitido ou elaborado por funcionário público, prevalecendo-se desta qualidade, observando as formalidades legais b) emanado de entidade paraestatal, c) o título ao portador ou transmissível por endosso d) as ações de sociedade comercial e) os livros mercantis f) testamento particular. g) Documento público estrangeiro, desde que observadas as formalidades de sua eficácia no país h) Fotocópias autenticadas de documento público i) Certidões Autenticação de documento particular? Não é documento público, tal qual o reconhecimento de firma. Elemento subjetivo: dolo genérico Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: Estado e quem vier a ser prejudicado. Consumação: Com a contrafação ou adulteração. Crime de perigo. Admite a tentativa. “Para a caracterização do crime de falsificação de documento público, de natureza formal, não é necessário a ocorrência de efetivo prejuízo, conforme inteligência do art. 297 do CP” (TJPR – 1.ª C. – Ap. 64.007-3 – Rel. Clotário Portugal Neto – j. 26.03.1998 – RT 759/687). Pena: reclusão de 2 a 6 anos e multa 21 Figuras equiparadas: §§ 3º e 4º. Falsidade ideológica de documentos destinados à comprovação de fatos ou relações jurídicas perante a previdência social. Causa de aumento de pena: §1º. Aumento de 1/6 se for funcionário público. Discussão sobre a aplicação aos §§3º e 4º, em face da colocação tópica. Qualificadora: não há. Ação Penal: pública incondicionada Particularidades: a) o falso deve ser idôneo a produzir o resultado; Falsificação inoperante • “Se a deturpação é de natureza tal que pode ser facilmente percebida, o procedimento do falsário não atinge as culminâncias do ilícito penal. O falso punível é só aquele que ilude os sentidos, ou a inteligência, ou que tem qualidades de semelhança com o original, capazes de produzir tal resultado, tomado por padrão o senso crítico do homem mediano. O falsário a quem falta habilidade para enganar o observador desprevenido é um malfeitor malogrado, dotado de malvagia intenizone, mas indiferente para o direito penal, que o não considera um violador da fé pública; ou, em verdade, não é um falsário evidenciando do desmazelo da falsificação a ausência do animus criminoso essencial aos crimes de falsidade” (TJSP – Rev. – Rel. Acácio Rebouças – RT 329/204 e RF 206/312). • “A existência de uma falsidade inoperante, desde logo percebida pelo funcionário do estabelecimento bancário em que apresentado o cheque para pagamento, elide a configuração do delito do art. 297 do Código Penal” (TJSP – AC – Rel. Mendes França – RT 476/347). b) se for para fins eleitorais, art. 348, da Lei nº 4.737/65 Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais: Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias- multa. 22 § 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. § 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade paraestatal inclusive Fundação do Estado. c) Falsificação e estelionato: 4 posições: a) STJ: estelionato absorve a falsidade, quando esta foi o meio fraudulento empregado para a prática do crime-fim. Súmula 17 STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.”; b) Concurso formal, por atingirem objetividades distintas (fé pública e patrimônio). Há decisões do STF nesse sentido. c) Concurso material: Damásio, pois há pluralidade de condutas. d) Crime de falso prevalece sobre o estelionato. 3.3 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito Bem jurídico: fé pública Elemento do tipo: Falsificar + no todo ou em parte + documento particular OU alterar documento particular verdadeiro: Documento particular será todo aquele que não for público. Critério negativo. 23 Folha assinada em branco? Não é documento particular enquanto não for preenchida. Potencialidade lesiva: Crime contra a fé pública. Falsidade de documento particular. Potencialidade lesiva. Desnecessidade de prejuízo efetivo. Crime que se aperfeiçoa no momento da inserção de informação falsa em documento particular. Condenação mantida – “Nos crimes de falso não importa a intenção de prejudicar ou o prejuízo efetivo, eis que o bem jurídico lesado é a fé pública” (TJSC – 2.ª C. – AP 99.006963-0 – Rel. Nilton Macedo Machado – j. 01.06.99 – JC 85/721). “Se a falsificação é por demais grosseira, não tendo o autor a menor preocupação de imitar a letra da vítima na declaração a ela atribuída, não objetivando causar-lhe prejuízo de um dano real, não se configura o delito do art. 298 do CP” (TJSP – Rev. – Rel. Mendes França – RT 407/124). Elemento subjetivo: dolo genérico Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: Estado e a coletividade. Eventualmente quem vier a ser ofendido. Consumação: com a falsificação ou alteração Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa. Causa de aumento de pena: não há. Qualificadora: não há. Ação Penal: pública incondicionada Particularidades: a) competência em regra da Justiça Estadual, no entanto se for utilizado para fins de lesar a União, deverá ser julgado pela Justiça Federal; 24 b) A Lei n° 12.737/2012 inclui o parágro único para equiparar a falsificação de cartão de crédito ou de débito a falsidade de documento particular; c) Se for para fins eleitorais, pratica o crime específico do artigo 349, da Lei nº 4.737/65 Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa. d) se for para suprimir ou reduzir tributo, art. 1º da Lei nº 8.137/90 e) concurso com o art. 297: • “Se o réu falsifica cartão de crédito e carteira de identidade, para enganar casas comerciais, adquirindo mercadorias, comete apenas dois crimes, a saber: falsificação de documento particular e falsificação de documento público, em concurso material” (TJRJ – AC – Rel. Valporê de Castro Caiado – RT 478/377). f) Crime único se for para o mesmo fim. “Há uma só ação delituosa e não tantas ações quantas sejamas assinaturas falsificadas quando elas objetivam um mesmo fim e sejam lançadas dentro de um só contexto” (TJSP – Rev. – Rel. Cunha Bueno – RT 528/346). 3.4 FALSIDADE IDEOLÓGICA Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 25 Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Bem jurídico: fé pública Elemento do tipo: Omitir + em documento público ou particular + declaração que dele devia constar OU nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita + com o fim + de prejudicar direito OU criar obrigação OU alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante Necessidade do fato ser juridicamente relevante: Acusado que, ao outorgar procuração judicial, em nome de pessoa jurídica de que faria parte, inclui o nome de ex-sócio – Fato jurídico, entretanto, irrelevante – “Para que ocorra o delito de falsidade ideológica é necessário que a alteração seja relativa a fato juridicamente relevante, entendendo-se como tal a declaração que, isolada ou em conjunto com outros fatos, tenha significado direto ou indireto, para constituir, fundamentar ou modificar direito, em relação jurídica ou privada” (TJSP – AC – Rel. Camargo Aranha – RT 546/344 e RJTJSP 60/361). • Edital que omite a ocorrência de uma segunda convocação dos sócios para a realização da assembléia – Efetivação desta em primeira convocação – Falta de justa causa para o processamento do paciente – “Para a tipificação do delito de falsidade ideológica, faz-se mister que o fato juridicamente relevante seja idôneo a produzir resultado” (TJSP – HC – Rel. Denser de Sá – RT 490/307). Condutas: 26 Dá-se a falsidade ideológica (ou intelectual) quando há uma atestação não verdadeira, ou uma omissão, em ato formalmente verdadeiro, de fatos ou de declarações de vontade, cuja verdade o documento deveria provar. Verifica-se, portanto, no ato autêntico quando a alteração da verdade diz respeito à sua substância ou às suas circunstâncias. “Concerne a falsidade ideológica ao conteúdo, e não à forma. Quando esta própria é alterada, forjada ou criada, a falsidade a identificar-se será a material” (TJSP – AC – Rel. Camargo Sampaio – RT 513/367). Distinção para a falsificação de documento: Celso Delmanto estabelece a seguinte diferença entre falsidade material e ideológica: ‘Na falsidade material, o que se frauda é a própria forma do documento, que é alterada, no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente, que cria um documento novo. Na falsidade ideológica, ao contrário, a forma do documento é verdadeira, mas seu conteúdo é falso, isto é, a idéia ou declaração que o documento contém não corresponde à verdade. Elemento subjetivo: dolo com especial finalidade de agir, consistente na intenção de prejudicar direito, criar obrigações ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Sujeito ativo: qualquer pessoa. No documento público, se for omitir ou inserir, apenas o funcionário público. Sujeito passivo: Estado, coletividade e o prejudicado, se houver. Consumação: com a prática das condutas. Na omissão, quando não há a inclusão; na inserção quando se conclui o documento (porque ele pode eliminar o falso até este momento); já quem faz inserir consuma quando há o lançamento. Somente há tentativa no fazer inserir. Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa se o documento for público; reclusão de 1 a 3 anos se for particular. Causa de aumento de pena: 1/6: a) - funcionário público prevalecendo-se do cargo; b) falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil. Se for registro de filho alheio como próprio? Art. 249. E se for nascimento inexistente? Art. 241. Qualificadora: não há 27 Ação Penal: pública incondicionada Particularidades: a) para fins eleitorais, art. 350 da Lei nº 4.737/65 Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular. Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a pena é agravada. 3.5 FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 3.6 CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Falsidade material de atestado ou certidão § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: 28 Pena - detenção, de três meses a dois anos. § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica- se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. 3.7 FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de um mês a um ano. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 3.8 REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica REVOGADO PELO ART. 39 DA LEI N° 6.538/78 3.9 USO DE DOCUMENTO FALSO Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Bem jurídico: fé pública Elemento do tipo: fazer uso (como se o documento fosse autêntico) + documentos falsificados 29 Fazer uso + de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302 E se o documento for verdadeiro, mas usado por outra pessoa? Não configura, pois aqui o documento deve ser falso. E se a falsificação for grosseira? Não há o tipo em questão. Simples porte? Não configura. E se o documento não foi entregue por iniciativado agente, mas porque solicitado? Não importa, segundo o STF. No caso da CNH, segundo Capez, o porte já configuraria, pois o CTB exige a sua exibição quando for solicitado. E na revista pessoal? Não, se o policial quem achou o documento. Elemento subjetivo: dolo Sujeito ativo: qualquer pessoa E o autor da falsificação? Não Sujeito passivo: Estado, a coletividade e a pessoa prejudicada. Consumação: com o primeiro ato de utilização do documento Pena: mesma da falsidade correspondente (arts. 297 a 302). Causa de aumento de pena: Qualificadora: Ação Penal: pública incondicionada Particularidade: à Se o falsificador faz uso do documento? Falsificador que usa o documento é punido apenas pelo delito de falsificação e não pelo concurso de crimes. PENAL - FALSIDADE IDEOLÓGICA - CRIME CONTINUADO - FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - USO PELO FALSÁRIO - DELITO ÚNICO - Configura crime continuado duas ações consistentes no preenchimento de laudas assinadas por outrem e utilizadas para os expedientes ideologicamente falsos, dirigidas a um mesmo resultado. A doutrina e a jurisprudência são unânimes no entendimento de que o uso do documento 30 falso pelo próprio autor da falsificação configura um único delito, seja, o do art. 297, do Código Penal, pois, na hipótese, o uso do falso documento é mero exaurimento do crime de falsum. Habeas-corpus concedido. (STJ - HC 10.447 - MG - 6ª T. - Rel. Min. Vicente Leal - DJU 01.07.2002) (Ref. Legislativa:CP, art. 297) 3.10 SUPRESSÃO DE DOCUMENTO Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. TUTELA-SE A FORÇA PROBANTE DO DOCUMENTO DIFERENCIA-SE DO FURTO, POIS LÁ HÁ O ANIMUS FURANDI OU ANINUMS NOCENDI (não se procura macular o valor probante do documento, mas simplesmente subtrai-lo). Cheque • “Os cheques destruídos equiparam-se a documentos públicos, nos termos do art. 297, § 2.º, do CP e a sua destruição tipifica o crime do art. 305” (TJSP – AC 113.806-3/9 – Rel. Ivan Marques – RT 680/338) Nota promissória • “A destruição de nota promissória da qual era avalista caracteriza o delito capitulado no art. 305 do CP, porquanto presentes os requisitos tipificadores daquela figura delituosa, vez que a intenção foi a de eximir-se do pagamento” (TJPR – AC – Rel. Ossian França – RT 570/356). Cópia: Crime não caracterizado “No que concerne, porém, a imputação de prática de crime de supressão de documento, como definido no art. 305 do CP, é de se reconhecer a falta de justa causa para ação penal, no caso, pois as peças rasgadas pela paciente – o termo de audiência e dois mandados de intimação – haviam sido reproduzidos por cópias, constantes dos autos. E mesmo os originais por ela inutilizados, foram recompostos, a partir dos 31 fragmentos. Se as cópias foram preservadas e as originais recompostas, não se pode cogitar de crime contra a fé pública, em face da doutrina e da jurisprudência lembradas na inicial e no parecer do MP Federal, sobretudo diante do precedente do Plenário do STF, no mesmo sentido (RTJ 135/911)” (STF – HC 078-8 – Rel. Sydney Sanches – j. 06.05.1997 – JSTF 234/340). Inexistência de prejuízo alheio, ausência de benefício próprio ou de outrem a) Crime não configurado • “Por ser o tipo penal previsto no art. 305 do CP de natureza instantânea e regido fundamentalmente pelo dolo genérico, basta à sua consumação que o agente oculte documento, retendo-o em lugar desconhecido do interessado, assim prejudicando direito, em conduta reprovável que realça, à maravilha, propósito de obter vantagem em proveito de qualquer natureza, afigurando-se irrelevante, para a conceituação da mesma, ausência de prova de efetivo prejuízo alheio” (TJRJ – Ap. 011/99 – Rel. Paulo Ventura – j. 03.08.1999 – DORJ 1.º.12.1999, RT 777/676). Supressão de documento e furto • “O apossamento de cheque em poder de outrem pelo devedor e sua conseqüente destruição, para eximir-se de pagamento de dívida, constituem delito de supressão de documento, excluindo a classificação penal de furto” (TAMG – AC 17.247-2 – Rel. Lucena Pereira – RTJE 82/197 e RF 315/270). 4 DE OUTRAS FALSIDADES 4.1 FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para 32 autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. Noronha ponderava que marcas ou sinais constiuem sinônimos, podendo ambos serem reduzidos ao seguinte denominador: representações ou signos cuja finalidade é atestar alguma característica do objeto. Podem ser utilizados: a) no contraste do metal precioso, é dizer, seu título ou a relação entre o metal precioso e a liga da qual é composto, indicando seu peso e quilate; e, b) na fiscalizaçãoo aduaneira, isto é, o signo empregado pela alfândega que atesta a liberação da mercadoria para entrada e saída no território nacional. 4.2 FALSA IDENTIDADE Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no AREsp 185.094-DF, Quinta Turma, DJe 22/3/2013; e HC 196.305-MS, Sexta Turma, DJe 15/3/2013. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013. NA DOUTRINA PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE HÁ LICITUDE DA CONDUTA, QUE SERIA ENGLOBADA PELO DIREITO À AMPLA DEFESA. MAS HÁ O DIREITO DE MENTIR? O art. 307 do CP fala em identidade, ou seja, tudo o que identifica a pessoa: estado civil (filiação, idade, matrimônio, nacionalidade etc.) e condição social (profissão ou qualidade individual). à Assim, pratica crime de falsa identidade quem exercita a profissão de advogado sem estar inscrito na OAB” (TRF – 1.ª Reg. – Rec. 95.01.17920-6 – Rel. Hilton Queiroz – JSTJ e RTRF 123/427). à Agentes que se apresentam como fiscais da Prefeitura, recebendo de comerciantes quantias em dinheiro – Vítimas que entregaram aos acusados, soi-disant fiscais, certas importâncias, sob a promessa deles de conceder prazo extra para regularização da documentação – 33 Comportamento descrito na denúncia constitui crime contra a fé pública, previsto no art. 307 do CP (TACRIM-SP – AC – Rel. Rocha Lima – JUTACRIM 74/348). Não caracterização à Meliantes que se hospedam em hotel com nomes trocados – Ardil utilizado para fugirem à perseguiçãoda polícia – “O que a lei pune, no art. 307 do CP, é a atribuição de falsa identidade para a obtenção de vantagem ou para causar dano a outrem. Assim, o dano e a vantagem devem ser decorrentes, subseqüentes da falsa identidade. Se, porém, essa última circunstância é um simples processo de ocultação de um ilícito anteriormente praticado, não há que falar no crime em questão” (TACRIM-SP – AC – Rel. Barbosa Pereira – RT 306/353). Dolo específico: à “O agente que, no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante, atribui a si falsa identidade, age com dolo específico evidente, caracterizador do delito do art. 307 do CP, uma vez que a nítida intenção de mentir acerca da sua verdadeira qualificação, para tentar obter vantagem pessoal, exatamente a de não ser preso pelas outras condenações que ostenta” (TACRIM-SP – Ap. 1.010.623/6 – Rel. Junqueira Sangirardi – j. 22.04.1996 – RJTACrim 32/158). à “Não comete o delito de falsa identidade o agente que a adota tão-somente para fugir a passado criminoso, por ausência de dolo específico” (TACRIM-SP – AC – Rel. Franciulli Neto – RT 512/393). Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Conflito de normas – Art. 307 34 Acusado que usa como próprio documento de identidade alheia, nele apondo a sua fotografia – Absorção da infração pela prevista no art. 308 do CP – “Sendo o crime de falsa identidade subsidiário, é absorvido pelo crime de uso de documento de identidade alheia, previsto no art. 308 do CP, por ser delito- meio, elemento constitutivo de outro” (TAGB – AC – Rel. Buarque de Amorim – RT 458/427). Conflito de normas – Art. 171 “O delito previsto no art. 308 do CP é expressamente subsidiário e deve ser absorvido por outro mais grave, quando constituir elemento deste” (TACRIM- SP – AC 296.851 – Rel. Nogueira Camargo). 4.3 FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 4.4 ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.426, DE 1996) 35 Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)) Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. Bem jurídico: fé pública Elemento do tipo: Adulterar ou remarcar + número de chassi ou qualquer sinal identificador + de veículo automotor, de seu componente ou equipamento Adulterar: modificar, deturpar, mudar, alterar Remarcar: tornar a marcar, por marca nova. Elemento subjetivo: dolo Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: Estado, a coletividade e a pessoa prejudicada. Consumação: com a efetiva adulteração Pena: mesma da falsidade Causa de aumento de pena: se pratica o crime no exercício de função pública ou em razão dela, aumento de 1/3 36 Figura equiparada: § 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial Ação Penal: pública incondicionada à Alteração de placas: Divergência “O veículo é identificado externamente por meio das placas dianteira e traseira, cujos caracteres o acompanharão até a baixa do registro. Tipifica, portanto, a conduta prevista no art. 311 do CP a adulteração ou remarcação desses sinais identificadores, bem como daqueles gravados no chassi ou no monobloco (arts. 114 e 115 do Código de Trânsito Brasileiro)” (STJ – 6.ª T. – HC 8.949 – Rel. Fernando Gonçalves – j. 28.09.1999 – RT 772/541). “A simples troca de placas de automóvel é fato punível tão-somente na seara administrativa, não gerando conseqüências de cunho penal, tendo em vista que para a caracterização do delito previsto no art. 311 do CP é necessária a adulteração de dados identificadores do automotor, relacionados à numeração de chassis, motor, câmbio etc.” (TJSP – 5.ª C. – AP c/ Rev. 475.040-3/3-00 – Rel. José Damião Pinheiro Machado Cogan – j. 26.01.2005 – RT 836/540 e JTJ 288/549). • “A colocação de fita adesiva de cor preta no último algarismo de placa de veículo visando a adulteração de sinal identificador do conduzido com o único intuito de burlar o rodízio de circulação de automóveis instituído pelo Poder Público não caracteriza o crime previsto no art. 311 do CP, autorizando, assim, o trancamento da ação penal por falta de justa causa, pois trata-se de fato atípico, uma vez que não afronta a fé pública, especialmente em relação à propriedade e ao licenciamento ou registro de veículos automotores” (TJSP – HC 27.990.3/6-00 – 4.ª C. – Rel. Hélio de Freitas – j. 24.11.1998 – RT 761/602). 37 5 DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO (INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) 5.1 FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO (INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
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