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roteiro de estudos crimes contra a fé pública

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Direito Penal 
ROTEIRO DE ESTUDO – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
Prof. Luciano Santoro 
LUCIANO.SANTORO@DOCENTE.UNIP.BR 
 
 
	
1 DA MOEDA FALSA 
 
1.1 MOEDA FALSA 
 Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda 
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: 
 Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
 § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou 
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, 
guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
 § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, 
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer 
a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa. 
 § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o 
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de 
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: 
 I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em 
lei; 
 II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
 § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular 
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. 
 
 
 
Bem jurídico: fé pública 
 
“O delito de moeda falsa consiste em infração penal cujo 
bem jurídico atingido é a fé pública, ou seja, a segurança 
da sociedade em relação à circulação monetária. O sujeito 
passivo desse crime é o Estado e a coletividade. A lesão 
ao bem protegido não pode ser mensurada pela 
quantidade de cédulas introduzidas em circulação pelo 
sujeito ativo, nem pelo número de lesionados pela 
conduta criminosa. Portanto, qualquer que seja o 
 
 
 
2 
montante da falsificação ou o número de pessoas 
atingidas, há ofensa ao bem jurídico, o qual não é 
quantificado. Assim sendo, não há falar em aplicação do 
princípio da insignificância em relação ao crime de 
circulação de moeda falsa” (TRF 4.ª R. – 6.ª T. – AP 
2001.04.01.037286-0 – Rel. Fábio Bittencourt da Rosa – 
DJU 21.05.2002, p. 670). 
 
 
 
 
 
Elemento do tipo: 
 
Falsificar 
+ 
 fabricando-a ou alterando-a 
+ 
 moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no 
estrangeiro 
 
Fabricar = contrafação pela produção de uma moeda nova, falsa, com 
aparência de verdadeira. 
 
Alterar = modificar, transformar o já existente para aumentar o seu 
valor. Adulteração física. 
 
Moeda metálica = cunhada em metal pelas autoridade monetárias 
 
Papel moeda = cédula ou nota emitido por órgão autorizado do governo. 
 
Quantidade de moeda? Irrelevante para o crime, apenas serve para 
fundamentar a pena (culpabilidade = reprovação social). 
 
Elemento subjetivo: dolo. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: Estado e a coletividade. Eventualmente, alguém que 
recebeu a moeda falsa. 
 
Consumação: Consuma-se com a falsificação da moeda. 
Circulação? Dispensável, porém a moeda deve reunir condições para 
tal. 
Tentativa admissível. 
 
 
 
 
3 
“Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo, 
formais, onde se tutela imediatamente a fé pública e 
apenas mediatamente o patrimônio particular. O que se 
exige é a potencialidade lesiva do objeto material do 
falso e não a ocorrência de lesão efetiva. A consumação 
do crime independe da introdução da moeda falsa em 
circulação, a mera ação de ‘adquirir’ ou ‘guardar’ a 
cédula, tendo ciência de sua inautenticidade, já configura 
o delito” (TRF 4.ª R. – Ap. 97.04.09631-3 – Rel. Fábio 
Bittencourt da Rosa – j. 09.03.99 – RT 765/732). 
 
Pena: reclusão de 3 a 12 anos. 
 
Figuras equiparadas: 
a) quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, 
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda 
falsa (§1º) 
b) quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda 
autorizada. (§ 4º) 
 
 
Causa de aumento de pena: não há. 
 
Privilégio: (detenção de 6 meses a 2 anos e multa) quem, tendo recebido 
de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois 
de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
(§2º) 
 
Qualificadora: (reclusão de 3 a 15 anos e multa) funcionário público ou 
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou 
autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso 
inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade 
superior à autorizada. (§3º) 
Crime próprio. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
Particularidades: 
a) Competência da Justiça Federal: interesse da União. 
 
b) Moeda brasileira: Hipótese de extraterritorialidade 
incondicionada (art. 7º, I, b e §1º, CP) 
 
c) Moeda estrangeira: extraterritorialidade condicionada (art. 7º, 
II) pois o Brasil se comprometeu em punir esse delito na 
Convenção de Genebra 
 
 
 
 
4 
d) Falsificação grosseira: não caracteriza este crime, mas pode 
configurar o estelionato. 
“A utilização de papel-moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da 
competência da Justiça Estadual” (STJ – CC 5.273 – Rel. 
Vicente Cernicchiaro – DJU 06.12.93, p. 26.634). 
• “A imitação grosseira, perceptível icto oculi, 
não configura o delito de falsificação de moeda. Hipótese 
que caracteriza, em tese, a tentativa de estelionato. 
Conflito negativo de jurisdição conhecido, para declarar 
competente – Justiça comum” (STF – CJ – Rel. Thompson 
Flores – RT 554/463 e RTJ 98/991). 
• Falsificação grosseira de cédula de quinhentos 
cruzeiros. Contratação evidente à primeira vista – “Na 
espécie, dada a inidoneidade da imitação, para enganar o 
público, o crime a identificar-se será o de tentativa de 
estelionato, e não o de moeda falsa” (STF – CJ – Rel. Soares 
Muñoz – RTJ 85/430). 
 
e) Fabricar e colocar em circulação: crime único se for a mesma 
pessoa. 
“A introdução de moeda falsa na circulação só constitui 
crime autônomo, quando realizada por quem não foi o 
autor da falsificação. Se é o próprio falsificador quem 
faz uso da moeda falsa, o crime é um só, devendo o seu 
autor responder somente pela falsificação” (TJSP – AC – 
Rel. Bernardes Jr. – RT 176/474). 
 
f) Inaplicabilidade do princípio da insignificância 
 
Crime de moeda falsa. Princípio da insignificância. 
Inaplicabilidade. Denúncia. Recebimento – “O delito em tese 
praticado não pode ser considerado como de pequena monta 
tendo em vista cuidar-se de infração que não é de trato 
patrimonial mas ofensiva aos interesses da fé pública, que 
não podem ser mensurados por critérios de prejuízos 
econômicos” (TRF 3.ª R. – 2.ª T. – RSE 2000.61.81.005959-0 – 
Rel. Peixoto Jr. – j. 12.03.2002 – DJU 22.07.2002, p. 321). 
• Penal. Crime de moeda falsa. CP, art. 289, § 
1.º. Concessão de habeas corpus de ofício. Trancamento de 
inquérito policial. Princípio da insignificância. Recurso 
provido – “Tratando-se de crime de moeda falsa, não se 
aplica o princípio da insignificância, uma vez que o bem 
 
 
 
5 
jurídico tutelado pela norma não é o patrimônio, mas a fé 
pública. O trancamento de inquérito policial por meio de 
habeas corpus só é cabível em situações excepcionais, como, 
por exemplo, quando se verificar, prima facie, a atipicidade 
da conduta ou a extinção da punibilidade. Recurso 
ministerial e remessa oficial providos” (TRF 3.ª R. – 1.ª T. – 
RSE 2000.03.99.058458-4 – Rel. Nelton dos Santos – j. 
13.04.2004 – RT 830/684). 
 
 
1.2 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA 
 
 Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda 
com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, 
em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à 
circulação, sinal indicativo de sua inutilização;restituir à circulação 
cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim 
de inutilização: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e 
multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na 
repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil 
ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Bem jurídico: Fé pública, em especial no tráfico jurídico da moeda 
(regular circulação no meio econômico). 
Tipo objetivo: 
3 condutas: 
Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda 
+ 
com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; 
 
à Cria-se nova cédula, nota ou bilhete através da junção de fragmentos. 
à Lembrar que alterar o verdadeiro não é o 290, mas sim o crime de moeda falsa do 
art. 289. 
“Tratando-se de alteração de moeda, através da 
junção de fragmentos de cédulas, a figura 
delituosa é a do art. 290 do CP e não a do art. 289 
do mesmo diploma” (TFR – AC – Rel. Raimundo 
 
 
 
6 
Macedo – RF 186/308). 
 
• “É no art. 290 e não no art. 289 que se classifica 
o crime de introduzir na circulação papel-moeda 
alterado com fragmentos de cédulas verdadeiras” 
(TFR – AC – Rel. Macedo Ludolf – RF 165/308). 
 
• “Enquadra-se no art. 290, e não no art. 289 do 
CP, a falsificação de papel-moeda mediante 
aposição de algarismos destacados de outras 
cédulas” (TFR – AC – Rel. Aguiar Dias – RT 
231/675). 
 
• Alteração de cédulas mediante colagem de 
fragmentos-de outras notas – Configuração do 
delito previsto no art. 290 e não do definido pelo 
art. 289 do CP – “A modificação do valor de cédula 
verdadeira mediante aposição de fragmentos de 
outra não constitui o crime de falsificação 
propriamente dito, mas o assemelhado de 
adulteração. A adição de partes de cédulas, 
dizeres ou algarismos, de cédulas verdadeiras, as 
cédulas também verdadeiras, para aumentar-lhes 
o valor, não constitui o delito de moeda-falsa, 
mas crime a esse assemelhado” (TFR – AC – Rel. 
Elmano Cruz – RT 208/538). 
 
suprimir, 
+ 
em nota, cédula ou bilhete recolhidos, 
+ 
para o fim de restituí-los à circulação, 
+ 
sinal indicativo de sua inutilização; 
 
à faz desaparecer o sinal indicativo de sua inutilização, para o fim de restituí-lo à 
circulação. 
à E se a supressão do sinal indicativo for apenas para colecionar? 
restituir 
+ 
à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, 
ou já recolhidos para o fim de inutilização 
 
 
 
 
7 
à E se o mesmo agente tiver criado ou suprimido e, após, restituído a cédula? Cuida-
se de hipótese de pos factum impunível. 
Tipo subjetivo: Dolo generico para a 1a. e 3a. figuras. Dolo específico para a 2a. 
figura, consistente no elemento específico “para o fim de restituí-los à circulação”. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Estado. 
Consumação: na 1a. e na 2a. com a formação da Cédula. Na 3a. modalidade 
quando volta à circulação. 
Qualificadoras (Máximo de 12 anos) se o crime é cometido por funcionário que 
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, 
em razão do cargo 
Causa de aumento de pena: Não tem. 
Pena: 2 a 8 anos. 
Ação Penal: pública incondicionada. Competência da Justiça Federal. 
 
1.3 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA 
 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, 
possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer 
objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
Bem jurídico: fé pública. 
Tipo objetivo: 
Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar 
+ 
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente 
+ 
destinado à falsificação de moeda 
 
 
 
 
8 
• “Comprovado, através dos exames procedidos pelo 
Instituto Nacional de Criminalística e pela Casa da Moeda 
do Brasil, que os objetos apreendidos em mãos do réu 
prestavam-se para fabricar moeda falsa, impõe-se a sua 
condenação” (TFR – AC – Rel. José Cândido – DJU 
19.5.83, p. 6.886). 
 
• Moeda falsa – Posse do material adequado à falsificação 
– “O crime de moeda falsa se integra pela simples posse 
de material destinado à falsificação” (TFR – Rel. Macedo 
Ludolf – RF 1 18/542). 
 
• “A expressão “especialmente destinado” do art. 291 há 
de ser entendida no sentido estrito de destinação 
objetiva, peculiar a falsificação, não se concebendo ao 
objeto outra aplicação” (TJSP – AC – Rel. Joaquim de 
Sylos Cintra – RT 167/147). 
 
Tipo subjetivo: Dolo generico. 
 “É indispensável à perfeição do delito 
previsto no art. 291 do CP a inequivocidade do destino 
do maquinismo, aparelho ou instrumento destinado à 
falsificação. Visando o petrecho não especificamente a 
contrafação da moeda, mas sim a prática de fraudes, 
como, por exemplo, o ‘conto da guitarra’, somente se 
poderá cogitar de eventual estelionato” (TACRIM-SP – HC 
– Rel. Ricardo Couto – JUTACRIM 19/249). 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Estado. 
Consumação: Delito formal, porquanto não requer resultado naturalístico de 
nenhuma das condutas. 
Petrechos para falsificação de moeda – “Comprovado que 
o agente possui uma gráfica destinada à falsificação de 
dólares norte-americanos, inclusive com alguns 
exemplares já falsificados, justifica-se a sua condenação 
nas penas do art. 291 do CP” (TRF 2.ª R. – 1.ª T. – Ap. 
0222841-1/94 – Rel. Clélio Erthal – DJU 18.04.95). 
 
 
 
 
9 
• Fornecimento de petrecho especialmente destinado à 
falsificação de moeda – Art. 291 CP – “Crime que 
comporta, em tese, a tentativa, mas que chegou, no 
caso concreto, a consumar-se, diversamente do que veio 
a suceder com os co-réus, condenados pela falsificação 
(art. 289) e beneficiados com a diminuição da pena, de 
acordo com o art. 14, parágrafo único, do estatuto 
repressivo” (STF – RE 114.101 – Rel. Octávio Gallotti – 
RTJ 123/1.220). 
 
Qualificadoras: Não há. 
Causa de aumento de pena: Não há. 
Pena: reclusão, 2 a 6 anos e multa. 
Ação Penal: Ação penal pública incondicionada. 
 
1.4 EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL 
 
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou 
título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador 
ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro 
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena 
de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. 
 
Bem jurídico: fé pública. Estefam entende que é a “integridade ou intangibilidade 
do sistema monetário nacional”. 
Tipo objetivo: 
Emitir, 
+ 
sem permissão legal, 
+ 
nota, bilhete, ficha, vale ou título 
+ 
que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte 
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago 
 
 
 
 
10 
Colocar em circulação vale, nota, bilhete, ficha ou título que contenha promessa de 
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome a que deveria 
ser pago. 
Elemento normativo: “sem permissão legal”. 
Tipo subjetivo: Dolo generico. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Estado. 
Consumação: Emissão com o efetivo lançamento em circulação do objeto material. 
Privilégio: detenção, de 15 dias a 3 meses ou multa 
Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo 
incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa 
Pena: detenção de 1 a 6 meses,ou multa. 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
2 DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICO 
 
No Capítulo II foram inseridos crimes de falsificação de títulos e outros 
papéis públicos que de representam por si mesmo conteúdo econômico. 
Nelson Hungira justificou sua inserção em um capítulo próprio, após o 
crime de moeda falsa, mas antes das demais falsificações, por entender 
que seriam tipos intermediários entre o falsum numerário e o falsum 
documental. 
 
2 são os crimes previstos neste artigo: 
a) falsificação papéis públicos; 
b) petrechos de falsificação. 
 
 
2.1 FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS 
 
 
 
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
 
 
 
11 
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou 
qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de 
tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso 
legal; 
III - vale postal; 
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa 
econômica ou de outro estabelecimento mantido por 
entidade de direito público; 
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento 
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou 
caução por que o poder público seja responsável; 
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte 
administrada pela União, por Estado ou por Município: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis 
falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, 
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado 
destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, 
de 2004) 
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, 
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, 
fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito 
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle 
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária 
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela 
Lei nº 11.035, de 2004) 
 
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, 
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou 
sinal indicativo de sua inutilização: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, 
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. 
 
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de 
boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que 
se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a 
falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis 
meses a dois anos, ou multa. 
 
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso 
III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou 
clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros 
logradouros públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
 
 
 
 
12 
 
 
Bem jurídico: fé pública, no sentido de crença e credibilidade (autenticidade e 
veracidade) dos papéis públios. 
Tipo objetivo: 
Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão 
legal destinado à arrecadação de tributo; 
OU 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; 
OU 
III - vale postal; 
OU 
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro 
estabelecimento mantido por entidade de direito público; 
OU 
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação 
de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja 
responsável; 
OU 
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela 
União, por Estado ou por Município 
ROL PREVISTO NO ARTIGO 293 É TAXATIVO! 
A falsificação pode ocorrer de duas formas: fabricando (criando, papéis 
inexistentes) ou alterando papéis verdadeiros (modifica o seu 
conteúdo). 
Falsificação deve ser apta a enganar, senão configura crime impossível. 
Objetos materiais (papéis passíveis de falsificação) 
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel 
de emissão legal destinado à arrecadação de tributo: por ex., selos de 
cigarro, bebida, etc (comprovam a arrecadação do imposto). 
 
 
 
13 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: tais 
como apólices, debêntures ou letras do tesouro; 
III - vale postal: REVOGADO TACITAMENTE PELA LEI N° 6.538/76 
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou 
de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público: 
apenas a cautelar de penhor encontra efetivamente relevância, já que 
se trata de título referente a contrato de penhor privativos da Caixa; 
as cadernetas em regra identificavam as contas poupanças; 
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a 
arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o 
poder público seja responsável; 
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte 
administrada pela União, por Estado ou por Município. 
Bilhete de loteria: NÃO É ESSE ARTIGO, MAS SIM ART. 54 DO DECRETO 
N° 6.259/44 
 
Tipo subjetivo: Dolo generico. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Estado e eventualmente alguém prejudicado. 
Consumação: Consuma-se com a sua efetivação falsificação (criação ou alteração), 
independentemente de eventual circulação. Admite-se a tentativa por ser crime 
plurissubsistente. 
Figura equiparada: § 1° - USO DE PAPÉIS PÚBLICOS 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I – USA, GUARDA, POSSUI OU DETÉM qualquer dos papéis falsificados 
a que se refere este artigo; 
II – IMPORTA, EXPORTA, ADQUIRE, VENDE, TROCA, CEDE, EMPRESTA, 
GUARDA, FORNECE ou RESTITUI À CIRCULAÇÃO selo falsificado 
destinado a controle tributário; 
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em 
depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
 
 
 
14 
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle 
tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina 
a obrigatoriedade de sua aplicação. 
 
Atividade comercial: EQUIPARAÇÃO - § 5° - Equipara-se a atividade 
comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular 
ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos 
e em residências. 
 
Privilégios: 3 hipóteses: 
a) Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o 
fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal 
indicativo de sua inutilização (reclusão, de um a quatro anos, e 
multa) - § 2°; 
b) Usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o 
parágrafo anterior (reclusão, de um a quatro anos, e multa) - § 
3°; 
c) Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, 
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem 
este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou 
alteração (detenção, de seis meses a dois anos, ou multa) - § 4°. 
 
Pena: caput e § 1°: 2 a 8 anos e multa; §§ 2° e 3°: 1 a 4 anos e multa; 
§ 4°: 6 meses a 2 anos ou multa. 
Causa de aumento de pena: 1/6 se forfuncionário público e 
prevalecer-se do cargo. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete 
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
2.2 PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO 
 
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar 
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer 
dos papéis referidos no artigo anterior: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
 
Bem jurídico: fé pública, no sentido de crença e credibilidade (autenticidade e 
veracidade) dos papéis públios. 
Tipo objetivo: 
Fabricar OU Adquirir OU Fornecer OU Possuir OU Guardar 
+ 
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no 
artigo anterior 
 
Tipo subjetivo: Dolo generico. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Estado. 
Consumação: Consuma-se com a posse, fabricação, aquisição, fornecimento ou 
guarda do objeto voltado à falsificação do papel público. Delito formal, sendo 
admitida a tentativa. 
Pena: reclusão de 1 a 3 anos. 
Causa de aumento de pena: 1/6 se for funcionário público e 
prevalecer-se do cargo. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete 
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
 
 
 
3 DA FALSIDADE DOCUMENTAL 
 
 
 
16 
 
Capítulo mais importante do Título X por conter as infrações que por 
excelência constituem falsidade documental. 
 
Segundo Nelson Hungria documento “é todo escrito especialmente 
destinado a servir ou eventualmente utilizável como meio de prova de 
fato juridicamente relevante” (documento é papel escrito com 
eficiência probante na órbita jurídica).. Sendo assim, “nem todos papel 
escrito é documento, mas o documento há de ser sempre um papel 
escrito”. 
 
4 são os elementos necessários à existência do falso (Sylvio do Amaral): 
a) alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante 
(immutatio veritatis); 
b) imitação da verdade (immitatio veritatis); 
c) potencialidade do dano; 
d) dolo. 
 
Nas palavras de Andre Estefam: “O falsário sempre procura alterar a 
verdade (immutatio veritatis) sobre fato juridicamente relevante, 
imitando no falso o que é verdadeiro (immitatio veritatis), ou seja, 
dando ao que não é a aparência de ser, a fim de iludir terceiros, 
podendo-lhes causar dano (embora não seja necessário que tal 
resultado efetivamente ocorra). 
 
 
Espécies: Documento Público X Documento Privado 
 
Distinção quanto à: 
 
a) procedência: público é sempre expedido pelo Estado, por meio 
de algum funcionário público no exercício da função legal ou 
regulamentar 
 
b) exigibilidade: qualquer pessoa pode exigir do Estado que emita 
um documento público, sempre que preenchidos os requisitos 
legais. O particular não pode ser coagido, sob pena de crimes de 
constrangimento ilegal ou exercício arbitrário das próprias 
razões. 
 
c) relevância jurídica: documentos públicos são sempre dotados 
de importância jurídica, posto que podem criar, extinguir ou 
modificar direitos. O particular nem sempre tem essa relevância. 
 
 
d) responsabilidade civil: os documentos públicos são emitidos em 
nome do próprio Estado, daí resultando que estará civilmente 
 
 
 
17 
obrigado a fazer frente às responsabilidades dele oriundas. 
 
O capítulo III distingue-se em: 
 
a) Falsidade material: arts. 296, 297, 298, 301, § 1°, 303 e 305, CP. 
 
A falsidade material recai sobre a própria integridade física do 
documento, seja na fabricação de um similar ao verdadeiro 
(contrafação) ou na modificação de um documento verdadeiro 
(alteração). A contrafação pode ser total ou parcial (neste caso, de 
um documento composto de duas ou mais partes perfeitamente 
individualizáveis). 
 
 
b) Falsidade ideológica: arts. 299, 300, 301 e 302. 
 
A falsidade ideológica ocorre quando alguém altera a verdade sobre 
um documento fisicamente verdadeiro. O exterior é verdadeiro, mas 
o interior (seu conteúdo) é falso, o que os autores costumam chamar 
de “mentira reduzida a termo”. 
 
Nos termos do artigo 299, para que ocorra a falsidade ideológica há 
necessidade de que seja prejudicado direito, criada obrigação ou 
alterada a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pode ser 
realizada através da omissão (de declaração que dele devia constar) 
ou inserção de declaração falsa ou divers ada que devia ser escrita. 
 
 
c) Uso de documento falso: art. 304, que pode ser tanto material 
quanto ao ideológico. 
 
 
3.1 FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO 
 
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, 
de Estado ou de Município; 
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito 
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: 
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; 
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. 
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, 
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou 
identificadores de órgãos ou entidades da Administração 
 
 
 
18 
Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta 
parte. 
Bem jurídico: fé pública (confiabilidade dos documentos públicos) 
 
Elemento do tipo: 
 
Falsificar, fabricando-os ou alterando-os 
 
+ 
 
selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado 
ou de Município; 
OU 
selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a 
autoridade, ou sinal público de tabelião 
 
 
Falsificar = contração total ou parcial 
 
Alterar = modificar 
 
Selo público destinado a autenticar atos oficiais ou selo ou sinal 
atribuído a entidade de direito público ou a autoridade ou sinal 
público de tabelião. 
 
Atenção: se o selo ou sinal já estiver estampado no documento, 
haverá o crime do artigo 298 do CP. No artigo 296 a lei se preocupa 
com o objeto impressor e não a figura impressa. 
 
Elemento subjetivo: dolo genérico 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: Estado. 
 
Consumação: Com a contrafação ou adulteração. Crime de perigo. 
Admite a tentativa. 
 
Pena: reclusão de 2 a 6 anos e multa 
 
 
Causa de aumento de pena: §2º. Aumento de 1/6 se for funcionário 
público. 
 
 
 
 
19 
Qualificadora: não há. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
3.2 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO 
 Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, 
ou alterar documento público verdadeiro: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 
 § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento 
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou 
transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros 
mercantis e o testamento particular. 
 § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 I – na folha de pagamento ou em documento de informações 
que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, 
pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado 
ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência 
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 III – em documento contábil ou em qualquer outro documento 
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência 
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos 
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a 
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de 
serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Bem jurídico: fé pública (confiabilidade dos documentos públicos) 
 
Elemento do tipo: 
 
Falsificar 
+ 
 
 
 
20 
 no todo ou em parte 
+ 
 documento público 
 OU 
alterar documento público verdadeiro 
 
Falsificar = contrafação total ou parcial 
 
Alterar = modificar 
 
Documento público = 
a) aquele emitido ou elaborado por funcionário público, 
prevalecendo-se desta qualidade, observando as formalidades 
legais 
b) emanado de entidade paraestatal, 
c) o título ao portador ou transmissível por endosso 
d) as ações de sociedade comercial 
e) os livros mercantis 
f) testamento particular. 
g) Documento público estrangeiro, desde que observadas as 
formalidades de sua eficácia no país 
h) Fotocópias autenticadas de documento público 
i) Certidões 
 
Autenticação de documento particular? Não é documento público, tal 
qual o reconhecimento de firma. 
 
Elemento subjetivo: dolo genérico 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: Estado e quem vier a ser prejudicado. 
 
Consumação: Com a contrafação ou adulteração. Crime de perigo. 
Admite a tentativa. 
 
“Para a caracterização do crime de falsificação de 
documento público, de natureza formal, não é 
necessário a ocorrência de efetivo prejuízo, 
conforme inteligência do art. 297 do CP” (TJPR – 
1.ª C. – Ap. 64.007-3 – Rel. Clotário Portugal Neto 
– j. 26.03.1998 – RT 759/687). 
 
Pena: reclusão de 2 a 6 anos e multa 
 
 
 
 
21 
Figuras equiparadas: §§ 3º e 4º. Falsidade ideológica de documentos 
destinados à comprovação de fatos ou relações jurídicas perante a 
previdência social. 
 
Causa de aumento de pena: §1º. Aumento de 1/6 se for funcionário 
público. Discussão sobre a aplicação aos §§3º e 4º, em face da colocação 
tópica. 
 
Qualificadora: não há. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
Particularidades: 
 
a) o falso deve ser idôneo a produzir o resultado; 
 
Falsificação inoperante 
• “Se a deturpação é de natureza tal que pode 
ser facilmente percebida, o procedimento do falsário não 
atinge as culminâncias do ilícito penal. O falso punível é só 
aquele que ilude os sentidos, ou a inteligência, ou que tem 
qualidades de semelhança com o original, capazes de 
produzir tal resultado, tomado por padrão o senso crítico do 
homem mediano. O falsário a quem falta habilidade para 
enganar o observador desprevenido é um malfeitor 
malogrado, dotado de malvagia intenizone, mas indiferente 
para o direito penal, que o não considera um violador da fé 
pública; ou, em verdade, não é um falsário evidenciando do 
desmazelo da falsificação a ausência do animus criminoso 
essencial aos crimes de falsidade” (TJSP – Rev. – Rel. Acácio 
Rebouças – RT 329/204 e RF 206/312). 
• “A existência de uma falsidade inoperante, 
desde logo percebida pelo funcionário do estabelecimento 
bancário em que apresentado o cheque para pagamento, 
elide a configuração do delito do art. 297 do Código Penal” 
(TJSP – AC – Rel. Mendes França – RT 476/347). 
 
b) se for para fins eleitorais, art. 348, da Lei nº 4.737/65 
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou 
alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais: 
 Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-
multa. 
 
 
 
22 
 § 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. 
 § 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o 
emanado de entidade paraestatal inclusive Fundação do Estado. 
 
 
c) Falsificação e estelionato: 
 
4 posições: 
 
a) STJ: estelionato absorve a falsidade, quando esta foi o meio 
fraudulento empregado para a prática do crime-fim. Súmula 17 
STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 
potencialidade lesiva, é por este absorvido.”; 
b) Concurso formal, por atingirem objetividades distintas (fé 
pública e patrimônio). Há decisões do STF nesse sentido. 
c) Concurso material: Damásio, pois há pluralidade de condutas. 
d) Crime de falso prevalece sobre o estelionato. 
 
3.3 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR 
Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei nº 
12.737, de 2012) 
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou 
alterar documento particular verdadeiro: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a 
documento particular o cartão de crédito ou débito 
Bem jurídico: fé pública 
 
Elemento do tipo: 
 
Falsificar 
+ 
 no todo ou em parte 
+ 
 documento particular 
OU 
alterar documento particular verdadeiro: 
 
Documento particular será todo aquele que não for público. Critério 
negativo. 
 
 
 
23 
 
Folha assinada em branco? Não é documento particular enquanto não 
for preenchida. 
 
Potencialidade lesiva: 
 
Crime contra a fé pública. Falsidade de documento 
particular. Potencialidade lesiva. Desnecessidade de 
prejuízo efetivo. Crime que se aperfeiçoa no momento da 
inserção de informação falsa em documento particular. 
Condenação mantida – “Nos crimes de falso não importa a 
intenção de prejudicar ou o prejuízo efetivo, eis que o 
bem jurídico lesado é a fé pública” (TJSC – 2.ª C. – AP 
99.006963-0 – Rel. Nilton Macedo Machado – j. 01.06.99 – 
JC 85/721). 
 
“Se a falsificação é por demais grosseira, não tendo o 
autor a menor preocupação de imitar a letra da vítima na 
declaração a ela atribuída, não objetivando causar-lhe 
prejuízo de um dano real, não se configura o delito do 
art. 298 do CP” (TJSP – Rev. – Rel. Mendes França – RT 
407/124). 
 
Elemento subjetivo: dolo genérico 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: Estado e a coletividade. Eventualmente quem vier a 
ser ofendido. 
 
Consumação: com a falsificação ou alteração 
 
Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa. 
 
Causa de aumento de pena: não há. 
 
Qualificadora: não há. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
Particularidades: 
 
a) competência em regra da Justiça Estadual, no entanto se for 
utilizado para fins de lesar a União, deverá ser julgado pela 
Justiça Federal; 
 
 
 
 
24 
b) A Lei n° 12.737/2012 inclui o parágro único para equiparar a 
falsificação de cartão de crédito ou de débito a falsidade de 
documento particular; 
 
c) Se for para fins eleitorais, pratica o crime específico do artigo 
349, da Lei nº 4.737/65 
 Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar 
documento particular verdadeiro, para fins eleitorais: 
 Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa. 
d) se for para suprimir ou reduzir tributo, art. 1º da Lei nº 8.137/90 
 
e) concurso com o art. 297: 
 
• “Se o réu falsifica cartão de crédito e 
carteira de identidade, para enganar casas 
comerciais, adquirindo mercadorias, comete apenas 
dois crimes, a saber: falsificação de documento 
particular e falsificação de documento público, em 
concurso material” (TJRJ – AC – Rel. Valporê de 
Castro Caiado – RT 478/377). 
 
f) Crime único se for para o mesmo fim. 
 
 “Há uma só ação delituosa e não tantas ações 
quantas sejamas assinaturas falsificadas quando 
elas objetivam um mesmo fim e sejam lançadas 
dentro de um só contexto” (TJSP – Rev. – Rel. Cunha 
Bueno – RT 528/346). 
 
 
3.4 FALSIDADE IDEOLÓGICA 
 Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, 
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir 
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de 
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato 
juridicamente relevante: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento 
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é 
particular. 
 
 
 
25 
 Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete 
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração 
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta 
parte. 
Bem jurídico: fé pública 
 
Elemento do tipo: 
 
Omitir 
+ 
 em documento público ou particular 
+ 
 declaração que dele devia constar 
 OU 
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita 
+ 
 com o fim 
+ 
de prejudicar direito 
OU 
 criar obrigação 
OU 
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante 
 
Necessidade do fato ser juridicamente relevante: 
 
Acusado que, ao outorgar procuração judicial, 
em nome de pessoa jurídica de que faria parte, inclui 
o nome de ex-sócio – Fato jurídico, entretanto, 
irrelevante – “Para que ocorra o delito de falsidade 
ideológica é necessário que a alteração seja relativa 
a fato juridicamente relevante, entendendo-se como 
tal a declaração que, isolada ou em conjunto com 
outros fatos, tenha significado direto ou indireto, 
para constituir, fundamentar ou modificar direito, 
em relação jurídica ou privada” (TJSP – AC – Rel. 
Camargo Aranha – RT 546/344 e RJTJSP 60/361). 
• Edital que omite a ocorrência de uma 
segunda convocação dos sócios para a realização da 
assembléia – Efetivação desta em primeira 
convocação – Falta de justa causa para o 
processamento do paciente – “Para a tipificação do 
delito de falsidade ideológica, faz-se mister que o 
fato juridicamente relevante seja idôneo a produzir 
resultado” (TJSP – HC – Rel. Denser de Sá – RT 
490/307). 
 
Condutas: 
 
 
 
26 
 
Dá-se a falsidade ideológica (ou intelectual) 
quando há uma atestação não verdadeira, ou uma 
omissão, em ato formalmente verdadeiro, de fatos 
ou de declarações de vontade, cuja verdade o 
documento deveria provar. Verifica-se, portanto, 
no ato autêntico quando a alteração da verdade diz 
respeito à sua substância ou às suas circunstâncias. 
“Concerne a falsidade ideológica ao conteúdo, e 
não à forma. Quando esta própria é alterada, 
forjada ou criada, a falsidade a identificar-se será 
a material” (TJSP – AC – Rel. Camargo Sampaio – RT 
513/367). 
 
 
Distinção para a falsificação de documento: Celso Delmanto estabelece a 
seguinte diferença entre falsidade material e ideológica: ‘Na falsidade 
material, o que se frauda é a própria forma do documento, que é 
alterada, no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente, que cria um 
documento novo. Na falsidade ideológica, ao contrário, a forma do 
documento é verdadeira, mas seu conteúdo é falso, isto é, a idéia ou 
declaração que o documento contém não corresponde à verdade. 
 
 
Elemento subjetivo: dolo com especial finalidade de agir, consistente 
na intenção de prejudicar direito, criar obrigações ou alterar a verdade 
sobre fato juridicamente relevante. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. No documento público, se for omitir ou 
inserir, apenas o funcionário público. 
 
Sujeito passivo: Estado, coletividade e o prejudicado, se houver. 
 
Consumação: com a prática das condutas. Na omissão, quando não há 
a inclusão; na inserção quando se conclui o documento (porque ele pode 
eliminar o falso até este momento); já quem faz inserir consuma 
quando há o lançamento. Somente há tentativa no fazer inserir. 
 
Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa se o documento for público; 
reclusão de 1 a 3 anos se for particular. 
 
Causa de aumento de pena: 1/6: 
a) - funcionário público prevalecendo-se do cargo; 
b) falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil. 
Se for registro de filho alheio como próprio? Art. 249. E se for nascimento 
inexistente? Art. 241. 
 
Qualificadora: não há 
 
 
 
27 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
Particularidades: 
 
a) para fins eleitorais, art. 350 da Lei nº 4.737/65 
 
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração 
que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração 
falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: 
 Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, 
se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 
a 10 dias-multa se o documento é particular. 
 Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é 
funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se 
a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a 
pena é agravada. 
 
 
3.5 FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA 
 
 Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de 
função pública, firma ou letra que o não seja: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o 
documento é público; e de um a três anos, e multa, se o 
documento é particular. 
 
 
 
3.6 CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO 
 
 Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de 
função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a 
obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter 
público, ou qualquer outra vantagem: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
 
 Falsidade material de atestado ou certidão 
 § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, 
ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para 
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter 
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, 
ou qualquer outra vantagem: 
 
 
 
28 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
 § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-
se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. 
 
 
 
 
3.7 FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO 
 
 Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, 
atestado falso: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano. 
 Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de 
lucro, aplica-se também multa. 
 
 
 
3.8 REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA 
FILATÉLICA 
 
 Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica 
que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a 
alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do 
selo ou peça: 
 Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para 
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica 
 
 
REVOGADO PELO ART. 39 DA LEI N° 6.538/78 
 
 
 
3.9 USO DE DOCUMENTO FALSO 
 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis 
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 
297 a 302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
 
Bem jurídico: fé pública 
 
Elemento do tipo: fazer uso (como se o documento fosse autêntico) + 
documentos falsificados 
 
 
 
 
29 
Fazer uso 
+ 
de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os 
arts. 297 a 302 
 
E se o documento for verdadeiro, mas usado por outra pessoa? Não 
configura, pois aqui o documento deve ser falso. 
 
E se a falsificação for grosseira? Não há o tipo em questão. 
 
Simples porte? Não configura. 
E se o documento não foi entregue por iniciativado agente, mas porque 
solicitado? Não importa, segundo o STF. 
No caso da CNH, segundo Capez, o porte já configuraria, pois o CTB 
exige a sua exibição quando for solicitado. 
E na revista pessoal? Não, se o policial quem achou o documento. 
 
Elemento subjetivo: dolo 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
E o autor da falsificação? Não 
 
Sujeito passivo: Estado, a coletividade e a pessoa prejudicada. 
 
Consumação: com o primeiro ato de utilização do documento 
 
Pena: mesma da falsidade correspondente (arts. 297 a 302). 
 
Causa de aumento de pena: 
 
Qualificadora: 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
Particularidade: 
 
à Se o falsificador faz uso do documento? Falsificador que usa o 
documento é punido apenas pelo delito de falsificação e não pelo 
concurso de crimes. 
 
PENAL - FALSIDADE IDEOLÓGICA - CRIME CONTINUADO - 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - USO PELO FALSÁRIO - 
DELITO ÚNICO - Configura crime continuado duas ações 
consistentes no preenchimento de laudas assinadas por outrem 
e utilizadas para os expedientes ideologicamente falsos, 
dirigidas a um mesmo resultado. A doutrina e a jurisprudência 
são unânimes no entendimento de que o uso do documento 
 
 
 
30 
falso pelo próprio autor da falsificação configura um único 
delito, seja, o do art. 297, do Código Penal, pois, na 
hipótese, o uso do falso documento é mero exaurimento do 
crime de falsum. Habeas-corpus concedido. (STJ - HC 10.447 - 
MG - 6ª T. - Rel. Min. Vicente Leal - DJU 01.07.2002) (Ref. 
Legislativa:CP, art. 297) 
 
 
 
3.10 SUPRESSÃO DE DOCUMENTO 
 
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício 
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento 
público ou particular verdadeiro, de que não podia 
dispor: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o 
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e 
multa, se o documento é particular. 
 
TUTELA-SE A FORÇA PROBANTE DO DOCUMENTO 
 
DIFERENCIA-SE DO FURTO, POIS LÁ HÁ O ANIMUS FURANDI OU 
ANINUMS NOCENDI (não se procura macular o valor probante do 
documento, mas simplesmente subtrai-lo). 
 
Cheque 
• “Os cheques destruídos equiparam-se a documentos públicos, nos 
termos do art. 297, § 2.º, do CP e a sua destruição tipifica o crime do 
art. 305” (TJSP – AC 113.806-3/9 – Rel. Ivan Marques – RT 680/338) 
 
Nota promissória 
• “A destruição de nota promissória da qual era avalista caracteriza o 
delito capitulado no art. 305 do CP, porquanto presentes os requisitos 
tipificadores daquela figura delituosa, vez que a intenção foi a de 
eximir-se do pagamento” (TJPR – AC – Rel. Ossian França – RT 
570/356). 
 
Cópia: Crime não caracterizado 
“No que concerne, porém, a imputação de prática de crime de supressão 
de documento, como definido no art. 305 do CP, é de se reconhecer a 
falta de justa causa para ação penal, no caso, pois as peças rasgadas 
pela paciente – o termo de audiência e dois mandados de intimação – 
haviam sido reproduzidos por cópias, constantes dos autos. E mesmo os 
originais por ela inutilizados, foram recompostos, a partir dos 
 
 
 
31 
fragmentos. 
Se as cópias foram preservadas e as originais recompostas, não se pode 
cogitar de crime contra a fé pública, em face da doutrina e da 
jurisprudência lembradas na inicial e no parecer do MP Federal, 
sobretudo diante do precedente do Plenário do STF, no mesmo sentido 
(RTJ 135/911)” (STF – HC 078-8 – Rel. Sydney Sanches – j. 
06.05.1997 – JSTF 234/340). 
 
Inexistência de prejuízo alheio, ausência de benefício próprio ou de 
outrem 
a) Crime não configurado 
• “Por ser o tipo penal previsto no art. 305 do CP de natureza instantânea 
e regido fundamentalmente pelo dolo genérico, basta à sua consumação 
que o agente oculte documento, retendo-o em lugar desconhecido do 
interessado, assim prejudicando direito, em conduta reprovável que 
realça, à maravilha, propósito de obter vantagem em proveito de qualquer 
natureza, afigurando-se irrelevante, para a conceituação da mesma, 
ausência de prova de efetivo prejuízo alheio” (TJRJ – Ap. 011/99 – Rel. 
Paulo Ventura – j. 03.08.1999 – DORJ 1.º.12.1999, RT 777/676). 
 
Supressão de documento e furto 
• “O apossamento de cheque em poder de outrem pelo devedor e sua 
conseqüente destruição, para eximir-se de pagamento de dívida, constituem 
delito de supressão de documento, excluindo a classificação penal de furto” 
(TAMG – AC 17.247-2 – Rel. Lucena Pereira – RTJE 82/197 e RF 315/270). 
 
 
4 DE OUTRAS FALSIDADES 
 
4.1 FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE 
METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU 
PARA OUTROS FINS 
 Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal 
empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na 
fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, 
falsificado por outrem: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a 
autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para 
 
 
 
32 
autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o 
cumprimento de formalidade legal: 
 Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. 
 
Noronha ponderava que marcas ou sinais constiuem sinônimos, podendo 
ambos serem reduzidos ao seguinte denominador: representações ou 
signos cuja finalidade é atestar alguma característica do objeto. Podem 
ser utilizados: a) no contraste do metal precioso, é dizer, seu título ou 
a relação entre o metal precioso e a liga da qual é composto, indicando 
seu peso e quilate; e, b) na fiscalizaçãoo aduaneira, isto é, o signo 
empregado pela alfândega que atesta a liberação da mercadoria para 
entrada e saída no território nacional. 
 
4.2 FALSA IDENTIDADE 
 
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para 
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar 
dano a outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o 
fato não constitui elemento de crime mais grave. 
 
 
É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, 
atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada 
situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui 
extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por 
ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, 
a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. Precedentes citados: 
AgRg no AgRg no AREsp 185.094-DF, Quinta Turma, DJe 22/3/2013; e HC 
196.305-MS, Sexta Turma, DJe 15/3/2013. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013. 
NA DOUTRINA PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE HÁ LICITUDE DA 
CONDUTA, QUE SERIA ENGLOBADA PELO DIREITO À AMPLA DEFESA. MAS HÁ 
O DIREITO DE MENTIR? 
O art. 307 do CP fala em identidade, ou seja, tudo o que identifica a pessoa: 
estado civil (filiação, idade, matrimônio, nacionalidade etc.) e condição social 
(profissão ou qualidade individual). 
à Assim, pratica crime de falsa identidade quem exercita a profissão 
de advogado sem estar inscrito na OAB” (TRF – 1.ª Reg. – Rec. 
95.01.17920-6 – Rel. Hilton Queiroz – JSTJ e RTRF 123/427). 
 
à Agentes que se apresentam como fiscais da Prefeitura, recebendo de 
comerciantes quantias em dinheiro – Vítimas que entregaram aos 
acusados, soi-disant fiscais, certas importâncias, sob a promessa deles 
de conceder prazo extra para regularização da documentação – 
 
 
 
33 
Comportamento descrito na denúncia constitui crime contra a fé 
pública, previsto no art. 307 do CP (TACRIM-SP – AC – Rel. Rocha 
Lima – JUTACRIM 74/348). 
 
Não caracterização 
à Meliantes que se hospedam em hotel com nomes trocados – 
Ardil utilizado para fugirem à perseguiçãoda polícia – “O que a 
lei pune, no art. 307 do CP, é a atribuição de falsa identidade para 
a obtenção de vantagem ou para causar dano a outrem. Assim, o 
dano e a vantagem devem ser decorrentes, subseqüentes da falsa 
identidade. Se, porém, essa última circunstância é um simples 
processo de ocultação de um ilícito anteriormente praticado, não 
há que falar no crime em questão” (TACRIM-SP – AC – Rel. 
Barbosa Pereira – RT 306/353). 
 
Dolo específico: 
à “O agente que, no momento da lavratura do auto de prisão em 
flagrante, atribui a si falsa identidade, age com dolo específico 
evidente, caracterizador do delito do art. 307 do CP, uma vez que 
a nítida intenção de mentir acerca da sua verdadeira qualificação, 
para tentar obter vantagem pessoal, exatamente a de não ser preso 
pelas outras condenações que ostenta” (TACRIM-SP – Ap. 
1.010.623/6 – Rel. Junqueira Sangirardi – j. 22.04.1996 – 
RJTACrim 32/158). 
 
à “Não comete o delito de falsa identidade o agente que a 
adota tão-somente para fugir a passado criminoso, por ausência 
de dolo específico” (TACRIM-SP – AC – Rel. Franciulli Neto – 
RT 512/393). 
 
 
 
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título 
de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer 
documento de identidade alheia ou ceder a 
outrem, para que dele se utilize, documento 
dessa natureza, próprio ou de terceiro: 
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, 
e multa, se o fato não constitui elemento de 
crime mais grave. 
 
 
Conflito de normas – Art. 307 
 
 
 
 
34 
Acusado que usa como próprio documento de identidade alheia, nele apondo a 
sua fotografia – Absorção da infração pela prevista no art. 308 do CP – “Sendo 
o crime de falsa identidade subsidiário, é absorvido pelo crime de uso de 
documento de identidade alheia, previsto no art. 308 do CP, por ser delito-
meio, elemento constitutivo de outro” (TAGB – AC – Rel. Buarque de 
Amorim – RT 458/427). 
 
Conflito de normas – Art. 171 
“O delito previsto no art. 308 do CP é expressamente subsidiário e deve ser 
absorvido por outro mais grave, quando constituir elemento deste” (TACRIM-
SP – AC 296.851 – Rel. Nogueira Camargo). 
 
 
 
4.3 FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO 
 
 Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou 
permanecer no território nacional, nome que não é o 
seu: 
 Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa 
qualidade para promover-lhe a entrada em território 
nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 
 
 Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário 
ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a 
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por 
lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação 
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 
 
 
4.4 ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO 
AUTOMOTOR (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.426, DE 1996) 
 
 
 
35 
 
 Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi 
ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de 
seu componente ou equipamento: (Redação dada pela Lei 
nº 9.426, de 1996)) 
 
 Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da 
função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de 
um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário 
público que contribui para o licenciamento ou registro do 
veículo remarcado ou adulterado, fornecendo 
indevidamente material ou informação oficial. 
 
 
 
Bem jurídico: fé pública 
 
Elemento do tipo: 
 
Adulterar ou remarcar 
+ 
número de chassi ou qualquer sinal identificador 
+ 
de veículo automotor, de seu componente ou equipamento 
 
Adulterar: modificar, deturpar, mudar, alterar 
 
Remarcar: tornar a marcar, por marca nova. 
 
Elemento subjetivo: dolo 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: Estado, a coletividade e a pessoa prejudicada. 
 
Consumação: com a efetiva adulteração 
 
Pena: mesma da falsidade 
 
Causa de aumento de pena: se pratica o crime no exercício de 
função pública ou em razão dela, aumento de 1/3 
 
 
 
 
36 
Figura equiparada: § 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público 
que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou 
adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
à Alteração de placas: Divergência 
 
“O veículo é identificado externamente por meio 
das placas dianteira e traseira, cujos caracteres o 
acompanharão até a baixa do registro. Tipifica, 
portanto, a conduta prevista no art. 311 do CP a 
adulteração ou remarcação desses sinais 
identificadores, bem como daqueles gravados no 
chassi ou no monobloco (arts. 114 e 115 do Código 
de Trânsito Brasileiro)” (STJ – 6.ª T. – HC 8.949 – 
Rel. Fernando Gonçalves – j. 28.09.1999 – RT 
772/541). 
 
“A simples troca de placas de automóvel é fato 
punível tão-somente na seara administrativa, não 
gerando conseqüências de cunho penal, tendo em 
vista que para a caracterização do delito previsto 
no art. 311 do CP é necessária a adulteração de 
dados identificadores do automotor, relacionados 
à numeração de chassis, motor, câmbio etc.” (TJSP 
– 5.ª C. – AP c/ Rev. 475.040-3/3-00 – Rel. José 
Damião Pinheiro Machado Cogan – j. 26.01.2005 – 
RT 836/540 e JTJ 288/549). 
 
• “A colocação de fita adesiva de cor preta no 
último algarismo de placa de veículo visando a 
adulteração de sinal identificador do conduzido 
com o único intuito de burlar o rodízio de 
circulação de automóveis instituído pelo Poder 
Público não caracteriza o crime previsto no art. 311 
do CP, autorizando, assim, o trancamento da ação 
penal por falta de justa causa, pois trata-se de fato 
atípico, uma vez que não afronta a fé pública, 
especialmente em relação à propriedade e ao 
licenciamento ou registro de veículos 
automotores” (TJSP – HC 27.990.3/6-00 – 4.ª C. – 
Rel. Hélio de Freitas – j. 24.11.1998 – RT 761/602). 
 
 
 
 
 
37 
5 DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE 
PÚBLICO 
(INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) 
5.1 FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO (INCLUÍDO 
PELA LEI 12.550. DE 2011) 
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o 
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer 
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso 
de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 
2011) 
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 
12.550. de 2011) 
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; 
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
IV - exame ou processo seletivo previstos em 
lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou 
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não 
autorizadas às informações mencionadas no 
caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à 
administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 
2011) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 
 
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é 
cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei 
12.550. de 2011)

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