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Crimes contra a Paz Pública

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No título IX do Código Penal estão previstos os Crimes contra a Paz Pública, 
que atualmente compreendem 4 crimes: incitação ao crime (art. 286), 
apologia de crime ou criminoso (art. 287), associação criminosa (art. 288) e 
constituição de milícia privada (art. 288A) 
Tratam-se de crimes cujo bem jurídico é a paz pública, isto é, o sentimento 
de paz e tranquilidade que deve imperar na sociedade, criminalizam ações 
que causem perigo para a coletividade. Nestes crimes, o legislador fixou 
crimes de perigo, razão pela qual contenta-se com a mera ameaça, ainda 
que nenhum crime venha a ser efetivamente praticado. Segundo Cezar 
Roberto Bitencourt, esses crimes compõe aquilo que se definiu como 
“alarma social”, definindo o bem jurídico aqui como “sentimento coletivo 
de segurança na ordem e proteção pelo direito”. 
Os crimes previstos neste título, segundo E. Magalhães Noronha, “são quase 
todos esses crimes autênticos atos preparatórios”. Sobre iter criminis, 
lembrar o disposto no art. 31 do CP. 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o 
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são 
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
Importante alteração foi feita através da Lei n° 12.850/2013, que alterou a 
redação do artigo 288 do Código Penal, que previa o crime de bando ou 
formação de quadrilha. 
 
o D O S C R I M E S C O N T R A 
A P A Z P Ú B L I C A 
 
 
2 
 
1 INCITAÇÃO AO CRIME 
“Incitar, publicamente, a prática de crime. 
Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.” 
Tipo Objetivo: 
Incitar 
+ 
publicamente 
+ 
a prática de crime 
 
Incitar = instigar, induzir, excitar, provocar. 
Meio que pode ser praticado: palavras, gestos e escritos. Atitudes? Nelson 
Hungria traz o exemplo de alguém que jogasse pedra contra uma adúltera. 
Trata-se de crime de ação livre. 
Publicamente: destinado a um número indeterminado de pessoas. 
Prática de crime: estimula a prática de crime, não bastando a mera 
contravenção penal. 
Ausência de publicidade, fato atípico: 
Agente acusada de, publicamente, incitar a outrem a 
praticar delito de homicídio contra desafeto. Ausência 
de publicidade. Delito não configurado – “É mister que 
a incitação se faça perante certo número de pessoas; 
sem o que, não se poderá falar em perturbação da paz 
pública, em alarma social” (TACRIM-SP – AC 348/233-9 
– Rel. Veiga de Carvalho – JUTACRIM 84/221). 
 
Incitar a desobedecer ordem de desocupação de imóvel ou ordem judicial 
(fato típico): 
 
 
3 
“Caracteriza o delito de incitação ao crime, previsto 
no art. 286 do CP, a conduta do agente que, 
publicamente, incita moradores a desobedecerem 
ordem legal de desocupação de imóvel objeto de 
invasão, incentivando-os a agredirem os policiais, 
mediante o uso de paus e pedras, de molde a impedir 
que os agentes públicos executassem o ato” (TJDF – 
Ap. 19.778/99 – Rel. Joazil M. Gardés – j. 02.03.2000 – 
RT 779/621). 
• “Comete, em tese, o delito do art. 286 do CP aquele 
que incita, publicamente, a desobediência a ordem 
judicial” (TACRIM-SP – HC. – Rel. Geraldo Pinheiro – RT 
495/319). 
Incitar a invadir terras (fato atípico): 
“Num Estado democrático de direito, qualquer cidadão 
pode reclamar providências das autoridades contra as 
invasões de terras, não constituindo por isso, 
absolutamente, incitamento à luta de classes, à 
vingança privada” (TRF – 4.ª Reg. – HC 
1999.04.01.053413-8 – Rel. Amir José Finocchiaro Sarti 
– j. 03.08.1999 – RTRF – 4.ª Reg. 35/234). 
Instigação genérica (fato atípico): 
“A instigação feita genericamente, de modo vago, não 
tem eficácia ou idoneidade, por isso que não configura 
o delito previsto no art. 286 do CP/40” (TACRIM-SP – 
AC. – Rel. Ralpho Waldo – RT 598/351 e JUTACRIM 
79/413). 
Incitação ao Plantio de Maconha: Competência estadual 
Substância entorpecente (técnica de cultivo). Incitação 
ao crime (investigação). Internet (veiculação). 
Competência (Justiça estadual). 
1. A divulgação, pela internet, de técnicas de cultivo 
de planta destinada à preparação de substância 
entorpecente não atrai, por si só, a competência 
federal. 
2. Ainda que se trate, no caso, de hospedeiro 
estrangeiro, a ação de incitar desenvolveu-se no 
território nacional, daí não se justificando a aplicação 
dos incisos IV e V do art. 109 da Constituição. 
3. Caso, pois, de competência estadual. Conflito do 
qual se conheceu, declarando-se competente o 
suscitante. 
 
 
4 
(CC 62.949/PR, Rel. Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 11/10/2006, DJ 26/02/2007, p. 
549) 
 
Tipo Subjetivo: Dolo genérico. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Coletividade. 
Consumação: Com o ato de incitar. Crime formal, que se consuma com a 
incitação ouvida por um número indeterminado de pessoas. 
Incitação ao crime. Delito formal. Consumação com a 
incitação pública, desde que percebida por um número 
indeterminado de pessoas. Inteligência do art. 286 do 
CP – “No conceito de instigação acham-se 
compreendidas tanto a influência psíquica, 
representada pela determinação (induzimento), que se 
concretiza em fazer surgir em terceiros um propósito 
criminoso antes inexistente, quanto a instigação que é 
o reforçar propósito já existente. Instigar, como é 
cediço, indica cogitar, fazer com que outros se 
decidam a executar um ato, ou ao menos reforçar-lhes 
o propósito. Isto se faz provocando motivos 
impelentes, quer os consolidando, quer anulando ou 
reduzindo a rejeição. Além disso, sabe-se que a 
publicidade constitui elemento essencial do tipo, sem 
a qual ele não se aperfeiçoa, sendo o crime formal, ou 
seja, consuma-se com a incitação pública, desde que 
percebida por um número indeterminado de pessoas” 
(TJSP – Ap. 147.301-3/8 – Rel. Jarbas Mazzoni – RT 
718/378). 
 
Pode configurar crime-meio e portanto ser absorvido: 
Incitação ao crime de dano – Consumação do dano e 
conseqüente absorção da incitação, como delito-meio 
(TAMG – AC 13.879 – Rel. Joaquim Alves – RTJE 
40/315). 
 
Qualificadoras/Privilégios: Não há. 
Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. 
 
 
5 
Pena: detenção de 3 a 6 meses ou multa. 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
2 APOLOGIA AO CRIME OU CRIMINOSO 
“Art. 287. Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso 
ou de autor de crime. 
Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.” 
Tipo Objetivo: 
Fazer 
+ 
publicamente 
+ 
 apologia de fato criminoso 
OU 
de autor de crime 
 
Apologia = louvar, elogiar, enaltecer. 
Meio = gestos, palavras, escritos etc. 
Diferença para a incitação: 1°) na incitação ao crime (art. 286) a instigação 
à prática criminosa é feita de forma direta, enquanto que na apologia ao 
crime (art. 287) é de forma indireta, implícita, acabando por estimular a 
prática delitiva através da exaltação de um crime praticado ou de seu autor. 
2°) a apologia é sempre de fato pretérito, isto é, determinado e ocorrido ou 
do autor de um crime praticado (em virtude desse fato). 
Fato criminoso: se for apologia a contravenção penal (ex. jogo do bicho) o 
fato será atípico. Também não pode ser de fato futuro, 
 
 
 
6 
Vereador na Tribuna (fato atípico): 
 
Constitucional e penal. Habeas corpus. Apologia de 
crime ou criminoso. Vereador. Imunidade. Inteligência 
do inc. VIII do art. 29 da CF. Invocação de Direito 
Comparado. Recurso ordinário conhecido e provido. “I 
– O paciente, que é vereador, utilizou-se da tribuna da 
Câmara Municipal para fazer a apologia de extermínio 
de meninos de rua. Foi, em decorrência, denunciado 
como incurso do art. 287 do DP. Ajuizou habeas 
corpus, invocando sua inviolabilidade parlamentar (CF, 
art. 29, VIII).O writ foi denegado. II – Não resta dúvida 
de que o paciente pregou uma sandice, própria de 
mente vazia. Mas, mesmo assim não se pode falar 
tenha ele cometido o crime. A Constituição Federal de 
1988, afastando-se do federalismo clássico, alçou o 
Município à condição de ente federado (art. 1.º, 
caput). Coerente com a nova filosofia política, que 
encontra raízes históricas na aurora de nosso Estado, 
deu imunidade ao vereador no art. 29, VIII: 
‘Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, 
palavras e votos no exercício do mandato e na 
circunscrição do Município’. Desse modo, ainda que o 
parlamentar (lato sensu) se utilize mal da grandeza e 
finalidade da instituição a que devia servir, a 
Constituição, no interesse maior, o protege com a 
imunidade. A Suprema Corte dos Estados Unidos, no 
caso United States v. Brewster (408 U.S. 501, 507 
(1972), enfatizou: ‘A imunidade da cláusula relativa ao 
discurso e ao debate não se acha escrita na 
Constituição simplesmente em benefício pessoal ou 
privado dos membros do Congresso, mas para proteger 
a integridade do processo legislativo, garantindo a 
independência individual dos legisladores’” (STJ – 6.ª 
T. – HC 3.891-8 – Rel. p/ o acórdão Adhemar Maciel – j. 
15.12.94 – RSTJ 75/109). 
 
Maus tratos contra animais (fato típico) 
Imputação de crime de maus tratos a animais, na 
modalidade de briga de galo, quadrilha ou bando e 
apologia de crime (arts. 32 da Lei 9.605/98 e 288 e 
287, ambos do CP). Prosseguimento da ação penal 
inclusive quanto aos crimes contra a paz pública (TJRJ 
– 4.ª C. – RHC 503/2005 – Voto vencido: Des. Nilza Bitar 
– j. 08.03.2005 – RDTJRJ 68/339-342). 
 
Tipo Subjetivo: Dolo genérico. 
 
 
7 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Coletividade. 
Consumação: Com a realização da apologia. Crime formal. 
Qualificadoras/Privilégios: Não há. 
Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. 
Pena: detenção de 3 a 6 meses ou multa. 
Ação penal: pública incondicionada. 
3 ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA 
 “Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o 
fim específico de cometer crimes. 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a 
associação é armada ou se houver a participação de criança 
ou adolescente.” 
Tipo Objetivo: 
Associarem-se 
+ 
3 (três) ou mais pessoas 
+ 
para o fim específico de cometer crimes 
Associar = reunir, aliar, juntar. 
Comparação com o antigo crime de quadrilha ou bando: 
Quadrilha ou bando 
Art. 288. Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha 
ou bando, para o fim de cometer crimes: 
 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
Parágrafo único. A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha 
ou bando é armado. 
 
 
8 
Portanto: 
a) Número de pessoas: antes eram necessários quatro, agora apenas 3 já 
se presta a configurar o crime. 
b) Quadrilha (organizado) ou bando (desorganizado) 
c) Aumento de pena: dobro se fosse armado (hoje é até a metade e 
incluiu a hipótese de criança ou adolescente). Antes questionava-se a 
possibilidade de concurso com o crime de corrupção de menores do 
ECA. 
Estabilidade e permanência: “não basta uma associação eventual ou 
acidental entre quatro ou mais pessoas para a prática de crimes, devendo 
haver uma associação estável ou permanente” (DELMANTO, Celso et al. 
Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 822). 
“São requisitos do crime do art. 288: estabilidade, 
permanência e existência de no mínimo quatro 
pessoas” (TJSP, RJTJSP 173/328-9, RT 759/597, 
758/534; TJSP, RT 765/582)” 
“A estrutura central deste crime reside na 
consciência e vontade de os agentes organizarem-se 
em bando ou quadrilha com a finalidade de cometer 
crimes. Trata-se de crime autônomo, de perigo 
abstrato, permanente e de concurso necessário, 
inconfundível com o simples concurso eventual de 
pessoas. "Não basta, como na co-participação 
criminosa, um ocasional e transitório concerto de 
vontades para determinado crime: é preciso que o 
acordo verse sobre uma duradoura atuação em comum, 
no sentido da prática de crimes não precisamente 
individuados." (Nelson Hungria in "Comentários ao 
Código Penal - Volume IX, ed. Forense, 2ª edição, 
1959, página 178). Pouco importa que os seus 
componentes não se conheçam reciprocamente, que 
haja um chefe ou líder, que todos participem de cada 
ação delituosa, o que importa, verdadeiramente, é a 
vontade livre e consciente de estar participando ou 
contribuindo de forma estável e permanente para 
as ações do grupo (Rogério Greco in “Código Penal 
Comentado”, Ed. Impetus, 2ª edição, 2009, página 
682). 
X - “CRIME DE QUADRILHA - ELEMENTOS DE SUA 
CONFIGURAÇÃO TÍPICA. - O crime de quadrilha 
constitui modalidade delituosa que ofende a paz 
pública. A configuração típica do delito de quadrilha 
ou bando deriva da conjugação dos seguintes 
elementos caracterizadores : (a) concurso necessário 
 
 
9 
de pelo menos quatro (4) pessoas (RT 582/348 - RT 
565/406), (b) finalidade específica dos agentes voltada 
ao cometimento de delitos (RTJ 102/614 - RT 600/383) 
e (c) exigência de estabilidade e de permanência da 
associação criminosa (RT 580/328 - RT 588/323 - RT 
615/272). – (...) 
XI - Não há como sustentar a participação da 
denunciada no apontado delito de quadrilha diante dos 
por demais escassos e, de certa forma, juridicamente 
irrelevantes dados, trazidos aos autos. Nada há que 
justifique a conclusão de que a denunciada 
integrava associação de forma estável e 
permanente com a deliberada intenção de cometer 
crimes. (...) Desconsiderados esses dados, pela sua 
precariedade em demonstrar o alegado, não há 
elementos no sentido da prática, por parte da 
denunciada, do delito de quadrilha, razão ela qual, 
carece neste ponto de justa causa a pretendida ação 
penal. (STJ, Denun na APn 549/SP, Rel. Ministro FELIX 
FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2009, 
DJe 18/11/2009) 
Crime autônomo e independente: 
“No crime de quadrilha há associação de pessoas para 
prática de crimes. Constitui infração permanente, 
crime autônomo, que independe dos crimes que vieram 
a ser cometidos pelo bando, conforme a exata exegese 
do art. 288 do CP” (STF – RHC 63.158 – Rel. Rafael 
Mayer – RTJ 116/514). 
• “O crime de quadrilha ou bando é sempre 
independente daqueles que na societas delinquentium 
vierem a ser praticados. O membro da associação será 
co-autor do crime para o qual concorrer, que poderá 
ser isolado do conjunto dos demais crimes praticados 
pelo bando” (STF – HC 56.447 – Rel. Décio Miranda – 
RTJ 88/468). 
 
Prática de um único crime (divergência): 
“A prática de um único crime não é suficiente para 
caracterizar a formação de quadrilha ou bando” (TJSP 
– AC 158.390-3 – Rel. Pereira da Silva – JTJ 178/305). 
“O crime de quadrilha é juridicamente independente 
daqueles que venham a ser praticados pelos agentes 
reunidos na societas delinquetium (RTJ 88/486). O 
delito de quadrilha subsiste autonomamente, ainda 
que os crimes para os quais foi organizado o bando 
 
 
10 
sequer venham a ser cometidos” (STF – HC 72.992-4 – 
Rel. Celso de Mello – DJU 14.11.96, p. 44.469). 
“Quadrilha ou bando. Caracterização. Crime que tem 
autonomia jurídico-penal, independendo dos delitos 
que a quadrilha venha a praticar. “Para que se 
configure o crime de quadrilha ou bando é suficiente o 
mero fato de se associarem mais de três pessoas (no 
mínimo quatro) para o fim de cometer crimes, sem 
necessidade, sequer, do começo de execução de 
qualquer destes” (TJSP – AC 128.456-3 – Rel. Dirceu de 
Mello – JTJ 156/331). 
 
Acordo para a prática de um crime: exige-se que a associação se reúna 
para a prática de crimes indeterminados. Se for para a prática de crime 
determinado, haverá coautoriaou participação. 
“O simples ‘acordo’ para a prática de um crime não é 
punível. O que transforma o acordo em associação, 
quadrilha ou bando e o torna punível é a organização 
com caráter de estabilidade. É, assim, uma certa 
permanência ou estabilidade, o que distingue o crime 
do art. 288 do CP da simples participação criminosa 
(societas sceleris ou societas in crimine)” (TJSP – HC 
23.329-3 – Rel. Diwaldo Sampaio – RT 588/323). 
Contravenção penal: 
“A organização de quadrilha ou bando reprimida pelo 
art. 288 do Código Penal não abrange a que visa a 
prática de contravenção” (TJRJ – HC – Rel. Newton 
Quintella – RT 395/361). 
 
Tipo Subjetivo: Dolo genérico. 
 
“Para que o crime de formação de quadrilha se 
caracterize é necessário que a associação se traduza 
por dolo de planejamento, divisão de trabalho, 
organicidade e que a prática de crimes seja 
permanente; assim, não comprovados tais requisitos, é 
de se afastar a condenação prevista no art. 288 do CP” 
(TJRJ – 2.ª C. – Ap. 657/96 – Rel. Álvaro Mayrink da 
Costa – j. 17.09.96 – RT 745/628). 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, em número mínimo de 3. Inimputaveis? 
Maioria entende que sim, Bitencourt defende que não (pois seria 
responsabilidade penal objetiva). 
 
 
11 
Sujeito Passivo: Coletividade. 
Consumação: Com a permanência ou habitualidade. Trata-se de crime 
permanente em que a sua consumação se potrai no tempo. 
 
“O crime de quadrilha é consumado pela simples 
associação estável e permanente para delinqüir, 
gozando de autonomia e independência em relação à 
prática de outro crime. No caso, os atos praticados 
pelos réus não foram considerados criminosos, ainda 
que por insuficiência de provas, mas mero ilícito civil, 
de forma que afastado pela sentença o estelionato, 
afastado fica também, e por conseqüência, o crime de 
quadrilha” (STF – HC 68.322 – Rel. Paulo Brossard – 
JSTF-Lex 154/268). 
 
Qualificadoras/Privilégios: Está prevista no artigo 8° da Lei n° 8.072/90, 
punindo com pena de 3 a 6 anos de reclusão, quando se tratar de crimes 
hediondos ou equiparados. 
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a 
pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando 
se tratar de crimes hediondos, prática da 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins ou terrorismo. 
 
Parágrafo único. O participante e o associado que 
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, 
possibilitando seu desmantelamento, terá a pena 
reduzida de um a dois terços. 
Causas de Aumento de Pena: Prevista no parágrafo único, impõe um 
aumento até a 1/2 se a associação for armada ou tiver a participação de 
criança ou adolescente. 
Pena: reclusão, de 1 a 3 anos. 
Ação penal: pública incondicionada. 
Particularidades: 
 
 
12 
1°) Associação para tráfico de drogas: art. 35 da Lei n° 11.343/2006 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de 
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes 
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento 
de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo 
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime 
definido no art. 36 desta Lei. 
2°) Organização criminosa: Art. 1° e 2° da Lei n° 12.850/2013. 
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe 
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da 
prova, infrações penais correlatas e o procedimento 
criminal a ser aplicado. 
 
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a 
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional. 
 
§ 2o Esta Lei se aplica também: 
 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção 
internacional quando, iniciada a execução no País, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
 
II - às organizações terroristas internacionais, 
reconhecidas segundo as normas de direito internacional, 
por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte 
ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de 
execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em 
território nacional. 
 
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, 
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização 
criminosa: 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem 
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações 
penais praticadas. 
 
 
13 
(…) 
4 CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA 
 “Art. 288A. Constituir, organizar, integrar, manter ou 
custear organização paramilitar, milícia particular, grupo 
ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos 
crimes previstos neste Código: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.” 
Tipo Objetivo: 
 
Constituir OU organizar OU integrar OU manter OU custear 
+ 
organização paramilitar OU milícia particular OU grupo ou esquadrão 
+ 
com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código 
 
Número mínimo de pessoas? Texto legal é omisso. No mínimo deve-se seguir 
a lógica do artigo 288, fixando-se o mínimo de 3 pessoas. 
Constituir = criar, estruturar, formatar, dar forma ao grupamento criminoso, 
em qualquer das modalidades elencadas; 
Organizar = ordenar, regularizar sua estrutura, “engenharizar o formato 
adequado para otimizar seu funcionamento, ou, pensar sua dinâmica 
funcional, encontrando a melhor forma de rendimento” (Bitencourt); 
Integrar = fazer parte, ser um de seus membros; manter ou custear. 
à Não dá a interpretação legal para cada uma das organizações que 
menciona, ferindo o princípio da taxatividade. 
 
 
14 
Organização paramilitar: “é uma associação civil armada constituída, 
basicamente, por civis, embora possa contar também com militares, mas em 
atividade civil, com estrutura similar à militar” (Cezar Roberto Bitencourt) 
Milícia armada: “grupo de pessoas... Armado, tendo como finalidade 
(anunciada) devolver a segurança retirada das comunidades mais carentes, 
restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam 
determinado espaço territorial. A proteção oferecida nesse espaço ignora o 
monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave 
ameaça” (Rogerio Sanchez) 
Grupo ou extermínimo: o legislador está se referindo aos grupos de 
extermínimo (inclusive, acrescentou o § 6° ao art. 121 do CP) e aos antigos 
esquadrões da morte. “Por grupo de extermínio entende-se a reunião de 
pessoas, matadores, “justiceiros” (civis ou não) que atuam na ausência ou 
leniência do poder público, tendo como finalidade a matança generalizada, 
chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas” 
(Rogério Sanchez) 
Tipo Subjetivo: Dolo genérico 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, em número mínimo de 4. Inimputaveis? 
Maioria entende que sim, Bitencourt defende que não (pois seria 
responsabilidade penal objetiva). 
Sujeito Passivo: Coletividade 
Consumação: Com prática de qualquer uma das condutas descritas no caput 
Qualificadoras/Privilégios: Não há. 
Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. 
Pena: detenção, reclusão de 4 a 8 anos. 
Ação penal: pública incondicionada.

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