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No título IX do Código Penal estão previstos os Crimes contra a Paz Pública, que atualmente compreendem 4 crimes: incitação ao crime (art. 286), apologia de crime ou criminoso (art. 287), associação criminosa (art. 288) e constituição de milícia privada (art. 288A) Tratam-se de crimes cujo bem jurídico é a paz pública, isto é, o sentimento de paz e tranquilidade que deve imperar na sociedade, criminalizam ações que causem perigo para a coletividade. Nestes crimes, o legislador fixou crimes de perigo, razão pela qual contenta-se com a mera ameaça, ainda que nenhum crime venha a ser efetivamente praticado. Segundo Cezar Roberto Bitencourt, esses crimes compõe aquilo que se definiu como “alarma social”, definindo o bem jurídico aqui como “sentimento coletivo de segurança na ordem e proteção pelo direito”. Os crimes previstos neste título, segundo E. Magalhães Noronha, “são quase todos esses crimes autênticos atos preparatórios”. Sobre iter criminis, lembrar o disposto no art. 31 do CP. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Importante alteração foi feita através da Lei n° 12.850/2013, que alterou a redação do artigo 288 do Código Penal, que previa o crime de bando ou formação de quadrilha. o D O S C R I M E S C O N T R A A P A Z P Ú B L I C A 2 1 INCITAÇÃO AO CRIME “Incitar, publicamente, a prática de crime. Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.” Tipo Objetivo: Incitar + publicamente + a prática de crime Incitar = instigar, induzir, excitar, provocar. Meio que pode ser praticado: palavras, gestos e escritos. Atitudes? Nelson Hungria traz o exemplo de alguém que jogasse pedra contra uma adúltera. Trata-se de crime de ação livre. Publicamente: destinado a um número indeterminado de pessoas. Prática de crime: estimula a prática de crime, não bastando a mera contravenção penal. Ausência de publicidade, fato atípico: Agente acusada de, publicamente, incitar a outrem a praticar delito de homicídio contra desafeto. Ausência de publicidade. Delito não configurado – “É mister que a incitação se faça perante certo número de pessoas; sem o que, não se poderá falar em perturbação da paz pública, em alarma social” (TACRIM-SP – AC 348/233-9 – Rel. Veiga de Carvalho – JUTACRIM 84/221). Incitar a desobedecer ordem de desocupação de imóvel ou ordem judicial (fato típico): 3 “Caracteriza o delito de incitação ao crime, previsto no art. 286 do CP, a conduta do agente que, publicamente, incita moradores a desobedecerem ordem legal de desocupação de imóvel objeto de invasão, incentivando-os a agredirem os policiais, mediante o uso de paus e pedras, de molde a impedir que os agentes públicos executassem o ato” (TJDF – Ap. 19.778/99 – Rel. Joazil M. Gardés – j. 02.03.2000 – RT 779/621). • “Comete, em tese, o delito do art. 286 do CP aquele que incita, publicamente, a desobediência a ordem judicial” (TACRIM-SP – HC. – Rel. Geraldo Pinheiro – RT 495/319). Incitar a invadir terras (fato atípico): “Num Estado democrático de direito, qualquer cidadão pode reclamar providências das autoridades contra as invasões de terras, não constituindo por isso, absolutamente, incitamento à luta de classes, à vingança privada” (TRF – 4.ª Reg. – HC 1999.04.01.053413-8 – Rel. Amir José Finocchiaro Sarti – j. 03.08.1999 – RTRF – 4.ª Reg. 35/234). Instigação genérica (fato atípico): “A instigação feita genericamente, de modo vago, não tem eficácia ou idoneidade, por isso que não configura o delito previsto no art. 286 do CP/40” (TACRIM-SP – AC. – Rel. Ralpho Waldo – RT 598/351 e JUTACRIM 79/413). Incitação ao Plantio de Maconha: Competência estadual Substância entorpecente (técnica de cultivo). Incitação ao crime (investigação). Internet (veiculação). Competência (Justiça estadual). 1. A divulgação, pela internet, de técnicas de cultivo de planta destinada à preparação de substância entorpecente não atrai, por si só, a competência federal. 2. Ainda que se trate, no caso, de hospedeiro estrangeiro, a ação de incitar desenvolveu-se no território nacional, daí não se justificando a aplicação dos incisos IV e V do art. 109 da Constituição. 3. Caso, pois, de competência estadual. Conflito do qual se conheceu, declarando-se competente o suscitante. 4 (CC 62.949/PR, Rel. Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/10/2006, DJ 26/02/2007, p. 549) Tipo Subjetivo: Dolo genérico. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Coletividade. Consumação: Com o ato de incitar. Crime formal, que se consuma com a incitação ouvida por um número indeterminado de pessoas. Incitação ao crime. Delito formal. Consumação com a incitação pública, desde que percebida por um número indeterminado de pessoas. Inteligência do art. 286 do CP – “No conceito de instigação acham-se compreendidas tanto a influência psíquica, representada pela determinação (induzimento), que se concretiza em fazer surgir em terceiros um propósito criminoso antes inexistente, quanto a instigação que é o reforçar propósito já existente. Instigar, como é cediço, indica cogitar, fazer com que outros se decidam a executar um ato, ou ao menos reforçar-lhes o propósito. Isto se faz provocando motivos impelentes, quer os consolidando, quer anulando ou reduzindo a rejeição. Além disso, sabe-se que a publicidade constitui elemento essencial do tipo, sem a qual ele não se aperfeiçoa, sendo o crime formal, ou seja, consuma-se com a incitação pública, desde que percebida por um número indeterminado de pessoas” (TJSP – Ap. 147.301-3/8 – Rel. Jarbas Mazzoni – RT 718/378). Pode configurar crime-meio e portanto ser absorvido: Incitação ao crime de dano – Consumação do dano e conseqüente absorção da incitação, como delito-meio (TAMG – AC 13.879 – Rel. Joaquim Alves – RTJE 40/315). Qualificadoras/Privilégios: Não há. Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. 5 Pena: detenção de 3 a 6 meses ou multa. Ação penal: pública incondicionada. 2 APOLOGIA AO CRIME OU CRIMINOSO “Art. 287. Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.” Tipo Objetivo: Fazer + publicamente + apologia de fato criminoso OU de autor de crime Apologia = louvar, elogiar, enaltecer. Meio = gestos, palavras, escritos etc. Diferença para a incitação: 1°) na incitação ao crime (art. 286) a instigação à prática criminosa é feita de forma direta, enquanto que na apologia ao crime (art. 287) é de forma indireta, implícita, acabando por estimular a prática delitiva através da exaltação de um crime praticado ou de seu autor. 2°) a apologia é sempre de fato pretérito, isto é, determinado e ocorrido ou do autor de um crime praticado (em virtude desse fato). Fato criminoso: se for apologia a contravenção penal (ex. jogo do bicho) o fato será atípico. Também não pode ser de fato futuro, 6 Vereador na Tribuna (fato atípico): Constitucional e penal. Habeas corpus. Apologia de crime ou criminoso. Vereador. Imunidade. Inteligência do inc. VIII do art. 29 da CF. Invocação de Direito Comparado. Recurso ordinário conhecido e provido. “I – O paciente, que é vereador, utilizou-se da tribuna da Câmara Municipal para fazer a apologia de extermínio de meninos de rua. Foi, em decorrência, denunciado como incurso do art. 287 do DP. Ajuizou habeas corpus, invocando sua inviolabilidade parlamentar (CF, art. 29, VIII).O writ foi denegado. II – Não resta dúvida de que o paciente pregou uma sandice, própria de mente vazia. Mas, mesmo assim não se pode falar tenha ele cometido o crime. A Constituição Federal de 1988, afastando-se do federalismo clássico, alçou o Município à condição de ente federado (art. 1.º, caput). Coerente com a nova filosofia política, que encontra raízes históricas na aurora de nosso Estado, deu imunidade ao vereador no art. 29, VIII: ‘Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município’. Desse modo, ainda que o parlamentar (lato sensu) se utilize mal da grandeza e finalidade da instituição a que devia servir, a Constituição, no interesse maior, o protege com a imunidade. A Suprema Corte dos Estados Unidos, no caso United States v. Brewster (408 U.S. 501, 507 (1972), enfatizou: ‘A imunidade da cláusula relativa ao discurso e ao debate não se acha escrita na Constituição simplesmente em benefício pessoal ou privado dos membros do Congresso, mas para proteger a integridade do processo legislativo, garantindo a independência individual dos legisladores’” (STJ – 6.ª T. – HC 3.891-8 – Rel. p/ o acórdão Adhemar Maciel – j. 15.12.94 – RSTJ 75/109). Maus tratos contra animais (fato típico) Imputação de crime de maus tratos a animais, na modalidade de briga de galo, quadrilha ou bando e apologia de crime (arts. 32 da Lei 9.605/98 e 288 e 287, ambos do CP). Prosseguimento da ação penal inclusive quanto aos crimes contra a paz pública (TJRJ – 4.ª C. – RHC 503/2005 – Voto vencido: Des. Nilza Bitar – j. 08.03.2005 – RDTJRJ 68/339-342). Tipo Subjetivo: Dolo genérico. 7 Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Coletividade. Consumação: Com a realização da apologia. Crime formal. Qualificadoras/Privilégios: Não há. Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. Pena: detenção de 3 a 6 meses ou multa. Ação penal: pública incondicionada. 3 ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA “Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.” Tipo Objetivo: Associarem-se + 3 (três) ou mais pessoas + para o fim específico de cometer crimes Associar = reunir, aliar, juntar. Comparação com o antigo crime de quadrilha ou bando: Quadrilha ou bando Art. 288. Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado. 8 Portanto: a) Número de pessoas: antes eram necessários quatro, agora apenas 3 já se presta a configurar o crime. b) Quadrilha (organizado) ou bando (desorganizado) c) Aumento de pena: dobro se fosse armado (hoje é até a metade e incluiu a hipótese de criança ou adolescente). Antes questionava-se a possibilidade de concurso com o crime de corrupção de menores do ECA. Estabilidade e permanência: “não basta uma associação eventual ou acidental entre quatro ou mais pessoas para a prática de crimes, devendo haver uma associação estável ou permanente” (DELMANTO, Celso et al. Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 822). “São requisitos do crime do art. 288: estabilidade, permanência e existência de no mínimo quatro pessoas” (TJSP, RJTJSP 173/328-9, RT 759/597, 758/534; TJSP, RT 765/582)” “A estrutura central deste crime reside na consciência e vontade de os agentes organizarem-se em bando ou quadrilha com a finalidade de cometer crimes. Trata-se de crime autônomo, de perigo abstrato, permanente e de concurso necessário, inconfundível com o simples concurso eventual de pessoas. "Não basta, como na co-participação criminosa, um ocasional e transitório concerto de vontades para determinado crime: é preciso que o acordo verse sobre uma duradoura atuação em comum, no sentido da prática de crimes não precisamente individuados." (Nelson Hungria in "Comentários ao Código Penal - Volume IX, ed. Forense, 2ª edição, 1959, página 178). Pouco importa que os seus componentes não se conheçam reciprocamente, que haja um chefe ou líder, que todos participem de cada ação delituosa, o que importa, verdadeiramente, é a vontade livre e consciente de estar participando ou contribuindo de forma estável e permanente para as ações do grupo (Rogério Greco in “Código Penal Comentado”, Ed. Impetus, 2ª edição, 2009, página 682). X - “CRIME DE QUADRILHA - ELEMENTOS DE SUA CONFIGURAÇÃO TÍPICA. - O crime de quadrilha constitui modalidade delituosa que ofende a paz pública. A configuração típica do delito de quadrilha ou bando deriva da conjugação dos seguintes elementos caracterizadores : (a) concurso necessário 9 de pelo menos quatro (4) pessoas (RT 582/348 - RT 565/406), (b) finalidade específica dos agentes voltada ao cometimento de delitos (RTJ 102/614 - RT 600/383) e (c) exigência de estabilidade e de permanência da associação criminosa (RT 580/328 - RT 588/323 - RT 615/272). – (...) XI - Não há como sustentar a participação da denunciada no apontado delito de quadrilha diante dos por demais escassos e, de certa forma, juridicamente irrelevantes dados, trazidos aos autos. Nada há que justifique a conclusão de que a denunciada integrava associação de forma estável e permanente com a deliberada intenção de cometer crimes. (...) Desconsiderados esses dados, pela sua precariedade em demonstrar o alegado, não há elementos no sentido da prática, por parte da denunciada, do delito de quadrilha, razão ela qual, carece neste ponto de justa causa a pretendida ação penal. (STJ, Denun na APn 549/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2009, DJe 18/11/2009) Crime autônomo e independente: “No crime de quadrilha há associação de pessoas para prática de crimes. Constitui infração permanente, crime autônomo, que independe dos crimes que vieram a ser cometidos pelo bando, conforme a exata exegese do art. 288 do CP” (STF – RHC 63.158 – Rel. Rafael Mayer – RTJ 116/514). • “O crime de quadrilha ou bando é sempre independente daqueles que na societas delinquentium vierem a ser praticados. O membro da associação será co-autor do crime para o qual concorrer, que poderá ser isolado do conjunto dos demais crimes praticados pelo bando” (STF – HC 56.447 – Rel. Décio Miranda – RTJ 88/468). Prática de um único crime (divergência): “A prática de um único crime não é suficiente para caracterizar a formação de quadrilha ou bando” (TJSP – AC 158.390-3 – Rel. Pereira da Silva – JTJ 178/305). “O crime de quadrilha é juridicamente independente daqueles que venham a ser praticados pelos agentes reunidos na societas delinquetium (RTJ 88/486). O delito de quadrilha subsiste autonomamente, ainda que os crimes para os quais foi organizado o bando 10 sequer venham a ser cometidos” (STF – HC 72.992-4 – Rel. Celso de Mello – DJU 14.11.96, p. 44.469). “Quadrilha ou bando. Caracterização. Crime que tem autonomia jurídico-penal, independendo dos delitos que a quadrilha venha a praticar. “Para que se configure o crime de quadrilha ou bando é suficiente o mero fato de se associarem mais de três pessoas (no mínimo quatro) para o fim de cometer crimes, sem necessidade, sequer, do começo de execução de qualquer destes” (TJSP – AC 128.456-3 – Rel. Dirceu de Mello – JTJ 156/331). Acordo para a prática de um crime: exige-se que a associação se reúna para a prática de crimes indeterminados. Se for para a prática de crime determinado, haverá coautoriaou participação. “O simples ‘acordo’ para a prática de um crime não é punível. O que transforma o acordo em associação, quadrilha ou bando e o torna punível é a organização com caráter de estabilidade. É, assim, uma certa permanência ou estabilidade, o que distingue o crime do art. 288 do CP da simples participação criminosa (societas sceleris ou societas in crimine)” (TJSP – HC 23.329-3 – Rel. Diwaldo Sampaio – RT 588/323). Contravenção penal: “A organização de quadrilha ou bando reprimida pelo art. 288 do Código Penal não abrange a que visa a prática de contravenção” (TJRJ – HC – Rel. Newton Quintella – RT 395/361). Tipo Subjetivo: Dolo genérico. “Para que o crime de formação de quadrilha se caracterize é necessário que a associação se traduza por dolo de planejamento, divisão de trabalho, organicidade e que a prática de crimes seja permanente; assim, não comprovados tais requisitos, é de se afastar a condenação prevista no art. 288 do CP” (TJRJ – 2.ª C. – Ap. 657/96 – Rel. Álvaro Mayrink da Costa – j. 17.09.96 – RT 745/628). Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, em número mínimo de 3. Inimputaveis? Maioria entende que sim, Bitencourt defende que não (pois seria responsabilidade penal objetiva). 11 Sujeito Passivo: Coletividade. Consumação: Com a permanência ou habitualidade. Trata-se de crime permanente em que a sua consumação se potrai no tempo. “O crime de quadrilha é consumado pela simples associação estável e permanente para delinqüir, gozando de autonomia e independência em relação à prática de outro crime. No caso, os atos praticados pelos réus não foram considerados criminosos, ainda que por insuficiência de provas, mas mero ilícito civil, de forma que afastado pela sentença o estelionato, afastado fica também, e por conseqüência, o crime de quadrilha” (STF – HC 68.322 – Rel. Paulo Brossard – JSTF-Lex 154/268). Qualificadoras/Privilégios: Está prevista no artigo 8° da Lei n° 8.072/90, punindo com pena de 3 a 6 anos de reclusão, quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados. Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Causas de Aumento de Pena: Prevista no parágrafo único, impõe um aumento até a 1/2 se a associação for armada ou tiver a participação de criança ou adolescente. Pena: reclusão, de 1 a 3 anos. Ação penal: pública incondicionada. Particularidades: 12 1°) Associação para tráfico de drogas: art. 35 da Lei n° 11.343/2006 Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 2°) Organização criminosa: Art. 1° e 2° da Lei n° 12.850/2013. Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. § 2o Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II - às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional. Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 13 (…) 4 CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA “Art. 288A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.” Tipo Objetivo: Constituir OU organizar OU integrar OU manter OU custear + organização paramilitar OU milícia particular OU grupo ou esquadrão + com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código Número mínimo de pessoas? Texto legal é omisso. No mínimo deve-se seguir a lógica do artigo 288, fixando-se o mínimo de 3 pessoas. Constituir = criar, estruturar, formatar, dar forma ao grupamento criminoso, em qualquer das modalidades elencadas; Organizar = ordenar, regularizar sua estrutura, “engenharizar o formato adequado para otimizar seu funcionamento, ou, pensar sua dinâmica funcional, encontrando a melhor forma de rendimento” (Bitencourt); Integrar = fazer parte, ser um de seus membros; manter ou custear. à Não dá a interpretação legal para cada uma das organizações que menciona, ferindo o princípio da taxatividade. 14 Organização paramilitar: “é uma associação civil armada constituída, basicamente, por civis, embora possa contar também com militares, mas em atividade civil, com estrutura similar à militar” (Cezar Roberto Bitencourt) Milícia armada: “grupo de pessoas... Armado, tendo como finalidade (anunciada) devolver a segurança retirada das comunidades mais carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam determinado espaço territorial. A proteção oferecida nesse espaço ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça” (Rogerio Sanchez) Grupo ou extermínimo: o legislador está se referindo aos grupos de extermínimo (inclusive, acrescentou o § 6° ao art. 121 do CP) e aos antigos esquadrões da morte. “Por grupo de extermínio entende-se a reunião de pessoas, matadores, “justiceiros” (civis ou não) que atuam na ausência ou leniência do poder público, tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas” (Rogério Sanchez) Tipo Subjetivo: Dolo genérico Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, em número mínimo de 4. Inimputaveis? Maioria entende que sim, Bitencourt defende que não (pois seria responsabilidade penal objetiva). Sujeito Passivo: Coletividade Consumação: Com prática de qualquer uma das condutas descritas no caput Qualificadoras/Privilégios: Não há. Causas de Aumento ou Diminuição de Pena: Não há. Pena: detenção, reclusão de 4 a 8 anos. Ação penal: pública incondicionada.
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