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Resumo - Associação Criminosa [Direito Penal]

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1 
 
Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
I. Associação Criminosa – Art. 288 do CP 
A) Tipo Penal: 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se 
houver a participação de criança ou adolescente. 
B) Bem Jurídico Tutelado: Paz pública. Visa preservar o sentimento de segurança e 
tranquilidade social. (O legislador visa resguardar a sensação de pacificação social, evitando 
 que as pessoas se organizem para praticar crimes, repudiando, portanto, tal conduta).
Obs¹ – Possível crítica ao tipo penal: Essa antecipação do legislador poderia ser vista 
aparentemente como uma tipificação de um ato preparatório. Contudo, cabe destacar que 
se trata de prática comum em ordenamentos jurídicos, assim como ocorre na Itália e 
Alemanha. Aqui, o objetivo não é penalizar a prática do crime, mas penalizar a reunião com 
a intenção de praticar o crime. 
Obs² – Mudança de nome: Desde 1940 até 2013 o artigo 288 do CP era denominado 
“quadrilha”, havendo uma ligação direta com quantidade de integrantes necessários para 
configurar, que durante este período, era de 4 pessoas ou mais. Só após a Lei nº 
12.850/13 é que este tipo penal passou a ser chamado de “associação criminosa”. 
C) Associação para o Tráfico – Art. 35 da Lei n° 11.343: Trata-se de previsão em lei 
especial. A composição mínima para configurar é de 2 pessoas. A Constituição Federal o 
considera crime equiparado a hediondo. 
Obs¹: Também haverá equiparação a crime hediondo quando uma associação criminosa 
se formar com a intenção de praticar crime hediondo, tratando-se de forma qualificada 
prevista no art. 8, Lei n° 8072/90. 
D) Organização Criminosa – Lei n° 12.850 de 2013: A referida lei define organização 
criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, meios de obtenção de provas, infrações 
penais correlatas e o procedimento criminal; alterou o Código Penal e revogou a Lei n° 9.034 
de 1995. 
Ocorre que vale destacar que antes da Lei n° 12.850 de 2013 já se trabalhava com 
organização criminosa na Lei n° 9.034 de 1995 apenas em seu caráter processual, ou seja, 
utilizava-se esta lei apenas para critérios processuais e procedimentais. Não constava em sua 
redação a definição de organização criminosa, e para resolver este impasse o legislador 
pegava emprestado uma definição constante na Convenção de Palermo (Tratado 
Internacional). Sendo assim, a entrada em vigor da Lei n° 12.850/13 trouxe duas grandes 
repercussões: 
 
DIREITO PENAL 
2 
 
Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
 
1) Alterações no art. 288 do CP: No tocante a nomenclatura, passou de “quadrilha” para 
“associação criminosa”. Referente à sua composição, passou do mínimo de 4 pessoas 
para o mínimo de 3 pessoas. 
Requisitos da Associação Criminosa 
a) Composição mínima de 3 pessoas; 
Obs¹: Critério residual em relação à 
organização criminosa. 
b) Prática de crime; 
Obs¹: A união de pessoas para a prática 
reiterada de contravenção penal (ex.: jogo do 
bicho) não constitui associação criminosa. 
c) Estabilidade e permanência da associação. 
2) Conceituação de Organização Criminosa: O art. 1º, § 1° da Lei nº 12.850/13 dispõe 
que “considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, 
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a 
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou 
que sejam de caráter transnacional.” 
Requisitos da Organização Criminosa 
a) Composição mínima de 4 pessoas; 
b) Divisão de tarefas de forma estruturalmente ordenada; 
c) Vantagem de qualquer natureza; 
d) Infração penal cuja pena máxima seja maior que 4 anos ou de caráter transnacional. 
 
Obs¹: O art. 2º da Lei n° 12.850/13 tipifica a conduta de todos aqueles que participam da 
organização criminosa, seja de forma direta ou indireta, penalizando os envolvidos 
naquela estrutura organizada. Trata-se de legislação penal especial. 
E) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum). É também um crime de concurso 
necessário (mínimo de 3 pessoas). 
F) Sujeito Passivo: A coletividade. 
G) Tipo Objetivo: O delito em estudo configura-se pela associação estável de três ou mais 
pessoas com o fim de cometer reiteradamente crimes. Pressupõe, portanto, um acordo de 
vontades dos integrantes, no sentido de juntarem seus esforços no cometimento dos crimes. 
■ A associação de pessoas para a prática reiterada de contravenção penal não constitui 
associação criminosa, já que o art. 288 do CP se refere expressamente à união para a 
prática de crimes. 
■ Pessoas que também são considerados na contagem para configurar o crime de 
associação criminosa do art. 288 do CP: 
3 
 
Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
 
1) Associados que morreram após ingressar no grupo; 
2) Menores de Idade; 
Nota: Responderam por ato infracional análogo a crime. 
Nota: Há doutrinadores que ressalvam a impossibilidade de 
contabilizar “criança” para critérios de tipificação, porém não fixa 
idade que caracterizaria esse menor como criança. 
3) Comparsas não 
identificados, ou 
apenas identificados 
por meio de alcunhas; 
Nota: É necessário que o MP descreva na denúncia o 
envolvimento mínimo de três pessoas na associação, ainda que 
não seja possível mencionar o nome completo de todas elas. 
■ Diferença entre associação criminosa e concurso de agentes: 
Associação Criminosa Concurso de Agentes 
As pessoas reúnem-se de forma estável 
As pessoas reúnem-se de forma 
momentânea 
Visa prática de número indeterminado 
de crimes. Há intenção de reiteração 
delituosa. 
Os agentes visam à prática de um crime 
determinado. 
■ Diferença entre associação criminosa e roubo aumentado pelo concurso de pessoas 
– art. 157, § 2º, II, CP: 
Associação Criminosa 
Roubo com pena aumentada pelo 
concurso de pessoas 
Ex.: Grupo de três jovens se reúne de 
forma estável, permanente e com o 
desejo mútuo de cometer diversos 
delitos que lhe rendam benefícios. 
Ex.: Três indivíduos se reúnem para juntos 
realizarem o roubo de um banco, e após 
dividirem o dinheiro, cada um segue sua 
vida. 
H) Consumação: Se consuma no momento em que ocorre o acordo de vontades entre os 
integrantes no sentido de formar a associação, independentemente da prática de qualquer 
crime, portanto, é crime formal. Trata-se também de crime de natureza permanente, de 
modo que, enquanto não desmantelada a associação ou desfeita por acordo de seus 
integrantes, mostra-se possível à prisão em flagrante. 
Obs¹: Pessoas que se reúnem para praticar vários furtos simples, respondem por furto em 
concurso material com a associação criminosa. 
Obs² – DISCUSSÃO SOBRE O CONCURSO MATERIAL (FURTO E ROUBO): Vale 
ressaltar que o crime de associação criminosa é autônomo em relação aos delitos que 
efetivamente venham a ser cometidos. Dessa forma, em regra, haverá concurso material 
entre o delito de associação criminosa e as demais infrações efetivamente praticadas. 
 
4 
 
Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
 
Porém, há discussão doutrinária e jurisprudencial referente à aplicação do concurso 
material em se tratando de crime de furto ou roubo, sejam eles qualificados ou aumentados 
pelo envolvimento de mais pessoas: 
Para alguns doutrinadores, 
os agentes respondem por 
associação em concurso 
material com furto ou roubo 
simples, porque a aplicação 
da qualificadora ou causa de 
aumento seria bis in idem. 
Para outros, os agentes respondem por associação 
criminosa e pelos crimes qualificados/aumentados, 
porque a associação é um crime de perigo contra a 
coletividade decorrenteda mera formação do grupo 
em caráter estável, enquanto a qualificadora/aumento 
decorre da maior gravidade da conduta contra a vítima 
do caso concreto. Ou seja, os bens jurídicos 
tutelados são distintos. 
Nota: É o que vem sendo adotado pelo STJ e STF. 
I) Tentativa: É inadmissível, pois, ou existe a associação e o crime está consumado, ou 
apenas tratativas que constituem mero ato preparatório. 
J) Causas de Aumento: Art. 288, parágrafo único, CP – “A pena aumenta-se até a metade 
se a associação é armada¹ ou se houver a participação de criança ou adolescente²”. 
Primeira Parte¹: Se a associação for armada. 
a) Prevalece o entendimento 
de que basta um dos 
integrantes da associação 
atuar armado, desde que isso 
guarde relação com os fins 
criminosos do grupo. 
b) Alcança a utilização de armas próprias ou impróprias 
Próprias Impróprias 
Aquelas fabricadas para 
servir como instrumento 
de ataque ou defesa (Ex.: 
armas de fogo, punhais e 
etc.). 
Aquelas feitas com outra 
finalidade, mas que também 
podem matar ou ferir. (Ex.: 
facas, navalhas, estiletes e 
etc.). 
 
Segunda Parte²: Se houver participação de criança ou adolescente. 
Obs¹ – Novatio legis in mellius: A redação anterior gerava uma exasperação maior da 
pena, que devia ser aplicada em dobro. Nesse aspecto, a nova lei é mais benéfica, 
permitindo um aumento máximo de metade da pena. Assim, tratando-se de lei nova mais 
favorável, retroage para beneficiar pessoas que já tenham sido condenadas pelo crime de 
“quadrilha”. 
K) Qualificadoras: O art. 8º da Lei n. 8.072/90 dispõe que será (Lei dos Crimes Hediondos) 
de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal quando se tratar 
de união visando à prática de crimes hediondos, tortura ou terrorismo. Ou seja, traz uma forma 
qualificada da associação criminosa e que será aplicada em concurso material com os 
crimes efetivamente cometidos. 
L) Ação Penal: É pública incondicionada. 
 
5 
 
Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
ANEXO – QUADRO COMPARATIVO: 
Associação 
Criminosa 
Organização 
Criminosa 
Associação 
para o Tráfico 
Concurso 
de Pessoas 
Art. 288, do CP 
Art. 1º, § 1º da 
Lei nº 12.850/13 
Art. 35 da 
Lei nº 11.343/06 
Art. 29 do CP 
Mínimo de 3 
(três) agentes 
Mínimo de 4 
(quatro) agentes 
Mínimo de 2 
(dois) agentes 
Mínimo de 2 
(dois) agentes 
Legislação 
penal comum 
Legislação 
penal especial 
Legislação 
penal especial 
Legislação 
penal comum 
II. Constituição de Milícia Privada – Art. 288-A do CP 
A) Tipo Penal: 
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia 
particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos 
neste Código. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. 
B) Bem Jurídico Tutelado: A Paz Pública. 
Obs¹: Há doutrinadores que também ponderam pela existência de uma lesão à 
administração pública, já que um particular usurpa do Estado um exercício de uma atividade 
estatal, prejudicando-a. 
C) Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Não é requisito para 
o delito que em sua composição exista militares da ativa ou reserva. 
D) Sujeito Passivo: A coletividade e, principalmente, os moradores da região dominada. 
E) Tipo Objetivo: Assim como no crime do art. 288 do CP, também se pressupõe a associação 
de pessoas com a específica finalidade de cometer crimes. Assim, haverá concurso material 
entre o crime de constituição de milícia privada com os delitos praticados por seus integrantes. 
Por expressa previsão legal, entretanto, só se configura se a intenção for a de cometer 
crimes do Código Penal. Se visar exclusivamente o cometimento de crimes de lei especial, o 
enquadramento será no delito de associação criminosa. Trata-se de crime formal e de perigo. 
Não costa no art. 288-A o número mínimo necessário de agentes. A interpretação 
majoritária entende que é necessário grupo formado por 3 ou mais pessoas, dada a 
localização geográfica do tipo penal dentro do Código. 
As condutas típicas são: 
a) Constituir: Formar; criar; fundar; 
b) Organizar: Planejar; estruturar; estabelecer bases; 
c) Integrar: Compor; unir-se; fazer parte; 
d) Manter: Promover a subsistência; colaborar para que prossiga em suas atividades; 
e) Custear: Financiar com recursos econômicos. 
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Felipe Pereira Boechat – Acadêmico de Direito | fpboechat 
 
 
Milícia Privada: 
Grupo de particulares que agem de maneira similar aos órgãos estatais, porém, ignorando 
ou substituindo a sua atuação. Estes se unem sob o pretexto de prestar serviços de 
segurança em certa localidade e que, nesta condição, cometem crimes como extorsão, roubo, 
ameaça, tortura, usurpação de função pública, lesões corporais e até homicídios. 
 
F) Consumação e Tentativa: 
Ocorre com a constituição da 
milícia 
Distinta em cada conduta típica do tipo penal 
Dá-se com a constituição da 
milícia. Ou seja, não se faz 
necessário que membros da milícia 
cometam inúmeros delitos, bastando 
apenas estabilidade e permanência 
do grupo. Portanto, não é possível a 
figura tentada deste tipo penal. 
O exato instante de consumação ocorre com a 
prática de cada verbo do tipo penal, de forma 
distinta (constituir, organizar, integrar, manter ou 
custear). Trata-se de crime formal e por essa 
natureza, suas ações admitem fracionamento 
(crime plurissubsistente), sendo possível a figura 
tentada. 
Em se tratando do ato de “constituir”, o momento 
consumativo ocorre com a efetiva formação do 
grupo. 
Victor Eduardo Rios Gonçalves e 
Cezar Roberto Bitencourt. 
Damásio de Jesus (minoritária) 
■ Referência Bibliográfica: 
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: 8 Ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2018. (Coleção Esquematizado® / Coordenador Pedro Lenza). 
https://cezarbitencourt.jusbrasil.com.br/

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