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Introdução ao estudo da estrutura humana

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Resumo feito por Luis Eduardo Laranjeira Rocha
Introdução ao estudo da estrutura humana
01 – Anatomia 
A anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. É a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A palavra anatomia deriva do grego ANATOME (ana = partes, tome = corte) e equivale etimologicamente a dissecar, que deriva do latim DISSECARE (dis = separar, secare = cortar), todavia, não se engane: anatomia é uma ciência e dissecação e um dos métodos dessa ciência.
	1.1- Conceitos anatômicos 
I.	Variação anatômica e normal: uma vez que a anatomia utiliza o homem como material de estudo, tornou-se necessário fazer alguns comentários sobre este material. A simples observação de um grupamento humano evidencia, de imediato, diferenças morfológicas entre os elementos que compõem o grupo. Essas diferenças morfológicas são denominadas variações morfológicas e podem apresentar-se externamente ou internamente ao individuo, mas sempre sem causar prejuízo funcional. As descrições anatômicas obedecem, necessariamente, a um padrão que não inclui a possibilidade das variações. Este padrão corresponde a maioria dos casos, ao que é mais frequente, esse padrão é a normalidade.
II.	Anomalia e monstruosidade: podem ocorrer variações morfológicas que determinam perturbação funcional. Quando o desvio padrão anatômico perturba a função, trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Quando a anomalia for tão acentuada que chegue a deformar profundamente a constituição do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, denomina-se monstruosidade.
1.2 – Nomenclatura anatômica 
	Como toda ciência, a anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de nomenclatura anatômica. A criação se deu pois uma mesma estrutura anatômica possuía diferentes nomes em centros de estudos diferentes. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura adotar termos que não sejam apenas sinais de memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura.
			a. = artéria				aa. = artérias
			fasc. = fascículo 			gl. = glândula 
			lig. = ligamento			ligg. = ligamentos
			m. = músculo 				mm.= músculos
			n. = nervo				nn. = nervos
			v. = veia				vv. = veias
			r. = ramo				rr. = ramos	
1.3 – Divisão do corpo humano
	O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo, estando unida ao troco por uma porção estreita, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdômen com as respectivas cavidades torácica e abdominal. A cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois são inferiores ou pélvicos. Cada membro possui uma raiz, pela qual está ligado ao tronco, e uma parte livre.
	Na transição entre braço e antebraço há o cotovelo; entre braço e mão, o punho; entre coxa e perna, o joelho; entre perna e pé, o tornozelo. A região posterior ao pescoço é denominada nuca. A região posterior ao tronco denomina-se dorso. As nadegas correspondem a região glútea.
1.4 – posição anatômica 
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatomicas, considerando-se que a posição pode ser variavel, optou-se por uma posição padrão denominada de posição de descrição anatomica ou posição anatômica. Deste modo, toda descrição deve ser considerada para o individuo nessa posição 			 
1.5 – Planos de delimitação e secção do corpo 
Na posição anatômica, o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico.
5.1 – dois planos verticais, um tangente ao ventre (plano ventral ou anterior) e outro tangente ao dorso (plano dorsal ou posterior). Estes e outros planos paralelos a eles são chamados de frontais. Via de regra, as denominações ventral e dorsal são reservadas ao tronco e anterior e posterior reservadas aos membros. 
5.2 – dois planos verticais tangentes do lado do corpo (planos laterais esquerdo e direito).
5.3 – dois planos horizontais, um tangente à cabeça (plano cranial ou superior) e outro à planta do pés (plano podálico).
OBS – o tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice do cóccix, ou seja, o osso que no homem da cauda, por isso o esse plano é denominado: plano caudal.
Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção:
	5.4 – Planos mediano: divide o corpo em duas metades.
5.5 – Planos sagitais: toda secção do corpo feita por planos paralelos ao corte sagital.
	5.6 – Planos frontais ou coronal: são aqueles paralelos aos planos ventral e dorsal.	
	5.7 – Planos transversais ou axiais : são paralelos aos planos cranial, caudal e podalico
1.6 – Eixos do corpo humano
 	São linhas imaginarias traçadas no individuo, inclusas no paralelepípedo, ou seja, dentro das delimitações dos planos.
		6.1 – eixo sagital ou ântero-posterior: une o centro do plano dorsal com o do plano ventral. É um eixo heteropolar pois suas extremidades tocam porções não correspondentes do corpo
		6.2 – eixo longitudinal ou crânio-caudal: une o centro do plano cranial com o centro do plano podálico. Igualmente heteropolar.
		6.3 – eixo transversal ou látero-lateral: une os centros dos planos laterais esquerdo e direito. É homopolar, pois suas extremidades tocam em pontos correspondentes do corpo.
1.7 – Termos de posição e direção
O estudo da forma do órgão vale-se, geralmente, da comparação geométrica. Assim, conforme o órgão, são descritos faces, margens, extremidades ou ângulos, designados de acordo com os correspondentes planos fundamentais para os quais estão voltados. Por exemplo, uma face que olha para o plano mediano é a face medial, e a que está voltada para o plano de um dos lados é a face lateral.
A situação e a posição dos órgãos são indicadas, também, em função desses planos: um órgão mais próximo ao plano mediano é medial ou se acha medialmente em relação a outro que lhe fica lateralmente. Então observa-se:
A estrutura mais próxima ao plano mediano, em relação a outra, é dita medial.Planos mediano e laterais
Planos frontais
Planos transversais
A estrutura mais próxima ao plano lateral, em relação a outra, é dita lateral.
A estrutura situada entre duas, uma lateral e outra medial, é chamada de intermédia.
A estrutura mais próxima ao plano ventral é denominada ventral
A estrutura mais próxima ao plano dorsal é denominada dorsal
A estrutura situada entre duas, uma dorsal e outra ventral, é chamada de média
A estrutura mais próxima ao plano cranial é denominada cranial ou superficial
A estrutura mais próxima ao plano caudal é denominada caudal ou inferior ou profunda
OBS - o plano é MEDIANO, a posição em relação ao plano mediano pode ser MÉDIAL, e ocorre MÉDIA nas posições relacionadas aos planos coronais (frontais). Em relação aos membros emprega-se termos especiais de posição que são os adjetivos proximal e distal, que revelam a posição em relação à raiz do membro.
2.0 – Radiologia
Uma investigação diagnóstica é baseada em um tripé. A colheita da historia clínica e do exame físico são usados na formulação de uma hipótese diagnóstica, que será averiguada a partir de testes diagnósticos: imagens. Esses exames complementares irão comprovar existência ou não da doença referida na hipótese diagnostica, para isso devem ser específicos.
Deve ser considerado suas característicasde confirmar/descartar as doenças suspeitadas.
Nos diagnósticos por imagem, deve-se ter em mente o conceito de especificidade e sensibilidade. Sensibilidade é a capacidade do método em reconhecer os doentes, enquanto especificidade é a capacidade do método em reconhecer os saudáveis. Precisamos discriminar os doentes e saudáveis, portanto precisamos tanto de sensibilidade como de especificidade. É fácil simular a invenção de um método 100% sensível: é só dizer que toda a população é doente. Porém nesse caso teremos 0% de especificidade, ou seja, nenhum saudável será reconhecido como tal. Esse método não serve para nada. Não discrimina nada. Daí surge a importância de pensar sempre nos dois parâmetros conjuntamente.
“O diagnóstico por imagem consiste na utilização de qualquer forma de radiação ionizante, sonora ou magnética, passível de transformação em imagens, para fins diagnósticos e terapêuticos [KOCH, 2012].”
Atualmente existem diversos métodos agrupados pelo princípio biofísico a partir do qual a imagem é formada. São eles: Radiação ionizante, radiofrequência, ondas sonoras e radioisótopos. Conhecê-los é importante para correlacionar seus sinais com os achados correspondentes.
	2.1- Radiologia convencional
	Chama-se de radiologia convencional o método que deu origem ao nome da especialidade, para separá-lo dos novos métodos de investigação por imagem que não utilizam os raios X.
Os raios X são radiações eletromagnéticas de pequeno comprimento de onda que se propagam em linha reta, com velocidade da luz, ionizando a matéria, inclusive o ar. Podem ultrapassar, ser absorvidos ou refletidos pela matéria, dependendo do peso anatômico desta, e da energia dos raios.
Os raios atravessam o paciente, impressionando o filme radiográfico associado ao écran, que funciona como intensificador da imagem. O resultado são imagens bidimensionais com tons variando do negro ao branco, a depender da densidade radiológica do tecido. Como as imagens são obtidas em um único plano são necessárias diversas posições do paciente (incidências) para obtenção de informações mais precisas.
	Os raios X absorvidos no corpo do paciente não sensibilizam o filme e correspondem a áreas brancas após a revelação. As áreas negras indicam que a radiação não sofreu obstáculos, atravessando o corpo e sensibilizando o filme. As tonalidades de cinza indicam diferentes graus de absorção da radiação. A esta escala denominamos “densidades radiográficas”. A imagem branca pode ser definida como “opacidade” ou “imagem radiopaca” e a imagem negra como “transparência” ou “imagem radiotransparente”. Portanto, o metal, o cálcio, e menor grau as partes moles são radiopacos, pois bloqueiam ou absorvem maior parte da radiação, enquanto a gordura e o ar são radiotransparentes, pois quase não oferecem resistência à radiação.
•	Obs – estruturas do corpo que têm densidade de partes moles são cinzas : tecidos conectivos, músculos, sangue, cartilagem, pele, cálculos de colesterol (de vesícula) e cálculos de acido úrico (de rim).
•	Obs – além das densidades radiográficas, uma imagem se define pelo contraste radiológico. Não podemos distinguir duas estruturas que possuem mesma densidade radiográfica. É preciso que a estrutura seja delineada por material de outra densidade para que se torne nítida.
	1.2 – Tomografia computadorizada
	Como o próprio nome já diz, é uma tomografia realizada com o auxilio de um computador. O método utiliza um tubo de raios X, que emite radiações movendo-se em semicírculos, em torno do paciente. Ao invés do filme convencional, a radiação é captada por sensores conectados ao computador, que decodificam a intensidade da radiação em valores numéricos e os transformam numa escala de tons, que varia do branco ao preto, passando por tonalidades de cinza. Na TC estudam-se as estruturas em cortes axiais e, em alguns casos, cortes coronais. Devido a posição dos tubos raio X, os cortes sagitais dificilmente são conseguidos.
	Cada tipo de tecido, de acordo com uma faixa de densidade, é representado por um tom de cinza, o contraste entre as diversas estruturas cria limites bem definidos que nos permitem identificar a anatomia e suas alterações. É como se fossem feitas radiografias de cada corte, eliminando as sobreposições e aumentando a nitidez.
	A radiografia em duas incidências permite estudar a topografia e contornos da lesão. Na tomografia linear os contornos ainda são mais nítidos. Já na TC podemos estudar densidade, relação com estrutura vizinha e plano de clivagem.
	•Vantagens 
Obtenção de imagens em cortes, sem superposição
Capacidade de detectar diferenças de densidade tissular de ordem de até 0,5%
Capacidade de identificar componentes dominantes nas estruturas
Possibilidade de processar as imagens a qualquer momento, através de dados armazenados em discos magnéticos
Desvantagens
Alto custo
Utiliza radiação ionizante e meio de contraste iodado
Limitação de planos de corte em equipamentos mais antigos que não fornecem boas imagens de reconstrução
	2.3 – Ultra – sonografia
	É o método de diagnostico por imagem que utiliza ondas sonoras com frequência acima das audíveis pelo ouvido humano, chamadas de ultra-som. Como é sabido por todos, a onda sonora é uma onda mecânica produzida por qualquer fonte vibratória.
	Esse exame é possível por que o transdutor (equipamento que faz a varredura no paciente) tem como principais componentes cristais que apresentam os efeitos piezoelétricos (materiais capazes de transformar força mecânica em elétricae ,também, elétrica em mecânica). À medida que o som se propaga nos tecidos, parte dele é refletida de volta ao aparelho e parte é absorvida, com consequente atenuação do feixe sonoro. Quanto maior a frequência do ultra-son, menor é o seu poder de penetração e melhor é a resolução da imagem. As diferentes estruturas do corpo humano refletem as ondas sonoras (ecos) que são captadas pelo transdutor e transformadas novamente em sinais elétricos, os quais serão transformados em imagens no monitor.
	As imagens são formadas pela varredura do feixe sonoro criando um plano anatômico. Devido a fácil mobilização do transdutor, o operador pode selecionar planos: transversais, oblíquos ou sagitais.
	Cada amplitude do eco corresponde a uma determinada tonalidade de cinza, que varia numa faixa entre preto e o branco e que é denominada de escala de cinza. Uma reflexão muito forte corresponde a um eco branco na imagem, enquanto a ausência de reflexão é visibilizada como uma área preta.
		A maior parte dos tecidos biológicos transmite bem as ondas sonoras. O ar, o osso e as estruturas calcificadas possuem densidade muito diferente dos tecidos moles em geral e por essa razão não transmitem bem o som causando uma forte reflexão (BRANCO). O liquido transmite muito bem o som, não produzindo reflexão ou ecos (imagem preta ou anecóica) (PRETO).
•Vantagens
Não utiliza radiação ionizante
Imagens em tempo real (rapidez)
Flexibilidade na escolha dos planos de corte
Sensibilidade na detecção de liquido intra-cavitário 
Baixo custo
•Desvantagens
Não permite analisar a função dos órgãos
Operador dependente
	1.4 – Ressonância Magnética
	É um método radiológico que utiliza radiação eletromagnética na formação da imagem. O mecanismo é bastante complexo, dependendo basicamente da presença de núcleos de hidrogênio nos tecidos, os quais sofrerão influencia de um campo magnético e de estímulos de radiofrequência do aparelho.
	O aparelho compreende um sistema de imãs, bobinas e um conjunto de computadores. O equipamento gera um campo magnético que ira excitar os prótons teciduais do segmento escolhido. O segmento é escolhido através da emissão de ondas secundarias que limitam a ação do campo primário. Ao fim do estimulo, os prótons liberam ondas de radiofrequência que serão captadas por receptores e processados pelo computador e assim formaram as imagens. Esses dados são codificados em tonalidades de cinza.
	Ressonância refere-se acapacidade de dois meios trocarem energia entre si. No caso a RM refere-se à capacidade de prótons teciduais receberem e devolverem energia em forma de radiofrequência. Com o tempo descobriu-se que núcleos atômicos apresentam movimentos próprios, que, na ausência de campo magnético externo, são aleatórios (SPINS). Com o fornecimento de um campo magnético externo os SPINS se alinham. Cessando o fornecimento os SPINS retornarão para o movimento inicial e liberarão a energia sob a forma de ondas de radiofrequência, que serão captadas pelo equipamento. Quanto maior a concentração de prótons de hidrogênio em um segmento estimulado, mais intenso é o sinal da ressonância e, portanto, mais escura sua cor.
O tempo que os SPINS levam para se alinharem de acordo com o eixo magnético é chamado de T1.
Dica - “A primeira televisão L-G era Preta e Branca” , grave essa frase e lembre:
 Em T1 liquor – preto/ gordura – branca
O tempo que os SPINS levam para se realinharem é chamado de T2.
•Vantagens
Não utiliza radiação
Não precisa de contraste iodado (reduzindo riscos do exame)
Imagens com maiores detalhes anatômicos
•Desvantagens
Efeito magnéticos sobre corpos estranhos metálicos existentes no organismo
Contra-indicado em caso de claustrofobia, gravidez com menos de 12 semanas,
Não serve para estudo de calcificações
	2.5 – Radioisótopos
	A medicina nuclear fundamenta-se na captação de radiação gama emitida por isótopos radioativos artificiais injetados ou ingeridos pelo paciente. Normalmente os radioisótopos têm as mesmas propriedades químicas do seu isótopo estável no organismo, mas como o corpo não faz distinção entre eles, pode-se acompanhar o processo normal de captação deste material através da radiação emitida. As imagens são chamadas de cintilografias ou cintigrafias.

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