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IMPOSTOS FEDERAIS (IR, ITR, IGF, IOF)

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SUMÁRIO
1 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS........................................................2
1.1 Definição...............................................................................................................................2
1.2 Fato Gerador e Hipótese de Incidência.................................................................................2
1.3 Base de Cálculo.....................................................................................................................5
1.4 Alíquotas...............................................................................................................................5
1.5 Sujeito Ativo.........................................................................................................................6
1.6 Sujeito Passivo......................................................................................................................6
1.7 Especificidades......................................................................................................................7
1.8 Observância às Anterioridades..............................................................................................8
2 IMPOSTO SOBRE RENDA E PROVENTOS...................................................................9
2.1 Definição...............................................................................................................................9
2.2 Fato Gerador e Hipótese de Incidência.................................................................................9
2.3 Base de Cálculo e Alíquotas...............................................................................................12
2.4 Sujeito Ativo.......................................................................................................................13
2.5 Sujeito Passivo....................................................................................................................14
2.6 Especificidades....................................................................................................................15
2.7 Observância às anterioridades.............................................................................................16
3 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL...............................17 3.1 Definição.............................................................................................................................17 
3.2 Base de Cálculo...................................................................................................................18
3.3 Alíquotas.............................................................................................................................19
3.4 Fato Gerador e Hipótese de Incidência...............................................................................20
3.5 Sujeito Ativo e Passivo.......................................................................................................22
3.6 Especificidades....................................................................................................................22
3.7 Observância às Anterioridades............................................................................................25
4 IMPOSTO SOBRE AS GRANDES FORTUNAS.............................................................25
4.1 Definição.............................................................................................................................25
4.2 Fato Gerador e Hipótese de Incidência...............................................................................26	
4.3 Base de Cálculo e Alíquotas...............................................................................................26
4.4 Sujeito Ativo.......................................................................................................................27
4.5 Sujeito Passivo....................................................................................................................28
4.6 Especificidades....................................................................................................................28
4.7 Observância às Anterioridades............................................................................................29
5 REFERÊNCIAS...................................................................................................................30
1 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS - IOF
1.1 DEFINIÇÃO
	O Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou sobre operações relativas a títulos ou valores imobiliários (IOF) é disciplinado no art. 153, V da Constituição da República Federativa do Brasil de 1998 (CF/1988), no art. 63 e seguintes do Código Tributário Nacional (CTN) e nos decretos n.6.306/2007 e 6339/2008.
	O art. 153, V, da CF, estabelece ser de competência da União a instituição do IOF, cuja abreviatura deriva de seu nome resumido “Imposto sobre Operações Financeiras”. É sucessor do antigo Imposto do Selo, e sua origem é o advento da Emenda Constitucional n. 18/65. Leandro Paulsen e José Eduardo Soares de Melo apud Fernandino Barreto Aires, orientam que o termo "operações", observado sob a ótica estritamente jurídica, expressa atos que são regulados pelo Direito e capazes de produzir efeitos jurídicos, isto é, negócios jurídicos. A função predominante no IOF é extrafiscal (controle da política monetária), embora não se possa desdenhar a sua função fiscal, que enseja o recolhimento de somas consideráveis. A arrecadação relativa a esse imposto ocorre nas operações realizadas por instituições financeiras (como os bancos, Caixas Econômicas, corretoras, lojas de câmbio, empresas de seguros privados etc). 
1.2 FATO GERADOR E HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
	O fato gerador do IOF, previsto no art. 63 do CTN e segundo o Decreto n. 6.306/2007, será, de acordo com Eduardo Sabbag:
quanto às operações de crédito, sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que configura o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (art. 3º do Decreto n.6.306/2007);
quanto às operações de câmbio, sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional, entregue ou posta à disposição por este. Por exemplo: cheques internacionais de viagem – o fato gerador ocorre no momento da liquidação do contrato ou câmbio (art. 11 do Decreto n.6.306/2007);
quanto às operações de seguro, sua efetivação pela emissão da apólice, ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável (art. 18 Decreto n.6.306/2007);
quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate desses, na forma de lei aplicável (art. 25 Decreto n.6.306/2007). Saliente -se que, se na operação vierem as três situações supramencionadas, o IOF será cobrado tão somente uma única vez.
	Os critérios temporais do fato gerador são, de acordo com o art. 63 do CTN: 
Em relação às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega do montante seja ela parcial ou total, ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; 
No que concerne às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;
Relativamente às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou ainda pelo recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável
No que tange às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.
	O elemento material do fato gerador é a operação de crédito, câmbio, seguro ou operações com títulos e valoresmobiliários. Isto é, as operações de transmissão, resgate, pagamento, dentre outras relacionadas aos itens citados. Ademais, significa que, para que que haja ocorrência do fato gerador, deve ocorrer uma operação respectiva. A operação é entendida como um negócio jurídico. A posse, tão somente, de um título mobiliário, por exemplo, não configura fato gerador do imposto.
	O tributo possui, de acordo com Paulsen e Melo quatro bases econômicas tributáveis: operações de crédito, operações de câmbio, operações de seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários. Parte da doutrina opta por designar o IOF de acordo com sua base tributada: IOF-Crédito, IOF-Câmbio, IOF-Seguro e IOF-Títulos e Valores Mobiliários.
	No caso do IOF-Títulos e Valores Mobiliários é interessante a análise do seguinte julgado: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS. IOF. INCIDÊNCIA SOBRE A TRANSMISSÃO DE AÇÕES DE COMPANHIAS ABERTAS E RESPECTIVAS BONIFICAÇÕES. ART. 1º, IV, DA LEI 8.033/90. 1. Tese do Tema 109 da sistemática da repercussão geral: É constitucional o art. 1º, IV, da Lei 8.033/90, uma vez que a incidência de IOF sobre o negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da Constituição Federal, sem ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a reserva de lei complementar. 2. Não há incompatibilidade material entre os arts. 1º, IV, da Lei 8.033/90, e 153, V, da Constituição Federal, pois a tributação de um negócio jurídico que tenha por objeto ações e respectivas bonificações insere-se na competência tributária atribuída à União no âmbito do Sistema Tributário Nacional, para fins de instituir imposto sobre operações relativas a títulos ou valores mobiliários. 3. A instituição do IOF-Títulos e Valores Mobiliários não ofende o princípio da anterioridade, dada expressa previsão no art. 150, III, b e § 1º, do Texto Constitucional, ao passo que também não viola o princípio da irretroatividade, porquanto tem por fato gerador futura operação de transmissão de títulos ou valores mobiliários. 4. A reserva de lei complementar para a instituição de imposto de competência da União somente se aplica no caso de tributos não previstos em nível constitucional. Precedentes. 5. Recurso extraordinário conhecido a que se dá provimento, para reformar o acórdão recorrido, assentando a constitucionalidade do art. 1º, IV, da Lei 8.033/90 e, com efeito, a exigibilidade do IOF sobre a transmissão de ações de companhias abertas e respectivas bonificações.(STF - RE: 583712 SP - SÃO PAULO, Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 04/02/2016, Tribunal Pleno)
A operação de crédito é uma prestação presente contra a promessa de uma prestação futura, por exemplo empréstimos bancários a juros, financiamentos, títulos descontados, fiança bancária.Segundo a Súmula n.664 do Supremo Tribunal Federal (STF) saques efetuados em caderneta de poupança não se enquadram nesta categoria. Assim dispõe o seguinte julgado:
TRIBUTÁRIO. IOF SOBRE SAQUES EM CONTA DE POUPANÇA. LEI Nº 8.033, DE 12.04.90, ART. 1º, INCISO V. INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 153, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura e, ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando título destinado a assegurar disponibilidade de valores mobiliários, não pode ser tido por compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos ou valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de incidência do IOF, prevista no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e improvido; com declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal sob enfoque. (STF, RE nº 232.467-5, Pleno, relator Min. Ilmar Glavão, 29/09/99). (PAULSEN, MELO. 2012, P.99)
Sabbag explica que a operação de câmbio é a troca de moedas, uma por outra. Pode ocorrer de diferentes formas como ser de câmbio manual (em espécie e travellers checks) ou câmbio sacado (troca escritual, por letras de câmbio, cartas de crédito, ordens de pagamento ou cheques).A operação de seguro é a apólice entre a segurador e o segurado, pelo qual a primeira se obriga a uma garantia contra o risco de eventual dano. As operações relativas a títulos e valores mobiliários sugerem a transferência de propriedade desses títulos. São, por exemplo, as ações, notas promissórias, letras de câmbio, certificados de depósitos bancários, e outros.
1.3 BASE DE CÁLCULO
A base de cálculo do IOF, prevista no art. 64 do CTN e segundo o Decreto n. 6.306/2007, será:
quanto às operações de crédito, o montante da operação (mútuo, financiamento, empréstimo), compreendendo o principal mais juros (art. 7º);
quanto às operações de câmbio, o respectivo montante da operação em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição (art. 14);
quanto às operações de seguro, o montante do prêmio (art. 21);
quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários (art. 28) será o valor nominal mais o ágio, se houver (na emissão); o preço, o valor nominal ou o valor da cotação em bolsa, como determina a lei (na transmissão) e o respectivo preço (no pagamento ou resgate).
1.4 ALIQUOTAS
As alíquotas do IOF são proporcionais, e variam de acordo com a natureza das operações financeiras ou de mercado de capitais.
Operações de crédito: A alíquota máxima é de 1,5% ao dia e incide sobre o valor das operações de crédito (base de cálculo). (art. 6º do Decreto n. 6.306/2007) ;
Operações de câmbio: A alíquota máxima do IOF é de 25% (art. 15 do Decreto n. 6.306/2007) e incide sobre o valor total em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição, que corresponda ao valor, em moeda estrangeira, da operação de câmbio;
Operações de seguro: A alíquota máxima é de 25% e incide sobre o valor dos prêmios de seguro pagos (art. 22 do Decreto n.6.306/2007);
Operações relativas a títulos ou valores mobiliários: A alíquota máxima é de 1,5% ao dia. (art. 29do Decreto n. 6.306/2007);
Operações com ouro (quando ativo financeiro ou instrumento cambial): A alíquota é de 1%, e a base de cálculo do IOF serão o preço de aquisição do ouro, desde que dentro dos limites de variação da cotação vigente no mercado doméstico, no dia da operação (arts. 38 e 39 do Decreto n. 6.306/2007).
Em relação às alíquotas do IOF-Crédito Paulsen e Melo fazem alguns adendos: a alíquota de 1,5% ao dia poderia caso praticada irrestritamente, mostrar-se demasiadamente onerosa. O limite estabelecido pelo legislador dá ao Executivo um âmbito largo de dimensionamento do IOF-Crédito, dentro do qual o Executivo optou por estabelecer uma “alíquota reduzida” para a grande parte das operações e alíquota zero em alguns casos.
Em relação ao aspecto quantitativo do IOF-Câmbio há casos de redução, como observado pelos autores supramencionados.
A Lei 8.661/93, secundada pelo art. 17 do Regulamento, dispõe sobre os incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da indústria e da agropecuária, cuidando dos Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (PDTI) e Programas de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário (PDTA), estabelecendo redução de 50% do IOF das empresas industriais e agropecuárias que executarem tais programas, percentual este que restou reduzido a 25% pelo art. 59 da Lei 9.532/97.” (PAULSEN, MELO. 2012, P. 116).
Ainda segundo os autores, no caso do IOF-Seguros por se tratar de imposto que, seguindo os preceitos do art. 153, § 1º, da CF, as alíquotas são passíveis de alteração pelo Executivo com observância aos limites e as condições estabelecidos por lei, também vigem alíquotas reduzidas. 
A alíquota aplicável às operações de seguro em geral é de 7,38%. Mas é de 2,38% a alíquota para os seguros privados de assistência à saúde e de 0% a alíquota para casosespeciais como resseguro, seguro obrigatório vinculado a financiamento habitacional, seguro de crédito à exportação etc. Para os seguros de vida, a alíquota é de 0,38%. Tudo conforme o art. 22 do Decreto 6.306/07..” (PAULSEN, MELO. 2012, P. 116).
No caso do IOF-Ouro o imposto é de 1% sobre o preço de aquisição do ouro, tendo em vista os limites de variação da cotação vigente. A incidência sobre operação com o ouro ativo financeiro ou instrumento cambial é disciplinada pela Lei 7.766/89, arts. 4º a 12, refletida nos arts. 36 a 40 do Decreto 6.306/07, como afirmado por Paulsen e Melo.
1.5 SUJEITO ATIVO
Segundo o artigo 153, V, da CFRB/1988, o IOF é um imposto de competência da União e a sua arrecadação ocorre nas operações realizadas por instituições financeiras, tais como bancos, caixas econômicas, corretoras, lojas de câmbio, empresas de seguros privados, entre outras.
1.6 SUJEITO PASSIVO
Os sujeitos passivos do IOF são definidos taxativamente pelo decreto 6.306/2007, sendo eles as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito (art. 4º), as compradoras ou vendedoras de moeda estrangeira, nas operações referentes à transferência financeira para o exterior (art. 12), as pessoas físicas ou jurídicas seguradas (art. 190, os adquirentes de títulos ou valores mobiliários e instituições financeiras (art. 26, I e II), as instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuarem a primeira aquisição do ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial (art. 37).
1.7 ESPECIFICIDADES
Ressalva a princípio constitucional: o art. 153, § 1º, da CF assevera que é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites de teto e piso de alteração estabelecidos em lei, flexibilizar as alíquotas do IOF, sendo assim uma exceção ao princípio da Legalidade tributária. Entretanto, Sabbag pondera acerca desse tributo, pontuando o fato de que não se trata de uma exceção propriamente dita ao referido princípio:
Falar em “exceção” ao princípio em tela parece não ser a melhor exegese dos preceptivos que ressalvam a legalidade, haja vista referirem-se eles a exações tributárias que dependem de lei, mas que podem ter uma alteração de alíquotas empreendidas por ato do Poder Executivo. A bem da verdade, todos os tributos estão sujeitos ao princípio da legalidade, embora, em relação a alguns, sob as vestes de uma “aparente exceção”, nos dizeres de José Eduardo Soares de Melo, o princípio se mostre mitigado, com relação às alíquotas (e não com relação à base de cálculo!). (SABBAG, 2016, p.2454)
Tal flexibilidade tem como principal objetivo o controle da política monetária através da regulação da economia ou do mercado do país, característica da extrafiscalidade. Por meio dos impostos extrafiscais é possível fomentar ou desestimular determinados comportamentos do contribuinte. 
Com base nessas premissas, é possível entender a lógica de tal flexibilidade de que dispõe o Poder Executivo no manej o das alíquotas, prescindindo-se da anuência do Poder Legislativo. Tais impostos são dotados de extrafiscalidade – poderoso instrumento financeiro empregado pelo Estado a fim de estimular ou inibir condutas, tendo em vista a consecução de finalidades não meramente arrecadatórias. Note que a extrafiscalidade orienta-se para fins outros que não a captação de recursos para o Erário, visando corrigir externalidades. (SABBAG, 2016, p.2456)
Segundo a Súmula n. 34 do TRF da 4ª Região, há imunidade municipal em relação ao IOF, em respeito à Imunidade Intergovernamental Recíproca. Além disso, a súmula n. 185 do STJ determina que “Nos depósitos judiciais, não incide o IOF”. O imposto incidirá também sobre operações de factoring, mas não sobre as de poupança :
EMENTA: TRIBUTÁRIO. IOF SOBRE SAQUES EM CONTA DE
POUPANÇA. LEI N. 8.033, DE 12-04-1990, ART. 1º, INCISO V.
INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 153, V, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura e, ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando título destinado a assegurar a disponibilidade d valores mobiliários, não pode ser tido por compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos ou valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de incidência do IOF, previsto no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e improvido; com declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal sob enfoque.
(RE 232.467/SP, Pleno, rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 29-09-1999) 
Há também uma Imunidade para o IOF-OURO. Em se tratando de ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial, o IOF será cobrado uma única vez, no local da extração. Embora não seja a extração o seu fato gerador, e sim a origem do negócio jurídico envolvendo o material. Além disso, pontua Luciana Pimenta (PIMENTA, 2015), o ouro utilizado para fabricação de joias e odontologia não será atingido por não se tratar de ativo financeiro ou instrumento cambial.
Dispõe sobre esse assunto a lei 7.766 de 11 de maio de 1989:
Art. 1º. O ouro em qualquer estado de pureza, em bruto ou refinado, quando destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em operações realizadas com a interveniência de instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, na forma e condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, será, desde a extração, inclusive, considerado ativo financeiro ou instrumento cambial. (...) (...)
Art. 4º. O ouro destinado ao mercado financeiro sujeita-se, desde sua extração, inclusive, exclusivamente à incidência do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários. 
§ 1º. A alíquota será de 1%. (BRASIL, 2017)
A constituição federal de 1988 também versa a respeito do IOF- Ouro:
Art. 153. Compete à União instituir imposto sobre: (...) § 5º. O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de 1%, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
I – 30% para o Estado, Distrito Federal ou o território, conforme a
origem;
II – 70% para o município de origem. (BRASIL, 2017)
Por último, em observância ao Princípio da não afetação dos impostos, constante do art.167, IV, da CRFB/88, foi revogado o artigo 67 do CTN que destinava a receita do IOF à formação de reservas monetárias ou cambiais.
1.8 OBSERVÂNCIA À ANTERIORIDADE
Segundo o § 1º do art. 150 da Constituição, a alteração das alíquotas do IOF não se sujeita ao Princípio Constitucional da Anterioridade. Exemplo disso é o Decreto n. 6.339, de 3 de janeiro de 2008, que alterou as alíquotas do IOF, em cujo art. 2º está prevista a concomitância da vigência e da eficácia na mesma data da publicação (03-01-2008):
 
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos em relação às operações contratadas a partir dessa data.
Após a Emenda Constitucional n. 42/2003, o IOF, originalmente uma exceção ao período de anterioridade anual (art. 150, § 1º, “parte inicial”, da CF) se tornou também uma exceção ao período de anterioridade nonagesimal (art. 150, § 1º, da CRFB/88). Dessa forma, a alteração da alíquota não se sujeita aos Princípios Constitucionais Tributários da Legalidade (art. 153, § 1º, da CF) e da Anterioridade (art. 150, § 1º, da CF), seja ela anual ou nonagesimal. Essa é a razão, segundo Sabbag, de o IOF ser considerado um gravame “flexível”;
2 IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS - IR
2.1 DEFINIÇÃO
O Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza é tributo cuja instituição é de competência da União, conforme estabelece o art. 153, III, da CF, que também indica os critérios específicos do imposto, quais sejam: generalidade, universalidade e progressividade. As normas gerais pertinentes a esse tributo, que definem arquétipos para base de cálculo,fato gerador e contribuintes, encontram-se no CTN, arts. 43 a 45.
O imposto sobre a renda e tributos, de caráter fiscal, é uma das principais fontes de receita da União, quanto aos impostos federais. Além disso, é capaz de promover a redistribuição de renda, uma vez que os maiores rendimentos são tributados de maneira mais gravosa (progressividade). 
2.2 FATO GERADOR E HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
Segundo o CTN (art. 43) a hipótese de incidência do IR é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. 
Os termos “renda” e “proventos de qualquer natureza” delimitam o que pode ser tributado e o que não pode ser tributado no IR, de forma que, incorrerá em inconstitucionalidade, o legislador ordinário que ultrapassar os limites desses conceitos. 
Segundo entendimento da doutrina e jurisprudência, renda e proventos significam um acréscimo patrimonial, que é, portanto, elemento comum e nuclear. A renda é o acréscimo auferido do capital, do trabalho ou de ambos, enquanto que os proventos de qualquer natureza são aqueles que decorrem de uma atividade que já cessou, não abarcados no conceito de renda. 
A renda obtida do capital são os royalties, recebimentos decorrentes de aplicações, lucros, etc; do trabalho, os salários, honorários, entre outros, já a decorrente da combinação do capital e do trabalho, pró-labores, lucro, etc. Por sua vez podem ser citados como proventos de qualquer natureza as aposentadorias, pensões, ganhos em loteria, doações e os acréscimos decorrentes de atividade criminosa. 
Segundo Paulsen (PAULSEN, 2017, p. 349), não se admite a tributação do próprio capital ou faturamento, como tributação da renda ou de proventos, uma vez que esses pressupõem o aumento patrimonial. Tal situação incorreria na pena de extrapolação da base econômica do imposto. 
Ademais, existe certo consenso sobre as indenizações não consistirem renda ou proventos, de forma que não ensejam a incidência do tributo em estudo.Isso porque não provocam um aumento patrimonial, sendo, apenas, uma recomposição de perdas. Este entendimento se faz em consonância com a jurisprudência das Turmas de Direito Público do Superior Tribunal de Justiça, como se observa no seguinte julgado; Resp Nº 644.290/SP.
RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE. TRIBUTÁRIO. VERBAS INDENIZATÓRIAS. FÉRIAS E ADICIONAL DE FÉRIAS NÃO-GOZADAS POR OPÇÃO, NÃO LHES RETIRA O CARÁTER INDENIZATÓRIO. NÃO-INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 125 E 136 DO STJ.
A impossibilidade dos recorridos de usufruir dos benefícios, criada pelo empregador ou por opção deles, titulares, gera a indenização, porque, negado o direito que deveria ser desfrutado in natura, surge o substitutivo da indenização em pecúnia. O dinheiro pago em substituição a essa recompensa não se traduz em riqueza nova, nem tampouco em acréscimo patrimonial, mas, apenas recompõe o patrimônio do empregado que sofreu prejuízo por não exercitar esse direito.
Não-configurada, portanto, hipótese de incidência do imposto de renda previsto no art. 43 do Código Tributário Nacional.
Recurso especial provido.
(REsp Nº 644.290/SP – 2ª T - 2004/0037666-2 - Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 29/11/2004)
Contudo, Paulsen (PAULSEN, 2017, p. 349) destaca que a simples denominação “Indenizações” não é capaz, por si só, de impedir a tributação. Isto é, devem ser analisadas suas particularidades, para que tal decisão seja válida. Verbas que proporcionem um aumento patrimonial ensejam, assim, a incidência do Imposto de Renda mesmo que esteja a título de indenizações. 
Assim, e.g., as supostas indenizações pagas por liberalidade do empregador quando da rescisão do contrato de trabalho. O STJ também tem precedentes no sentido de que a complementação de aposentadoria recebida por ocasião da aposentadoria incentivada, para assegurar paridade com o salário da ativa, se sujeita ao IR. (p.350)
Retomando o art. 43 do CTN, fato gerador do IR é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza; resta conceituar o termo disponibilidade utilizado pelo código. 
A disponibilidade afasta do fato gerador a mera expectativa de ganho futuro ou em potencial, trata-se do que é disponível, pode ser utilizado. 
A disponibilidade econômica representa a incorporação concreta ao patrimônio, “é a obtenção da faculdade de usar, gozar e dispor de dinheiro ou de coisas conversíveis” (SABBAG, 2017, p. 1615). Já a disponibilidade jurídica é a aquisição do direito ao crédito, livre de condição suspensiva. Há um título de recebimento, mas o acréscimo patrimonial não está economicamente disponível. Ilustrando-se, na primeira situação haveria um pagamento à vista, enquanto que para fins da segunda, o pagamento seria feito em cheque. 
Por sua vez, tese minoritária, abraçada anteriormente por Ricardo Alexandre, classifica a disponibilidade com base em sua causa e não na capacidade de disposição como fora explicitado. Dessa forma, a juridicidade ou não da conduta, que proporcionou o aumento patrimonial, determina se trata-se de disponibilidade econômica ou jurídica.
Se a conduta for consoante o direito, segundo tal corrente, caracterizaria a disponibilidade jurídica. Enquanto que a dissonante, a econômica. Contudo essa visão é minoritária, prevalecendo o primeiro entendimento explicitado. Nas palavras de Ricardo Alexandre: “[...] são sedutores os argumentos dos que alegam que, para a compreensão da definição legal do fato gerador do imposto de renda, o que precisa ser qualificado como econômico ou jurídico é a disponibilidade do rendimento, e não sua causa [...]”.
Há ainda movimentos doutrinários que argumentam a favor da abolição da classificação da disponibilidade, tendo-se em vista que os conceitos se confundem. Uma vez que é possível obter o dinheiro, a concreta incorporação ao patrimônio, a partir do direito ao crédito, conclui-se que é possível haver a transformação da disponibilidade jurídica em econômica. Se é passível de conversão, a disponibilidade jurídica é, então, no fundo econômica. 
2.3 BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA 
A base de cálculo do IR é o montante real, arbitrado ou presumido, da renda e dos proventos de qualquer natureza. Ele é obtido pela diferença entre o valor bruto auferido com a receita e o provento e os encargos admitidos em lei (planos de saúde, gastos com dependentes, despesas com educação, estas com limite individual por dependente, etc), sendo, assim, representação do rendimento líquido.
Quanto as alíquotas, o IRPF possui quatro, sendo 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%. A primeira e a terceira alíquota na ordem apresentada foram criadas, pelo Governo Brasileiro em 2008, como estratégia para amenizar os impactos da crise global deflagrada naquele ano. 
Com a MP 528/2011, os valores correspondentes as faixas de valor da base de cálculo foram alteradas. Nos anos seguintes promoveram-se sucessivas atualizações, desenhando-se, assim, uma tabela progressiva. O campo de isenção, no ano calendário 2015 (exercício 2016), era para rendimentos até R$ 1.903,98 mensais. 
	
A fixação das alíquotas deve observar os princípios da generalidade, universalidade e progressividade, assim como determina a CF em seu art. 153, § 2°.
A generalidade significa que todos os contribuintes que praticarem o fato gerador do IR, isto é, auferir acréscimos patrimoniais, serão abrangidos pelo tributo, independente da profissão.
Em razão da universalidade o imposto de renda deve incidir sobre todas as rendas e proventos obtidos pelo contribuinte, dessa maneira nenhum fato descrito na hipótese de incidência, deixará de ser tributado.
Por fim, a progressividade exige o aumento da tributação com maiores alíquotas conforme há o aumento da base de cálculo. Este princípio permite que a tributação da renda seja proporcional à capacidade contributiva, auxiliando a redistribuição de renda. 
Válido ressaltar a observação de Alexandre (ALEXANDRE, 2017, p. 656) acerca da conceituação destes princípios, apontandoque a diferença entre a universalidade e generalidade não é uniforme. Para alguns autores a generalidade corresponde a tributação de todos os rendimentos, enquanto que a universalidade impõe a tributação de todas as pessoas.
Apesar de consagrada a progressividade do imposto, há autores que a questionam, apontando estudos que revelam uma baixa participação do IR na carga tributária brasileira, enquanto deveria ser um importante gravame na arrecadação federal. Eduardo Sabbag adota este posicionamento, como se observa na seguinte passagem:
Tais critérios, da generalidade, da universalidade e da progressividade, se aplicados adequadamente,fariam com que todos pagassem imposto de renda sobre a totalidade dos rendimentos auferidos com carga progressiva conforme a capacidade contributiva de cada qual. (p. 1677)
2.4 SUJEITO ATIVO
A União Federal figura como sujeito ativo no imposto de renda, todavia, nos casos do Imposto sobre a Renda Retido na fonte, as ações deverão ser ajuizadas contra os estados, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. AUXÍLIO-CONDUÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO (FAZENDA NACIONAL).1. A Primeira Seção desta Corte, ao julgar o REsp 989.419/RS, da relatoria do Min. Luiz Fux (DJe de 18.12.09), sob o rito do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008, ratificou o entendimento ‘de que a legitimidade passiva ad causam nas demandas propostas por servidores públicos estaduais, com vistas ao reconhecimento do direito à isenção ou à repetição do indébito relativo ao imposto de renda retido na fonte, é dos Estados da Federação, uma vez que, por força do que dispõe o art. 157, I, da Constituição Federal, pertence aos mesmos o produto da arrecadação desse tributo’.” (STJ, Segunda Turma, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, AgRg no REsp 1136510, 2011).
2.5 SUJEITO PASSIVO
As pessoas físicas residentes e domiciliadas no Brasil e as residentes do exterior que recebam proventos oriundos do Brasil, além das pessoas jurídicas com a sede em solo brasileiro encaixam-se no papel de contribuinte, como dispõe o artigo 45 do Código Tributário Nacional, “contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis”.
No caso de pessoas físicas que obtenham rendimentos de outras pessoas, haja vista os beneficiários de pensão alimentícia, aluguel; trabalhadores autônomos e profissionais liberais, o pagamento do IR procede-se através de carnê-leão, via esclarecida pelo auditor fiscal Walter Godoy:
 (...) as pessoas físicas em geral, profissionais liberais com mais freqüência, que recebam rendimentos de outras pessoas físicas ou do exterior, sem vínculo empregatício, estão sujeitas ao carnê-leão, devendo fazer o pagamento mensal do Imposto, sempre que o rendimento líquido ultrapassar o limite de isenção da tabela acima. Para apurar o rendimento base de cálculo do recolhimento mensal obrigatório destes contribuintes (carnê-leão), recomenda-se a escrituração do Livro Caixa, no qual serão permitidas as deduções autorizadas (por dependentes, de previdência oficial, pensão alimentícia paga, despesas de custeio etc.) (...) Os contribuintes sujeitos ao regime do carnê-leão também devem apresentar a Declaração de Ajuste anual.
Outrossim, no parágrafo único do artigo supracitado, há a fenômeno de Stoppageat Source ou Imposto de Renda Retido na Fonte, sendo a fonte pagadora a responsável tributária pelo imposto cuja concentração e arrecadação lhe incumbam. 
Legitimidade. Previdência Privada. Petenção. IR
O fundo de previdência privada é o responsável pela retenção do imposto de  renda referente à complementação de aposentadoria, devendo repassá-lo aos cofres públicos( art.121, parágrafo único II, c/c art. 45, parágrafo único, do CTN). Assim, visto que tem a incumbência legal de efetuar a retenção do tributo na fonte, é parte legítima para integrar o polo passivo de ação que objetiva o depósito judicial das parcelas vincendas de imposto de renda incidente sobre os valores percebidos a título de complementação de aposentadoria, até o julgamento da ação de repetição de indébito, como no caso (REsp 1083005, Informativo STJ 456). 
Súmula 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.
Importante assinalar que há leis específicas regulamentadoras da condição do contribuinte e responsável: a 7.713/88, 9.250/1995, 8.981/1995, 9.430/1996 e o decreto 3000/1999, que estabelece os critérios para pessoa física (IRPF), pessoa jurídica (IRPJ), fiscalização, administração e arrecadação do Imposto de Renda.
2.6 ESPECIFICIDADES
Diferentemente dos outros impostos federais, o Imposto de Renda possui o fator gerador periódico ou complexivo, isto é, marcado pela soma algébrica de “n” fatos isolados que, unidos em um todo orgânico, aperfeiçoarão o fato gerador, considerando-se momentos e bases diversas para o Imposto de Renda da Pessoa Física e Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.
Isto posto, o fato gerador na hipótese do indivíduo ser físico é a receita líquida ocorrida em 31 de Dezembro. Conforme Leandro Paulsen, até 30 de abril do subsequente, verifica-se o imposto sobre a renda e proventos efetivamente devido, compensando-se o montante que já foi objeto de adiantamentos mensais (carnê-leão ou retenção), apurando-se,então, o saldo a restituir (em caso de pagamento antecipado a maior) ou a pagar (em caso de pagamento antecipado a menor), efetuando-se o recolhimento, se for o caso, à vista ou parceladamente. O prazo para pagamento é o mesmo daquele para o cumprimento da obrigação acessória consistente na apresentação da declaração de ajuste e de bens. 
O IRPJ, por outro lado, engloba o lucro real, podendo ser anual ou trimestral;presumido(simplificado), cujo percentual é aplicado sobre a receita bruta e com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços incluído na base de cálculo; o arbitrado, que ocorre pela imposição estatal nos casos de escrituração falha ou quando a pessoa jurídica escolhe espontaneamente, sendo de ocorrência trimestral a partir do produto, preço e resultado; e o Simples Nacional, calcado na isonomia material.
Sob a égide do princípio da extraterritorialidade que rege o imposto de renda de pessoas físicas e relativamente o de pessoas jurídicas(art.25, Lei 9.249/95), fatos geradores ocorridos dentro do Brasil e fora dele são tributáveis. Entretanto, o caráter móvel da renda obsta, recorrentemente, a efetividade do Fisco quanto à origem da prestação de serviço ou proventos, a localização exata da sede da empresa contribuinte etc.
 Ademais, a bitributação também aparece como embargo, sendo precípuos acordos internacionais para delimitação exata de incidências, a exemplo do Decreto n.354/91, que promulga a Convenção destinada a evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de Impostos sobre a Renda, entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Coréia.
Por fim, cumpre frisar que a renda tributável pelo Imposto de Renda não poderá ter delineações indenizatórias, tal como verbas obtidas a partir de danos morais, aviso prévio, férias não gozadas por ocasião da rescisão do contrato de trabalho e indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária.
Súmula n° 125 STJ- O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito a incidência do imposto de renda. (DJ 15.12.1994)
Súmula n °136 STJ- O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda. (DJ 16.05.1995)
Súmula n° 215 STJ- A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda. (DJ 04.12.1998)
Súmula n° 386 STJ - São isentas de imposto de renda as indenizações de fériasproporcionais e o respectivo adicional. (DJEletrônico 01/09/2009)
Súmula n ° 498 STJ - Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. (DJEletrônico 13/08/2012)
Súmula n° 556 STJ - É indevida a incidência de imposto de renda sobre o valor da complementação de aposentadoria pago por entidade de previdência privada e em relação ao resgate de contribuições recolhidas para referidas entidades patrocinadoras no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão da isenção concedida pelo art. 6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi dada pela Lei n. 9.250/1995. (Divulgada no DJe do STJ de 14/12/2015; publicada no DJe do STJ de 15/12/2015)
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PRELIMINARDE INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ PARA APRECIAR AMATÉRIA. AFASTAMENTO. NÃO-INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.(...) II - A Colenda Primeira Seção, no julgamento do REsp 963.387/RS,Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, em 08 de outubro de 2008, por maioria,consignou que não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. Explicitou-se que a indenização por dano moral limita-se a recompor o patrimônio imaterial da vítima, não tendo vinculação com o patrimônio real, ipso facto, inobservada na hipótese a aquisição de acréscimo patrimonial compatível com o comando do artigo 43 do CTN, tem-se afastada a incidência da exação. Precedentes: REsp nº 869.237/RS, Rel. Min. HUMBERTOMARTINS, DJ de 17/05/2007 e REsp nº 410.347/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJde 17/02/2003.
2.7 OBSERVÂNCIA ÀS ANTERIORIDADES
No tocante à eficácia da lei, o imposto de renda regula-se pela anterioridade anual, sendo uma exceção à anualidade qualificada (nonagesimal), assim como o empréstimo compulsório que visa atender a investimento público de caráter relevante e as leis que modificam a base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.Assim, lei que cria ou majora o tributo condiciona sua exigência ao ano seguinte (1° de janeiro). Tal princípio deverá ser observado cumulativamente com o da irretroatividade, tendo em vista que vale a lei vigente na época do início do ano base. O doutrinador Alexandre Mazza ilustra o exposto:
Se no	dia 2 de janeiro de 2015 sobrevém	uma lei modificando regras sobre a arrecadação do Imposto de Renda, por força do princípio da irretroatividade a nova lei somente poderá ser aplicada a partir de 1º de janeiro de	2016.A nova lei não valerá para o ano de 2015 na medida em que os fatos geradores	 deste ano estão pendentes, sendo que sua consumação efetiva somente se dará ao final do dia 31 de dezembro.
3 IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
3.1 DEFINIÇÃO
O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é previsto na CRFB/1988 em seu artigo 153, inciso VI, pertencendo à União a competência para instituí-lo. Porém, ele foi introduzido no ordenamento jurídico do Brasil na Constituição de 1891, incidindo tanto sobre imóveis rurais, quanto urbanos e com a competência pertencente aos Estados. A Constituição de 1934 promoveu uma alteração, ao separar o imposto que incidia na propriedade urbana do ITR, que incide na propriedade rural. A Constituição de 1946, por sua vez, ao ser emendada em 1961, transferiu a competência, antes estadual, aos municípios. Somente em 1964, a competência foi repassada à União através de Emenda Constitucional. (MINARDI, p. 717, 2015)
A CRFB/88 indica, no art. 153, §4º critérios que devem ser contemplados na instituição do ITR, além de hipótese de imunidade e da possibilidade de transferência aos Municípios da sua fiscalização e arrecadação. As normas gerais relativas a esse imposto são encontradas no CTN, artigos 29, 30 e 31. Já sua instituição foi feita através da Lei 9.393 de 1996 e sua regulamentação ficou a cargo do Decreto 4.382 de 2002, sendo essas suas principais fontes normativas.
É importante destacar ainda, que o ITR recai sobre as propriedades rurais de modo a conceder ao Estado uma forma auxiliar para discipliná-las. Num contexto de má distribuição de terras e permanência de uma realidade latifundiária, com boa parte das terras improdutivas, o ITR se apresenta como um "instrumento de reforma agrária e redistribuição de terras no país." (SABBAG, p.1430, 2016)
	
3.2 BASE DE CÁLCULO
Estabelece o artigo 30 do CTN que a base de cálculo do ITR é o valor fundiário, o qual se refere ao valor da extensão de terra, do imóvel por natureza. A posse, propriedade ou domínio útil desta extensão que configuram o fato gerador do referido imposto. Assim, o artigo 30 revela "a perspectiva da dimensão econômica do fato gerador como situação reveladora de riqueza." (PAULSEN e MELO, p.139, 2012)
Apura-se o Valor da Terra Nua Tributável (VTNt) para que seja feito o cálculo do imposto. Ele é auferido a partir da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo quociente entre a área tributável e área total do imóvel, conforme artigo 10, §1º, inc. III da Lei 9393/1996.
 
 
O VTN é definido no artigo 32 do Decreto nº 4382/2002. Segundo este dispositivo legal, considera-se VTN o valor do mercado do imóvel, retirando-se os valores relativos a construções, instalações, benfeitorias, culturas, pastagens e florestas plantadas. Importante ressaltar que árvores, frutos pendentes, espaço aéreo e subsolo estão inclusos no VTN. 
A área tributável, por sua vez, é definida no artigo 10, §1º, inc. II da Lei 9393 de 1996:
II - área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:
a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)  (Vide art. 25 da Lei nº 12.844, de 2013)
b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior;
c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual;
d) sob regime de servidão ambiental; (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).
e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006)
f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) (BRASIL, 2017)
3.3 ALÍQUOTAS
É estabelecido pela CFRB/1988, art. 153, §4º, inc. I, que o ITR será progressivo e proporcional, de modo a desestimular a permanência de propriedades que não sejam produtivas, onerando-as. Entende-se, por tanto, que o ITR tem caráter extrafiscal. 
O cálculo do valor do imposto será feito com base na área total e no grau de utilização da propriedade, conforme tabela de alíquotas presente no artigo 11, Decreto nº 4382/2002 e também anexada na Lei 9393/1996:
 
Tabela 1: Tabela de Alíquotas, artigo 11, Lei 9.393/1996.
Destaca Sabbag que, de acordo com a interpretação do quadro, percebe-se a possibilidade de confisco de imóvel acima de 5000 hectares, cuja utilização não seja superior a 30%. Isso porque em 5 anos a tributação alcançará 100%. Frisa-se a existência expressa na CFRB/88 de vedação do confisco (art. 150, IV) dentre as limitações ao poder de tributar do Estado. (p. 1431, 2016).
É importante ressaltar, ainda, que o artigo 11, §2º, Lei 9393/1996, indica que o valor imposto, quando abaixo de dez reais, não será devido. Além de estabelecer, em seu parágrafo 1º, caso não existam áreas aproveitáveis na propriedade de terra com as exclusões previstas no art. 10, § 1º, inciso IV (ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias, de preservação e reserva legal, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas declarados por ato de órgão competente, comprovadamente imprestáveispara qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico por ato do órgão competente, federal ou estadual.), devem ser aplicadas as alíquotas equivalentes aos imóveis com GU acima de 80%, de acordo com a área total do imóvel.
3.4 FATO GERADOR E HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
Conforme preceitua o Decreto n. 4382/2002 em seu artigo 2º, bem como a Lei 9393/1996, artigo 1º e o CTN, artigo 29, o ITR incide sobre "a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano." 
Eduardo Sabbag (p. 1432, 2016) conceitua propriedade como sendo o gozo jurídico do uso, da fruição e da disposição do bem imóvel de forma plena, considerando o domínio útil como integrante desse gozo da propriedade plena. A posse (usucapionem), por sua vez, abarca os casos em que o possuidor age como se titular do domínio útil fosse. É importante ressaltar que a posse irregular, como nas propriedades invadidas pelo MST (Movimento Sem Terra), não dá ensejo à exigibilidade do ITR, conforme julgado:
[...] ITR. IMÓVEL INVADIDO POR INTEGRANTES DE MOVIMENTO DE FAMÍLIAS SEM-TERRA. [...] FATO GERADOR DO ITR. PROPRIEDADE. [...] INEXISTÊNCIA DE HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. PERDA ANTECIPADA DA POSSE SEM O DEVIDO PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO [...] 5. A questão jurídica de fundo cinge-se à legitimidade passiva do proprietário de imóvel rural, invadido por 80 famílias de sem-terra, para responder pelo ITR. 6. Com a invasão, sobre cuja legitimidade não se faz qualquer juízo de valor, o direito de propriedade ficou desprovido de praticamente todos os elementos a ele inerentes: não há mais posse, nem possibilidade de uso ou fruição do bem. 7. Direito de propriedade sem posse, uso, fruição e incapaz de gerar qualquer tipo de renda ao seu titular deixa de ser, na essência, direito de propriedade, pois não passa de uma casca vazia à procura de seu conteúdo e sentido, uma formalidade legal negada pela realidade dos fatos. [...] (REsp 963499/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 14/12/2009)
	O CTN traz, dentre suas normas gerais para a orientação da instituição do ITR, art. 29, que a incidência deste imposto se recairá sobre "a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel. No entanto, CRFB/88, art. 153, VI, permite instituição de imposto apenas sobre a propriedade territorial rural, gerando o entendimento de que a Constituição não expandiu a tributação ao domínio útil e a posse do imóvel. Sendo assim, somente a propriedade seria a hipótese para que incida o ITR, já que o CTN não pode ampliar a competência tributária. Todavia, esse não é o entendimento majoritário, prevalece a posição de que não há qualquer inconstitucionalidade. Como explica Hugo de Brito Machado: 
Referindo-se a Constituição à propriedade, naturalmente abrangeu a posse, que nada mais é que um direito inerente à propriedade. A autorização constitucional é para tributar a propriedade, e o Código Tributário Nacional facultou à lei ordinária tomar para fato gerador do tributo a propriedade, o domínio útil ou a posse, vale dizer, o direito pleno, total, que é a propriedade, ou um de seus elementos, o domínio útil, ou ainda a posse. Se a propriedade, com todos os seus elementos, está reunida em poder de uma pessoa, o tributo recai sobre ela. Se está fracionada, isto é, se ninguém é titular da propriedade plena, ou porque há enfiteuse, ou porque a posse está com pessoa diversa do proprietário, que é desconhecido, ou imune ao tributo, ou isento, então o tributo recai sobre o domínio útil ou a posse. (citado por PAULSEN e MATOS, p. 134, 2012)
Os tribunais têm decidido nesse sentido de que o domínio útil e a posse também se enquadram como fato gerador:
TRF-1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AG 14458 DF 2007.01.00.014458-6 (TRF-1)
Data de publicação: 08/03/2013
Ementa: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ITR. CONTRIBUINTE. PROPRIEDADE, DOMÍNIO ÚTIL OU POSSE NÃO DEMONSTRADOS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. 1. O fato gerador do ITR é, além da propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel localizado fora da zona urbana do município. O sujeito passivo é o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título. 2. Cabível a suspensão temporária da exigibilidade do ITR até que apurada a posse e o domínio útil do respectivo imóvel. 3. A suspensão temporária da exigibilidade não afasta a possibilidade de, uma vez constatada situação diversa da ora retratada, seja retomada a cobrança do crédito já constituído. 4. Agravo de instrumento a que se dá provimento.
Aduz o CTN, art. 29, que a posse de imóvel por natureza é conceituada em Lei Civil, não havendo essa definição no atual Código Civil Brasileiro, mas sim no Código de 1916, já revogado. Para Ricardo Alexandre (p.534, 2016), considerando que na época de publicação do CTN, 1966, era o CC/1916 que vigorava, pode se depreender que a intenção do legislador tributário era se referir a esse diploma civil. Assim, já que não há conceituação no CC/2002 sobre a posse de "imóvel por natureza", é possível utilizar a definição do CC/1916 como parâmetro. Segundo artigo 43, I, deste dispositivo legal, "imóvel por natureza" seria "o solo com os seus acessórios e adjacências naturais compreendendo a superfície, as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo." Distinguindo-se do bens imóvel "por acessão física", informado no inciso II, que conceitua-se como tudo o que o homem incorporar ao solo de forma permanente, de forma que não se possa remover sem causar destruição e dano.
O Fato Gerador possui elementos temporal e espacial. Compreende-se como elemento temporal o Fato Gerador ocorrer de forma duradoura no tempo, tendo seu momento delimitado fictamente no dia 1º de Janeiro de cada ano (art. 1º da Lei 9.393/1996), ou seja, o Fato Gerador é continuado. Mesmo que seja a propriedade rural seja transferida, vendida ou doada durante o ano por mais de uma vez, não se altera o pagamento. O elemento espacial, por sua vez, diz respeito à propriedade, domínio útil ou posse de imóvel, que devem se localizar fora da zona urbana. (SABBAG, pgs. 1435 e 1436, 2016).
Ressalta-se que o CTN corou o critério topográfico como forma de divisão para fatos geradores do ITR e IPTU, ou seja, aquelas propriedades que não estivessem em zona urbana, sofreriam incidência do ITR. No entanto, o DL n 57/66 alterou o entendimento, ao prever que sobre os imóveis destinados à exploração extrativa vegetal, agrícola pecuária ou agroindustrial incidiria o ITR, e não o IPTU. Passou-se a prevalecer o critério de destinação econômica, como se nota no julgado: (SABBAG, pgs. 1433 e 1434, 2016)
TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL. IPTU. NÃO-INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. 1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). 2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1112646/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 1ª T., julgado em 26/08/2009, submetido ao Colegiado pelo regime da Lei n. 11.672/08 - sistemática dos Recursos Repetitivos.)
3.5 SUJEITO ATIVO e SUJEITO PASSIVO
O artigo 153, inciso VI da CRFB/1988 estabelece que cabe à União instituir o ITR. Apesar da instituição do imposto ser de competência da União, pode ser transferida aos municípios a competência de fiscalizá-lo e cobrá-lo, desde que não haja redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Segundo o artigo 158 II, os municípios poderão reunir o porcentual de 100% da arrecadação do ITR.
Já os sujeitos passivos são estabelecidos no artigo 5º do Decreto nº 4.382/2002: o proprietário (pleno, de domínio exclusivo ou na condição de coproprietário), o titular do domínio útil (efiteuta e usufrutuário) ou o possuidor (ad usucapionem, aquele com a possibilidadede aquisição do domínio ou propriedade pela usucapião).
Segundo Sabbag, quando, para uma mesma propriedade, existir um possuidor e um proprietário, como a propriedade foi eleita como fato gerador, o proprietário será o contribuinte do ITR. Contudo, se os elementos da propriedade não estiverem reunidos em uma só pessoa, o imposto recairá sobre quem detém seu domínio útil ou posse. (p. 2.428, SABBAG, 2016).
3.6 ESPECIFICIDADES
3.6.1 Imunidade:
  Art. 2º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1o de janeiro de cada ano.
        § 1º O ITR incide sobre a propriedade rural declarada de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, inclusive para fins de reforma agrária:
        I - até a data da perda da posse pela imissão prévia do Poder Público na posse;
        II - até a data da perda do direito de propriedade pela transferência ou pela incorporação do imóvel ao patrimônio do Poder Público.
        § 2º A desapropriação promovida por pessoa jurídica de direito privado delegatária ou concessionária de serviço público não exclui a incidência do ITR sobre o imóvel rural expropriado. (Decreto nº 4.382/2002)
O artigo supracitado faz referência à imunidade em reforma agrária, prevista na CRFB/1988, em seu artigo 184, que, apesar de estar escrito “isentas”, trata-se de uma imunidade. Tais dispositivos legais trazem à tona o caráter de instrumento de política agrária que o ITR possui.
Além dessa possibilidade de imunidade, o proprietário de pequenas glebas rurais, não possuindo outro imóvel, goza de imunidade. “Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.” Assim dispõe o artigo segundo da Lei 9.393/96. Importante ressaltar que o próprio artigo conceitua o que serão consideradas “pequenas glebas rurais”: “I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.” (Artigo 2º, Lei 9.393/96).
Todavia, a lei supracitada é classificada como lei ordinária, residindo aí a inconstitucionalidade, uma vez que o artigo 153, §4º II da CRFB/1988, define que quem estabelecerá o conceito de glebas rurais serão definidas em lei, como se sabe, em casos em que a CRFB/1988 determina lei específica pra determinado assunto, a lei correta a ser criada é uma Lei Complementar. Diante disso, Roque Antônio Carrazza (p.2.441, SABBAG, 2016) entende que enquanto não houver edição de Lei Complementar para tal definição, as pequenas glebas rurais serão as que não excedam 50ha, em analogia ao artigo 191 CRFB/1988.
3.6.2 Capacidade tributária ativa
Analisando o artigo 158, II da CRFB/1988, 50% do ITR deve ser destinado aos municípios em que o imóvel se encontra, todavia, o artigo 153, §4º, III, também da Constituição Federal, versa que poderá ser de 100% o valor para os Municípios, desde que se disponham a arrecadar e fiscalizar o tributo, não podendo haver qualquer redução de imposto ou renúncia fiscal.
3.6.3 Imóvel se encontrar em mais de um município
Nesse caso, consoante artigo 7º do Decreto nº 4.382/2002, a competência será do município cuja sede se encontre, não havendo sede, será do município onde estiver a maior parte do imóvel.
3.6.4 Isenção
De acordo com o Decreto n° 4.382/2002:
 Art. 4º São isentos do imposto:
 I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos:
 a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
 b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites da pequena gleba rural, fixados no § 1º do art. 3º;
 c) o assentado não possua outro imóvel;
 II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total em cada região observe o respectivo limite da pequena gleba rural, fixado no § 1º do art. 3º, desde que, cumulativamente, o proprietário:
 a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;
 b) não possua imóvel urbano.
 Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas:
 I - de preservação permanente;
 II - de reserva legal;
 III - de reserva particular do patrimônio natural;
 IV - de servidão florestal;
 V - de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;
 VI - comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual;
3.6.5 Domicílio fiscal
Domicílio fiscal é onde o contribuinte responde por suas obrigações tributárias, como regra, é domicílio de eleição, cabendo ao contribuinte escolher onde pagará os tributos. Porém, o ITR, tem como domicílio, o município onde se localiza o imóvel, não sendo possível a escolha de outro.
3.6.6 Obrigações acessórias
Cabe ao contribuinte comunicar ao órgão local da Secretaria da Receita Federal informações cadastrais do imóvel e as alterações que houver através do Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC), além disso, deve ser entregue anualmente o Documento de Informação e Apuração (DIAT), previsto no artigo 8º da Lei 9.393/96, salvo os contribuintes que gozam de imunidade ou isenção.
3.6.7 Imposto por homologação
Cabe ao contribuinte, apurar e efetuar o pagamento do ITR, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, ficando sujeito à homologação posterior, como indicam o caput do artigo 10, Lei 9393 de 1996 e o artigo 8º do Decreto nº 4.382 de 2002. Assim, se pode classificar o ITR como tributo sujeito à lançamento por homologação. Haverá lançamento de ofício nos casos em que o contribuinte não apurar ou o fizer de modo incorreto, sendo utilizadas as informações prestadas como obrigações acessórias, bem como informações sobre o preço das terras. (PAULSEN e MELO, ps. 142 e 143, 2012)
3.7 OBSERVÂCIA DA ANTERIORIDADE
O ITR comporta tanto a anterioridade anual, quanto a nonagesimal, na primeira, a lei só começará a viger a partir do exercício fiscal seguinte, já na segunda, é necessário esperar 90 dias para começar a viger. Todavia, em alguns casos, vê-se necessário priorizar uma delas em detrimento da outra, seria, por exemplo, no dia 30 de dezembro, uma lei é criada instituindo ou majorando o imposto, nesse caso priorizará a anterioridade nonagesimal. Sendo criada do 1º de janeiro e 1º de outubro, prevalecerá a anterioridade anual; sendo criada no dia 02 de outubro, valerá qualquer uma; por fim, sendo do dia 3 de outubro ao dia 31 de dezembro, aplicará a anterioridade nonagesimal.
Ementa: TRIBUTÁRIO - ITR - LEI N. 8.847 /94 - RETIFICAÇÃO DA MP Nº 399/94 - ATENÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE - INCONSTITUCIONALIDADE - HIGIDEZ DO TRIBUTO - VALORES PAGOS - APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. - A MP nº 399 , convertida na Lei nº 8.847 /94, foi retificada e modificou a base de cálculo e a alíquota do ITR no ano de 1994, razão pela qual inaugurou nova contagem para cobrança do imposto, por força do princípio da anterioridade previsto no artigo 150 , III , alínea b da Constituição Federal . Impossibilidade de cobrança do imposto com base na nova alíquota no ano de 1994. - Afastada a majoração do tributo por inconstitucionalidade, mantém-se a higidez do tributo na redação anterior. Neste sentido, deve-se permanecer a cobrança do Imposto Territorial pelo valor originário, descontando-se o pagamento realizadopelo embargante, consoante comprova o DARF de fls. 48 (no valor de R$1.203,75, em 22/05/1995). - Apelação da embargante parcialmente provida, para manter a cobrança do Imposto Territorial Rural pelo valor originário, descontando-se o pagamento realizado pelo embargante.
4 IMPOSTO SOBRE AS GRANDES FORTUNAS - IGF
4.1 DEFINIÇÃO
	O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) está previsto no artigo 153, VII, da Constituição da República Federativa do Brasil, sendo o único dentre os 7 previstos ainda sem instituição. O referido dispositivo outorga à União Federal competência para a instituição de imposto sobre “grandes fortunas”, nos termos de lei complementar. Esse imposto, segundo o entendimento de Olavo Nery Corsatto “se somaria aos demais impostos sobre o patrimônio já existentes, quais sejam: a) sobre o patrimônio no seu aspecto estático, o ITR, o IPVA e o IPTU; b) sobre o patrimônio no seu aspecto dinâmico, o IR, ITCM, ITBI” (CORSATTO apud MELO e PAULSEN, 2012).
4.2 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA E FATO GERADOR 
	Para a delineação da hipótese de incidência do IGF, a maioria da doutrina entende que é preciso ater-se aos moldes estabelecidos pelo legislador originário no texto constitucional. Em tese, a titularidade sobre grande fortuna localizada no território brasileiro encaixa-se pertinentemente nessa hipótese, sendo abarcados pela zona de tributação os residentes e não residentes no país. Por conseguinte, o ato de possuir ativos em solo brasileiro configura o fato gerador a partir do qual nasce a obrigação tributária do individuo. Não obstante, a conceituação e quantificação do termo “grande fortuna” continua obscura para fins de determinação de quais situações poderão constituir-se como fato gerador do tributo, sua imprecisão sendo um dos grandes empecilhos à regulamentação do IGF. A expressão é alvo de controvérsias quanto à sua definição, visto que depende de análises econômicas específicas do que pode ser considerado como “grande fortuna”. Existe, no entanto, consenso entre os estudiosos da matéria de que a expressão utilizada pelo constituinte quando da criação do imposto indica que sua materialidade está relacionada à fortuna, que já significa mais que riqueza. A Constituição fala em grande fortuna, o que implica algo maior que a fortuna e muito mais vultoso que a simples riqueza. Ademais, não há no ordenamento jurídico dispositivo ou norma legal que trate da fortuna como é trazida pela CF. Portanto, como bem aponta Souto (2017), faltam “parâmetros jurídicos concretos para se conceituar o elemento fundamental do IGF”.
4.3 BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA 
	A base de cálculo do imposto sobre grandes fortunas seria a riqueza líquida que excede determinado limite de isenção, isto é, todo o conjunto de ativos financeiros e não financeiros.Uma das controvérsias em torno do IGF é se a base de cálculo incidirá sobre a renda ou o patrimônio do contribuinte. Para Roque Antônio Carrazza e Sérgio Ferreira Mota, trata-se de um imposto sobre o patrimônio, sem perder de vista seu arquétipo constitucional, pois, se incidisse sobre a renda, tratar-se-ia de uma complementação ao Imposto de Renda, sob risco de recair em bitributação. Nesse sentido, Souto (2017) assevera que “o IGF deve ter por base de cálculo a incidência do patrimônio do contribuinte de maneira global ou, pelo menos, em sua maioria sendo, pois, considerada como uma universalidade de direito”. O projeto de lei complementar apresentado por Fernando Henrique Cardoso, englobou o patrimônio cujo ativo excedesse dois milhões de cruzados novos e também a profissão que propiciasse renda bruta anual superior a trezentos mil cruzados novos, não considerados nesse montante as rendas de trabalho assalariado. Foram previstas também isenções parciais, a saber: imóvel próprio de residência do contribuinte, instrumentos de trabalho ou de atividade, bens e direitos pendentes de pagamento, antiguidades e objetos de arte ou coleção, e outros bens cuja utilização fosse considerada de alta relevância social, econômica ou ecológica(BRASIL, 1989).Os contribuintes residentes no país são tributados por seu patrimônio distribuídos no mundo e os não-residentes sofrem incidência tributária somente nos ativos constantes no país. Já as alíquotas poderiam ser dispostas em faixas após a ultrapassagem do limite de isenção ou fixadas unicamente. O projeto de lei supracitado mostra baixa progressividade nesse aspecto, com as alíquotas sugeridas variando de 0,3% a 1%. Em relação ao assunto, Carvalho Júnior entende que alíquotas baixam demonstram fragilidade e baixa capacidade de arrecadação, enquanto a maior progressividade delas propicia a evasão fiscal por meio da transferência de ativos num mesmo grupo familiar, a fim de ficar no limite de isenção ou, no mínimo, no patamar de alíquotas mais baixas. Nesse sentido, o autor sugere “a adoção de uma alíquota única, a diminuição do limite de isenção, a obrigação da declaração familiar conjunta, a existência de cadastros familiares e um maior limite de isenção e bandas entre alíquotas para declarações conjuntas [...]” (apud SOUTO, 2017).
4.4 SUJEITO ATIVO 
O art. 153, VII, da CF, estabelece ser de competência da União a instituição do IGF. As exatas condições de fiscalização e arrecadação desse imposto ainda não foram estabelecidas em lei complementar específica, como preconiza o referido dispositivo. Em tese, a União figuraria como sujeito ativo da relação tributária. Porém, poderia delegar aos Estados ou Municípios a capacidade tributária ativa - que compreende as funções de fiscalização, cobrança e arrecadação - nos termos de lei complementar, como já o fez em relação a outros impostos federais, como, por exemplo, o ITR. Em virtude da pequena quantidade de sujeitos que, em tese, seriam contribuintes desse imposto, que seriam os grandes milionários do país, cumpre ao legislador analisar a viabilidade de realizar a repartição tributária entre entes diferentes, ou estabelecer a capacidade tributária como atribuição de um só ente. 
4.5 SUJEITO PASSIVO
 O sujeito passivo do IGF seria aquele que praticasse o fato gerador estabelecido na lei complementar que regularia o IGF; em tese, aquele que detivesse a grande fortuna. Uma das grandes dificuldades relacionadas à instituição do IGF é justamente a definição do termo “grande fortuna”, sem a qual não é possível determinar o sujeito passivo (ver item “Hipótese de incidência e fato gerador” supra).
4.6 ESPECIFICIDADES
 O Imposto sobre Grandes Fortunas, segundo o entendimento de Olavo Nery Corsatto, seria um tributo suplementar, “superposição legal da tributação já existente [...] relativamente ao patrimônio que tenha escapado da tributação via evasão fiscal, e de imposto novo, relativamente às parcelas de patrimônio não alcançadas por nenhum dos impostos existentes” (CORSATTO apud MELO e PAULSEN, 2012). Por outro lado, caracteriza-se por possuir um forte caráter extrafiscal, visto que os objetivos de sua implantação ultrapassam o de arrecadação; englobam também a consecução de fins constitucionais, como a concretização da igualdade material e da justiça fiscal, o equilíbrio social, a distribuição de renda igualitária e a mitigação das desigualdades (art. 3°, III, CF). 
Talvez a maior peculiaridade do Imposto sobre as Grandes Fortunas é a de que, apesar de sua previsão constitucional e a possibilidade de constituir-se em um valioso instrumento de arrecadação para os cofres públicos, a lei complementar necessária à sua regulamentação ainda não foi aprovada no Congresso Nacional, não obstante os vários projetos de lei apresentados nesse sentido. O primeiro deles foi idealizado um ano após a promulgação da Constituição de 1988, pelo então senador Fernando Henrique Cardoso (PL 202/1989). O PL chegou a ser aprovado pelo Senado, mas, 11 anos depois, foi rejeitado pela Comissão de Tributação e Orçamento da Câmara. Desde então, outros projetos foram trazidos à apreciação do Congresso, dentre os quais o de nº 108/89, do Deputado JUARES MARQUES BATISTA; o de nº 208/89, do Dep. ANTÔNIOMARIZ; o de nº 218/90; do PODER EXECUTIVO; o de nº 268/90, do Deputado IVO CERSÓSIMO325 e o de nº 227/08, da Deputada LUCIANA GENRO (MELO; PAULSEN, 2012, p. 144). O mais recente é de maio de 2017, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB – AM). 
Outros países, como Argentina, Suíça, Espanha e Holanda têm histórico de arrecadação do IGF e a França (Impôt de Solidarité Sur La Fortune) ainda o aplica, obtendo mais de 4,5 bilhões (atualização de 2010). Cumpre salientar que os desafios circundantes à Wealth Tax dizem respeito ao risco de evasão fiscal; desestímulo à poupança; custo administrativo alto; baixa arrecadação e desestímulo à arrecadação de bens
Caso fosse instituído, 100% da arrecadação estaria vinculada ao Fundo Nacional contra a Pobreza, nos termos do art. 80, III, do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).
4.7 OBSERVÂNCIA ÀS ANTERIORIDADES
O respeito às anterioridades é de suma importância, pois trata-se de uma garantia que a Constituição atribui ao contribuinte, relacionada ao princípio da vedação da surpresa, de que o sujeito passivo tenha oportunidade de planejar-se em tempo hábil para o pagamento do tributo. A regra no Direito Tributário é que se respeite a anterioridadepropriamente dita (anual), prevista no art. 150, III, “b”, segundo o qual é vedado à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal realizar a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”. Para o Imposto sobre Grandes Fortunas, se fosse instituído, a mesma norma se aplicaria, tal como ocorre com o Imposto de Renda (IR), apurando-se anualmente o patrimônio, sendo alvo de cobrança todo aquele que exceda o limite de isenção no dia 31 de dezembro do ano-base de sua incidência. Assim determinou o PL 162/1989 e todos os demais projetos que a ele se seguiram. Vale ressaltar que a determinação da regra de anterioridade do IGF na hipótese de sua instituição está estritamente ligada ao princípio da irretroatividade da lei tributária, segundo o qual é vedado aos entes cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (art. 150, III, “a”, CF/88). No mesmo sentido é a lição de Roque Carrazza, o qual afirma que:
Se no mês de agosto do corrente ano fiscal, for finalmente instituído o imposto sobre grandes fortunas, o fato de uma pessoa, neste exercício, exibir vultoso patrimônio continuará a ser um fato tributariamente irrevelante; apenas no próximo exercício tal episódio passará a ser o fato imponível o fato do novel tributo (CARRAZZA, 2013, p. 216).
5 REFERÊNCIAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 10. ed. atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.
BRASIL. Código Civil, Lei nº 3.071, de 1 de Janeiro de 1916. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm. Acessado em 29 de outubro de 2017)
BRASIL. Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm. Acessado em 29 de outubro de 2017)
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em 29 de outubro de 2017)
BRASIL. Decreto nº 6.306, de 14 de Dezembro de 2007..Regulamenta o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF. Brasília, DF, dez 2007. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6306.htm>. Acesso em: 29 de outubro de 2017. 
BRASIL. Decreto nº 6.339, de 3 de Janeiro de 2008. Altera as alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF. Brasília, DF, jan 2008. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6339.htm>. Acesso em: 29 de outubro de 2017.
BRASIL. Decreto nº 4382, de 19 de Setembro de 2002. 
Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4382.htm. Acessado em 29 de outubro de 2017)
BRASIL. Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, sobre pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras providências. (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9393.htm#art11. Acessado em 29 de outubro de 2017)
BRASIL. Projeto de Lei Complementar 162/1989, de 12 de Dezembro de 1989. Dispõe sobre a tributação de grandes fortunas, nos termos do art. 153, inciso VII da Constituição. Brasília, DF, dez 1989.
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2015. 1071 p
MINARDI, Josiane. Manual de Direito Tributário. 2. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2015.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 520 p.
PAULSEN, Leandro; MELO, José Eduardo Soares de. Impostos Federais, Estaduais e Municipais. 7. ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012.
PIMENTA, Luciana. Direito tributário para quem odeia tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 125p.
ROCHA, Roberval. Código Tributário Nacional para Concursos. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. 
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 1609 p.
SOUTO, Matheus Martins. Imposto sobre grandes fortunas: origens e aspectos doutrinários-jurídicos relacionados. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 162, jul 2017. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19180>. Acesso em out 2017.

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