Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Confins Lagoa santa RibeiRão das neves sabaRá santa Luzia Áreas Urbanas Centrais rMBH goveRno fedeRaL Presidente da república Luiz inácio Lula da silva Ministro das Cidades Marcio fortes de almeida secretário nacional de Programas Urbanos Celso santos Carvalho - substituto Departamento de assuntos Fundiários Urbanos sandra bernardes Ribeiro – substituta Programa de reabilitação de Áreas Urbanas Centrais Carolina baima Cavalcanti Cléo alves Pinto de oliveira fernanda Ludmila elias barbosa Letícia Miguel teixeira viviane silveira amaral goveRno do estado de Minas geRais Governador antonio augusto Junho anastasia secretário de estado de Desenvolvimento regional e Política Urbana sebastião navarro vieira filho secretário adjunto de estado de Desenvolvimento regional e Política Urbana alencar santos viana filho subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano Maria Madalena franco garcia superintendente de apoio a Gestão do solo Metropolitano Liliana gomes Rocha sousa Diretoria de integração do Ordenamento territorial Luisa azevedo – diretora Liziane Paula Pereira torres – assessora técnica Lauren fernandes de siqueira – estagiária R e a L i z a ç ã o Coordenação Geral, Organização e revisão de Conteúdo Liliana gomes Rocha sousa Liziane Paula Pereira torres Luisa azevedo Conteúdo técnico equipe da arquitetural arquitetura e Consultoria Ltda. iracema generoso – Coordenação Mônica Cadaval bedê susana Leal santana alícia duarte Penna Manoel teixeira azevedo Júnior Colaboradores denize Couto guilherme isabel Marques azevedo Lucas gazzinelli Cruz iara Camacho Leandra germano Miguel Henrique skackauskas núria Manresa Camargos ilustrações e mapas glauco José de Matos umbelino Fotografias daniel Rubens Prado aquarelas Marcelo albuquerque Projeto Gráfico e editoração gustavo Cardoso revisão textual Leila Maria Rodrigues C R é d i t o s 5 a P R e s e n t a ç ã o antonio augusto Junho anastasia Governador do Estado de Minas Gerais se os problemas afetam a todos, será, naturalmente, com a colaboração de todos que encontraremos as soluções. as regiões metropolitanas são o melhor exemplo disso, pois temos, nos municípios que as compõem, características que vão além dos seus próprios territórios e ultrapassam o envolvimento usual de vizinhos que são, exigindo intervenções contínuas e integradas. Refletem nas administrações municipais, autônomas por princípios federativos, os impactos das intensas relações sociais e econômicas advindas da conurbação, e isso extrapola sua capacidade de atuação. o governo de Minas, atento a esse fenômeno, incorporou a missão de apoiar e integrar o desenvolvimento desses núcleos urbanos contíguos e, nos últimos anos, tem planejado e implementado ações com o intuito de fortalecer o desenvolvimento integrado da Região Metropolitana de belo Horizonte (RMbH). Como parte desse processo, foi elaborado o Plano Participativo de Reabilitação de áreas urbanas Centrais, projeto já incluído em um instrumento mais abrangente – o Plano diretor de desenvolvimento integrado da região. 6 Para possibilitar um planejamento metropolitano único e compartilhado, compatível e harmônico, o governo de Minas estreita, a cada dia, as relações entre o estado e os municípios da RMbH, constituindo parcerias capazes de permitir a coexistência dos projetos locais com as diretrizes estaduais de gestão pública para o desenvolvimento conjunto, respeitadas as especificidades e a autonomia municipais. dessas importantes parcerias nascem projetos como o apresentado nesta publicação. este Programa de Reabilitação de Centralidades é resultado do trabalho conjunto dos governos federal, estadual e Municipais de Confins, Lagoa santa, Ribeirão das neves, sabará e santa Luzia e demonstra uma acertada experiência do planejamento urbano integrado e participativo. seu objetivo é fortalecer o entrelaçamento dos municípios metropolitanos, bem como fazê-lo por meio do resgate da vitalidade do espaço público local, ampliando seu espectro de atividades, mantendo e incentivando a diversidade, característica marcante dos centros urbanos e, por conseguinte, dos metropolitanos. Portanto, com o equilíbrio e a compatibilidade entre as esferas de governo, permitindo o planejamento em conjunto e o compartilhamento da gestão, podemos avançar em direção a um novo e melhor cenário urbano, dando aos indivíduos da metrópole e de seu entorno melhor qualidade de vida. 7 Celso santos Carvalho secretário nacional de Programas Urbanos o governo federal, por meio do Ministério das Cidades, desde 2003 vem empenhando esforços na promoção da Política nacional de desenvolvimento urbano. dentre os elementos centrais dessa política está a transição para uma prática de planejamento e gestão democrática nos diversos níveis da federação e a adoção de instrumentos que apontam para uma nova relação com a sociedade no tocante aos direitos, à cidade e à propriedade. tendo como marco legal a aprovação do estatuto da Cidade, Lei federal n.º 10.257/2001, que regulamenta o Capítulo da Política urbana da Constituição federal de 1988, a secretaria nacional de Programas urbanos (snPu) do Ministério das Cidades vem implementando uma política de apoio técnico, financeiro e de capacitação dos municípios, pautada na inclusão socioespacial e no resgate do planejamento urbano como instrumento de acesso à cidade formal. o centro estratégico dessa política pode ser sintetizado na plataforma da “terra urbanizada para todos”, em áreas centrais ou bem localizadas, regularizada, articulada à política de habitação de interesse social e às demais políticas sociais de inclusão social. essa estratégia passa pelo fortalecimento das ações de cooperação, nos âmbitos federativo e metropolitano, organizadas por meio de processos permanentes de planejamento e gestão urbana participativos, reforçando a cultura da gestão democrática das cidades e o controle social da política urbana. nesse contexto, em 2007 foi firmada parceria entre a secretaria nacional de Programas urbanos do Ministério das Cidades e a secretaria de estado de desenvolvimento Regional e Política urbana de Minas gerais. o Convênio assinado teve como objetivo desenvolver Planos de Reabilitação de áreas 8 urbanas Centrais nos municípios de Confins, Lagoa santa, Ribeirão das neves, sabará e santa Luzia, pertencentes à Região Metropolitana de belo Horizonte. Hoje, diante dos resultados alcançados por esse trabalho em parceria, que resultou em Planos de Reabilitação extremamente ricos, é oportuna a publicação da experiência de Minas gerais no planejamento integrado em escala metropolitana, servindo de referência e material de consulta a outras prefeituras municipais que estejam interessadas em utilizar o Plano como instrumento de desenvolvimento urbano integrado, visando ao estabelecimento de políticas de cooperação com outros entes da federação, contribuindo, assim, para o desenvolvimento institucional, a capacitação técnica e o fortalecimento das políticas públicas municipais. 9 sebastião navarro Vieira Filho secretário de Estado de Desenvolvimento regional e Política Urbana os Planos de Reabilitação de áreas urbanas Centrais para municípios da Região Metropolitana de belo Horizonte – RMbH resultam da parceria entre o governo de Minas, por meio da secretaria de estado de desenvolvimento Regional e Política urbana (sedru) e o Ministério das Cidades. os planos de fortalecimento, planejamento e desenvolvimento da região estão inseridos no contexto do novo modelo de gestão metropolitana. além de um novo modelo institucional de gestão, o governo de Minas tem priorizado investimentos em infraestrutura viária, saneamento básicoe planejamento. nos últimos anos, a sedru, em parceria com as Prefeituras Municipais e a sociedade civil, vem investindo no planejamento e desenvolvimento das cidades. foram elaborados 29 Planos Municipais de Regularização fundiária sustentável, oito Planos Municipais de Redução de Risco, cinco Planos de Reabilitação de áreas urbanas Centrais, um Plano de desenvolvimento para o vetor norte da RMbH e o Plano diretor de desenvolvimento integrado da Região Metropolitana, todos de forma participativa. tais planos buscam avançar, tanto na esfera municipal quanto metropolitana, na implementação de políticas urbanas, objetivando crescimento e desenvolvimento sustentável, compatibilizando crescimento econômico, social e sustentabilidade ambiental, com ênfase no reordenamento territorial, capaz de reduzir as desigualdades socioespaciais. esperamos que a RMbH seja um espaço de transformações, uma região de oportunidades, onde todos tenham acesso a emprego e renda, à moradia e à infraestrutura urbana, incluindo espaços de lazer e cultura. 10 InTrODUÇÃO 12 Programa de reabilitação de Áreas Urbanas Centrais 14 o Plano de Reabilitação como forma de enfrentamento dos problemas dos centros urbanos 15 a região Metropolitana de belo Horizonte - rMbH 18 o vetor norte da RMbH 22 a Construção dos Planos Participativos de reabilitação de Áreas Urbanas Centrais para os municípios da rMbH 30 COnFIns 34 a área de Intervenção 38 Caracterização da área 42 Patrimônio natural, espeleológico, turístico e cultural 46 uso e ocupação do solo 49 áreas e imóveis subutilizados e vazios 53 Identificação de potencialidades 56 Diretrizes para reabilitação 59 Parque Linear da Lagoa Central 61 Melhoria das vias de acesso ao parque localizado ao longo da lagoa central 65 Requalificação de espaços públicos 67 novas atividades 67 Habitação de interesse social 69 Patrimônio cultural 69 ocupação de áreas ociosas 69 LaGOa sanTa 70 a área de intervenção 77 Caracterização da área 79 uso e ocupação do solo 83 áreas e imóveis subutilizados e vazios 87 Identificação de potencialidades 90 Diretrizes para reabilitação 91 sistema viário 92 espaços públicos 97 novas atividades culturais 102 diretrizes especiais de ocupação do solo 102 Patrimônio cultural 102 rIbEIrÃO Das nEVEs 104 a área de intervenção 110 s u M á R i o 11 Caracterização da área 112 uso e ocupação do solo 115 áreas e imóveis subutilizados e ou vazios 117 Patrimônio histórico e cultural 118 Identificação de potencialidades 122 Diretrizes para reabilitação 124 apropriação dos espaços públicos 125 articulação viária 131 Circulação de pedestres 137 valorização de patrimônio histórico cultural 137 Lazer público 139 Recuperação ambiental 139 sabarÁ 140 a área de intervenção 146 Caracterização da área 148 uso e ocupação do solo 152 Patrimônio histórico, cultural e artístico 154 Identificação de potencialidades 158 Diretrizes para reabilitação 160 Requalificação de espaços públicos 160 Circulação de veículos 164 novas atividades 165 gestão patrimonial 165 uso e ocupação do solo 166 sanTa LUZIa 168 a Área de Intervenção 172 Caracterização da área 175 uso e ocupação do solo 176 Patrimônio histórico e cultural 178 apropriação da área 178 Identificação de potencialidades 182 Diretrizes para reabilitação 183 Reestruturação urbanística da avenida brasília 184 Medidas complementares de circulação e transporte 185 Requalificação de becos 185 Referenciais urbanos 190 uso residencial e misto 190 Patrimônio cultural 190 Referências bibliográficas 194 12 i n t R o d u ç ã o Maria Madalena Franco Garcia subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano a região metropolitana de belo Horizonte, composta por 34 municípios, abriga inúmeras centralidades. entendendo por centralidades não somente o bairro denominado Centro em cada município, mas também os espaços de referência compartilhados pelos cidadãos metropolitanos. a proposta de reabilitar centralidades consiste basicamente em implementar - em determinada área, já consolidada e de ocupação diversificada, - políticas e intervenções motivadoras de expectativas e de transformações, imbuídas do objetivo de melhorar para os seus usuários os atos de vivenciar, de fruir e usufruir o espaço urbano e as atividades que nele se desenvolvem. Ciente da competência constitucional municipal no tratamento das questões relativas ao solo urbano, mas também da responsabilidade estadual na promoção do desenvolvimento metropolitano, o governo de Minas, por meio da secretaria de estado de desenvolvimento Regional e Política urbana, ao adotar o Programa de Reabilitação, teve o privilégio de auxiliar tecnicamente os municípios na tarefa de 13 desenvolver proposições para seus espaços e de participar, de forma democrática, da rica dinâmica das trocas de conhecimento e experiência, envolvendo não só técnicos e gestores, mas a comunidade atingida. no decurso desse projeto de reabilitação, identificaram-se centralidades presentes na Região Metropolitana passíveis do desenvolvimento do programa, pactuou-se, entre governos federal, estadual e Municipais, juntamente com a sociedade civil, a definição das áreas, objeto dos planos e desenvolveram--se pesquisas, diagnósticos e propostas de intervenções urbanísticas descritas nesta publicação. ela integra as experiências dos municípios de Confins, Lagoa santa, Ribeirão das neves, sabará e santa Luzia na elaboração de seus programas de reabilitação de áreas urbanas centrais e surge para apresentar os processos desenvolvidos e os resultados obtidos ao longo da preparação dos trabalhos. esperamos que a recepção dos planos pelos gestores, legisladores e sociedade civil municipais, tão presentes e participativos ao longo do processo, viabilize uma rica implementação dos projetos; que esta publicação propicie a divulgação e, por conseguinte, a identificação e apropriação desses Planos de Reabilitação de áreas urbanas Centrais por uma grande parcela de indivíduos frequentadores das áreas e interessados em melhorar seus centros, garantir sua diversidade de usos e, com novo olhar, seus espaços de referência e diversidade. Certamente o compartilhamento de nossas experiências, por meio desta publicação, irá fornecer conteúdo de referência para propostas similares e material de motivação para o surgimento de novos projetos de reabilitação, incentivando poder público e sociedade no objetivo da positiva transformação de seus espaços urbanos. 14 P R o g R a M a d e R e a b i L i t a ç ã o d e á R e a s u R b a n a s C e n t R a i s Ministério das Cidades o Programa de Reabilitação de áreas urbanas Centrais da secretaria nacional de Programas urbanos do Ministério das Cidades foi criado em 2003. a questão que motivou seu surgimento foi o entendimento de que os problemas do centro são decorrentes da forma como cada cidade se desenvolve e que suas soluções não podem ser desligadas da política urbana do município. assim, as questões envolvidas nas áreas centrais são, principalmente, da alçada municipal e a reabilitação dos centros, — compreendida como um conjunto de ações integradas — deve ser uma política coordenada pelos governos locais ou com o seu total envolvimento.desse modo, o principal papel do Programa é colaborar com os municípios no enfrentamento das questões do Centro. o que se pretende é, através da promoção técnica, do apoio financeiro e da divulgação de experiências, fomentar a realização de Planos de Reabilitação de áreas urbanas Centrais, em consonância com os Planos diretores Municipais, e que sejam implementados de forma cooperativa e intersetorial, incorporando instrumentos e ações que assegurem a participação social em sua elaboração e implementação. P r o g r a m a d e R e a b i l i t a ç ã o d e á r e a s u r b a n a s C e n t r a i s 15 além disso, procura-se apoiar os municípios no sentido de realizar um planejamento articulado entre as secretarias envolvidas, que supere as ações e programas setoriais, bem como articular suas ações às dos governos estadual e federal num efetivo pacto federativo. nos seis anos de efetiva atuação, foram apoiados 134 municípios nas cinco regiões brasileiras, para a elaboração de planos de reabilitação, projetos e execução de obras por meio da assinatura de contratos com a Caixa; assinados três convênios com governos estaduais (bahia, Minas gerais e Rio de Janeiro), bem como quatro acordos de cooperação técnica internacionais (itália, frança, espanha e Canadá) e três acordos de cooperação federativa visando à implementação de ações de reabilitação nas áreas centrais de salvador, Rio de Janeiro e Recife-(olinda). O Plano de Reabilitação como forma de enfrentamento dos problemas dos centros urbanos em geral, nas grandes cidades brasileiras, a área central é formada pela parte mais antiga da cidade, o “centro histórico”, e por bairros lindeiros de uso misto (moradia, comércio, equipamentos), onde geralmente se concentram oportunidades de trabalho nessas atividades e no setor informal. sobretudo nas maiores cidades e nas capitais de regiões metropolitanas, as áreas centrais vêm passando por processos de mudanças das atividades e redução da população. decorre desses fenômenos o esvaziamento, principalmente dos prédios residenciais, mas também daqueles que abrigavam empresas e instituições públicas e privadas, que vêm se transferindo para outros locais. as causas de tal processo são múltiplas e diferentes, como diferentes são as características de cada cidade. 16 no entanto, alguns fenômenos se repetem: a degradação do patrimônio histórico, a precariedade ambiental e habitacional, a concentração de atividades informais, a mudança no perfil socioeconômico dos moradores e dos usuários, a concentração de grupos sociais vulneráveis. essa situação de esvaziamento resulta na subutilização dos recursos disponíveis nas áreas centrais, como infraestrutura, sistema de transportes e estoque imobiliário, além de contribuir para a expansão urbana e para o adensamento populacional em áreas não servidas de infraestrutura e distantes dos locais de trabalho. do ponto de vista dos recursos públicos, são exigidos novos investimentos em áreas antes não ocupadas e não se utilizam os espaços já urbanizados com infraestrutura instalada. a prática da construção nova como única forma de provisão habitacional — seja pelo setor privado ou por programas públicos de habitação, em detrimento da recuperação do estoque construído — foi um fator determinante nesse processo. além da expansão normal devida ao crescimento populacional, a mancha urbana continua se estendendo em direção às periferias, para o assentamento da população de baixa renda, e em direção às novas áreas de expansão imobiliária para abrigar os setores de alta renda. Para o Programa de Reabilitação de áreas urbanas Centrais, o repovoamento das áreas centrais e o aproveitamento do estoque imobiliário existente são fatores importantes, tanto para reabilitar essa parte da cidade, como para controlar a expansão da mancha urbanizada, garantindo um desenvolvimento mais equilibrado. nesse sentido, uma das preocupações fundamentais do Programa de Reabilitação é a manutenção ou promoção da diversidade de funções e da presença de pessoas de diferentes estratos sociais nas áreas de intervenção, mediante mecanismos efetivos, fundamentados no estatuto da Cidade. Por esse motivo, a promoção de habitação social nas áreas centrais constitui um dos seus eixos principais de atuação do programa.P r o g r a m a d e R e a b i l i t a ç ã o d e á r e a s u r b a n a s C e n t r a i s 17 Para tanto, o Plano de Reabilitação deve e pode ser um instrumento para propiciar o uso e a ocupação democrática e sustentável dos centros urbanos, assim como a preservação do patrimônio cultural e ambiental. ele deve também estimular a diversidade funcional, recuperar atividades econômicas e buscar a complementaridade entre os diferentes usos. 18 a R e g i ã o M e t R o P o L i t a n a d e b e L o H o R i z o n t e - R M b H a Região Metropolitana de belo Horizonte – RMbH, formada por 34 municípios, concentra-se em torno de 5,1 milhões de habitantes do estado de Minas gerais, segundo estimativa de 2009 do ibge. o processo de conurbação e, consequentemente, de expansão da mancha urbana contínua da área efetivamente ocupada a partir da centralidade de belo Horizonte vem se expandindo para os municípios limítrofes à metrópole e, atualmente, a área urbana metropolitana encontra-se bastante consolidada. diante da realidade de conflitos identificados na RMbH, o governo de Minas investiu, nos últimos anos, na implantação do novo modelo de gestão metropolitana e está concluindo o Plano diretor de desenvolvimento integrado – Pddi, cujo foco é o desenvolvimento sustentável, a habitação, o reordenamento territorial, contemplando ações e propostas para o desenvolvimento de novas centralidades. nas discussões no âmbito do Pddi, definiu-se a necessidade de estabelecer nova escala de centralidades, microrregionais e locais, além do Centro Metropolitano de belo Horizonte e dos Centros Municipais, capazes de constituir uma região e uma cidade metropolitana mais inclusiva e com mais qualidade de vida para todos. em função da estrutura espacial da região metropolitana, excessivamente concentrada e polarizada R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 19 20 pelo núcleo central de belo Horizonte, e da estrutura viária rádio-concêntrica que direciona, de forma excessiva, os fluxos em direção ao hipercentro de belo Horizonte, a rede urbana interna à RMbH é caracterizada por um grande centro que polariza fortemente toda a região, com uma enorme quantidade de pequenas centralidades de menor poder de polarização de suas áreas de influência respectivas, e uma ausência relativa de centros de nível intermediário. é necessário romper limites do modelo “centro/periferia”, e aprofundar em centralidades, compreender melhor suas diferentes escalas e os papéis a serem desempenhados na reorganização estratégica do território, no âmbito da política metropolitana de Regulação do uso e da ocupação do solo. Centros urbanos são complexos, espaços sínteses, propiciadores de acesso ao dinamismo da vida urbana, aos encontros, à diversidade, às trocas, às festas; são expressões culturais no sentido mais amplo e abrangente da palavra. Construídos no processo histórico e coletivo, os centros são, em si mesmos, promotores de oportunidades. Há centros em nós urbanos nas conexões de grande acessibilidade e em corredores – centralidades lineares – associados, em geral, aos trajetosdos transportes coletivos, conformando-se, espontânea ou induzidamente, por adensamento de moradias, comércios e serviços. Propõe-se que os Centros Microrregionais e os Centros Locais induzidos, expressão da civitas, manifestação do desejo coletivo em um determinado momento da história da cidade e metropolitana, fortaleçam-se enquanto lugares referenciais e simbólicos, de expressão da igualdade, da solidariedade e dos princípios constitucionais. devem ser mais: expressão do estágio de civilização da metrópole e seus novos paradigmas de desenvolvimento, apontando para o futuro, constituindo-se em centralidades dotadas das condições necessárias à vida contemporânea.R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 21 a rede de centralidades urbanas estudada no Pddi aponta esse potencial de desconcentração urbana e econômica no espaço interno à RMbH, que criaria uma estrutura metropolitana mais equilibrada, com menor dependência das diversas áreas do centro de belo Horizonte. essa distribuição dos serviços em centros intermediários seria positiva não somente para a população residente nessas localidades, mas também para as atividades produtivas ali realizadas. a desconcentração geraria benefícios também para belo Horizonte, que teria menores congestionamentos de sua infraestrutura e aprofundaria sua especialização na oferta de serviços avançados, criando também uma área de mercado imediata mais adensada para a oferta de tais serviços. nesse contexto da proposta de desenvolvimento de uma rede de centralidades metropolitanas, definiu- -se no Plano diretor de desenvolvimento integrado da RMbH uma política específica, a política de criação e fortalecimento de centralidades metropolitanas e sub-regionais. dentro da política está contemplado o Programa de Requalificação de áreas Centrais, que estabelece a importância da elaboração de novos planos, a necessidade de garantir recursos para a implementação das intervenções apontadas, que incluem a requalificação de espaços públicos, a regularização fundiária e urbanística a adequação de normas urbanísticas, a melhoria da acessibilidade e a implantação de infraestrutura. 22 O vetor norte da rMbH as maiores transformações estruturais na região metropolitana vêm ocorrendo na região denominada vetor norte da RMbH, em função de diversos projetos viários e da instalação de atividades que têm redesenhado suas relações internas e com o centro da metrópole. a região, caracterizada por uma urbanização incompleta e ocupada predominantemente por população de baixa renda, vem sofrendo transformações significativas ao longo dos últimos anos, em função do momento atual de mudanças. trata-se da implantação do Contorno viário norte (em fase de projeto); da construção da Cidade administrativa tancredo neves, sede do governo do estado; implantação do Parque tecnológico de belo Horizonte (bHteC); e do projeto de ampliação das funções e atividades do aeroporto internacional tancredo neves de forma a abrigar um aeroporto-indústria; da estação vilarinho em venda nova; e, entre os mais significativos, a implantação da grande obra viária de ampliação e modernização da Mg-10 e sua extensão urbana – Cristiano Machado e boulevard arrudas – formando a chamada Linha verde. o Contorno viário norte ou Rodoanel – ainda em fase de projeto e de responsabilidade do governo federal – deverá alterar radicalmente a acessibilidade atualmente existente e gerar profundas transformações territoriais na área de estudo. Pode-se considerar também o conjunto de iniciativas privadas, de investimentos imobiliários e/ou produtivos, que se anunciam e se intensificam a cada dia, como consequência dos investimentos públicos apontados. sendo assim, o desenvolvimento e fortalecimento de futuras centralidades metropolitanas deverão garantir o desenvolvimento econômico e urbanidade, assim como a recuperação dos investimentos públicos, por meio da implementação de políticas urbanas previstas no estatuto da Cidade. R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 24 inseridos no vetor norte da Região Metropolitana de belo Horizonte, os municípios de Confins, Lagoa santa, Ribeirão das neves, sabará e santa Luzia deverão sofrer, em diferentes níveis de escala e alcance, as pressões para ocupação do solo urbano nas áreas de influência desses empreendimentos, quer por moradias, quer por atividades econômicas, com repercussões em todo o território municipal, o que tende a acentuar problemas de regularização fundiária e aumentar as necessidades de readequação da infraestrutura urbana, entre outras demandas sociais e urbanísticas. esses projetos, alguns já implantados e outros em fase de elaboração ou de implantação, já vêm gerando impactos sobre os municípios da região, que, por sua vez, devem se acentuar nos próximos anos por meio de mudanças no papel das sedes municipais, incremento da localização de atividades econômicas, crescimento populacional, valorização de terras e alterações no mercado imobiliário. trata-se, na verdade, de processo incipiente, sendo fundamental que as ações de planejamento busquem controlar seus impactos sobre os tecidos urbanos existentes e direcioná-los no sentido de garantir o uso e a ocupação democráticos do solo urbano, a readequação dos centros urbanos a fim de suportar as novas demandas econômicas e sociais, a preservação e proteção do patrimônio cultural e ambiental, evitando processos de expulsão de populações pobres e estimulando a diversidade funcional e social. R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 25 aeroporto internacional tancredo neves. 26 a região é compreendida pela expansão urbana que caracteriza os municípios de belo Horizonte e os vizinhos imediatos ao norte: Ribeirão das neves, vespasiano, santa Luzia e, como conurbação mais distante do sistema viário principal da região denominada de vetor norte, o município de sabará. a articulação de iniciativas públicas e privadas, em um contexto de intensa imigração metropolitana, a ausência de políticas públicas efetivas de habitação social de grande magnitude em termos quantitativos — ou políticas territoriais de bem-estar social —, a lógica de formação de preços da terra, as desigualdades sociais, entre outros fatores estruturais, caracterizaram a produção intensiva de loteamentos populares com diferentes graus de irregularidade fundiária e urbanística como a principal “alternativa” habitacional para amplos setores da população. tal processo de produção da chamada periferia metropolitana intensifica-se nas décadas de 1950 e 1970, esta principalmente, em particular nos eixos norte e oeste da RMbH, consolidando a conurbação entre vários municípios. o descompasso entre a intensidade do parcelamento do solo e sua efetiva ocupação produziu, inicialmente uma conurbação de baixa densidade, cujos vazios vem sendo, desde então, ocupados pelos mais variados processos: parcelamento de áreas intersticiais, subdivisão de lotes, construção de várias unidades habitacionais no mesmo lote, além de aluguéis de cômodos, barracões, novos pavimentos, etc. esse conjunto de práticas de apropriação do espaço constitui parte importante das estratégias de sobrevivência e de geração de renda da população residente nessas áreas, e são, em grande medida, responsáveis pela manutenção de elevadas taxas de crescimento da população urbana nosmunicípios do vetor norte da RMbH, e, na última década, conforme pode ser observado na tabela 1: Lagoa santa e Confins: 3,61%; Pedro Leopoldo: 3,14%; Ribeirão das neves: 8,27%; sabará: 4,66%; santa Luzia: 3,92%; vespasiano e são José da Lapa: 10,10%; betim: 7%; esmeraldas: 20,66%.R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 27 fonte: ibge, Censos demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000 (*) Municípios que não faziam parte da RMbH em 1980. (**) Municípios novos, emancipados nas seguintes datas: sarzedo - 21-12-95; Mário Campos - 21-12-95; são Joaquim de bicas - 21-12-95; Confins - 21-12-95; Juatuba - 27-4-92; são José da Lapa - 27-4-92. População e taxas de crescimento anual da população urbana da rMbH 1970 – 2000 Município População Urbana taxa de crescimento anual (%) 1970 1980 1991 2000 1970-1980 1980-1991 1991-2000 Baldim 3.322 3.529 4.345 4.818 0,63 1,89 1,14 Belo Horizonte 1.228.342 1.775.073 2.013.257 2.238.526 3,75 1,15 1,16 Betim 17.536 76.798 162.143 298.116 15,92 7,03 7,00 Brumadinho (*) 9.981 8.606 11.583 19.373 -1,47 2,73 5,88 Caeté 19.663 25.123 29.115 31.656 2,48 1,35 0,93 Capim Branco 2.555 5.526 7.146 Contagem 108.028 278.119 419.975 533.330 9,92 3,82 2,69 esmeraldas (*) 4.098 5.331 7.044 38.181 2,63 2,60 20,66 Florestal 2.657 2.976 3.840 ibirité 3.817 27.431 91.193 132.335 21,8 11,54 6,07 sarzedo (**) 14.738 Mário Campos (**) 7.952 igarapé(*) 3.755 11.023 19.909 22.977 11,38 5,52 7,00 s.Joaquim Bicas (*)(**) 13.716 itaguara 4.926 6.318 7.805 itatiaiuçu 2.075 3.735 5.039 Jaboticatubas 3.525 5.009 7.116 Lagoa santa 9.939 15.376 27.979 35.396 4,47 5,58 3,61 Confins (**) 3.126 Mateus Leme (*) 6.012 12.135 19.580 20.394 7,25 4,47 7,11 Juatuba (*) (**) 15.929 Matozinhos 14.357 21.788 27.664 nova Lima 27.377 35.039 44.038 63.035 2,5 2,10 4,07 nova União 682 1.152 1.429 Pedro Leopoldo 13.498 20.884 32.891 43.479 4,46 4,22 3,14 raposos 9.183 11.052 13.317 13.455 1,88 1,70 0,10 ribeirão das neves 5.547 61.670 119.925 245.401 27,23 6,23 8,27 rio acima 3.394 3.467 5.641 6.576 0,20 4,54 1,70 rio Manso 727 2.062 2.862 sabará 24.977 58.137 74.757 112.694 8,82 2,31 4,66 santa Luzia 19.410 51.854 130.186 184.208 10,32 8,74 3,92 taquaraçu de Minas 909 971 1.378 Vespasiano 5.281 21.096 35.390 75.213 14,85 4,82 10,10 s. José da Lapa (**) 8.904 rMBH 1.519.343 2.501.743 3.171.075 4.247.807 28 R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H no período de 1991 a 2000 a população urbana de belo Horizonte cresceu a 1,16% ao ano. os dados da tabela 1 permitem identificar diferentes intensidades de crescimento urbano por conjuntos de municípios, segundo as décadas, formando um quadro em movimento da trajetória da expansão metropolitana. as características socioeconômicas da maior parte da população do vetor norte, com significativa participação de camadas de baixa renda, são bastante conhecidas. a precariedade se manifesta principalmente nas formas de produção do espaço, resultando em significativas extensões de urbanização com baixa qualidade de serviços, infraestrutura e equipamentos públicos/coletivos. a fragilidade econômica e financeira de muitos municípios, face às dimensões da demanda por investimentos urbanos e sociais, caracteriza um quadro de extrema vulnerabilidade social e institucional da expansão urbana na área de estudo. Por outro lado é importante identificar e reforçar o potencial de recursos naturais, materiais e humanos existentes, que formam a base para a consolidação de políticas de desenvolvimento econômico, social e urbano a serem desenvolvidas para a região. 29 30 a C o n s t R u ç ã o d o s P L a n o s P a R t i C i P a t i v o s d e R e a b i L i t a ç ã o d e á R e a s u R b a n a s C e n t R a i s P a R a o s M u n i C í P i o s d a R M b H seguindo as diretrizes do programa do governo federal, os Planos Participativos de Reabilitação de áreas urbanas Centrais para os municípios da RMbH devem conter: • definição das áreas de intervenção; • levantamentos e diagnósticos físicos, jurídicos e socioeconômicos; • avaliação de problemas e potencialidades; • proposição de ações, instrumentos, projetos e intervenções; • proposição de formas de gestão e monitoramento das ações; • estudo de viabilidade financeira das ações; • previsão e formatação de modelos de participação da população. em consonância com essa estratégia, os planos foram elaborados em três etapas, sendo: 1.ª ETaPa: definição das áreas centrais na primeira etapa do trabalho, realizada em 2008, por meio de processo participativo nos cinco municípios, chegou-se à definição preliminar das áreas urbanas centrais que seriam objeto dos planos de reabilitação. R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 31 as áreas compreendiam bairros ou conjunto de bairros, caracterizando determinada região da cidade; ou o núcleo original da cidade; ou, ainda, centralidades lineares, que foram identificadas como centralidades pelos moradores de cada município. no município de Confins, definiu-se no processo participativo que a área, objeto de estudo, seria em torno da lagoa central, área identificada pelos moradores da cidade pelo seu forte apelo simbólico e pelo forte poder de concentração de atividades, pessoas, serviços, equipamentos públicos e oportunidades. em Lagoa santa, no processo participativo, definiu-se inicialmente uma área não delimitada no bairro Campinho. Posteriormente, percebeu-se que não havia consenso em relação à área previamente definida e foi realizada nova consulta pública, sendo apresentada aos moradores a possibilidade de alteração de tal área, uma vez que o bairro escolhido não era identificado pela coletividade como o espaço da cidade que tinha maior poder de concentração de serviços, atividades, pessoas, acervo edificado, equipamentos públicos, oportunidades de trabalho. a comunidade decidiu, então, por uma nova área, reconhecidamente como “o centro”, próxima à Lagoa Central, como o sítio, objeto do plano de reabilitação. em Ribeirão das neves definiu-se no processo participativo que a região denominada Justinópolis seria a centralidade objeto do plano de reabilitação, por seu forte potencial de conexão e articulação com outras áreas da cidade e, até mesmo, com outros municípios metropolitanos. a região é reconhecida pela grande concentração de comércio e serviços e, em função dos trajetos do transporte coletivo metropolitano, caracteriza-se como uma centralidade linear, importante para a articulação e acessibilidade metropolitana. em sabará, inicialmente definiu-se, no processo participativo, que o bairro alvorada seria objeto do plano de reabilitação. Por meio de reunião pública realizada posteriormente, foi apresentada a 32 alternativa de mudança de área, uma vez que o centro, formado em torno do núcleo original da cidade, onde concentram os edifícios que caracterizam o sítio como referência pelo seu patrimônio histórico e simbólico, além de concentrar as atividades e pessoas, era reconhecidamente a área identificada pelos moradores como a principal centralidade do município, definiu-se, então, o centro histórico de sabará como objeto de plano de reabilitação. em santa Luzia, a região do bairro são benedito foi a definida no processo participativo, pela grande concentração de habitantes epelo forte poder de articulação exercido pela avenida brasília, importante centralidade linear da cidade que, em função da concentração de transporte coletivo, de articulação municipal e metropolitana, deixou de ser apenas um corredor de acesso, configurando-se como área de adensamento de moradias, de comércios e serviços. 2.ª ETaPa: Levantamento e diagnóstico, identificação e análise de conflitos e convergências após a delimitação das áreas de intervenção de abrangência em cada município, passou-se para a etapa de levantamentos e diagnóstico. inicialmente, foi realizado um levantamento de dados secundários a partir dos planos existentes para os municípios e para a RMbH, bem como os acervos das Prefeituras e de órgãos da administração pública estadual e federal. o levantamento de dados primários – sítio; parcelamento, uso e ocupação do solo; mobilidade e transporte; tratamento, conservação e apropriação do espaço público – envolveu uma extensa pesquisa de campo. além disso, foram aplicados questionários a usuários, moradores e trabalhadores, e realizadas diversas entrevistas com lojistas, profissionais liberais, síndicos e lideranças locais, com o objetivo de captar seus R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e b e l o H o r i z o n t e - R M b H 33 interesses e suas percepções em relação à área. após a sistematização dos dados, foram realizadas reuniões públicas em cada município, com participação de moradores, de representantes da sociedade civil, das Prefeituras e Câmaras Municipais, governo do estado e governo federal para apresentar os dados obtidos no diagnóstico técnico, e discussão com os moradores sobre os problemas e potencialidades que foram identificados. as reuniões públicas representaram importante momento dentro do processo de elaboração dos planos, e novas questões abordadas pelos participantes foram discutidas e incorporadas ao trabalho. essas reuniões foram extremamente ricas não só por referendarem o diagnóstico, mas também por indicarem as diretrizes de intervenção consideradas mais prementes pelos participantes. 3.ª ETaPa: elaboração das propostas de intervenções para as áreas centrais finalizada a etapa anterior, após a realização das reuniões públicas, a equipe de consultores ocupou- -se em agregar as prioridades e de elaborar as propostas para a reabilitação das áreas centrais. tais propostas poderão ser conhecidas dentro do conteúdo que se apresenta nesta publicação para cada município. a etapa final contempla o modelo de gestão e monitoramento em que foram estabelecidas, em parceria com as Prefeituras Municipais, estratégias de implementação e desenvolvimento institucional para execução dos planos. tal modelo deverá ser capaz de orientar e acompanhar as ações desenvolvidas no âmbito do plano, incorporando mecanismos que garantam a participação social contínua para monitoramento dessas ações. C o n f i n s 36 o município de Confins tem cerca de um terço do seu território ocupado pela área de domínio do aeroporto internacional tancredo neves e o restante inserido na área de Proteção ambiental Carste de Lagoa santa em função do seu patrimônio ambiental, espeleológico e arqueológico. na década de 1970, com a definição da implantação do aeroporto em Confins, o então distrito do município de Lagoa santa ganha importância social, econômica e política; e, mesmo sofrendo impactos ambientais, o aeroporto possibilitou que a população e as lideranças políticas locais pleiteassem a sua emancipação política, processo que teve início em 1994, completando-se em 1995, por meio da Lei estadual 12.030, de 21-12-1995. a baixa densidade de ocupação do município aliada à proximidade da nova centralidade configurada pela Cidade administrativa do governo do estado e do aeroporto internacional tancredo neves fazem dele um lugar com grande potencial de transformação. Com o impulso que vem ocorrendo na região, Confins vê alterada sua inserção no espaço metropolitano e, mesmo não tendo sido ainda atingido fortemente pela metropolização, pode-se perceber a pressão que o Município tende a sofrer em função de seu potencial de atrair atividades econômicas, em especial as complementares ao aeroporto, e novas ocupações residenciais. C o n f i n s C o n f i n s vista da área central do município de Confins. 38 a área de intervenção é constituída pelas quadras localizadas no entorno da Lagoa José teixeira da Costa (lagoa central), conformando o centro do município de Confins, sendo delimitada pelas áreas lindeiras ao anel concêntrico à Lagoa configurado pelas ruas são José, José Ribeiro sobrinho, Contorno e gameleira. essas vias são os principais eixos viários da porção central do município. a região do entorno da lagoa central, área objeto de intervenção para fins de reabilitação, compreende o centro do município de Confins, sendo a principal centralidade com raio de polarização municipal. trata- se de área consolidada, historicamente significativa, caracterizando-se pela diversidade de usos e pela convergência de fluxos de pessoas e veículos. na parte sudeste da área de intervenção, próxima ao bairro Quintas do aeroporto, há um curso d’água intermitente ligando a lagoa central e a lagoa várzea bonita, existindo ainda duas nascentes na área de intervenção. a área é dotada de equipamentos públicos, comércio e serviços. o centro municipal é especialmente importante para os moradores, visto que a presença expressiva dessas atividades configura uma centralidade capaz de suprir as demandas cotidianas da população do Município, inclusive a dos bairros situados em sua porção sul. C o n f i n s a á R e a d e i n t e R v e n ç ã o 39 na área de intervenção destacam-se os seguintes espaços e equipamentos comunitários, conformadores de focos urbanos: • Praça brigadeiro délio Jardim de Matos; • escola Municipal afonso José da silva; • igreja são José. além da área de intervenção, foi delimitada uma mancha mais abrangente que corresponde à área de estudo do plano. essa mancha engloba as vias e quadras que, segundo estudos, devem ser influenciadas pelas propostas do Plano de Reabilitação da área Central. a área de estudo abrange a mancha urbana composta pelos bairros Quintas do aeroporto, são José, boa vista, alto dos Ribeiros, eldorado, santa Cruz, gameleira e várzea bonita, justificando-se principalmente porque nela se observa certa continuidade das características físicas, funcionais e simbólicas da área de intervenção. esses bairros correspondem às franjas de ocupação que circundam a área de intervenção, sendo, por sua vez, circundadas basicamente por extensas áreas desocupadas. no entorno imediato da área de intervenção, estão localizados equipamentos públicos que potencializam o seu caráter de centralidade, complementam as atividades do centro municipal e reforçam a convergência de pessoas. 40 C o n f i n s 41 42 situada na área de impacto direto do aeroporto, a área central e o próprio município de Confins tendem a ver alteradas suas formas de inserção no espaço metropolitano, por meio, principalmente, de uma maior atratividade para a instalação de atividades econômicas, especialmente aquelas complementares ao aeroporto e de uma maior pressão de crescimento populacional. esse crescimento vincula-se à expansão de assentamentos de sítios de recreio e de moradia de trabalhadores das novas atividades econômicas que tendem a desenvolver-se, não só no município mas também no vetor norte da região metropolitana. além disso, tendem a aumentar os vínculos com os municípios desse vetor,em especial com Lagoa santa, Pedro Leopoldo e são José da Lapa. na atualidade, a área central em questão tem, ainda, o caráter de centro eminentemente local que, embora sendo a principal centralidade do município de Confins, apresenta baixa complexidade em função do pequeno porte do Município, com população estimada em 6.072 habitantes (ibge, 2009), e da presença, relativamente próxima, de centros mais complexos aos quais se liga (Pedro Leopoldo e Lagoa santa). o centro de Confins desenvolve-se ao redor da lagoa José teixeira da Costa (lagoa central), embora na verdade dê as costas para ela, pois a sua margem é ocupada por faixa de lotes situada entre as vias que circundam a lagoa e o limite do seu espelho d’água, o que faz com que a visualização e o acesso às suas C o n f i n s C a R a C t e R i z a ç ã o d a á R e a 43 margens seja possível apenas em alguns poucos pontos, restringindo-se sua presença na configuração da paisagem da área central e seu potencial de apropriação pela população. a maior parte da área é ocupada por população de baixo poder aquisitivo, com renda média familiar estimada entre um e dois salários mínimos. as exceções são a parte do eldorado, correspondente ao condomínio fechado, e o loteamento Raimunda valadares Ribeiro, que apresentam estimativas de renda média familiar de cinco e sete salários mínimos. a estrutura viária da área de estudo decorre da expansão progressiva da ocupação urbana a partir das vias principais do centro, sendo caracterizada pela irregularidade do traçado, resultante dos diversos parcelamentos do solo, e por uma hierarquização pouco desenvolvida, conformada, basicamente, por vias de função estritamente local. a exceção é a estrada que, localizada aproximadamente nos limites oeste e noroeste da área, faz a ligação da rodovia Mg-424 (acesso para Pedro Leopoldo) e com o aeroporto. ao longo dessa via localizam-se diversas atividades comerciais e de serviços, configurando a principal concentração dessas atividades na área de estudo. a maior parte das vias desempenha satisfatoriamente suas funções de circulação e articulação interna da área, com exceção de algumas vias dos bairros boa vista e várzea bonita, do distrito industrial e dos loteamentos José Marcos de souza e vila Mãe Rainha, que apresentam larguras insuficientes. o bairro gameleira apresenta certa desarticulação de seu sistema viário, em virtude da presença de algumas ruas sem saída. é importante registrar que toda a área, sem exceção, foi identificada como irregular quanto à questão jurídica das propriedades, sendo objeto também do Plano Municipal de Regularização fundiária sustentável. 44 C o n f i n s a região da lagoa central, contudo, ainda conserva o caráter de centro de cidade pequena, e, diante dos processos que se anunciam, merece ver resguardado o seu papel de principal cenário e suporte da vida cotidiana, das relações sociais, dos laços identitários entre seus moradores e desses com a sua cidade. 45 46 Patrimônio natural, espeleológico, turístico e cultural testemunhos relatam que as lagoas da área central de Confins atraíram bandeirantes e tropeiros, e induziram à formação de grandes fazendas. são identificados como os eixos dos caminhos primitivos a igreja de são José e a igreja de santo antônio. a característica natural da paisagem da região cárstica é fortemente identificada no município e bastante significativa para a história de Confins. os mananciais subterrâneos e as lagoas predominam a paisagem e exigem atenção em relação ao avanço da urbanização, principalmente no descontrole dos processos de ocupação desordenados, capazes de potencializar a degradação ambiental e do patrimônio local. Para muitos moradores entrevistados, a lagoa central é identificada como “suja”, “poluída”, “abandonada”, e também é fortemente identificada como o lugar mais importante e de maior potencial de lazer na cidade. C o n f i n s 47 49 Uso e ocupação do solo o conjunto, predominantemente residencial, da região em torno da lagoa central conta também com usos diversos – tais como igrejas, escolas, órgãos públicos, mercearias, padarias, lanchonetes, bares, restaurantes, lojas ou comércios de tecidos, roupas, calçados, louças, ferragens e materiais de construção, e ainda serviços dos tipos pessoais (salões de beleza e afins), de reparação e de conservação – que se concentram ao longo das vias que envolvem a lagoa, e estão principalmente próximos à Praça brigadeiro délio Martins de Matos. a horizontalidade, a ocupação de baixa densidade, os vastos quintais, os muitos lotes vagos, a irregularidade, tanto no desenho e no tratamento das calçadas quanto na implantação das edificações e no fechamento dos lotes caracterizam a paisagem urbana da área central de Confins. se, de um lado, essa paisagem aponta uma fragilidade ante o avanço do processo de metropolização, de outro, revela um potencial para a criação de ambiências ricas em sua diversidade e expressividade. as iniciativas particulares de tratamento das calçadas com jardins e recantos dão a medida desse potencial. ao pequeno, porém constante, movimento soma-se, ali, a apropriação das calçadas, propiciando os encontros, as conversas à mesa de bar ou à porta de casa, e a apropriação das ruas, livres da circulação de veículos, para jogos e brincadeiras. em datas religiosas, procissões de moradores e de fiéis vindos de outras localidades percorrem as ruas principais. Reforçar esse sentido de pertencimento a uma coletividade, sobretudo entre os jovens, parece ser o desejo dos moradores entrevistados, que se mostram ao mesmo tempo satisfeitos com o que reconhecem como o “crescimento da cidade” e preocupados com os impactos negativos desse “crescimento” sobre a vida em comunidade. a área central de Confins deve ser reabilitada tendo-se em vista esse desejo, cuja possibilidade de concretização está em ações focadas na população local, nos seus problemas, mas também nos seus potenciais. 51 53 Áreas e imóveis subutilizados e vazios a presença de imóveis construídos vazios é pouco expressiva na área, em especial quanto ao uso residencial, tendo, no entanto, alguma relevância em relação aos usos comerciais e de serviços. de um total de 528 imóveis residenciais e 113 comerciais ou de serviços, apenas 24 imóveis residenciais e 13 comerciais ou de serviços se encontram total ou parcialmente vazios, o que corresponde, respectivamente, a 4,55% e a 11,50% dos totais de cada um desses usos. assim, embora em relação ao total de imóveis vazios ocorra uma predominância daqueles de uso residencial, quando se analisa a incidência de desocupação relativa em cada um dos usos, a maior expressão é dos imóveis comerciais ou de serviços, o que pode indicar uma certa estagnação ou declínio das atividades econômicas no centro de Confins. tal situação tenderia, no entanto, a ser revertida a partir da realização dos potenciais de ocupação e adensamento dessa área. tais potenciais são indicados, não apenas pelas novas condições de inserção do município na dinâmica de crescimento do vetor norte da RMbH, mas também pela expressiva presença de lotes ou terrenos vagos, não ocupados ainda por construções. na pesquisa realizada na área, foram contabilizados 114 imóveis nessa situação o que, quando comparado com a quantidade de imóveis construídos, total ou parcialmente vazios, (apenas 30), aponta que a principal questão de desocupação no centro de Confins se liga a essa grande quantidade de terrenos urbanos ociosos. 56 C o n f i n s Identificação de Potencialidades Potencialidade Localização Observações 1 apropriação por pedestre Vias estruturantesprincipais (rua Contorno, rua José ribeiro sobrinho, rua Maria rodrigues, rua são José, rua Luiz Vieira, rua Gameleira) incremento da possibilidade da apropriação por pedestres por meio da requalificação do desenho das calçadas e marcação de locais de travessia protegida. Praça Brigadeiro Délio Jardim de Matos incremento da apropriação (passagem e estar) por pedestres por meio da requalificação do desenho da praça. Vias com caixa especialmente estreita (rua João Cândido, raimundo Marques e Marciliano teixeira) Priorização para circulação de pedestres e reclassificação viária como via mista. Vias descontínuas (rua antônio Fernandes, rua Claudina teixeira e rua raimundo Moreira) Promoção da apropriação por pedestres por meio do aumento da capacidade de articulação dessas vias e requalificação dos seus desenho . aPP Lagoa José teixeira da Costa e áreas vazias lindeiras à lagoa (B, C e e) Promoção da apropriação (passagem e estar) por pedestres por meio da requalificação do desenho dessas áreas. Áreas vazias que articulam a lagoa às vias estruturantes principais (a,D e F) Promoção e incremento da apropriação por pedestres por meio da requalificação do desenho dessas áreas. 57 2 articulação Vias estruturantes principais (rua Contorno, rua José ribeiro sobrinho, rua Maria rodrigues, rua são José, rua Luiz Vieira, rua Gameleira) Modificações no sistema de circulação buscando equilíbrio entre os diversos meios de transporte e o pedestre. Vias com caixa especialmente estreita (rua João Cândido, raimundo Marques e Marciliano teixeira) Criação de vias pedestrializadas. Vias descontínuas (rua antônio Fernandes, rua Claudina teixeira e rua raimundo Moreira) alteração e incremento da capacidade de articulação dessas vias, por meio da modificação dos seus traçados. Áreas vazias que articulam a lagoa às vias estruturantes principais (a,D e F). aumento da capacidade de articulação dessas áreas por meio da requalificação dos seus desenhos. 3 Diversificação funcional Praça Brigadeiro Délio Jardim de Matos estímulo ao desenvolvimento de funções urbanas de forma equilibrada por meio do estímulo à diversidade de usos. Áreas do entorno da lagoa estímulo à implantação de usos comerciais e de serviços ligados à cultura e lazer. 4 Lazer público aPP Lagoa José teixeira da Costa e áreas vazias lindeiras à lagoa (B, C e e) Criação de áreas cujo desenho estimule as atividades culturais, esportivas e de lazer contemplativo. Áreas vazias que articulam a lagoa às vias estruturantes principais (a,D e F) Criação de áreas cujo desenho estimule as atividades culturais, esportivas e de lazer contemplativo. Potencialidade Localização ObservaçõesIdentificação de Potencialidades Potencialidade Localização Observações 1 apropriação por pedestre Vias estruturantes principais (rua Contorno, rua José ribeiro sobrinho, rua Maria rodrigues, rua são José, rua Luiz Vieira, rua Gameleira) incremento da possibilidade da apropriação por pedestres por meio da requalificação do desenho das calçadas e marcação de locais de travessia protegida. Praça Brigadeiro Délio Jardim de Matos incremento da apropriação (passagem e estar) por pedestres por meio da requalificação do desenho da praça. Vias com caixa especialmente estreita (rua João Cândido, raimundo Marques e Marciliano teixeira) Priorização para circulação de pedestres e reclassificação viária como via mista. Vias descontínuas (rua antônio Fernandes, rua Claudina teixeira e rua raimundo Moreira) Promoção da apropriação por pedestres por meio do aumento da capacidade de articulação dessas vias e requalificação dos seus desenho . aPP Lagoa José teixeira da Costa e áreas vazias lindeiras à lagoa (B, C e e) Promoção da apropriação (passagem e estar) por pedestres por meio da requalificação do desenho dessas áreas. Áreas vazias que articulam a lagoa às vias estruturantes principais (a,D e F) Promoção e incremento da apropriação por pedestres por meio da requalificação do desenho dessas áreas. 58 5 turismo Via de acesso ao aeroporto tancredo neves Criação de artifícios que deem maior visibilidade do acesso ao Município de Confins. Município de Confins estímulo do turismo de negócios, proveniente do aeroporto de Confins, e o turismo ecológico. 6 Valorização de patrimônio histórico cultural Município de Confins Manutenção e valorização do patrimônio comum da área. 7 Preservação ambiental Município de Confins Garantia da preservação da aPaF Carste de Lagoa santa e da aPP da lagoa. Potencialidade Localização Observações 59 as diretrizes de reabilitação da área central de Confins buscam favorecer sua diversificação, priorizando as atividades de lazer e cultura, melhorar as condições de uso de seus espaços públicos para moradores e visitantes, e utilizar seu potencial paisagístico e sua proximidade ao aeroporto internacional tancredo neves para atrair usuários desse equipamento e incrementar as atividades turísticas da cidade. em consonância com o estabelecido no Plano diretor do Município, a proposta se apoia em parâmetros de uso e ocupação do solo e na aplicação de mecanismos de política urbana que inibam a expansão da atual área urbana da cidade e que promovam a ocupação da grande quantidade de lotes e terrenos vagos existentes, dentro de padrões de horizontalidade e baixa densidade, compatíveis com a paisagem urbana existente e com as características do sítio natural, notadamente com os requisitos de proteção do patrimônio natural da apa Carste de Lagoa santa. o ponto chave da intervenção é a urbanização do entorno da lagoa, integrando-a ao sistema de espaços públicos existentes e fazendo com que a cidade se volte efetivamente para ela, transformando-a na principal atração para a fruição da área central. assim, a proposta de intervenção no centro de Confins se desdobra nas seguintes diretrizes: d i R e t R i z e s P a R a R e a b i L i t a ç ã o 61 Parque linear da Lagoa Central a criação do Parque Linear da Lagoa, ocupando a área de Preservação Permanente (aPP) legalmente prevista para o entorno da lagoa e outras áreas não ocupadas desse entorno, deverá dotar a área de espaços de convívio, de contemplação e de práticas esportivas, sendo estruturado por caminho veicular e de pedestres contornando a lagoa, mas concebido de modo a não tornar-se alternativa de ligação veicular entre áreas da cidade, prevendo que não deverá ser permitida a circulação contínua de veículos em volta da lagoa, privilegiando, assim, a circulação de pedestres. o Parque estará articulado às vias principais do centro por meio da utilização de áreas não ocupadas que permitirão a continuidade entre o espaço público das vias existentes e o espaço do parque, podendo ser utilizadas também para a implantação de equipamentos culturais que, estrategicamente localizados, promoverão a diversificação funcional do principal foco urbano do centro, a Praça brigadeiro délio Jardim de Matos. 62 C o n f i n s Proposta para acesso à Lagoa Central 63Proposta para praça articulada ao Parque Linear 64 C o n f i n s Proposta para a Rua antônio fernandes 65 Melhoria das vias de acesso ao parque o acesso ao parque e sua utilização implicam a complementação do sistema viário a sua volta, em especial a continuidade da Rua antônio fernandes e a ligação das vias existentes com o caminho do parque, com previsão de áreas de estacionamento nas entradas do parque, estimulando que a utilização deste se faça a pé. 67 requalificação de espaços públicos desenvolvimento de projetos de redesenhodos espaços públicos da cidade, promovendo um sistema de circulação que privilegie o pedestre e o uso de bicicletas, por meio de: • ampliação de passeios, implantação de ciclovia, regulação das áreas de estacionamento, complementação da arborização e mobiliário urbano e melhoria da iluminação pública. o tratamento do sistema viário deve ser realizado de forma diferenciada, de acordo com o papel funcional das vias e com suas características físicas; • requalificação urbanística das praças existentes, em especial a Praça brigadeiro délio Jardim de Matos, privilegiando as possibilidades de permanência e convívio dos usuários; • implantação da praça prevista para o espaço entre as ruas antônio fernandes e Maria Rodrigues, a qual servirá também como uma das entradas do Parque Linear da Lagoa; • valorização da igreja de são José, criando-se espaço público em terreno contíguo a ela, incluindo no projeto a consolidação e valorização das ruínas existentes no local. novas atividades Promoção dos potenciais de lazer e fruição do centro por meio de sua diversificação funcional com ênfase em atividades de entretenimento e cultura, compreendendo: • a implantação de equipamento cultural nas proximidades da Praça brigadeiro délio Jardim de Matos e do Parque Linear da Lagoa; 68 C o n f i n s Proposta para a Rua José Ribeiro sobrinho 69 • a utilização de incentivos fiscais para a implantação, na cidade, de restaurantes e bares, principalmente os voltados para o Parque Linear, e de hotéis. estes devem permitir o atendimento da demanda, tanto de hospedagem de curta duração de usuários do aeroporto, como de turismo ecológico, proposta que deveria ser estendida ao conjunto do Município. Habitação de interesse social implantação de programas de habitação de interesse social de modo a garantir a diversidade social na ocupação e frequentação do centro e a minimizar processos de expulsão de população mais pobre decorrentes da valorização imobiliária, em curso na área, e que tende a ser incrementada pela execução das propostas do presente Plano de Reabilitação. Patrimônio cultural execução de inventário de bens de interesse cultural do Município, notadamente as edificações de interesse histórico, e definição de medidas de sua proteção, além da formulação de Programa de educação Patrimonial a ser desenvolvido nas escolas e na comunidade em geral, como forma de incrementar na população a consciência e valorização da história local. Ocupação de áreas ociosas utilização de mecanismos de política urbana que estimulem a ocupação de lotes e terrenos vagos, otimizando a utilização da infraestrutura existente, resguardados os requisitos de proteção ambiental, e inibindo processos de valorização especulativa de terrenos urbanos, por meio do incremento da oferta no mercado. essa proposta auxilia ainda na manutenção da diversidade social na ocupação e apropriação do centro da cidade. L a g o a s a n t a L a g o a s a n t a 72 Criado em 1938, o Município está, atualmente, dividido entre a sede e os distritos Lagoinha de fora e Lapinha. Parte do município integra a área de Proteção ambiental Carste de Lagoa santa. a urbanização do Município se deu de forma fragmentada, por meio de pequenos povoados de apoio à atividade agrícola. a partir aproximadamente da década de 60, a cidade de Lagoa santa, por seus atrativos naturais, tornou-se também assentamento de residências de fim de semana de famílias de maior poder aquisitivo de belo Horizonte. Já na década de 1970 é considerável a mancha urbana que se forma no entorno da lagoa central, área central da cidade; e a implantação do Parque aeronáutico é um dos fatores determinantes da ocupação. Mais recentemente, a implantação do aeroporto internacional tancredo neves e da Linha verde foram fatores adicionais de fixação de população e crescimento da cidade, sendo a maior expansão da mancha urbana constituída a partir da década de 1980 e, principalmente, nos anos 1990 e 2000, justamente os momentos em que aumentam as relações do Município com a região metropolitana e a atratividade de Lagoa santa com grande oferta de loteamentos, com tipologias de casas de fim de semana. L a g o a s a n t a fonte: acervo da Prefeitura Municipal de Lagoa santa, 2010. L a g o a s a n t a 74 integrante da Região Metropolitana de belo Horizonte desde sua criação pela Lei federal n.° 14, de 8 de junho de 1973, Lagoa santa apresentava então, relações tênues com a capital belo Horizonte. os principais vínculos eram a presença de sítios e casas de segunda residência de estratos de maior renda da população da capital e os atributos paisagísticos, recreativos e turísticos da lagoa e da gruta da Lapinha, atrativos naturais e turísticos da população da RMbH e de outras regiões. nesse sentido, Lagoa santa apresentava relativa autonomia econômica e menores relações cotidianas com a capital belo Horizonte, especialmente em termos de trabalho, e da população do município utilizar os equipamentos e serviços da Capital, o que permitiu que o município fosse pouco atingido, nas décadas de 1970 e 1980, pelo processo de expansão das periferias de belo Horizonte, por meio da formação de assentamentos precários, sem urbanização, destinados às parcelas mais pobres da população. a crescente importância do Município no âmbito das relações metropolitanas se deu de forma gradual, com a expansão de chacreamentos e assentamentos residenciais para estratos de classe média, ainda com caráter predominante de áreas de segunda residência. esse caráter vem, mais recentemente, alterando-se em função da diversificação econômica do Município, atualmente com população de 48.000 habitantes (ibge, 2009) e das pressões de expansão da ocupação urbana, decorrentes dos investimentos no vetor norte da RMbH. À vocação de Lagoa santa como área de lazer e turismo, reforçada pela sua inserção no circuito turístico do Parque nacional da serra do Cipó, soma-se, agora, uma forte pressão imobiliária e, consequentemente, populacional. a multiplicação dos loteamentos voltados à população mais rica, muitos deles no formato de condomínios fechados, é acompanhada pelo surgimento de assentamentos para a população mais pobre, configurando-se pequenas favelas no Município. 75 avenida Prefeito João daher 77 o centro da cidade de Lagoa santa foi definido como a área para ser objeto do Plano Participativo de Reabilitação urbana de área Central. a área de intervenção é delimitada pelas seguintes vias: a oeste pela avenida Prefeito João daher, a sul/ sudeste pela avenida getúlio vargas (via que margeia a Lagoa Central), a sul/sudoeste pela Rua dos expedicionários e ao norte/nordeste pela Rua Pinto alves. a avenida Prefeito João daher, via arterial de mão dupla, com canteiro central, e a Rua Pinto alves são eixos viários de ligação à Lapinha, serra do Cipó (regiões com grandes atrativos turísticos) e aos condomínios ao norte do Município. além disso, a avenida Prefeito João daher está articulada à Rua acadêmico nilo figueiredo e vias de ligação com a Linha verde. as vias que delimitam a área de intervenção fazem parte do sistema viário estruturante do Município. a área de intervenção é predominantemente composta pelo uso comercial e de serviço, sendo esses mais concentrados nas proximidades das praças Marechal floriano Peixoto e dr. Lund, importantes locais de convergência de um grande número de pessoas e veículos. na área de intervenção e no seu entorno imediato destacam-se os seguintes espaços e equipamentos públicos, conformadores de polarizações ou focos urbanos de âmbito local: a á R e a d e i n t e R v e n ç ã o La g o a s a n t a 78 • escola estadual Padre de Menezes, localizada na Rua Caiçara • Hospital Lindolfo avelar, localizado na Rua Caiçara • Câmara Municipal • Centro de saúde, localizado na Rua Marechal deodoro da fonseca • ginásio Poliesportivo, localizado nas proximidades da Lagoa Central • terminal Rodoviário, localizado na Rua acadêmico nili figueiredo • sede da Prefeitura, localizada na Rua são João • Praça JK, denominada também como Praça do Liliu • Praça Marechal floriano Peixoto • Praça dr. Lund • igreja nossa senhora da saúde • Capela nossa senhora do Rosário • escola Municipal dr. Lund. C a R a C t e R i z a ç ã o d a á R e a 79 o Centro de Lagoa santa, localizado ao lado da lagoa central, remete ao início do surgimento do povoado que deu origem à cidade, fundado em 1733 pelo bandeirante felipe Rodrigues. a localização em torno da lagoa se deve à crença local de a lagoa ser santa pelas propriedades curativas de suas águas. um outro fato importante na história da cidade foram as descobertas arqueológicas do naturalista Peter Lund, que atestam a presença do homem em Lagoa santa na época pleistocênica do quaternário brasileiro, há cerca de 12.000 anos. Com a intensificação das relações do Município com a Região Metropolitana, a área central de Lagoa santa, que já polarizava todo o Município e ainda é predominantemente residencial, vem sofrendo aumento de demanda, simultaneamente, por moradia, pelo comércio e pelos serviços a ela complementares, e por comércio e serviços de amplo atendimento. se excludentes, tais processos podem conduzir à subtração do mais valioso atributo da área: sua diversidade a um só tempo funcional e social. a Mg-10, rodovia que articula belo Horizonte e Lagoa santa, atravessa a cidade, conformando o eixo ao longo do qual se desenvolveu o seu centro, nas proximidades da extremidade norte da lagoa central. somados às residências, equipamentos coletivos, comércio e serviços locais e de amplo atendimento distribuem-se nas ruas principais, concentrando-se à volta de duas praças: a Praça Marechal floriano Peixoto e a Praça doutor Lund. L a g o a s a n t a 80 Praça Marechal floriano Peixoto Praça dr. Lund 81 a área frequentada em todos os horários, nos dias úteis e nos fins de semana, por moradores tanto das proximidades quanto do restante do Município, mostra a sua inserção no cotidiano da cidade e, ao mesmo tempo, como o seu principal centro funcional, configurando-se como o mais significativo ponto de encontro dos moradores do município. em relação ao centro de Lagoa santa, a reclamação dos seus usuários é quanto ao atendimento por transporte coletivo, tido como insuficiente tanto nos horários de pico dos dias úteis, quanto nos feriados e fins de semana. o traçado urbano, composto por parcelamentos geradores de diferentes ambiências e perspectivas; a diversidade propiciadora de trocas sociais ricas e intensas; as casas e lojas voltadas à rua: tudo isso eleva ali o potencial da apropriação do espaço público. Quando perguntados sobre o que menos gostam nela, os moradores e usuários apontam o trânsito. o uso do transporte privado pela maioria (44%) já leva à incompatibilidade entre o volume de veículos e a capacidade do sistema viário. diante do crescente adensamento da área, essa incompatibilidade e os problemas dela resultantes, entre os quais a presença de congestionamento viário e, consequentemente, a perda da qualidade ambiental urbana, tendem a se agravar ao longo dos anos. 83 Rua barão do Rio branco Uso e ocupação do solo a predominância do uso comercial e o pouco significativo número de residências vagas, bem como de lojas vagas, significativo somente nos conjuntos comerciais, indicam que a qualidade ambiental urbana da área ainda favorece a sua vocação residencial e a maior competitividade das lojas abertas diretamente para a rua. o desenho, o tratamento e a conservação do espaço público, contudo, não correspondem ao seu potencial de apropriação, quer pelo movimento, quer pelo encontro, quer pela contemplação. a visibilidade da lagoa central, principal marco na paisagem e na história da cidade, é obstruída pelas edificações. as diferentes ambiências propiciadas pelo traçado não são devidamente tratadas e, por isso, pouco convidativas. as calçadas são descontínuas, malconservadas, acumuladas de obstáculos, de tal forma que o pedestre é, por vezes, expulso para a pista de rolamento. a arborização pública e o mobiliário urbano são aleatoriamente distribuídos. a iluminação não se adequa às diferentes situações de implantação das edificações, da arborização pública e do mobiliário urbano, gerando áreas evitadas pelos pedestres. L a g o a s a n t a 84 edificações com linguagem arquitetônica vernacular, dos períodos eclético e protomoderno, testemunhos da história e da vida da cidade, encontram-se ameaçadas tanto pela substituição quanto pela descaracterização progressivas. apesar de não configurarem um conjunto contínuo, a sua preservação pode ampliar o significado do patrimônio reconhecido e protegido por legislação pertinente, reforçando, ainda, o papel simbólico do centro, importante aliado da preservação do patrimônio imaterial local. o Plano de Reabilitação da área Central de Lagoa santa, articulando-se aos planos e projetos existentes, entre os quais, o Plano diretor, legislação municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo, legislação federal e estadual de proteção ao patrimônio ambiental e ao patrimônio histórico e cultural, Plano de Regularização fundiária sustentável, Projeto urbanístico Conceitual para a orla da lagoa central, inventário dos bens imóveis do Município devem combinar ações que garantam a centralidade da área para todos os moradores da cidade de tal forma que o “ir ao centro” seja reforçado como resposta não apenas à sua necessidade mas também à sua vontade. 85 87 Áreas e imóveis subutilizados e ou vazios na área central do município de Lagoa santa, a presença de imóveis construídos vazios é pouco expressiva. de um total de 309 edificações residenciais e 407 unidades comerciais ou de serviços, apenas 36 edificações residenciais e 31 unidades comerciais ou de serviços encontram-se total ou parcialmente vazios, o que corresponde, respectivamente, a 11,65% e a 7,61% dos totais de cada um desses usos. a maior incidência relativa de desocupação em cada um dos usos ocorre entre os imóveis residenciais, o que pode indicar uma tendência de esvaziamento desse uso na área e de sua substituição por atividades comerciais e de serviços. os processos de substituição do uso e da ocupação do solo tendem a permanecer e a incrementar-se na área, em função das novas condições de sua inserção na dinâmica de crescimento do vetor norte da Região Metropolitana de belo Horizonte, sendo induzidos também pela menor disponibilidade de lotes ou terrenos vagos, não ocupados ainda por construções. foram contabilizados 47 lotes vagos na área, número inferior às 67 edificações vazias mapeadas. L a g o a s a n t a 90 Potencialidade Localização Observações 1 apropriação por pedestre Área remanescente aPP Lagoa Central/av. Getúlio Vargas incremento da possibilidade da apropriação (passagem e estar) por pedestres com a requalificação do desenho das calçadas e do desenho da orla. r. acadêmico nilo Figueiredo alteração funcional da via (mão única) como forma de privilegiar os pedestres. av. Prefeito João Daher incremento da possibilidade de apropriação (passagem e estar) por pedestres com execução e requalificação dos passeios. Praça Dom Pedro ii incremento da apropriação
Compartilhar