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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE SÃO PAULO CAMPO LIMPO FLAVIO HENRIQUE LOUREIRO EDIFÍCIO MISTO DE INTERESSE SOCIAL MONOGRAFIA SÃO PAULO 2019 FLAVIO HENRIQUE LOUREIRO EDIFÍCIO MISTO DE INTERESSE SOCIAL Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Graduação em arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Anhanguera de São paulo – Campo Limpo, com requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Arqui.: Hamilton Carraro Junior SÃO PAULO 2019 FLAVIO HENRIQUE LOUREIRO EDIFÍCIO MISTO DE INTERESSE SOCIAL Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Graduação em arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Anhanguera de São paulo – Campo Limpo, com requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em: / / BANCA EXAMINADORA Profº Hamilton Carraro Junior Centro Universitário Anhanguera de São Paulo – Campo Limpo Professor interno convidado 1 Centro Universitário Anhanguera de São Paulo – Campo Limpo Professor externo convidado 2 Dedico este trabalho, às pessoas cоm quem convivi nesses espaços ао longo desses anos. А experiência dе υmа produção compartilhada nа comunhão cоm amigos nesses espaços foram а melhor experiência dа minha formação acadêmica. . AGRADECIMENTOS A todos que de uma maneira ou outra me auxiliaram com incentivo e motivação, sem os quais jamais conseguiria superar inúmeras barreiras, sendo talvez a pior delas a falta de tempo, por ter que dividi-lo entre trabalho, atividades do cotidiano familiar e outras tarefas acadêmicas que se desenvolveram paralelamente a este trabalho. Ao meu orientador, Professor Hamilton, que com seu amplo conhecimento acerca do assunto aqui abordado me prestou grande auxílio no que se refere ao levantamento dos dados necessários ao bom desenvolvimento deste trabalho, além de ter sido muito importante em termos motivacionais. “Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.” Albert Einstein https://www.pensador.com/autor/albert_einstein/ RESUMO LOUREIRO, Flavio. Habitação de uso misto: Habitação Popular, Comercial e Edifício Garagem. 2019. 97 folhas. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e urbanismo (Monografia para Especialização em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Anhanguera de São Paulo – Campo Limpo. 2019. O atual governo federal tem como política o incentivo de grandes investimentos públicos na área da construção, apoiados principalmente pelos programas "Plano de Aceleração do Crescimento” (PAC) e "Programa Minha Casa Minha Vida” (PMCMV). A construção de habitações com o objetivo de diminuir o déficit habitacional no país é uma das prioridades destes programas, o qual é estimado em 5,9 milhões de domicílios (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2012). Este trabalho analisa a uma área de 22.643,23 m² localizado entre a Avenida Francisco Matarazzo e Rua Tagipuru no bairro da Barra Funda em São Paulo, para a produção de Habitação de Mercado Popular (HMP), na subprefeitura da Lapa, baseado no Plano Diretor Estratégico (PDE), Lei 16.050/14, ZEIS 5, que determina o uso do solo de 40% da construção deve atender famílias que ganham de 3 a 6 salários mínimos e outros 60% atender quem ganha até 10 salários mínimos, sendo que desses últimos pode-se destinar até 20% para fazer área comercial no térreo. O bairro da Barra funda possuem características socioculturais e econômicas, próprias, voltadas à produção industrial e o comércio, e o terminal rodoviário que veio a ser referência aos demais da cidade; o Terminal Intermodal Palmeiras-Barra Funda. O projeto, proposto Barra Parque visa a melhoria da moradia popular no bairro proposto assim como aproximando a população do centro onde localiza a maior parte da oferta de trabalho e minimizar o acumulo de veículos no centro com o edifício garagem junto ao centro habitacional. Palavras-chave: Habitação Popular, Barra Parque, Reabilitação Urbana, Sociocultural ABSTRACT LOUREIRO, Flavio. Housing for mixed use: Housing, Commercial and Building Garage. 2019. 97 sheets. Final Degree in Architecture and Urbanism (Monograph for Specialization in Architecture and Urbanism) - Centro Universitário Anhanguera de São Paulo - Campo Limpo. 2019. The current government has as its policy the incentive of large public investments in the construction sector, supported mainly by the "Growth Acceleration Plan" (PAC) and "Minha Casa Minha Vida" (PMCMV) programs. The construction of housing with the aim of reducing the housing deficit in the country is one of the priorities of these programs, which is estimated at 5.9 million households (JOÃO PINHEIRO FOUNDATION, 2012). This work examines an area of 22,643.23 m² located between Francisco Matarazzo Avenue and Tagipuru Street in the neighborhood of Barra Funda in São Paulo, for the production of Popular Market Housing (HMP), in the Lapa subprefeitura, based on the Master Plan Strategic Plan (PDE), Law 16,050 / 14, ZEIS 5, which determines the land use of 40% of the construction should meet families who earn from 3 to 6 minimum wages and another 60% to meet those who earn up to 10 minimum wages, the latter can be allocated up to 20% to make commercial area downstairs. The neighborhood of Barra Funda has its own socio-cultural and economic characteristics, focused on industrial production and commerce, and the bus terminal that came to be a reference to the rest of the city; the Palmeiras-Barra Funda subway. The Barra Parque project aims to improve the popular housing in the proposed neighborhood as well as approaching the population of the center where it locates most of the labor supply and minimize the accumulation of vehicles in the center with the garage building next to the housing center. Keywords: Popular Housing, Park Barrage, Urban Rehabilitation, Sociocultural LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Planta Baixa do Edifício COPAN com detalhes da divisão dos Blocos. ... 65 Figura 2 – Brascan Century Plaza – planta da implantação do térreo ...................... 71 Figura 4 – Localização em São Paulo da área da intervenção para o projeto Barra Parque – Vista aérea ................................................................................................. 77 Figura 5 - Área da intervenção para o projeto Barra Parque – Vista aérea ............... 77 Figura 6 – Topografia do terreno ............................................................................... 78 Figura 7 – Topografia do terreno vista pelo sketchup ............................................... 80 Figura 8 – Orientação solar no terreno ...................................................................... 80 Figura 9 – Orientação solar da maquete volumétrica vista pelo sketchup ................ 81 Figura 10 – velocidade predominante por direção .................................................... 82 Figura 11 – direção do vento no edifício ................................................................... 83 Figura 12 – direção do vento no edifício ................................................................... 84 Figura 13 – Direção do vento no terreno – Vista aérea ............................................. 84 Figura 14 - Zonas ZEPCs BIR e BIR APPa – Vista aérea ......................................... 85 Figura 15 - Área da intervenção para o projeto Barra Parque – Vista aérea ............. 86 Figura16 – Bairro onde se encontra a área da intervenção para o projeto Barra Parque – Vista aérea ................................................................................................. 87 Figura 17 - Tecido Urbano – Vista aérea .................................................................. 88 Figura 18 - Transporte público malha viária – Vista aéria ......................................... 89 Figura 19 - Intensidade do tráfego as 8:00 hs – Vista aérea ..................................... 90 Figura 20 - Intensidade do tráfego as 19:00 hs – Vista aérea ................................... 90 Figura 21 - Tipos de vias ........................................................................................... 91 Figura 22 – Zoneamento por perímetro de Zonas – informações obtidas no GeoSampa ................................................................................................................ 92 Figura 23 – Quadra da área de intervenção .............................................................. 93 Figura 24 – Uso predominante do solo e locais de interesse próximos .................... 94 Figura 25 – Volumetria do bairro com destaque no terreno. ..................................... 95 Figura 26 – Volumetria do bairro com destaque no terreno. ..................................... 95 Figura 27 – Volumetria do bairro com destaque no terreno. ..................................... 96 Figura 28 – Volumetria do bairro com destaque no terreno. ..................................... 96 Figura 29 - Área de intervenção e equipamentos do entorno.................................... 97 Figura 30 - Incremento de viagens de metrô por sub-região da RMSP, entre 2007 e 2012 ........................................................................................................................ 111 Figura 31 - Percentual destinado a área publica. .................................................... 115 Figura 32 - Parametros de ocupação do uso do solo. ............................................. 116 Figura 33 - Percentual Parcelamento do Solo. ........................................................ 117 Figura 34 – Pontuação mínima de quota ambiental. ............................................... 118 Figura 35 - percentuais de área construída. ............................................................ 118 Figura 36 – Ligações entre o condomínio e o entorno. ........................................... 127 Figura 37 – Setorização da implantação. ................................................................ 128 Fotografia 1 - SPR/EFSJ – Estação Ferroviária Barra Funda 1946 .......................... 48 Fotografia 2 - Memorial da América Latina .............................................................. 49 Fotografia 3 – Mercado Mix ....................................................................................... 50 Fotografia 4 – Teatro São Pedro ............................................................................... 51 Fotografia 5 – Extinto Play Center ............................................................................. 52 Fotografia 6 – Shopping West Plaza ......................................................................... 53 Fotografia 7 – Alliz Parque ........................................................................................ 54 Fotografia 8 – Parque da Água Branca ..................................................................... 55 Fotografia 9 – Sesc Pompéia .................................................................................... 56 Fotografia 10 – Terminal Rodoviário da Barra Funda ............................................... 57 Fotografia 11 – Forum Trabalhista Rui Barbosa ........................................................ 58 Fotografia 12 – Forum Trabalhista Rui Barbosa parte interna................................... 59 Fotografia 13 – Sede da Federação Paulista de Futebol .......................................... 60 Fotografia 14 – Edifício COPAN – vista Aérea. ......................................................... 64 Fotografia 15 – Paisagismo do Bascan century Plaza – Vista Aérea ........................ 70 Fotografia 16 – Edifício Garagem Paço Alfândega em Recife .................................. 72 Fotografia 17 – Foto de canteiro – pouca arborização .............................................. 99 Fotografia 18 – Foto Rua Tagipuru na frente do local do projeto – pouca arborização .................................................................................................................................. 99 Fotografia 19 - Foto de rotatória – pouca arborização ............................................ 100 Fotografia 20 – Foto da praça do terminal Barra Funda – mais arborizado arborização.............................................................................................................. 100 Fotografia 21 – Foto da Rua Dep. Salvador Julianelli vista pela Rua Tagipuru – Problema grave de segurança na região. ............................................................... 101 Fotografia 22 – Foto da Rua Dep. Salvador Julianelli vista pela Av. Francisco matarazzo – Futuro Projeto Água Branca Sub Setor H, parque linear com 30m de largura por 120m de comprimento com descrito abaixo. ......................................... 101 Quadro 1 - Ficha Técnica COPAN ............................................................................ 63 Quadro 2 – Características dos Apartamentos do COPAN ....................................... 66 Quadro 3 – Ficha técnica Brascan Century Plaza ..................................................... 69 Quadro 4 – Ficha Técnica Paço Alfândega em Recife .............................................. 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Parâmetros de Aproveitamento e Ocupação de Lotes HIS,EHIS e EHMP .................................................................................................................................. 37 Tabela 2 - Parâmetros de Aproveitamento e Ocupação de Lotes HIS,EHIS e EHMP .................................................................................................................................. 37 Tabela 3 - Parâmetros de aproveitamento e Ocupação em EZEIS ........................... 37 Tabela 4 - Condições para instalação de usos não residenciais permitidos em ZEIS .................................................................................................................................. 38 Tabela 5 - Percentuais de área construída para HIS, HMP e outros usos, em ZEIS 38 Tabela 6 - Calculo de área comercial…………………………………………………..124 Tabela 7 - Calculo de área serviço……………………………………………………...125 Tabela 8 - Calculo de área residencial……………..…………………………………..125 Tabela 9 - Tabela de portas e janelas Residencial……………….…………………..149 Tabela 10 - Tabela de portas e janelas Comercial.……………….…………………..149 Tabela 11 - Tabela de portas e janelas Serviço…..……………….…………………..150 Tabela 12 - Calculo de Caixa D'água……………...……………….…………………..150 LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS LISTA DE SIGLAS ONU Organizações das Nações Unidas HIS Habitação de Interesse Social BNH FGTS PAR PAC PMCMV PIB FGV IBGE SMDU ZEIS TO CA PNH Banco Nacional da Habitação Fundo de Garantia do Tempo de Serviço Programa de Arrendamento Residencial Programa de Aceleração do Crescimento Programa Minha Casa Minha Vida Produto Interno Bruto Faculdade Getúlio Vargas Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Zona Especial de Interesse Social Taxa de ocupação Coeficiente de Aproveitamento Política Nacional de Habitação LISTA DE ACRÔNIMOS COHAB Companhia de Habitação SEHAB Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo CIAM PSH CONCIDADES POLIS CONDEPHAAT COPAN Congresso Internacionalda Arquitetura Modern Programa de Subsídios à Habitação de Interesse Social Conselho das Cidades Instituto de Estudos Formação e assessoria em Politicas Sociais Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo Companhia pan-Americana de Hotéis e Turismo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................28 HABITAÇÃO POPULAR NA HISTÓRIA DO BRASIL ...........................................33 ________________________________________________________________ .33 2 HABITAÇÃO POPULAR NA HISTÓRIA DO BRASIL .......................................34 2.1 O PROGRAMA HABITACIONAL E ASPCTOS LEGAIS .................................35 2.2 ENTENDENDO O PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO (PDE – LEI 16050/14) 38 Ganhos da Produção da Cidade .....................................................................39 Mobilidade urbana ..........................................................................................40 Transporte Público ..........................................................................................40 Desenvolvimento Econômico ..........................................................................41 Patrimônio e Iniciativas Culturais ....................................................................42 Política Habitacional .......................................................................................43 Vida Urbana ....................................................................................................44 Dinâmica Metropolitana ..................................................................................44 Agenda Ambiental no Desenvolvimento da Cidade ........................................45 Participação Popular .......................................................................................46 2.3 PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO (PDE – LEI 16050/14) ...........................47 2.4 A HITÓRIA DO BAIRRO DA BARRA FUNDA ................................................48 2.5 O BAIRRO ATUAL ..........................................................................................57 3 ESTUDO DE CASOS .........................................................................................62 3.1 COMPANHIA PAN-AMERICANA DE HOTÉIS E TURÍSMO (COPAN) ..........63 Analise Projetual .............................................................................................64 Analise Funcional ............................................................................................67 Analise Urbana ...............................................................................................68 3.2 BRASCAN CENTURY PLAZA ........................................................................69 3.3 EDIFÍCIO GARAGEM REESTRUTURAÇÃO DO PAÇO ALFÂNDEGA EM RECIFE. ................................................................................................................72 Impacto da Intervenção no Bairro ...................................................................73 EDIFÍCIO MISTO DE INTERESSE SOCIAL ...........................................................74 4 EDIFÍCIO MISTO DE INTERESSE SOCIAL.......................................................75 4.1 DIAGNÓSTICO ...............................................................................................76 Localização .....................................................................................................76 Levantamento Planialtimétrico ........................................................................78 Orientação Solar .............................................................................................80 Ventos Predominantes ....................................................................................82 Morfologia do Tecido Urbano ..........................................................................87 Infraestrutura Viária de Transporte .................................................................88 Zoneamento ....................................................................................................91 4.1.1.1 Perímetros das zonas ...................................................................92 4.1.1.2 Zona especial de interesse social (ZEIS 5) ..................................93 4.1.1.3 Uso predominante do solo ............................................................93 4.1.1.4 Volumetria do entorno ..................................................................95 Áreas verdes ...................................................................................................98 Aspectos legais do entorno .............................................................................101 4.1.1.5 Resolução de tombamento ...........................................................102 4.1.1.6 Entorno do imóvel tombado ..........................................................104 4.1.1.7 Projeto de lei dos planos regionais estratégicos das subprefeituras e da disciplina do uso e ocupação do solo do município de São Paulo......104 4.1.1.8 EMURB – Operação urbana consorciada água branca ................105 Fachada Ativa, Fruição Pública e Cota Parte Máxima ....................................108 Insentivo edifício garagem ..............................................................................110 Zona Mista e Zeis ...........................................................................................112 Legislação .......................................................................................................115 Taxa de ocupação e coêficiente de aproveitamento .......................................118 4.2 TABELA DE CÁLCULO DE PARAMETROS URBANÍSTICOS.......................119 4.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO .........................................................................119 4.4 CONCEITO .....................................................................................................122 4.5 PROGRAMA DE NECESSIDADE ..................................................................123 Setorização .....................................................................................................125 4.6 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA .............................................................129 4.7 PROJETO .......................................................................................................130 Plantas sem escala .........................................................................................130 Corte Bloca A Torre 1 e Escada confinada Torre 1. .......................................139 Elevaçao Norte e Leste ...................................................................................140 4.8 MEMORIAL DESCRITIVO ..............................................................................141 Características da obra ...................................................................................141 Sub solo II .......................................................................................................141 Sub solo I ........................................................................................................142 Térreo 142 Paisagismo .....................................................................................................142 1° Pavimento ..................................................................................................143 2° Pavimento ..................................................................................................143 Cobertura ........................................................................................................144 Reservatório Superiores e Casa de Máquinas ...............................................144 Estrutura .........................................................................................................144Instalações elétricas .......................................................................................145 Instalações Hidros sanitárias ..........................................................................145 Contra Incêndio ...............................................................................................145 Alvenarias .......................................................................................................146 Cobertura ........................................................................................................146 Reservatório Inferior e Reservatório Superior .................................................146 Tratamento Especiais .....................................................................................146 Esquadrias ......................................................................................................146 Louças ………………………………………………………………………………147 Tampos ...........................................................................................................147 Pisos ………………………………………………………………………………147 Revestimentos ................................................................................................148 Tabela de portas e janelas ..............................................................................149 Calculo da Caixa d’agua .................................................................................150 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................152 28 1 INTRODUÇÃO O problema habitacional no Brasil vem se tornando uma realidade desde que o processo de industrialização no país criou um crescimento populacional desordenado nas grandes cidades, fazendo com que o acesso às moradia digna ficasse cada vez mais inacessível. Com o êxodo rural que ocorreu na segunda metade do século XX, resultaram num aumento exagerado nas periferias urbanas. O direito à moradia, presente no Estatuto da Cidade1 (Lei Federal nº 10.257/01), é de extrema importância, já que influencia sob múltiplos aspectos (saúde física e psicológica) a qualidade de vida dos moradores. Segundo a Relatoria Nacional para os Direitos Humanos, a moradia adequada está relacionada aos seguintes itens: segurança de posse; disponibilidade de serviços, equipamentos públicos e infraestrutura; custo acessível, de modo a permitir a aquisição ou a locação do imóvel sem comprometer o orçamento familiar; localização adequada; habitabilidade e adequação cultural (SAULE JÚNIOR; CARDOSO, 2005). Este crescimento acelerado das cidades sem planejamento urbano, fez com que as classes menos favorecidas fossem desprivilegiadas não tendo acesso ao solo do centro urbanizado, sendo “empurrados” para periferias, morros e várzeas. Dando início as construções impróprias em áreas inadequadas, criando assentamentos insalubres e precários, as conhecidas “Favelas”, com enorme riscos devido à ausência de técnicas e materiais adequados para construções. O presente trabalho visa a construção de um centro habitacional denominado “Barra Parque” no centro expandido de São Paulo na região Oeste, seguindo todos os parâmetros do Plano Diretor de São Paulo aprovado em 2014, que é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes e orienta o crescimento da mesma pelos próximos 16 anos, além disso, a lei dá diretrizes para atualização de outras leis 1 O direito à moradia foi aprovado como direito constitucional no ano 2000 pela Emenda Constitucional nº 26/2000, que alterou o artigo 6˚ da Constituição Federal, fazendo constar a moradia entre os direitos sociais. No ano seguinte, esse direito foi incorporado na Lei Federal nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade). 29 importantes, como a de Zoneamento, a de Uso e Ocupação do Solo e o Código de Edificações. O projeto visa a comunicação entre a edificação os espaços abertos e a cidade, e como há uma demanda relativamente grande neste segmento de habitação de interesse social devido ao novo plano diretor de São Paulo, destacamos a importância de viabilizar um projeto com qualidade estética e funcional. Para a realização do projeto será feita uma pesquisa diagnóstica para o levantamento de dados e avalição do terreno e do entorno. Essas informações são essenciais para a definição de quais leis regulamentam a implantação do projeto e qual tipo de partido arquitetônico seguir. A habitação, surgiu para abrigar o homem das condições climáticas e para sua proteção. Com o tempo passou a ser local de permanência e de descanso para o homem depois de sua jornada de trabalho. Vivendo um terço do seu tempo na habitação, o homem passa a ter a sua casa como um local onde se reflete as suas tradições culturais e seus hábitos, deixando de ser apenas um lugar para morar e se tornando também um universo simbólico. “Tais atuações domésticas, que costumamos dizer ligadas aos hábitos e práticas de uma sociedade, devem se desenvolver em circunstâncias ideais e a qualidade do desempenho evidentemente está condicionada às condições oferecidas pela construção...” (LEMOS, 1989: 09). A atual realidade da habitação popular brasileira não atende todas às funções básicas necessárias para um conforto habitacional. É fato que, hoje em dia a grande maioria dos moradores de favelas ou comunidades, habitam precariamente em barracos ou simplesmente casas auto construídas cujas dimensões e falta de planejamento construtivo comprometem a qualidade e dignidade de vida familiar. O trabalho escasso ou a baixa renda para sustentar a família, aliados a uma jornada de trabalho exaustiva, sem o conforto habitacional adequado que possibilite ao trabalhador descansar o corpo, também afetam a todos os usuários da residência, provocando atritos e discussões familiares (CORDEIRO, 2002). 30 Habitar em condições precárias implica na redução do desempenho do trabalhador, pois é no interior da habitação onde o homem repõe suas energias através do repouso, das refeições e de sua higiene pessoal (ROBALINHO, 1980). Grande parte dos problemas socioeconômico, esta ligada ao fato da habitação social não exercer seu papel fundamental que é prover as necessidades básicas habitacionais, problemas estes que geram o aumento da violência urbana, exclusão social, desgaste físico e mental do indivíduo o privando do acesso aos serviços de infraestrutura urbana básicos de boa qualidade que lhes garantam viver com o mínimo de dignidade e segurança. Os chamados “bolsões de pobreza”. Maricato (2000) afirma que “nossas cidades crescem produzindo em seu interior verdadeiras bombas sociológicas, depósito de multidões abandonadas, sem quaisquer direitos legais”. Nesse contexto, a falta de moradia constitui-se como um dos principais problemas urbanos enfrentados na atualidade pelas cidades brasileiras. De acordo com a Fundação IBGE, a população brasileira foi estimada em 208,5 milhões de habitantes e a estimativa mais recente da população mostra que 24% dos brasileiros vivem nas capitais. Menos de 1% dos municípios têm mais de 500 mil habitantes e apenas 3 têm menos de mil. O déficit habitacional também guarda relação com a precariedade física da habitação. Trabalhadores sem qualificação e mal remunerados são obrigados a ocuparem áreas afastadas do centro e inadequadas para a moradia adequada, tais como terrenos abandonados passíveis de alagamentos ou deslizamentos de terra. E com o decorrer do tempo, o acumulo de pessoas convivendo em condições tão precárias, tem como resultado problemas socioeconômicos como; violência, criminalidade, desemprego, e aumento ainda mais da desigualdade social. Todo cidadão tem direito a moradia digna e segura. É dever do arquiteto saber transformar a palavra Habitar, em um local de proteção física e emocional, dar direito a cidadania, dignidade, autoestima,e principalmente acesso à equipamentos e serviços básicos a habitação popular. 31 É um dever do estado resolver os problemas sociais e uma obrigação do arquiteto urbanista contribuir para o interesse público e o desenvolvimento social. Os projetos de habitação precisam de resultados e bom desempenho com baixo custo, qualidade arquitetônica, preservação ambiental e sustentabilidade. Resolver o problema habitacional requer mais do que a simples a construção do imóvel, ou prover segurança e salubridade. É preciso aproximar a moradia dos equipamentos públicos, lazer, esporte, educação e saneamento de forma sustentável. O local de implantação do projeto deste estudo, ja possui infraestrutura bem sólida tendo como destaque o transporte, comercio, serviço e fácil acesso. O projeto em questão visa um conjunto habitacional voltado para publico de baixa renda, que se enquadra nos parâmetros do plano diretor designado a ZEIS 5, sendo assim de uso misto com comércio no térreo e fachada ativa, além da integração a um edifício garagem de uso publico beneficiando o condomínio com isenção fiscal com o incentivo da prefeitura. Neste empreendimento serão beneficiadas famílias com renda de 3 a 10 salários mínimos, e um centro comercial voltado para atender as necessidades dos moradores e vizinhança. “Os arquitetos estão mais obcecados com a forma, e menos com a vida. Isso tanto nas escolas brasileiras, influenciadas pelo modelo de Brasília, modernistas, quanto em escolas norte- americanas e europeias. Os arquitetos competem pela forma, mais do que por ideias humanísticas. Preocupam-se mais pela tendência.”( Jan Gehl em entrevista para AU,edição 215 de Dezembro de 2011.) O objetivo deste estudo é projetar edifícios com o menor custo construtivo possível oferecendo funcionalidade e comodidade, com base no aproveitamento dos espaços, comunicação entre o interno e externo e atender aos critérios de sustentabilidade e economia energética e com na região proposta também há o incentivo de edifício garagem é imprescindível que o projeto tenha 2 pavimentos no subsolo dedicados a estacionamento público. Para isto usaremos as técnicas construtivas de alvenaria e concreto armado visando o aproveitamento das vantagens climáticas aumentando o nível de conforto térmico habitacional. 32 Para fazer a análise da área onde será implantado o projeto é proposto uma sistematização do processo de pesquisa no qual serão levantada diversas questões relativas ao objeto de estudo, tanto quanto às questões ambientais quanto aos resultados previstos para transformação dos espaços livres, públicos e privados, da área de estudo. Para isso faremos um levantamento histórico da área, análise da configuração do tecido urbano existente, caracterização dos espaços livres de caráter ambiental e demonstrar claramente a definição dos espaços internos e externos da proposta. Além disso serão identificados níveis, infraestrutura para o melhor funcionamento do projeto proposto, materiais a serem utilizados, simbiose com os sistemas complementares, paisagismo e técnicas construtivas. O desenvolvimento do projeto terá 3 etapas, sendo elas, Levantamento de dados, Soluções do projeto e Detalhamento do projeto conforme os seguintes parâmetros: 1. Contextualização – Presencial e teórica. 2. Parâmetros Urbanísticos 3. Estudos de Casos 4. Projeto de Arquitetura 33 HABITAÇÃO POPULAR NA HISTÓRIA DO BRASIL ________________________________________________________________ 34 2 HABITAÇÃO POPULAR NA HISTÓRIA DO BRASIL O problema habitacional no Brasil vem se tornando uma realidade desde que o processo de industrialização no país criou um crescimento populacional desordenado nas grandes cidades, fazendo com que o acesso às moradia digna ficasse cada vez mais inacessível. Com o êxodo rural que ocorreu na segunda metade do século XX, resultaram num aumento exagerado nas periferias urbanas. Este crescimento acelerado das cidades sem planejamento urbano, fez com que as classes menos favorecidas fossem desprivilegiadas não tendo acesso ao solo do centro urbanizado, sendo “empurrados” para periferias, morros e várzeas. Dando início as construções impróprias em áreas inadequadas, criando assentamentos insalubres e precários, as conhecidas “Favelas”, com enorme riscos devido à ausência de técnicas e materiais adequados para construções. Com a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1986, o setor habitacional passou por uma desarticulação e fragmentação institucional, com a consequente perda de capacidade decisória e redução dos recursos disponíveis para investimento. apenas recentemente o setor passou a ter maior representação institucional na esfera federal, com a criação do Ministério das Cidades, em 2003, a aprovação da nova Política Nacional de Habitação (PNH) e a implementação da Lei federal 11.124/05, que criou o fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (fNHIS) e o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS). A Política Nacional de Habitação, aprovada em 2004 pelo Conselho das Cidades (ConCidades) – órgão colegiado de natureza deliberativa e consultiva do Ministério das Cidades, constitui-se no principal instrumento de orientação das estratégias e das ações a serem implementadas pelo Governo federal. Segundo Adriana Cordeiro (CORDEIRO, 2002) a atual realidade da habitação popular brasileira não atende todas às funções básicas necessárias para um conforto habitacional. É fato que, hoje em dia a grande maioria dos 35 moradores de favelas ou comunidades como é politicamente correto dizer, habitam precariamente em barracos ou simplesmente casas auto construídas, cujas dimensões e falta de planejamento construtivo comprometem a qualidade e dignidade de vida familiar. A falta de trabalho ou a renda insuficiente para sustentar a família, aliados a uma jornada de trabalho exaustiva, sem o conforto habitacional adequado que possibilite ao trabalhador descansar o corpo, também afetam a todos os usuários da residência, provocando atritos e discussões familiares (CORDEIRO, 2002). Habitar em condições precárias implica na redução do desempenho do trabalhador, pois é no interior da habitação onde o homem repõe suas energias através do repouso, das refeições e de sua higiene pessoal (ROBALINHO, 1980). Grande parte dos problemas socioeconômico, esta ligada ao fato da habitação social não exercer seu papel fundamental que é prover as necessidades básicas habitacionais, problemas estes que geram o aumento da violência urbana, exclusão social, desgaste físico e mental do indivíduo o privando do acesso aos serviços de infraestrutura urbana básicos de boa qualidade que lhes garantam viver com o mínimo de dignidade e segurança. 2.1 O PROGRAMA HABITACIONAL E ASPCTOS LEGAIS Segundo o POLIS (Instituto de Estudos Formação e assessoria em Politicas Sociais) O primeiro projeto de lei de iniciativa popular, que cria o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, foi sancionado pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 16 de junho, depois de 13 anos de expectativas dos movimentos sociais de moradia. A proposta do projeto de Lei, subscrito com mais de 1 milhão de assinaturas, foi apresentada ao Congresso Nacional em 19 de novembro de 1991, http://base.d-p-h.info/pt/fiches/organisme/fiche-organisme-819.html 36 tendo sido aprovada por unanimidade em todas as Comissões da Câmara dos Deputados entre os anos de 1997 e 2001. O Programa Habitação de Interesse Social (HIS), por meio da Ação Apoio do Poder Público para Construção Habitacional para Famílias de Baixa Renda, objetiva viabilizaro acesso à moradia adequada aos segmentos populacionais de renda familiar mensal de até 3 salários mínimos em localidades urbanas e rurais. Por HIS entende-se que são habitações voltadas a um mercado específico e que segue regras muito bem definidas. No Município de São Paulo, o Decreto 56.759 de 7 de janeiro de 2016 estabelece normas específicas a serem seguidas por este tipo de projeto, segundo as diretrizes do Plano Diretor, de 2014. As regras incluem percentuais de Habitação de Mercado Popular (HMP) em projetos de Habitação de Interesse Social (HIS), áreas não-computáveis específicas, número de vagas de estacionamento/cota de garagem, outorga onerosa sobre potencial construtivo, etc. Mas talvez o mais importante seja o fato de que a metragem quadrada das unidades habitacionais seguem regras/parâmetros fixos (para HIS e HMP, área útil entre 24 e 70m2) e número de sanitários máximos de 1 para HIS e 2 para HMP. O número de unidades habitacionais por lote/gleba possui um limite de 300 (podendo chegar a 500 se for atender o Programa Minha Casa Minha Vida) – sendo condicionado ao tamanho da via de acesso. Além do Decreto 56.759 de 7 de janeiro de 2016 devem ser seguidas todas as demais legislações inerentes aos demais temas de Projeto: PDE (2014), Zoneamento (2016), Código de Obras (2017), NBR`s (em especial as NBR 9050 e NBR 15.575), Bombeiros. 37 Tabela 1 - Parâmetros de Aproveitamento e Ocupação de Lotes HIS,EHIS e EHMP Fonte: DECRETO Nº 56.759, DE 7 DE JANEIRO DE 2016 Tabela 2 - Parâmetros de Aproveitamento e Ocupação de Lotes HIS,EHIS e EHMP Fonte: DECRETO Nº 56.759, DE 7 DE JANEIRO DE 2016 Tabela 3 - Parâmetros de aproveitamento e Ocupação em EZEIS Fonte: DECRETO Nº 56.759, DE 7 DE JANEIRO DE 2016 38 Tabela 4 - Condições para instalação de usos não residenciais permitidos em ZEIS Fonte: DECRETO Nº 56.759, DE 7 DE JANEIRO DE 2016 Tabela 5 - Percentuais de área construída para HIS, HMP e outros usos, em ZEIS Fonte: DECRETO Nº 56.759, DE 7 DE JANEIRO DE 2016 2.2 ENTENDENDO O PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO (PDE – LEI 16050/14) O principal objetivo do novo PDE é humanizar e reequilibrar São Paulo, aproximando moradia e emprego e enfrentando as desigualdades sócio territoriais. Para atingir esses objetivos é necessário combater a terra ociosa, que não cumpre a função social; implantar a política habitacional para quem precisa; 39 valorizar o meio ambiente; orientar o crescimento da cidade nas proximidades do transporte público; qualificar a vida urbana na escala de bairro; promover o desenvolvimento econômico na cidade; preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais; e fortalecer a participação popular nas decisões dos rumos da cidade. A criação da Macro área de Estruturação Metropolitana define um território estratégico na relação de São Paulo com os demais municípios da metrópole. Espaço destinado a projetos específicos que tem como um dos principais objetivos requalificar os espaços públicos reaproximando a cidade das suas águas. Edifícios de uso misto com fachadas ativas que dêem vida aos espaços públicos da cidade serão incentivados ao longo dos eixos de transporte coletivo, locais prioritários para a transformação urbana e otimização da terra urbana, o que permite resguardar mais tranquilidade para os bairros residenciais situados entre os eixos dessa rede.(PLANO..., 2019) Ganhos da Produção da Cidade Adoção de Coeficiente Básico = 1 para toda cidade. O potencial construtivo adicional dos terrenos pertence à sociedade paulistana e seu ganho deve ser revertido para a coletividade, os recursos arrecadados nas obras que construam a cima do Coeficiente Básico = 1 serão investidos em melhorias urbanas (equipamentos públicos, praças, transporte, drenagem, habitação) em toda a cidade. Atualização do cálculo para construir acima do limite básico estabelecido para toda a cidade de acordo com valor real da terra (preço de mercado) por meio da criação do Cadastro de Valor de Terreno para fins de Outorga Onerosa (em média cerca de 5% do VGV). Combate à ociosidade da terra que não cumpre a função social por meio da aplicação dos instrumentos de Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios (PEUC), IPTU Progressivo no Tempo, entre outros. Definição de áreas estratégicas para aplicação dos instrumentos da função social da propriedade: Área Central, ZEIS 2, 3 e 5, áreas ao longo dos eixos de transporte publico, Operações Urbanas Consorciadas, áreas consolidadas da cidade e grandes terrenos nas áreas mais vulneráveis. (GANHOS..., 2019) 40 Mobilidade urbana Priorização do Transporte Público por meio da ampliação da rede de corredores de ônibus, pela orientação de crescimento da cidade ao redor dos eixos de mobilidade e pela limitação das vagas de garagem ao longo deles, a fim de diminuir a necessidade e o tempo de deslocamentos pela cidade. Destinação mínima de 30% dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) para implantação de transporte público coletivo, sistema ciclo viário e de circulação de pedestres. Previsão de calçadas largas nas proximidades dos eixos de transporte, que devem ter largura mínima de 5 metros nos corredores de ônibus e de 3 metros nas áreas de influência dos eixos de mobilidade. Definição de diretrizes e prazo para elaboração participativa do Plano de Mobilidade Urbana, afim de ampliar e qualificar os diferentes modais de transporte, que estruturam os deslocamentos urbanos, assim como os reflexos na qualidade de vida das diferentes regiões da cidade. Reconhecimento de novos componentes do Sistema de Mobilidade no PDE (logística, hidroviário, compartilhamento de automóveis) para estruturação de uma matriz de deslocamentos mais eficiente e articulada. (MOBILIDADE..., 2019) Transporte Público Orientação do desenvolvimento urbano ao longo dos eixos de transporte público (corredores de ônibus, estações das linhas de metrô, monotrilho e trem) em que são definidas áreas de influência nas quais será permitido construir 4 vezes a área do terreno otimizando estes espaços da cidade bem servidos pelas infraestruturas de mobilidade. Definição de novos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana vinculados à expansão da rede de transporte publico (obras iniciadas com todas licenças emitidas); serão aplicadas as mesmas regras de desenho urbano e parâmetros construtivos do que os Eixos existentes. Estímulos por meio de incentivos urbanísticos para implantação de edifícios de uso misto com fachadas ativas (aproximando emprego e moradia), espaços para fruição pública, além da definição de largura mínima de calçada e da regulamentação de muros 41 contínuos ao longo dos eixos de mobilidade com o objetivo de ampliar e qualificar os espaços públicos da cidade conferindo qualidade urbana e ambiental. Desestimulo ao uso do automóvel por meio da desobrigação da existência mínima de um número de vagas de garagens nos empreendimentos próximos aos eixos de mobilidade, e criação de um teto: as vagas de garagem passam a ser consideradas áreas computável se ultrapassar o limite de uma por unidade habitacional ou uma vaga de garagem para cada 70 metros quadrados em empreendimentos não residenciais. Em contrapartida meios de transporte mais sustentáveis serão incentivados. Criação de instrumento para otimizar o uso da terra ao longo dos eixos de transporte publico; tal instrumento define o numero mínimo de unidades habitacionais que devem ser construídas em função do tamanho do terreno e do potencial construtivo utilizado ampliando assim o direito à cidade nas áreas melhores dotadas de infraestrutura de mobilidade. (TRANSPORTE..., 2019) Desenvolvimento Econômico Fortalecimento da rede de centralidadespolares e lineares existentes, porções do território que concentram predominantemente atividades terciárias (comercio e serviços), tais como: centro histórico, centros de bairro, polos de comércio, eixos de transporte. Além da rede centralidades existente pretende-se estimular a criação de novas centralidades. Geração de emprego e renda em áreas populosas da cidade, mas que contam com importantes eixos de acesso viário e de transporte público coletivo, por meio de incentivos para usos não residenciais, urbanísticos: pode-se construir quatro vezes a área do terreno); e fiscais: isenção de cobrança de outorga onerosa. Nos perímetros Jacu-Pêssego e Cupecê estas regras serão autoaplicáveis, nos demais perímetros será necessária elaboração de Lei específica. Criação de Polos Estratégicos de Desenvolvimento Econômico em regiões com baixo nível de emprego e grande concentração populacional que apresentam potencial para a implantação de atividades econômicas. Distribuídos nas principais zonas da cidade, cada polo terá planejamento próprio, de acordo com a vocação econômica presente: Polo Leste, Polo Sul, Polo Noroeste, Polo Norte, Polo Fernão Dias e o Polo de Desenvolvimento Econômico Rural Sustentável, na zona sul. Como o novo PDE são definidos também os Polos de Economia Criativa, o primeiro deles é o Distrito Criativo Sé/República. 42 Definição de Parques Tecnológicos com objetivo de ampliar as oportunidades de desenvolvimento urbano por meio de incentivo aos usos voltados à produção de conhecimento e da instalação de complexos empresariais de desenvolvimento econômico e tecnológico. Foram estabelecidos o Parque Tecnológico Jaguaré e Parque Tecnológico Leste. Estabelecimento de áreas para proteção das áreas industriais em funcionamento, Zona de Proteção Industrial (ZPI), e para estímulo à modernização e expansão de atividades compatíveis com as novas condições territoriais e produtivas do município, Zona de Desenvolvimento Econômico (ZDE). (DESENVOLVIMENTO..., 2019) Patrimônio e Iniciativas Culturais Criação dos Territórios de Interesse da Cultura (TICP) para promoção de iniciativas culturais, de educação e do meio ambiente – através de incentivos urbanísticos e fiscais – em áreas que concentram grande número de espaços, atividades e instituições culturais, paisagem relevantes para a memória e a identidade da cidade, formando polos singulares de atratividade social, cultural e turística. Os TICPs já foram definidos no novo PDE: Paulista/Luz, no centro, e Jaguaré/Perus, na zona norte. Manutenção do conceito de Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC) com criação de nova categoria: Áreas de Proteção Cultural (APC), territórios com imóveis de produção e fruição cultural destinados à formação, produção e exibição pública de produtos culturais e artísticos a fim de assegurar a proteção e manutenção de espaços culturais, afetivos e simbólicos. Valorização das paisagens da cidade, a partir do seu reconhecimento como bem ambiental e elemento essencial ao bem-estar e a sensação de conforto individual e social, por meio da definição de diretrizes para elaboração do Plano de Ordenamento e Proteção à Paisagem. Incorporação da Chancela da Paisagem Cultural e do Registro dos Bens Imateriais como instrumentos urbanísticos de identificação, proteção e valorização do patrimônio cultural além da atualização da forma de calculo da Transferência do Potencial Construtivo Adicional para preservação bens de interesse histórico, paisagístico, ambiental social ou cultural. (PATRIMONIO..., 2019) 43 Política Habitacional Duplicação das áreas de ZEIS destinadas à produção de novas moradias populares (mais de 100%) incluindo regiões bem localizadas, ao longo dos eixos de transporte público e próximas ao Centro da cidade. Ênfase nas faixas de renda até 3 salários mínimos (HIS 1) em ZEIS 1, 2, 3 e 4, onde se concentra o déficit habitacional da cidade, por meio da ampliação do atendimento de para no mínimo 60% da área construída total(no PDE de 2002 eram 40%) . Também foi feita a adequação das faixas de atendimento, ajustando-a as transformações econômicas ocorridas desde o último PDE, de forma a contemplar famílias com renda de 0 a 10 salários mínimos, sendo HIS 1 (0 a 3), HIS 2 (3 a 6) e HMP (6 a 10).. Criação da Cota de Solidariedade, que destina o equivalente à 10% da área computável de novos empreendimentos de grande porte para a produção de Habitação Social, podendo ser realizada no próprio empreendimento, em terrenos nas áreas consolidadas da cidade ou com repasse de valor correspondente para a conta de habitação do FUNDURB para aquisição de terrenos em áreas bem localizadas. Destinação mínima de 30% do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) para aquisição de terra bem localizada (onde há empregos e infraestrutura) e para subsídios aos programas de produção habitacional, além de no mínimo 25% dos recursos arrecadados em Operações Urbanas Consorciadas (OUC) e Áreas de Intervenção Urbana (AIU), de forma a garantir fonte de financiamento perene e robusta para habitação social. As unidades de Habitação de Interesse Social (HIS) e de Mercado Popular (HMP) terão desconto ou mesmo serão isentas do pagamento da Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) além de incentivos urbanísticos para a construção de usos complementares à habitação (comércio, serviço, equipamentos), favorecendo assim o equilíbrio entre moradia e emprego. Ampliação dos instrumentos de regularização fundiária de forma a garantir o pleno acesso à cidade para as comunidades que vivem em loteamentos irregulares e favelas. Definição das diretrizes para o Plano Municipal de Habitação (PMH) que deverá prever programas, critérios de priorização e fontes de financiamento da política habitacional paulistana. (POLITICA..., 2019) 44 Vida Urbana Preservação da qualidade urbana e ambiental e a dinâmica de vida nos miolos dos bairros por meio da definição de altura e numero de andares máximos das edificações e de limites ao adensamento construtivo, a depender da Macro área em que se situa. Estímulo ao uso misto (comércio, serviço e usos institucionais) no térreo das edificações por meio de incentivos urbanísticos. Pretende-se com isso ampliar aproximar emprego e moradia além de qualificar e dinamizar a vida urbana nos espaços públicos, especialmente as calçadas. Regulamentação dos Planos de Bairro a serem desenvolvidos por associações de moradores ou pelas subprefeituras, aprovados pelo Conselho de Representantes das Subprefeituras e debatidos pelo Conselho Municipal de Politica Urbana. Apresentam propostas para melhorar a infraestrutura de micro drenagem, iluminação publica, oferta de equipamentos urbanos e sociais; melhoria nos passeios públicos, no mobiliário urbano, no sistema viário, na limpeza e arborização, entre outros. Criação de instrumento de planejamento para estruturação local, porções do território com maior vulnerabilidade social e ambiental, destinadas à transformação urbana através da integração de políticas públicas setoriais (educação, saúde, cultura, habitação). Expansão e articulação da Rede de Equipamentos de cultura, saúde, educação, esporte e lazer e assistência social previstos, além de planos setoriais a serem discutidos em conjunto com a sociedade. (VIDA..., 2019) Dinâmica Metropolitana Reconhecimento do território estratégico para o desenvolvimento urbano da cidade ao longo das margens dos seus principais rios, Tietê e Pinheiros, e da orla ferroviária que concentra atividades econômicas e espaços produtivos em processo de transformação (com pouca oferta de equipamentos e moradias). Estas áreas deverão ser objeto de Projetos Urbanos que orientem, a partir de um processo construído em conjunto com a sociedade, propostas de alteração do padrão de urbanização para reequilibrar moradia e emprego além de garantirmelhores condições de vida urbana. Estímulo ao desenvolvimento econômico por meio de incentivos urbanísticos e fiscais para garantir geração de empregos e renda nos Eixos de Desenvolvimento da Jacu Pêssego, na Zona Leste, da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães e Rodovia Fernão Dias, na Zona Norte, e das Avenidas Cupecê e Chucre Zaidan, na 45 Zona Sul, eixos que articulam e estruturam importantes polos de emprego metropolitanos. Definição de setor específico para o centro da cidade com o objetivo de dinamizar e consolidar este território como centro metropolitano além de estabelecer estratégias para ampliar o numero de moradias, especialmente às de interesse social por meio da ampliação da áreas demarcadas como ZEIS. Transformações urbanas condicionadas à elaboração de Projetos de Intervenção Urbana (Operações Urbanas, Áreas de Intervenção Urbana, entre outros) que tem como objetivo orientar transformações estruturais, em conjunto com a sociedade, que ampliem o aproveitamento da terra e garantam melhorias urbanísticas e ambientais por meio da implantação de equipamentos, habitações, infraestruturas de transporte, entre outros. (DINÂMICA..., 2019) Agenda Ambiental no Desenvolvimento da Cidade Demarcação da zona rural com nova concepção, multifuncional; área da produção do alimento, da água do abastecimento, da manutenção da biodiversidade e de serviços ambientais, da localização de unidades de conservação, mas também a área do lazer, do ecoturismo, agroecologia e produção orgânica e da geração de empregos. Para tanto foram criados os seguintes instrumentos: Polo de Desenvolvimento Econômico Rural Sustentável, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Solidário e Sustentável e Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. Demarcação de 167 parques propostos para ampliar os espaços verdes e livres da cidade tornando-a mais humana e equilibrada ambientalmente, estes serão somados aos 105 parques já existentes na cidade. Criação de mecanismo inédito de co-financiamento entre sociedade civil e poder publico para aquisição de parques planejados no PDE, a cada real dos cidadãos a Prefeitura contribui com o mesmo valor; serão criadas contas específicas para cada parque facilitando assim o controle social. Implementação de novo instrumento para recompensar os proprietários ou possuidores de imóveis que reconhecidamente preservem áreas que prestam relevantes serviços ambientais para a sustentabilidade da metrópole, como produção de água, agricultura orgânica, preservação da paisagem e da biodiversidade. No mínimo 10 % (dez por cento) dos recursos arrecadados pelo FEMA serão destinados aos programas de Pagamento por Serviços Ambientais. Integração de sistemas ambientais para conformação de uma politica articulada por meio da definição de estratégias conjuntas para os sistemas de abastecimento de água, esgotamento 46 sanitário, drenagem e gestão integrada de resíduos sólidos permitindo assim à universalização do acesso aos serviços de saneamento de básico. Definição de diretrizes para o Plano Municipal da Mata Atlântica (PMMA), que deverá ser elaborado de forma participativa, visando à conservação e recuperação das áreas de vegetação nativa e da biodiversidade da Mata Atlântica. (AGENDA..., 2019) Participação Popular Composição paritária do Conselho Gestor do FUNDURB, responsável pela administração do fundo, com 5 representantes do poder público e 5 representantes da sociedade civil sendo 3 deles membros de outros conselhos (habitação, mobilidade e meio ambiente) ampliando assim a integração das politicas setoriais. Definição da composição do CMPU, órgão responsável por estudar e propor diretrizes para implementação da Política Municipal de Desenvolvimento Urbano, com maioria de representantes da sociedade civil eleitos de forma direta; além disto, o Conselho teve suas atribuições ampliadas para reforçar a participação e controle social nos processo de planejamento e gestão da cidade. Regulamentação da Conferência Municipal da Cidade de São Paulo, a se realizar a cada 3 anos, para que a sociedade possa avaliar, debater e propor mudanças para a política de desenvolvimento urbano. Definição do papel dos Conselhos Participativos Municipais por subprefeitura nos processos de planejamento e monitoramento das ações locais tais como Planos Regionais, Planos de Bairro e Projetos de Intervenção Urbana. Previsão de Conselho Gestor paritário das Operações Urbanas Consorciadas (OUC), Áreas de Intervenção Urbana (AIU) e Concessões Urbanísticas além de regulamentação da participação popular nos Conselhos Gestores das ZEIS que tem como atribuição principal aprovar os Planos de Urbanização. Regulamentação do Sistema de Monitoramento do PDE com participação da sociedade em que a Prefeitura deverá anualmente dar ampla publicidade a todos os documentos e informações sobre o processo de implementação do Plano; tais dados permitirão que a aplicação dos instrumentos de política urbana possa ser aprimorada, além de demais eventuais aperfeiçoamentos. (PARTICIPAÇÃO..., 2019) 47 2.3 PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO (PDE – LEI 16050/14) A estratégia geral do Plano consiste em ampliar a oferta de terra urbanizável e edificável. A ampliação da zona urbanizável é obtida através da revisão dos limites da zona rural. A ampliação da zona edificável (adensamento construído) é obtido através da definição de um coeficiente único, zonas não adensáveis e zonas adensáveis, onde existe folga de infraestrutura. Nas zonas adensáveis a definição de um estoque de m² edificáveis, que poderá ser consumido acima do coeficiente único mediante pagamento ao Poder Municipal, substitui a ideia de coeficientes de aproveitamento diferenciados por zona. Um efeito esperado e a redução dos custos de urbanização através da racionalização da ocupação da cidade. O estabelecimento de zonas adensáveis e dos estoques de área construída foram determinados pela existência de infraestrutura passível de ser utilizada Isto é: os estoques representam a quantidade de área construída que a infraestrutura e o viário suportariam hoje, sem nenhum investimento público. Uma decorrência do estímulo ao adensamento qualificado proposto e uma reversão do processo de expansão da urbanização que demanda em extensão as redes de serviços urbanos. A diminuição do preço de venda do terreno ou seja da parcela que e apropriada pelo proprietário, deverá ocorrer através, de um lado, da estratégia de ampliação da oferta de terra e, por outro, da substituição do coeficiente de aproveitamento vinculado ao lote pelo estoque de área edificável. A definição de um coeficiente único na cidade deverá eliminar o diferencial que hoje existe nas zonas com usos e aproveitamentos diferenciados. O estoque de m² de área edificável deverá ser outorgado onerosamente pelo Poder Municipal ao empreendedor que quiser ultrapassar o coeficiente único nas áreas adensáveis. Os recursos advindos dessa outorga onerosa constituirão um Fundo de Urbanização que servira para a reposição dos custos de adensamento. 48 Note-se que o estoque desvinculado do lote evitará que o proprietário do terreno se aproprie do diferencial criado hoje artificialmente pelos coeficientes de aproveitamento diferenciados e estabelecidos pela lei atual. E importante destacar que este instrumento, solo criado, reduzira a apropriação de parte da valorização da terra, pelo proprietário do terreno, transferindo-a para o poder público municipal, constituindo o fundo de urbanização que será utilizado para a recuperação urbanística de parte da cidade precária e irregular. (Projeto de Lei nº 688/13, do Executivo, aprovado na forma de Substitutivo do Legislativo) 2.4 A HITÓRIA DO BAIRRO DA BARRA FUNDA Por volta de 1850, a área da Barra Funda era a grande Chácara Carvalho, pertencente ao conselheiro AntônioPrado. A região nasceu de uma divisão do Sítio Iguape, de propriedade do barão de Iguape. Para se ter ideia da grandeza da chácara, basta dizer que o conselheiro Prado contratou Luigi Puci, responsável pelo projeto do museu do Ipiranga, para fazer o projeto da sede em estilo Luis XVI – a casa-grande da chácara. Ela ainda existe e é ocupada por uma escola católica da Congregação Madre Cabrini. ( Ponciano, 2004). Fotografia 1 - SPR/EFSJ – Estação Ferroviária Barra Funda 1946 Fonte: Google (2019) “[...] no Logo após a divisão da área, os italianos começaram a povoar a área. Uma das razões para a imigração era a construção 49 de uma ferrovia no local. O nome do distrito surgiu porque no passado, a barra do rio Tietê na região era muito funda. O progresso da Barra Funda SP está estreitamente ligado à construção de estradas de ferro para o escoamento da produção do café na cidade. Por conta disso, tornou-se um bairro operário, que abrigava trabalhadores ao longo dos trilhos da ferrovia, que ensacavam as mercadorias produzidas pelas fábricas. Com uma área de 100 mil metros quadrados, reuniam diversas atividades industriais e empregavam um grande número de moradores do bairro. Até uma estação de trem da São Paulo Railway (1867–1946) foi construída nas mediações do parque industrial para o escoamento do que ali era produzido. Mas o desenvolvimento econômico da região seria abalado pela crise de 29. Os casarões da antiga classe média cafeeira foram abandonados e com o tempo se transformaram em cortiços. Indústrias fecharam ou transferiram suas atividades. [...]” (Laina, 2011) . No bairro restaram as oficinas mecânicas, serrarias, marcenarias e indústrias alimentícias ou têxteis de pequeno porte. No campo cultural e de entretenimento, além do Memorial da América Latina, Fotografia 2 - Memorial da América Latina Fonte: Google (2019) 50 “Plantado em 84.480 m², no bairro da Barra Funda, o Memorial é um convite permanente às manifestações artísticas e científicas latino-americanas, um apelo para que elas façam do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer a sua casa em São Paulo. Para isso foi inaugurado em 18 de março de 1989 o Memorial da América Latina, com o conceito e o projeto cultural desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Assim, o Memorial nasceu com a missão de estreitar as relações culturais, políticas, econômicas e sociais do Brasil com os demais países da América Latina. Desde então ele vem cumprindo seu papel. O Memorial fomenta a pesquisa e divulga seus resultados. Apoia a expressão da identidade latino-americana e incentiva seu desenvolvimento criativo. Coordena iniciativas de instituições científicas, artísticas e educacionais do Brasil e de outros países ibero-americanos. E difunde a história dos povos latino-americanos às novas gerações de estudantes.“(O QUE..., 2019) o bairro possui um galpão de exposições onde funciona regularmente o Mercado Mundo Mix Fotografia 3 – Mercado Mix Fonte: Google (2019) que reúne confecções e artigos de decoração de novos designers, o Teatro São Pedro, datado de 1917. 51 Fotografia 4 – Teatro São Pedro Fonte : Google (2019) Construído para ser um espaço dedicado a operetas, teatro e show de variedades, além de projeções de cinema, o São Pedro alternava, em seus primeiros decênios de atividade, a apresentação de companhias nacionais e estrangeiras, com concertos eruditos e mostras de crianças prodígios. Levou à cena figuras hoje célebres como o ator Leopoldo Fróes. E o extinto Parque de Diversões Playcenter. 52 Fotografia 5 – Extinto Play Center Fonte : Google (2019) O Playcenter marcou gerações por 39 anos em uma verdadeira montanha-russa de acontecimentos. O parque de diversões instalado em um terreno de 85 mil m² na Marginal Tietê, Zona Oeste de São Paulo, fechou em 2012, após quatro décadas de funcionamento. O antigo terreno onde funcionou o Playcenter atualmente abriga prédios comerciais, um residencial, empresas e estacionamentos. Nos arredores se localizam também o Shopping West Plaza, 53 Fotografia 6 – Shopping West Plaza Fonte : Google (2019) Inaugurado em 2 de maio de 1991 o shopping West Plaza conta com 200 lojas e 28 quiosques, entre elas lojas âncoras de grandes marcas como; C&A, Renner, Lojas Americanas, Magazine Luiza, Centauro, Bio Ritmo Academia, Marisa e Kiabi 7 salas de Cinema Cinemark, Villa Bowling Boliche, Aze Games e Teatro West Plaza Com uma área bruta locavel de 37.404m² em uma área bruta comercial de 42.272 m², o numero de consumidores por mês é 1.000.000 de classes A e B, 1963 vagas de estacionamento e 784 lugares em 12 restaurantes. O extinto Parque Antártica atual Allianz Parque, 54 Fotografia 7 – Alliz Parque Fonte : Google (2019) Batizada como Allianz Parque, a arena tem 43.713 lugares cobertos, sendo 25.395 cadeiras inferiores, 3.430 cadeiras intermediárias (camarotes) e 14.888 cadeiras superiores. A arena conta com 178 camarotes privativos de 12 a 21 lugares, um restaurante panorâmico, lanchonetes, lojas, centro de convenções com estrutura modular para até 1.500 visitantes, centro de mídia para até 1.000 profissionais da imprensa, um memorial com espaço multimídia com registros da história do clube e estacionamento coberto contíguo para até 2.000 carros, com vagas exclusivas para motocicletas e bicicletário. Eventos múltiplos, como shows e concertos, podem receber até 55 mil espectadores. 55 O Parque da Água Branca Fotografia 8 – Parque da Água Branca Fonte : Google (2019) O Parque Estadual da Água Branca (oficialmente Parque Fernando Costa) é um parque localizado no distrito da Barra Funda, na cidade de São Paulo, Brasil. O local possui 136.765.41 m², e fica na Avenida Francisco Matarazzo no bairro da Água Branca. Idealizado pela Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade representativa da agropecuária brasileira, o Parque começou as ser formado em 1905 e foi inaugurado em 2 de junho de 1929 pelo Secretário de Agricultura Dr. Fernando de Sousa Costa, responsável por fornecer novas vertentes à indústria animal, criando também o Departamento de Lacticínios da Indústria Animal.[1] Com o objetivo de abrigar exposições e provas zootécnicas, o parque foi criado em um período em que a Avenida Água Branca sequer havia sido asfaltada. https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque https://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_Funda_(distrito_de_S%C3%A3o_Paulo) https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C2%B2 https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_Branca_(bairro_de_S%C3%A3o_Paulo) https://pt.wikipedia.org/wiki/2_de_junho https://pt.wikipedia.org/wiki/1929 https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Sousa_Costa https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_da_%C3%81gua_Branca#cite_note-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Zootecnia 56 O parque foi tombado em 1996 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) como patrimônio cultural, histórico, arquitetônico, turístico, tecnológico e paisagístico do estado de São Paulo, e em 2004 pelo CONPRESP, por seu valor histórico, arquitetônico e paisagístico-ambiental. (PARQUE..., 2019) e o Sesc Pompéia. Fotografia 9 – Sesc Pompéia Fonte : Google (2019) O projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi mantém a estrutura original da antiga fábrica de tambores da década de 1930. A primeira parte da unidade foi inaugurada em 1982 e, em 1986, abriu para o público o bloco esportivo. Lá dentro, o centro de cultura e lazer tem na programação cerca de 120 atrações musicais ou teatrais por mês. Há ainda quadras esportivas, piscina, espaços de exposições, restaurante e choperia, que fazemjus à frequência intensa, de 1,25 milhão de pessoas a cada ano. (SESC..., 2019) https://pt.wikipedia.org/wiki/1996 https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_cultural https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_hist%C3%B3rico https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_arquitet%C3%B4nico https://pt.wikipedia.org/wiki/Turismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_(subdivis%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(estado) https://pt.wikipedia.org/wiki/Conpresp 57 2.5 O BAIRRO ATUAL Atualmente o Bairro Barra Funda se tornou uma zona de classe média e pequenos escritórios. Em seu limite se encontram o Parque Fernando Costa (Parque da Água Branca) e o Terminal Rodoviário da Barra Funda, que funciona junto com a estação terminal da Linha 3 (vermelha) do Metrô de São Paulo, e há menos 4 km do Mercado Municipal de São paulo. Fotografia 10 – Terminal Rodoviário da Barra Funda Fonte : Google (2019) Localizada no bairro da Barra Funda, a rodoviária recebe cerca de 40 mil passageiros por dia, e, ao todo, são 40 plataformas disponíveis para a atuação das empresas de ônibus: 12 destinadas ao desembarque e 28 para o embarque de passageiros. Além das viagens interestaduais e da internacional, são operadas https://www.encontrabarrafunda.com.br/ https://www.encontrabarrafunda.com.br/barra-funda/parque-da-agua-branca-na-barra-funda.shtml https://www.encontrabarrafunda.com.br/barra-funda/parque-da-agua-branca-na-barra-funda.shtml https://www.encontrabarrafunda.com.br/barra-funda/terminal-barra-funda.shtml https://www.mercadomunicipalsp.com/ https://www.mercadomunicipalsp.com/ https://www.mercadomunicipalsp.com/ https://www.mercadomunicipalsp.com/ 58 linhas metropolitanas e intermunicipais no mesmo prédio, que também conta com uma das principais estações de trem e metrô de São Paulo. Neste bairro, também se encontram os Fóruns Trabalhista Rui Barbosa e Criminal Mário Guimarães, Fotografia 11 – Forum Trabalhista Rui Barbosa Fonte : Google (2019) Todos os dias, aproximadamente 25 mil pessoas – entre magistrados, servidores, estagiários, advogados e partes em processos trabalhistas – comparecem ao local para participar das mais de 1.300 audiências ou sessões de conciliação realizadas pelo Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas (Cejusc-JT Sede). https://www.mercadomunicipalsp.com/ https://www.mercadomunicipalsp.com/ 59 Fotografia 12 – Forum Trabalhista Rui Barbosa parte interna Fonte : Google (2019) Esse fórum, que é dividido em dois blocos (A e B), também abriga a Escola Judicial (Ejud-2), a Secretaria de Precatórios, o Centro de Apoio aos Leilões Judiciais Unificados, além de representações da Associação dos Magistrados (Amatra), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e das procuradorias. Para atender melhor ao seu público, o TRT-2 deu início, em maio de 2017, às obras de instalação de proteções de vidros nas rampas que ligam os blocos e os corredores do fórum. A etapa das rampas (1.729 m² de vidros) foi concluída, onde foram instalados também corrimãos duplos (2.800 m). A colocação dos vidros passou a ser feita, agora, nos corredores (1.093 m²), com previsão de término no fim de julho deste ano. (FORUM..., 2019) 60 Além de abrigar a nova sede da Federação Paulista de Futebol. Fotografia 13 – Sede da Federação Paulista de Futebol Fonte : Google (2019) https://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%A3o_Paulista_de_Futebol 61 ESTUDO DE CASOS _________________________________________________________________ 62 3 ESTUDO DE CASOS É um dever do estado resolver os problemas sociais e uma obrigação do arquiteto urbanista contribuir para o interesse público e o desenvolvimento social. Os projetos de habitação precisam de resultados e bom desempenho com baixo custo, qualidade arquitetônica, preservação ambiental e sustentabilidade. Resolver o problema habitacional requer mais do que a simples a construção do imóvel, ou prover segurança e salubridade. É preciso aproximar a moradia dos equipamentos públicos, lazer, esporte, educação e saneamento de forma sustentável. O local de estudo desta monografia ja possui infraestrutura bem sólida tendo como destaque o transporte, comercio, serviço e fácil acesso. Para a fundamentação do presente trabalho, o estudo de casos que serão citados a seguir ajudará para a definir o programa de necessidades e o desenvolvimento do mesmo, para um melhor desenvolvimento e compreensão do projeto em questão é de grande importância buscar referências de projetos que tenham um programa de necessidades semelhante, tanto nos pontos positivos como nos pontos negativos. A escolha dos projetos para o estudo de casos tem como base o fato de que os empreendimentos tem como público alvos moradores de diferentes classes sociais dividindo o mesmo espaço de áreas comum. O Copan o primeiro a ser analisado foi idealizado para possibilitar a mescla social, “Projetei os corredores como se fossem ruas, onde os diferentes tipos de pessoas e classes pudessem se encontrar”. (OLIVEROS, 2007), declarou Oscar Niemeyer. 63 3.1 COMPANHIA PAN-AMERICANA DE HOTÉIS E TURÍSMO (COPAN) Ficha Técnica Descrição Localização Av. Ipiranga - nº 200 - República - SP Área do terreno 6.000m² Área construída 120.000m² Uso Misto Construção Companhia Nacional da Indústria da Construção (CNI) Periodo de Construção 1952 - 1966 Quadro 1 - Ficha Técnica COPAN Fonte: Criado pelo Autor O primeiro estudo de caso tem influência direta nas diversas tipologias de apartamentos do atual objeto de estudo. O Copan foi encomendado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, idealizado e projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer com colaboração Carlos Alberto Cerqueira Lemos. O projeto surgiu em um período de grande transformação e crescimento da cidade de São Paulo, com o avanço da industrialização para fora dos limites da cidade e crescimento da especulação imobiliária no centro, a ideia principal, era fazer do Copan um grande centro urbanístico. “[...] uma intensa expansão da malha urbana e o adensamento populacional com verticalização da área central [...]” (Piccini, 1999). Nos anos 50 o processo de verticalização tomou impulso e a economia paulistana se fortalecia preparando São Paulo para a condição de grande Metrópole. O projeto original do COPAN previa 2 prédios sendo que um deles deveria conter 30 andares residenciais e um segundo edifício que abrigaria um hotel com 600 quartos. Os dois, seriam interligados por uma marquise no térreo e ali deveria ter garagens, cinema, teatro, entre outros. Mas, apenas a parte residencial do projeto foi construída. As obras começariam só em 1957, depois de muitas alterações em seus planos originais. Ele só seria inaugurado no dia 25 de maio de 1966. É a maior estrutura de 64 concreto armado no País com 115 metros de altura, divididos em 32 andares e aproximadamente 120 mil m² de construção. Analise Projetual O Copan se encontra na subprefeitura da Sé no distrito da Republica no centro de São Paulo. Uma região com comércio e serviços de diversos tipos e uma diversidade cultural e de lazer. Fotografia 14 – Edifício COPAN – vista Aérea. Fonte : Google (2019) O maior diferencial do Copan é a grande variedade de tipologia habitacional e o uso misto, com lojas, cafés, restaurantes, serviços e uma igreja evangélica que antigamente no projeto original era o Cine Copan com 3500 lugares. O embasamento do projeto original liga a av. Ipiranga com a antiga rua vila normanda organizando a implantação, mas a construção de uma agencia bancária
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