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IFRJ Química Inorgânica 60 relação a este íon, mais forte ela é. No conceito ácido-base de Lewis, o ácido pode ser uma infinidade de compostos ou íons. E a particularidade de cada sistema influenciaria na construção de uma “escala de força” para ácidos ou bases de Lewis. De maneira geral, pode- se dizer que quanto mais fácil é para uma espécie a doação de elétrons, mais forte é a base de Lewis. Enquanto que, para um ácido, o inverso é verdadeiro. Quanto mais ávido por elétrons for a espécie, mais forte será o ácido de Lewis. Existem outros conceitos ácido-base, uns com aplicação restrita, outros com aplicação mais ampla. Assim como no caso da TLV e da TOM, não há um conceito certo e o outro errado. Não existe um ácido absoluto, dependendo do modelo que se escolhe, o comportamento pode variar. Vale citar uma frase encontrada no início do capítulo sobre ácidos e bases do livro de James E. Huheey: “Podemos fazer um ácido ser o que quisermos – a diferença ente os vários conceitos ácido- base não está em qual é o certo, mas qual é o mais conveniente para o uso em uma situação particular.” IFRJ Química Inorgânica 61 Exercícios 1 – Descreva como a Teoria da Ligação de Valência explica a formação de uma ligação covalente entre dois átomos. 2 – Escreva as estruturas de Lewis para as moléculas de NH3 e H2O e também para os íons NH4+ e H3O+. Construa o diagrama dos orbitais atômicos para os átomos centrais, mostrando a hibridação em cada caso e explique que mudanças a entrada do íon H+ nas moléculas trará para os ângulos de ligação destes íons em relação às moléculas neutras. 3 – Por que os elementos a partir do terceiro período da tabela periódica podem expandir o octeto e os do segundo período não o fazem? 4 – Escreva as estruturas de Lewis para cada espécie abaixo. Escreva também as cargas formais para cada átomo, a hibridação do átomo central e a geometria de cada espécie. a) H2O b) SO2 c) PCl3 d) PCl5 e) BrF5 f) O3 g) NO2– h) NO2+ i) NH3 j) CH2O k) CO2 l) I3– m) SO3 n) CH3+ o) ClF3 p) BH3 q) SF6 r) XeF4 s) NO3– t) SO42– u) CO32– v) PO43– x) TeCl4 z) TeCl6 5 – Escreva todas as estruturas de ressonância para os íons SO42– e NO3– e para as moléculas SO3 e XeO3. Escreva o híbrido de ressonância e escolha a estrutura de Lewis mais significativa para cada espécie. 6 – Identifique que moléculas ou íons do exercício 4 possuem átomos centrais que poderiam atuar como bases de Lewis. 7 – Nas reações abaixo, identifique o ácido e a base de Lewis: a) HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) b) BH3 + NaH → NaBH4 c) CsF + SF4 → Cs[SF5] 8 – Em reações de substituição nucleofílica de primeira ordem há a formação de carbocátions. A estabilidade dos carbocátions segue a seguinte ordem: C(CH3)3+ > CH(CH3)2+ > CH2CH3+ > CH3+ Explique porque a estabilidade diminui – ou seja, a reatividade aumenta – quando o número de grupos alquila ligados ao carbono positivo diminui. 9 – Use argumentos da Teoria da Ligação de Valência para mostrar que os compostos de boro do tipo BX3 (X = H, Cl, Br e I) são ácidos de Lewis. Qual deve ser o ácido mais forte dentre os citados? IFRJ Química Inorgânica 62 8. Compostos de Coordenação 8.1 – Um breve histórico sobre Compostos de Coordenação Atribui-se a Alfred Werner o início do estudo com compostos de coordenação. Werner estudava sais que possuíam seis moléculas de amônia em sua fórmula química como o CoCl2.6NH3. Outros como C.W. Blomstrand e P.T. Cleve além de S.M. Jørgensen também tentaram desvendar a possível estrutura desses compostos. A sugestão inicial, feita por Blomstrand, era de que as moléculas de amônia estariam ligadas como numa corrente (Figura 52a). Um grande número de compostos contendo diferentes números de amônia foi sintetizado, como a série de compostos CoCl3.xNH3 (onde x = 3, 4, 5 ou 6), tornando a questão estrutural um desafio para os pesquisadores. Alguns experimentos feitos pelo grupo de Werner com estes compostos mostrou alguns fatos interessantes. Através da precipitação com sais de prata sabia-se que o comportamento dos ânions destes compostos era diferente dependendo do número de moléculas de amônia presentes no composto. As reações abaixo mostram este comportamento: CoCl3.6NH3 + Ag+ (em excesso) → 3 AgCl (s) CoCl3.5NH3 + Ag+ (em excesso) → 2 AgCl (s) CoCl3.4NH3 + Ag+ (em excesso) → 1 AgCl (s) Para explicar esses resultados, foi proposto que o íon cloreto poderia estar ligado diretamente ao cátion colbato III e nesta condição ele não precipitaria. Portanto, se o ânion está ligado ao metal, sua ligação é mais forte; enquanto que se o ânion está no final da “corrente” de amônia, sua ligação é mais fraca. Jørgensen propôs então um outro modelo para as ligações em compostos deste tipo, onde o cloreto poderia trocar de posição com a amônia, se ligando diretamente ao metal (Figura 52b). Assim, ao perder uma molécula de amônia, o cloreto iria se ligar ao cobalto III, não precipitando com adição de íons prata. a) Co NH3 NH3 NH3 Cl NH3 NH3 NH3 Cl b) Co NH3 NH3 NH3 XNH3 H3NX H3NX Figura 52. a) Proposta de representação da molécula de CoCl2.6NH3. A amônia e cloreto numa disposição em corrente. b) Modelo proposto por Jørgensen para um composto com cobalto III. Em negrito estão as moléculas que podem trocar de posição. O modelo proposto por Jørgensen permitia entender a característica dos ânions presentes nestes compostos. Pois às vezes só havia um deles ligado diretamente ao metal, às vezes dois e às vezes nenhum. No entanto, este modelo ainda seria abalado pela constatação de Werner, que mais de dois ânions poderiam estar ligados diretamente ao metal. Desta forma, ele concluiu que as moléculas de amônia não poderiam estar ligadas numa corrente. Além disso, Werner se deparou IFRJ Química Inorgânica 63 com outro resultado intrigante. Os compostos de cobalto III com amônia tinham cores diferentes, como mostra a Tabela 13. Tabela 13. Compostos CoCl3.xNH3 (onde x = 4, 5 ou 6) e suas cores. Composto Cor CoCl3.6NH3 Amarelo CoCl3.5NH3 Roxo CoCl3.4NH3 Verde CoCl3.4NH3 Violeta O fato do composto CoCl3.4NH3 ter duas cores indicava a presença de isômeros. Portanto, a estrutura destes compostos deveria explicar também este fato. A estrutura proposta por Jørgensen (Figura 52b) não era capaz de atender as últimas observações feitas por Werner. O arranjo em corrente deveria ser abandonado em favor de um outro. Werner propôs uma estrutura diferente, um arranjo onde as seis moléculas de amônia estariam ligadas diretamente ao metal (Figura 53). Este arranjo possibilitaria a ligação de um, dois ou três íons cloretos, trocando de posição com as moléculas de amônia. NH3 NH3 NH3 H3N H3N H3N M X X X Figura 53. Proposta de Werner para a estrutura de hexamino sais. M representa um metal de carga +3 e X um ânion de carga –1. O grande problema desta proposta era o número de ligações feitas pelo metal, que ia contra as idéias de ligação daquele período. Nesta época Lewis ainda não havia proposto seu modelo de ligações químicas e a valência era tratada como uma capacidade dos átomos de se combinarem. Segundo esta definição de valência, um metal com carga positiva de três, deveria se combinar três vezes com um outro composto que fosse monovalente. É aqui que se percebe como a idéia de Werner foi revolucionária. Ele percebeu que para explicar o comportamento destes compostos era preciso romper com o conceito de valência (ao observar os outros dois modelos propostos, nas Figuras 52ae 52b, vê-se claramente o acordo com o conceito de valência da época). Esta capacidade adicional do metal em fazer mais ligações foi chamada por Werner de “valência secundária”, enquanto conceito original foi chamado de “valência primária”. Hoje em dia, os termos cunhados por Werner são chamados de número de coordenação (valência secundária) e estado de oxidação (valência primária). IFRJ Química Inorgânica 64 Além de sais de cobalto, Wener também utilizou sais de cromo III para formar compostos com amônia, que foram chamados de complexos. Werner observou a troca de moléculas de amônia por moléculas de água e concluiu que os sais hidratados também eram complexos. O composto CrCl3.4H2O, assim como o CoCl3.4NH3, apresenta duas cores: verde-escuro e azul violáceo. Werner conseguiu demonstrar que o cloreto de cromo (III) azul era um composto com formula [Cr(H2O)6]Cl3 (seis moléculas de água estavam ligadas diretamente ao cromo). Já no verde, a fórmula poderia ser escrita como [CrCl2(H2O)4]Cl.2H2O (dois cloretos estão ligados diretamente ao metal). Novamente, um complexo com fórmula química do tipo [MA4B2] apresentava isomeria. A síntese de outros complexos com esta estequiometria levava sempre à mesma conclusão: dois isômeros. Era preciso descobrir que geometria possibilitaria a formação de isômeros. Werner postulou que os seis ligantes iriam se distribuir de maneira simétrica ao redor do metal. Desta forma, ele chegou a três estruturas básicas: um hexágono planar, uma forma prismática e de um octaedro (Figura 54). Em um complexo com todos os seis ligantes iguais, não haveria como diferenciar as estruturas, visto que todas as posições seriam equivalentes. No entanto, com ligantes diferentes, em proporções diferentes, isto poderia ser feito. O número de isômeros de um complexo formado por um metal (M) e dois ligantes diferentes (A e B), de fórmula [MA4B2] era conhecido de isômeros e apenas uma das estruturas levava ao número correto de isômeros: um hexágono planar apresentaria três os isômeros. O mesmo número de isômeros seria encontrado para a forma prismática. Já na estrutura octaédrica, um complexo de fórmula MA4B2 teria apenas dois isômeros. Em um complexo de fórmula MA3B3 se observaria exatamente o mesmo número de isômeros para cada uma das diferentes estruturas. Bastaria Werner investigar quantos isômeros eram formados em complexos do tipo MA3B3. O resultado observado foi que o número de isômeros era sempre dois, independente de metais e ligantes. Desta forma, Werner teve argumentos sólidos para propor que os complexos formados por seis ligantes tinham geometria octaédrica. Em 1917, Werner ganhou o prêmio Nobel de química “pelo seu trabalho na ligação de átomos em moléculas, o qual trouxe uma nova luz nas recentes investigações e abriu um novo campo de pesquisa especialmente em química inorgânica”. Embora brilhante, o trabalho de Werner não esgotava as perguntas deixadas pelos complexos. Por que as cores diferentes? Como estes compostos realmente são formados? Por que alguns são mais estáveis que outros? Estas perguntas encontrariam suas respostas em diferentes modelos propostos para explicar a formação dessa nova classe de compostos: os complexos ou compostos de coordenação. IFRJ Química Inorgânica 65 A A AA A A A A A A A A A A A A A A (i) (ii) (iii) Figura 54. As estruturas propostas por Werner para um complexo MA6. (i) Um hexágono plano, (ii) em forma de prisma e (iii) o octaedro. O metal (omitido nas figuras) se posiciona no centro das estruturas. 8.2 – Classificação dos ligantes e nomenclatura de complexos Os ligantes são classificados, principalmente, de acordo com o número de ligações que podem fazer com o metal. Existem ligantes monodentados, que são aqueles que fazem somente uma ligação e ligantes ditos quelantes, onde há mais de um ponto de coordenação com o metal. Os ligantes quelantes também são chamados de ligantes polidentados. Existem diversos tipos, como os bidentados (dois pontos de coordenação), tridentados (três pontos de coordenação) ou tetradentados (quatro pontos de coordenação) e assim por diante. Existem também ligantes do tipo ambidentados. São ligantes que possuem dois pontos de coordenação, mas não é possível usá-los juntos com o mesmo metal. Isto é, ou se ligam por um dos pontos ou pelo outro. São, portanto, ligantes monodentados, mas com mais de uma opção de coordenação. São clássicos ligantes ambidentados o SCN–, que pode se ligar pelo enxofre ou pelo nitrogênio e, também, o NO2– que pode se ligar tanto pelo nitrogênio como pelo oxigênio. A Figura 55 mostra a estrutura de alguns ligantes comuns em compostos de coordenação. A nomenclatura de complexos segue uma sistemática própria definida pela IUPAC. As regras básicas são: a) O nome do ânion antecede ao do cátion. b) Quando há vários ligantes iguais são usados os prefixos di, tri, tetra, penta, etc para indicar a quantidade de cada ligante. A exceção desta regra se dá quando o nome do ligante já contém a indicação de um número, como por exemplo, etilenodiamina ou bipiridina. Nestes casos usam-se outros prefixos para indicar o número de ligantes: bis, tris e tetraquis, como nome do ligante sendo colocado entre parênteses. O uso destes prefixos está resumido na Tabela 14. c) Ao escrever o nome do complexo, os ligantes são citados em ordem alfabética, qualquer que seja a sua carga e não levando o prefixo em consideração. O nome do metal deve seguir os dos ligantes, com a indicação de seu estado de oxidação entre parênteses, utilizando algarismos romanos. Não há espaço entre nenhum dos nomes, prefixos ou parênteses. Os ligantes e seus nomes para o uso em nomenclatura de compostos de coordenação, bem como abreviações, estão listados na Tabela 15. IFRJ Química Inorgânica 66 OO Acetilacetonato (acac) N N Bipiridina (bipy) H2N O O Glicinato (gly) H2N NH2 Etilenodiamina (en) O O O O (CH3COCHCOCH3) (NC5H4)2 Oxalato (ox) NH2CH2CO2 NH2CH2CH2NH2 C2O4 2 N Piridina (py) NC5H5 N O O N O O ou Nitrito ou Nitro NO2 N N O O O OO O O O Etilenodiaminotetraacetato (edta ou Y) S C N S C N ou Tiocianato SCN ou Isotiocianato NCS Figura 55. Alguns ligantes importantes para os compostos de coordenação. Em vermelho os átomos que se coordenam ao metal e entre parênteses as abreviações para alguns dos ligantes. Tabela 14. Prefixos para indicar o número de ligantes. Prefixos Número de ligantes Prefixos Número de ligantes Mono (opicional) 1 Hepta 7 Di, bis 2 Octa 8 Tri, tris 3 Nona 9 Tetra, tetraquis 4 Deca 10 Penta, pentaquis 5 Undeca 11 Hexa 6 Dodeca 12 IFRJ Química Inorgânica 67 d) Ao escrever a fórmula química de um composto de coordenação, deve-se agrupar o metal e ligantes com colchetes. O metal é escrito primeiro, seguido dos ligantes em ordem de carga. Primeiro os negativos, seguido dos neutros e, então, os positivos. No caso de dois ou mais ligantes de cada tipo, considera-se a ordem alfabética de acordo com o símbolo do elemento coordenado ao metal. e) O nome de íons complexos positivos ou de complexos neutros não sofre qualquer alteração. f) Ao nome de íons complexos negativos deve ser adicionado o sufixo “ato”. Existem outras regras, para complexos com mais de um centro metálico ou para ligantes em ponte, mas estas regras ou complexos deste tipo não serão abordados. Tabela 15. Nome de alguns ligantes para nomenclatura dos complexos.1 Espécie Nome no complexo Espécie Nome no complexo Fluoreto (F–) Fluoro Piridina (py)Piridino Cloreto (Cl–) Cloro Bipiridina (bipy) Bipiridino Brometo (Br–) Bromo Etilenodiamina (en) Etilenodiamino Iodeto (I–) Iodo Cianeto (CN–) Ciano Trifenilfosfina (P(C6H5)3)2 Trifenilfosfino Amideto (NH2–) Amido Água (H2O) Aquo Hidroxido (OH–) Hidroxo Amônia (NH3) Amin3 Óxido (O2–) Oxo Peróxido (O22–) Peroxo Monóxido de carbono (CO) Carbonil Acetato (CH3COO–) Acetato Óxido Nítrico (NO) Nitrosil Acetilacetonato (acac) Acetilacetonato Gás oxigênio (O2) Dioxigênio Carbonato (CO32–) Carbonato Gás nitrogênio (N2) Dinitrogênio Glicinato (gly) Glicinato Hidreto (H-) Hidrido Nitrato (NO3–) Nitrato Tiocianato (SCN–) Tiocianato4 Sulfato (SO42–) Sulfato Tiocianato (NCS–) Isotiocianato5 Oxalato (ox) Oxalato Nitrito (ONO–) Nitrito6 Fenil (C6H5*, Ph ou φ) Fenil Nitrito (NO2–) Nitro7 1 O ligante etilenodiaminotetraacetato, edta, permanece com o mesmo nome. 2 P(C6H5)3, PPh3 ou Pφ3. 3 Também se encontra o uso de “amino”. 4 Quando ligado pelo enxofre. 5 Quando ligado pelo nitrogênio. 6 Quando ligado pelo oxigênio. 7 Quando ligado pelo nitrogênio. Por exemplo, os complexos [Co(NO2)3(NH3)3] e K4[Fe(CN)6] são nomeados, segundo as regras citadas, como triamintrinitrocobalto(III) e hexacianoferrato(II) de potássio, respectivamente. Analisando cada caso separadamente, começando pela fórmula química do [Co(NO2)3(NH3)3], como o NO2– é um ânion e a amônia é uma molécula neutra, o primeiro aparece antes na fórmula química. O NO2– é um ligante ambidentado e, portanto, tem duas opções de coordenação. Da maneira que a fórmula está escrita, nota-se que é o nitrogênio que está ligado ao metal – o que IFRJ Química Inorgânica 68 leva ao nome nitro. A amônia, NH3, quando coordenada recebe o nome de amin e, portanto, vem antes no nome do complexo. Como são três espécies NO2– e NH3, usa-se o prefixo “tri”. Por fim, o estado de oxidação do cobalto é descoberto pelo somatório das cargas. O complexo como um todo é neutro e cada íon nitrito possui carga –1, dando um total de três cargas negativas. Portanto, o cobalto no complexo citado acima deverá ser +3. O outro composto, normalmente chamado de ferrocianeto de potássio, possui um cátion (K+) que não faz parte do íon complexo, que é a parte abrigada entre os colchetes: [Fe(CN)6]4–. Como cada íon cianeto tem carga –1 o estado de oxidação para o ferro é +2. Sendo seis o número de ligantes, usa-se o prefixo “hexa” antes de “ciano”, que é a nomenclatura para o íon cianeto quando coordenado. Por se tratar de um ânion, é preciso adicionar o sufixo “ato” ao final do nome. 8.3 – Isomeria em compostos de coordenação Existem diversas formas de isomeria em compostos de coordenação, mas o foco aqui será apenas em dois tipos de isomeria: a geométrica e a de ligação. A isomeria geométrica vem de diferentes arranjos com os mesmos ligantes em um complexo octaédrico ou quadrado planar. O primeiro caso de isomeria em geometria octaédrica vem de complexos com fórmula química MA4B2. Como se pode ver na Figura 56, há dois arranjos para esta fórmula. Este arranjo faz lembrar o caso de isomeria cis- e trans- de compostos orgânicos cíclicos. E este é da mesma forma que chamamos estes isômeros. O isômero trans- apresenta os mesmos ligantes (B) em lados opostos em relação a um plano contendo os outros ligantes. No isômero cis-, os ligantes iguais estão em posições adjacentes no octaedro. Complexos com geometria quadrado planar também apresentarão este tipo de isomeria, mas para complexos do tipo MA2B2. A denominação cis- ou trans- para o complexo deve vir antes do nome do mesmo. B A A A M B A A A A A M B B Isômero cis Isômero trans Figura 56. Isomeria geométrica em complexos do tipo MA4B2. Nos complexos octaédricos ainda existe outro tipo de isomeria, para compostos com dois tipos de ligantes, de fórmula MA3B3. A Figura 57 mostra os dois isômeros, nomeados de mer- e fac-. No isômero mer-, que deriva de meridional, os três ligantes iguais estão contidos em um mesmo plano que passa pelo centro do octaedro, ou seja, um plano que contém o metal. No IFRJ Química Inorgânica 69 isômero fac-, que significa facial, os três ligantes iguais estão contidos em uma das faces do octaedro. Assim como no caso para os isômeros cis- e trans-, o caso de isomeria mer- e fac- deve ser escrita no nome do complexo. B A B A B A M B B B A A A M Isômero mer Isômero fac Figura 57. Isomeria geométrica em complexos do tipo MA3B3. Em vermelho a face do octaedro com três ligantes do mesmo tipo. A isomeria de ligação ocorre quando o complexo tem um ligante que é ambidentado. Por conta disto, existirão complexos com a mesma fórmula, mas estrutura diferente, como mostra a Figura 58. Neste caso de isomeria não é preciso acrescentar nada ao nome dos compostos de coordenação, já que o nome do ligante muda dependendo do ponto de coordenação. O NH3 H3N H3N Co NH3 NH3 N O 2+ N NH3 H3N H3N Co NH3 NH3 O 2+ O (I) (II) Figura 58. Isomeria com o ligante NO2– em um complexo [Co(ONO)(NH3)5]2+ (I) (pentaaminonitritocobalto(III)) e [Co(NO2)(NH3)5]2+ (II) (pentaaminonitrocobalto(III)). 8.4 – A Teoria da Ligação de Valência Aplicada a Compostos de Coordenação Sobre o ponto de vista da Teoria da Ligação de Valência (TLV) a formação de um íon complexo é uma reação entre uma base de Lewis (ligante) e um ácido de Lewis (metal ou íon metálico). A base de Lewis doa elétrons ao ácido, formando uma ligação covalente entre as duas espécies. Como esta ligação pode ser classificada como uma ligação coordenada (ou dativa) os compostos deste tipo ficaram conhecidos como compostos de coordenação. IFRJ Química Inorgânica 70 A abordagem da TLV para os compostos de coordenação se dá através da hibridação de orbitais atômicos do átomo central, o ácido de Lewis, em conjunto com as propriedades magnéticas destes compostos. Por exemplo, os complexos do cátion Pt2+ são normalmente tetracoordenados (número de coordenação = 4), diamagnéticos e têm geometria quadrado planar. Como base nestas informações, é possível deduzir a hibridação do complexo. O cátion Pt2+ possui oito elétrons em orbitais d da quinta camada. A Figura 59 mostra o diagrama de orbitais atômicos para a espécie Pt2+. 5d 6s 6p Figura 59. Diagrama de orbitais atômicos para o cátion Pt2+. Como os complexos de platina(II) possuem na maioria das vezes quatro ligantes, é preciso que o cátion possua quatro orbitais atômicos vazios para receber os quatro pares de elétrons dos ligantes. Na Figura 8, vemos que o cátion Pt2+ pode utilizar os quatro orbitais vazios da sexta camada. No entanto, sabe-se que os complexos de platina(II) deste tipo são diamagnéticos. Se os quatro pares de elétrons dos ligantes utilizarem os orbitais dos subníveis 6s e 6p o complexo será paramagnético, pois existem dois elétrons desemparelhados no subnível 5d. Para levar em conta a propriedade magnética, precisa-se considerar o emparelhamento de elétrons no subnível 5d, como mostra a Figura 60. 5d 6s 6p 5d 6s 6p Figura 60. Emparelhamento de elétrons no subnível 5d para o cátion Pt2+ em complexos do tipo [ML4] (M = íon metálico e L = Ligante). A se considerar o emparelhamento, um dos orbitais do subnível 5d fica vazio e, portanto, será usado na hibridação. Dessa forma, ao invés de se obter uma hibridação do tipo sp3 se terá uma hibridação do tipo dsp2 (um orbital 5d, o orbital 6s e dois orbitais 6p, Figura 61). Isto também é consistente com a geometria observada dos complexos. No caso de uma hibridação sp3 aIFRJ Química Inorgânica 71 geometria do complexo seria tetraédrica. Já com a hibridação do tipo dsp2 a geometria é quadrado planar, como a observada experimentalmente. 5d 6s 6p 5d p 4 orbitais híbridos do tipo dsp2 Figura 61. Esquema de hibridação dos orbitais atômicos para o cátion platina(II). O níquel(II) também possui oito elétrons em orbitais d e existem diversos complexos com o cátion Ni2+ que possuem as mesmas características dos complexos de platina(II). No entanto, existem também alguns complexos onde o ligante é o mesmo, o número de coordenação é o mesmo, mas com propriedades são diferentes. Um exemplo deste tipo são os complexos [PtCl4]2– e [NiCl4]2–. O complexo tetracloroplatinato(II) é diamagnético. Já o complexo tetracloroniquelato(II) é paramagnético. Além disso, as geometrias dos dois são diferentes. Isto pode ser explicado pela TLV utilizando o mesmo raciocínio anterior. O complexo tetracloroplatinato(II) por ser diamagnético terá uma hibridação dsp2 e geometria quadrado planar. Já o complexo tetracloroniquelato(II), por ser paramagnético, mantém os seus elétrons desemparelhados no subnível 3d. Portanto, os quatro orbitais atômicos usados para a hibridação serão o 4s e os três do subnível 4p. Como a hibridação será sp3 (Figura 62) a geometria do ânion [NiCl4]2– é tetraédrica. 4s 4p 3d 4 orbitais hibrídos do tipo sp3 3d Figura 62. Hibridação do níquel(II) no complexo [NiCl4]2–. IFRJ Química Inorgânica 72 Embora a TLV explique alguns pontos da química dos compostos de coordenação, ela falha em alguns pontos. Como na explicação das cores dos complexos ou por usar um dado experimental para prever outras propriedades do composto. Por conta disto, outras teorias surgiram para descrever a ligação, estrutura e propriedades dos complexos. 8.5 – A Teoria do Campo Cristalino (TCC) Quando Bohr teve sucesso na descrição do espectro atômico do hidrogênio através de sua teoria das órbitas quantizadas, ficou claro que espectroscopia e a configuração eletrônica das espécies estavam intimamente ligadas. Para entender, por exemplo, as cores dos compostos de coordenação, era preciso uma teoria que envolvesse a configuração eletrônica destes. A Teoria do Campo Cristalino (TCC) foi uma das teorias que surgiram para explicar o comportamento eletrônico dos compostos de coordenação. Com argumentos bastante simples, a TCC explicava diversas propriedades dos compostos de coordenação e, por isso, passou a ser utilizada para prever e explicar o comportamento desses compostos. Segundo a TCC cada ligante é tratado como um ponto esférico de densidade negativa que, ao se aproximar do metal, entra em repulsão com os elétrons que ocupam orbitais do tipo d dos metais. A repulsão causada pelos ligantes irá depender do arranjo destes em relação ao metal (e seus orbitais d). Quando são seis os ligantes, a geometria é octaédrica (o que se chama na TCC de campo octaédrico). Para quatro ligantes, o campo é tetraédrico (se a geometria for tetraédrica). No campo octaédrico, os ligantes se aproximam na direção dos eixos espaciais x, y e z. Os orbitais do tipo d, posicionados nos eixos, experimentarão uma maior repulsão do que os posicionados na região entre os eixos (Figura 63). Quando analisamos os cinco orbitais d, os dois que estão posicionados nos eixos ( 2y2xd − e 2zd ) aumentarão de energia, enquanto os três entre os eixos (dXY, dXZ e dYZ) terão uma energia menor (Figura 64). Há, portanto, uma quebra na degenerescência dos cinco orbitais d, dando origem ao desdobramento dos orbitais d, onde os orbitais 2y2xd − e 2zd são chamados de orbitais eg e os orbitais dXY, dXZ e dYZ são chamados de t2g. A diferença de energia entre os orbitais eg e t2g é chamada de parâmetro de desdobramento do campo cristalino, simbolizado por Δo (Dq ou 10Dq também são usados para expressar esta diferença de energia). IFRJ Química Inorgânica 73 Figura 63. Orbitais d do metal em um campo octaédrico. Δo -2/5 Δoorbitais d eg t2g +3/5 Δo Figura 64. Desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico. A estabilidade dos complexos (e algumas outras propriedades) dependerá de como os elétrons estarão distribuídos. Define-se a energia de estabilização do campo cristalino, EECC, como sendo Oge2gt )Δ0,6n0,4n(EECC +−= (25) onde n é o número de elétrons que ocupa os orbitais. Quanto mais negativa for EECC, maior é o ganho em estabilidade causado pelo desdobramento. Por exemplo, o íon Cr3+ tem configuração d3. Portanto seus três elétrons irão ocupar os orbitais t2g. Então a energia de estabilização para um complexo deste íon seria: OOCr 1,2Δ0)Δ0,630,4(EECC −=⋅+⋅−= (26) IFRJ Química Inorgânica 74 A partir de íons com configuração d4 existem duas possibilidades: ou ocupar os orbitais de maior energia (eg) ou ter elétrons emparelhados nos orbitais de menor energia. Sempre que a energia de desdobramento (ΔO) for maior que a energia gasta para o emparelhamento de elétrons (P) o sistema terá elétrons emparelhados. Estes complexos são chamados de complexos de campo alto ou de spin baixo. Entretanto, se o desdobramento for menor que a energia de emparelhamento, o elétron ocupa um orbital de maior energia. Os complexos com configuração eletrônica deste tipo são chamados de complexos de campo fraco ou de spin alto. Por tais motivos torna-se de fundamental importância saber que fatores influenciam na magnitude de ΔO. E são dois os mais importantes: o metal (quanto ao número de oxidação e a série de transição a que pertence) e o ligante. O metal exerce forte influência no desdobramento. Ao aumentarmos a carga do metal o desdobramento aumenta, pois quanto maior é a carga, maior é a atração entre o metal e o ligante. Ademais, séries de transição mais elevadas geram maiores desdobramentos. Tal comportamento é explicado, pois orbitais mais volumosos necessitam de menor energia para o emparelhamento de elétrons e, por serem mais difusos (maior polarizabilidade), geram maiores interações com os ligantes. Como exemplo deste efeito podemos citar o [Fe(H2O)6]3+ que possui ΔO = 14000 cm-1 (1,74 eV) enquanto o [Ru(H2O)6]3+ tem ΔO = 28600 cm-1 (3,55 eV). A natureza do ligante também é responsável pela magnitude do desdobramento. Os ligantes que forçam o emparelhamento ou, em outras palavras, causam um grande desdobramento, são chamados de ligantes de campo forte. Já os ligantes que irão formar um complexo de spin alto são chamados de ligantes de campo fraco. A determinação dos valores de ΔO se dá por espectroscopia. Analisando-se as transições e energias envolvidas podem-se calcular os valores de ΔO. Com base nesses dados, construiu-se a série espectroquímicaa: I–<Br–<S2–<SCN–<Cl–<NO2–<<F–<OH–<C2O42– (ox)<O2–<H2O <NCS–<CH3CN<NC5H5 (py)<NH3<NH2CH2CH2NH2 (en) <2,2´-NC5H5C5H5N (bipy)<NO2–<P(C6H5)3<CH3–<CN–<CO Os ligantes do início da série são considerados de campo fraco e os do final os de campo forte. A TCC não consegue explicar a ordem dos ligantes na série espectroquímica. Levando-se em conta a força da interação eletrostática era de se esperar que um ligante carregado causasse uma ligação mais intensa do que ligantes neutros (e, portanto, um maior desdobramento). Outro exemplo da imprecisão da TCC na série espectroquímica é que a água é um ligante mais fraco que a amônia, mesmo tendo um momento de dipolo maior. A série espectroquímica foi explicada mais tarde por uma outra teoria, baseada nos orbitais moleculares. a Em negrito está o átomo que fará a ligação em ligantes ambidentados. As abreviações são: oxalato(ox); piridina (py), etilenodiamina (en) e bipiridina (bipy). Esta série é resultado de uma média de parâmetros, podendo haver inversões em alguns casos. IFRJ Química Inorgânica 75 A abordagem feita para o campo octaédrico também foi feita para o tetraédrico. A diferença é a posição dos ligantes em relação aos orbitais d. Em um complexo octaédrico, os ligantes estão posicionados nos eixos (Figura 63), enquanto no campo tetraédrico, os ligantes estão posicionados fora dos eixos. Portanto, os ligantes de um complexo com geometria tetraédrica irão afetar os orbitais d do metal de forma diferente da observada em um campo octaédrico. Os orbitais d fora do eixo (dXY, dXZ e dYZ) serão mais afetados pela presença dos ligantes e, por isso, serão os de maior energia no diagrama dos orbitais – onde são identificados como orbitais t2. Já os dois orbitais que ficam nos eixos serão os de menor energia, chamados de orbitais e. A Figura 65 mostra o desdobramento dos orbitais d para um campo tetraédrico. A magnitude do parâmetro de desdobramento do campo cristalino para complexos tetraédricos (Δtd) é menor que para os complexos do mesmo metal em um campo octaédrico. Normalmente, os complexos tetraédricos são de campo fraco: Δtd é menor que a energia de emparelhamento dos elétrons. Δtd +2/5 Δtd orbitais d e t2 -3/5 Δtd Figura 65. Desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico. A geometria tetraédrica não é a única possível para o número de coordenação 4. Há também a geometria quadrado planar. A geometria quadrado planar pode ser vista como um caso extremo do efeito de Jahn-teller. O efeito de Jahn-Teller causa uma distorção geométrica em complexos octaédricos, principalmente em complexos onde os metais possuem configuração eletrônica d8 e d9. A distorção causada pelo efeito de Jahn-Teller pode ou alongar ou encurtar as ligações de alguns dos ligantes e isto leva a uma mudança no diagrama de orbitais. A Figura 66 mostra as distorções que levará até um complexo com geometria quadrado planar. IFRJ Química Inorgânica 76 L L L L L M L L L L L L M L L L L L M a) b) c) Figura 66. Uma distorção causada pelo efeito de Jahn-Teller. a) Um complexo octaédrico regular; b) os ligantes no eixo z se afastam; e c) um complexo com geometria quadrado planar. Ao considerar que os ligantes do eixo z irão se distanciar, até que não haja mais ligação entre eles e o metal, admite-se que a repulsão nos orbitais localizados no eixo z irá diminuir. Assim, um novo desdobramento irá ser observado, onde os orbitais com componentes no eixo z terão energia menor do que no campo octaédrico, enquanto os outros orbitais sofrem um acréscimo energético em relação à situação anterior (Figura 67). Os complexos quadrado planar são, tipicamente, de campo forte. Desta forma, os elétrons são emparelhados antes de se ocupar um orbital de maior energia. orbitais d eg t2g dxz dyz dxy dz2 dx2-y2 Quadrado Planar Octaédrico dxz dyz dxy dz2 dx2-y2 Figura 67. Desdobramento em um complexo com geometria quadrado planar. IFRJ Química Inorgânica 77 8.6 – A Origem das Cores dos Compostos de Coordenação Segundo a TCC Segundo a TCC, muitas vezes as cores observadas nos complexos têm origem em transições eletrônicas entre os orbitais d do metal sendo, portanto, um reflexo do desdobramento destes orbitais. Quanto maior for desdobramento, mais energia será necessária para as transições eletrônicas acontecerem. Dessa forma, o comprimento de onda absorvido será menor.b Quando a luz branca (luz visível) atravessa o composto, este absorve um dado comprimento de onda com energia idêntica ao da magnitude do desdobramento dos orbitais d, e os outros comprimentos de onda presentes passam sem serem absorvidos. Portanto, enxergamos uma mistura de cores de todos os comprimentos de onda – menos o que foi absorvido. É o que chamamos de cores complementares. A Tabela 16 mostra as cores e suas cores complementares. Voltando ao caso descrito por Werner para os isômeros CrCl3.6H2O. Quando se tinha o complexo [Cr(H2O)6]3+, era observada uma cor azul para violácea. Isto significa que a absorção se dá numa faixa entre 560 e 595 nm. Já o complexo [CrCl2(H2O)4]+ exibe uma cor verde escura, sinal de que absorve o comprimento de onda característico da cor vermelha, na faixa de 650 à 750 nm. Isto está de acordo com a série espectroquímica. O cloreto é um ligante mais fraco que a água e, portanto, a troca de moléculas de água por íons cloreto causa uma diminuição na magnitude do desdobramento dos orbitais. Portanto, observa-se que o íon-complexo [CrCl2(H2O)4]+ tem seu máximo de absorvância num comprimento de onda maior (de menor energia) que o do íon- complexo [Cr(H2O)6]3+. Medindo-se o comprimento de onda absorvido por um complexo em uma transição eletrônica do tipo d-d (entre os orbitais t2g e eg) determina-se o valor experimental do parâmetro de desdobramento do campo cristalino (ΔO). Tabela 16. Cores e suas cores complementares. Comprimento de onda (nm) Cor Absorvida Cor Complementar 400 – 435 Violeta Amarelo esverdeado 435 – 480 Azul Amarelo 480 – 490 Azul esverdeado Laranja 490 – 500 Verde azulado Vermelho 500 – 560 Verde Roxo 560 – 580 Amarelo esverdeado Violeta 580 – 595 Amarelo Azul 595 – 650 Laranja Azul esverdeado 650 – 750 Vermelho Verde azulado b Lembre-se: pela relação de Planck, E = h.c/λ. Então, quanto menor o comprimento de onda (λ) maior é a energia (E). IFRJ Química Inorgânica 78 O princípio é muito simples, semelhante a qualquer fenômeno de absorção/emissão de energia por um átomo. Porém, nem todas as transições eletrônicas são possíveis entre os orbitais d do metal. Existem transições que são prováveis, que são chamadas de transições permitidas, e outras pouco prováveis, as ditas transições proibidas. Para classificar as transições eletrônicas como permitida ou proibida, usam-se duas regras de seleção: a) Regra de seleção por spin Esta regra define que em uma transição eletrônica provável não há mudança de spin de um elétron. Na Figura 68, como os orbitais eg estão vazios qualquer um dos elétrons nos orbitais t2g pode ser excitado aos orbitais eg sem a necessidade de inversão do spin. Têm-se então cinco transições permitidas no caso ilustrado na Figura 68. O número de transições permitidas influencia na intensidade de absorção e, portanto, na intensidade da cor observada. orbitais d eg t2g Figura 68. Exemplo de desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico forte. Neste caso, qualquer um dos cinco elétrons pode ser excitado aos orbitais eg sem que haja inversão do spin. A Figura 69 mostra um sistema diferente. Existe a possibilidade de transição eletrônica, porém os elétrons em orbitais t2g, ao serem excitados, precisam mudar de spin para ocupar os orbitais eg sem violar o Princípio da Exclusão de Pauli. Portanto, qualquer transição neste sistema seria uma transição proibida. Compostos nesta situação possuem coloração muito pálida ou incolor. orbitais d eg t2g A transição só é possível através da inversão do spin. Figura 69. Exemplo de desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico fraco. Para que um dos três elétrons possa ser excitado aos orbitais eg é preciso que haja inversão do spin. IFRJ Química Inorgânica 79 b) Regra de Laporte A regra de Laporte afeta mais os complexos de geometria octaédrica. Segundo esta regra, as transições eletrônicas entre orbitais de mesma paridade (isto é, orbitais classificados como“g”) são proibidas. Teoricamente esta regra anularia qualquer transição eletrônica de complexos octaédricos, pois as transições são entre os orbitais t2g e eg. Na prática, como as ligações não são estáticas e estão sempre vibrando o complexo nem sempre será um octaedro perfeito levando a uma perda de simetria dos orbitais. Como as transições eletrônicas são muito mais rápidas que as vibrações das ligações, há a possibilidade de transição de elétrons entre os orbitais d durante estas distorções geométricas. Tal problema não ocorre entre os complexos tetraédricos, já que nesta geometria não há centro de inversão e, portanto, os orbitais não recebem a classificação “g”. Alguns complexos possuem cores oriundas de outras transições eletrônicas que não as do tipo d-d. Como não se pode explicá-las de maneira satisfatória através da TCC, não iremos abordá-las. IFRJ Química Inorgânica 80 Exercícios 1 – Nomeie os compostos abaixo: a) Ni(CO)4 e) Fe(CO)5 i) [Co(H2O)6]Cl2 b) Fe[CoF6] f) K3[Fe(CN)6] j) Na2[Zn(OH)4] c) [RuCl2(NH3)4]Cl g) [Cr(NH3)3(H2O)3]Cl3 l) [Fe(acac)(NH3)4]Br d) [Co(NH3)6][NiCl4] h) [AgCl2]– m) Na[Fe(EDTA)] 2 – Considere um complexo formado pelo íon cobalto (III), dois ânions tiocianato e quatro amônias. a) Quantos são os isômeros para este complexo? b) Escreva a fórmula estrutural de todos os isômeros. c) Nomeie todos os isômeros. 3 – Com base nas informações experimentais fornecidas, deduza a hibridação do metal e geometria dos complexos listados abaixo: a) [Ni(CO)4]2+ é diamagnético. b) [Co(NH3)6]3+ é diamagnético. c) [CoF6]3– é paramagnético. 4 – Explique porque o complexo [Ru(ox)3]3– é um complexo de campo forte enquanto o [Fe(ox)3]3– é de campo baixo. Mostre também o diagrama dos orbitais d para cada complexo. 5 – Por que a TCC não pode ser usada para explicar a ordem de força dos ligantes? Por exemplo, F– e OH– são ligantes mais fracos que P(C6H5)3 e CO. 6 – Por que os orbitais 2zd e 22 yxd − são os de maior energia quando a geometria é octaédrica e de menor energia quando a geometria é tetraédrica? 7 – Preveja qual dos compostos apresentará o maior Δo e justifique sua escolha: a) [CoF6]3– ou [Co(CN)6]3– b) [Ru(CN)6]3– ou [Fe(CN)6]3– c) [Fe(CN)6]3– ou [Fe(CN)6]4– 8 – Preveja, com base nas informações dadas, se os complexos são de campo forte ou fraco. Justifique suas escolhas. a) O complexo [Mn(H2O)6]2+ é incolor. b) O complexo [Ru(NH3)6]2+ é diamagnético. 9 – Ordene os complexos abaixo conforme o aumento do comprimento de onda absorvido. Justifique a ordem escolhida. [Co(H2O)6]2+; [Co(SCN)4]2–; [Co(CN)6]3–; [CoCl4(H2O)2]2– IFRJ Química Inorgânica 81 Bibliografia ATKINS, P. W. e FRIEDMAN, R. S. Molecular Quantum Mechanics. 3a edição. Oxford: Oxford University Press, 1997. ATKINS, P. W. e SHRIVER, D. F. Inorganic Chemistry. 3a edição. Oxford: Oxford University Press, 1999. HUHEEY, J. E. Inorganic Chemistry: Principles of structure and reactivity. 3a edição. New York: Harper Collins Publishers, 1983. HUHEEY, J. E.; KEITER, E.A. e KEITER R. L. Inorganic Chemistry: Principles of structure and reactivity. 4a edição. New York: Harper Collins Publishers, 1993. JONES, C.J. A Química dos Elementos do Bloco d e f. Porto Alegre: Bookman, 2002. LEE, J. D. Química Inorgânica Não Tão Concisa. 4a edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1996. LEWIS, G. N. “Valence and tautomerism.” J. Am. Chem. Soc., 35, 1448 – 1455, 1913. LEWIS, G. N. “The atom and the molecule.” J. Am. Chem. Soc., 38, 762 – 785, 1916. QUAGLIANO, J. V. e VALLARINO, L. M. Química. 3a edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 1973. SKOOG, D.A.; WEST, D.M. e HOLLER, F.J. Analitical Chemistry, An Introduction. 6a edição. Saunders College Publishing, 1994. WERNER, A. “On the Constitution and Configuration of higher-order Compounds.” Nobel Lectures, Chemistry 1901–1921, 256-269, 1913. Referências para as figuras: Figura 2: Extraída e adaptada de: DEPARTAMENT OF PHYSICS, UNIVERSITY OF CINCINNATI. Acessado em 29/09/2006 www.physics.uc.edu/~sitko/CollegePhysicsIII/28-AtomicPhysics/AtomicPhysics.htm Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 23, 24, 25, 32, 33, 50, 56, 58 e 64: Extraídas e adaptadas de: ATKINS, P. W. e SHRIVER, D. F. Inorganic Chemistry. 3a edição. Oxford: Oxford University Press, 1999. Figura 8: Extraída e adaptada de: DEPARTMENT OF CHEMISTRY, MICHIGAN STATE UNIVERSITY. Acessado em 29/09/2006. www.cem.msu.edu/~corneill/poster/piso1.gif Figura 63: Extraída e adaptada de: mooni.fccj.org/~ethall/cobalt/cobalt.htm IFRJ Química Inorgânica 82 Química Inorgânica: Aulas Experimentais Comportamento Químico dos Compostos Iônicos 83 Obtenção e Propriedades do Hidrogênio 84 Obtenção e Propriedades do Peróxido de Hidrogênio 85 Estudo do Cromo, Manganês, Ferro, Cobalto e Cobre 86 Compostos de Coordenação 89 IFRJ Química Inorgânica 83 Comportamento Químico dos Compostos Iônicos 1) Hidratação e Deliqüescência (Demonstrativo) Coloque uma pequena porção de cloreto de cálcio e cloreto de sódio em dois vidros de relógio. Observe-os no final da aula. 2) Hidrólise, Deslocamento de Equilíbrio e Anfoterismo 2.1 – a) Adicione 1,0 mL de solução de sulfato de alumínio em um tubo de ensaio. Verifique o pH da solução usando papel indicador universal. b) Acrescente ao tubo um pedaço lixado de fita de magnésio, observando o conteúdo do tubo e da fita de magnésio após o término da liberação gasosa. c) Para um efeito comparativo, repita o teste substituindo a solução de sulfato de alumínio por soluções de ZnSO4, MgSO4, Na2SO4 e Fe2(SO4)3. 2.2 – a) Adicione 1,0 mL de uma solução aquosa de cloreto, nitrato ou sulfato de alumínio em dois tubos de ensaio e meça o pH da solução (se já foi medido no item 2.1 não é necessário repetir). b) Adicione, gota a gota, solução de hidróxido de sódio 5% até observar o término da precipitação nos dois tubos. c) Em um dos tubos contendo o precipitado, adicione, gota a gota, solução aquosa de HCl 10%. No outro tubo, continue adicionando NaOH até que se tenha grande excesso da base. Observe se há dissolução do precipitado nos tubos. d) Repita a experiência 2.2 para soluções aquosas (cloretos, nitratos ou sulfatos) dos seguintes cátions: Zn2+, Mg2+ e Fe3+. 3) Decomposição Térmica a) Coloque em um tubo de ensaio uma pequena porção de nitrato de alumínio sólido. Na capela, aqueça o tubo e registre o tempo até o aparecimento de um gás castanho. b) Repita o procedimento acima utilizando os nitratos de cobre II, cálcio e sódio. Compare os resultados obtidos. IFRJ Química Inorgânica 84 Obtenção e Propriedades do Hidrogênio 1. Obtenção do gás hidrogênio 1.1 – Reação entre metais e ácidos Em um tubo de ensaio, coloque uma pequena porção de zinco metálico. Adicione ao tubo 1,0 mL de solução aquosa 6,0 mol/L de ácido clorídrico ou ácido sulfúrico e observe. Repita o mesmo procedimento trocando o zinco metálico por ferro, alumínio e cobre. Aqueça o tubo de ensaio se necessário. 2. Propriedades do gás hidrogênio 2.1 – Preparação e recolhimento Encha com água cerca de 2/3 da capacidade de uma cuba e introduza dois tubos de ensaio nela. Verifique se não há bolhas no interior dos tubos. Em um tubo de ensaio com saída lateral, coloque uma pequena porção de zinco metálico. Adicione cerca de 5 mL de solução aquosa de ácido clorídrico ou ácido sulfúrico (6,0 mol/L)ao tubo, fechando o sistema em seguida. Introduza o tubo de látex na cuba e despreze as primeiras bolhas de gás. Recolha o gás nos dois tubos de ensaio. Segure os tubos de ensaio de cabeça para baixo e realize, imediatamente, as experiências descritas no item 2.2. Aproveite o sistema gerador de gás para a experiência 2.3.1. 2.2 – Testes de comburência e combustibilidade Comburência: Introduza um palito de fósforo (ou barbante) em brasa no interior de um dos tubos contendo hidrogênio e observe. Combustibilidade: Aproxime a chama de um palito de fósforo do gargalo de um dos tubos contendo hidrogênio e observe. 2.3 – Reatividade do hidrogênio molecular e hidrogênio nascente 2.3.1 – Hidrogênio molecular Introduza o tubo de látex da experiência 2.1 em um tubo de ensaio contendo solução aquosa de Fe(NO3)3 e 3 gotas de ácido sulfúrico. Observe. Repita o mesmo procedimento usando soluções de KMnO4 e K2Cr2O7 ao invés da solução de Fe(NO3)3. 2.3.2 – Hidrogênio nascente Coloque 2 mL de Fe(NO3)3, KMnO4 e K2Cr2O7 em diferentes tubos de ensaio. Adicione uma pequena quantidade de zinco metálico e 2 mL de ácido clorídrico ou sulfúrico em todos os tubos e observe. Compare os resultados das experiências 2.3.1 e 2.3.2. IFRJ Química Inorgânica 85 Obtenção e Propriedades do Peróxido de Hidrogênio 1) Obtenção Em uma cuba, prepare um banho refrigerante com gelo (misture sal grosso se necessário). Em seguida, transfira para um béquer de 150 mL, cerca de 80 mL de água deionizada. Introduza o béquer na cuba e espere alguns minutos até que a água fique gelada. Adicione lentamente 10 mL de uma solução aquosa de ácido sulfúrico 2,0 mol/L no béquer contendo a água gelada e meça o pH ao final da adição usando um papel indicador universal. Acrescente, agitando continuamente com um bastão de vidro, cerca de 2 g de peróxido de sódio em pequenas porções. Verifique o pH do meio com o papel indicador universal a cada adição de peróxido de sódio. Interrompa a adição do peróxido de sódio quando o meio estiver fracamente ácido (pH = 6). Use esta solução de peróxido de hidrogênio para os ensaios posteriores. 2) Teste de identificação Em um tubo de ensaio, junte 2,0 mL de solução de dicromato de potássio e 1,0 mL de ácido sulfúrico 2,0 mol/L. Adicione em seguida 2,0 mL de éter etílico ou álcool amílico. Então, adicione 2,0 mL da solução de peróxido de hidrogênio preparada. Agite levemente o tubo e observe a cor na camada orgânica. 3) Propriedades 3.1 – Ação oxidante a) Adicione cerca de 3 mL da solução de peróxido de hidrogênio em um tubo de ensaio e, em seguida, 2 mL de iodeto de potássio amidonado. Observe até o fim da prática. b) Umedeça uma tira de papel de filtro com solução de acetato de chumbo II. Na capela, exponha o papel ao gás sulfídrico. Observe a coloração do papel. Adicione algumas gotas da solução de peróxido de hidrogênio ao papel e observe. c) Transfira 1 mL de uma solução de cloreto de cromo para um tubo de ensaio. Em seguida, adicione hidróxido de sódio até a dissolução do precipitado. Adicione a solução de peróxido de hidrogênio, gota a gota, e observe. 3.2 – Ação redutora a) Em um tubo de ensaio contendo 0,5 mL de permanganato de potássio 0,01 mol/L, 2 mL de água e 1 mL de ácido sulfúrico 2 mol/L, adicione 5 mL da solução de peróxido de hidrogênio. Observe. b) Em um tubo contendo 1 mL das soluções de ferricianeto de potássio e cloreto férrico, adicione 3 mL da solução de peróxido de hidrogênio. Observe. IFRJ Química Inorgânica 86 Estudo do Cromo, Manganês, Ferro, Cobalto e Cobre 1) Cromo 1.1 – Redução do íon Cr2O72– Adicione a um tubo de ensaio 1,0 mL de solução de dicromato de potássio e 2,0 mL de ácido sulfúrico 0,10 mol/L. Em outro tubo de ensaio (de preferência seco), transfira alguns cristais de sulfito de sódio. Verta a mistura do primeiro tubo no tubo contendo o sulfito de sódio e observe. 1.2 – Caráter anfótero do Cr(OH)3 Transfira 1,0 mL de solução de cloreto de cromo III para dois tubos de ensaio. Em seguida, adicione solução de hidróxido de sódio 5% nos dois tubos até observar a precipitação do hidróxido de cromo III. A um dos tubos, adicione solução de ácido clorídrico e observe. Ao outro tubo, adicione cuidadosamente excesso da solução de hidróxido de sódio 5%. Observe o resultado e reserve este tubo para a experiência 1.3. 1.3 – Oxidação ao íon CrO42– Transfira cerca de 2,0 mL do conteúdo do tubo de ensaio da experiência 1.2 para outro tubo. A este tubo, adicione solução de peróxido de hidrogênio gota a gota e observe. 2) Manganês 2.1 – Números de oxidação do manganês (Demonstrativo) Aqueça em um cadinho uma pequena porção de permanganato de potássio até a liberação de gás. Verta o sal aquecido em uma proveta (2 L) cheia de água e observe. 2.2 – Formação do íon manganato Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de permanganato de potássio e 3,0 mL de solução de hidróxido de sódio 5%, adicione um ou dois cristais de sulfito de sódio. Aguarde até cerca de dois minutos e observe se há mudança de coloração. Caso a cor permaneça, aqueça o tubo. 2.3 – Poder oxidante do íon MnO4– 2.3.1 – Meio ácido Em um tubo de ensaio adicione 2,0 mL de solução de permanganato de potássio e 1,0 mL de solução de ácido sulfúrico 0,10 mol/L. Em seguida, transfira 1,0 mL de solução de iodeto de potássio para o tubo. Observe a coloração. Adicione duas gotas de goma de amido ao sistema e observe. 2.3.2 – Meio básico Repita o procedimento anterior, trocando a solução de ácido sulfúrico por solução de hidróxido de sódio 5%. Adicione a goma de amido e observe. IFRJ Química Inorgânica 87 3) Ferro 3.1 – Identificação do Fe2+ Em quatro tubos de ensaio contendo 2 mL de solução de sulfato ferroso amoniacal, adicione algumas gotas das seguintes soluções (uma em cada tubo): a) Ferricianeto de potássio (K3[Fe(CN)6]); b) Tiocianato de potássio (KSCN); c) Ferrocianeto de potássio (K4[Fe(CN)6]); d) Hidróxido de sódio. 3.2 – Identificação do Fe3+ Em quatro tubos de ensaio contendo 2 mL de solução de cloreto férrico, adicione algumas gotas das seguintes soluções (uma em cada tubo): a) Ferricianeto de potássio (K3[Fe(CN)6]); b) Tiocianato de potássio (KSCN); c) Ferrocianeto de potássio (K4[Fe(CN)6]); d) Hidróxido de sódio. Compare os resultados dos procedimentos 3.1 e 3.2 e escolha a melhor forma de diferenciar e identificar os íons Fe2+ e Fe3+. 3.3 – Oxidação do íon Fe2+ a íon Fe3+ A um tubo de ensaio contendo 1,0 mL de solução de sulfato ferroso amoniacal, juntar 1,0 mL de solução de ácido sulfúrico diluído. Em seguida, adicionar ao tubo, gota a gota, solução de permanganato de potássio. Faça o teste de identificação de Fe2+ ou Fe3+ para caracterizar a espécie presente após a reação. 3.4 – Oxidação de Fe0 A um tubo de ensaio contendo 5,0 mL de solução 5% (m/v) de ácido clorídrico adicione uma pequena porção de ferro metálico. Observe (aqueça o sistema se necessário). Deixe o tubo em repouso e faça o teste de identificação de Fe2+ ou Fe3+ para caracterizar a espécie presente após a reação. 4) Cobalto 4.1 – Oxidação do íon Co2+ Juntar em um tubo de ensaio 2,0 mL de solução de Co2+ com 2,0 mL de uma solução de NaOH. Adicionar ao produto formado um pouco de solução de peróxido de hidrogênio. Observe. 5) Cobre 5.1 – Redução do íon Cu2+ ao íon Cu+ Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II adicionar gotas de solução de iodeto de potássio até parar a precipitação ocorrida. Observe todas as IFRJ Química Inorgânica88 mudanças ocorridas. Em seguida, adicionar algumas gotas de uma solução de goma de amido. Observe novamente. 5.2 – Redução do íon Cu2+ a Cu0 Em um tubo contendo 3,0 mL de solução de sulfato de cobre II, introduza um pedaço de ferro metálico (sem sinais de oxidação). Observe. 5.3 – Oxidação do Cu0 ao íon Cu2+ Na capela, coloque em um tubo de ensaio um pedaço de cobre metálico e 2,0 mL de ácido nítrico concentrado. Observe. IFRJ Química Inorgânica 89 Compostos de Coordenação 1) Complexos de Cobre II a) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II 0,1 mol/L adicione lentamente, na capela, solução aquosa concentrada de amônia. Observe a coloração da solução. Adicione água deionizada lentamente e observe. b) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II 0,1 mol/L adicione cloreto de sódio sólido em pequenas quantidades até a saturação da solução. Observe o efeito da adição de cloreto de sódio. Adicione água deionizada lentamente e observe. 2) Complexos de Cobalto II Faça uma diluição (1:2) de 4,0 mL de uma solução de cloreto de cobalto II 3%. a) Transfira para um tubo de ensaio 0,5 mL da solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída. Na capela, adicione cuidadosamente ácido clorídrico concentrado ao sistema e observe. Após isto, adicione água deionizada e observe. b) Transfira 2,0 mL da solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída para um tubo de ensaio. Adicione 5,0 mL de uma solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L e observe. Reserve o tubo para comparação na experiência “2d.” c) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL da solução de cloreto de cobalto II diluída e adicione 5,0 mL de solução aquosa saturada de tiocianato de potássio e observe. Reserve o tubo para comparação na experiência “2d.” d) Em um tubo de ensaio contendo 1,0 mL de solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída adicione 2,5 mL de solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Ao mesmo tubo, adicione 2,5 mL de solução concentrada de tiocianato de potássio e observe. Refaça a experiência trocando a ordem de adição dos ligantes tiocianato e oxalato (Se preciso, compare a coloração com os tubos das experiências “2b” e “2c”). 3) Complexos de Ferro III a) Transfira 1,0 mL de uma solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L para três tubos de ensaio. Adicione ao primeiro tubo 4,0 mL de solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Ao segundo tubo, adicione 4,0 mL de solução aquosa de fluoreto de sódio 0,25 mol/L. Acrescente 4,0 mL de água deionizada ao terceiro tubo. Observe atentamente as cores das soluções. IFRJ Química Inorgânica 90 Aos três tubos adicione gota a gota solução de tiocianato de potássio (ou amônio) de concentração 0,10 mol/L até mudança de coloração. Conte o número de gotas gasto para provocar a mudança em cada tubo. b) Transfira para dois tubos de ensaio 0,5 mL de solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L e 2 mL de uma solução de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Observe a cor da solução nos tubos de ensaio. Adicione em seguida 2,0 mL de uma solução de fluoreto de sódio 0,25 mol/L em um deles e no outro 2,0 mL de água deonizada. Observe. c) Transfira para dois tubos de ensaio 0,5 mL de solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L e 2,0 mL de uma solução de flureto de sódio 0,25 mol/L. Observe a cor da solução nos tubos de ensaio. Adicione em seguida 2,0 mL de uma solução de oxalato de sódio 0,125 mol/L em um deles e no outro 2,0 mL de água deonizada. Observe. Compare os resultados dos tubos de ensaio das experiências “3b” e “3c”. 4) Complexos de Prata a) Coloque cinco gotas de uma solução de nitrato de prata 0,10 mol/L em dois tubos de ensaio diluindo em seguida com cerca de 1,0 mL de água deionizada. Em um béquer, prepare cerca de 20 mL de solução saturada de cloreto de sódio. Utilizando uma pipeta, adicione de três a cinco gotas da solução saturada de cloreto de sódio nos tubos de ensaio. Observe a formação de precipitado. b) Em um dos tubos contendo precipitado, continue adicionando a solução de cloreto de sódio, lentamente, agitando vigorosamente o tubo de ensaio. Só pare a experiência uma vez que tenha adicionado grande excesso da solução saturada de cloreto de sódio. Observe o efeito da adição de cloreto de sódio em excesso. Após isto, adicione uma gota de uma solução 0,10 mol/L de nitrato de prata e observe. c) Adicione, na capela, algumas gotas de solução aquosa concentrada de amônia ao outro tubo da experiência “4a" contendo o precipitado e observe (ATENÇÃO! Conte o número de gotas ou leia o volume adicionado de solução de amônia concentrada). d) Em um tubo de ensaio coloque cinco gotas de nitrato de prata e acrescente em seguida cerca de 1,0 mL de água deionizada. Adicione de três a cinco gotas de iodeto de potássio para formação de precipitado. Na capela, adicione ao tubo o mesmo número de gotas (ou o mesmo volume) de solução aquosa concentrada de amônia utilizado no procedimento “4c” e observe. Compare os resultados dos ensaios “4c” e “4d”.