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COMPLEMENTO DE MECÂNICA DOS SOLOS Amostragem por Meio de Sondagem Exploração do Subsolo Professora: Cristiane Marques 2017.2 Objetivos: 1. Determinar a natureza do solo local e sua estratificação. 2. Obter amostras amolgadas e indeformadas do solo para identificação visual e ensaios de laboratório apropriados. 3. Determinar a profundidade e a natureza do leito rochoso, se e quando encontrado. 4. Realizar alguns ensaios in situ, tais como ensaios de permeabilidade, ensaio de palheta e ensaio de penetração dinâmica (SPT). 5. Observar as condições de drenagem do local e para o local. 6. Avaliar qualquer problema especial de construção em relação às estruturas próximas existentes. 7. Determinar a posição do nível do lençol freático. Estratificação: forma de distribuição das camadas (solo e/ou rocha). In situ: no local Ensaio de palheta: determinação direta da resistência ao cisalhamento não drenada do solo. NBR 10905/1989. Também conhecido como Vane Test. Ensaio SPT: Standard Penatration Test (ensaio de penetração dinâmica). Ensaio de permeabilidade: verificação dos espaços vazios interconectados. Pode ser elaborado de várias formas. Planejamento da Exploração do solo 1. Compilação das informações existentes relacionadas às estruturas. 2. Coleta das informações já existentes das condições do subsolo: a) Mapas geológicos; b) Mapa de solos de municípios elaborado pelos órgãos competentes; c) Manuais de solos publicados pelos departamentos de estradas estaduais; d) Relatórios de exploração do solo já existentes; 3. Reconhecimento do local de construção proposto; 4. Investigação detalhada do local (sondagens; amostragem amolgamadas e indeformadas de várias profundidades). Ver tabela. Princípio da Tensão Efetiva O conceito de tensão, adotado na geotecnia, pressupõe a adoção de um plano que intercepta grãos e vazios. No caso dos solos saturados, uma parcela da tensão normal será transmitida aos grãos (σ) e outra parte será transmitida para água (u). Por outro lado, a tensão de cisalhamento será transmitida exclusivamente para a fase sólida, uma vez que a água não resiste a tensões cisalhantes. Com isso, as tensões normais e cisalhantes podem ser reescritas como mostra o esquema abaixo: O conceito de que parte da tensão normal age nos contatos inter-partículas e parte atua na água existente nos vazios, deu origem a relação que foi proposta por Terzaghi e é conhecida como Conceito da Tensão Efetiva: A percepção de que somente parte das tensões normais é transmitida aos grãos possibilitou uma melhor compreensão do comportamento de solos saturados. Tanto no que diz respeito a sua compressibilidade quanto a sua resistência. Figura : Compressibilidade de solos. A American Society of Civil Engineers (1972) recomenda as seguintes regras práticas para estimativa da profundidade de sondagens para edifícios: 1. Determinação da variação do aumento da tensão efetiva líquida ∆σ’ (delta sigma) que resultará da construção da estrutura proposta em função da profundidade. 2. Traçar o gráfico da variação da tensão vertical efetiva σ’0 na camada de solo em função da profundidade. 3. Comparar os valores com a variação do aumento da tensão líquida ∆σ’ em função da profundidade, como determinado na etapa 1. 4. A menor das profundidades D1 e D2 é a profundidade mínima aproximada da sondagem. Tabela 1. Espaçamento das Sondagens Projeto Espaçamento das Sondagens (m) Edificações de um pavimento 25-30 Edificações c/ vários pavimentos 15 – 25 Autoestradas 250 – 300 Barragens de terra 25 – 50 Planejamento de loteamento residencial 60 - 100 Métodos de Perfuração Cavadeira a) Manuais (Trado Iwan; Helicoidal) – 3 a 5 m de profundidade em média. Trado helicoidal 3 a 5 m de profundidade. Trado helicoidal contínuo 1. Comercialmente, em geral, estão disponíveis trados em seções de 1 a 1,5 m. 2. Durante a perfuração, várias seções de trados podem ser adicionadas, permitindo que o furo seja aprofundado. 3. Podem ter haste sólida ou oca. 4. Alguns mais utilizados têm diâmetros externos de 67 mm, 83 mm, 102mm e 114mm. Tabela 2. Dimensões de trados de haste oca comumente utilizadas Diâmetro interno (mm) Diâmetro externo (mm) 63,5 69,85 76,2 88,9 101,6 158,75 187,8 203,2 228,6 254,0 Os trados helicoidais trazem o solo solto do fundo do furo para a superfície. O operador pode detectar a mudança no tipo de solo pela alteração da velocidade e o som da perfuração. No uso de trado com haste sólida, esse deve ser retirado em intervalos regulares para coletar as amostras de solo e para realizar outras operações, como o ensaio de penetração padrão (SPT). A vantagem dos trados de haste oca é que eles não precisam ser removidos em intervalos frequentes para amostragem ou outros ensaios. Perfuração rotativa É um procedimento no qual brocas em rotação rápida, fixadas à parte inferior de hastes de perfuração, cortam e trituram o solo, aprofundando o furo. A perfuração rotativa pode ser usada em areias, argilas e rochas (cuidado em casos em que a rocha esteja severamente fissurada). São utilizados pressão com água e pressão de lama – forçadas para baixo através das hastes até a broca, e o fluxo de retorno força o material triturado para a superfície. Lama de perfuração: preparada por meio de bentonita (argila de montmorilonita formada pela intemperização de cinzas vulcânicas) e água. CAÇAMBA DE ESCAVAÇÃO Fluidos de Perfuração Características desejáveis dos fluidos de perfuração: Ser estável quimicamente; Ser facilmente separado dos cascalhos na superfície; Aceitar qualquer tratamento, físico e químico; Ser bombeável; Ter baixo grau de corrosão e abrasão; Facilitar interpretações geológicas e geotécnicas; Ter baixo custo. Perfuração por lavagem 1. Camisa de aproximadamente 2 a 3 m de comprimento é cravada no solo. 2. Solo dentro da camisa é removido através de uma broca de corte ou trépano, afixada à haste de perfuração. 3. A água é forçada através da haste de perfuração e sai a uma velocidade alta através dos furos na parte inferior da broca de corte. A água e partículas sobem pelo furo e transbordam pela parte superior da camisa, e a água de lavagem é coletada em um recipiente. Perfuração por percussão É um método alternativo para aprofundar determinada perfuração, particularmente em solos rígidos e rochas. Uma broca pesada é levantada e abaixada para cortar o solo duro. Pode ser necessário o uso de camisa para este tipo de perfuração e as partículas de solos são trazidas para cima por meio de circulação de água. O ALÍVIO DAS TENSÕES GEOLÓGICAS Quando se abre uma vala ou furos, "cortando" um solo duro, cria-se um ponto fraco onde as forças do adensamento começam a desagregar as paredes da vala ou furo. É como se estivéssemos "libertando" as forças aprisionadas. Deste modo, faz-se necessário o conhecimento sobre as tensões do solo in situ. Tensões in situ Tensões em solo saturado sem percolação Tensões em solos saturados com percolação Tensões em solos saturados com percolação descendente Força de percolação Tensão efetiva em solos parcialmente saturados Tensões em solo saturado sem percolação Coluna de massa de solo saturado sem percolação de água em nenhuma direção. A tensão total no nível do ponto A pode ser obtida a partir do peso específico saturado do solo e da água acima dela. Assim, a equação da tensão total é: 1. σ = Hγw + (HA – H) γsat σ = tensão total na elevação do ponto A γw = peso específico da água γsat = peso específico do solo saturado H = altura do nível da água a partir do topo da coluna de solo. HÁ= distância entre o ponto A e o nível da água. σ = KN/m2 Tensãototal, σ, resultante da equação 1 pode ser dividida em duas partes: 1. Uma parte é suportada pela água nos espaços vazios contínuos. Esta parte atua com intensidade igual em todas as direções. 2. O restante da tensão total é suportada pelos sólidos do solo em seus pontos de contato. A soma dos componentes verticais das forças exercidas nos pontos de contato das partículas sólidas por unidade de área transversal da massa do solo é chamada de tensão efetiva. Se as é a área transversal ocupada por contatos de sólido com sólido: as = a1 + a2 + ... + an Então, o espaço ocupado pela água é igual a (A – as) σ’= P1(v) + P2(v) + P3(v) + ... + Pn(v) A a a Forças que atuam nos pontos de contato das partículas do solo no nível do ponto A. σ = σ’ + u(A – as) = σ’ + u (1 – a’s) A u = Haγw = poropressão (ou seja, a pressão hidrostática em A) as = as /A = fração da área de seção transversal da massa de solo ocupada pelos contatos de sólido com sólido. Equação 3. Equação 2. O valor de a’s é extremamente pequeno e pode ser ignorado, pois a variação de pressão geralmente apresenta problemas práticos. Assim, a equação 3 pode ser aproximada por: σ = σ’ + u equação 4. Onde u também é chamado de tensão neutra. Assim, substitui σ pela equação 1 na equação 4. Daí resulta em: σ’ = [Hγw + (HA – H) γsat] - HA γw = (HA – H) (γsat – γw) = (Altura da coluna do solo) x γ’ Onde γ’ = γsat – γw é igual ao peso específico do solo submerso. Portanto, podemos ver que a tensão efetiva em qualquer ponto A não depende da coluna de água H acima do solo submerso. Areia seca γdry = 16,5 kN/m 3 Nível do lençol freático 6m 13m A B C Z Areia saturada γS = 19,25 kN/m 3 Argila P E R F IL D O S O L O EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Um perfil de solo é mostrado na figura abaixo. Calcule, para os pontos A, B e C: a) Tensão total (σA, σB, σC) b) Poropressão (uA,uB,uC) c) Tensão efetiva (σ’A, σ’B, σC) A tensão efetiva é: a) aproximadamente a força por unidade de área exercida pelo esqueleto do solo. b) em uma massa de solo controla a alteração de seu volume e força. c) Aumentar a tensão induz o solo a assumir um estado mais denso de compactação. d) A princípio, é o conceito mais importante na engenharia geotécnica. e) A compressibilidade e a resistência ao cisalhamento de um solo dependem, em grande parte, de sua tensão efetiva. d) Problemas que podem ser previstos e/ou solucionados a partir da tensão efetiva: Pressão lateral da terra em estruturas de contenção; capacidade de carga; recalques em fundações; estabilidade de taludes.
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