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Análise do conto Os dragões

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Departamento de Estudos da Linguagem
Literatura Comparada e Educação Estética
Análise do conto: “Os dragões” de Murilo Rubião
Antes de iniciar a análise do conto “os dragões” de Murilo Rubião, faz-se necessário entender as definições sobre o fantástico e sua relação com a ideia do real. O gênero fantástico lida com uma causalidade narrativa que não é atestada no real. O termo fantástico (do latim phantastica e antes do grego phantastikós) aponta para algo que é criado pela imaginação, que não existe na realidade. 
A constituição do real tem características arbitrárias e é constituído pelo referencial do leitor: “Seus valores culturais, que se atualizam através da história, forjam padrões de julgamento (juízo) que caracterizam os aspectos normativos” (SCHWARTZ, 1981, p.54). Para tanto, o fantástico transpassa o universo do concreto, do real e do cotidiano, residindo a partir da linguagem.
Murilo Rubião “trazia em seu estilo as tintas do gênero” que, posteriormente, seria chamado de literatura fantástica. De escrita fácil, direta e inteligente seus contos invadem o espaço da fantasia para fazer uma crítica sutil à sociedade.
É notório nos contos de Murilo Rubião epígrafes bíblicas, especificamente, do antigo testamento, ele não as usa por seu sentido religioso, mas como chaves de leitura ou ampliação de sentido das narrativas. 
No conto “Os Dragões” a epígrafe remete ao livro bíblico de Jó, capítulo 30 versículos 29 “Fui irmão de dragões e companheiro de avestruzes”. Tanto os dragões presente na epígrafe, quanto no conto, representam na cultura judaica uma literatura descritiva do mundo animal ligados a Jó- assim como monstros, corujas e dentre outros. Desse modo, os dragões que foram inseridos no texto possuiriam um caráter de estranhamento e desconhecido, e sendo assim não são aceitos pela sociedade. Os dragões representam uma idealização do bem e do mal e comumente eles têm uma energia que é criadora e outra destruidora.
Vale destacar que, os dragões, no conto cumprem uma função na sociedade que estimula o preconceito e a intolerância na comunidade que se instala. “Poucos souberam compreendê- los e a ignorância geral fez com que, antes de iniciada a sua educação, nos perdêssemos em contraditórias suposições sobre o país e raça a que poderiam pertencer” (RUBIÃO, 1998). O ser humano necessita de uma história e de um contexto para compreender-se enquanto ente no mundo, enquanto, os dragões, são sujeitos históricos e sem contexto, por isso sofrem preconceitos de algumas pessoas da sociedade, pois, uma comunidade que é tradicional tem dificuldades de aceitar o que é diferente ao seu redor. 
Apenas as crianças não se importaram com a presença dos dragões na comunidade, talvez por não serem influenciadas pelo modo de pensar dos adultos: “Apenas as crianças, que brincavam furtivamente com os nossos hóspedes, sabiam que os novos companheiros eram simples dragões” (RUBIÃO, 1998).
 Fazendo uma correlação com o conto “Teleco o coelhinho” que tem como base as transformações repentinas do coelhinho em outros animais, que nos mostra a sua tentativa de adaptação a este mundo, no qual já não são tão comuns valores como a pureza e a bondade. Teleco que queria tanto ser humano torna-se no fim de sua vida, sem dentes e encardido. Neste momento do conto o narrador obriga os leitores a enxergar de fato que a imperfeição rege a vida humana. 
A partir dessa análise foi possível constatar que tanto “Os Dragões”, quanto o “Teleco, o coelhinho” os personagens representam um elemento simbólico na narrativa que não é atestada no real, mas que causa estranheza e faz com que o leitor remeta a ideia do mundo real.
REFERÊNCIAS
Disponível em <:http://www.uel.br/eventos/sepech/arqtxt/ARTIGOSANAIS_SEPECH/viniciusfsantos.pdf/ Acesso em: 05 de nov. 2017.
RUBIÃO, Murilo. O convidado. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. p. 6-13.
SCHWARTZ, Jorge. Murilo Rubião: a poética do uroboro. São Paulo: Ática, 1981.

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