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É preciso implantar o ECA integralmente

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É preciso implantar o ECA integralmente
 
“Os 20 anos completados no último dia 13 de julho ainda não foram suficientes para aplacar as criticas dos conservadores ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, diz o coordenador nacional do MNDH, Gilson Cardoso. 
Ele lembra que há um considerável número de “especialistas” que pleiteiam mudanças drásticas no ECA, “sendo favoráveis, entre outras medidas , à redução da maioridade penal para 14 anos”.
O argumento de quem defende a medida, lembra Gilson Cardoso, “é que semanalmente é possível encontrar um adolescente envolvido em um crime grave”.
“Ao lado de isso não ser exatamente a verdade – os crimes, como todos nós sabemos, são cometidos por pessoas das mais variadas idades; por gente com diploma, por gente sem diploma; por gente que mora no campo, por gente que mora na roça – o que temos é um enorme preconceito especialmente contra brasileiros pobres. Essa prática preconceituosa e criminalizadora é uma constante no Brasil desde a época colonial, da qual as vítimas são negros e índios”.
“Não é a redução da idade penal ou a ampliação das penas, como aliás defendem essas mesmas pessoas, que vai diminuir o índices de criminalidade no país”, argumenta.
“As questões, e todo mundo já sabe disso há muito tempo, estão ligadas à não-inclusão de parcela considerável da população brasileira na riqueza nacional, no mercado de trabalho formal, no mercado de consumo. São pessoas – em sua imensa maioria – que não têm direito a uma moradia digna, a uma escola de qualidade, a um serviço de saúde satisfatório. Esse preconceito e essa criminalização estão ligadas, portanto, à exclusão, à criminalização do pobre, do preto e do índio brasileiro”.
Gilson Cardoso defende, ainda que as medidas disciplinares das quais o ECA dispõe são suficientes como forma punitiva para jovens infratores e reconhece que o Estatuto possibilitou a criação de importantes ferramentas para garantia do bem-estar social dos jovens brasileiros.
“Mas tem uma coisa importante, argumenta o coordenador nacional do MNDH: é preciso aplicar o ECA integralmente. Precisamos, caminhar muito para atingir todos os direitos previstos pelo ECA. Portanto, não há qualquer lógica na defesa daqueles que querem mudar os seus preceitos, pois nem os vimos colocados em prática ainda.”
Cardoso faz eco às criticas de especialistas progressistas que defendem o Estatuto, lembrando que a falta de sua regulamentação “traz uma cultura de violência contra os jovens, como os atos de violência praticados contra as crianças no seio de suas famílias, por exemplo”.
“É preciso, diz Gilson Cardoso, enxergar a criança como um agente de direito e não como um agente necessitado de paternalismo ou de punição".
“Portanto, reafirmo, ao invés de nos preocuparmos em ampliar a punição aos jovens infratores, deveríamos, isso sim, implementar na sua totalidade o ECA. Temos de entender que o Estatuto é para toda criança e adolescente, independente de sua condição social, cultural ou econômica. É direito humano, do qual devem se beneficiar todos os jovens indistintamente”, conclui o coordenador nacional do MNDH.

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