Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU Unidade de Campina Grande Disciplina: Tecnologia de Alimentos Professora: Katcilanya Menezes de Almeida CONSERVAÇÃO PELO CALOR. PARTE 1 INTRODUÇÃO • O emprego de altas temperaturas na conservação de alimentos está fundamentado nos efeitos deletérios que o calor tem sobre os microrganismos. • Temperaturas elevadas causam a desnaturação de proteínas e a inativação de enzimas necessárias ao metabolismo microbiano. • O tratamento térmico necessário para destruir os microrganismos ou seus esporos varia com o tipo de microrganismo, a forma em que o microrganismo se encontra e o ambiente durante o tratamento. CINÉTICA DA DESTRUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS PELO CALOR • Qualquer temperatura acima da máxima de crescimento do microrganismo é letal. • Tratamentos térmicos letais provocam, nas populações microbianas homogêneas, decréscimo progressivo e ordenado de suas taxas, tanto mais elevado quanto mais se prolonga o tempo de exposição. • A destruição dos microrganismos segue progressão ordenada, ajustando-se essencialmente ao curso logarítmico. • Tempo de redução decimal (D), definida como o tempo necessário, em uma determinada temperatura, para destruir 90% dos microrganismos presentes. CINÉTICA DA DESTRUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS PELO CALOR • A cada minuto de tratamento a 110ºC serão destruídas 90% das células sobreviventes, obtendo-se reduções sucessivas de 90%, 99%, 99,9%, 99,99%, etc., isto é, os sobreviventes serão, respectivamente, 10%, 1%, 0,1%, 0,01%, etc. • A natureza logarítmica da morte dos microrganismos pela ação letal do calor indica que não é possível chegar ao zero absoluto de microrganismos, por mais que se prolongue o tempo de tratamento. • Como não é possível obter a fração de microrganismo viável, em termos práticos, as reações sucessivas significam que haverá um esporo viável por determinada unidade de alimentos considerada. Ex: uma por embalagem, uma para cada 10 embalagens, uma para cada 100 embalagens, etc. CINÉTICA DA DESTRUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS PELO CALOR • O termo esterilizado não implica necessariamente que o produto esteja estéril em sentido microbiológico estrito e, por isso, é mais correto falar de esterilidade comercial (1/104-1/105). • OBS: Compromisso para aplicar o tratamento térmico mínimo, com o qual se pode conseguir a esterilidade comercial, mantendo-se o máximo de qualidade original. • A natureza logarítmica da morte dos microrganismos pelo calor indica também que obter a redução da carga microbiana até nível desejado depende do número inicial de partida, o que implica, em termos práticos, a conveniência de processar alimentos com a menor contaminação possível. FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU Unidade de Campina Grande Disciplina: Tecnologia de Alimentos Professora: Katcilanya Menezes de Almeida CONSERVAÇÃO PELO CALOR. PARTE 2 VALOR F • Parâmetro utilizado na indústria de conservas e pode ser definido como tempo necessário, na temperatura definida, para reduzir a população microbiana presente no alimento até o nível desejado. • Cada microrganismo existente no alimento tem seu próprio valor F, e o aplicado será o mais alto dos calculados. Tabela 1. Termorresistência aproximada de microrganismos esporulados MICRORGANISMO D121ºC (min) D100ºC (min) D65ºC (min) ALIMENTOS POUCO ÁCIDOS (pH maior que 4,5) 1. Termófilos (esporos) 1.1 Acidificantes 4-5 1.2 Alteração gasosa 3-4 1.3 Produtores SH2 2-3 2. Mesófilos (esporos) 2.1 Anaeróbios putrefativos 0,1-1,5 2.2 Aeróbios facultativos 0,1-0,3 ALIMENTOS ÁCIDOS (pH de 4 a 4,5) 1. Termófilos (esporos) 0,01-0,07 2. Mesófilos (esporos) 0,1-0,5 ALIMENTOS MUITO ÁCIDOS (pH menor que 4) Não crescem esporos Mesófilos não-esporulados 0,5-1 Tabela 2. Termorresistência aproximada de microrganismos não-esporulados MICRORGANISMO D65ºC (min) D60ºC (min) D55ºC (min) 1. Termófilos 10-20 2. Mesófilos 2.1 Termorresistência típica 1-3 2.2 Termorresistência atípica 10-20 3. Psicrotróficos 1-5 4. Psicrófilos 0,1 MODALIDADES DE TRATAMENTO TÉRMICO • Branqueamento: processo de curto tempo de aplicação, com características de pré-tratamento, pois precede o início de outros processos de elaboração industrial. • Pasteurização: visa destruir os microrganismos patogênicos não-esporulados (ex. leite pasteurizado) e reduzir a microbiota deteriorante (pasteurização de vinagre, de sucos), de modo a oferecer ao consumidor um produto seguro, com vida útil curta, porém, aceitável. • Esterilização: objetiva-se a destruição dos microrganismos presentes, esporulados ou não, ou pelo menos de todos aqueles que possam multiplicar-se no produto final (alimento microbiologicamente estável). BRANQUEAMENTO • Comumente empregado para inativar enzimas contidas em frutas e hortaliças; • Reduz carga microbiana superficial; • Amolece a pele dos vegetais que sofrerão descascamento; • Impede a despigmentação e favorece a fixação da coloração de certos pigmentos dos vegetais; • Conduz a perda de vitaminas sensíveis ao calor e de nutrientes solúveis em água. • Métodos geralmente utilizados são: – Imersão em água quente; – Vapor de água. BRANQUEAMENTO • A duração do tratamento varia com a consistência e com o tamanho do material, podendo variar de 2 a 10 minutos, a uma temperatura de 70° a 80°C. • A água empregada no branqueamento deve ser de boa qualidade, impedindo que esporos bacterianos contaminem os alimentos. • Após o branqueamento, os vegetais são resfriados rapidamente, até a temperatura ambiente, para evitar o cozimento demasiado do produto. BRANQUEAMENTO • Choque frio resulta na perda de uma ou mais barreiras relativas à permeabilidade da membrana, havendo em consequência o extravasamento de aminoácidos e nucleotídios da célula. • O choque frio é uma forma direta de causar injúria a células, resultante da redução da temperatura sem o congelamento do substrato. • O Branqueamento pode ser realizado antes ou depois da operação de descascamento. PASTEURIZAÇÃO • O processo de pasteurização é aplicado a alimentos ácidos ou muito ácidos (pH < 4,5), a alimentos que são conservados sob refrigeração ou congelamento, e ainda aos submetidos a concentração e desidratação. • LTH (low temperature holding) ou pasteurização baixa: – Sistema descontínuo, adequado quando se pretende pasteurizar volumes pequenos (de 100 a 500 litros); – Empregam-se tempos longos (aproximadamente 30 minutos) e baixas temperaturas (de 62ºC a 68ºC). PASTEURIZAÇÃO • HTST (high temperature, short time) ou pasteurização alta: – Método realizado em sistema de fluxo contínuo com trocadores de calor (tubulares ou de placas); – Temperaturas elevadas (de 72°C a 85°C) e tempos curtos (de 15 a 20 segundos). ESTERILIZAÇÃO • Significa a destruição de todas as células viáveis que possam ser enumeradas por técnica apropriada de semeadura. • Normalmente, emprega-se o termo ͞esterilização comercial͟ para indicar que nenhum microrganismo viável pode ser detectado pelos métodos usuais de semeadura ou ainda que o número de sobreviventes é tão baixo que nessas condições de envasamento e armazenamento é insignificante. ESTERILIZAÇÃO • Pode ser feita de duas formas: – Em embalagens já preenchidas (de 110ºC a 125ºC); – Aquecendo o alimento sem embalar (UHT) e acondicionando-o depois, assepticamente. • UHT (ultra high temperature): – Temperaturas muito altas (de 135ºC a 150ºC) aplicadas durante um tempo muito curto (de 2 a 5 segundos).
Compartilhar