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Direito Sucessões – Civil VI
– Resumo Completo
 
Direito Sucessões – Civil VI – Resumo Completo
Fonte: AjudaJuridica.com
 
Principais Princípios do Direito das Sucessões
Princípio do respeito à vontade do testador:1.
É a ele a quem compete traçar a sucessão, respeitadas as
limitações legais.
Princípio do caráter supletivo da sucessão legítima:2.
As normas sucessórias só se operam na falta de disposição de
última vontade (cunho complementar ou substitutivo).
Princípio da transmissão de direitos e obrigações a3.
rígido esquema formal:
Procede-se ao inventário de bens com extensa formalidade.
 
CONCEITO E FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES
Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a
transferência do patrimônio (ativo e passivo – créditos e
débitos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou
testamento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC. A
Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º,
XXX).
O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada
ou não com o direito de família.
DA SUCESSÃO EM GERAL
A sucessão pode ser classificada em:
Sucessão Legítima (ou ab intestato) —> decorre da lei;
morrendo a pessoa sem testamento transmite-se a herança aos
herdeiros legítimos indicados pela lei. Também será legítima
se o testamento caducar ou for declarado nulo.
Sucessão Testamentária —> ocorre por disposição de última
vontade (testamento). Havendo herdeiros necessários (cônjuge
sobrevivente, descendentes ou ascendentes), o testador só
poderá dispor de metade da herança (art. 1.789 CC). A outra
metade constitui a “legítima”, assegurada aos herdeiros
necessários. Não os havendo terá plena liberdade de testar.
Mas se for casado sob o regime da comunhão universal de bens
(art. 1.667 CC) o patrimônio do casal será dividido em duas
meações e a pessoa só poderá dispor da sua meação.
Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão,
especialmente a contratual. São proibidos os pactos
sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança de
pessoa viva (art. 426 do C.C. – pacta corvina). No entanto
admite a cessão de direitos.
A título universal —> o herdeiro é chamado para suceder na
totalidade da herança, fração ou parte dela, assumindo a
responsabilidade relativamente ao passivo. Ocorre tanto na
legítima como na testamentária.
A título singular —> o testador deixa ao beneficiário um bem
certo e determinado (legado). O herdeiro não responde pelas
dívidas da herança.
ABERTURA DA SUCESSÃO, ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
A Abertura da Sucessão (também chamada de delação ou devolução
sucessória) se dá no momento da constatação da morte
comprovada do de cujus (expressão latina abreviada da frase de
cujus successione agitur – aquele de cuja sucessão se trata,
ou seja, a pessoa que faleceu; de cujus também é chamado de
autor da herança).
O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como
Droit de Saisine (direito de posse imediata), ou seja,
transmite-se automaticamente e imediatamente, o domínio e a
posse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários do
de cujus, sem solução de continuidade (ou seja, sem
interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato
(art. 1.784 CC). Não necessita da prática de qualquer ato. No
entanto deve-se proceder a um inventário para se verificar o
que foi deixado e o que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O
herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante,
herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus
sucessores, se falecer em seguida. Há necessidade de apuração
da capacidade sucessória.
Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título
universal e o legatário a título singular.
Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes do
CC) – é o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro
(legítimo ou testamentário) manifesta livremente o desejo de
receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação consolida
os direitos do herdeiro. É também indivisível e incondicional
porque não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte e
sob condição ou a termo, isto para se preservar a segurança
nas relações jurídicas; a aceitação deve ser pura e simples.
Não pode haver retratação da aceitação da herança. No entanto
pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se
verifica que o aceitante não é herdeiro.
A aceitação pode ser classificada em:
expressa – declaração escrita (pública ou particular).
tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade
de herdeiro.
presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois
que é notificado para que declare se aceita ou não a
herança.
Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral pelo
qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança
a que tem direito, despojando-se de sua titularidade. É ato
solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o
tabelião) ou termo nos autos (perante o juiz).
Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se
configura em uma renúncia propriamente dita. Na verdade é uma
aceitação e imediata transmissão, havendo a incidência de
tributação causa mortis e também inter vivos. Também é chamada
de renúncia translativa. A renúncia válida é a abdicativa,
isto é, cessão gratuita, pura e simples.
Requisitos para a renúncia:
Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não
podem renunciar, senão por seu representante legal,
autorizado pelo Juiz.
Forma prescrita em lei; sempre por escrito (escritura
pública ou ato judicial); não há renúncia tácita nem
presumida.
Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é
indivisível até à partilha.
Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia
prejudica credores, estes podem aceitar a herança.
Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória
ou marital), pois o direito à sucessão é considerado bem
imóvel.
Efeitos da renúncia:
O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido
chamado à sucessão; seus efeitos retroagem à data da
abertura da sucessão. O que repudia a herança pode
aceitar legado.
O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão
legítima, transmite-se de imediato aos outros herdeiros
da mesma classe (direito de acrescer). Os descendentes
do renunciante não herdam por representação. No entanto
se ele for o único da classe seus filhos herdam por
direito próprio e por cabeça.
O renunciante não perde o usufruto e nem a administração
dos bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos
seus filhos menores.
A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823)
Para falar em herança jacente e vacante é necessário falar em
sucessão do Município, do Distrito Federal e da União. Na
verdade a administração pública não é herdeira, não lhe é dado
o direito de saisine, isto é, não se torna proprietária dos
bens da herança no momento da morte do de cujus, como acontece
com os demais herdeiros.
Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros
conhecidos ou quando estes repudiarem a herança, os bens irão
para o Município ou Distrito Federal (se localizados nas
respectivas circunscrições) ou União (se situados em
Território Federal). Mas não de imediato. Há um procedimento
legal:
Herança Jacente
Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são
arrecadados. Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los
e administrá-los. A característica principal da herança
jacente é a transitoriedade da situação dos bens. Não goza de
personalidade jurídica; é uma universalidade de direito. São
expedidos editais convocando eventuais sucessores. Após a
realização de todasas diligências, não aparecendo herdeiro e
decorrido um ano após o primeiro edital, haverá a declaração
de vacância.
Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a
propriedade do Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de
forma plena, mas apenas resolúvel (propriedade resolúvel —> é
a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente após
05 (cinco) anos da abertura da sucessão a propriedade passa
para o domínio público (Município, Distrito Federal ou União).
Comparecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário
regular.
O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de
herdeiros apontados na ordem de vocação hereditária. É,
portanto, um sucessor irregular, desde que haja sentença que
declare a vacância dos bens.
EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC) é uma espécie de
incapacidade sucessória que priva uma pessoa de receber a
herança. É uma pena civil, criada pelo legislador, atingindo
os herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários. A
pena de indignidade só alcança o indigno, sendo representado
por seus sucessores, como se morto fosse. São excluídos por
indignidade os herdeiros ou legatários que:
a) houverem sido autores, co-autores ou partícipes em1.
crime de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a
pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente.
b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da2.
herança, ou incorreram em crime contra a sua honra
(calúnia, difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou
companheira (o).
c) por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o3.
autor da herança de livremente dispor dos seus bens por
ato de última vontade.
Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido
(representação). O indigno não terá direito ao usufruto nem
administração dos bens que seus filhos menores herdaram. A
exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos
de indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária,
movida por quem tenha interesse na sucessão (art. 1.815 CC). O
prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência. Os
efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex
tunc) à data da abertura da sucessão, considerando o indigno
como pré-morto ao de cujus.
Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitar
o indigno, desde que o faça de forma expressa em testamento ou
outro ato autêntico (ex.: escritura pública). É o perdão do
indigno.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. Sucessão Legítima é aquela
em que o de cujus faleceu sem testamento (ou ab intestato), ou
o testamento deixado caducou, ou é ineficaz. Há uma relação
preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o finado.
Se deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é
possível que ocorra uma redução das disposições testamentárias
para respeitar a quota dos mesmos, prevista em lei.
Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados
pelo legislador e essa seqüência é denominada ordem de vocação
hereditária.
VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS8.
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. O chamamento dos sucessores
é feito de acordo com uma seqüência denominada ordem de
vocação hereditária, que é uma relação preferencial,
estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para
suceder o de cujus na sucessão legítima.
Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge;
3ª cônjuge; 4ª colaterais até 4º grau. (Art 1829)
Descendentes: mais próximos excluem mais remotos. Os de mesmo
grau sucedem nos mesmos direitos, sucessão por cabeça e não
por estirpe.
Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há distinção
entre linha materna e paterna (Art 1836, § 2º), o que
interessa é o grau. Não há direito de representação para
ascendentes (Art 1852).
Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção:
direito de representação para filho de irmão pré-morto. Irmãos
germanos ou bilaterais e irmãos unilaterais: os últimos têm
metade do quinhão dos primeiros (Art 1841 e ss). Tio e
sobrinho são colaterais de 3º grau, na falta de outros
herdeiros, a herança deveria ser dividida entre eles, porém o
direito sucessório estabelece que sobrinho exclui tio da
sucessão, pois, devido ao direito de representação, o sobrinho
entra no lugar do irmão pré-morto, que é um colateral de 2º
grau, enquanto o tio, por ser ascendente, não possui direito
de representação, se mantendo no 3º grau, como mais próximos
afastam mais remotos, logo, sobrinho exclui tio (Arts 1840,
1843 caput e 1851 ss).
Observações importantes:
Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da1.
classe precedente. Exemplo: os ascendentes só serão
chamados na sucessão se não houver descendentes.
Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio,2.
exclui o mais remoto. Exemplo: o de cujus deixou um
filho e este possui dois filhos (que são netos do de
cujus); a herança irá somente para o filho, excluindo,
neste caso, os netos.
Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente3.
são considerados herdeiros necessários; neste caso o
testador só poderá dispor por testamento de metade da
herança. Isto é, metade de seus bens irá
obrigatoriamente para os herdeiros necessários (salvo
alguma hipótese de deserdação). A outra metade ele
poderá dispor em testamento.
Todos os filhos herdam em igualdade de condições4.
(Constituição Federal, art. 227, § 6°: “Os filhos,
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”). Assim, um filho não pode ser chamado de
adulterino ou bastardo. Tanto faz seja ele proveniente
de um casamento ou de uma relação extraconjugal: é filho
do mesmo jeito e terá direito à herança.
Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer5.
exatamente desta forma, ou seja, pode haver algumas
modificações.
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856)
Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos
parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que
ele sucederia, se vivesse (art. 1.851 CC). Só tem aplicação na
sucessão legítima.
Exemplo: A faleceu deixando 05 filhos. Dois deles (B e D)
faleceram anteriormente (ou seja, antes de A). Um desses (B)
tinha um filho (G) e o outro (D) tinha dois filhos (H eI).
Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do pai.
G representará seu pai na herança de seu avô e receberá a
totalidade que seu pai receberia (20%). No entanto H e I
representam D e irão herdar apenas 10% cada um da totalidade
da herança. Os filhos herdam por cabeça ou por direito
próprio. Já os netos herdam por estirpe ou por direito de
representação.
Mas neste mesmo exemplo se todos os filhos já fossem pré-
mortos, concorrendo apenas os netos, todos do mesmo grau, a
sucessão não seria mais deferida por representação (ou
estirpe), mas por cabeça. Assim, como só há três netos, cada
um herdará um terço da totalidade da herança. Essas cotas
chamam-se avoengas, por serem transmitidas diretamente do avô
para os netos.
O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido
e também ao excluído por indignidade ou deserdação.
Somente se verifica o direito de representação na linha reta
descendente (operando-se ad infinitum), nunca na ascendente
(art. 1.852 CC). Na linha colateral, só ocorrerá em favor dos
filhos de irmãos do falecido (sobrinhos), quando com irmão
deste concorrerem. Mas não há representação na renúncia nem na
herança testamentária, não se aplicando, também aos legados.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E TESTAMENTO
Sucessão Testamentária é aquela em que a transmissãohereditária se opera por ato de última vontade, revestido da
solenidade requerida por lei. Em outras palavras, é a sucessão
que se faz por meio de um testamento. Permite a instituição de
herdeiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor
a título singular). Como já vimos, tem certas limitações, pois
deve respeitar a legítima (que é a parte que cabe aos
herdeiros necessários).
A sucessão testamentária rege-se pela:
Lei vigente no momento da feitura do testamento, que
regula a capacidade testamentária ativa e a forma do ato
de última vontade.
Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que
rege a capacidade testamentária passiva e a eficácia
jurídica do conteúdo das disposições testamentárias.
Testamento — é um ato personalíssimo, unilateral, solene e
revogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu
patrimônio para depois de sua morte.
O testamento serve também para a nomeação de tutores,
reconhecimento de filhos, deserdação de herdeiros, revogação
de testamentos anteriores e outras declarações de última
vontade.
O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser
feito em conjunto com outra pessoa (é nulo o testamento
conjuntivo). Proíbe-se, os pactos sucessórios, ou seja,
estipulações bilaterais, de feição contratual, em favor dos
estipulantes ou de terceiros, afastando-se a possibilidade de
contratos que tenham por objeto herança de pessoa viva (art.
426 C.C. – pacta corvina). É ato personalíssimo, podendo ser
revogado.
O testamento, por ser um negócio jurídico, requer para a sua
validade agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não
defesa em lei. É um negócio jurídico que requer uma série de
solenidades. Caso não sejam observadas, o ato será considerado
nulo (conforme a regra geral do art. 166, V do CC). Também é
necessária a análise da capacidade testamentária ativa e
passiva.
Capacidade Testamentária Ativa
A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o
testamento. O Código Civil estabelece apenas como incapazes de
testar (art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos, os
desprovidos de discernimento (ex.: os que não estiverem em
perfeito juízo, surdos-mudos, que não puderem manifestar a sua
vontade, etc.) e a pessoa jurídica.
Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido,
etc. Os maiores de 16 anos, mas menores de 18 anos, apesar de
relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a assistência
de seu representante legal.
A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o
invalida. A capacidade para testar deve existir no momento em
que o testamento é feito, pois a incapacidade superveniente
não invalida o testamento eficaz. O testamento do incapaz não
pode ser convalidado com a superveniência da capacidade.
Capacidade Testamentária Passiva
A capacidade testamentária passiva é a capacidade para
adquirir por testamento. Rege-se pela regra genérica de que
são capazes todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais
ou estrangeiras, maiores ou menores, existentes ao tempo da
morte do testador.
Não podem ser contemplados por testamento as coisas
inanimadas, os animais e as entidades místicas. Se o
beneficiário do testamento já morreu (pré-morto), a cláusula é
considerada caduca.
São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:
Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui
capacidade, pois já foi concebido) até a morte do
testador, salvo se a disposição deste se referir à prole
eventual de pessoas por ele designadas e existentes ao
abrir-se a sucessão.
As pessoas jurídicas de direito público externo
relativamente a imóveis situados no Brasil.
São relativamente incapazes para adquirir por testamento,
proibindo que se nomeiem herdeiros ou legatários:
A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu
cônjuge, seus ascendentes, descendentes, e irmãos.
As testemunhas do testamento.
O concubinário (amante) do testador casado, salvo se
este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge
há mais de 05 anos.
O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão,
perante o qual se fizer, assim como o que fizer, ou
aprovar o testamento.
Restrições do testamento
Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo
herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge
sobrevivente), salvo se os mesmo forem deserdados. As
disposições que excederem à metade disponível será reduzida ao
limite dela. Reduzem-se também as doações feitas em vida, que
atingiram a legítima dos herdeiros necessários (são chamadas
doações inoficiosas).
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer
espécie), total ou parcialmente. Não há uma hierarquia entre
os testamentos.
DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre
as Disposições Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que
podem ou não ser ditas em testamentos.
A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do
Testador, ou seja, a maneira que ele dispor será absoluta
quanto aos bens. Contudo, nem mesmo a disposição de última
vontade do de cujus poderá ferir a legislação, nem mesmo a
vontade do testador pode se opor à licitude da lei ou os
princípios morais.
Como sabemos, no testamento podem conter disposições
patrimoniais ou disposições exclusivamente pessoais. As
disposições patrimoniais podem ser encontradas mais facilmente
nos testamentos comuns,e, até certos autores vêem o testamento
apenas como meio de disposição do patrimônio. Contudo, existem
também diversas disposições de ordem não patrimonial que podem
ser aditadas a um testamento, por exemplo, reconhecimento de
filho, nomeação de tutor, recomendações sobre o funeral, o
destino do corpo do de cujus, e outras relativas a direito
pessoal.
Convém salientar que serão consideradas como não escritas
quaisquer cláusulas chamadas de derrogativas, aquelas onde o
testador contraria o Princípio da Irrevogabilidade do
Testamento, ou dispensa qualquer das suas solenidades.
Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de
serem apostas em um testamento.
Pode-se num testamento, instituir herdeiros, através de um
antigo instituto conhecido desde o Direito Romano como heredis
institutio, válido ainda em nosso ordenamento jurídico.
Existem duas regras gerais, a primeira, onde diz que somente o
testador tem o poder de instituir os herdeiros, e a segunda, é
que não existem nenhuma restrição acerca da quantidade de
herdeiros. A Instituição de algum herdeiro gera efeitos
imediatos, cabendo aos herdeiros testamentários o direito à
sua parte.
È lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens
dispostos em testamento, de modo que podem haver condições que
enquanto não forem atendidas, o bem não se transmitirá. Por
exemplo, um herdeiro testamentário receberá o bem quando colar
grau em curso superior.
Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os
bens determinados encargos, que podem variar indefinidamente.
Podendo ser o encargo em favor de terceira pessoa, ou da
sociedade em geral.
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento,
algumas razões que levaram ele a realizar a divisão dos bens
como foi feita, dá-se o nome dessa disposição de Disposição
Causal.
Finalmente, pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão
herdados. Os mais conhecidos desses ônus são as cláusulas
restritivas à propriedade, que consistem na cláusula de
incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade.
Sobre essas últimas, se faz necessário que o disponente, no
próprio instrumento, mencione um motivo bastante justificado
para a aposição dessas cláusulas no testamento.
LEGADOS
Legado é a disposição testamentária a título singular,pela
qual o testador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão
legítima, um ou mais objetos individualizados ou uma certa
quantia em dinheiro. O legado é típico de sucessão
testamentária, recaindo sobre uma coisa certa e determinada
(ex.: deixo a meu amigo minha biblioteca; deixo a meu sobrinho
o meu piano, etc.).
O conceito jurídico atual de legado é um ato de liberalidade
feita em testamento a uma pessoa determinada, chamada de
legatário.
O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo
renunciar tácita ou expressamente. Os legados podem caducar
(ex.: anulação do testamento; alienação, modificação ou
perecimento da coisa; falecimento do legatário antes do
testador; revogação; indignidade, etc.).
Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração
ideal dos bens do de cujus, como uma universalidade de bens,
sendo considerada um único bem imóvel, conforme o art. 80, II
do CC, o legado é a sucessão que incide sobre uma coisa certa
e determinada. A herança é indefinida e o legado é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa
a acumular os papéis de herdeiro e legatário, é chamado de
legado precípuo ou prelegado.
O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou
incorpóreas, crédito ou de quitação de dívidas, alimentos;
usufruto, imóvel, dinheiro; renda ou pensão periódica.
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou
genérica, de modo que, nesse último caso, a escolha somente
será feita depois, pelo legatário, ou outra pessoa designada
pelo testador. Como a coisa legada é definida apenas pelo
gênero, o legado se cumprirá mesmo que tal coisa não exista
entre os bens do testador, segundo reza o art. 1.915 do CC.
Além disso, o código veda totalmente o legado de coisa alheia,
conforme o disposto no art. 1.912.
Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto
de legado, para se transferir ao legatário, de modo que o novo
crédito agora seja devido ao mesmo, de modo igual ao que
ocorre em uma cessão de crédito. Pode ser transmitida uma
quitação de dívida ao legatário, e se transfere pela própria
entrega do instrumento de quitação do herdeiro para o
legatário.
Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa
modalidade de legado, cria-se uma relação jurídica que obriga
o pagamento da pensão alimentícia, como aquela devida aos
filhos. Os alimentos devem compreender o necessário à
manutenção da vida do legatário (alimentado), levando sempre
em conta as circunstâncias e o meio-termo, de modo que o valor
estipulado dos alimentos não seja praticamente uma “esmola”,
mas também não seja muito alto, de modo que seja um
aproveitamento ilícito do alimentado.
Em geral, os alimentos são fixados levados em conta as
possibilidades do alimentante e as necessidades do alimentado.
Essa modalidade de legado tem fulcro legislativo no art. 1.920
do CC: “O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o
vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
educação, se ele for menor.”
O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar
o seu usufruto para uma terceira pessoa, de modo que essa
fique no uso e fruição do bem, em todo o prazo estipulado. Se
não houver um prazo estipulado pelo testador, há uma presunção
iure et de iure de que este prazo seja vitalício com relação
ao legatário, conforme o disposto no art. 1.921.
Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição
do art.1.922: “Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar
depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se
compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário
do testador”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o disposto
neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou
voluptuárias feitas no prédio legado”.
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo
após a partilha, de forma que os juros correrão a partir do
momento em que o herdeiro pagador se constituir em mora, ou
seja, no momento em que for feito a partilha e o legatário não
receber o dinheiro.
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o
legado de Alimentos é espécie. Nesta modalidade, é legada uma
renda, de caráter vitalício ou não, renda esta fixada pelo
próprio testador.
Há o legado alternativo quando o testador coloca duas ou mais
opções de legado ao herdeiro incumbido de cumprir o legado.
Está amparado no art. 1.932 do Código: “No legado alternativo,
presume-se deixada ao herdeiro a opção.”
O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o
legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade
do testamento, e, no legados condicionais, ou a prazo,
enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não se vença.
DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS
Quando vários herdeiros ou legatários, pela mesma disposição
testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em
quinhões determinados, e qualquer deles não puder (ex.: pré-
morte, indignidade, renúncia, etc.) ou não quiser aceitá-la, a
sua parte acrescerá à dos outros co-herdeiros ou co-legatários
(salvo direito do substituto). Exemplo: A deixa seus bens a B,
C e D. Se um deles falecer antes de A, sua parte retornará ao
monte, acrescendo ao quinhão dos outros dois. Mesmo que D
tenha filhos estes não receberão os bens por representação.
Obs. Não haverá direito de acrescer se a cédula testamentária
for declarada nula ou anulada, caso em que subsistirá a
sucessão legítima (art. 1.788 CC).
Requisitos
Nomeação de co-herdeiro ou co-legatário, na mesma
disposição testamentária.
Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.
Ausência de cotas hereditárias.
HERDEIROS NECESSÁRIOS E REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES15.
TESTAMENTÁRIAS
Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a
um tipo de Sucessão. São assim considerados por ser uma
qualidade dada somente a alguns parentes próximos do de cujus,
determinados pelo art. 1.845: “São herdeiros necessários os
descendentes, os ascendentes e o cônjuge.”
Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro
Legítimo. Como possui a qualidade de necessário, a lei confere
ao mesmo o direito à Legítima. O de cujus de maneira alguma
pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao herdeiro
necessário a Legítima a que este possui direito. Contudo, nada
impede que o herdeiro necessário renunciar a herança, na
conformidade da Lei.
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus –
Distinção
O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido
em duas metades: a Legítima e a metade disponível. Entretanto,
tal distinção somente produzirá efeitos práticos se houverem
herdeiros necessários em jogo (Descendentes, Ascendentes e/ou
Cônjuge sucessíveis).
A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite
obrigatoriamente, e de maneira igual, aos herdeiros
necessários, a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se
houver), de maneira expressa, renunciem à herança, por força
do art. 1.846 do Código Civil: “Pertence aos herdeiros
necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança,
constituindo a legítima.”
No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá
deixar de transferir a Legítima para algum herdeiro
necessário.
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é
aquela que o autor da herança pode deixar para quem quiser,
mediante um ato de disposição de última vontade (Testamento ou
Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma
de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a
disposição de última vontade deve obedecer a certas
determinações emanadas da lei.
SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO16.
Substituição hereditária é a disposiçãotestamentária na qual
o testador chama uma pessoa para receber, no todo ou em parte,
a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou o
legatário nomeado em primeiro lugar. O testador, prevendo a
hipótese de um herdeiro ou legatário não aceitar ou não poder
aceitar a herança, nomeia-lhe substitutos.
Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (morrer primeiro),
exclusão por indignidade, renúncia, não implemento de condição
imposta pelo testador, etc.
DESERDAÇÃO
Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da
sucessão, mediante testamento com expressa declaração de
causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por
ter praticado alguma conduta prevista na lei como causa.
Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência dos
seguintes requisitos:
Existência de herdeiros necessários.
Testamento válido (só pode haver deserdação por
testamento, sendo proibido por escritura pública,
instrumento particular, termo judicial ou codicilo –
veremos este termo mais adiante).
Expressa declaração da causa prevista em lei.
Propositura de ação ordinária.
Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a
indignidade (art. 1.814 CC), acrescenta-se:
A) Deserdação dos descendentes por seus ascendentes1.
(art. 1.962 CC): ofensa física, injúria grave; relações
ilícitas com a madrasta ou padrasto; desamparo do
ascendente, em alienação mental ou grave enfermidade.
B) Deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art.2.
1.963 CC): ofensa física; injúria grave; relações
ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do
neto com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
desamparo do filho ou do neto com deficiência mental ou
grave enfermidade.
Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pessoais,
isto é, atingem o herdeiro excluído, como se ele morto fosse.
Mas os seus descendentes herdam por representação, ante o
caráter personalíssimo da pena civil.
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros
herdeiros promover, no prazo de 04 anos (contados da abertura
do testamento) ação de deserdação para confirmar a vontade do
morto. O deserdado terá direito de defesa. Não se provando o
motivo da deserdação, o testamento produzirá efeitos em tudo o
que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.
Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera
ineficácia da deserdação. Deve ser realizada a revogação por
testamento (trata-se do perdão).
Distinção entre Indignidade e Deserdação:
1) A exclusão por indignidade se refere à sucessão legítima e
afasta da sucessão tanto os herdeiros legítimos, quanto os
testamentários, necessários ou não, inclusive o legatário; a
deserdação se refere à sucessão testamentária, servindo apenas
para privar da herança os herdeiros necessários (descendentes,
ascendentes e cônjuge), inclusive quanto à parte legítima.
2) A exclusão por indignidade funda-se exclusivamente nos
casos do art. 1.814 CC e a deserdação repousa na vontade
exclusiva do autor da herança, desde que fundada em motivo
legal.
REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DOS TESTAMENTOS
Sendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir
efeitos jurídicos, deverá satisfazer as condições genéricas
(capacidade do testador, objeto lícito e possível, forma
solene e consentimento válido), sob pena de nulidade e
anulabilidade. Além disso, ainda existem causas que impedem o
testamento de produzir seus efeitos jurídicos:
Revogação
Rompimento
Caducidade
Nulidade Absoluta ou Relativa
Revogação
Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna
ineficaz o testamento anterior, manifestando vontade contrária
à que nele se encontra expressa. Um testamento só pode ser
revogado por outro, mesmo que de modalidade diversa (um
testamento público pode revogar um cerrado; um testamento
particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que
o novo testamento seja válido. No entanto é irrevogável o
testamento na parte em que o testador reconhece filho havido
fora do casamento.
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido
revogado posteriormente (não há repristinação no testamento).
Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode
revogar o codicilo.
A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:
a) total – o testamento superveniente retira a eficácia1.
de todas as disposições testamentárias anteriores.
b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo2.
as demais.
Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:
a) expressa (ou direta) – declaração inequívoca,1.
explícita do testador —» novo testamento revoga o
anterior (pode ser total ou parcial).
b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara2.
que revoga o anterior, mas há incompatibilidade entre as
disposições deste e as do novo testamento ou em caso de
dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo
testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou
quando o testado alienar voluntariamente a coisa legada.
Rompimento
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão
da ocorrência de certos fatos previstos em lei. Exemplo:
superveniência de descendente sucessível ao testador, que o
não tinha ou não o conhecia quando testou ou quando o
testamento foi feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários. O testador não teria disposto de seus
bens em testamento se soubesse da existência de algum herdeiro
necessário. Também é chamado de revogação presumida (o
testamento é chamado de rupto).
Caducidade
Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não
prevalecerão, embora válidas, pela ocorrência de obstáculo
superveniente. Exemplo: herdeiro morreu antes do testador;
herdeiro renuncia ou foi excluído; perecimento da coisa
legada, etc. Caducará o testamento marítimo e o militar, três
meses após o momento em que o testador podia testar de forma
ordinária e não o fez.
Nulidade e Anulabilidade
O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou
grave. Pode atingir o testamento em sua totalidade (neste caso
abre-se a sucessão legítima) ou em parte (prevalece a parte
válida do testamento, abrindo-se sucessão legítima, se for o
caso, quanto ao que for anulado).
a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade1.
ou ilicitude do objeto; inobservância das formas legais
e nulidade das disposições. Requerimento de qualquer
interessado, do Ministério Público ou de ofício pelo
Juiz.
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da2.
pessoa do herdeiro, legatário ou da coisa legada; dolo;
coação ou fraude. Requerimento apenas do interessado,
respeitando o prazo decadencial de quatro anos.
Direito Sucessões – Civil VI – Resumo Completo
TESTAMENTEIRO
Art. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa
encarregada de executar o testamento. Quando o testador nomeia
um, este será o testamenteiro instituído. Caso o testador não
tenha nomeado, o juiz nomeará um testador dativo, de acordo
com uma ordem estabelecida por lei. Podem também haver mais de
um testamenteiro, quando trabalham em conjunto (dois ou mais
testamenteiros agindo ao mesmo tempo, podendo cada um ter uma
função específica ou não) ou separados (testamentária
sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é
substituído pelos outros testamenteiros já nomeados).
Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo
constituir formalmente um mandato para outro. Pode também o
indicado recusar, já que não é obrigatório.
Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da
herança. Deve requerer a abertura do inventário (o testador
não pode ter herdeiros necessários). PARTICULAR: sem posse e
administraçãoda herança.
Obrigações: (a) propugnar pela validade do testamento. (b)
Cumprir as disposições do testamento no prazo estabelecido
pelo testador ou em até 180 dias após a aceitação da
testamentária caso não haja prazo. (c) Fiscalizar o
cumprimento das disposições testamentárias, podendo até se
substituir a um herdeiro que não esteja cumprindo tais
disposições. (d) Prestar contas. (e) O testamenteiro universal
deve defender a posse de atos de turbação, esbulho e ameaça.
Remuneração: VINTENA, 20% ou 1/5 da herança deferida por
sucessão testamentária, já que ele presta um serviço. Caso o
testamenteiro também seja herdeiro ou legatário nomeado pelo
testador, pode escolher entre receber a vintena ou a
herança/legado. O que é herdeiro legítimo recebe normalmente a
vintena.
Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não
cumprimento das disposições por dolo ou culpa, (c) Prestação
de contas julgada negativamente.
Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador
ou o juiz pode fixar um valor menor do que os 5%, dependendo
do grau de dificuldade e complexidade do cumprimento das
disposições.
Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das
atribuições do testamento, mas o testador pode pedir
adiantamento.
INVENTÁRIO E PARTILHA20.
Inventário: procedimento de formalização da transmissão21.
dos bens do de cujus aos sucessores. A figura do
inventário está em outras situações, como o ususfruto e
o fundo de comércio, mas no Direito Sucessório diz
respeito aos bens que compõem o acervo hereditário, por
meio de identificação de bens e apuração de valores para
dar o quinhão ao sucessor.
Sentido técnico: procedimento especial de jurisdição
contenciosa. É sempre judicial, com participação do Estado-
juiz; jurisdição contenciosa, pois, o litígio está na
iminência devido à existência de pretensões resistidas.
Espécies de inventário:
a)Tradicional ou propriamente dito – procedimento completo,
atos bem identificados, prazos, aplicação subsidiária do
arrolamento (Art 982 CPC);
b) Arrolamento – mais simplificado, com atos1.
concentrados, prazos reduzidos, mais célere e econômico;
b’) Sumário: interessados maiores e capazes de comum
acordo com a forma da partilha (não importa o valor);
b”) Comum: herança de pequeno valor (índice adotado pelo
Estado), mesmo com menores e incapazes, porém se há
conflito, mesmo sendo o valor pequeno, deve-se usar o
inventário tradicional.
Partilha: atribuição do bem individualizado que compunha2.
o acervo hereditário ao sucessor. Ela, em geral,
complementa o inventário, lembrar novamente que a
propriedade já se transmitiu no momento da morte do de
cujus (Art 1784).
Inventários sem partilha: a) Herdeiro Universal – há
adjudicação e não partilha, com certidão de pagamento do
quinhão hereditário; b) Dívidas absorvem toda a herança; c)
Inventário Negativo – sem bens a declarar, serve para
comprovar a inexistência de bens, promovendo um acerto na
situação patrimonial do de cujus, comprova que o de cujus
faleceu sem bens, logo, credores não serão satisfeitos, de
cujus pode ter deixado obrigações a cumprir (ex: outorgar
escrituras de compra e venda de imóveis que ele vendeu) e
forma de evitar imposição de finalidades civis (ex: viúvo para
casar novamente sem ser com separação obrigatória de bens deve
apresentar inventário do cônjuge falecido).
Espécies de partilha: a) Judicial: (Art 2016) após falecimento
do de cujus, há herdeiros menores e incapazes ou se não há
acordo sobre a partilha; b) Amigável (Art 1029 CPC): b’) Ato
“inter vivos” (Art 2018) – ato de deliberação do de cujus
antes do falecimento, de natureza contratual ou via
testamento, ele pode doar os bens a futuros sucessores e
estabelecer usufruto vitalício em seu favor (o falecimento do
de cujus dá a propriedade plena aos sucessores dos bens já
partilhados); b”) Ato “causa mortis” – sucessores, de comum
acordo, estabelecem entre si qual quinhão cabe a cada um (Art
2015).
Anulação ou rescisão da partilha (Art 2027): estão vinculadas
às espécies de partilha (ver CPC 1022 e ss). A decisão do juiz
sobre o conflito tem natureza de sentença, por isso,
transitando em julgado, só será rescindida por ação rescisória
proposta diretamente no Tribunal (prazo prescricional de 2
anos – Arts 1030 e 485 CPC). Na partilha amigável, os vícios
de consentimento, de natureza negocial, podem levar à
anulação, por meio de ação anulatória no juízo de 1ª instância
(prazo prescricional de 1 ano) !!!Cabe ação rescisória para
anular partilha amigável quando houver pessoa absolutamente
incapaz, pois o prazo dessa ação é mais dilatado,
beneficiando-a.
Emenda da partilha: juiz pode alterar o conteúdo de sua
decisão de 1ª instância para sanar erro ou inexatidão
materiais ou inexatidão na descrição ou identificação dos
bens.
Sobrepartilha (Art 2022): nova partilha nos próprios autos do
inventário da partilha inicial, ocorre quando nem todos os
atos são partilhados, possibilidades: a) bens sonegados: bem
retirado do sonegador e partilhado; b) bens desconhecidos no
momento do inventário; c) bens litigiosos – ainda se discute a
propriedade do bem (falta?).
Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no
cargo por causas externas ao processo de inventário.
(inventariante – Arts 990 e ss CPC falta no caderno)
Bens não sujeitos ao inventário (exceções): a) bem de família
convencional estabelecido por escritura pública (Art 20, Dec
3200/40), cessada a situação que assim o caracteriza, será
inventariado; b) bens da Lei 6854/80 podem ser levantados
administrativamente.
Prazos do inventário: a) início (Art 983 CPC): 30 dias após a
morte – não é muito seguido, porque a única sanção é fiscal
(há multa após 60 e ela dobra após 180); b) fim – 180 a partir
do requerimento da abertura. Legitimidade para requerer
abertura (Arts 987 e ss CPC). Bens situados no Brasil –
inventário tramita aqui e a recíproca é verdadeira,
independentemente de nacionalidade ou domicílio do de cujus e
sucessores.
Competência de foro: domicílio do de cujus, local de situação
dos bens e local de falecimento. Vis attractiva: ações de
natureza sucessória tramitam no mesmo foro do inventário, a
competência do juízo do foro do inventário é relativa, não
atraindo ações sem ligação com a sucessão ou de competência
absoluta (ações imobiliárias).
Valor da causa: somatório dos bens vinculados ao acervo
hereditário (influi no valor das custas), bens imóveis:
critérios fiscais mais objetivos, bens móveis: critérios
aleatórios e arbitrários (se houver irregularidade pode-se
impugnar por perícia). Em SP, a meação do cônjuge compõe o
valor da causa, tabela de custas Lei 11608/03.
Direito Sucessões – Civil VI – Resumo Completo
COLAÇÕES
Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados
por ato de liberalidade do de cujus. Bens que ultrapassaram os
limites da legítima. (Arts 1014 e ss CPC).
O Art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não
menciona o cônjuge, há críticas: muitos falam que os bens
doados aos cônjuges também deveriam retornar por ser herdeiro
necessário, mas o CC não prevê isso, há projeto de lei para
mudar.
Excluído ou deserdado (Arts 2008 e 1015 CPC), descendente deve
trazer bens a ele doados à colação.
Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de
inventário em prazo de 10 dias após citação do último herdeiro
(Arts 1000 e 1014 CPC), não traz o bem de volta ao espólio (§
ún Art 2002), por isso, sobre eles não incide imposto causa
mortis (Art 155, I, CF), ela também não aumenta a parte
disponível da herança, mas sim soma bens à parte indisponível.Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem
sonegado, se este for o inventariante ou o testamenteiro perde
a função e o bem, o último ainda perde a vintena.
Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura,
Enunciado 119 Conselho de Justiça – valor à época do
falecimento – entendimento não muito aceito.
Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de
adiantamento da legítima, se não for, o de cujus deve dizê-lo
expressamente (Art 2005).
Bens que não devem ser trazidos à colação Arts §2º 2004, 2010,
2011 e 2012 (só metade) e indenizações a título de seguro de
vida ou acidente pessoal (Art 794).
Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre:
o bem deve ser todo trazido à colação ou só metade? Doutrina
maior entende que só a metade (afinal C não é descendente, Art
2002), S. Rodrigues entende que o todo deve ser trazido, pois,
a intenção de A era contemplar B e só contemplou C em virtude
do casamento.
SONEGADOS
É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou
levados à colação. Pode ser praticada pelo inventariante
(quando omite intencionalmente bens e valores ao prestar as
primeira e as últimas declarações) ou pelos herdeiros (que não
indicam bens em seu poder).
A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o
herdeiro, na perda do direito sobre o bem sonegado, que é
devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como se
o sonegador nunca tivesse existido. Se o bem não existir mais,
será responsável por seu valor, mais perdas e danos. Quando o
sonegador for o inventariante a pena imita-se à remoção da
inventariança.
A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada
no foro do inventário e pode ser proposta pelos
 herdeiros legítimos, testamentários e credores.
PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
Antes da partilha, poderão os credores do espólio
 requerer ao juízo do inventário o pagamento de dívidas. Só
serão partilhados os bens e valores que restarem depois de
pagas as dívidas. A cobrança das dívidas faz-se, em regra,
pela habilitação do credor ao inventário.
Não sendo impugnada a dívida vencida e exigível, o
 Juiz declarará habilitado o credor e mandará que se faça a
separação do dinheiro ou bens, para o seu pagamento.
Depois de efetivada a partilha os credores devem cobrar seus
créditos não mais do espólio, mas dos próprios
 herdeiros, proporcionalmente. Além disso, o herdeiro não
 pode responder por encargos superiores às forças da
herança.
Obs. – Determina o art. 1.998 CC que as despesas
 funerárias sairão do monte da herança, haja ou não
 herdeiros legítimos. As despesas de sufrágios por alma
 do falecido só obrigarão a herança quando ordenadas em
testamento

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