Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL II – DIREITO SOCIETÁRIO Ementa: Unidade I 1. Sociedades empresárias. 2. Sociedades não personificadas. 3. Sociedades não empresariais. 4. Sociedades empresariais em espécie: • Sociedades em nome coletivo. • Sociedades em comandita simples. • Sociedades em conta de participação. • Sociedades limitadas. 5. Dissolução das sociedades contratuais. 6. Sociedades coligadas e controladas. 7. Transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades. Sociedades dependentes de autorização. 8. Nacionalidade das sociedades. 9. Sociedades por Ações. 10. Sociedade anônima: características estruturais e funções econômicas. 11. Companhias abertas e fechadas. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, v.1. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa: Teoria da Empresa e Direito Societário. São Paulo: Atlas. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: BULGARELLI, Waldiro. Direito comercial. São Paulo: Atlas. COELHO, Fábio Ulhoa. Código comercial e legislação complementar anotados. São Paulo: Saraiva. DINIZ, Maria Helena. Lições de direito empresarial. São Paulo: Saraiva. GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Manual de direito comercial: apontamentos. Curitiba: Juruá. MARTINS, Fran. Curso de direito comercial: empresa comercial, empresários individuais, microempresas, sociedades empresárias, fundo de comércio. Rio de Janeiro: Forense. _____________________________________________________________________________ DAS SOCIEDADES 1. Teoria geral do direito societário Unificada pela disciplina jurídica do CC/02 – Arts. 981 a 1.141 2. Quadro geral dos sujeitos de direito 2.1. Sujeitos de direito – é o gênero: tudo o que o direito positivo reputa apto a ser titular de direito ou dever. Podem ser: personalizados (PF/PJ) ou despersonalizados. 2.1.1. Pessoas Jurídicas – espécie de sujeito de direito personalizado. É um expediente do direito com o objetivo de autorizar determinados sujeitos de direito à 2 prática de atos jurídicos em geral – autorização genérica --, a que não estejam expressamente proibidos. Exceções: a) Os atos jurídicos típicos da pessoa física – Ex. casamento b) O Estado: depende de autorização expressa para praticar atos, pelo princípio da legalidade no direito público 2.l.2. Sujeitos de direito despersonalizados – Não são PJ. Indicados no CPC – Art. 12: nascituro, espólio, massa falida, condomínio horizontal, sociedades não personalizadas, etc. Só podem praticar os atos expressamente autorizados pelo direito. Exceção: atos jurídicos da sua essência (Ex.: contrato de trabalho pelo condomínio). O que os distingue das PJ é, então, o regime jurídico, ou seja, PJ: autorização genérica – Ex.: podem exercer atividade empresarial Despersonalizados: autorização específica – Ex.: Não podem exercer atividade empresarial 3. Quadro geral das pessoas jurídicas – CC/02 – Arts. 40/44 3.1. PJ de Direito Público: interno: União/Estados/DF/Territórios/Autarquias/demais entidades criadas por lei externo: estados estrangeiros e PJ de direito internacional público 3.2. PJ de Direito Privado Estatais o Sociedade de economia mista: capital majoritário do Estado (Ex.: BB) o Empresas públicas: capital integral do Estado (Ex: CEF) Não estatais o Fundações: fins religiosos, morais, culturais ou de assistência o Associações:fins não econômicos o Sociedades: fins econômicos 4. Terminologia a) Associação: CC/02 – Art. 53: união de pessoas que se organizam para fins não econômicos b) Sociedade – Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. c) Companhia: sinônimo de S. A. ou aditivo da firma social de algumas sociedades d) Empresa: conceito econômico com quatro perfis jurídicos e) Firma: Art. 1.155: espécie de nome empresarial f) Estabelecimento – Art. 1.142: complexo de bens. Objeto de direito 3 5. Classificação das sociedades 5.1. Quanto à personificação (ou personalização) a) Sociedades não personificadas: Sociedade em comum: irregulares ou de fato (CC/02 e CPC – Art. 12, §2º); Sociedade em conta de participação; Consórcio – LSA – Art. 278, §1º b) Sociedades personificadas: sociedades simples, sociedades em nome coletivo, em comandita simples, sociedade limitada, sociedades anônimas e as em comandita por ações. A sociedade cooperativa e a sociedade inominada, de bens e serviços (CC/02). 5.2. Quanto ao objeto – Art. 982 a) Sociedade empresária: a que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, a de profissionais liberais com empresa, a rural com registro na Junta Comercial e, independentemente de seu objeto, as sociedades por ações b) Sociedade simples (não empresárias ou civis): as demais (atividade não empresarial ou de profissionais intelectuais sem empresa ou atividades rurais sem registro) e, independentemente do objeto, as cooperativas Nota: A distinção entre ambas não reside no lucro, mas no exercício de atividade própria de empresário, no modo de explorar seu objeto, com ou sem profissionalmente organizar os fatores de produção, nos termos do Art. 966. Ou seja, o critério de identificação está no modo de exploração da atividade econômica, ou seja, com ou sem empresarialidade; e também na lei. 5.3. Quanto ao regime de constituição e dissolução a) Sociedades contratuais: regidas pelo CC/02. Seu ato constitutivo é o contrato social. Dissolução: com base no CC/02. Não basta a vontade majoritária dos sócios para dissolver, pois a jurisprudência reconhece o direito da minoria de preservar a empresa. b) Sociedades institucionais: regidas pela LSA. Seu ato regulamentar é o estatuto. Para dissolução, seguem a LSA. Podem ser dissolvidas pela vontade da maioria. Especial: a cooperativa. 5.4. Quanto à responsabilidade dos sócios (pelas obrigações sociais) a) Sociedades limitadas: S. A. e a sociedade limitada. Pela Lei 8.620/93 – Art. 13 – por débitos junto ao INSS os sócios da limitada respondem solidariamente; os 4 acionistas controladores e os administradores, solidariamente e subsidiariamente, por dolo ou culpa. b) Sociedades ilimitadas: sociedade em nome coletivo e a sociedade em comum c) Sociedades mistas: sociedades em comandita simples e por ações e sociedade de bens e de serviços (inominada no CC/02). E a cooperativa, conforme seu estatuto. Nota: A responsabilidade da sociedade é sempre ilimitada. O direito brasileiro não conhece nenhuma hipótese de limitação de responsabilidade pessoal. Tanto a PJ como os sócios, por obrigação pessoal, têm responsabilidade ilimitada. Somente se concebe a limitação no caso de responsabilidade subsidiária (não pessoal). Nos termos do CC/02 – Art.1.024 c/c CPC – Art. 396, a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária. A solidariedade se refere à relação entre os sócios. 5.5. Quanto à estrutura econômica ou quanto às condições de alienação da participação societária a) Sociedades de pessoas – “intuitu personae” São as contratuais Os atributos pessoais dos sócios (honestidade, competência, etc.) levam à constituição da sociedade e interferem nos resultados – Conseqüências: CC/02 – Art. 1.003 - A alienação da participação societária por um sócio a terceiro depende da anuência dos demais: os sócio têm o direito de veto. Ou seja, cada sócio tem o direito de impedir o ingresso de terceiro CC/02 – Art. 1.026: as cotas sociais podem ser penhoradas por dívidas particulares, mas não podem ser adjudicadas a terceiros. Jurisprudência: estranho não poderia ingressar CC/02 – Art. 1.028 e 1.050: na morte de sócio, quando um dos sócios sobreviventes não concorda com o ingresso do herdeiro, há a dissolução parcial, salvo contrato b) Sociedades de capital – “intuitu pecuniae” São as institucionais: podem ser abertas ou fechadas Os atributos pessoais são irrelevantes A alienação individual da participação societária independe da anuência dos demais sócios, ou seja, vige o princípio da livre circulabilidade, mesmo na SA fechada, embora possa haver limitações (LSA – Art. 36). As ações são penhoráveis e podem ser adjudicadas a estranhos Na morte de sócio não se pode opor ao ingresso do sucessor, ou seja, não há a dissolução parcial 5 c) Mistas CC/02 – Art. 1.057 : a sociedades limitada, conforme o contrato pode ser de pessoas ou de capital, permitindo ou não a cessão de cotas sem audiência dos outros sócios. A omissão do contrato também permite a cessão, se não houver oposição de sócios que representem mais de 25% do capital social. STF: sociedades de pessoas são as de nome coletivo e outras, fora as SA e as sociedades por cotas, que são mistas 5.6. Quanto à nacionalidade a) Sociedade nacional – Art. 1.126: lei e sede brasileiras; a lei pode exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros (Parágrafo único). b) Sociedade estrangeira – Art. 1.134: depende de autorização do Poder Executivo para funcionar no País. 5.7. Sociedades de garantia solidária – Características Instituída pelo Estatuto da ME/EPP – Lei 9.841/99 – Arts. 25/31 – Sempre sob a forma de sociedade anônima, com duas categorias de sócios: o Sócios participantes: só ME/EPP, com no mínimo 10 participantes e no máximo 10% do capital social cada um, representando a maioria o Sócios investidores: os capitalistas com participação máxima total de 49% do capital social, com único objetivo de auferir rendimentos Objeto: oferecer garantia aos sócios participantes perante bancos para facilitar o acesso ao crédito ou para colocação de valores mobiliários lastreado nos recebíveis (valores a receber), numa operação de securitização de recebíveis. 6. Ato constitutivo da sociedades contratuais Conforme a Exposição de Motivos do Anteprojeto do CC/02, as sociedades personificadas devem atender a determinadas condições e requisitos consubstanciados em um programa mínimo de normas. No Código Comercial, esse programa desdobrava-se em disposições gerais aplicáveis a todas as sociedades, com exceção das SAs, e em disposições especiais, apropriadas a cada tipo. No Código Civil anterior, as normas disciplinavam apenas as sociedades civis, não fazendo a distinção entre normas gerais e especiais. O CC/02 sintetizou os dois métodos: estabelece a estrutura jurídica das sociedades simples e, como paradigma, coordena os preceitos gerais das demais sociedades. Com essa dupla finalidade, cuida, então, do contrato social, dos 6 direitos e obrigações dos sócios, da administração, das relações com terceiros, da resolução da sociedade em relação a um sócio e da dissolução e liquidação. Esta é a razão de abordar-se agora o ato constitutivo. 6.1. Natureza jurídica: contrato plurilateral. O Código Italiano o definiu: ¨o contrato com mais de duas partes, cuja prestação de cada uma é dirigida à consecução de um fim comum¨. Plurilateralidade: não se tem em consideração o número de partes, mas a sua indeterminação. Há a participação de um número variável de partes, não se confundindo com o contrato bilateral. Este possui apenas duas partes (com vários interessados ou não) e não acarreta o nascimento de uma pessoa jurídica, entre outras diferenças. 6.2. Efeitos 6.2.1. Art. 997: Fonte de direitos e deveres, como ato-regra 6.2.2. Arts. 45 e 985: aquisição de uma personalidade jurídica com a inscrição. Conseqüências: Art. 1.022: Torna-se pessoa: com nome, domicílio, nacionalidade, patrimônio, órgãos, capacidade jurídica e titularidade negocial e processual Adquire individualidade própria: os sócios não se tornam empresários Com autonomia e responsabilidade patrimonial Com possibilidade de modificação de sua estrutura jurídica ou econômica Nota: O direito brasileiro reconhece ampla personalidade às sociedades. Não há pensamento unitário universal a respeito desse efeito; assim, por exemplo, na Alemanha e Itália vigora a teoria dualista, ou seja, apenas as sociedades de capitais se personalizam; às civis, não lhes é reconhecida a personalidade jurídica, sendo consideradas apenas uma comunhão. 6.2.2.1. A doutrina da desconsideração da pessoa jurídica (¨disregard of legal entity¨) De construção jurisprudencial (UE/USA), visa a doutrina não considerar os efeitos da personificação, para atingir os bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica, superando ou desconsiderando a personalidade jurídica. É um instrumento de coibição de fraude e do mau uso da PJ. Não atinge a validade do ato constitutivo, mas a sua eficácia episódica: a separação patrimonial é que não produzirá efeito. Essa é a grande vantagem em relação à anulação ou dissolução da sociedade, pois preserva a empresa, que não será atingida por ato fraudulento de um de seus sócios. Segundo Fábio U. Coelho,o pressuposto da desconsideração é a fraude, numa concepção subjetivista. 7 Fábio Konder Comparato propôs uma formulação diversa, mais ampla, em que os pressupostos são objetivos, em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, numa concepção objetivista da teoria, resultando na posição adotada pelo CC/02 – Art. 50. Anteriormente ao CC, outras leis já mencionavam doutrina, a saber: CDC – Lei 8.078/90 – Art. 28 LIOE – Lei antitruste – 8.884/94 – Art. 18 LPA – Lei de Proteção Ambiental – 9.605/98 – Art. 4º CTN – (na redação da LC nº 104/01) – Art. 116, Par.único, e Art. 135. 6.3. Requisitos de validade do contrato social Sem a sua observância, a sociedade não se forma validamente, podendo ser decretada a sua anulação ou declarada a nulidade. A invalidação não se confunde com a dissolução, embora ambos importem no desaparecimento dos efeitos do ato constitutivo. A primeira decorre de ato do juiz, por inobservância dos requisitos e gera efeitos retroativos; a segunda, de atos dos sócios ou juiz, por razões legais e não gera efeitos retroativos. 6.3.1. Requisitos genéricos ou elementos comuns a) Agente capaz Incapazes: podem participar de sociedades de pessoas na forma dos Arts. 974/976 e das sociedades de capital Menores: de acordo com a jurisprudência, pode participar de uma sociedade de capital ou de uma limitada, desde que suas cotas estejam integralizadas em bens móveis e não ocupem cargo na administração b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável c) Forma prescrita ou não defesa em lei Art. 997 c/c LRE – Art. 53: contrato escrito, particular ou público Art. 987: sociedade em comum, excepcionalmente oral ou informal, provada por qualquer modo (testemunhas, cartas, perícias em c/c bancárias, etc), só podendo beneficiar terceiros, não os sócios. 6.3.2. Requisitos ou elementos específicos Explícitos no próprio conceito legal de sociedade do Art. 981. a) Pluralidade de sócios 8 As teorias modernas admitem a possibilidade de sociedades unipessoais, ou seja, a PJ se constitui por ato que não seja contrato (v.g.: No Brasil, as fundações – CC/02 – Art. 62). Na França e na Alemanha a sociedade limitada pode ser constituída por uma única pessoa física, por escritura pública; não é contrato, é declaração unilateral. Nosso direito não admite, no âmbito privado, a sociedade unipessoal. Exceções: Unipessoalidade incidental temporária– Art. 1.033, IV, e 1.051,II: por 180 dias Idem – LSA – Art. 206, I, ¨d¨: por um ano, até a AGO. Subsidiária integral – LSA – Art. 251 b) Contribuição para o exercício da atividade econômica Art. 997, III/IV, e 1.004: Normalmente a contribuição é para a constituição do capital social, em dinheiro ou outros bens. Art. 997, V, c/c Art. 1.006: excepcionalmente, contribuição em serviços, vedada nas limitadas (Art. 1.055, §2º) e nas sociedades por ações Em bens: esta forma só é regulada na LSA. Para não haver abuso na atribuição de seu valor, todos os sócios respondem solidariamente pela exata estimação, pelo prazo de cinco anos da data do registro – Art. 1.055,§1º. Distinguir: o Subscrição de cotas/ações: compromisso de pagar o Integralização: é o pagamento do que se comprometeu A natureza jurídica da contribuição social ou cota desdobra-se em duas partes: o Direitos patrimoniais: direito de crédito aos lucros periódicos e ao acervo final em caso de liquidação o Direitos pessoais: decorrem do ¨status¨de sócios (participação da administração, fiscalização, voto, etc.) Funções do capital: o Técnica: constituir o fundo inicial o Servir de base para distribuição proporcional dos resultados ou do acervo final o Garantia dos credores. A mais importante, na medida em que a lei procura resguardar a sua integridade e cercar com cautelas sua redução. É o que se chama de intangibilidade do capital social, previsto em diversos artigos: CC/02: Arts. 1.009, 1.048, 1.049, par.único, 1.059 e 1.084, §1 º.; LSA – Art. 17, §3º, Art. 174, LF – Arts. 5º e 51, etc. c) Partilha dos resultados 9 Art. 997, VIII; 1.007:É a co-participação, em regra proporcional, nos lucros e nas perdas. Art. 1.008: é nula a cláusula leonina, que exclua qualquer sócio dessa participação d) ¨Affectio societatis¨ É a intenção de se associar em sociedade, de lucrar. É elemento útil para distinguir a sociedade de outros tipos de contratos, principalmente quando se trata de sociedade em comum. 6.3.3. Pressupostos de fato da existência Fábio U. Coelho considera como pressupostos de fato da existência a pluralidade de sócios e a “affectio societatis”, uma vez que sua falta compromete a existência do ato constitutivo. E como requisitos de validade considera a contribuição para a formação do capital social e a participação dos resultados, uma vez que sua falta compromete a validade. 6.4 Cláusulas contratuais São as normas disciplinadoras da vida social contidas nessa fonte de direito: a) Essenciais: indispensáveis para a completa regularidade e registro. Se omisso, não pode ser registrado. Previsão legal: CC/02 – Art. 997; LRE – Art. 35, III; Dec. 1.800/96 – Art. 53, III. Bem como o visto de advogado, previsto no EOAB – Art. 1º, §2 º -, sob pena de nulidade. b) Acidentais: facultativas, não são indispensáveis. Ex.: efeitos da morte de sócio, reembolso no recesso ou cláusula arbitral, etc. 6.5. Alteração do contrato social Desde que se observem os requisitos de validade, os pressupostos de existência e as cláusulas essenciais, o contrato social pode ser alterado por vontade dos sócios ou por decisão judicial. 6.5.1. Regra: CC/02 – Arts. 48, 999-2a.parte- e 1.010: deliberações por maioria; em caso de empate, pelo número de sócios, árbitro (se previsto) e juiz, nessa ordem – cláusula acidental. 6.5.2. Exceções: a) Art. 999: unanimidade na mudança de cláusula essencial, nas sociedades simples, em nome coletivo e em comandita simples 10 b) Art. 1.071, V, e 1.0766, I – Ltda.: idem, por ¾ do capital social; os demais sócios (1/4 – 25%) ou se submetem ou se retiram, quer se trate de cláusula essencial ou não. 6.5.3. Assinaturas dos sócios: Embora o Art. 999 exija unanimidade na alteração, o contrato pode não exigir assinatura de todos para o registro (LRE – Art. 35, VI; Dec. 1.800/96 – Art. 53,VII; e Art. 54). Ou seja, alteração de contrato é uma coisa e registro é outro. 7. Sócio da sociedade contratual 7.1. Formas de aquisição da qualidade de sócio a) Originariamente: assinando o contrato ou o ato constitutivo b) Posteriormente: Subscrevendo aumento de capital Substituindo sócio Adquirindo quota ou ações 7.2. Responsabilidade ilimitada do sócio a) Admissão em sociedade já constituída – Art. 1.025: não se exime das dívidas sociais anteriores. b) Retirada, exclusão ou morte - Art. 1.032 c/c LF – Art. 5º, Par. Único: não o exime da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não averbada a resolução. Em caso de retirada, a liberação só se processa com a concordância dos credores. c) Cedente e cessionário - Art. 1.003, Par.único – Até dois anos depois da averbação responde o cedente solidariamente com o cessionário pelas obrigações que tinha como sócio. 7.3. Responsabilidade limitada do sócio a) Admissão - não há problemas: responde apenas por sua parte-capital. b) Retirada, exclusão ou morte – LF – Art. 51: em caso de falência, responsável até o valor dos fundos retirados, pelas obrigações existentes até o momento da despedida, por dois anos, salvo anuência dos credores. Pelas posteriores, na forma do Art. 1.032. c) Cessão – Na forma do Art. 1.003, Par.único: pelo valor da quota. 11 7.4. A penhora da quota Como há autonomia patrimonial, os credores particulares do sócio não podem executar o patrimônio da sociedade. O STF tem admitido a penhora, com a adjudicação da cota a estranhos, desde que o contrato permita sua cessão ou transferência a terceiros sem prévia anuência dos demais sócios. E se o contrato não permitisse ou fosse omisso o adquirente não poderia nela ingressar, devendo aguardar a sua liquidação. O STJ tem admitido a penhora mesmo com restrições no contrato, por se tratar de princípio de ordem pública. Reconhece, porém, o direito de prelação da sociedade e dos demais sócios, para evitar o ingresso de estranhos. CC/02 – Art. 1.026 c/c Art. 1.030, Par. único: na insuficiência de outros bens do devedor, a penhora é cabível sobre a parte que a este couber nos lucros ou na liquidação da quota do devedor – com sua exclusão de pleno direito --, se não se dissolver a sociedade, com analogia com a LF – Art. 48. E nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, essa liquidação da quota do devedor só se pode fazer após a dissolução da sociedade, na forma dos Arts. 1.043 e Art. 1.046. CPC – Arts. 592, II, e Art. 720: permite o usufruto do quinhão do sócio na empresa, perdendo o devedor o gozo de seus direitos, com a nomeação de um administrador, que pode ser o credor, ou mesmo o devedor. Decreto 1.800/96 (Reg.da LRE)– Art. 47, §2º: prevê a anotação da penhora na JC. 7.5. Regime jurídico do sócio da sociedade contratual Submete-se o sócio a um regime jurídico que lhe é próprio, com direitos e deveres que a lei e o contrato social lhe reservam. Assim, não é proprietário (A PJ não é apropriável) e não é credor (embora possa sê-lo, pelos lucros ou por empréstimos). 7.5.1. Obrigações - a) Art. 1.004 - Participar da formação do capital social, sob pena de remisso b) Art. 1.006 - Contribuir com serviços, se esta for a sua obrigação c) Arts. 1.007 e 1.023 - Participar das perdas sociais, conforme sua categoria d) Art. 1.010, §3º - Deliberar a favor da sociedade, sob pena de perdas e danos 7.5.1.1.. Sócio-remisso – CC/02 – Arts. 1.004 e 1.058 a) Inadimplente – notificação pela sociedade para pagar b) Indenização pelo dano emergente da mora, se não pagar em 30 dias c) 1a. opção: execução (o contrato social subscrito por duas testemunhas étítulo executivo extrajudicial) 12 d) 2a. opção: exclusão – com redução do capital social, com restituição a ele de suas entradas, descontadas da indenização ou juros de mora e) 3a. opção: redução do valor de sua quota – ao já realizado, com redução do capital f) Se for Ltda. – Art. 1.058: os outros sócios podem tomar a quota para si ou transferi-la a terceiros, com sua exclusão e devolução da sobra, se pagou. 7.5.2. Direitos a) Art. 1.007 - Participação nos lucros e no acervo final: é a remuneração de seu capital, proporcional. Os lucros são de propriedade da PJ até o momento da deliberação da distribuição; a partir daí, do sócio, como credor, podendo executá-lo, salvo em caso de falência,. Débito da PJ ao INSS proíbe a distribuição de lucros(Lei 8212/91) b) Arts. 1.010 e 1.013 - Administração da sociedade – direito de participar das deliberações sociais ou ser administrador, com “pro-labore” (remunera o trabalho) c) Arts. 1.020/1.021 - Fiscalização da administração, por duas formas: exames dos livros, documentos, estado de caixa e carteira da sociedade (a qualquer tempo ou nas épocas fixadas) ou na prestação de contas anual. d) Arts. 1.029 e 1.077 - Direito de retirada: em determinadas situações, com ou sem necessidade de motivação, com dissolução parcial e reembolso. e) Art. 1.081, §1º: Preferência para participar do aumento de capital 7.6. Exclusão de sócio a) Hipóteses: Mora na integralização, justa causa, falência ou penhora de quota b) Deliberação – Ao contrário do que se leciona, não é a PJ que expulsa o seu sócio. São os demais sócios, em face de causa legalmente prevista, e não por mera disposição de vontade. c) Sócio majoritário – Também pode ser remisso ou ter justa causa. Nestes casos, a minoria societária pode excluí-lo judicialmente, ao contrário de certa doutrina e jurisprudência. d) Formas de expulsão: Por mora – Art. 1.004, Par. Único: o De sócio minoritário: extrajudicial o De sócio majoritário: judicial Por justa causa (falta grave ou incapacidade superveniente): o N/C e C/S – Art. 1.030: De sócio minoritário ou majoritário: judicial 13 o Ltda. – Art. 1.085 – Por atos graves que põem em risco a sociedade: De sócio minoritário: Se previsto no contrato: extrajudicial Se não previsto no contrato: judicial De sócio majoritário: judicial Por falência de sócio ou penhora de quota e sua liquidação: o Art. 1.030, Par. Único: De pleno direito, extrajudicial e) Efeitos da expulsão – Arts. 1.031 e 1.032: Dissolução parcial, com liquidação do valor da quota do sócio, na forma do contrato Redução do capital social, salvo se os demais elevarem suas quotas ou se a PJ a adquirir O sócio excluído tem direito ao reembolso em dinheiro E responde pelas obrigações sociais, conforme subitens 7.2 e 7.3. 8. Da administração 8.1. Noções gerais Art. 47: os atos dos administradores obrigam a PJ só dentro dos limites dos poderes (Teoria “ultra vires”). Distinguir: Gerentes-órgão: sócios, conforme o contrato social. Nas sociedades simples, em nome coletivo e em comandita simples, a administração compete exclusivamente aos sócios – pessoas físicas – (Arts. 997, VI, 1.042 e 1.046). Na limitada o contrato pode permitir administradores não sócios, ou PJ, mediante aprovação mínima, cfe. Art. 1.061. Gerentes-administradores: são os prepostos permanentes – Art. 1.172 Art. 997, VI: só pessoas naturais Nomeação: no contrato social ou em ato separado, com termo de posse – Arts. 1.012, 1.060 e 1.062 8.2. Responsabilidade a) Exercício regular: não respondem b) Respondem por perdas e danos: Art. 1.009: distribuir lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidária. 14 Art. 1.010, §3º: participar de deliberação que aprove operação de interesse contrário ao da sociedade, violando o dever de lealdade. Art. 1.012: pelos atos praticados antes da averbação do instrumento em separado de nomeação do administrador Art. 1.013, §2º: realizar operações sabendo ou devendo saber em desacordo com a maioria Art. 47 c/c 1.015, Par.único: pelo excesso de poderes. A PJ não responde nos casos de: a) limitação de poderes registrada ou conhecida de terceiros: b) operação evidentemente estranha aos negócios normais. Ou seja, é a primeira manifestação do direito brasileiro da teoria “ultra vires” (não é mais adotada em nenhum outro país); por esta teoria, a PJ só responde pelos atos compatíveis com o seu objeto, conforme o Art. 47. Art. 1.016: por culpa no desempenho de suas funções Art. 1.017: por prejuízo na aplicação de créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros 8.3. Deliberações a) Administração conjunta: por maioria de votos dos sócios administradores; em caso de empate, por maior número de sócios; se persistir o empate, árbitro (se previsto no contrato) ou decidirá o juiz (Arts. 48, 1.010 e 1.014). b) Administração separada: cada um pode impugnar operação pretendida pelo outro, cabendo a decisão a todos, por maioria (Art. 1.013). 8.4. Poderes e destituição Art. 1.015 - Poderes – cfe. contrato; no silêncio, todos os atos pertinentes Art. 1.019 – Os poderes: Dos sócios administradores, nomeados no contrato social: são irrevogáveis, salvo justa causa reconhecida judicialmente Dos sócios nomeados em ato separado ou de terceiros: são revogáveis a qualquer tempo Art. 1.063, §1º: Na Ltda.: destituição a qualquer tempo, por sócios que representem 2/3 do capital, salvo contrato. 8.5. Substituição e delegação Art. 1.018: ao administrador é vedado fazer-se substituir na suas funções, salvo constituir mandatários. 8.6. Fiscalização e prestação de contas - Art. 1.020: prestação de contas anual com demonstrações financeiras 15 - Art. 1.021: exame pelo sócio a qualquer tempo, salvo época própria, dos livros, documento, caixa e carteira da sociedade 9. DA SOCIEDADE EM COMUM – (ARTS. 986/990) Art. 986 – Legislação subsidiária: as normas da sociedade simples. Trata-se de sociedade não personificada, sem registro, denominada pela doutrina de irregular ou de fato. O direito a reconhece e facilita a terceiros a provar por qualquer modo a sua existência (Art. 987), para maior garantia de seus créditos. Além das restrições comuns ao empresário individual irregular, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; os sócios que contratarem pela sociedade terão responsabilidade direta, sem benefício de ordem, e os demais, subsidiária(Art.990 c/c Art. 1.024 e CPC – Art. 596). 10. DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO – (ARTS. 991/996) Art. 996 – Legislação subsidiária: a da sociedade simples. Sociedade não personificada que representa apenas um contrato para a realização de uma empreendimento comum, ou seja, é espécie de contrato de investimento. Categorias de sócios: Ostensivos: assumem, como obrigação pessoal, as obrigações da sociedade perante terceiros, podendo ser demandados pelos credores, com direito de regresso ao sócio participantes Participantes (ocultos): participam dos resultados econômicos; só respondem perante o sócio ostensivo Sociedade secreta: mas o contrato pode ser registrado na JC ou no Registro de Títulos e Documentos – Art. 993 - Bens comuns: formam um patrimônio especial, que só poderá ser executado por credor pessoal do sócio ostensivo se ignorava a existência da sociedade Para o imposto de renda: equiparada a uma PJ. 11. DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO – (ARTS. 1.039/1.043) Legislação supletiva: a da sociedade simples. Somente pessoas físicas podem ser sócias, com responsabilidadesolidária/ilimitada/subsidiária, perante terceiros. Internamente, entre si, a limitação de responsabilidade é possível. Administração: exclusivamente por sócios 16 Penhora de quota de sócio: a liquidação da quota do sócio só é possível depois da dissolução; antes, só dos lucros correspondentes, salvo exceções. 12. DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES – (ARTS. 1.045/1.051) Categorias de sócios: - Comanditados: só pessoas físicas, com responsabilidade solidária/ilimitada/subsidiária - Comanditários: pessoas físicas ou jurídicas, com responsabilidade limitada ao valor de sua quota, com direito de participar das deliberações e fiscalizar. Pode ser procurador com poderes especiais. Legislação supletiva: a da sociedade em nome coletivo. 13. DA SOCIEDADE LIMITADA 13.1. Introdução Representa a grande maioria dos tipos societários (mais de 90%), em função do estímulo à atividade econômica, por: a) Limitação da responsabilidade e das perdas, em caso de insucesso do empreendimento: b) Contratualidade: com menores custos e formalidades e maior margem de negociação entre os sócios, comparativamente às SAs. 13.2. Legislação aplicável - Art. 1.053: nas omissões das normas específicas a ela, aplicam as regras da sociedade simples (Ex.: responsabilidade dos administradores por culpa; regras de desempate, etc). Se estas forem omissas, aplica-se a LSA, por via analógica (Ex.: responsabilidade judicial dos administradores – LSA – Art. 159, §§ 3º/4º). Porém, os sócios, pelo contrato social, podem adotar como legislação supletiva a LSA, ao invés do regime da sociedade simples (Ex.: nesse caso, as regras do desempate seriam às da LSA – Art. 129, §2º: nova AG; se novo empate, juiz.). -Nota: na constituição e dissolução (Art. 1.087), o regime será o do CC/02, mesmo que a regência supletiva seja a da LSA. 13.3. Responsabilidade dos sócios Art. 1.052: restrita ao valor da quota de cada sócio, mas todos respondem solidariamente pela integralização de todo o capital social. Exceções à limitação: 17 Art. 1.009: pelo recebimento de lucros ilícitos/fictícios Art. 1.010, §3º: pela aprovação, graças ao seu voto, de operação prejudicial Art. 1.055: pela exata estimação dos bens conferidos ao capital há responsabilidade solidária por cinco anos da data do registro Art. 1.080: deliberações contrárias à lei ou ao contrato. Quem discordar, por cautela, faça-o por escrito Art. 977: sociedade de marido e mulher em regime de comunhão universal ou separação obrigatória. Em princípio, não poderia ser registrada. Justiça do Trabalho: para proteger os trabalhadores; todavia, com base legal discutível Art. 50: desconsideração da PJ CTN – Art. 135, III: débitos tributários, por violação da lei ou do contrato Lei 8.620/93: débitos do INSS 13.4. Das quotas Capital social: divide-se em quotas, iguais ou desiguais, uma ou diversas a cada sócio. Art. 1.057: cessão da quota : conforme o contrato. Na omissão: a qualquer sócio, sem anuência; a estranho, com anuência de 75% (sem oposição de 25% do capital). Art. 1.058 c/c Art. 1.004: sócio-remisso. Opções na inadimplência: o Notificação e indenização por perdas e danos o Execução o exclusão do sócio o redução do valor da quota ao já pago o aquisição da quota pela PJ ou pelos demais sócios o alienação da quota a terceiros, com a exclusão do sócio e devolução dos valores já pagos 13.5. Da administração Há regras específicas, além das regras gerais da sociedade simples. 13.5.1. – Nomeação – Art. 1.060: o administrador é nomeado no contrato social ou em ato separado, podendo ser sócio ou não, pessoa física ou jurídica. No caso de não sócio, só se o contrato permitir e com maioria qualificada (unanimidade se o capital não estiver integralizado; 2/3, se integralizado – Art. 1.061). 13.5.2. – Cessação – Art. 1.063: a) Pela destituição: conforme contrato ou pela aprovação de 2/3, se nomeados no contrato; ou pela maioria, se nomeados em ato separado. 18 b) Pelo término do prazo determinado, salvo recondução 13.5.3. Prestação de contas – Arts. 1.065 e 1.078 Em assembléia ou reunião anual, no 1º quadrimestre, salvo outro modo previsto no contrato. 13.5.4. Responsabilidade da PJ a) Quando sujeita ao regime supletivo da sociedade simples: a PJ não responde pelos excessos praticados em seu nome, na forma do Art. 1.015, Par. Único(Teoria “ultra vires”) b) Quando sujeito ao regime supletivo da SA: a PJ responde. 13.6. Do Conselho Fiscal - Arts. 1.066/1.070 Órgão facultativo, que só se justifica quando houver número significativo de sócios Composição: mínimo de 3 membros, sócios ou não. Há impedimentos (membros dos demais órgãos, empregados, etc.) que visam garantir a isenção dos fiscais. Proteção dos minoritários (20% do capital): eleger um conselheiro e seu suplente Eleição: na assembléia geral ou reunião anual Atribuições: fiscalização e controle, individualmente ou em grupo; são indelegáveis. Responsabilidade: solidária, por culpa 13.7. Das deliberações dos sócios – Arts. 1.071/1.080 As deliberações são tomadas em assembléia ou reunião, conforme contrato, sobre matérias relevantes (Art. 1.071) AG/reunião: obrigatória se o número de sócios for superior a 10 AG/reunião: obrigatória e anual, nos quatro primeiros meses do ano, para tomar as contas, deliberar sobre o balanço e o resultado e designar administradores AG/reunião: dispensáveis quando todos os sócios decidirem por escrito, com menor custo Quorum deliberativo: em regra, pela maioria dos votos presentes. Há, porém, vários casos especiais. 19 14. DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE CONTRATUAL 14.1. Introdução Dissolução possui dois sentidos diferentes: a) ato inicial; b) todo o processo, compreendendo três etapas: dissolução, liquidação e extinção. A tendência moderna é a de preservar a empresa, em virtude de suas relevantes funções econômicas, aplicando-se, conforme o caso, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica ou instrumentos mais eficazes do que a falência e concordata, como já existem em outros países e como já há projeto de lei no nosso Congresso. 14.2. Espécies de dissolução a) Dissolução total: De pleno direito - extrajudicial: por certos eventos ou deliberação dos sócios Por decisão judicial Por decisão da autoridade administrativa competente b) Dissolução parcial (CC/02: resolução da sociedade em relação a um sócio): de pleno direito ou judicial. 14.3. Causas de dissolução total a) Art. 1.033,I -Vencimento do prazo de duração: Sócios concordam quanto ao decurso do prazo: distrato – de pleno direito Sócios não concordam: dissolução judicial b) Art. 1.033,II – Consenso unânime dos sócios: de pleno direito – Ex.: dissolução antes do prazo de sociedade de prazo determinado, pelo distrato. c) Art. 1.033, III – Deliberação dos sócios por maioria absoluta: de pleno direito. – Ex.: dissolução das sociedades de prazo indeterminado, pelo distrato. Jurisprudência: tem reconhecido o direito de um único sócio de continuar a sociedade, para preservar a empresa. Se dissolvida, porém, será neste caso por decisão judicial. d) Art. 1.033, IV – Falta de pluralidade de sócios, não reconstituída em 180 dias: de pleno direito. Unipessoalidade temporária. 20 e) Art. 1.033, V – Extinção da autorização para funcionar: por decisão administrativa f) Art. 1.034, I – Anulação da constituição: judicial g) Art. 1.034, II – Exaurimento do fim social, ou sua inexequibilidade: dissolução de pleno direito ou judicial. Ex.: a) inexistência de mercado;b) insuficiência de capital; c) grave divergência entre os sócios h) Art. 1.035 – Outras causas contratuais: de pleno direito ou judicial. Ex.: baixos lucros ou desistência dos sócios. i) Arts. 1.044, 1.051 e 1.087 – Falência: necessariamente judicial. A falência apenas de sócio não dissolve a sociedade, salvo contrato (LF – Art. 48); só o exclui (CC/02 – Art. 1.030, Par.único). 14.4. Causas de dissolução parcial (Resolução da sociedade em relação a um sócio) a) Por deliberação dos sócios: de pleno direito b) Art. 1.028 – Por morte de sócio: Hipótese de dissolução judicial (se os sócios remanescentes recusarem-se à proceder à apuração de haveres) ou de pleno direito (quando houver concordância). Liquidar-se-á sua quota, salvo: Se o contrato dispuser diferentemente Os sócios remanescentes optarem pela dissolução total Por acordo com os herdeiros, substituir-se o sócio falecido c) Art. 1.029 – retirada de sócio: Sociedade com prazo indeterminado: com notificação prévia de 60 dias – de pleno direito ou judicial Sociedade com prazo determinado: só provando judicialmente justa causa Art. 1.077 – Na soc. limitada: se divergir da alteração contratual deliberada pela maioria, ou fusão/incorporação: judicial ou extrajudicial Art. 1.114: por transformação societária d) Exclusão de sócio: Conforme visto no item 7.6 14.5. Liquidação 21 À dissolução total segue-se a liquidação, com o objetivo de realização do ativo e pagamento do passivo, com partilha do acervo remanescente aos sócios. Na forma do Art. 51, a pessoa jurídica subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua, porém, com restrições, na forma do Art.1.036; ou seja, a gestão se limitará aos negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão os administradores e liquidante solidária e ilimitadamente. Fases finais: Relatório e prestação final de contas pelo liquidante Deliberação dos sócios em reunião ou por escrito Registro da ata na JC Art. 51, §3º: cancelamento da inscrição da PJ Modos de realização: judicial ou extrajudicial, em função da forma de dissolução ou da existência ou não de consenso entre os sócios; ou seja, mesmo dissolvida de pleno direito, pode o sócio requerer a liquidação judicial (Art. 1.036, par.único). Legislação: Extrajudicial: CC/02 – Arts. 1.102/1.110 Judicial – CC/02 – Arts. 1.111/1.112 c/c CPC/73 - Art. 1.218, VII c/c CPC/39 – Arts. 656/674. Art. 1.001: as obrigações do sócios só terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. 14.6. Apuração de haveres À dissolução parcial segue-se a apuração de haveres e reembolso ao sócio que se desvincula, pelo valor patrimonial da quota, apurado em balanço especialmente levantado na data da resolução (retirada), na forma do Art. 1.031. A liquidação da sociedade em conta de participação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma do CPC (Art. 996, parágrafo único),. 14.7. Dissolução de fato É irregular, com responsabilidade pessoal e ilimitada dos sócios; suscetível de falência (LF – Art. 2º, VII, e 250, III). É o conhecido como “golpe na praça”. 14.8. Extinção Dá-se por encerramento da liquidação, por incorporação, fusão ou cisão total. 22 SOCIEDADES COLIGADAS E CONTROLADAS. SOCIEDADES COLIGADAS Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes. CONTROLADA É controlada: I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores; II - a sociedade cujo controle, referido no item antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas. FILIADA Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la. SIMPLES PARTICIPAÇÃO É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto. PARTICIPAÇÃO RECÍPROCA Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva legal. Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas em excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquela aprovação. Base Legal: artigos 1.097 a 1.101 do Código Civil. 23 TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO DE SOCIEDADES. SOCIEDADES DEPENDENTES DE AUTORIZAÇÃO. O movimento de globalização pode ser percebido nos mais diversos âmbitos da vida no planeta Terra. Essa forte e influente tendência incide diretamente na economia. Junto ao crescente desenvolvimento tecnológico, aos movimentos de Governança Corporativa e à alta competitividade presente no mundo dos negócios, as atividades produtivas estão cada vez mais concentradas em pequenos grupos econômicos, para se propiciar a melhor maneira de aperfeiçoar a produção, com redução dos gastos e aumento dos lucros, para que assim, as empresas possam melhor se adaptar ao competitivo mercado e nele sobreviverem. Dentro desta perspectiva traçada é que surge as figuras jurídicas da transformação, incorporação, fusão ou cisão no âmbito da reorganização societária com o escopo principal de obter maiores vantagens econômica, e até fiscais. No decorrer da vida de uma sociedade, ela pode sofrer inúmeras mudanças na sua estrutura, mudanças estas que podem lhe alterar a disciplina legal (transformação) ou mesmo dissolvê- la (fusão, incorporação e cisão). Tais operações não são peculiares apenas às sociedades anônimas, podendo envolver qualquer tipo de sociedade. Este artigo tem por objetivo apresentar, conceituar, caracterizar as quatro operações societárias que estão previstas em nosso ordenamento jurídico brasileiro, principalmente na Lei 6.404/76 e no Código Civil de 2002, abordando também as consequências e efeitos jurídicos de cada operação que incide sobre a sociedade, sobre os credores, e por fim, sobre as questões tributárias. 1. Operações Societárias Operações societárias são as modificações na estrutura, no tipo ou composição de uma sociedade empresária, e podem ser de quatro maneiras: a transformação, a incorporação, a fusão e a cisão. Segundo FÁBIO ULHOA COELHO, se uma operação societária envolver uma sociedade anônima, essa operação deverá ser regida pela Lei nº 6.404/76 (LSA) em seus artigos 220 a 234, porém caso a operação não envolva sociedades desse tipo, aplicam-se as regras do Código Civil de 2002 (arts. 1.113 a 1.122). A Lei das Sociedades Anônimas Lei nº 6.404/76 ("LSA") foi formulada para fazer às vezes de um Código Societário brasileiro e que, apesar de tratar das S/A’s, acabou sendo aplicada (diante da estrutura da nossa legislação que cuidava de diversos tipos societários, porém sem lei que os regesse) em diversas matérias que diziam respeito a outros tipos societários que buscavam na LSA, a sua disciplina. É o caso das operações societárias de transformação, fusão, cisão e incorporação. O Novo Código Civil de 2002, na mesma linha de outras codificações como o Código Civil Italiano, buscou unificar o direito privado brasileiro, revogando 24 expressamente o Código Civil de 1916 e a primeira parte do Código Comercial, que tinha por objeto o direito comercial terrestre. Entretanto, o legisladorhouve por bem ressalvar a sobrevivência da LSA. Nesta matéria, o Novo Código Civil ocupou-se apenas de uma sucinta definição da sociedade anônima em seu art. 1.088, e no art. 1.089 dispôs que esse tipo societário é regido "por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código". O Código Civil destinou, em seu Livro II da Parte Especial - Do Direito de Empresa -, um capítulo às operações societárias de transformação, fusão, cisão e incorporação. A superveniência das disposições codificadas impõe o questionamento sobre a convivência entre as partes do CC e da LSA que regem as operações societárias. O caminho a ser seguido pelo operador do direito deverá ser o entendimento que não há incompatibilidade absoluta entre a regulação das operações de transformação, incorporação, fusão e cisão na LSA e o capítulo em análise no CC. esta forma, para compreendermos a matéria deste artigo será necessário trabalharmos conjuntamente com o Código Civil e com a LSA. 2. Objetivos da Reorganização Societária Com o objetivo de dar ao empresário as condições necessárias para poder evoluir e adaptar seu negócio a novas necessidades que surgem no mercado, é que o Direito Empresarial coloca à disposição esses quatro institutos para a reorganização societária. Assim, as operações podem ocorrer pelas mais diversas razões, tais como: alienação ou aquisição de unidades de negócio, a reorganização de suas atividades, ganhos decorrentes de economia de escala, fusões econômicas de grupos empresariais, planejamento tributário ou sucessório, expansão para absorver clientes, incorporação de novas tecnologias e até como meio de redução da concorrência. O planejamento tributário tem por escopo a compensação das perdas de uma sociedade com os lucros de outra do mesmo grupo, dentro dos limites admitidos em lei. Por exemplo, o Imposto sobre a transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e de direitos a eles relativos não incide quando decorre de incorporação ou de fusão de uma sociedade por outra ou com outra (CTN art. 36). Ainda, no caso da cisão, também é possível a transferência de bens imóveis sem a incidência do ITBI. Também é comum realizar-se operação societária com o objetivo de viabilizar alienação de controle da sociedade (por exemplo: o adquirente aporta capital na companhia que, em seguida, é cindida, com a versão do patrimônio correspondente aos recursos aportados em favor de sociedade do vendedor). Em outros casos, essas operações podem ainda objetivar a ampliação do poder de um grupo de empresas no mercado. 3. Da transformação 25 A transformação é o ato por meio do qual a sociedade passa de um tipo para outro, independentemente de dissolução e liquidação, como preceitua o art. 1.113 do Código Civil e o art. 220 da LSA. Essa operação transforma as características societárias, mas não extingue sua individualidade, porque permanece íntegros a pessoa jurídica, o quadro dos sócios, o patrimônio, e inclusive, os créditos e débitos da sociedade, só que submetida ao novo regime adotado. Podem transforma-se todas as sociedades de natureza civil, com ou sem fins lucrativos, desde que o contrato assim o preveja ou pelo menos, não o impeça. O ato obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição características do tipo em que vai transformar-se e em regra, para transformar uma sociedade é necessário o consentimento unânime de todos os sócios. Essa unanimidade requisitada para a alteração das bases essenciais do contrato advém dos direitos individuais dos sócios, intangíveis e imutáveis, e que, por isso, não podem ser derrogados por decisão majoritária, a não ser que os sócios tenham manifestado previamente sua concordância, fazendo prover a hipótese de transformação do tipo societário no ato constitutivo da sociedade (art. 1.114, CC). Isso significa que os sócios anteciparam a possibilidade de uma transformação societária, e a ela deram sua prévia anuência. Assim, o sócio dissidente da transformação, tem o direito de retirar-se da sociedade aplicando-se no silencio do contrato social, o disposto no art. 1.031, que exige a liquidação de sua quota, de acordo com a situação patrimonial da sociedade, verificada em balanço especialmente levantado. Segundo HAROLDO MALHEIROS DUCLERC VERÇOSA, são dois os tipos de transformação: a pura ou simples, e a constitutiva. A primeira já prevista no ato constitutivo, em relação à qual não se dá modificação sensível da estrutura da sociedade. A segunda é aquela que surge em decorrência da vontade específica e superveniente dos sócios, acarretando alterações substanciais. Do ponto de vista da regulação jurídica não há diferença entre uma e outra, aplicando-se a lei a ambos os casos. A transformação societária possui certas peculiaridades que lhe são inerente, isso porque a transformação só se produz entre tipos diversos de sociedade, ao passo que as outras operações societárias podem envolver sociedades de mesmo tipo. Ademais, a transformação, não extingue a sociedade, ela tão somente “muda de roupa”. No tocante aos atos constitutivos, a sociedade transformada deve publicá-los no Diário Oficial do Estado, onde se encontra sua sede social, ainda que, posteriormente, esteja o tipo em que ela se transformou dispensado das publicações das demonstrações e de outros atos sociais. 4.1. As funções e os efeitos da transformação 26 A transformação é um ato voluntário, que possui funções tanto no plano interno da sociedade, como no plano externo da mesma. Internamente, satisfaz os interesses dos sócios que não almejam mais permanecer no tipo societário atual e querem modificá-lo. Já no plano externo, a transformação visa atender aos critérios de conveniência do mercado, principalmente no que diz respeito ao maior ou menos grau de publicidade de seus atos e balanços, bem como alçar com facilidade o mercado de capitais, e, assim, possibilitar uma maior captação de recursos por meio de emissões de ações, debêntures e, ainda, de negociações com títulos no exterior, tais como as ADR´s e outros títulos conversíveis ou representativos de recebíveis da sociedade. A transformação, como já foi dito, mantém a personalidade jurídica da sociedade, alterando somente seus atos constitutivos e também o grau de responsabilidade de seus sócios entre si e em relação à sociedade. Tudo isso atinge o interesse de terceiros. Contudo, como não se produz nenhuma alteração subjetiva com a transformação, apenas a modifica a qualificação jurídica de sua estrutura, os débitos e obrigações perante terceiros permanecem intactos na sociedade transformada. Assim, não há alteração formal nas relações contratuais e extracontratuais da sociedade anterior. Isso pode ser verificado até mesmo em relação aos empregados pela sociedade. Dispõe o art. 448 da CLT: “A mudança na propriedade ou na estrutura da empresa não afetara os contratos de trabalho dos respectivos empregados”. Em relação ao Fisco, também não há sucessão, sendo que os tributos são devidos até a data do ato pela pessoa jurídica de direito privado transformada (art. 132, CNT). Alterações podem ocorrem somente em relação à participação dos sócios, na medida em que passam a outorgar direitos diversos, conforme venha dispor o novo tipo societário. Da mesma forma, os direitos políticos dos sócios são afetados conforme seja o tipo de sociedade adotado, direito esse que se manifestarão por procedimentos outros e com efeitos também diferentes na formação da vontade social. 5. Da incorporação A incorporação é operação societária por meio do qual uma ou mais sociedades são absolvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Para tal finalidade, todas as sociedades envolvidas deverão aprovar a medida no seu âmbito interno nos termos exigidos pelo regramento de cada tipo societárioenvolvido no processo, nos termos do art. 1.116 do Código Civil e também do art. 227 da LSA. A incorporação pode ser operada entre sociedades personificadas de tipos jurídicos iguais ou entre tipos jurídicos diferentes. A causa da incorporação é a intenção válida e eficaz dos sócios das sociedades envolvidas de realocar seus recursos 27 patrimoniais e empresariais por meio desse negócio, que afeta a personalidade jurídica de uma delas, extinguindo a incorporada. As bases econômicas da incorporação deverão ser objeto da elaboração de um protocolo que a justifique, no qual deverá conter: os fins e os motivos do ato, o interesse de cada companhia em sua realização, as quotas ou ações a serem recebidas pelos sócios ou acionistas com a incorporação, a forma de composição final do capital da sociedade incorporadora e o valor do reembolso ao qual terão direito os sócios ou acionistas dissidentes que desejarem não mais fazerem parte da sociedade. Juntamente deverá ser apresentado um projeto para a reforma do contrato ou estatuto social da sociedade incorporadora (art. 225, LSA). Durante a deliberação favorável à incorporação, é necessário nomear peritos para a avaliação do patrimônio líquido das sociedades incorporadas, atendendo ao princípio da veracidade do capital social da sociedade incorporadora. Serão feitos um laudo para cada sociedade envolvida, obedecendo sempre os mesmos critérios para todas elas, a fim de que a comparação seja homogênea. Os critérios podem ser os mais diversos, tais como: o valor de mercado da sociedade, os valores contábeis, o valor em função da rentabilidade esperada, valor como expressão da cotação das ações em Bolsas (para as sociedades anônimas apenas) ou ainda o valor segundo o fluxo de caixa descontado. Esses laudos de avaliação patrimonial têm a função de inibir a subscrição pela incorporada por valor superior àquele aprovado. Se aprovada a incorporação, os administradores deverão praticar todos os atos necessários para se concluir a operação, podendo inclusive, fazerem a subscrição em bens pelo valor menor que se verificar entre o ativo e o passivo (art. 1.117, CC). Após aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extintas todas as sociedades que forem incorporadas e promoverá averbação no registro que lhe é próprio, conforme prenuncia o art. 1.118 do Código Civil. O ato declaratório de absorção importa na criação de novos vínculos societários entre os sócios da incorporadora e os antigos sócios da incorporada, agregando-se estes ao quadro social daquela. A subscrição do capital da incorporadora com os bens e direitos líquidos da incorporada consuma entre as partes envolvidas a incorporação de sociedade. Em relação a terceiros, a operação terá validade e eficácia após a publicação oficial desses atos. Um dos efeitos da incorporação é o aumento do capital da incorporadora, pelo valor do patrimônio líquido da incorporada, conforme as avaliações feitas pelos peritos. Pode-se citar também como efeito da incorporação a concentração de empresas para aumentar a eficácia da atuação da sociedade no mercado, para a redução dos custos e o aumento dos lucros. Nesse diapasão, é que os custos relacionados com o processo de incorporação devem ser muito bem analisados pelos sócios na decisão de incorporação, principalmente ao que diz respeito ao direito de recesso dos sócios dissidentes. 28 A existência de patrimônio líquido positivo significa que o valor dos bens excede o valor as obrigações, é por isso que a Lei das S/A, em seu art. 226, impede a incorporação de sociedade com patrimônio líquido negativo, pois isto implicaria na redução do capital da sociedade incorporadora, e consequentemente, aumenta o risco para os seus credores. Outro caso especial de incorporação regulado pela mesma lei supracitada é a incorporação da subsidiária integral da incorporadora, ou seja, a primeira é a única acionista da segunda. Estas operações possuem certas restrições, previstas na legislação citada e ainda em outros dispositivos complementares. 5.1. Extinção da incorporada A extinção das sociedades incorporadas dá-se ex facto da aprovação da subscrição de seu patrimônio líquido ao capital da incorporadora. Essa extinção é ex lege, ou seja, não demanda quaisquer declarações em assembleia pela incorporadora, visto que não tem poderes nem legitimidade para declarar a extinção de outra pessoa jurídica, e que tal efeito já é inerente à operação de incorporação. Ao extinguirem-se as incorporadas, cessa-se imediatamente a responsabilidade de seus sócios. Assim se, por exemplo, ocorrer a citação da sociedade incorporadora, só respondem os sócios diretores, gerentes ou representantes desta pelos atos praticados com excesso de poderes ou infração da lei ou do contrato social. Ainda a sociedade incorporadora é que responde pelos débitos fiscais das sociedades incorporadas. 6. Da fusão A fusão constitui negócio plurilateral que tem por finalidade jurídica a integração de patrimônios societários em uma nova sociedade. Uma das consequências principais desta operação jurídica é a extinção de todas as sociedades fundidas para que surja uma nova sociedade (art. 1.119, CC e art. 228, LSA). Os sócios buscam, através da fusão, somarem seus recursos patrimoniais e empresariais, afetando, assim, a personalidade jurídica de todas as empresas envolvidas. A mudança na personalidade jurídica da sociedade é justamente o que diferencia a fusão das outras operações societárias. O principal efeito da fusão é a independência completa da nova sociedade em relação às sociedades extintas, nenhum órgão das últimas é herdado. Os patrimônios líquidos das sociedades fusionadas irão constituir o capital social da nova sociedade que irá surgir. O negócio de fusão acarreta a sucessão, a título universal, de todos os direitos, obrigações e responsabilidades anteriormente assumidas pelas sociedades fusionadas, a cargo da nova sociedade. A transferência dos patrimônios das sociedades fusionadas dá-se a título de pagamento das quotas ou ações subscritas pelos sócios daquelas. A fusão, assim trata-se de um ato constitutivo e desconstitutivo ao mesmo tempo, porque agrega os patrimônios das 29 sociedades, entretanto leva ao desaparecimento das sociedades fusionadas, porque é causa direta de extinção das sociedades envolvidas. De acordo com o art. 1.120 do Código Civil, as sociedades que pretendem unir-se deverão cada uma delas, tomar a decisão neste sentido na forma estabelecida para os respectivos tipos societários. Os administradores das sociedades que pretendem a fusão revolverão a respeito dos aspectos negociais e técnicos da fusão, e elaborarão um projeto de ato constitutivo da nova sociedade que irá se formar e um plano de distribuição do capital social. Tais elementos serão apresentados na reunião ou assembleia de sócios das sociedades a serem fusionadas e acompanhadas do “protocolo de fusão”, que encerrará as justificativas econômicas da medida. Aprovado este protocolo, será necessário fazer a avaliação do patrimônio de cada uma dessas sociedades, tarefa esta que ficará a cargo de peritos especializados. Apresentados os laudos de avaliação pelos peritos, os administradores de cada sociedade envolvida convocarão seus sócios para uma Assembleia Geral conjunta, em que após analise dos laudos, se resolverá definitivamente sobre a constituição da nova sociedade. Se constituída, os novos administradores eleitos farão a inscrição dos atos relativos à fusão no registro próprio da sede, conforme determina o art. 1.121, CC. Assim, resumindo, a fusão se concretiza em duas fases: a primeira, na manifestação de vontades das sociedades envolvidas, mediante a celebração dos documentos preliminares que consubstanciam o consentimento de todas, e em segundo, a consumaçãose dá pela deliberação soberana da Assembleia Geral. A constituição da nova sociedade consuma o negócio da fusão, que desde logo, é eficaz em relação a seus sócios. Contudo, quanto a terceiros e aos sócios ausentes, o negócio apenas terá eficácia depois de cumpridos os trâmites da publicidade, do arquivamento dos atos constitutivos no Registro de Comércio e da publicação no Diário Oficial e em jornal de grande circulação. Há algumas espécies de sociedades que são submetidas a regime especial para o caso de fusão, como as empresas estrangeiras que somente poderão fazê-la com prévia autorização do governo, do mesmo modo, acontece com as empresas de seguros. Entre os objetivos específicos da fusão, pode-se destacar: a racionalização da produção, a adoção dos progressos tecnológicos, a reorganização das estruturas e a maior facilidade em evitar a concorrência. A fusão das empresas também pode ter como objetivo conseguir recursos para seu próprio crescimento, recursos tais como novos equipamentos, clientela, pessoal, entre outros, ou ainda aumentar a dimensão da empresa através da incorporação de filiais comuns no seio do grupo. 30 7. Da cisão A cisão é a operação societária por meio da qual uma sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, tanto constituídas especialmente para tal fim como já anteriormente existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo seu patrimônio, ou dividindo-se seu capital, se for parcial a versão. Embora a cisão seja mencionada no Capítulo X do Título II do Livro “Direito de Empresa” da parte especial do Código Civil, o legislador não a atribuiu tratamento específico. Somente no art. 1.122 há menção ao instituto da cisão, resguardando os direitos dos credores em caso de realização desta operação. A cisão é definida na LSA em seu art. 229, que embora, se refira diretamente às companhias de capital aberto, serve perfeitamente para dar as diretrizes básicas deste instituto para qualquer tipo societário que almejar utilizá-lo. A cisão ocorre por meio de transferência de parcelas do patrimônio, ou seja, de ativos e de passivos. Consequentemente, a sociedade que absorver parcela do patrimônio de sociedade cindida, irá suceder-se-á esta em todos os direitos e obrigações relacionadas ao ato da cisão. Se caso ocorrer a extinção da sociedade cindida, as sociedades que absorverem parcelas de seu patrimônio, responderão solidariamente pelas obrigações da sociedade extinta. No caso de cisão parcial, a sociedade cindida subsiste e aquelas que absorverem parcelas do seu patrimônio respondem também solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão, conforma disposto no art. 229, §1º, c/c art. 223, caput da Lei das S/A. A causa principal da cisão é a repartição da participação dos sócios em sociedades novas ou já existentes, com o objetivo de racionalizarem essa participação no capital da sociedade cindida, visando à harmonização de interesses individuais por vezes conflitantes, que poderiam levar a dissolução da sociedade. Um dos objetivos principais é a obtenção de economias de escala, através da junção ou disjunção de divisões de empresas diversas. A natureza do negócio de cisão é parecida com o que ocorre nos negócios de fusão e incorporação, onde a transferência de patrimônio acontece a titulo de pagamento das ações ou quotas subscritas pelos sócios ou acionistas. Podem ocorrer diversas formas de cisão, a saber: a) uma sociedade pode cinde-se totalmente, formando duas novas sociedades; b) uma sociedade cinde-se totalmente, passando parte do seu patrimônio para uma sociedade nova e outra para uma sociedade já existente; c) uma sociedade cinde-se parcialmente, passando parte do seu patrimônio para uma ou mais sociedades novas e/ou existentes e ainda d) duas sociedades cindem total ou parcialmente, cruzando seus patrimônios em sociedades novas e/ou em sociedades já existentes. A doutrina confere à cisão a seguinte classificação: - cisão pura: a sociedade cindida sofre divisão do seu patrimônio em duas ou mais sociedades novas e se extingue. 31 - cisão-absorção: a sociedade cindida divide seu patrimônio em duas ou mais parcelas, que serão incorporadas em sociedades já existentes, extinguindo-se em seguida. - falsa cisão ou cisão parcial: a sociedade divide seu patrimônio, destinando parte ou partes dele a uma ou mais sociedades existentes ou novas, sobrevivendo ao processo, ou seja, não se extingue. - cisão-holding: a sociedade divide seu patrimônio entre duas ou mais sociedades, da quais se manterá controladora, mudando seu objeto para o de “holding pura”, ou seja, sua atividade social consistirá tão somente no gozo das participações societárias de que é titular. As modalidades de cisão são limitadas pelas necessidades operacionais e econômicas a serem alcançadas. Não pode a cisão prestar-se se escudo através do qual os sócios majoritários escondam-se para lograr sócios minoritários, credores, empregados e a Fazenda Pública. E menos ainda, para utilizar tal operação como ocultação ou lavagem de dinheiro ou de bens. Na cisão total, a personalidade jurídica da sociedade sofre afetação, porque esta se extingue. Já na cisão parcial a personalidade jurídica permanece inalterada, sendo que apenas o seu patrimônio é afetado. Na cisão parcial, todos os direitos, obrigações e responsabilidades referentes ao patrimônio transferido são assumidos pelas sociedades beneficiárias. Um dos efeitos da cisão é a criação de novos vínculos societários, que são totalmente autônomos em relação aos antigos. Nos casos de cisão total deverá existir uma manifestação de vontade unilateral da sociedade consubstanciada no protocolo de cisão. Enquanto que na cisão parcial o protocolo só constituirá manifestação unilateral de vontade quando a sociedade beneficiada tiver de ser constituída. Caso a sociedade já exista, o protocolo será bilateral, de natureza pré-contratual, entre a sociedade cindida e a beneficiária. Efetivada a cisão com extinção da sociedade cindida, os administradores deverão proceder a arquivamento e a publicação dos atos da operação. Sendo parcial a cisão, caberá aos administradores da sociedade cindida e aos da que vier a absorvê- lo providenciar o cumprimento destes mesmos atos. A cisão pode-se ser considerada um negócio sui generis de constituição de nova sociedade ou para o aumento do capital de sociedade existente, podendo ter diversas funções. Uma delas é a divisão do patrimônio entre os sócios, com o objetivo de acomodar os interesses individuais dos mesmos. Assim, o quadro acionário é dividido entre as sociedades resultantes do negócio de cisão, mesmo a própria sociedade cindida, com remanescente do seu patrimônio. Outra função da cisão, de natureza mais objetiva, é voltada para a racionalização e expansão da empresa, porque a cisão pode ser instrumento tanto de concentração 32 quanto de desconcentração de empresas. Esse fracionamento tem como objetivo aumentar a produtividade e a competitividade da empresa no mercado, pois a redução de custos reflete diretamente no preço de bens e de serviços. Por isso, a cisão é um instrumento estratégico eficiente. Um diferencial do negócio de cisão é que não é a sociedade cindida que subscreve o capital inicial ou o capital de aumento das sociedades, mas sim seus sócios e acionistas, através de uma transposição de direitos patrimoniais. 10. Proteção aos credores As operações societárias podem prejudicar os direitos dos credores das sociedades envolvidas, na medida em que o patrimônio da sociedade passa a suportar um concurso de mais credores, podendo prejudicar a preferência que o credor possuía, ou até dificultar o recebimento de seu crédito, por representar uma redução da liquidez da sociedade, principalmentena incorporação e na fusão. Em função disso, a lei protege os interesses dos credores, assegurando-lhes faculdades em defesa dos seus direitos. Leciona FÁBIO ULHOA COELHO que, os efeitos das operações societárias relativamente aos direitos dos credores das sociedades envolvidas variam de acordo com a natureza do crédito. Assim, quando se trata de crédito trabalhista, tributário ou titularizado pelo INSS, o regime jurídico correspondente confere ao credor garantias para que a transformação, incorporação, fusão ou cisão da sociedade devedora não o prejudique. Se se tratar de crédito civil, os direitos dos credores variam de acordo com a operação realizada, sendo disciplinado, então, pela legislação societária. Contudo, em ambas as situações, um fato é comum e concreto, nunca se prejudica os direitos do credor. A transformação, como enuncia o art. 1.115 do Código Civil e o art. 222 da LSA, “não modificará nem prejudicará, em qualquer caso os direitos dos credores”. A sociedade empresária, cujo tipo se alterou, continua a mesma pessoa jurídica, ou seja, sua personalidade jurídica não é afetada, portanto a transformação não altera em nada a titularidade dos direitos e obrigações contraídas. Dessa forma, o credor da sociedade continua titularizando perante esta o mesmo crédito após a conclusão da transformação, e mais, ele tem, relativamente à satisfação do crédito, as mesmas garantias oferecidas pelo tipo societário anterior a transformação, principalmente no que diz respeito à responsabilidade subsidiária ou solidária dos sócios. O renomado doutrinador supracitado exemplifica: “se uma sociedade limitada, de capital não inteiramente integralizado, é transformada em anônima, os acionistas são, para fins de atendimento dos credores anteriores à transformação, solidários pelo pagamento do preço de emissão das ações, uns dos outros, até completar-se a integralização do capital social”. A responsabilidade dos sócios em relação à falência está disciplinada no parágrafo único do mencionado art. 1.115, o credor anterior à transformação poderá requerer que lhe seja assegurado o seu crédito, 33 mantendo a responsabilidade dos sócios nos termos do contrato existente à época da constituição da obrigação. Na incorporação, a incorporadora sucede a incorporada em todos os direitos e obrigações (art. 1.116, CC e art. 227, LSA) e na fusão, a sociedade resultante da operação é sucessora das originárias (art. 1.119, CC e art. 228, LSA). Nestes dois tipos de operações societárias, o credor da sociedade extinta (por absorção ou união) exerce o direito de crédito contra a incorporadora ou a nova sociedade resultante da fusão. Se este não ficar satisfeito com a iminente situação, por supor que a garantia a seu crédito não é a mesma, o credor poderá pedir a anulação judicial da operação. O seu prazo será de 60 ou 90 dias, conforme o regime jurídico aplicável à operação (art. 1.119, CC e art. 232, LSA). Após esse prazo, fica prescrito o direito do credor. FÁBIO ULHOA COELHO cita como exemplo: se “a sociedade incorporadora possuir ativo inferior ao passivo, o credor da incorporada terá a garantia patrimonial de seu crédito reduzida, já que o patrimônio líquido da sucessora será forçosamente menor que o da sociedade absorvida”, assim, o credor terá legitimidade para pleitear em juízo a anulação da incorporação. Na cisão, a sucessão deve ser negociada entre as sociedades participantes da operação. Desse modo, cada sociedade responde, após a cisão, pelas obrigações que lhe forem transferidas. Se caso os documentos da cisão total forem omissos em relação à certa obrigação cindida, cada uma das sociedades para as quais foram vertidos os bens desta, respondem na proporção do patrimônio recebido (art. 229, §1º, LSA). Essas são, contudo, regras para a disciplina de eventual regresso. O credor da sociedade parcialmente cindida continua podendo demandá-la, a despeito da distribuição de passivo negociada na cisão. De fato, para proteger os interesses dos credores cíveis da cindida, estabelece a lei, a solidariedade entre as sociedades participantes da operação. No caso de cisão total, as sociedades para as quais os bens da cindida forem vertidos são solidárias, pelas obrigações da pessoa jurídica extinta (art.233, caput, LSA). Na parcial, a sociedade cindida e aquela para a qual verteu bens respondem solidariamente pelas obrigações da primeira, anteriores à cisão. A estipulação, nos instrumentos da cisão, de que a sociedade para a qual houve versão patrimonial não responde pelas obrigações expressamente transferidas não é eficaz contra o credor da cindida, que nos 90 dias seguintes à publicação dos atos da cisão opuser-se a ressalva da solidariedade (art.233, caput e parágrafo único, LSA). Se a cisão não envolve sociedade anônima, o credor prejudicado poderá pleitear a anulação da operação no prazo de 90 dias (art.1.122, CC). Se a sociedade anônima emitiu debêntures, a sua incorporação, fusão ou cisão depende da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especial, a menos que lhes seja assegurado, nos seis meses seguintes à operação, o resgate do valor mobiliário (art.231, LSA), pois estes não são outra coisa senão também credores da sociedade. 34 11. O direito de recesso O direito de recesso, também denominado de dissidência do sócio ou direito de retirada, é a garantia legal concedida ao sócio ou acionista minoritário, que insatisfeito com as decisões tomadas em assembleia pelos sócios controladores, pode se retirar da sociedade, recebendo o reembolso corresponde ao valor de suas quotas ou ações. É válido ressaltar que é um direito que o sócio ou acionista pode exercer nos casos em que taxativamente a legislação prevê, não é meramente discricionário. Este se justifica no princípio do affectio societatis, que reúne pessoas físicas ou jurídicas na execução de um empreendimento lucrativo comum, delimitado pelo objeto social. O direito de recesso foi concebido como mecanismo destinado à preservação da empresa e simultaneamente a possibilitar a retirada dos sócios discordantes das deliberações da assembleia. No tocante às características e a natureza jurídica deste instituto, cabe assinalar que o direito de recesso reflete a permanente tensão existente entre os interesses individuais do sócio e as necessidades de desenvolvimento da empresa. O direito de recesso surge como uma das modalidades do direito individual e essencial do sócio ou acionista, do qual não pode ser privado pelo contrato ou estatuto social, e nem pela assembleia geral, quando a lei expressamente o concede. Dentro do tema tratado por este artigo, a Lei das Sociedades Anônimas em paralelo ao Código Civil de 2002, permitem o exercício do direito de recesso, dentro de certas limitações, às operações societárias. Na transformação, a deliberação para aprovação depende da vontade unânime dos sócios ou acionistas na maioria das vezes, afastando a possibilidade de dissidência do sócio descontente. A única hipótese existente é quando tal operação societária já era prevista no contrato ou estatuto social, e a maioria societária ou controlador podem sozinhos, mudar o tipo societário. Neste caso, os membros que discordarem da transformação têm o direito de retirada como prenuncia o art. 221 da LSA. No contrato social da sociedade limitada, os sócios podem renunciar ao direito de recesso, ao estipularem a possibilidade de transformação da sociedade em anônima. Se a limitada se transforma em qualquer outro tipo de sociedade, que não em anônima, a operação submete-se à regência do Código Civil, cujo texto normativo não prevê renúncia de tal direito. As operações de incorporação e de fusão, em geral, concedem ao sócio dissidente o direito de retirada. Nas sociedades anônimas, o acionista insatisfeito com a operação jurídica
Compartilhar