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Apostila Dto Empresarial II Unidade I

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DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL II – DIREITO SOCIETÁRIO 
Ementa: Unidade I 
 
1. Sociedades empresárias. 
2. Sociedades não personificadas. 
3. Sociedades não empresariais. 
4. Sociedades empresariais em espécie: 
• Sociedades em nome coletivo. 
• Sociedades em comandita simples. 
• Sociedades em conta de participação. 
• Sociedades limitadas. 
5. Dissolução das sociedades contratuais. 
6. Sociedades coligadas e controladas. 
7. Transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades. Sociedades 
dependentes de autorização. 
8. Nacionalidade das sociedades. 
9. Sociedades por Ações. 
10. Sociedade anônima: características estruturais e funções econômicas. 
11. Companhias abertas e fechadas. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva. 
REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, v.1. 
SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa: Teoria da Empresa e Direito Societário. São Paulo: Atlas. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
BULGARELLI, Waldiro. Direito comercial. São Paulo: Atlas. 
COELHO, Fábio Ulhoa. Código comercial e legislação complementar anotados. São Paulo: Saraiva. 
DINIZ, Maria Helena. Lições de direito empresarial. São Paulo: Saraiva. 
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Manual de direito comercial: apontamentos. Curitiba: Juruá. 
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial: empresa comercial, empresários individuais, microempresas, sociedades 
empresárias, fundo de comércio. Rio de Janeiro: Forense. 
_____________________________________________________________________________ 
DAS SOCIEDADES 
1. Teoria geral do direito societário 
 
 Unificada pela disciplina jurídica do CC/02 – Arts. 981 a 1.141 
 
2. Quadro geral dos sujeitos de direito 
 
2.1. Sujeitos de direito – é o gênero: tudo o que o direito positivo reputa apto a ser 
titular de direito ou dever. Podem ser: personalizados (PF/PJ) ou 
despersonalizados. 
 
2.1.1. Pessoas Jurídicas – espécie de sujeito de direito personalizado. É um 
expediente do direito com o objetivo de autorizar determinados sujeitos de direito à 
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prática de atos jurídicos em geral – autorização genérica --, a que não estejam 
expressamente proibidos. Exceções: 
a) Os atos jurídicos típicos da pessoa física – Ex. casamento 
b) O Estado: depende de autorização expressa para praticar atos, pelo 
princípio da legalidade no direito público 
 
2.l.2. Sujeitos de direito despersonalizados – Não são PJ. Indicados no CPC – 
Art. 12: nascituro, espólio, massa falida, condomínio horizontal, sociedades não 
personalizadas, etc. Só podem praticar os atos expressamente autorizados pelo 
direito. Exceção: atos jurídicos da sua essência (Ex.: contrato de trabalho pelo 
condomínio). O que os distingue das PJ é, então, o regime jurídico, ou seja, 
PJ: autorização genérica – Ex.: podem exercer atividade empresarial 
Despersonalizados: autorização específica – Ex.: Não podem exercer atividade 
empresarial 
 
3. Quadro geral das pessoas jurídicas – CC/02 – Arts. 40/44 
 
3.1. PJ de Direito Público: 
 interno: União/Estados/DF/Territórios/Autarquias/demais entidades 
criadas por lei 
 externo: estados estrangeiros e PJ de direito internacional público 
3.2. PJ de Direito Privado 
 Estatais 
o Sociedade de economia mista: capital majoritário do Estado 
(Ex.: BB) 
o Empresas públicas: capital integral do Estado (Ex: CEF) 
 Não estatais 
o Fundações: fins religiosos, morais, culturais ou de assistência 
o Associações:fins não econômicos 
o Sociedades: fins econômicos 
 
4. Terminologia 
 
a) Associação: CC/02 – Art. 53: união de pessoas que se organizam para fins não 
econômicos 
b) Sociedade – Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de 
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
c) Companhia: sinônimo de S. A. ou aditivo da firma social de algumas 
sociedades 
d) Empresa: conceito econômico com quatro perfis jurídicos 
e) Firma: Art. 1.155: espécie de nome empresarial 
f) Estabelecimento – Art. 1.142: complexo de bens. Objeto de direito 
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5. Classificação das sociedades 
5.1. Quanto à personificação (ou personalização) 
a) Sociedades não personificadas: Sociedade em comum: irregulares ou de fato 
(CC/02 e CPC – Art. 12, §2º); Sociedade em conta de participação; Consórcio – 
LSA – Art. 278, §1º 
b) Sociedades personificadas: sociedades simples, sociedades em nome coletivo, 
em comandita simples, sociedade limitada, sociedades anônimas e as em 
comandita por ações. A sociedade cooperativa e a sociedade inominada, de bens e 
serviços (CC/02). 
5.2. Quanto ao objeto – Art. 982 
a) Sociedade empresária: a que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário, a de profissionais liberais com empresa, a rural com registro na Junta 
Comercial e, independentemente de seu objeto, as sociedades por ações 
b) Sociedade simples (não empresárias ou civis): as demais (atividade não 
empresarial ou de profissionais intelectuais sem empresa ou atividades rurais sem 
registro) e, independentemente do objeto, as cooperativas 
Nota: A distinção entre ambas não reside no lucro, mas no exercício de atividade 
própria de empresário, no modo de explorar seu objeto, com ou sem 
profissionalmente organizar os fatores de produção, nos termos do Art. 966. Ou 
seja, o critério de identificação está no modo de exploração da atividade 
econômica, ou seja, com ou sem empresarialidade; e também na lei. 
5.3. Quanto ao regime de constituição e dissolução 
a) Sociedades contratuais: regidas pelo CC/02. Seu ato constitutivo é o contrato 
social. Dissolução: com base no CC/02. Não basta a vontade majoritária dos sócios 
para dissolver, pois a jurisprudência reconhece o direito da minoria de preservar a 
empresa. 
b) Sociedades institucionais: regidas pela LSA. Seu ato regulamentar é o estatuto. 
Para dissolução, seguem a LSA. Podem ser dissolvidas pela vontade da maioria. 
Especial: a cooperativa. 
5.4. Quanto à responsabilidade dos sócios (pelas obrigações sociais) 
 
a) Sociedades limitadas: S. A. e a sociedade limitada. Pela Lei 8.620/93 – Art. 13 
– por débitos junto ao INSS os sócios da limitada respondem solidariamente; os 
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acionistas controladores e os administradores, solidariamente e subsidiariamente, 
por dolo ou culpa. 
b) Sociedades ilimitadas: sociedade em nome coletivo e a sociedade em comum 
c) Sociedades mistas: sociedades em comandita simples e por ações e sociedade 
de bens e de serviços (inominada no CC/02). E a cooperativa, conforme seu 
estatuto. 
Nota: A responsabilidade da sociedade é sempre ilimitada. O direito brasileiro não 
conhece nenhuma hipótese de limitação de responsabilidade pessoal. Tanto a PJ 
como os sócios, por obrigação pessoal, têm responsabilidade ilimitada. Somente se 
concebe a limitação no caso de responsabilidade subsidiária (não pessoal). Nos 
termos do CC/02 – Art.1.024 c/c CPC – Art. 396, a responsabilidade dos sócios é 
sempre subsidiária. A solidariedade se refere à relação entre os sócios. 
5.5. Quanto à estrutura econômica ou quanto às condições de alienação da 
participação societária 
a) Sociedades de pessoas – “intuitu personae” 
 São as contratuais 
 Os atributos pessoais dos sócios (honestidade, competência, etc.) 
levam à constituição da sociedade e interferem nos resultados – 
Conseqüências: 
 CC/02 – Art. 1.003 - A alienação da participação societária por um 
sócio a terceiro depende da anuência dos demais: os sócio têm o 
direito de veto. Ou seja, cada sócio tem o direito de impedir o ingresso 
de terceiro 
 CC/02 – Art. 1.026: as cotas sociais podem ser penhoradas por dívidas 
particulares, mas não podem ser adjudicadas a terceiros. 
Jurisprudência: estranho não poderia ingressar CC/02 – Art. 1.028 e 1.050: na morte de sócio, quando um dos sócios 
sobreviventes não concorda com o ingresso do herdeiro, há a 
dissolução parcial, salvo contrato 
b) Sociedades de capital – “intuitu pecuniae” 
 São as institucionais: podem ser abertas ou fechadas 
 Os atributos pessoais são irrelevantes 
 A alienação individual da participação societária independe da 
anuência dos demais sócios, ou seja, vige o princípio da livre 
circulabilidade, mesmo na SA fechada, embora possa haver limitações 
(LSA – Art. 36). 
 As ações são penhoráveis e podem ser adjudicadas a estranhos 
 Na morte de sócio não se pode opor ao ingresso do sucessor, ou seja, 
não há a dissolução parcial 
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c) Mistas 
 CC/02 – Art. 1.057 : a sociedades limitada, conforme o contrato pode 
ser de pessoas ou de capital, permitindo ou não a cessão de cotas sem 
audiência dos outros sócios. A omissão do contrato também permite a 
cessão, se não houver oposição de sócios que representem mais de 
25% do capital social. 
 STF: sociedades de pessoas são as de nome coletivo e outras, fora as 
SA e as sociedades por cotas, que são mistas 
5.6. Quanto à nacionalidade 
a) Sociedade nacional – Art. 1.126: lei e sede brasileiras; a lei pode exigir que 
todos ou alguns sócios sejam brasileiros (Parágrafo único). 
b) Sociedade estrangeira – Art. 1.134: depende de autorização do Poder 
Executivo para funcionar no País. 
5.7. Sociedades de garantia solidária – Características 
 Instituída pelo Estatuto da ME/EPP – Lei 9.841/99 – Arts. 25/31 – 
 Sempre sob a forma de sociedade anônima, com duas categorias de sócios: 
o Sócios participantes: só ME/EPP, com no mínimo 10 participantes e no 
máximo 10% do capital social cada um, representando a maioria 
o Sócios investidores: os capitalistas com participação máxima total de 
49% do capital social, com único objetivo de auferir rendimentos 
 Objeto: oferecer garantia aos sócios participantes perante bancos para facilitar o 
acesso ao crédito ou para colocação de valores mobiliários lastreado nos 
recebíveis (valores a receber), numa operação de securitização de recebíveis. 
 
6. Ato constitutivo da sociedades contratuais 
 
 
 Conforme a Exposição de Motivos do Anteprojeto do CC/02, as sociedades 
personificadas devem atender a determinadas condições e requisitos 
consubstanciados em um programa mínimo de normas. 
 No Código Comercial, esse programa desdobrava-se em disposições gerais 
aplicáveis a todas as sociedades, com exceção das SAs, e em disposições especiais, 
apropriadas a cada tipo. 
 No Código Civil anterior, as normas disciplinavam apenas as sociedades 
civis, não fazendo a distinção entre normas gerais e especiais. 
 O CC/02 sintetizou os dois métodos: estabelece a estrutura jurídica das 
sociedades simples e, como paradigma, coordena os preceitos gerais das demais 
sociedades. Com essa dupla finalidade, cuida, então, do contrato social, dos 
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direitos e obrigações dos sócios, da administração, das relações com terceiros, da 
resolução da sociedade em relação a um sócio e da dissolução e liquidação. 
 Esta é a razão de abordar-se agora o ato constitutivo. 
 
6.1. Natureza jurídica: contrato plurilateral. O Código Italiano o definiu: ¨o 
contrato com mais de duas partes, cuja prestação de cada uma é dirigida à 
consecução de um fim comum¨. 
Plurilateralidade: não se tem em consideração o número de partes, mas a sua 
indeterminação. Há a participação de um número variável de partes, não se 
confundindo com o contrato bilateral. Este possui apenas duas partes (com vários 
interessados ou não) e não acarreta o nascimento de uma pessoa jurídica, entre 
outras diferenças. 
 
6.2. Efeitos 
 
6.2.1. Art. 997: Fonte de direitos e deveres, como ato-regra 
6.2.2. Arts. 45 e 985: aquisição de uma personalidade jurídica com a inscrição. 
Conseqüências: 
 Art. 1.022: Torna-se pessoa: com nome, domicílio, nacionalidade, 
patrimônio, órgãos, capacidade jurídica e titularidade negocial e 
processual 
 Adquire individualidade própria: os sócios não se tornam empresários 
 Com autonomia e responsabilidade patrimonial 
 Com possibilidade de modificação de sua estrutura jurídica ou econômica 
 
Nota: O direito brasileiro reconhece ampla personalidade às sociedades. Não há 
pensamento unitário universal a respeito desse efeito; assim, por exemplo, na 
Alemanha e Itália vigora a teoria dualista, ou seja, apenas as sociedades de capitais 
se personalizam; às civis, não lhes é reconhecida a personalidade jurídica, sendo 
consideradas apenas uma comunhão. 
 
6.2.2.1. A doutrina da desconsideração da pessoa jurídica (¨disregard of legal 
entity¨) 
 
 De construção jurisprudencial (UE/USA), visa a doutrina não considerar os 
efeitos da personificação, para atingir os bens particulares dos administradores ou 
sócios da pessoa jurídica, superando ou desconsiderando a personalidade jurídica. 
 É um instrumento de coibição de fraude e do mau uso da PJ. Não atinge a 
validade do ato constitutivo, mas a sua eficácia episódica: a separação patrimonial 
é que não produzirá efeito. Essa é a grande vantagem em relação à anulação ou 
dissolução da sociedade, pois preserva a empresa, que não será atingida por ato 
fraudulento de um de seus sócios. 
 Segundo Fábio U. Coelho,o pressuposto da desconsideração é a fraude, 
numa concepção subjetivista. 
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 Fábio Konder Comparato propôs uma formulação diversa, mais ampla, em 
que os pressupostos são objetivos, em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, numa 
concepção objetivista da teoria, resultando na posição adotada pelo CC/02 – Art. 
50. 
 Anteriormente ao CC, outras leis já mencionavam doutrina, a saber: 
 CDC – Lei 8.078/90 – Art. 28 
 LIOE – Lei antitruste – 8.884/94 – Art. 18 
 LPA – Lei de Proteção Ambiental – 9.605/98 – Art. 4º 
 CTN – (na redação da LC nº 104/01) – Art. 116, Par.único, e Art. 
135. 
 
6.3. Requisitos de validade do contrato social 
 
 Sem a sua observância, a sociedade não se forma validamente, podendo ser 
decretada a sua anulação ou declarada a nulidade. A invalidação não se confunde 
com a dissolução, embora ambos importem no desaparecimento dos efeitos do ato 
constitutivo. A primeira decorre de ato do juiz, por inobservância dos requisitos e 
gera efeitos retroativos; a segunda, de atos dos sócios ou juiz, por razões legais e 
não gera efeitos retroativos. 
 
6.3.1. Requisitos genéricos ou elementos comuns 
 
a) Agente capaz 
 Incapazes: podem participar de sociedades de pessoas na forma dos Arts. 
974/976 e das sociedades de capital 
 Menores: de acordo com a jurisprudência, pode participar de uma 
sociedade de capital ou de uma limitada, desde que suas cotas estejam 
integralizadas em bens móveis e não ocupem cargo na administração 
 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável 
 
c) Forma prescrita ou não defesa em lei 
 Art. 997 c/c LRE – Art. 53: contrato escrito, particular ou público 
 Art. 987: sociedade em comum, excepcionalmente oral ou informal, 
provada por qualquer modo (testemunhas, cartas, perícias em c/c 
bancárias, etc), só podendo beneficiar terceiros, não os sócios. 
 
6.3.2. Requisitos ou elementos específicos 
 
 Explícitos no próprio conceito legal de sociedade do Art. 981. 
 
a) Pluralidade de sócios 
 
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 As teorias modernas admitem a possibilidade de sociedades unipessoais, ou 
seja, a PJ se constitui por ato que não seja contrato (v.g.: No Brasil, as fundações – 
CC/02 – Art. 62). Na França e na Alemanha a sociedade limitada pode ser 
constituída por uma única pessoa física, por escritura pública; não é contrato, é 
declaração unilateral. 
 Nosso direito não admite, no âmbito privado, a sociedade unipessoal. 
Exceções: 
 Unipessoalidade incidental temporária– Art. 1.033, IV, e 1.051,II: por 
180 dias 
 Idem – LSA – Art. 206, I, ¨d¨: por um ano, até a AGO. 
 Subsidiária integral – LSA – Art. 251 
 
b) Contribuição para o exercício da atividade econômica 
 
 Art. 997, III/IV, e 1.004: Normalmente a contribuição é para a constituição 
do capital social, em dinheiro ou outros bens. 
 Art. 997, V, c/c Art. 1.006: excepcionalmente, contribuição em serviços, 
vedada nas limitadas (Art. 1.055, §2º) e nas sociedades por ações 
 Em bens: esta forma só é regulada na LSA. Para não haver abuso na 
atribuição de seu valor, todos os sócios respondem solidariamente pela exata 
estimação, pelo prazo de cinco anos da data do registro – Art. 1.055,§1º. 
 Distinguir: 
o Subscrição de cotas/ações: compromisso de pagar 
o Integralização: é o pagamento do que se comprometeu 
 
 A natureza jurídica da contribuição social ou cota desdobra-se em duas 
partes: 
o Direitos patrimoniais: direito de crédito aos lucros periódicos e ao 
acervo final em caso de liquidação 
o Direitos pessoais: decorrem do ¨status¨de sócios (participação da 
administração, fiscalização, voto, etc.) 
 
 Funções do capital: 
o Técnica: constituir o fundo inicial 
o Servir de base para distribuição proporcional dos resultados ou do acervo 
final 
o Garantia dos credores. A mais importante, na medida em que a lei 
procura resguardar a sua integridade e cercar com cautelas sua redução. É 
o que se chama de intangibilidade do capital social, previsto em 
diversos artigos: CC/02: Arts. 1.009, 1.048, 1.049, par.único, 1.059 e 
1.084, §1 º.; LSA – Art. 17, §3º, Art. 174, LF – Arts. 5º e 51, etc. 
 
c) Partilha dos resultados 
 
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 Art. 997, VIII; 1.007:É a co-participação, em regra proporcional, nos lucros 
e nas perdas. 
 Art. 1.008: é nula a cláusula leonina, que exclua qualquer sócio dessa 
participação 
 
d) ¨Affectio societatis¨ 
 
 É a intenção de se associar em sociedade, de lucrar. É elemento útil para 
distinguir a sociedade de outros tipos de contratos, principalmente quando se trata 
de sociedade em comum. 
 
6.3.3. Pressupostos de fato da existência 
 
 Fábio U. Coelho considera como pressupostos de fato da existência a 
pluralidade de sócios e a “affectio societatis”, uma vez que sua falta compromete a 
existência do ato constitutivo. E como requisitos de validade considera a 
contribuição para a formação do capital social e a participação dos resultados, uma 
vez que sua falta compromete a validade. 
 
6.4 Cláusulas contratuais 
 
São as normas disciplinadoras da vida social contidas nessa fonte de direito: 
 
a) Essenciais: indispensáveis para a completa regularidade e registro. Se omisso, 
não pode ser registrado. Previsão legal: CC/02 – Art. 997; LRE – Art. 35, III; Dec. 
1.800/96 – Art. 53, III. Bem como o visto de advogado, previsto no EOAB – Art. 
1º, §2 º -, sob pena de nulidade. 
 
b) Acidentais: facultativas, não são indispensáveis. Ex.: efeitos da morte de sócio, 
reembolso no recesso ou cláusula arbitral, etc. 
 
6.5. Alteração do contrato social 
 
 Desde que se observem os requisitos de validade, os pressupostos de 
existência e as cláusulas essenciais, o contrato social pode ser alterado por vontade 
dos sócios ou por decisão judicial. 
 
6.5.1. Regra: 
 CC/02 – Arts. 48, 999-2a.parte- e 1.010: deliberações por maioria; em 
caso de empate, pelo número de sócios, árbitro (se previsto) e juiz, nessa 
ordem – cláusula acidental. 
6.5.2. Exceções: 
 
a) Art. 999: unanimidade na mudança de cláusula essencial, nas sociedades 
simples, em nome coletivo e em comandita simples 
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b) Art. 1.071, V, e 1.0766, I – Ltda.: idem, por ¾ do capital social; os demais 
sócios (1/4 – 25%) ou se submetem ou se retiram, quer se trate de cláusula 
essencial ou não. 
 
6.5.3. Assinaturas dos sócios: 
 
 Embora o Art. 999 exija unanimidade na alteração, o contrato pode não 
exigir assinatura de todos para o registro (LRE – Art. 35, VI; Dec. 
1.800/96 – Art. 53,VII; e Art. 54). Ou seja, alteração de contrato é uma 
coisa e registro é outro. 
 
 
7. Sócio da sociedade contratual 
 
 
7.1. Formas de aquisição da qualidade de sócio 
 
a) Originariamente: assinando o contrato ou o ato constitutivo 
b) Posteriormente: 
 Subscrevendo aumento de capital 
 Substituindo sócio 
 Adquirindo quota ou ações 
 
7.2. Responsabilidade ilimitada do sócio 
 
a) Admissão em sociedade já constituída – Art. 1.025: não se exime das dívidas 
sociais anteriores. 
b) Retirada, exclusão ou morte - Art. 1.032 c/c LF – Art. 5º, Par. Único: não o 
exime da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos; nem 
nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não 
averbada a resolução. Em caso de retirada, a liberação só se processa com a 
concordância dos credores. 
c) Cedente e cessionário - Art. 1.003, Par.único – Até dois anos depois da 
averbação responde o cedente solidariamente com o cessionário pelas obrigações 
que tinha como sócio. 
 
7.3. Responsabilidade limitada do sócio 
 
a) Admissão - não há problemas: responde apenas por sua parte-capital. 
b) Retirada, exclusão ou morte – LF – Art. 51: em caso de falência, responsável 
até o valor dos fundos retirados, pelas obrigações existentes até o momento da 
despedida, por dois anos, salvo anuência dos credores. Pelas posteriores, na forma 
do Art. 1.032. 
c) Cessão – Na forma do Art. 1.003, Par.único: pelo valor da quota. 
 
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7.4. A penhora da quota 
 
 Como há autonomia patrimonial, os credores particulares do sócio não 
podem executar o patrimônio da sociedade. 
 O STF tem admitido a penhora, com a adjudicação da cota a estranhos, 
desde que o contrato permita sua cessão ou transferência a terceiros sem prévia 
anuência dos demais sócios. E se o contrato não permitisse ou fosse omisso o 
adquirente não poderia nela ingressar, devendo aguardar a sua liquidação. 
 O STJ tem admitido a penhora mesmo com restrições no contrato, por se 
tratar de princípio de ordem pública. Reconhece, porém, o direito de prelação da 
sociedade e dos demais sócios, para evitar o ingresso de estranhos. 
 CC/02 – Art. 1.026 c/c Art. 1.030, Par. único: na insuficiência de outros 
bens do devedor, a penhora é cabível sobre a parte que a este couber nos lucros ou 
na liquidação da quota do devedor – com sua exclusão de pleno direito --, se não 
se dissolver a sociedade, com analogia com a LF – Art. 48. E nas sociedades em 
nome coletivo e em comandita simples, essa liquidação da quota do devedor só se 
pode fazer após a dissolução da sociedade, na forma dos Arts. 1.043 e Art. 1.046. 
 CPC – Arts. 592, II, e Art. 720: permite o usufruto do quinhão do sócio na 
empresa, perdendo o devedor o gozo de seus direitos, com a nomeação de um 
administrador, que pode ser o credor, ou mesmo o devedor. 
 Decreto 1.800/96 (Reg.da LRE)– Art. 47, §2º: prevê a anotação da penhora 
na JC. 
 
7.5. Regime jurídico do sócio da sociedade contratual 
 
 Submete-se o sócio a um regime jurídico que lhe é próprio, com direitos e 
deveres que a lei e o contrato social lhe reservam. Assim, não é proprietário (A PJ 
não é apropriável) e não é credor (embora possa sê-lo, pelos lucros ou por 
empréstimos). 
 
7.5.1. Obrigações - 
 
a) Art. 1.004 - Participar da formação do capital social, sob pena de remisso 
b) Art. 1.006 - Contribuir com serviços, se esta for a sua obrigação 
c) Arts. 1.007 e 1.023 - Participar das perdas sociais, conforme sua 
categoria 
d) Art. 1.010, §3º - Deliberar a favor da sociedade, sob pena de perdas e 
danos 
 
7.5.1.1.. Sócio-remisso – CC/02 – Arts. 1.004 e 1.058 
 
a) Inadimplente – notificação pela sociedade para pagar 
b) Indenização pelo dano emergente da mora, se não pagar em 30 dias 
c) 1a. opção: execução (o contrato social subscrito por duas testemunhas étítulo executivo extrajudicial) 
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d) 2a. opção: exclusão – com redução do capital social, com restituição a ele 
de suas entradas, descontadas da indenização ou juros de mora 
e) 3a. opção: redução do valor de sua quota – ao já realizado, com redução 
do capital 
f) Se for Ltda. – Art. 1.058: os outros sócios podem tomar a quota para si ou 
transferi-la a terceiros, com sua exclusão e devolução da sobra, se pagou. 
 
7.5.2. Direitos 
 
a) Art. 1.007 - Participação nos lucros e no acervo final: é a remuneração de 
seu capital, proporcional. Os lucros são de propriedade da PJ até o 
momento da deliberação da distribuição; a partir daí, do sócio, como 
credor, podendo executá-lo, salvo em caso de falência,. Débito da PJ ao 
INSS proíbe a distribuição de lucros(Lei 8212/91) 
b) Arts. 1.010 e 1.013 - Administração da sociedade – direito de participar 
das deliberações sociais ou ser administrador, com “pro-labore” 
(remunera o trabalho) 
c) Arts. 1.020/1.021 - Fiscalização da administração, por duas formas: 
exames dos livros, documentos, estado de caixa e carteira da sociedade (a 
qualquer tempo ou nas épocas fixadas) ou na prestação de contas anual. 
d) Arts. 1.029 e 1.077 - Direito de retirada: em determinadas situações, com 
ou sem necessidade de motivação, com dissolução parcial e reembolso. 
e) Art. 1.081, §1º: Preferência para participar do aumento de capital 
 
7.6. Exclusão de sócio 
 
a) Hipóteses: Mora na integralização, justa causa, falência ou penhora de quota 
 
b) Deliberação – Ao contrário do que se leciona, não é a PJ que expulsa o seu 
sócio. São os demais sócios, em face de causa legalmente prevista, e não por 
mera disposição de vontade. 
 
c) Sócio majoritário – Também pode ser remisso ou ter justa causa. Nestes casos, 
a minoria societária pode excluí-lo judicialmente, ao contrário de certa doutrina 
e jurisprudência. 
 
d) Formas de expulsão: 
 
 Por mora – Art. 1.004, Par. Único: 
o De sócio minoritário: extrajudicial 
o De sócio majoritário: judicial 
 
 Por justa causa (falta grave ou incapacidade superveniente): 
o N/C e C/S – Art. 1.030: 
 De sócio minoritário ou majoritário: judicial 
 13
o Ltda. – Art. 1.085 – Por atos graves que põem em risco a 
sociedade: 
 De sócio minoritário: 
 Se previsto no contrato: extrajudicial 
 Se não previsto no contrato: judicial 
 De sócio majoritário: judicial 
 
 Por falência de sócio ou penhora de quota e sua liquidação: 
o Art. 1.030, Par. Único: De pleno direito, extrajudicial 
 
 
e) Efeitos da expulsão – Arts. 1.031 e 1.032: 
 
 Dissolução parcial, com liquidação do valor da quota do sócio, na forma 
do contrato 
 Redução do capital social, salvo se os demais elevarem suas quotas ou se 
a PJ a adquirir 
 O sócio excluído tem direito ao reembolso em dinheiro 
 E responde pelas obrigações sociais, conforme subitens 7.2 e 7.3. 
 
 
8. Da administração 
 
8.1. Noções gerais 
 Art. 47: os atos dos administradores obrigam a PJ só dentro dos limites dos 
poderes (Teoria “ultra vires”). Distinguir: 
 Gerentes-órgão: sócios, conforme o contrato social. Nas sociedades simples, 
em nome coletivo e em comandita simples, a administração compete 
exclusivamente aos sócios – pessoas físicas – (Arts. 997, VI, 1.042 e 1.046). 
Na limitada o contrato pode permitir administradores não sócios, ou PJ, 
mediante aprovação mínima, cfe. Art. 1.061. 
 Gerentes-administradores: são os prepostos permanentes – Art. 1.172 
 Art. 997, VI: só pessoas naturais 
 Nomeação: no contrato social ou em ato separado, com termo de posse – 
Arts. 1.012, 1.060 e 1.062 
 
8.2. Responsabilidade 
 
a) Exercício regular: não respondem 
b) Respondem por perdas e danos: 
 
 Art. 1.009: distribuir lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade 
solidária. 
 14
 Art. 1.010, §3º: participar de deliberação que aprove operação de interesse 
contrário ao da sociedade, violando o dever de lealdade. 
 Art. 1.012: pelos atos praticados antes da averbação do instrumento em 
separado de nomeação do administrador 
 Art. 1.013, §2º: realizar operações sabendo ou devendo saber em desacordo 
com a maioria 
 Art. 47 c/c 1.015, Par.único: pelo excesso de poderes. A PJ não responde nos 
casos de: a) limitação de poderes registrada ou conhecida de terceiros: b) 
operação evidentemente estranha aos negócios normais. Ou seja, é a 
primeira manifestação do direito brasileiro da teoria “ultra vires” (não é mais 
adotada em nenhum outro país); por esta teoria, a PJ só responde pelos atos 
compatíveis com o seu objeto, conforme o Art. 47. 
 Art. 1.016: por culpa no desempenho de suas funções 
 Art. 1.017: por prejuízo na aplicação de créditos ou bens sociais em proveito 
próprio ou de terceiros 
 
8.3. Deliberações 
 
a) Administração conjunta: por maioria de votos dos sócios administradores; 
em caso de empate, por maior número de sócios; se persistir o empate, 
árbitro (se previsto no contrato) ou decidirá o juiz (Arts. 48, 1.010 e 1.014). 
b) Administração separada: cada um pode impugnar operação pretendida pelo 
outro, cabendo a decisão a todos, por maioria (Art. 1.013). 
 
8.4. Poderes e destituição 
 
 Art. 1.015 - Poderes – cfe. contrato; no silêncio, todos os atos pertinentes 
 Art. 1.019 – Os poderes: 
Dos sócios administradores, nomeados no contrato social: são 
irrevogáveis, salvo justa causa reconhecida judicialmente 
Dos sócios nomeados em ato separado ou de terceiros: são revogáveis 
a qualquer tempo 
 Art. 1.063, §1º: Na Ltda.: destituição a qualquer tempo, por sócios que 
representem 2/3 do capital, salvo contrato. 
 
8.5. Substituição e delegação 
 
 Art. 1.018: ao administrador é vedado fazer-se substituir na suas funções, 
salvo constituir mandatários. 
 
8.6. Fiscalização e prestação de contas 
 
- Art. 1.020: prestação de contas anual com demonstrações financeiras 
 15
- Art. 1.021: exame pelo sócio a qualquer tempo, salvo época própria, dos livros, 
documento, caixa e carteira da sociedade 
 
 
9. DA SOCIEDADE EM COMUM – (ARTS. 986/990) 
 
 Art. 986 – Legislação subsidiária: as normas da sociedade simples. 
 Trata-se de sociedade não personificada, sem registro, denominada pela 
doutrina de irregular ou de fato. 
 O direito a reconhece e facilita a terceiros a provar por qualquer modo a sua 
existência (Art. 987), para maior garantia de seus créditos. 
 Além das restrições comuns ao empresário individual irregular, todos os 
sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; os sócios 
que contratarem pela sociedade terão responsabilidade direta, sem benefício de 
ordem, e os demais, subsidiária(Art.990 c/c Art. 1.024 e CPC – Art. 596). 
 
 
10. DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO – (ARTS. 991/996) 
 
 Art. 996 – Legislação subsidiária: a da sociedade simples. 
 Sociedade não personificada que representa apenas um contrato para a 
realização de uma empreendimento comum, ou seja, é espécie de contrato 
de investimento. 
 Categorias de sócios: 
 Ostensivos: assumem, como obrigação pessoal, as obrigações da 
sociedade perante terceiros, podendo ser demandados pelos credores, 
com direito de regresso ao sócio participantes 
 Participantes (ocultos): participam dos resultados econômicos; só 
respondem perante o sócio ostensivo 
 Sociedade secreta: mas o contrato pode ser registrado na JC ou no Registro 
de Títulos e Documentos – Art. 993 - 
 Bens comuns: formam um patrimônio especial, que só poderá ser executado 
por credor pessoal do sócio ostensivo se ignorava a existência da sociedade 
 Para o imposto de renda: equiparada a uma PJ. 
 
 
11. DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO – (ARTS. 1.039/1.043) 
 
 Legislação supletiva: a da sociedade simples. 
 Somente pessoas físicas podem ser sócias, com responsabilidadesolidária/ilimitada/subsidiária, perante terceiros. Internamente, entre si, a 
limitação de responsabilidade é possível. 
 Administração: exclusivamente por sócios 
 16
 Penhora de quota de sócio: a liquidação da quota do sócio só é possível 
depois da dissolução; antes, só dos lucros correspondentes, salvo exceções. 
 
 
12. DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES – (ARTS. 1.045/1.051) 
 
 
 Categorias de sócios: 
- Comanditados: só pessoas físicas, com responsabilidade 
solidária/ilimitada/subsidiária 
- Comanditários: pessoas físicas ou jurídicas, com responsabilidade limitada 
ao valor de sua quota, com direito de participar das deliberações e fiscalizar. 
Pode ser procurador com poderes especiais. 
 Legislação supletiva: a da sociedade em nome coletivo. 
 
 
13. DA SOCIEDADE LIMITADA 
 
 
13.1. Introdução 
 
 Representa a grande maioria dos tipos societários (mais de 90%), em função 
do estímulo à atividade econômica, por: 
a) Limitação da responsabilidade e das perdas, em caso de insucesso do 
empreendimento: 
b) Contratualidade: com menores custos e formalidades e maior margem de 
negociação entre os sócios, comparativamente às SAs. 
 
13.2. Legislação aplicável 
 
- Art. 1.053: nas omissões das normas específicas a ela, aplicam as regras da 
sociedade simples (Ex.: responsabilidade dos administradores por culpa; regras de 
desempate, etc). Se estas forem omissas, aplica-se a LSA, por via analógica (Ex.: 
responsabilidade judicial dos administradores – LSA – Art. 159, §§ 3º/4º). Porém, 
os sócios, pelo contrato social, podem adotar como legislação supletiva a LSA, ao 
invés do regime da sociedade simples (Ex.: nesse caso, as regras do desempate 
seriam às da LSA – Art. 129, §2º: nova AG; se novo empate, juiz.). 
-Nota: na constituição e dissolução (Art. 1.087), o regime será o do CC/02, mesmo 
que a regência supletiva seja a da LSA. 
 
13.3. Responsabilidade dos sócios 
 
Art. 1.052: restrita ao valor da quota de cada sócio, mas todos respondem 
solidariamente pela integralização de todo o capital social. 
 Exceções à limitação: 
 17
 Art. 1.009: pelo recebimento de lucros ilícitos/fictícios 
 Art. 1.010, §3º: pela aprovação, graças ao seu voto, de operação prejudicial 
 Art. 1.055: pela exata estimação dos bens conferidos ao capital há 
responsabilidade solidária por cinco anos da data do registro 
 Art. 1.080: deliberações contrárias à lei ou ao contrato. Quem discordar, por 
cautela, faça-o por escrito 
 Art. 977: sociedade de marido e mulher em regime de comunhão universal 
ou separação obrigatória. Em princípio, não poderia ser registrada. 
 Justiça do Trabalho: para proteger os trabalhadores; todavia, com base legal 
discutível 
 Art. 50: desconsideração da PJ 
 CTN – Art. 135, III: débitos tributários, por violação da lei ou do contrato 
 Lei 8.620/93: débitos do INSS 
 
13.4. Das quotas 
 
 Capital social: divide-se em quotas, iguais ou desiguais, uma ou diversas a 
cada sócio. 
 Art. 1.057: cessão da quota : conforme o contrato. Na omissão: a qualquer 
sócio, sem anuência; a estranho, com anuência de 75% (sem oposição de 
25% do capital). 
 Art. 1.058 c/c Art. 1.004: sócio-remisso. Opções na inadimplência: 
 
o Notificação e indenização por perdas e danos 
o Execução 
o exclusão do sócio 
o redução do valor da quota ao já pago 
o aquisição da quota pela PJ ou pelos demais sócios 
o alienação da quota a terceiros, com a exclusão do sócio e devolução 
dos valores já pagos 
 
13.5. Da administração 
 
 Há regras específicas, além das regras gerais da sociedade simples. 
 
13.5.1. – Nomeação – Art. 1.060: o administrador é nomeado no contrato social ou 
em ato separado, podendo ser sócio ou não, pessoa física ou jurídica. No caso de 
não sócio, só se o contrato permitir e com maioria qualificada (unanimidade se o 
capital não estiver integralizado; 2/3, se integralizado – Art. 1.061). 
 
13.5.2. – Cessação – Art. 1.063: 
 
a) Pela destituição: conforme contrato ou pela aprovação de 2/3, se 
nomeados no contrato; ou pela maioria, se nomeados em ato separado. 
 18
b) Pelo término do prazo determinado, salvo recondução 
 
13.5.3. Prestação de contas – Arts. 1.065 e 1.078 
 
 Em assembléia ou reunião anual, no 1º quadrimestre, salvo outro modo 
previsto no contrato. 
 
13.5.4. Responsabilidade da PJ 
 
a) Quando sujeita ao regime supletivo da sociedade simples: a PJ não 
responde pelos excessos praticados em seu nome, na forma do Art. 1.015, 
Par. Único(Teoria “ultra vires”) 
b) Quando sujeito ao regime supletivo da SA: a PJ responde. 
13.6. Do Conselho Fiscal - Arts. 1.066/1.070 
 
 Órgão facultativo, que só se justifica quando houver número significativo de 
sócios 
 Composição: mínimo de 3 membros, sócios ou não. Há impedimentos 
(membros dos demais órgãos, empregados, etc.) que visam garantir a 
isenção dos fiscais. 
 Proteção dos minoritários (20% do capital): eleger um conselheiro e seu 
suplente 
 Eleição: na assembléia geral ou reunião anual 
 Atribuições: fiscalização e controle, individualmente ou em grupo; são 
indelegáveis. 
 Responsabilidade: solidária, por culpa 
 
 
13.7. Das deliberações dos sócios – Arts. 1.071/1.080 
 
 
 As deliberações são tomadas em assembléia ou reunião, conforme contrato, 
sobre matérias relevantes (Art. 1.071) 
 AG/reunião: obrigatória se o número de sócios for superior a 10 
 AG/reunião: obrigatória e anual, nos quatro primeiros meses do ano, para 
tomar as contas, deliberar sobre o balanço e o resultado e designar 
administradores 
 AG/reunião: dispensáveis quando todos os sócios decidirem por escrito, com 
menor custo 
 Quorum deliberativo: em regra, pela maioria dos votos presentes. Há, 
porém, vários casos especiais. 
 
 
 
 19
14. DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE CONTRATUAL 
 
 
14.1. Introdução 
 
 Dissolução possui dois sentidos diferentes: a) ato inicial; b) todo o processo, 
compreendendo três etapas: dissolução, liquidação e extinção. 
 A tendência moderna é a de preservar a empresa, em virtude de suas 
relevantes funções econômicas, aplicando-se, conforme o caso, a teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica ou instrumentos mais eficazes do que a 
falência e concordata, como já existem em outros países e como já há projeto de lei 
no nosso Congresso. 
 
14.2. Espécies de dissolução 
 
a) Dissolução total: 
 De pleno direito - extrajudicial: por certos eventos ou deliberação dos 
sócios 
 Por decisão judicial 
 Por decisão da autoridade administrativa competente 
 
b) Dissolução parcial (CC/02: resolução da sociedade em relação a um sócio): 
de pleno direito ou judicial. 
 
14.3. Causas de dissolução total 
 
a) Art. 1.033,I -Vencimento do prazo de duração: 
 Sócios concordam quanto ao decurso do prazo: distrato – de pleno 
direito 
 Sócios não concordam: dissolução judicial 
 
b) Art. 1.033,II – Consenso unânime dos sócios: de pleno direito – Ex.: dissolução 
antes do prazo de sociedade de prazo determinado, pelo distrato. 
 
c) Art. 1.033, III – Deliberação dos sócios por maioria absoluta: de pleno direito. – 
Ex.: dissolução das sociedades de prazo indeterminado, pelo distrato. 
 Jurisprudência: tem reconhecido o direito de um único sócio de continuar a 
sociedade, para preservar a empresa. Se dissolvida, porém, será neste caso por 
decisão judicial. 
 
d) Art. 1.033, IV – Falta de pluralidade de sócios, não reconstituída em 180 dias: 
de pleno direito. Unipessoalidade temporária. 
 
 20
e) Art. 1.033, V – Extinção da autorização para funcionar: por decisão 
administrativa 
 
f) Art. 1.034, I – Anulação da constituição: judicial 
 
g) Art. 1.034, II – Exaurimento do fim social, ou sua inexequibilidade: dissolução 
de pleno direito ou judicial. Ex.: a) inexistência de mercado;b) insuficiência de 
capital; c) grave divergência entre os sócios 
 
h) Art. 1.035 – Outras causas contratuais: de pleno direito ou judicial. Ex.: baixos 
lucros ou desistência dos sócios. 
 
i) Arts. 1.044, 1.051 e 1.087 – Falência: necessariamente judicial. A falência 
apenas de sócio não dissolve a sociedade, salvo contrato (LF – Art. 48); só o 
exclui (CC/02 – Art. 1.030, Par.único). 
 
14.4. Causas de dissolução parcial (Resolução da sociedade em relação a um 
sócio) 
 
a) Por deliberação dos sócios: de pleno direito 
 
b) Art. 1.028 – Por morte de sócio: 
 Hipótese de dissolução judicial (se os sócios remanescentes recusarem-se à 
proceder à apuração de haveres) ou de pleno direito (quando houver concordância). 
 Liquidar-se-á sua quota, salvo: 
 Se o contrato dispuser diferentemente 
 Os sócios remanescentes optarem pela dissolução total 
 Por acordo com os herdeiros, substituir-se o sócio falecido 
 
c) Art. 1.029 – retirada de sócio: 
 Sociedade com prazo indeterminado: com notificação prévia de 60 dias – 
de pleno direito ou judicial 
 Sociedade com prazo determinado: só provando judicialmente justa causa 
 Art. 1.077 – Na soc. limitada: se divergir da alteração contratual 
deliberada pela maioria, ou fusão/incorporação: judicial ou extrajudicial 
 Art. 1.114: por transformação societária 
 
d) Exclusão de sócio: 
 
 Conforme visto no item 7.6 
 
 
14.5. Liquidação 
 
 21
 À dissolução total segue-se a liquidação, com o objetivo de realização do 
ativo e pagamento do passivo, com partilha do acervo remanescente aos sócios. 
 Na forma do Art. 51, a pessoa jurídica subsistirá para os fins de liquidação, 
até que esta se conclua, porém, com restrições, na forma do Art.1.036; ou seja, a 
gestão se limitará aos negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais 
responderão os administradores e liquidante solidária e ilimitadamente. 
 
 Fases finais: 
 Relatório e prestação final de contas pelo liquidante 
 Deliberação dos sócios em reunião ou por escrito 
 Registro da ata na JC 
 Art. 51, §3º: cancelamento da inscrição da PJ 
 
 Modos de realização: judicial ou extrajudicial, em função da forma de 
dissolução ou da existência ou não de consenso entre os sócios; ou seja, mesmo 
dissolvida de pleno direito, pode o sócio requerer a liquidação judicial (Art. 1.036, 
par.único). 
 
 Legislação: 
 Extrajudicial: CC/02 – Arts. 1.102/1.110 
 Judicial – CC/02 – Arts. 1.111/1.112 c/c CPC/73 - Art. 1.218, VII c/c 
CPC/39 – Arts. 656/674. 
 Art. 1.001: as obrigações do sócios só terminam quando, liquidada a 
sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. 
 
14.6. Apuração de haveres 
 
 À dissolução parcial segue-se a apuração de haveres e reembolso ao sócio 
que se desvincula, pelo valor patrimonial da quota, apurado em balanço 
especialmente levantado na data da resolução (retirada), na forma do Art. 1.031. 
 A liquidação da sociedade em conta de participação rege-se pelas normas 
relativas à prestação de contas, na forma do CPC (Art. 996, parágrafo único),. 
 
14.7. Dissolução de fato 
 
 É irregular, com responsabilidade pessoal e ilimitada dos sócios; suscetível 
de falência (LF – Art. 2º, VII, e 250, III). É o conhecido como “golpe na praça”. 
 
14.8. Extinção 
 
 Dá-se por encerramento da liquidação, por incorporação, fusão ou cisão 
total. 
 
 
 22
SOCIEDADES COLIGADAS E CONTROLADAS. 
 
SOCIEDADES COLIGADAS 
Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são 
controladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes. 
CONTROLADA 
É controlada: 
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas 
deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos 
administradores; 
II - a sociedade cujo controle, referido no item antecedente, esteja em poder de 
outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já 
controladas. 
FILIADA 
Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa 
com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la. 
SIMPLES PARTICIPAÇÃO 
É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possua 
menos de dez por cento do capital com direito de voto. 
PARTICIPAÇÃO RECÍPROCA 
Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de outra, que seja 
sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas, 
excluída a reserva legal. 
Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade 
não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas em 
excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquela 
aprovação. 
Base Legal: artigos 1.097 a 1.101 do Código Civil. 
 
 
 
 
 23
TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO DE 
SOCIEDADES. SOCIEDADES DEPENDENTES DE AUTORIZAÇÃO. 
 
O movimento de globalização pode ser percebido nos mais diversos âmbitos da 
vida no planeta Terra. Essa forte e influente tendência incide diretamente na 
economia. Junto ao crescente desenvolvimento tecnológico, aos movimentos de 
Governança Corporativa e à alta competitividade presente no mundo dos negócios, 
as atividades produtivas estão cada vez mais concentradas em pequenos grupos 
econômicos, para se propiciar a melhor maneira de aperfeiçoar a produção, com 
redução dos gastos e aumento dos lucros, para que assim, as empresas possam 
melhor se adaptar ao competitivo mercado e nele sobreviverem. 
Dentro desta perspectiva traçada é que surge as figuras jurídicas da transformação, 
incorporação, fusão ou cisão no âmbito da reorganização societária com o escopo 
principal de obter maiores vantagens econômica, e até fiscais. No decorrer da vida 
de uma sociedade, ela pode sofrer inúmeras mudanças na sua estrutura, mudanças 
estas que podem lhe alterar a disciplina legal (transformação) ou mesmo dissolvê-
la (fusão, incorporação e cisão). Tais operações não são peculiares apenas às 
sociedades anônimas, podendo envolver qualquer tipo de sociedade. Este artigo 
tem por objetivo apresentar, conceituar, caracterizar as quatro operações societárias 
que estão previstas em nosso ordenamento jurídico brasileiro, principalmente na 
Lei 6.404/76 e no Código Civil de 2002, abordando também as consequências e 
efeitos jurídicos de cada operação que incide sobre a sociedade, sobre os credores, 
e por fim, sobre as questões tributárias. 
1. Operações Societárias 
Operações societárias são as modificações na estrutura, no tipo ou composição de 
uma sociedade empresária, e podem ser de quatro maneiras: a transformação, a 
incorporação, a fusão e a cisão. Segundo FÁBIO ULHOA COELHO, se uma 
operação societária envolver uma sociedade anônima, essa operação deverá ser 
regida pela Lei nº 6.404/76 (LSA) em seus artigos 220 a 234, porém caso a 
operação não envolva sociedades desse tipo, aplicam-se as regras do Código Civil 
de 2002 (arts. 1.113 a 1.122). 
A Lei das Sociedades Anônimas Lei nº 6.404/76 ("LSA") foi formulada para fazer 
às vezes de um Código Societário brasileiro e que, apesar de tratar das S/A’s, 
acabou sendo aplicada (diante da estrutura da nossa legislação que cuidava de 
diversos tipos societários, porém sem lei que os regesse) em diversas matérias que 
diziam respeito a outros tipos societários que buscavam na LSA, a sua disciplina. É 
o caso das operações societárias de transformação, fusão, cisão e incorporação. 
O Novo Código Civil de 2002, na mesma linha de outras codificações como o 
Código Civil Italiano, buscou unificar o direito privado brasileiro, revogando 
 24
expressamente o Código Civil de 1916 e a primeira parte do Código Comercial, 
que tinha por objeto o direito comercial terrestre. 
Entretanto, o legisladorhouve por bem ressalvar a sobrevivência da LSA. Nesta 
matéria, o Novo Código Civil ocupou-se apenas de uma sucinta definição da 
sociedade anônima em seu art. 1.088, e no art. 1.089 dispôs que esse tipo societário 
é regido "por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições 
deste Código". 
O Código Civil destinou, em seu Livro II da Parte Especial - Do Direito de 
Empresa -, um capítulo às operações societárias de transformação, fusão, cisão e 
incorporação. A superveniência das disposições codificadas impõe o 
questionamento sobre a convivência entre as partes do CC e da LSA que regem as 
operações societárias. O caminho a ser seguido pelo operador do direito deverá ser 
o entendimento que não há incompatibilidade absoluta entre a regulação das 
operações de transformação, incorporação, fusão e cisão na LSA e o capítulo em 
análise no CC. esta forma, para compreendermos a matéria deste artigo será 
necessário trabalharmos conjuntamente com o Código Civil e com a LSA. 
2. Objetivos da Reorganização Societária 
Com o objetivo de dar ao empresário as condições necessárias para poder evoluir e 
adaptar seu negócio a novas necessidades que surgem no mercado, é que o Direito 
Empresarial coloca à disposição esses quatro institutos para a reorganização 
societária. Assim, as operações podem ocorrer pelas mais diversas razões, tais 
como: alienação ou aquisição de unidades de negócio, a reorganização de suas 
atividades, ganhos decorrentes de economia de escala, fusões econômicas de 
grupos empresariais, planejamento tributário ou sucessório, expansão para 
absorver clientes, incorporação de novas tecnologias e até como meio de redução 
da concorrência. 
O planejamento tributário tem por escopo a compensação das perdas de uma 
sociedade com os lucros de outra do mesmo grupo, dentro dos limites admitidos 
em lei. Por exemplo, o Imposto sobre a transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e de 
direitos a eles relativos não incide quando decorre de incorporação ou de fusão de 
uma sociedade por outra ou com outra (CTN art. 36). Ainda, no caso da cisão, 
também é possível a transferência de bens imóveis sem a incidência do ITBI. 
Também é comum realizar-se operação societária com o objetivo de viabilizar 
alienação de controle da sociedade (por exemplo: o adquirente aporta capital na 
companhia que, em seguida, é cindida, com a versão do patrimônio correspondente 
aos recursos aportados em favor de sociedade do vendedor). Em outros casos, 
essas operações podem ainda objetivar a ampliação do poder de um grupo de 
empresas no mercado. 
3. Da transformação 
 25
A transformação é o ato por meio do qual a sociedade passa de um tipo para outro, 
independentemente de dissolução e liquidação, como preceitua o art. 1.113 do 
Código Civil e o art. 220 da LSA. Essa operação transforma as características 
societárias, mas não extingue sua individualidade, porque permanece íntegros a 
pessoa jurídica, o quadro dos sócios, o patrimônio, e inclusive, os créditos e 
débitos da sociedade, só que submetida ao novo regime adotado. Podem 
transforma-se todas as sociedades de natureza civil, com ou sem fins lucrativos, 
desde que o contrato assim o preveja ou pelo menos, não o impeça. 
O ato obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição 
características do tipo em que vai transformar-se e em regra, para transformar uma 
sociedade é necessário o consentimento unânime de todos os sócios. Essa 
unanimidade requisitada para a alteração das bases essenciais do contrato advém 
dos direitos individuais dos sócios, intangíveis e imutáveis, e que, por isso, não 
podem ser derrogados por decisão majoritária, a não ser que os sócios tenham 
manifestado previamente sua concordância, fazendo prover a hipótese de 
transformação do tipo societário no ato constitutivo da sociedade (art. 1.114, CC). 
Isso significa que os sócios anteciparam a possibilidade de uma transformação 
societária, e a ela deram sua prévia anuência. Assim, o sócio dissidente da 
transformação, tem o direito de retirar-se da sociedade aplicando-se no silencio do 
contrato social, o disposto no art. 1.031, que exige a liquidação de sua quota, de 
acordo com a situação patrimonial da sociedade, verificada em balanço 
especialmente levantado. 
Segundo HAROLDO MALHEIROS DUCLERC VERÇOSA, são dois os tipos de 
transformação: a pura ou simples, e a constitutiva. A primeira já prevista no ato 
constitutivo, em relação à qual não se dá modificação sensível da estrutura da 
sociedade. A segunda é aquela que surge em decorrência da vontade específica e 
superveniente dos sócios, acarretando alterações substanciais. Do ponto de vista da 
regulação jurídica não há diferença entre uma e outra, aplicando-se a lei a ambos 
os casos. 
A transformação societária possui certas peculiaridades que lhe são inerente, isso 
porque a transformação só se produz entre tipos diversos de sociedade, ao passo 
que as outras operações societárias podem envolver sociedades de mesmo tipo. 
Ademais, a transformação, não extingue a sociedade, ela tão somente “muda de 
roupa”. 
No tocante aos atos constitutivos, a sociedade transformada deve publicá-los no 
Diário Oficial do Estado, onde se encontra sua sede social, ainda que, 
posteriormente, esteja o tipo em que ela se transformou dispensado das publicações 
das demonstrações e de outros atos sociais. 
4.1. As funções e os efeitos da transformação 
 26
A transformação é um ato voluntário, que possui funções tanto no plano interno da 
sociedade, como no plano externo da mesma. Internamente, satisfaz os interesses 
dos sócios que não almejam mais permanecer no tipo societário atual e querem 
modificá-lo. Já no plano externo, a transformação visa atender aos critérios de 
conveniência do mercado, principalmente no que diz respeito ao maior ou menos 
grau de publicidade de seus atos e balanços, bem como alçar com facilidade o 
mercado de capitais, e, assim, possibilitar uma maior captação de recursos por 
meio de emissões de ações, debêntures e, ainda, de negociações com títulos no 
exterior, tais como as ADR´s e outros títulos conversíveis ou representativos de 
recebíveis da sociedade. 
A transformação, como já foi dito, mantém a personalidade jurídica da sociedade, 
alterando somente seus atos constitutivos e também o grau de responsabilidade de 
seus sócios entre si e em relação à sociedade. Tudo isso atinge o interesse de 
terceiros. Contudo, como não se produz nenhuma alteração subjetiva com a 
transformação, apenas a modifica a qualificação jurídica de sua estrutura, os 
débitos e obrigações perante terceiros permanecem intactos na sociedade 
transformada. 
Assim, não há alteração formal nas relações contratuais e extracontratuais da 
sociedade anterior. Isso pode ser verificado até mesmo em relação aos empregados 
pela sociedade. Dispõe o art. 448 da CLT: “A mudança na propriedade ou na 
estrutura da empresa não afetara os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados”. Em relação ao Fisco, também não há sucessão, sendo que os tributos 
são devidos até a data do ato pela pessoa jurídica de direito privado transformada 
(art. 132, CNT). 
Alterações podem ocorrem somente em relação à participação dos sócios, na 
medida em que passam a outorgar direitos diversos, conforme venha dispor o novo 
tipo societário. Da mesma forma, os direitos políticos dos sócios são afetados 
conforme seja o tipo de sociedade adotado, direito esse que se manifestarão por 
procedimentos outros e com efeitos também diferentes na formação da vontade 
social. 
5. Da incorporação 
A incorporação é operação societária por meio do qual uma ou mais sociedades são 
absolvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Para tal 
finalidade, todas as sociedades envolvidas deverão aprovar a medida no seu âmbito 
interno nos termos exigidos pelo regramento de cada tipo societárioenvolvido no 
processo, nos termos do art. 1.116 do Código Civil e também do art. 227 da LSA. 
A incorporação pode ser operada entre sociedades personificadas de tipos jurídicos 
iguais ou entre tipos jurídicos diferentes. A causa da incorporação é a intenção 
válida e eficaz dos sócios das sociedades envolvidas de realocar seus recursos 
 27
patrimoniais e empresariais por meio desse negócio, que afeta a personalidade 
jurídica de uma delas, extinguindo a incorporada. 
As bases econômicas da incorporação deverão ser objeto da elaboração de um 
protocolo que a justifique, no qual deverá conter: os fins e os motivos do ato, o 
interesse de cada companhia em sua realização, as quotas ou ações a serem 
recebidas pelos sócios ou acionistas com a incorporação, a forma de composição 
final do capital da sociedade incorporadora e o valor do reembolso ao qual terão 
direito os sócios ou acionistas dissidentes que desejarem não mais fazerem parte da 
sociedade. Juntamente deverá ser apresentado um projeto para a reforma do 
contrato ou estatuto social da sociedade incorporadora (art. 225, LSA). 
Durante a deliberação favorável à incorporação, é necessário nomear peritos para a 
avaliação do patrimônio líquido das sociedades incorporadas, atendendo ao 
princípio da veracidade do capital social da sociedade incorporadora. Serão feitos 
um laudo para cada sociedade envolvida, obedecendo sempre os mesmos critérios 
para todas elas, a fim de que a comparação seja homogênea. Os critérios podem ser 
os mais diversos, tais como: o valor de mercado da sociedade, os valores contábeis, 
o valor em função da rentabilidade esperada, valor como expressão da cotação das 
ações em Bolsas (para as sociedades anônimas apenas) ou ainda o valor segundo o 
fluxo de caixa descontado. Esses laudos de avaliação patrimonial têm a função de 
inibir a subscrição pela incorporada por valor superior àquele aprovado. 
Se aprovada a incorporação, os administradores deverão praticar todos os atos 
necessários para se concluir a operação, podendo inclusive, fazerem a subscrição 
em bens pelo valor menor que se verificar entre o ativo e o passivo (art. 1.117, 
CC). Após aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extintas 
todas as sociedades que forem incorporadas e promoverá averbação no registro que 
lhe é próprio, conforme prenuncia o art. 1.118 do Código Civil. O ato declaratório 
de absorção importa na criação de novos vínculos societários entre os sócios da 
incorporadora e os antigos sócios da incorporada, agregando-se estes ao quadro 
social daquela. A subscrição do capital da incorporadora com os bens e direitos 
líquidos da incorporada consuma entre as partes envolvidas a incorporação de 
sociedade. Em relação a terceiros, a operação terá validade e eficácia após a 
publicação oficial desses atos. 
Um dos efeitos da incorporação é o aumento do capital da incorporadora, pelo 
valor do patrimônio líquido da incorporada, conforme as avaliações feitas pelos 
peritos. Pode-se citar também como efeito da incorporação a concentração de 
empresas para aumentar a eficácia da atuação da sociedade no mercado, para a 
redução dos custos e o aumento dos lucros. Nesse diapasão, é que os custos 
relacionados com o processo de incorporação devem ser muito bem analisados 
pelos sócios na decisão de incorporação, principalmente ao que diz respeito ao 
direito de recesso dos sócios dissidentes. 
 28
A existência de patrimônio líquido positivo significa que o valor dos bens excede o 
valor as obrigações, é por isso que a Lei das S/A, em seu art. 226, impede a 
incorporação de sociedade com patrimônio líquido negativo, pois isto implicaria na 
redução do capital da sociedade incorporadora, e consequentemente, aumenta o 
risco para os seus credores. Outro caso especial de incorporação regulado pela 
mesma lei supracitada é a incorporação da subsidiária integral da incorporadora, ou 
seja, a primeira é a única acionista da segunda. Estas operações possuem certas 
restrições, previstas na legislação citada e ainda em outros dispositivos 
complementares. 
5.1. Extinção da incorporada 
A extinção das sociedades incorporadas dá-se ex facto da aprovação da subscrição 
de seu patrimônio líquido ao capital da incorporadora. Essa extinção é ex lege, ou 
seja, não demanda quaisquer declarações em assembleia pela incorporadora, visto 
que não tem poderes nem legitimidade para declarar a extinção de outra pessoa 
jurídica, e que tal efeito já é inerente à operação de incorporação. 
Ao extinguirem-se as incorporadas, cessa-se imediatamente a responsabilidade de 
seus sócios. Assim se, por exemplo, ocorrer a citação da sociedade incorporadora, 
só respondem os sócios diretores, gerentes ou representantes desta pelos atos 
praticados com excesso de poderes ou infração da lei ou do contrato social. Ainda 
a sociedade incorporadora é que responde pelos débitos fiscais das sociedades 
incorporadas. 
6. Da fusão 
A fusão constitui negócio plurilateral que tem por finalidade jurídica a integração 
de patrimônios societários em uma nova sociedade. Uma das consequências 
principais desta operação jurídica é a extinção de todas as sociedades fundidas para 
que surja uma nova sociedade (art. 1.119, CC e art. 228, LSA). Os sócios buscam, 
através da fusão, somarem seus recursos patrimoniais e empresariais, afetando, 
assim, a personalidade jurídica de todas as empresas envolvidas. A mudança na 
personalidade jurídica da sociedade é justamente o que diferencia a fusão das 
outras operações societárias. 
O principal efeito da fusão é a independência completa da nova sociedade em 
relação às sociedades extintas, nenhum órgão das últimas é herdado. Os 
patrimônios líquidos das sociedades fusionadas irão constituir o capital social da 
nova sociedade que irá surgir. O negócio de fusão acarreta a sucessão, a título 
universal, de todos os direitos, obrigações e responsabilidades anteriormente 
assumidas pelas sociedades fusionadas, a cargo da nova sociedade. A transferência 
dos patrimônios das sociedades fusionadas dá-se a título de pagamento das quotas 
ou ações subscritas pelos sócios daquelas. A fusão, assim trata-se de um ato 
constitutivo e desconstitutivo ao mesmo tempo, porque agrega os patrimônios das 
 29
sociedades, entretanto leva ao desaparecimento das sociedades fusionadas, porque 
é causa direta de extinção das sociedades envolvidas. 
De acordo com o art. 1.120 do Código Civil, as sociedades que pretendem unir-se 
deverão cada uma delas, tomar a decisão neste sentido na forma estabelecida para 
os respectivos tipos societários. Os administradores das sociedades que pretendem 
a fusão revolverão a respeito dos aspectos negociais e técnicos da fusão, e 
elaborarão um projeto de ato constitutivo da nova sociedade que irá se formar e um 
plano de distribuição do capital social. Tais elementos serão apresentados na 
reunião ou assembleia de sócios das sociedades a serem fusionadas e 
acompanhadas do “protocolo de fusão”, que encerrará as justificativas econômicas 
da medida. Aprovado este protocolo, será necessário fazer a avaliação do 
patrimônio de cada uma dessas sociedades, tarefa esta que ficará a cargo de peritos 
especializados. 
Apresentados os laudos de avaliação pelos peritos, os administradores de cada 
sociedade envolvida convocarão seus sócios para uma Assembleia Geral conjunta, 
em que após analise dos laudos, se resolverá definitivamente sobre a constituição 
da nova sociedade. Se constituída, os novos administradores eleitos farão a 
inscrição dos atos relativos à fusão no registro próprio da sede, conforme 
determina o art. 1.121, CC. 
Assim, resumindo, a fusão se concretiza em duas fases: a primeira, na 
manifestação de vontades das sociedades envolvidas, mediante a celebração dos 
documentos preliminares que consubstanciam o consentimento de todas, e em 
segundo, a consumaçãose dá pela deliberação soberana da Assembleia Geral. A 
constituição da nova sociedade consuma o negócio da fusão, que desde logo, é 
eficaz em relação a seus sócios. Contudo, quanto a terceiros e aos sócios ausentes, 
o negócio apenas terá eficácia depois de cumpridos os trâmites da publicidade, do 
arquivamento dos atos constitutivos no Registro de Comércio e da publicação no 
Diário Oficial e em jornal de grande circulação. 
 Há algumas espécies de sociedades que são submetidas a regime especial para o 
caso de fusão, como as empresas estrangeiras que somente poderão fazê-la com 
prévia autorização do governo, do mesmo modo, acontece com as empresas de 
seguros. 
Entre os objetivos específicos da fusão, pode-se destacar: a racionalização da 
produção, a adoção dos progressos tecnológicos, a reorganização das estruturas e a 
maior facilidade em evitar a concorrência. A fusão das empresas também pode ter 
como objetivo conseguir recursos para seu próprio crescimento, recursos tais como 
novos equipamentos, clientela, pessoal, entre outros, ou ainda aumentar a 
dimensão da empresa através da incorporação de filiais comuns no seio do grupo. 
 
 30
7. Da cisão 
A cisão é a operação societária por meio da qual uma sociedade transfere parcelas 
do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, tanto constituídas especialmente 
para tal fim como já anteriormente existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, 
se houver versão de todo seu patrimônio, ou dividindo-se seu capital, se for parcial 
a versão. Embora a cisão seja mencionada no Capítulo X do Título II do Livro 
“Direito de Empresa” da parte especial do Código Civil, o legislador não a atribuiu 
tratamento específico. Somente no art. 1.122 há menção ao instituto da cisão, 
resguardando os direitos dos credores em caso de realização desta operação. A 
cisão é definida na LSA em seu art. 229, que embora, se refira diretamente às 
companhias de capital aberto, serve perfeitamente para dar as diretrizes básicas 
deste instituto para qualquer tipo societário que almejar utilizá-lo. 
A cisão ocorre por meio de transferência de parcelas do patrimônio, ou seja, de 
ativos e de passivos. Consequentemente, a sociedade que absorver parcela do 
patrimônio de sociedade cindida, irá suceder-se-á esta em todos os direitos e 
obrigações relacionadas ao ato da cisão. Se caso ocorrer a extinção da sociedade 
cindida, as sociedades que absorverem parcelas de seu patrimônio, responderão 
solidariamente pelas obrigações da sociedade extinta. No caso de cisão parcial, a 
sociedade cindida subsiste e aquelas que absorverem parcelas do seu patrimônio 
respondem também solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão, 
conforma disposto no art. 229, §1º, c/c art. 223, caput da Lei das S/A. 
A causa principal da cisão é a repartição da participação dos sócios em sociedades 
novas ou já existentes, com o objetivo de racionalizarem essa participação no 
capital da sociedade cindida, visando à harmonização de interesses individuais por 
vezes conflitantes, que poderiam levar a dissolução da sociedade. Um dos 
objetivos principais é a obtenção de economias de escala, através da junção ou 
disjunção de divisões de empresas diversas. A natureza do negócio de cisão é 
parecida com o que ocorre nos negócios de fusão e incorporação, onde a 
transferência de patrimônio acontece a titulo de pagamento das ações ou quotas 
subscritas pelos sócios ou acionistas. 
Podem ocorrer diversas formas de cisão, a saber: a) uma sociedade pode cinde-se 
totalmente, formando duas novas sociedades; b) uma sociedade cinde-se 
totalmente, passando parte do seu patrimônio para uma sociedade nova e outra para 
uma sociedade já existente; c) uma sociedade cinde-se parcialmente, passando 
parte do seu patrimônio para uma ou mais sociedades novas e/ou existentes e ainda 
d) duas sociedades cindem total ou parcialmente, cruzando seus patrimônios em 
sociedades novas e/ou em sociedades já existentes. 
A doutrina confere à cisão a seguinte classificação: 
- cisão pura: a sociedade cindida sofre divisão do seu patrimônio em duas ou mais 
sociedades novas e se extingue. 
 31
- cisão-absorção: a sociedade cindida divide seu patrimônio em duas ou mais 
parcelas, que serão incorporadas em sociedades já existentes, extinguindo-se em 
seguida. 
- falsa cisão ou cisão parcial: a sociedade divide seu patrimônio, destinando parte 
ou partes dele a uma ou mais sociedades existentes ou novas, sobrevivendo ao 
processo, ou seja, não se extingue. 
- cisão-holding: a sociedade divide seu patrimônio entre duas ou mais sociedades, 
da quais se manterá controladora, mudando seu objeto para o de “holding pura”, 
ou seja, sua atividade social consistirá tão somente no gozo das participações 
societárias de que é titular. 
As modalidades de cisão são limitadas pelas necessidades operacionais e 
econômicas a serem alcançadas. Não pode a cisão prestar-se se escudo através do 
qual os sócios majoritários escondam-se para lograr sócios minoritários, credores, 
empregados e a Fazenda Pública. E menos ainda, para utilizar tal operação como 
ocultação ou lavagem de dinheiro ou de bens. 
Na cisão total, a personalidade jurídica da sociedade sofre afetação, porque esta se 
extingue. Já na cisão parcial a personalidade jurídica permanece inalterada, sendo 
que apenas o seu patrimônio é afetado. Na cisão parcial, todos os direitos, 
obrigações e responsabilidades referentes ao patrimônio transferido são assumidos 
pelas sociedades beneficiárias. Um dos efeitos da cisão é a criação de novos 
vínculos societários, que são totalmente autônomos em relação aos antigos. 
Nos casos de cisão total deverá existir uma manifestação de vontade unilateral da 
sociedade consubstanciada no protocolo de cisão. Enquanto que na cisão parcial o 
protocolo só constituirá manifestação unilateral de vontade quando a sociedade 
beneficiada tiver de ser constituída. Caso a sociedade já exista, o protocolo será 
bilateral, de natureza pré-contratual, entre a sociedade cindida e a beneficiária. 
Efetivada a cisão com extinção da sociedade cindida, os administradores deverão 
proceder a arquivamento e a publicação dos atos da operação. Sendo parcial a 
cisão, caberá aos administradores da sociedade cindida e aos da que vier a absorvê-
lo providenciar o cumprimento destes mesmos atos. 
A cisão pode-se ser considerada um negócio sui generis de constituição de nova 
sociedade ou para o aumento do capital de sociedade existente, podendo ter 
diversas funções. Uma delas é a divisão do patrimônio entre os sócios, com o 
objetivo de acomodar os interesses individuais dos mesmos. Assim, o quadro 
acionário é dividido entre as sociedades resultantes do negócio de cisão, mesmo a 
própria sociedade cindida, com remanescente do seu patrimônio. 
Outra função da cisão, de natureza mais objetiva, é voltada para a racionalização e 
expansão da empresa, porque a cisão pode ser instrumento tanto de concentração 
 32
quanto de desconcentração de empresas. Esse fracionamento tem como objetivo 
aumentar a produtividade e a competitividade da empresa no mercado, pois a 
redução de custos reflete diretamente no preço de bens e de serviços. Por isso, a 
cisão é um instrumento estratégico eficiente. 
Um diferencial do negócio de cisão é que não é a sociedade cindida que subscreve 
o capital inicial ou o capital de aumento das sociedades, mas sim seus sócios e 
acionistas, através de uma transposição de direitos patrimoniais. 
10. Proteção aos credores 
As operações societárias podem prejudicar os direitos dos credores das sociedades 
envolvidas, na medida em que o patrimônio da sociedade passa a suportar um 
concurso de mais credores, podendo prejudicar a preferência que o credor possuía, 
ou até dificultar o recebimento de seu crédito, por representar uma redução da 
liquidez da sociedade, principalmentena incorporação e na fusão. Em função 
disso, a lei protege os interesses dos credores, assegurando-lhes faculdades em 
defesa dos seus direitos. 
Leciona FÁBIO ULHOA COELHO que, os efeitos das operações societárias 
relativamente aos direitos dos credores das sociedades envolvidas variam de 
acordo com a natureza do crédito. Assim, quando se trata de crédito trabalhista, 
tributário ou titularizado pelo INSS, o regime jurídico correspondente confere ao 
credor garantias para que a transformação, incorporação, fusão ou cisão da 
sociedade devedora não o prejudique. Se se tratar de crédito civil, os direitos dos 
credores variam de acordo com a operação realizada, sendo disciplinado, então, 
pela legislação societária. Contudo, em ambas as situações, um fato é comum e 
concreto, nunca se prejudica os direitos do credor. 
A transformação, como enuncia o art. 1.115 do Código Civil e o art. 222 da LSA, 
“não modificará nem prejudicará, em qualquer caso os direitos dos credores”. A 
sociedade empresária, cujo tipo se alterou, continua a mesma pessoa jurídica, ou 
seja, sua personalidade jurídica não é afetada, portanto a transformação não altera 
em nada a titularidade dos direitos e obrigações contraídas. Dessa forma, o credor 
da sociedade continua titularizando perante esta o mesmo crédito após a conclusão 
da transformação, e mais, ele tem, relativamente à satisfação do crédito, as mesmas 
garantias oferecidas pelo tipo societário anterior a transformação, principalmente 
no que diz respeito à responsabilidade subsidiária ou solidária dos sócios. 
O renomado doutrinador supracitado exemplifica: “se uma sociedade limitada, de 
capital não inteiramente integralizado, é transformada em anônima, os acionistas 
são, para fins de atendimento dos credores anteriores à transformação, solidários 
pelo pagamento do preço de emissão das ações, uns dos outros, até completar-se a 
integralização do capital social”. A responsabilidade dos sócios em relação à 
falência está disciplinada no parágrafo único do mencionado art. 1.115, o credor 
anterior à transformação poderá requerer que lhe seja assegurado o seu crédito, 
 33
mantendo a responsabilidade dos sócios nos termos do contrato existente à época 
da constituição da obrigação. 
Na incorporação, a incorporadora sucede a incorporada em todos os direitos e 
obrigações (art. 1.116, CC e art. 227, LSA) e na fusão, a sociedade resultante da 
operação é sucessora das originárias (art. 1.119, CC e art. 228, LSA). Nestes dois 
tipos de operações societárias, o credor da sociedade extinta (por absorção ou 
união) exerce o direito de crédito contra a incorporadora ou a nova sociedade 
resultante da fusão. Se este não ficar satisfeito com a iminente situação, por supor 
que a garantia a seu crédito não é a mesma, o credor poderá pedir a anulação 
judicial da operação. O seu prazo será de 60 ou 90 dias, conforme o regime 
jurídico aplicável à operação (art. 1.119, CC e art. 232, LSA). Após esse prazo, 
fica prescrito o direito do credor. 
FÁBIO ULHOA COELHO cita como exemplo: se “a sociedade incorporadora 
possuir ativo inferior ao passivo, o credor da incorporada terá a garantia 
patrimonial de seu crédito reduzida, já que o patrimônio líquido da sucessora será 
forçosamente menor que o da sociedade absorvida”, assim, o credor terá 
legitimidade para pleitear em juízo a anulação da incorporação. 
Na cisão, a sucessão deve ser negociada entre as sociedades participantes da 
operação. Desse modo, cada sociedade responde, após a cisão, pelas obrigações 
que lhe forem transferidas. Se caso os documentos da cisão total forem omissos em 
relação à certa obrigação cindida, cada uma das sociedades para as quais foram 
vertidos os bens desta, respondem na proporção do patrimônio recebido (art. 229, 
§1º, LSA). Essas são, contudo, regras para a disciplina de eventual regresso. 
O credor da sociedade parcialmente cindida continua podendo demandá-la, a 
despeito da distribuição de passivo negociada na cisão. De fato, para proteger os 
interesses dos credores cíveis da cindida, estabelece a lei, a solidariedade entre as 
sociedades participantes da operação. No caso de cisão total, as sociedades para as 
quais os bens da cindida forem vertidos são solidárias, pelas obrigações da pessoa 
jurídica extinta (art.233, caput, LSA). Na parcial, a sociedade cindida e aquela para 
a qual verteu bens respondem solidariamente pelas obrigações da primeira, 
anteriores à cisão. A estipulação, nos instrumentos da cisão, de que a sociedade 
para a qual houve versão patrimonial não responde pelas obrigações expressamente 
transferidas não é eficaz contra o credor da cindida, que nos 90 dias seguintes à 
publicação dos atos da cisão opuser-se a ressalva da solidariedade (art.233, caput e 
parágrafo único, LSA). Se a cisão não envolve sociedade anônima, o credor 
prejudicado poderá pleitear a anulação da operação no prazo de 90 dias (art.1.122, 
CC). Se a sociedade anônima emitiu debêntures, a sua incorporação, fusão ou cisão 
depende da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especial, a 
menos que lhes seja assegurado, nos seis meses seguintes à operação, o resgate do 
valor mobiliário (art.231, LSA), pois estes não são outra coisa senão também 
credores da sociedade. 
 34
11. O direito de recesso 
O direito de recesso, também denominado de dissidência do sócio ou direito de 
retirada, é a garantia legal concedida ao sócio ou acionista minoritário, que 
insatisfeito com as decisões tomadas em assembleia pelos sócios controladores, 
pode se retirar da sociedade, recebendo o reembolso corresponde ao valor de suas 
quotas ou ações. É válido ressaltar que é um direito que o sócio ou acionista pode 
exercer nos casos em que taxativamente a legislação prevê, não é meramente 
discricionário. 
Este se justifica no princípio do affectio societatis, que reúne pessoas físicas ou 
jurídicas na execução de um empreendimento lucrativo comum, delimitado pelo 
objeto social. O direito de recesso foi concebido como mecanismo destinado à 
preservação da empresa e simultaneamente a possibilitar a retirada dos sócios 
discordantes das deliberações da assembleia. No tocante às características e a 
natureza jurídica deste instituto, cabe assinalar que o direito de recesso reflete a 
permanente tensão existente entre os interesses individuais do sócio e as 
necessidades de desenvolvimento da empresa. O direito de recesso surge como 
uma das modalidades do direito individual e essencial do sócio ou acionista, do 
qual não pode ser privado pelo contrato ou estatuto social, e nem pela assembleia 
geral, quando a lei expressamente o concede. 
Dentro do tema tratado por este artigo, a Lei das Sociedades Anônimas em paralelo 
ao Código Civil de 2002, permitem o exercício do direito de recesso, dentro de 
certas limitações, às operações societárias. 
Na transformação, a deliberação para aprovação depende da vontade unânime dos 
sócios ou acionistas na maioria das vezes, afastando a possibilidade de dissidência 
do sócio descontente. A única hipótese existente é quando tal operação societária já 
era prevista no contrato ou estatuto social, e a maioria societária ou controlador 
podem sozinhos, mudar o tipo societário. Neste caso, os membros que discordarem 
da transformação têm o direito de retirada como prenuncia o art. 221 da LSA. No 
contrato social da sociedade limitada, os sócios podem renunciar ao direito de 
recesso, ao estipularem a possibilidade de transformação da sociedade em 
anônima. Se a limitada se transforma em qualquer outro tipo de sociedade, que não 
em anônima, a operação submete-se à regência do Código Civil, cujo texto 
normativo não prevê renúncia de tal direito. 
As operações de incorporação e de fusão, em geral, concedem ao sócio dissidente 
o direito de retirada. Nas sociedades anônimas, o acionista insatisfeito com a 
operação jurídica

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