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TERAPÊUTICA FELINA RESUMO

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TERAPÊUTICA FELINA
A maioria dos casos de intoxicações e/ou reações adversas, que acontece nos felídeos, são resultantes do desconhecimento das diferenças de metabolização hepática e da estrutura da hemoglobina dos gatos, ou da escolha inadequada das apresentações farmacêuticas dos medicamentos como, por exemplo, cápsulas e comprimidos grandes, de difícil administração, ou de soluções parenterais extremamente concentradas. 
Gatos são mais seletivos e sensíveis aos odores e paladares não familiares que os cães e alguns não aceitam a medicação misturada aos alimentos ou em líquidos. Salienta-se também, que muitos proprietários não estão habituados ou não apresentam habilidade para administrar fármacos a seus gatos, sendo comum administração incorreta de fármacos, resultando em concentrações plasmáticas inferiores às desejadas. Portanto, os veterinários devem simplificar os tratamentos, evitando medicações desnecessárias e selecionando a via de administração e frequência em função da prática e disponibilidade do proprietário e da tolerância do paciente.
Felídeos não aceitam prontamente cápsulas e comprimidos e rejeitam a medicação misturada à ração, devido à capacidade acentuada desses animais em diferenciar sabores, os gatos geralmente não gostam de sabores adocicados e quando não apreciam o sabor do medicamento, salivam profusamente na administração de formas líquidas. A concentração das soluções líquidas deve ser de tal forma que permita uma administração que não ultrapasse 2 ml por vez. Deve-se ter muita cautela também, quando se optar pela medicação tópica em gatos, pois eles possuem o hábito de se lamberem, podendo acarretar ingestão de drogas e possível intoxicação.
Deve-se considerar também a diminuição do volume total de água corporal, gatos desidratam mais fácil que cães quando doentes, o que pode levar a um aumento da concentração plasmática do fármaco. A diminuição da ligação com proteínas plasmáticas, principalmente a albumina, pode aumentar a velocidade de distribuição do fármaco e sua meia-vida plasmática.
PARTICULARIDADES
A reação mais importante de biotransformação de medicamentos nos mamíferos é a conjugação desses fármacos com o ácido glicurônico, o gato apresenta uma deficiência relativa na conjugação com o ácido glicurônico em razão das concentrações extremamente baixas de algumas enzimas glicuronil transferases. Dessa maneira, muitos fármacos que são metabolizados por essa via apresentam uma meia vida prolongada em gatos. Doses muito elevadas podem levar a concentrações tóxicas, causando respostas farmacológicas exacerbadas ou intoxicações. Os compostos contendo fenois (hexaclorofeno), ácidos aromáticos (ácido salicílico) ou aminas aromáticas (acetominofeno) são os principais exemplos de fármacos que têm eliminação prolongada em gatos. A conjugação com o Sulfato, em gatos, parece ser bem desenvolvida.
As hemoglobinas felinas contêm em sua estrutura de oito a vinte grupos sulfidril oxidáveis, enquanto que as demais espécies apresentam no máximo quatro, logo, por terem mais grupos sulfidril para serem mantidos num estado reduzido, na presença de um agente oxidante, os felinos se demonstram mais susceptíveis a ação de certas drogas que tenham essa capacidade. Alguns fármacos específicos levam a reações adversas na hemoglobina do eritrócito felino, causando oxidação e levando a um quadro de metahemoglobinemia, sendo essa incapaz de transportar oxigênio. Esses fármacos incluem antissépticos urinários que contêm azul de metileno, acetaminofeno, benzocaína e propiltiouracil.
FÁRMACOS NÃO RECOMENDADOS
Paracetamol ou Tylenol®
Fármaco com propriedades analgésicas e antipiréticas, que geralemte é metabolizado diretamente pela reação do ácido glicurônico e rapidamente removido do organismo antes que cause lesão, mas em gatos devido a deficiência na glicuronização e rápida saturação da via de sulfatação, boa parte da droga é desviada para a fase da 1 da biotrasformação que culmina com a formação de um metabólito tóxico reativo, o N-acetil-p-benzoquinona, que ao se acumular provoca lesão oxidativa hepatocelular e à hemoglobina (Metahemoglobinemia, corpúsculos de Heinz e hemólise). 
Outros AINE’s
Alguns outros AINE são potencialmente tóxicos para os felinos, tais como o Ibuprofeno, Fenilbutazona, Ácido mefenâmico, Nimesulida e Naproxeno. Tendo os gatos baixa tolerância a esses medicamentos e provocando vômito, diarreia, dores abdominais, úlceras e perfurações em trato digestório, e até insuficiência renal, o ibupreno já foi associado a sinais neurológicos. 
Benzocaína ou Gingilone®
Anestésico local de uso tópico, seu uso em gatos está associado ao desenvolvimento de metahemoglobinemia, após a administração tópica para a dessensibilização da laringe, com a finalidade de facilitar a intubação traqueal, ou para controle do prurido em pele ou orelhas.
Benzoato de benzila
É utilizado no tratamento de escabiose e pediculose na medicina humana sob as formas de loção e sabonete. O benzoato de benzila não é indicado para gatos, pois acarreta dor abdominal, vômito e diarreia, hiperexcitabilidade e convulsões.
Azul de metileno e Fenazopiridina 
Medicamentos com ação antisséptica e analgésica das vias urinárias, mas que são contra indicado para gatos, ocorrendo com seu uso, oxidação irreversível da hemoglobina que leva a formação de corpúsculos de Heinz e hemólise intravascular, provocando anemia aguda.
Enemas de Fosfato de sódio ou Fleet enema
São medicamentos utilizados como catárticos, que atuam provocando aumento da osmolaridade do lúmen intestinal e consequente influxo de água para essa região. A intoxicação grave ocorre em gatos com soluções à base de fosfato de sódio por meio da absorção pela mucosa retal. Isso está relacionado ao desenvolvimento de hiperfosfatemia, hipocalcemia e hipernatremia. As análises laboratoriais demonstram hipernatremia, hiperfosfatemia, hipocalemia, hiperglicemia, acidose metabólica, hipovolemia e hiperosmolaridade.
Cisplatina
Antineoplásico para tratamento de neoplasias diversas. Não deve ser utilizado em gatos por não existir dose segura e efetiva estabelecida para essa espécie, causando toxicidade pulmonar espécie-especifica e dose-dependente. Apesar de ser letal através da administração intravenosa, a cisplatina pode ser administrada com sucesso na forma intrelesional.
FÁRMACOS DE USO COM CAUTELA
Ácido acetilsalicílico ou Aspirina®
O ácido acetilsalicílico e outros salicilatos são eliminados como conjugados glicuronatos e sua meia-vida plasmática e eliminação são prolongadas. A meia-vida plasmática da aspirina é dose-dependente, sendo que uma única dose de 25 mg/kg em gatos apresenta meia-vida de 44 horas, enquanto que em cães é de apenas 7-8 horas. Gatos por serem relativamente deficientes em glicuronil-transferase, enzima responsável pela conjugação de salicilato com ácido glicurônico, logo, a depuração hepática nesses animais é bastante prolongada. O protocolo recomendado para gatos consiste na diminuição da dose e aumento do intervalo de administração, 10,5 mg/Kg a cada 48 horas. As principais alterações geradas são os distúrbios hidroeletrolíticos com acidose metabólica e alcalose respiratória.
Analgésicos opióides 
Os opióides são pouco utilizados em gatos, devido à ocorrência de variados graus de sedação, acarretando tempos de recuperação imprevisíveis, e dependendo da dose, do agente e do fármaco, pode haver excitação ou depressão nos felinos. A morfina é um opióide seguro em doses baixas, o uso de doses elevadas para gatos causa medo, excitação, e loucura, também podem ser observados espasmos tônicos, ataxia e morte. A meperidina apresenta metabolismo mais rápido e analgesia adequada a doses de 3-5 mg/kg IM. O butorfanol é um opióide sintético que provoca analgesia e sedação sem depressão do sistema cardiopulmonar ou da temperatura corporal. O uso de adesivos transdérmicos, que liberam quantidades controladas de fentanil durante 72 horas, são empregados com sucesso para o controle da dor crônica, moderada a grave,com poucos efeitos colaterais, o adesivo recomendado para gatos é o de liberação de 25µg de fentanil por hora e deve ser colocado em local sem pelo e com pouco movimento.
Cloranfenicol
É um antibiótico, que contrariamente aos cães, mais de 25% da droga é excretada inalterada na urina do gato, em decorrência da capacidade reduzida dos gatos de realizar a glicuronidação. Essa diferença no metabolismo resulta em esquema de dosagem bem diferente para essa espécie, e cautela na utilização, devido a meia-vida plasmática elevada nessa espécie e dose-dependente. Atualmente, o cloranfenicol é provavelmente a droga de primeira escolha apenas contra infecção bacteriana nas câmaras oculares em pequenos animais. Há opiniões mistas quanto ao fato de o cloranfenicol ser a droga de escolha contra infecções no SNC, mas ele atinge altas concentrações nesse sistema. Vale ressaltar ainda que gatos são mais sensíveis aos efeitos hematopoiéticos do cloranfenicol, como discrasias sanguíneas (se o tratamento ultrapassar 7 a 10 dias) e depressão de medula óssea.
Estreptomicina
Em doses terapêuticas podem causar em gatos náusea, salivação, vômito e ataxia. Em doses elevadas inquietude, dispneia e perda da concentração. Em tratamento prolongado há lesão no 8º nervo craniano, resultando em nistagmo e desequilíbrio, usualmente reversíveis, entretanto a surdez é irreversível. A estreptomicina pode causar também bloqueio neuromuscular em gatos, por isso, sua utilização deve ser evitada. O gato é particularmente sensível aos efeitos ototóxicos dos aminoglicosídeos, também ocorrem neurotoxicidade, revelada em insuficiência respiratória e nefrotoxicidade.
Enrofloxacina
Relatos sugerem a predisposição de degeneração (atrofia) de retina induzida por fluorquinolonas em gatos, como consequente cegueira. Alguns fatores tais como grandes concentrações plasmáticas do fármaco, infusões rápidas, tratamento prolongado, gatos idosos, exposição a luz UVA, o cúmulo do metabólito ou fármaco e eliminação reduzida podem aumentar a chance de toxicidade. Uma opção da substituição da enrofloxacina é o uso de marbofloxacina (menor efeito tóxico).
Iodo
Compostos a base de iodo pour on podem levar a intoxicação em gatos pelo hábito desses animais de higiene por lambedura. O tratamento de feridas em gatos com antissépticos polivinilpirrolidona-iodo (povidine tópico e tintura) na concentração a 1% e 10% causam irritação e necrose tecidual. Assim sendo, é aconselhável uma diluição, para a obtenção de uma solução polivinilpirrolidona e iodo de 0,1% a 0,5%.
Organofosforados
Presentes principalmente em coleiras contra pulgas à base de diclorvós ou outros produtos, podendo afetar o sistema nervoso por inibir a acetilcolinesterase na junção neuromuscular, resultando no excesso de acetilcolina e prolongada despolarização da membrana pós-sináptica, sendo gatos mais sensíveis e suscetíveis aos efeitos tóxicos dos organofosforados.
Propofol e Dipirona 
Os gatos são muito sensíveis aos derivados de compostos fenólicos, em função da difícil conjugação com o ácido glicurônico, além da rápida saturação do mecanismo de detoxicação com sulfato. As reservas de sulfato no organismo são limitadas e facilmente exauridas e a retenção de compostos fenólicos não-metabolizados leva ao acúmulo de quinonas tóxicas, que inibem a respiração mitocondrial, resultando na formação de grandes quantidades de metahemoglobina. Dipirona apresenta metabolismo mais lento.
Azatioprina
Agente imunossupressor, cuja sensibilidade e efeitos adversos observados com o uso desta droga podem ocorrer devido à deficiência em seu metabolismo, sendo os gatos mais sensíveis aos efeitos do fármaco sobre a medula óssea.
Diazepam
Necrose hepática aguda idiopática fatal tem sido associada ao uso de diazepam em gatos, porém, esse possível efeito adverso é raro e avaliação das enzimas hepáticas é recomendável após 5 dias da introdução da droga, sendo que esse efeito parece ser causado pelo seu metabólito nordiazepam.
Cetamina
Felídeos: excreção renal na forma ativa (Norcetamina) – cuidar com nefropatas - meia vida prolongada.

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