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1 Texto 02: ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Ao reconhecermos as mudanças de paradigma, nossas percepções são ampliadas para que possamos ver o nosso mundo de um novo ponto de vista. Não significa que nossas antigas percepções ou as nossas novas percepções são as percepções certas ou erradas: somente agora podemos ver que existem maneiras diferentes de resolver os problemas. Joel. A. Barker A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA – ÊNFASE NAS TAREFAS A administração científica representa uma primeira aproximação teórica aos estudos da administração empresarial. Localizou-se inicialmente no plano do trabalho individual de cada operário tomado isoladamente. Até então, a escolha do método de trabalho era confiada ao próprio operário que se baseava na sua própria experiência pessoal anterior para definir como iria realizar as suas tarefas. Assim despertou- se uma profunda disparidade de métodos de trabalho, nas indústrias americanas, o que dificultava a supervisão, o controle e a padronização de utensílios e ferramentas de trabalho. TAYLORISMO Frederick Winslow Taylor, oriundo de uma família com antecedentes puritanos e quackers, foi educado segundo princípios rígidos através de uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Iniciou sua carreira como operário na Midvale Steeel Co., passando a capataz, contramestre, chefe de oficina até chegar a engenheiro, quando se formou no Stevens Institute. Taylor constantemente se estarrecia com a ineficiência dos trabalhadores, que eram propensos a “pegar leve”. Acreditava que o trabalhador produzia um terço de suas possibilidades. Assim, Taylor dispôs- se a corrigir essa situação aplicando o método científico a trabalhos no “chão de fábrica”. Tirou do operário o direito de escolher a maneira pessoal de executar a tarefa e impôs um método planejado e estudado por um profissional especializado no planejamento das tarefas. Esta organização racional do trabalho operário procurava localizar o método The Best Way, pelo qual o operário poderia se tornar eficiente. 1º Período de Taylor: Corresponde à época da publicação do seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), 1903, sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio dos estudos de tempos e movimentos. A essência deste primeiro período diz que: 1. O objetivo da Administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção. 2. Para realizar este objetivo, a administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris. 3. Os empregados devem ser cientificamente colocados em seus postos com materiais e condições de trabalho adequados para que as normas possam ser cumpridas. 4. Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para que a produção normal seja cumprida. 5. A administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores, para garantir a permanência desse ambiente psicológico. Taylor partiu da aplicação dos princípios tecnológicos de sua época ao trabalho manual, procurando aplicar às operações manuais os mesmos princípios que os projetistas aplicavam às operações das máquinas no século XIX. Para isso, identificou o trabalho a ser feito, decompondo em suas operações individuais, designou a maneira certa de realizar cada operação e reuniu as operações na seqüência em que poderiam ser realizadas com rapidez e economia de tempo e movimentos. O método cartesiano está na base desse raciocínio. Taylor descobriu na Midvale Steel Co., na Pensilvânia, a origem de sua decisão de melhorar a eficiência na fábrica. Na ocasião, não havia conceitos claros sobre as responsabilidades do trabalhador e da 2 administração. Não existia padrão para o trabalho eficaz, os operários trabalhavam devagar propositalmente. As decisões da administração eram baseadas no “desconfiômetro”, no palpite e na intuição, os trabalhadores eram designados para os cargos, com pouca ou nenhuma preocupação pela adequação de suas habilidades e aptidões às tarefas que deveriam executar. O pior era que a administração e os trabalhadores se encontravam em permanente conflito. Taylor procurou criar uma revolução mental entre os trabalhadores e a administração, definindo diretrizes claras para melhorar a eficiência da produção. Definiu os princípios de administração, ou seja, uma ciência que substitui o velho método de regra empírica, de cada atividade que o trabalhador execute. 1. Selecionar cientificamente e depois treinar, ensinar e desenvolver o trabalhador; 2. Cooperar sinceramente com os trabalhadores, para garantir que todo o trabalho seja realizado conforme os princípios da ciência que foi desenvolvida; 3. Dividir o trabalho e a responsabilidade da maneira mais igualitária possível entre a administração e os trabalhadores. Provavelmente o exemplo mais citado de administração científica foi o experimento de Taylor com lingotes de ferro, pesando 25 quilos cada um, que eram carregados pelos trabalhadores em vagonetes. Sua produção diária média era de 12,5 toneladas. Taylor acreditava que a análise científica da tarefa para determinar a melhor maneira de carregar os lingotes de ferro poderia aumentar a produção em cerca de 47 ou 48 toneladas por dia. Inciou seu experimento procurando um sujeito fisicamente forte que atribuísse grande valor ao dinheiro. O indivíduo escolhido foi um imigrante holandês, a quem chamou de Schmidt que, com os demais carregadores, ganhava 1,15 dólar por dia, o que mal dava para uma pessoa sobreviver. Taylor ofereceu a ele 1,85 dólar por dia se ele fizesse exatamente aquilo que ele dissesse. Usando o dinheiro para motivar Schmidt, Taylor passou a ordenar que ele carregasse os lingotes de ferro, alternando diversos fatores do trabalho para verificar o impacto que as mudanças teriam na produção diária de Schmidt. Em alguns dias, por exemplo, Schmidt deveria erguer o lingote dobrando os joelhos; em outros, deveria manter as pernas retas e usar as costas. Taylor experimentou períodos de descansos, velocidade dos passos, posturas para carregar e outras variáveis. Depois de um longo período ensaiando cientificamente várias combinações de procedimentos, técnicas e ferramentas, Taylor conseguiu obter o nível de produtividade que ele julgava possível, 48 toneladas. Designando a pessoa certa para o trabalho, com ferramentas e equipamentos corretos, fazendo o trabalhador seguir exatamente suas instruções e motivando-o pelo incentivo econômico de um salário diário significativamente mais alto. Taylor, utilizando técnicas de administração científicas, definiu a melhor maneira de fazer cada trabalho. Selecionava e treinava o trabalhador para executar atividade da melhor forma. Para motivar os trabalhadores, eram favoráveis os planos de incentivo salarial. Assim, Taylor obteve melhorias constantes na produtividade, na faixa de 200% ou mais. E reafirmou o papel dos gerentes de planejar e controlar e o dos trabalhadores de executar conforme fossem instruídos a fazer. 2º Período de Taylor: Corresponde à publicação do seu livro Princípios de Administração Científica (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho deveria ser acompanhada de uma reestruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Taylor acreditava que as indústrias de sua época padeciam de três males. 1. Vadiagem Sistemática dos operários, que reduziam a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução de tarifas de salários pela gerência. Causas determinantes da vadiagem no trabalho:Engano disseminado entre os trabalhadores,de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego de operários;Sistema defeituoso de Administração que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de proteger seus interesses pessoais;Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo. 3 2. Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para a sua realização. 3. Falta de uniformidade das técnicas e métodos de trabalho. A implantação da Administração Científica deveria ser gradual e obedecer a um período de quatro a cinco anos, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejudica os patrões. Os quatro princípios da Administração Científica de Taylor são: Princípio do Planejamento Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empiríco-prática por métodos baseados em procedimentos científicos. O planejamento é uma responsabilidade da gerência e não do trabalhador. Este é responsável apenas pela execução da tarefa. Princípio do Preparo Selecionar cientificamente os trabalhadores, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor. No passado, o próprio trabalhador escolhia o seu trabalho e a maneira de executá-lo e treinava a si mesmo como podia. A seleção de pessoal e o treinamento são incumbências da gerência. Princípio do Controle Controlar o trabalho para se certificar de que ele está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. O controle deve focalizar as exceções ou desvios padrões. O que ocorre dentro dos padrões normais não deve ocupar em demasia a atenção do gerente. A gerência deve verificar as ocorrências que se afastam dos padrões para corrigi-las adequadamente. Princípio da Execução Distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades para que a execução do trabalho seja mais disciplinada possível. Mesmo com sua atitude pessimista a respeito da natureza humana, Taylor considerava o operário como irresponsável, vadio e negligente, se preocupando em criar um sistema educativo baseado na intensificação do ritmo de trabalho em busca da eficiência empresarial. Desenvolveu a idéia da maximização da eficiência industrial com base na maximização da eficiência de cada uma das tarefas elementares: a melhoria da eficiência de cada operário provoca a melhoria em toda a empresa. Para enfatizar a eficiência, Taylor destacou outros princípios secundários, até então pouco considerados em sua época. Princípios Secundários para enfatizar a eficiência Análise do trabalho e estudo de tempos e movimentos Para eliminar movimentos inúteis e racionalizar o trabalho do operário e com isso estabelecer o método ideal de trabalho, ou seja, a melhor maneira (the best way) de executar o trabalho. Fadiga humana Movimentos mal planejados produzem cansaço e redução da eficiência do operário. A preocupação é determinar qual é a lei da fadiga, ou seja , como ela ocorre e como pode ser 4 evitada. Divisão do trabalho e especialização das tarefas O empregado executa uma única tarefa ou tarefas simples elementares. O empregado perdeu sua liberdade e suas iniciativas próprias já que agora ele foi confinado a execução automática e repetitiva. A aplicação desta metodologia originou as linhas de montagem. Desenho de cargos e tarefas Maneira pela qual um cargo é criado, projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas. Incentivos salariais e prêmios por produção Remunerar o operário por peça produzida. Quando ele ultrapassar o padrão de produção, deve receber prêmios adicionais, para ser incentivado a produzir acima do padrão. “Homo economicus” O ser humano é motivado exclusivamente pelo dinheiro. Condições ambientais de trabalho Para reduzir a fadiga e obter eficiência na produção, os engenheiros se preocupavam com aspectos físicos com iluminação adequada, baixo ruído, temperatura razoável, etc. Padronização de métodos e de máquinas Para reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e daí eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. O objetivo é reduzir custos e simplificar o trabalho. Supervisão Funcional Taylor achava que a supervisão também deveria ser especializada, de modo que cada operário se subordinasse a diversos supervisores, cada qual especializado em determinada área e atividade. Taylor elaborou melhores métodos de trabalho para permitir aos trabalhadores uma maior produtividade. Sua pesquisa, experiências, palestras e artigos foram dirigidos aos níveis operacionais mais baixos da organização. A ênfase dada aos pequenos grupos de trabalho nos níveis mais baixos da organização teve como conseqüência um baixo grau de melhoria nos níveis médio e alto da organização, nos Estados Unidos. Desenvolveu um sistema de produção e administração que estava muito à frente de sua época, contribuindo parcialmente para grandes sistemas de produção durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. FORDISMO Henri Ford, fundador da Ford Motor Company e criador da linha de montagem móvel, estabeleceu o padrão de organização de processos produtivos que se tornaria universal. A produção artesanal é custosa e demorada. Sendo assim, quando há um grande mercado potencial ansioso por uma grande quantidade de produtos de baixo custo, produzidos rapidamente, o processo artesanal é desvantajoso. 5 Ford fundou a Ford Motor Co. com a idéia de popularizar um produto antes artesanal e destinado a milionários, ou seja, vender carros a preços populares, com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época. Inovou na organização do trabalho, ou seja, maior produção de produtos acabados com maior garantia de qualidade e menor custo possível. Já nos primeiros modelos, Ford vinha utilizando esses princípios de produção. Em 1912, o conceito de linha de montagem, sem mecanização, foi aplicado à fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em uma linha de montagem, o trabalhador fica numa posição fixa para executar uma tarefa única. O produto movimenta-se ao longo de um processo que é feito de uma seqüência de tarefas, realizadas pelos trabalhadores em posições fixas. Conforme o produto avança de uma posição para outra, vai sendo progressivamente construído. Ford e os outros primeiros fabricantes de automóveis tiveram que desenvolver soluções para os problemas de controle de qualidade, controle de estoques, administração de pessoal, etc., para fabricar eficientemente grandes quantidades de produtos feitos de dezenas de milhares de peças. Foi essa necessidade que criou o ambiente propício para a disseminação das técnicas da administração científica. Posteriormente, surgindo as técnicas da administração da qualidade. Com a racionalização da produção foi proporcionada a linha de montagem, que permite a produção em série. Na produção em série ou em massa, o produto, o maquinário, o material, a mão-de-obra e o desenho são padronizados, o que proporciona um custo mínimo. Daí, a produção em grandes quantidades, cuja condição precedente é a capacidade de consumo em massa, seja real ou potencial, na outra ponta. A condição-chave da produção em massa é a simplicidade. Os três aspectos que suportam o sistema são: 1. A progressão do produto através do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua. 2. O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo. 3. As operações são analisadas em seus elementos constituintes.Ford adotou três princípios básicos:o princípio da intensificação, da economicidade e da produtividade. Princípio da intensificação: Diminuir o tempo de duração do processo de produção com emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. Princípio da economicidade: Consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima adquirida e dos salários. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro, ao consumidor, na terça-feira, à tarde”. Princípio da produtividade: Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção. O sistema de organização industrial criado por Henry Ford tornou-se universal. Não há empresa industrial que, em algum ponto do processo produtivo, não utilize alguma variante do sistema de montagem móvel por ele criado. Muitos conceitos novos surgiram depois dele. No entanto, os princípios que Ford utilizou e aperfeiçoou são perenes. OUTROS PARTICIPANTES DO MOVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA O movimento da administração científica foi promovido por muitas pessoas, algumas delas colaboradores de Taylor, outras independentes. Conheça agora outros participantes do movimento da administração científica: • O casal Frank e Lilian Gilbreth, que desenvolveu técnicas para minimização de tempos e movimentos. Ex-empreiteiro, Frank Gilbreth deixou a carreira na construção civil para estudar administração científica depois de ouvir Taylor falar em uma reunião de profissionais de sua área. Juntamente com sua esposa, Lilian, uma psicóloga, estudou arranjos de trabalho para eliminar movimentos desgastantes do corpo e das mãos. Os Gilbreth criaram os Therbligs, operações padronizadas, tais como pegar, levantar, posicionar e transportar, com a finalidade de racionalizar as tarefas de produção. 6 Também fizeram experimentos no projeto e uso de ferramentas e equipamentos adequados para otimizar o desempenho do trabalho. A colocação de tijolos em uma parede tornou-se o exemplo simbólico da eficiência e minimização de movimentos que perseguia. Colocando os tijolos não no chão, mas numa plataforma de madeira, de modo que ficassem na altura dos braços de uma pessoa, conseguiu reduzir os movimentos do pedreiro e aumentar sua produtividade em 300%. •••• Henry Gantt criou o gráfico de Gantt/cronograma, para registro do desempenho dos empregados, era humanista. Preocupado com o bem-estar dos trabalhadores, foi um dos criadores do treinamento profissionalizante e também começou a elaborar os métodos de programação da produção que são a base para as técnicas modernas de produção. • Harrington Emerson, engenheiro que simplificou os métodos de trabalho; popularizando a administração científica e desenvolvendo os primeiros trabalhos sobre seleção e treinamento de empregados. Com o objetivo de melhor rendimento da administração, antecipou-se à administração por objetivos, preconizando os Princípios de Eficiência. • Hugo Munsterberg, criador da psicologia industrial, criou e empregou os primeiros testes de seleção de pessoal. Foi o primeiro consultor de organizações para assuntos de comportamento humano. • Carl Barth, trabalhou intimamente com Taylor, teve influência no desenvolvimento, teste e aperfeiçoamento dos mecanismos da administração científica. Sua maior contribuição foi o desenvolvimento da régua de cálculo que leva seu nome. Que foi a precursora da computador.
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