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Apostila Resumo Psicopatologia psicologia segundo

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HISTÓRICO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Conceito de Psicopatologia:
Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e as formas como ela se manifesta.
Conceito de Semiologia:
É o estudo dos sinais e sintomas das doenças, estudo que permite ao profissional de saúde mental identificar as alterações mentais e formular hipóteses diagnósticas. Sintomas são as queixas subjetivas do paciente (ex.: dor de cabeça, alucinações, etc.). Sinais são os achados objetivos no exame do paciente (ex.: ecolalia, parafasia, etc.).
Teorias da doença mental:
3.a. Teoria sobrenatural:
A doença é devida a forças sobrenaturais como, por exemplo, deus(es), diabo, espíritos, feitiçaria, macumba, etc. O seu tratamento deve ser feito por pessoas que tenham poderes sobrenaturais ou que possam convoca-los: sacerdotes, padres, pajés, xamãs, macumbeiros, bruxos, etc.
3.b. Teoria biológica:
A doença é devida a uma disfunção do Sistema Nervoso Central, seja primária (traumatismo craniano, excesso de dopamina, etc.) ou secundária (falta de hormônio tireoidiano). O seu tratamento deve ser feito por médicos com remédios ou outras terapias somáticas (ECT).
3.c. Teorias psicológicas:
A doença é devida a fatores psicológicos (“stress”, traumas psíquicos, conflitos, etc.) e deve ser tratada por psicoterapeutas (psicólogos, psicanalistas, etc.).
Escolas de psicopatologia:
4.a. Psicopatologia Descritiva:
Estuda a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, aquilo que caracteriza a vivência patológica, não se preocupando com o conteúdo do sintoma, sua causa ou sua relação com a história de vida do paciente.
4.b. Psicopatologia Dinâmica:
Estuda o conteúdo da vivência, os movimentos internos dos afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos.
4.c. Psicopatologia Médica:
Estuda a doença do ponto de vista médico, considerando a doença mental como uma disfunção do Sistema Nervoso Central.
4.d. Psicopatologia Existencial:
Estuda o doente como uma existência singular, como um ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e natural.
4.e. Psicopatologia Categorial:
Considera os distúrbios mentais como entidades completamente individualizáveis, com contornos e fronteiras bem demarcados.
4.f. Psicopatologia Dimensional:
Considera os distúrbios mentais não como entidades completamente individualizáveis, mas como dimensões, havendo todo um espectro de variações numa mesma dimensão, não havendo separação tão marcada entre as doenças, ocorrendo, portanto, uma suave transição entre polos (esquizofrenia processual grave... transtorno esquizo-afetivo... transtornos de humor).
NORMAL E PATOLÓGICO
Introdução:
Não há nenhum critério que, por si só ou isoladamente, seja suficiente para definir um comportamento, um sentimento ou uma atividade mental como desviante, anormal e/ou psicopatológica.
Nenhum comportamento, sentimento ou atividade mental são por si mesmos psicopatológicos. Para qualificar-los como tais é necessário apelar a uma gama relativamente ampla de condicionantes contextuais, assim como avaliar a sua possível utilidade adaptativa e estratégica.
Os elementos que definem um comportamento ou atividade mental como psicopatológico não diferem dos que definem a normalidade que em termos de grau, extensão e repercussões.
A presença de psicopatologia não implica obrigatoriamente em ausência de saúde mental, como ocorre com os lapsos de linguagem e esquecimentos. Freud falou disto na Psicopatologia da Vida Cotidiana. Existem, pois, graus de anomalia ou alteração mental, e não todos implicam em ausência de saúde mental.
Não há nenhum sintoma que seja decisivo para doença mental, e não há nenhum sintoma em si seja diagnóstico de doença mental. O oposto é verdadeiro: não há nenhum sintoma que ausente exclua o diagnosticado de doença mental.
Critérios para avaliação de doença mental:
2.a. Estatísticos:
Determina a anormalidade com base em desvio da norma estatística (distribuição normal). Seu postulado central é que as variáveis que definem psicologicamente uma pessoa, possuem uma distribuição normal na população geral de referência da pessoa.
O indivíduo é considerado normal ou doente, de acordo com a população em que se encontra: um indivíduo com cárie pode ser considerado normal numa população onde há muita cárie, enquanto uma pessoa sem cárie seria considerada doente em uma população de cariados. Há continuidade entre elementos psicopatológicos e normais, sendo a doença uma exacerbação do normal por excesso ou deficiência (um paciente, parte da população considerada normal, é tido como doente mental); a diferença entre normal e patológico é quantitativa e não qualitativa. O gênio é pouco frequente, mas não é patológico.
2.b. Ideal ou de valor:
O normal se iguala ao ideal desejável. Doente implica, portanto, a ideia de nocivo, indesejado e inferior. No entanto, raramente os indivíduos atingem os padrões ideias em todas as modalidades analisáveis; os indivíduos normais têm defeitos e vícios.
2.c.Subjetivo ou intrapsíquico:
O indivíduo é doente ou saudável de acordo com o seu próprio julgamento, porém nem sempre isto é fidedigno pois nem sempre ele é consciente de suas deficiências e incapacidades; o paciente pode achar-se doente sem o ser ou pode achar-se totalmente são e, no entanto, estar doente (ter um tumor ainda assintomático ou o caso dos loucos que se julgam sadios).
2.d. Social ou interpessoal:
É um critério consensual que define com base na norma social, quer dizer, do consenso social que se alcança a respeito em um momento e lugar determinado. Portanto, o psicopatológico é apenas uma “construção social” e uma convenção que a comunidade adota em um momento e só existe na mente dos que o postulam. O indivíduo que sai das normas ou do padrão considerado normal ou aceitável é tido como doente, contudo esse critério pode alterar-se em certas culturas. (O que é normal em uma sociedade não é em outra).
2.e. Biológico:
Postula que as diferentes psicopatologias são, fundamentalmente, a expressão de alterações ou disfunções do modo normal de funcionamento ou na estrutura do processo biológico que as sustenta. Portanto, há uma diferença qualitativa entre o normal e o patológico.
Modelos em psiquiatria:
	Conceito
	Causas
	Diagnóstico
	Começo
	Continuidade
	Construção
Teórica
	Tratamento
	Biológico
	Somáticas
	Nosológico
	Início definido
	Descontinui-dade
	Doença
	Somático
	Psicodinâ-mico
	Conflitos Psicológicos inconscientes
	Diagnóstico de forças Psicodinâmi-casinconscientes
	Experiências precoces causam conflito inconsciente
	Continuidade, alterações emocionais, neuroses e psicoses
	Aparelho psíquico, mecanismos de defesa
	Psicoterapia de insight
	Comporta-mental
	Condiciona-mento, aprendizagem de hábitos inadequados
	Diagnóstico de hábitos inadequados
	Qualquer momento da vida; importa o que o sujeito faz e não a sua história
	Continuidade, não há diferenças intrínsecas entre hábitos corretos e incorretos
	Condicionamento clássico e operante
	Terapia de condutas
	Cognitivo
	Representa-ção deformada do mundo e estratégias de conduta inadequada
	Diagnóstico da representação cognitiva do mundo
	Qualquer momento; mais no início da vida
	Continuidade; estruturas cognitivas anômalas são contínuas com as normais
	Crença, expectativa, estrutura congruente e cognitiva. Modelagem
	Terapia cognitiva
	Social
	Desintegração ou conflito social
	Diagnóstico da estrutura social de que participa o indivíduo
	Qualquer momento; os processos de socialização precoces são importantes
	Continuidade; doença contínua com desvio social
	Estrutura social, papel, instituição e alienação
	Manipulação social
Pode-se considerar a doença a partir:
4.a. Processo somático: Doençatem causa orgânica (tumor cerebral).
4.b. Evento sério: Um evento sério que pela primeira vez irrompe numa vida sadia; há uma descontinuidade entre o estado sadio e o doente (depressão após evento traumático).
4.c. Variação do existir humano: O indivíduo não é doente, ele sempre foi assim (anti-social).
Conceitos básicos:
5.a. Compreensão: 
A compreensão consiste em um esforço de penetração e de intuição do fenômeno mórbido com seu significado, tal como o considera o enfermo. Toda compreensão em sentido psicológico ou existencial. Ex: uma pessoa cair em depressão após um abalo emocional é psicologicamente compreensível, apesar de não explicar porque ela teve esta reação enquanto outra pessoa, que passou por um abalo maior, não desenvolveu o quadro depressivo.
5.b. Explicação: 
A explicação é uma ação intelectual que completa a compreensão, por sua interpretação e ao estabelecer laços de causalidade entre os diferentes dados proporcionados pela observação. A explicação visa à causalidade. Ex: uma pessoa com hipotireoidismo entra em depressão por falta de hormônios tireoidianos.
5.c. Desenvolvimento: 
Desenvolvimento são alterações psíquicas decorrentes do processo vital e baseadas na personalidade prévia do indivíduo, sem haver rompimento brusco com a mesma. Ex: uma vítima de assalto que passa a ter medo de sair de casa.
5.d. Processo: 
Processo é quando, em contrário ao desenvolvimento existencial que até o momento se verificou, surge alguma coisa nova e permanente, resultando de alteração da vida psíquica. Há rompimento com a personalidade prévia do indivíduo. Ex: a deterioração da personalidade de um esquizofrênico residual.
Explicação
 Processo
 Fatores presumíveis biológicos (neuroses)
Compreensão Desenvolvimento Fatores presumíveis ambientais (psicoses)
Há casos em que não se pode aparentemente explicar a patologia, contudo pode-se compreender. Porém pode haver uma causa biológica não conhecida.
Na compreensão não se sabe o porquê, pode-se até entender. Ex: Porque nem todos os que são assaltados tem pavor de sair na rua. A compreensão não dá a causa da patologia.
PSICODINÂMICA
Determinismo Psíquico:
Nada acontece por acaso, tudo tem um motivo, que pode ser consciente ou inconsciente. Como consequências, tudo o que acontece tem uma sequência, com o antes e o depois, não havendo descontinuidade (há sempre uma ligação, ainda que inconsciente). Tudo que surge é motivado por algo anterior.
Divisões Topográficas da Mente:
2.a. Consciente:
É tudo o que está na consciência agora, contudo, o consciente está sempre mudando. São os conteúdos mentias momentâneos.
2.b. Pré-consciente:
São pensamentos, lembranças e elementos mentais semelhantes que, embora não conscientes no momento, podem ser facilmente levados à consciência por um esforço da atenção. É um tipo especial de inconsciente que se caracteriza por ser facilmente acessível à consciência.
2.c. Inconsciente:
É tudo o que não é consciente, e é dificilmente acessível ou é inacessível à consciência. Em geral, o que chega à consciência vem de forma deturpada ou indireta. Freud dava grande importância ao inconsciente, considerando que a maior parte da nossa vida é inconsciente.
Pulsão e Instinto:
3.a. Instinto (Instinkt):
É a capacidade ou necessidade inata de reagir a um conjunto inato de estímulos de um modo estereotipado ou constante, com variações individuais muito pequenas. É um ato geneticamente predeterminado, não aprendi e imutável, é predominante nos animais inferiores. Em certas obras são colocados como diferentes de Pulsão, em outras não.
3.b. Pulsão ou Impulso (Trieb):
É um estado de excitação mental que força o seu caminho em uma determinada direção; leva o homem a realizar algo. Não é pré-determinado geneticamente e não é imutável. Presente principalmente no ser humano. As pulsões ou impulsos vem do inconsciente. Só há duas pulsões primordiais: a) Pulsão sexual (libido, Eros, pulsão de vida) e Pulsão agressiva (Tanato, pulsão de morte). Não há pulsão pura, uma pulsão sexual tem algo de pulsão agressiva e vice-versa, mesmo que não aparente.
Catexia (Besetzung):
É o investimento da energia psíquica em um objeto. Quando se tem uma pulsão, uma parte da energia psíquica é investida para a satisfação desta. A energia investida está indisponível enquanto se procura a satisfação da pulsão. Assim, quando um paciente tem muitas pulsões não satisfeitas, há pouca energia disponível para outras atividades.
Aparelho Psíquico:
5.a. Id (es):
É o reservatório das pulsões, sendo, portanto, inconsciente, e surge no bebê quando do nascimento. A pulsão, quando satisfeita gera prazer e a energia investida na satisfação da pulsão é liberada de volta para o Id. Se a pulsão não é satisfeita, há desprazer e mais energia é investida (catexia) no objeto para se obter a satisfação.
5.b. Ego (Ich):
É a parte do aparelho psíquico que funciona como mediadora entre a pessoa e a realidade. Sua função primordial é a percepção da realidade e a adaptação a ela. É o instrumento de satisfação das pulsões do Id, mas submete-se ao princípio da realidade e ao superego. Diferencia-se a partir do Id.
5.c. Superego (Überich):
Representa os padrões morais e sociais e se diferencia do ego. É a introjeção do ideal do superego dos pais (padrões sociais, cultura, regras, normas morais e etc.).
Fases do Desenvolvimento Psico-sexual:
6.a. Fase oral:
Surge no nascimento e tem como característica os pontos primários de satisfação serem a boca e a língua. Igual em ambos os sexos.
6.b. Fase anal:
A fonte primária do prazer está no controle dos esfíncteres. Com o amadurecimento a área de gratificação passa a ser o ânus, fonte de prazer. Igual em ambos os sexos.
6.c. Fase fálica:
A fonte primária do prazer está no falo. Nesta fase há diferença ente os sexos, devido à ausência de falo nas meninas. Surge, então o Complexo de Édipo no menino e de Electra na menina.
Complexo de Édipo: o menino tem fantasias com a mãe e vê o pai como rival e passa a odiá-lo. Quer o monopólio sobre a mãe. Disputa com o pai o amor da mãe. Sendo o pai mais forte, tem então medo de ser punido com a castração, gerando a ansiedade de castração. Então, ele passa a se identificar como pai e a introjeção do ideal do superego do pai fera um superego intenso e precoce no menino.
Complexo de Electra: A menina sente amor pelo pai e vê a mãe como rival. Contudo a menina não tem ansiedade de castração, por já se sentir castrada. Ela sente, então, a inveja do pênis do menino e culpa a mãe por tê-la deixado ser castrada. Como não há ansiedade de castração o complexo de Electra, pode durar muito tempo e o superego da menina é mais fraco.
6.d. Fase de latência:
Há diminuição da libido na criança, até a adolescência, quando a puberdade novamente desperta a libido do jovem.
6.e. Fase genital:
O ponto de prazer está nas genitálias. É o prazer sexual maduro.
Ansiedade:
Ansiedade é um estado caracterizado por mal-estar psíquico associado a manifestações fisiológicas somáticas. O medo é uma reação a um perigo real ou a uma ameaça de perigo, enquanto que a ansiedade é mais tipicamente uma reação a um perigo irreal ou imaginário. Segundo Freud, a ansiedade é um fato natural e biológico, geneticamente pré-determinado e inato. Ela surge sempre que o ego é dominado por uma quantidade de estímulos excessivamente grande para que possa ser controlado ou descarregado. Daí porque é muito comum a ansiedade infantil, já que o ego da criança ainda não é bem desenvolvido. Estes estímulos podem vir do meio externo (ambiente) ou do meio interno (Id).
A ansiedade é uma resposta normal, sadia e necessária para o paciente. Só se torna patológica quando é desproporcional quanto à duração ou intensidade. Se não houver ansiedade, diante de uma situação geradora de ansiedade, como um assalto, por exemplo, será um indício de anormalidade.
A ansiedade é importante porque mobiliza toda a energia psíquica do ego, para responderàquela situação geradora de ansiedade, propiciando assim que o organismo responda favoravelmente, ou eliminando o fator causador da ansiedade (eliminação da ameaça externa real ou satisfação da pulsão) ou ativando os mecanismos de defesa.
A principal fonte de ansiedade são os impulsos do Id e situações impostas pelo meio ambiente. Quando uma necessidade não é satisfeita (gratificação), maior quantidade de energia psíquica será dispensada na busca da gratificação e isso levará a uma sobrecarga de estímulo sobre o ego. A pulsão pode ser aceitável ou não, se aceitável é facilmente atendida (gratificada). Porém, as vezes não pode ser satisfeita. Nesse caso, permanecendo a pulsão haverá desprazer, mobilizando mais energia psíquica e assim sucessivamente, até que a mesma seja satisfeita.
7.a. Ansiedade Traumática:
Existem dois tipos de ansiedade traumática: ansiedade traumática externa e ansiedade traumática interna.
Ansiedade traumática externa: Surge em decorrência de um trauma real do mundo exterior (ex.: estupro, assalto, etc.); é o tipo mais intenso, mas, também o mais infrequente de ansiedade. Em geral cessa após a cessação da ameaça do mundo exterior.
Ansiedade traumática interna: surge em decorrência de uma pulsão do Id não satisfeita (ex.: o bebê tem fome e não recebe leite). É mais frequente, mas mais branda que a ansiedade traumática externa. Quando a pulsão não pode ser satisfeita, o ego mobiliza os mecanismos de defesa.
7.b. Ansiedade antecipatória:
A ansiedade surge em antecipação a uma pulsão que pode surgir e não ser satisfeita, mas na verdade a pulsão não existe no momento. Ex.: a criança sente ansiedade quando a mãe sai, com medo de vir a sentir fome e a mãe não estar presente para amamenta-la, mas ela, na verdade não está com fome no momento, estando, apenas, com medo de vir a sentir fome. É a ansiedade mais frequente, mas, também, a mais branda.
Mecanismos de Defesa:
São sempre inconscientes. Normalmente há vários mecanismos de defesa mobilizados ao mesmo tempo ou sucessivamente, mas há um dominante. Podem ser primários (negação, repressão) ou secundários (implicam a existência de outro mecanismo de defesa intrinsicamente, como a projeção em que o paciente tem que negar seus próprios sentimentos antes de projetá-los).
8.a. Sublimação:
É o mecanismo de defesa sadio por natureza, pois satisfaz a pulsão geradora de ansiedade. Na sublimação a pulsão inaceitável é transformada em uma pulsão aceitável e é, então, gratificada. Ex.: Uma pessoa com pulsões agressivas pode se tornar um cirurgião. Segundo Freud, a grande força motriz da civilização é a sublimação, uma vez que é através dela que há satisfação da pulsão.
8.b. Repressão:
A pulsão não satisfeita é lançada (reprimida) para o inconsciente, sendo excluída da consciência.
8.c. Negação:
Um fato do mundo exterior (e não uma pulsão) é lançado (negado) para o inconsciente, sendo negado pela consciência que passa a desconhecer o fato. Negação primária: nunca permite que o fato chegue à consciência. Negação secundária: houve uma época em que o fato foi consciente e depois tornou-se inconsciente.
8.d. Deslocamento:
O paciente transfere (desloca) a pulsão de um objeto para outro. O sentimento permanece, há o deslocamento apenas do objeto da pulsão.
8.e. Projeção:
O paciente atribui (projeta) um sentimento, pensamento ou emoção que lhe é próprio a outro paciente. Projeta as suas pulsões no outro. Muda o sujeito da pulsão. Exemplos:
1 – Delírio de perseguição (paranoia)
Eu amo H 	Eu não amo H Eu odeio H Eu não odeio H, H me odeia.
2 – Delírio erótico
Eu amo H	 Eu não amo H Eu amo M
3 – Delírio de ciúme
Eu amo H	 Eu não amo H Minha mulher ama H
8.f. Conversão:
Na conversão o conflito é eliminado do psiquismo e deslocado para o organismo, aparecendo através de problemas físicos de ordem neurológico. Ex.: Após ver o marido com outra mulher, a paciente perde a visão.
8.g. Formação Reativa:
É o desenvolvimento no ego de atitudes e interesses conscientes e socializados, que são a antítese de certas atitudes infantis não-socializadas, que continuam persistindo no inconsciente.
8.h. Racionalização:
É o fornecimento de uma explicação racional para um ato, sentimento ou pulsão, apesar deste não ser o verdadeiro motivo deles. Ex.: eu odeio um paciente sem motivo, então eu passo a justificar esse sentimento, atribuindo defeitos ao paciente que justifiquem meu sentimento e ações contra ele.
Parapraxias (Atos sintomáticos):
É um ato que representativo de algum componente inconsciente, devendo preencher três condições: (a) Situar-se dentro de limites normais, isto é, não devem ser atos mórbidos; (b) ser manifestações temporárias sujeitas a fácil correção; (c) caso não sejam reconhecidas pelo indivíduo não compreenderá a motivação mas irá atribuí-los à desatenção ou acidente.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS (CID-10)
Capítulo V: Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99)
F00-F09 Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos
	F00* 
	Demência na doença de Alzheimer (G30.- †)
	F01 
	Demência vascular
	F02
	Demência em outras doenças classificadas em outra parte
	F03
	Demência não especificada
	F04
	Síndrome amnésica orgânica não induzida pelo álcool ou por outras
	F05
	Delirium não induzido pelo álcool ou por outras substâncias psicoativas
	F06
	Outros transtornos mentais devidos s lesão e disfunção cerebral e a doença física
	F07
	Transtornos de personalidade e do comportamento devidos a doença, a lesão e a disfunção cerebral
	F09
	Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado
F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substâncias psicoativas
	F10
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool
	F11 
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de opiáceos
	F12
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinóides
	F13
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnóticos
	F14
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína
	F15
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína
	F16
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de alucinógenos
	F17
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo
	F18
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de solventes voláteis
	F19
	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas
F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes
	F20
	Esquizofrenia
	F21 
	Transtorno esquizotípico
	F22
	Transtornos delirantes persistentes
	F23
	Transtornos psicóticos agudos e transitórios
	F24
	Transtorno delirante induzido
	F25
	Transtornos esquizoafetivos
	F28
	Outros transtornos psicóticos não-orgânicos
	F29
	Psicose não-orgânica não especificada
F30-F39 Transtornos do humor [afetivos]
	F30
	Episódio maníaco
	F31 
	Transtorno afetivo bipolar
	F32
	Episódios depressivos
	F33
	Transtorno depressivo recorrente
	F34
	Transtorno de humor [afetivos] persistentes
	F38
	Outros transtornos do humor [afetivos]
	F39
	Transtorno do humor [afetivo] não especificado
F40-F48 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes
	F40
	Transtornos fóbico-ansiosos
	F41 
	Outros transtornos ansiosos
	F42
	Transtorno obsessivo-compulsivo
	F43
	Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação
	F44
	Transtornos dissociativos [de conversão]
	F45
	Transtornos somatoformes
	F48
	Outros transtornos neuróticos
F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos
	F50
	Transtornos da alimentação
	F51 
	Transtornos não-orgânicos do sono devidos a fatores emocionais
	F52
	Disfunção sexual,não causada por transtorno ou doença orgânica
	F53
	Transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério, não classificados em outra parte
	F54
	Fatores psicológicos ou comportamentais associados a doença ou a transtornos classificados em outra parte
	F55
	Abuso de substâncias que não produzem dependência
	F59
	Síndromes comportamentais associados a transtornos das funções fisiológicas e a fatores físicos, não especificadas
F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto
	F60
	Transtornos específicos da personalidade
	F61 
	Transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da personalidade
	F62
	Modificações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão ou doença cerebral
	F63
	Transtornos dos hábitos e dos impulsos
	F64
	Transtornos da identidade sexual
	F65
	Transtornos da preferência sexual
	F66
	Transtornos psicológicos e comportamentais associados ao desenvolvimento sexual e à sua orientação
	F68
	Outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto
	F69
	Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, não especificado
F70-F79 Retardo Mental
	F70
	Retardo mental leve
	F71 
	Retardo mental moderado
	F72
	Retardo mental grave
	F73
	Retardo mental profundo
	F78
	Outro retardo mental
	F79
	Retardo mental não-especificado
F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico
	F80
	Transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem
	F81 
	Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares
	F82
	Transtornos específicos do desenvolvimento motor
	F83
	Transtornos específicos misto do desenvolvimento
	F84
	Transtornos globais do desenvolvimento
	F88
	Outros transtornos do desenvolvimento psicológico
	F89
	Transtorno do desenvolvimento psicológico não especificado
F90-F98 Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência
	F90
	Transtornos hipercinéticos
	F91 
	Distúrbios de conduta
	F92
	Transtornos mistos de conduta e das emoções
	F93
	Transtornos emocionais com início especificamente na infância
	F94
	Transtornos do funcionamento social com início especificamente durante a infância ou adolescência
	F95
	Tiques
	F98
	Outros transtornos comportamentais e emocionais com início habitualmente durante a infância ou a adolescência
F99 Transtorno mental não especificado 
F100 Transtorno mental não especificado em outra parte
EXAME PSICOPATOLÓGICO
Determinismo Psíquico:
É o histórico dos sintomas e sinais que o paciente tem apresentado ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social.
1.a. Identificação:
	Nome: 
	Nome completo do paciente (quando se necessitar manter o sigilo usa-se apenas as iniciais).
	Sexo: 
	Há diferenças de prevalência de doenças ente os sexos, como os transtornos pós-parto, exclusivos de mulheres.
	Idade: 
	Há diferenças de prevalência de doenças com as diferentes faixas etárias, como Demência de Alzheimer que é típico do velho.
	Cor: 
	É importante para o diagnóstico, porque, também, há doenças mais comuns em certas raças, como a hipertensão, que é mais comum nas pessoas de raça negra.
	Naturalidade: 
	O local onde nasceu, pois existem doenças mais comuns em algumas localidades como a malária
	Residência: 
	O local (município ou comunidade) onde mora, por razões semelhantes ao item anterior.
	Estado Civil: 
	Importa o estado civil de fato e não o de direito. A maioria das doenças mentais tem pior prognóstico nos pacientes solteiros ou separados. Chama atenção também o paciente que nunca teve relacionamento estável e já tem uma idade avançada, assim como, o paciente que não consegue manter um relacionamento sólido, por mais de 3 meses.
	Profissão: 
	O paciente que está sempre desempregado porque não dura nos empregos, indica instabilidade e chama atenção para uma patologia. Portanto deve-se identificar o nível de rendimento do paciente e a estabilidade no emprego. Há de se observar também que, algumas profissões implicam em determinadas doenças como o garimpeiro que possivelmente pode-se contaminar com mercúrio e o policial está mais exposto ao stress.
	Nível educacional:
	Tem duas implicações: (a) no diagnóstico, como no caso do paciente que tem um grau avançado de instrução e que a partir de um determinado momento, passa a apresentar respostas infantis, incompatíveis com seu nível educacional (neste caso está descartado o retardo mental); (b) na cultura do paciente, pois as diferenças no nível de instrução implicam discursos também diferentes (o que fala e pensa um paciente semi-analfabeto).
	Religião:
	A crença religiosa determina certos comportamentos, como o cristão que acreditando que a hóstia é o corpo de Cristo, baseado em seus princípios religiosos, não está delirando.
1.b. Queixa Principal (QP):
É a queixa que justifica o atendimento. Colocar entre aspas o que o paciente disser. O que mais o incomoda, nem sempre é a doença principal. Anotar, no máximo, duas ou três queixas. Nem sempre o paciente formula a queixa principal, é o caso de pacientes em estado de choque ou catatônicos. Em caso de criança é o responsável que formula a queixa.
1.c. História da Doença Atual (HDA):
É a descrição da doença desde o início. Quando começou? Como? Sintomas? Fez terapia? Sentiu melhoras? Procurar escrever as palavras do paciente. Às vezes a história não pode ser contada pelo paciente e sim pela família ou responsável (criança, oligofrênico, demenciado). Com uma boa HDA, 50% do diagnóstico já pode ser feito.
1.d. História Patológica Pregressa (HPP):
Identificar as doenças anteriores do paciente. Há doenças que podem favorecer certos quadros patológicos.
1.e. História Social (HS):
É a história da vida social do paciente, desde o nascimento, crescimento, desenvolvimento psicomotor e da linguagem, período escolar. Inclui a vida laborativa, namoros, vícios, com quem mora e comportamento social.
1.f. História Familiar (HF):
História de doenças na família: epilepsia, esquizofrenia, depressão, etc. Algumas doenças estão associadas a fatores genéticos.
Exame Psíquico:
Descrever o paciente da forma mais neutra possível, a partir da primeira vez que viu o paciente, mesmo que fora do consultório. Toda a observação feita é importante para essa descrição (postura, olhar, etc.). Procura descrever o paciente sem usar termos técnicos e relatar da forma mais próxima da que o paciente descreve. Não fazer interpretações.
EP + HDA = 90% do diagnóstico
Súmula Psicopatológica:
É um resumo com termos técnicos do exame psíquico, portanto, tem que corresponder fielmente aos achados psicopatológicos desse.
3.a. Apresentação e atitude:
É como o paciente se apresenta, se se ventes adequadamente, condições de higiene, etc. Descrever a apresentação e atitude (passivo, ativo, cooperativo, agressivo, alheio, etc.)
3.b. Consciência
3.c. Atenção	
3.d. Memória
3.e. Orientação
3.f. Percepção
3.g. Pensamento e Inteligência
3.h. Linguagem
3.i. Afetividade
3.j. Volição
3.k. Psicomotricidade
Diagnóstico Sindrômico:
Descrição da(s) síndrome(s) presente(s) no paciente. Uma síndrome pode ser causada por várias doenças diferentes. Ex.: síndrome depressiva (por Distúrbio de Humor Bipolar, por Depressão Maior, por Hipotireoidismo, por medicamentos, etc.). Pode ocorrer, às vezes, mais de um diagnóstico sindrômico.
Hipótese(s) Diagnóstica(s) (HD) ou Diagnóstico Nosológico:
Baseado na(s) síndrome(s) encontrada(s), formula-se a hipótese diagnóstica ou até mesmo o diagnóstico nosológico. Ex.: Transtorno Depressivo Recorrente – F33.
PSICOPATOLOGIA DA CONSCIÊNCIA
Conceito (Lat. Cum [com] + scientia[conhecimento]):
1.a. Definição neuropsicológica:
Corresponde ao sentido de estado vigil, igualando a consciência ao grau de clareza do sensório. É fundamentalmente o estadode estar desperto, acordado, vigil, lúcido. Trata-se especificamente do nível de consciência. É o conceito que nos interessa aqui.
1.b. Definição psicológica:
Conjunto de processos psíquicos que permitem, num dado momento, o conhecimento do próprio Eu e da vida exterior, isto é, a organização, no campo psicológico, do conjunto das vivências em cada momento. Corresponde a uma síntese da atividade nervosa superior, que ordenando, num todo coerente e coordenado, as percepções e recordações de um indivíduo, lhe dá a possibilidade de reagir, de maneira adaptada perante o meio. É a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em um dado momento. Corresponde a um auto-conhecimento de nossas próprias atividades psíquicas.
1.c. Definição ético-fisiológica:
É a capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos concernentes a essa ética.
Características:
Foco: Direção atentiva ou concentrativa que a consciência toma em relação às diversas representações.
Campo: Conjunto estruturado de percepções, ideais e sentimentos que wm cada momento, se apresentam à consciência.
Limiar: Nível de separação entre fenômenos conscientes e inconscientes.
Lucidez ou clareza: Nitidez com que presta atenção ou percebe os fenômenos que se encontram abrangidos pelo campo da consciência.
Orientação: Capacidade do indivíduo de conhecer em cada momento a situação real em que ele se encontra em relação ao ambiente.
Propriedades:
Continuidade: Natureza ininterrupta da consciência individual, que une as vivências atuais com as do passado, formando uma cadeia contínua.
Mobilidade: Mudança contínua do conteúdo da consciência.
Intencionalidade: Capacidade de dirigir o foco da atenção.
Subjetividade: A consciência é própria de cada indivíduo.
Alterações fisiológicas da consciência:
Sono: Estado psicofisiológico rítmico de interrupção temporária da consciência vigil, como inibição da formação reticular.
Sonho: Fenômeno psicológico que ocorre durante o sono REM, em que determinadas emoções, imagens e pensamentos desfilam pela consciência do indivíduo.
Hipnose: Estado especial de consciência, semelhante ao sono, mas induzido por uma situação de condicionamento.
Semiologia da Consciência:
5.a. Alterações quantitativas:
5.a.1. Sonolência (letargia):
Distúrbio da atenção, sonolência, tendência a dormir quando não estimulado, diminuição da mobilidade espontânea, dificuldade de manter o curso do pensamento, diminuição da resposta a estímulos externos, e dificuldade de formar uma visão geral da situação.
5.a.2. Obnubilação (turvação, confusão mental, embotamento, entorpecimento):
O indivíduo permanece dormindo, necessitando-se forte estimulação para despertá-lo e quando acordado apresenta-se confuso. É necessária constante estimulação para se conseguir manter qualquer cooperação. Grande perturbação da atenção, perda da conexão dos processos psíquicos, desorientação, distúrbio de memória e pensamento. Ausência de delírios e alucinações.
5.a.3. Torpor (estupor, sorpor):
O indivíduo permanece dormindo o tempo todo, não despertando espontaneamente. Só desperta após estimulação constante e vigorosa e, mesmo assim, limita-se a gemer, resmungar e mover-se inquietamente na cama.
5.a.4. Coma:
Incapacidade de despertar, ausência completa de consciência, havendo no máximo, nas formas mais leves, respostas motoras reflexas.
5.b. Alterações qualitativas:
5.b.1. Delirium (onirismo, delírio onírico, obnubilação, turvação):
Obnubilação associada a ilusões, alucinações e delírios, mas sem perder completamente a ligação com o mundo exterior. O nível de consciência costuma oscilar e nas formas iniciais há em geral inquietude, principalmente à noite. Há alteração do ciclo sono-vigília e dificuldade de concentração, às vezes com agitação ou retardo psicomotor. Quando o Delirium é associado a um quadro semelhante ao sono, em geral, com alucinações visuais de caráter cênico, alguns autores chamam de estado onírico. Quando ele é associado a um quadro marcante incoerência do pensamento, é chamado por alguns autores de amência.
5.b.2. Estreitamento da consciência (estado crepuscular, delírio oniróide):
Há ruptura das relações com o mundo exterior, voltando-se para si mesmo e dificilmente respondendo a perguntas. Vaga aparentemente mentalmente ausente, às vezes com grande agitação ou com entorpecimento. Seus planos são comparáveis a visões de sonhos, com ilusões, alucinações e delírios.
PSICOPATOLOGIA DA ATENÇÃO
Conceito (Lat. attentio[atenção]):
Focalização consciente e deliberada da energia mental num objeto ou num componente de uma experiência complexa e, ao mesmo tempo, excluindo outros conteúdos emocionais ou intelectuais.
Lei de Senet “Para que a intensidade da atenção permaneça constante, em termos representados por uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4...), a intensidade do esforço deve aumentar, segundo uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8...).
Características:
2.a. Natureza:
- Involuntária (espontânea): é aquela suscitada por um estímulo ambiental (sensorial); é passiva.
-Voluntária:corresponde à concentração ativa e intencional da consciência sobre um objeto determinado.
2.b. Direção:
2.b.1. Externa (projeta-se para fora):
- Sensorial: atém-se às atividades dos órgãos dos sentidos.
-Motora:refere-se à coordenação e adaptação dos movimentos, no meio exterior.
2.b.2. Interna (volta-se para dentro):
- Reflexiva: fixa-se demorada e profundamente sobre determinados conteúdos da consciência (meditação).
-Motora:refere-se à coordenação e adaptação dos movimentos, no meio exterior.
Propriedades:
3.a. Concentração:
Capacidade de fixar a atenção em um determinado objeto.
3.b. Seleção:
Habilidade ou capacidade para separar os estímulos relevantes dos irrelevantes.
3.c. Ativação:
Tendência a atenção se extremar e restringir em resposta ao “stress”. A ativação tem uma relação complexa com a atividade atencional, relação que toma a forma de “Ü” invertido: com níveis baixos, os recursos atencionais aumentam a medida que aumenta a ativação; no entanto, chegado a um certo ponto, a relação se inverte, ocorrendo diminuição da atenção apesar do aumento da ativação. Normalmente há um estreitamento focal da atenção, que é seletivo pois tende a desprezar a informação periférica em favor da informação central.
3.d. Expectativa:
Tendência do indivíduo se preparar para receber um estímulo esperado, respondendo prioritariamente a este estímulo, em detrimento de outros.
3.e. Ativação:
Tendência do indivíduo a parar de responder a estímulos não significativos e repetitivos.
Princípios básicos:
4.a. Vigilância:
Capacidade de vasculhar o ambiente, capitar qualquer estímulo ambiental.
4.b. Seleção:
Habilidade para fixar e sustentar a atenção sobre um objeto por um extenso período (Concentração).
A vigilância e a tenacidade geralmente são opostas, aumentada uma a outra diminui, mas pode ocorrer das duas apresentarem-se diminuídas, mas nunca aumentadas as duas.
Testagem da Atenção:
5.a. Repetição numérica:
Dizer números, em um tom de voz normal (01 dígito por segundo) e pedir que o paciente os repita: trabalha-se a atenção e a memória imediata (normal: 5 a 7 dígitos).
5.b. Vigilância:
Pede-se para que o paciente indique a letra requerida, sempre que ela aparecer, ao se falar uma sequência de letras. Ex.: bater na mesa sempre que aparecer a letra A. Há três tipos de erro: a) omissão – não assinalar quando aparece a letra; b) comissão - assinalar quando não aparece a letras; c) perseveração – continuar assinalando uma letra mesmo após a mesma ter cessado de aparecer. 
5.c. Subtração seriada:
É a subtração seriada do número 7 de 100 (100-93-86...) é questionável pois depende não só da atenção, como da capacidade intelectual pré-mórbida, educação, capacidade de cálculos e nível sócio-econômico.
Semiologia da atenção:
6.a. Analisa-se sempre a vigilância e a tenacidade:
- Hopovigilância: diminuição da vigilância.
- Hipervigilância: aumento davigilância.
- Hipotenacidade: diminuição da tenacidade.
- Hipertenacidade: aumento da tenacidade.
6.b. Distúrbios:
6.b.1. Hipoprosexia:
Diminuição global da potencialidade da atenção, com rápida e exagerada fatigabilidade, que se deixa observar mesmo no curso da conversação mais trivial (hipovigilância e hipotenacidade). Ocorre na depressão, alguns distúrbios de consciência, demências, alguns casos de esquizofrenia e etc.
6.b.2. Aprosexia:
Falta absoluta de atenção; é um grau mais avançado que a hopoprosexia. Ocorre no estupor, e em demências.
6.b.3. Distração:
Concentração muito forte da atenção em determinado assunto, que impede a apreensão de tudo aquilo que não se refere ao motivo particular da atenção (hipovigilância e hipertenacidade).
6.b.4. Distrabilidade:
Instabilidade e mobilidade da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para se fixar ou se manter em qualquer coisa que implique esforço produtivo. Há extrema sensibilidade aos estímulos de cada momento, para os quais a atenção se dirige, ainda que apenas superficialmente (hipervigilância e hipotenacidade).
6.b.5. Hiperprosexia:
Segundo Kraepelin, é o aumento anormal da capacidade de atenção, com tendência incoercível a obstinar-se, a perseverar indefinidamente, com mostras de surpreendente infatigabilidade, fenômeno que, de regra, se acompanha de alterações psicomotoras correlatas. Segundo Sante de Sanctis é uma superatividade da atenção espontânea, com extrema labilidade da atenção, o que leva o indivíduo a atender, simultaneamente, às mais variadas impressões sensoriais, sem que se fixe a atenção sobre um objeto determinado (hipervigilância e hipotenacidade). Ocorre na mania e síndromes maníacas (ex.: intoxicação por cocaína ou anfetamina).
PSICOPATOLOGIA DA MEMÓRIA
Definição:
É a capacidade de armazenar e evocar informações (Lat. memoria memória).
Etapas:
2.a. Codificação (fixação):
É a transformação da informação em códigos mnemônicos que podem ser processados e armazenados pelas estruturas neuronais.
2.b. Armazenamento (registro):
Mecanismo neuronal que discrimina e seleciona o que deve ser guardado ou esquecido, por quanto tempo e que modificações deve sofrer.
2.c. Recuperação (evocação):
É o resgate da informação armazenada.
Tipos:
3.a. Memória de curto prazo:
3.a.1. Memória sensorial:
Provavelmente se encontra ao nível dos órgãos sensoriais e dura uma fração de segundo.
3.a.2. Memória de trabalho ou operacional:
Capacidade de guardar sete itens (5 a 9) por quinze a vinte segundos. É formado de um Executivo central (córtex pré-frontal dorsolateral), de um armazenador fonológico (giro supra-marginal do córtex parietal esquerdo) e de uma agenda visuo-espacial (córtex direito, principalmente parietal). O Executivo central (elemento mais importante) é independente da modalidade sensorial e é u sistema de controle atencional que se encarrega de selecionar estratégias para tratar com a informação de entrada e, também, decidir que passos e em que ordem aplica-los; quando a sua capacidade é superada, ele solicita espaço dos sistemas auxiliares, cujo funciona coordena e supervisiona. O armazenador fonológico retém informações baseadas na fala e cuja capacidade é provavelmente determinada pela duração temporal da informação e não pela quantidade de informação. A agenda visuo-espacial relaciona-se principalmente com a codificação espacial.
3.bMemória de longo prazo:
3.b.1. Classificação quanto ao tempo:
- Memória recente: minutos a dias
- Memória remota: meses a anos.
3.c. Classificação quanto ao tipo:
3.c.1. Procedimento ou motora (saber como):
Corresponde à formação de hábitos, condicionamento e aquisição de habilidades (gânglios da base, cerebelo e córtex motor).
3.c.2. Declarativa (saber o que):
São conhecimentos que podem ser formulados explicitamente. É dividida em episódica (biográfica) e semântica. A episódica é aparte da memória que trata das informações relativas a episódios com referência contextualizada para tempo e espaço. A semântica é uma enciclopédia mental, relacionada a conhecimentos técnicos, científicos, linguísticos, etc.
Estruturas neurológicas na memória declarativa:
TÁLAMO
CÓRTEX SENSORIAL
CORPOS MAMILARES (HIPOTÁLAMO)
HIPOCAMPO AMÍGDALAS
CÓRTEX 
PRÉ-FRONTAL
PROSENCÉFALO BASAL
Estruturas neurológicas na memória declarativa:
5.a. Memória de trabalho:
- Repetição numérica: pede-se para repetir números ou palavras (normal 7 itens).
5.b. Recente:
- Orientação: verifica-se a orientação do paciente, fazendo-se perguntas como: Quem é você? Que dia é hoje? Etc. A orientação é secundária a memória recente, se se perde a memória recente, perde-se também a orientação.
- 4 palavras não relacionadas:diz-se 4 palavras não relacionadas, distrai-se o paciente e depois de 5 minutos pede-se para que ele repita as palavras ditas.
- História verbal: conta-se ao paciente uma história desconhecida e com vários fatos diferentes e depois pede-se que ele reconte a história. O paciente deve repetir pelo menos os fatos importantes.
- Objetos escondidos (4 a 5): mostram-se, ao paciente, 4 ou 5 objetos que são escondidos, com ele vendo, e, depois, pede-se para que ele ache os objetos.
- Reprodução de desenhos: após se mostrar um objeto ao paciente, pede-se que ele o reproduza de memória.
5.c. Remota:
- Questionário biográfico: pede-se que o paciente dê informações sobre sua vida; é preciso que o entrevistador tenha uma fonte fidedigna para confirmar as respostas do paciente.
Semiologia da memória:
6.a. Alterações quantitativas:
- Hiperminésias: aumento da capacidade de evocação das lembranças, as quais como que se precipitam no campo da consciência; vem sempre associada à aceleração do ritmo dos processos psíquicos. E principalmente à da atividade associativa. Em tais casos a memória não está aumentada, pois, se há melhora da evocação, em compensação, há piora da fixação e do armazenamento.
- Hipomnésias e amnésias: diminuição ou abolição da memória
a. Amnésia Unimodal: diminuição da memória relacionada a uma determinada modalidade sensorial (espacial, temporal, auditiva, visual, olfativa, somestésica ou gustativa)
b. Amnésia Global: acomete igualmente todas as modalidades sensoriais.
- Amnésia Anterógrada: memória de trabalho e motora estão conservadas. Do início da doença para frente o paciente não se lembra de nada, mas se lembra de tudo o que acontece antes. Tudo o que vai vivendo vai esquecendo. Lembra-se só do passado, mas não do presente. O paciente é incapaz de aprender novos fatos, só aprende atos manuais, motores.
- Amnésia Retrógrada: não se lembra de nada do que aconteceu do início da doença para trás, mas lembra de tudo que aconteceu depois; lembra do presente mas não do passado. Ocorre, em geral, por falha na evocação e não por perda do material armazenado. A amnésia retrógrada segue a lei da regressão mnêmica de Ribot: “as recordações novas desaparecem antes das antigas.”
A amnésia retrógrada, frequentemente, tende a diminuir, podendo ser recuperado parte do material anteriormente esquecido, mas a anterógrada é irreversível; nunca mais o paciente se lembra, contudo pode ser perpétua ou durar um período de tempo ilimitado.
Ex.:.
Retrógrada
Não 
lembra do
 que ocorreu 
De 17/04 para trás
Anterógrada
Não 
lembra do
 que ocorreu 
De 17/04 para frente
17/04
A síndrome Korsakoff: é comum na dependência de álcool crônica, sendo causada por falta da vitamina Tiamina. Caracteriza-se por: amnésia anterógrada, amnésia retrógrada e, principalmente na fase aguda, fabulação e falsos reconhecimentos.
- Amnésia Lacunar: há uma lacuna na memória, um período do qual o paciente não consegue se lembrar. Amnésia lacunar é geralmente consequência da remissão de uma amnésia anterógrada. Tem início e fim. E toda crise epiléptica, sonambulismo, estreitamento de conhecimento, terror noturno, etc. gera uma amnésia lacunar como consequência. Durante a crise não há consciência o mesmo ocorre com a anestesia geral.
- Ecmnésias:revivescência muito intensa e, às vezes de duração breve, de lembranças anteriores que pareciam esquecidas. Comum em casos agônicos, quando o paciente vê toda a sua vida passar rapidamente.
- Criptomnésias: lembranças que perdem suas características de recordação e aparecem como fatos novos. É algo que o paciente lembra, mas acha que não é lembrança. Ex.: ouvia muito uma música quando criança. Já adulta compõe a mesma música, não se lembrando de já tê-la ouvido antes (casos de plágio).
- Recordação obsessiva: Consiste no aparecimento espontâneo de imagem mnêmicas, que uma vez instalados não podem ser eliminados do campo da consciência.
6.b. Alterações qualitativas (paramnésias):
- Ilusões mnemônicas: distorções da memória. Ex.: Eu me lembro que a fulana estava com blusa amarela, mas ela não estava. Teve uma lembrança distorcida. Muito comum: há memória, mas de forma distorcida.
- Alucinações mnemônicas: criação de memórias que nunca existiram. Ex.: O paciente diz que jantou com o Papa. Lembra do que nunca ocorreu.
- Fabulação (confabulação): Apresentação de uma história imaginária, muitas vezes verossímil, como sendo real, sem que haja intenção deliberada de enganar e que não se mantém ou se mantém por pouco tempo. Muitas vezes ocorre para preencher uma lacuna de memória (síndrome de Korsakoff) ou associada a um baixo juízo crítico (pacientes frontais, demenciados). Na síndrome de Korsakoff muitas vezes a lembrança é verdadeira mas está deslocada de contexto: junta memórias isoladas e cria uma nova lembrança, ou seja, o paciente conta uma história com fatos que aconteceram mas que não se relacionam uns com os outros. Neste caso está liga à amnésia anterógrada, portanto não lembra nem do que contou e se for novamente questionado, conta outra história. Na alucinação mnemônica, o paciente inventa uma lembrança que toma como verdade, sendo imutável.
- Pseudologia fantástica: o paciente inventa uma história para satisfazer as necessidades do ego e passa a acreditar por lhe dar gratificação. O paciente acredita momentaneamente na história, mas se for contestado intensamente acaba reconhecendo que é uma invenção (é diferente da mentira). É comum na infância.
- Falso reconhecimento: reconhece uma pessoa, objeto ou fato como outro, quando se deveria esperar que isto não ocorresse.
- Falso desconhecimento: desconhece uma pessoa, objeto ou fato que deveria verossímil, sem que haja intenção deliberada de mentir e enganar, acreditando o paciente não reconhecer.
- Dejà vu: sensação de já ter visto algo que sabe nunca ter visto antes. Há variantes: dejàentendu (ouvido), vecù (vivido), pensè (pensado).
- Jamais vu: sensação subjetiva de nunca ter visto algo que sabe já ter visto antes. Há variantes: jamais entendu (ouvido), vecù (vivido), pensé (pensado).
PSICOPATOLOGIA DA ORIENTAÇÃO
Conceito:
Capacidade demonstrada pelo indivíduo para conhecer, em cada momento a situação real em que ele mesmo se encontra em relação ao ambiente. É a consciência que a pessoa tem de seu relacionamento físico com a realidade, medido pelos parâmetros de pessoa, tempo e lugar (Lat. orientatio [virar-se pra o oriente]).
Tipos:
- (H)alopsíquica (Heteropsíquica): - tempo
- espaço
-pessoas circundantes
-Autopsíquica (consciência do Eu)
2.a. Alopsíquica:Orientação com relação ao meio ambiente. Pode ter 3 parâmetros.
2.a.1. Orientação alopsíquica temporal –estar orientado, isto é, saber o período do dia (manhã, tarde e note), e a data atual (dia da semana e do mês, o mês e o ano) e também o tempo ocorrido entre um fato e outro e a sequência temporal dos eventos.
2.a.2. Orientação alopsíquica espacial –orienta-se quanto ao lugar onde está e a relação de um lugar a outro. Ex.: Estou em Manaus, que fica ao Sul dos EUA e ao Node do Rio de Janeiro.
2.a.3. Orientação alopsíquica de pessoas –orienta-se a respeito das pessoas circundantes, desde que as conheça. 
Qualquer paciente pode ter uma desorientação temporal, sem que isto implique em doença mental. Ex.: Passou 30 dias de férias no Caribe, num destes dias acordou sem saber ao certo que dia era aquele. É comum haverdesorientação temporal e manter-se a espacial. A orientação costuma perder-se na seguinte sequência: 1° temporal; 2° espacial; 3° em relação a outras pessoas: 4° autopsíquica.
2.b. Orientação autopspiquica (Consciência do Eu):É a consciência que o indivíduo tem de si mesmo.
2.b.1. Atividade do Eu: é a consciência que o indivíduo tem de existir e agir;
Consciência de Existência: é a consciência que o indivíduo tem da própria existência:
Consciência de Execução: é a consciência que o indivíduo tem de ser o responsável por seus atos, sentimentos e pensamentos;
2.b.2. Unidade do Eu: é a consciência que o indivíduo tem de ser apenas uma única pessoa a cada momento; eu sou um só, indissolúvel; 
2.b.3. Identidade do Eu:é a consciência que o indivíduo tem de que sempre foi e sempre será a mesma pessoa, do nascimento à morte;
2.b.4. Identidade do Eu:é a consciência que o indivíduo tem que o indivíduo tem da separação entre o Eu e o não-Eu;
Origem ou causa da desorientação:
Apática -ocorre por indiferença, desinteresse ou apatia em relação ao mundo. Ex.: paciente deprimido, que passa dias na cama, sem sair do quarto, não sabe qual a data presente ou o dia da semana.
Amnestésica –ocorre por distúrbio de memória recente; a orientação é função da memória recente. É comum na síndrome de Korsakoff.
Distúrbio de Consciência -ocorre por distúrbio da consciência, já que a consciência tem uma função permissiva sobre todas as funções mentais. Se há distúrbio de consciência, há também, consequentemente, distúrbio de orientação, atenção e memória.
Delirante (dupla orientação) -ocorre pela existência de delírios, não estando o paciente verdadeiramente desorientado, mas sim, tem 2 ou mais orientações: a orientação real (que o paciente conhece, mas julga ser falsa) e a(s) orientação(ões) delirante(s) (que ele julga ser a verdadeira); ele é capaz dedizer a orientação verdadeira, apesar de não acreditar nela. Há duas orientações, uma falsa e uma verdadeira. O paciente sabe que existem uma data e lugar,	mas a considera falsas, por que acredita que a que corresponde ao delírio é a correta. Ex.: Eu sou Napoleão Bonaparte, Imperador da França e, portanto, estamos na França, na data de 1815.
Semiologia:
4.a. Orientação alopsíquica temporal:
- Desorientação alopsíquica temporal (cronopsíquica):o paciente não sabe a data de hoje; nem sempre é patológico, principalmente quando o erro é de apenas 1 ou 2 dias. Pode ocorrer, também, a taquicronia (sensação de que o tempo passa mais rápido que o normal) e bradicronia (sensação de que o tempo passa mais lento que o normal):
- Desorientação alopsíquica espacial:o paciente não sabe onde está ou não sabe a relação entre os diversos locais;
- Orientação alopsíquica de pessoas:o paciente não reconhece as outras pessoas ou as reconhece erradamente;
4.b. Orientação autopsíquica (Consciência do EU):É a consciência que o indivíduo tem de si mesmo.
4.b.1. Alteração da consciência de existência:
- Despersonalização -ocorre uma sensação de estranheza em relação a si mesmo. Caracteriza-se por um inconcebível e inexplicável sentimento de estranheza em relação a si mesmo. É comum em quadros delirantes e neuróticos. Em geral vem associado à desrealização, que é um sentimento de estranheza com relação ao mundo, como se algo houvesse ocorrido e o mundo agora está diferente.
- Convicção de Inexistência Pessoal ou Síndrome de Cotard (delírio de negação) -trata-se da convicção de inexistência do próprio corpo ou de certos órgãos ou de que o paciente não está vivo e sim morto é comum em quadros depressivos (delírio de não mais existir).
4.b.2. Alteração da Consciência de Execução:
- Pensamento Feito, fabricado ou imposto: delírio de que não é a própria pessoa que pensa, mas que alguém lhe impõe o pensamento.
- Subtração ou roubo do pensamento:delírio de que o próprio pensamento é roubado por alguém.
- Ação Voluntária Influenciada:delírioque não é a própria pessoa que age ou se movimenta, mas que alguém o faz se mover ou agir. O paciente acredita que não controla mais suas ações e que estas são controladas por uma força exterior.
- Possessão:delírio de que se é possuído por alguma força sobrenatural (espíritos, diabo, etc.) e que todas as suas ações são por ela comandadas.
4.b.3. Distúrbio da Unidade do Eu:
Cisão do Eu -é a coexistência ao mesmo tempo de duas ou mais personalidades. O paciente acredita que é 2 ou mais pessoas ao mesmo tempo ou alternadamente; e o caso de personalidade múltiplas.
4.b.4. Distúrbio da Identidade do Eu:
O paciente tem a convicção de que já não é mais o mesmo e é sim uma outra pessoa. Mantém uma unidade de personalidade a cada momento: é um só, mas não o mesmo de ontem.
4.b.5. Distúrbio da Consciência do Eu em oposição ao Mundo Exterior:
- Transitivismo:é a perda do limite entre o Eu e o mundo exterior. Há uma expansão do Eu, englobando coisas que na verdade pertencem ao Não-Eu.
- Difusão do Pensamento:O paciente acredita que o seu pensamento se difunde para fora de sua cabeça e que, por isto, ele e publicado em jornais ou falado na televisão.
PSICOPATOLOGIA DA PERCEPÇÃO
Conceitos Fundamentais:
1.a. Sensação (Lat. sensatio [sensação]):
Fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Corresponde a impressão sensorial simples, não estruturada. É o 1º estágio do processo perceptivo.
1.b. Percepção (Lat. perceptio [percepção]):
É a tomada de consciência sensorial de objetos ou de fatos exteriores mais ou menos complexos. Na percepção, que é um passo além da sensação, esta é integrada, dando um sentido as mesmas. Ela é corpórea, nítida, corpórea provém do espaço externo, possui frescor sensorial, é constante, passiva, involuntária, detalhada e os objetos são claramente definidos.
1.c. Representação (imagem mnemônica) (Lat.representatio [representação]):
É o ato de conhecimento que consiste na reativação de uma lembrança ou imagem mnêmica, sem a presença real do objeto correspondente. Ela é não corpórea pouco nítida, instável, provém do espaço interno, não possui frescor sensorial e sem detalhes, esbatida e esmaecida; voluntária e ativa.
Classificação:
2.a. Exterocepção (sentidos especiais):visão, audição, somestesia (tato, dor, pressão, vibração, calor e frio), olfato e paladar;
2.b. Propriocepção:noção de posição segmentar, equilíbrio e cinestesia (sensação de movimento), proveniente de estímulos de músculos, tendões, articulações e vestibulares;
2.c. Interocepção (cenestesia):é a sensibilidade visceral, provém de receptores nos órgãos sensoriais e fornecem informações sobre a saúde e bem-estar de vísceras, podendo ser conscientes ou inconsciente.
Fases do reconhecimento:
2.a. Sensação: a impressão sensorial simples, não estruturada;
2.b. Percepção:percepção consciente de uma impressão sensorial, após estruturação da sensação, com a fusão de atributos separados em um todo;
2.c. Associação:fornecimento de significado ao conteúdo de uma percepção pelo pareamento e ligação desta com a experiência prévia;
Imagens mentais:
- Imagem eidética (imagens visuais intuitivas):são imagens voluntariamente projetadas exteriormente no espaço objetivo (preferencialmente em fundos lisos e cinzentos), podendo ser descritas com precisão e abundância de detalhes e diferem muito pouco da verdadeira percepção. É uma imagem visual subjetiva que por suas qualidades de clareza,riqueza de por menores e origem intuitiva, difere muito pouco da percepção visual. Suas características principais são riqueza de por menores, intensidade, colorido, plasticidade, duração e origem intuitiva. Podem ser projetadas em qualquer lugar no espaço. É rara, em geral ocorrendo em crianças e em povos primitivos.
- Imagem pós-sensorial (consecutiva ou eco-sensorial):estimulação sensorial excessiva provoca a permanência da imagem por alguns segundos, mas com propriedades opostas (negativas). Ela segue-se imediatamente ao estímulo sensorial, mas, progressivamente, vai-se diferenciando pela degradação progressiva de seuscaracteres até o desaparecimento completo. Ex.: após se olhar o sol, vê-se por alguns segundos um disco escuro do mesmo tamanho do sol.
Semiologia:
5.a. Alteração da intensidade da sensação:
5.a.1.Hiperalgesia (hiperalgia):aumento da sensibilidade dolorosa;
5.a.2.Hipoalgesia/analgesia:diminuição/abolição - da sensibilidade dolorosa;
5.a.3.Hiperestesia: aumento geral da sensibilidade;
5.a.4.Hipoestesia/anestesia:diminuição/abolição geral da sensibilidade;observa-se a hipoestesia nos estados depressivos, no estupor, nas síndromes com obnubilação da consciência, nas depressões pós-infecciosas e pós-traumáticas.
5.a.5.Hipergeusia:aumento da sensibilidade gustativa;;
5.a.6.Hipogeusia/ageusia:diminuição/abolição da sensibilidade gustativa;
5.a.7.Hiperosmia:aumento da sensibilidade olfativa;
5.a.8.Hiposmia/anosmia:diminuição/abolição da sensibilidade olfativa;
5.a.9.Hiperacusia: aumento da sensibilidade auditiva;;
5.a.10.Hipocusia/acusia:diminuição/abolição da sensibilidade auditiva;
5.b. Distúrbio do reconhecimento da percepção (agnosias):distúrbio do reconhecimento da percepção (apercepção ou associação), na presença de sensibilidade normal. Agnosia visual (cegueira psíquica), auditiva (surdez psíquica), alexia (cegueira verbal), agnosia tátil (esteroagnosia).;
5.c. Anomalia na percepção de qualidades (aberração perceptiva): alteração na percepção da cor ou maior ou menor nitidez de detalhes nas imagens visuais. O paciente percebe nos	objetos exteriores cores inusitadas e/ou berrantes que não existem realmente. É observada nos casos de intoxicação pelas drogas psicodislépticas e em formas iniciais de esquizofrenia.
5.d. Metamorfopsias (anomalias na percepção do tamanho e/ou da forma):
5.d.1.Dismorfopsias: distorção na percepção de formas; 
5.d.2.Dismegalgpsias: distorção na percepção do tamanho:
- micropsias: objetos parecem reduzidos ou muito distantes
- macropsias (ou megalopsias): objetos parecem aumentados ou muito próximos
5.d.3.Autometamorfopsias:metamorfopsias referentes ao próprio corpo;
5.e. Anomalia na integração perceptiva:
- cisão: percepção desintegrada dos diversos elementos de um estímulo, havendo incapacidade de estabelecer os nexos que habitualmente existem entre 2 ou mais percepções procedentes de modalidades sensoriais diferentes. Ex.: um paciente que está vendo televisão experimenta a sensação de que existe uma espécie de competição, e inclusive um conflito, entre o que ouve e o que vê, como se ambas as sensações não tivessem nada que ver entre si, ou que viessem de fontes de estimulação diferentes, e lutassem entre si para atrair a sua atenção.
- Sinestesias: uma sensação, correspondente a certo sentido, se associa com uma imagem que pertence a um órgão ou modalidade sensorial distinta, aparecendo regularmente quando essa última aparece. O caso mais frequente é o da audição colorida ou sinopsia.
5.f. Caracteres anormais da percepção (desrealização): há estranheza do mundo das percepções, alterações na empatia, sensação de que a realidade se modificou, sensação de que ocorreram mudanças no meio ambiente da pessoa.
5.c. Ilusões:é a percepção deformada de um objeto real e presente. Esta distorção perceptiva é causada por predisposição pessoal (desatenção, sugestão e afeto), indefinição da situação em que se produz o estímulo ou uma combinação destes fatores e ocorre nos estados de rebaixamento da consciência, estado de fadiga grave ou de inatenção marcante e estados afetivos intensos. O paciente não cria nada, apenas distorce a sensação. A pareidolia é um tipo especial de ilusão na qual o indivíduo faz a reconstrução com significado de um estímulo ambígua ou pouco estruturado. Ex.: ver objetos (bichos, castelos, etc.) em nuvens. É uma distorção em que a pessoa apresenta juízo crítico durante ou depois da ilusão.
5.h. Alucinações:Percepção sensorial sem o estímulo sensorial correspondente. Segundo Jaspers, “as alucinações são falsas percepções corpóreas que não se originam, por transformação, de percepções reais e sim de modo inteiramente novo, e que surgem paralelas e juntamente com percepções reais”. CabaleiroGoas diz que "a alucinação é uma falsa percepção por não corresponder a nenhum objeto ou coisa real, atual ou presente, situado no campo sensorial. A característica principal consiste na perda do juízo de realidade que, no paciente existe como manifestação de um transtorno de sua atividade psíquica, fundamentalmente da consciência em um aspecto quantitativo e seletivo". Para Palm, "na	alucinação, a imagem representativa ou fantástica adquire todos os elementos que caracterizam a imagemperceptiva, faltando, porém, o estimulo exterior isto e, o objeto que lhe daria origem.
5.h.1.Alucinação Visual:
- Simples ou elementar (fotopsias) -vê luzes, chamas, relâmpagos, fagulhas. É a mais comum e em geral tem causa orgânica (enxaqueca, epilepsia, psicodislépticos, intoxicação medicamentosa, etc.)
- Complexa - vê objetos formados, como pessoas ou carros
- Liliputiana - vê objetos em tamanho pequeno ao lado da percepção normal dos objetos e pessoas que o rodeiam. As alucinações liliputianas geralmente têm um estado afetivo agradável, o paciente gosta do que vê.
- Guliveriana- vê objetos em tamanho aumentado ao lado da percepção normal dos objetos e pessoas que o rodeiam.
- Autoscopia- visão objetiva do próprio corpo projetada no mundo exterior, frequentemente com uma consistência gelatinosa e transparente.
- Autoscopia negativa - não vê sua imagem refletida em um espelho.
5.h.2.Alucinação Auditiva:
- Simples ou elementar -o paciente ouve zumbidos, estalidos, silvos, sinos e murmúrios.
- Sonorização de pensamento (eco do pensamento) - o paciente ouve os próprios pensamentos expressos em voz alta a medida que os pensa, como se as palavras fossem pronunciadas por alguém do meio exterior.
- Eco da leitura - o paciente ouve vozes ou sussurros, repetindo tudo que está lendo.
5.h.3.Alucinação Olfativa - O paciente sente odores, em geral, nauseosos, insólitos e desagradáveis, como de fezes de cadáveres, de podre, etc., e normalmente associados a alucinações gustativas correspondentes. Em alguns casos acha que o mau cheiro provém de si mesmo. São comuns nos quadros epilépticos.
5.h.4.Alucinação Gustativa - O paciente, em geral, sente gostos nauseosos, fétidos pútridos ou insólitos, normalmente associados a alucinações olfativas correspondentes.
5.h.5.Alucinação Tátil (háptica)- O paciente tem sensações na superfície da pele de calor, frio, picadas, hídricas, parestesias (formigamento) reptação (sensações de que pequenos animais ou insetos, como baratas, aranhas, percejas, pulgas, piolhos e formigas, andam por debaixo ou por cima da pele). É muito comum nos casos de Delirium tremens.
5.h.6.Alucinação cenestésica - relacionam-se com sensações anormais em diferentes partes do corpo, de que parte ou o todo de seu corpo se modifica na forma, tamanho, material constituinte e posição ou que sofre descargas elétricas ou sensações sexuais. Muitos enfermos fazem referência a sensações estranhas nos órgãos genitais, principalmente mulheres, outros relatam, por exemplo, que algo pressiona os olhos na parte interna ou ainda que o cérebro está ficando duro.
5.h.7.Alucinação cinestésica - referem-se aos movimentos e em certo sentido, com o equilíbrio. Alguns pacientes tem a impressão de que seu corpo realiza certos movimentos, outros acham que seus músculos se contraem, que um dos braços se levanta, sem que na verdade se observe qualquer movimento. A pessoa tem a sensação de movimento do seu próprio corpo, sem existir o movimento.
5.h.8.Alucinação psicomotora verbal - alucinação cinestésicas que atinge os órgãos da fala e da articulação das palavras cujos músculos se apresentam às vezes animados de movimentos, dando a impressão de que alguém fala por ele. O paciente sente o movimento da boca sem, no entanto, mexê-la; alucina que fala algo sem falar.
5.h.9.Alucinação psíquica - alucinação em forma de telepatia; os enfermos fazem referência a "palavras sem som: dizem, por exemplo, que falam por “diretas comunicações do pensamento", por telepatia.
5.h.10.Alucinação funcional - alucinação provocada por um estímulo sensorial da mesma modalidade sensorial. Ex.: o som da água caindo, ao se abrir a torneira, provoca uma alucinação auditiva (vozes).
5.h.11.Alucinação reflexa - alucinação provocada por um estímulo sensorial de outra modalidade sensorial. Ex.: o som da água caindo, ao se abrir a torneira, provoca uma alucinação visual.
5.h.12.Alucinação Negativa - o paciente não vê objetos do mundo real, não percebe algo que existe. Ex.: ao olhar alguém sentado numa cadeira, o paciente diz só ver a cadeira e não a pessoa sentada.
5.h.13.Alucinação extracampina- o paciente tem uma alucinação que se experimenta fora do campo sensorial possível, por exemplo, ver através de obstáculos (paredes, muros, etc.), ver atrás de sua cabeça, por baixo do solo, etc.
5.h.14.Pseudoalucinação- termo que expressa dois conceitos diferentes segundo o autor considerado:
a) São produtos patológicos da atividade representativa (imagens mentais) com clareza sensorial, que são percebidas numa espécie de espaço subjetivo. São diferentes das alucinações pelo fato de as imagens visuais e as vozes serem localizadas no interior do corpo, isto e, tem	sua origem no espaço interno. Ex.: ouço uma voz que vem de dentro de mim, do meu fígado, do meu coração etc.
b)Alucinação que se produz preferentemente nas modalidades visual e/ou auditiva e nas quais não existe convicção absoluta acerca da realidade perceptiva da experiência. São alucinações em que o paciente	apresenta juízo crítico, sabe que alucinou, que as imagens não são verdadeiras.
- Imagens alucinóides (fenômenos fantásticos da visão): imagem autônoma e similar a uma alucinação, exceto pelo momento de sua aparição (ligadas a estados carenciais, hipertermia e traumatismos cranianos) e pelo fato de que a pessoa mantém os olhos fechados e sabe que o que experimenta são imagens. Só acontecem através de relaxamento e embora não se evoquem por sua vontade, ao se concentrar as imagens desaparecem.
5.h.15.Alucinação hipnagógica: alucinação que ocorre nas fases inicias do adormecimento, quando está começando a dormir.
5.h.16.Alucinação hipnopômpica: alucinação que ocorre nos momentos que antecedem o acordar.
5.i.Cognição Corpórea (sensação de presença): é a sensação subjetiva de ter alguém perto, sem, no entanto, verdadeiramente, alucinar. O paciente sente uma presença, mas não consegue ouvir esta presença.
PSICOPATOLOGIA DO PENSAMENTO
Elementos constitutivos do pensamento:
1.a. Conceitos:representação simbólica utilizada no pensamento abstrato, tendo um significado geral válido para um conjunto de representações concretas, no qual elas tenham de comum. Formam-se a partir das representações, mas não tem elementos de sensorialidade. Para a sua formação são necessários a eliminação dos caracteres de sensorialidade e a generalização.
1.b. Juízos:é o estabelecimento de relações significativas entre os conceitos básicos; é a afirmação de uma relação entre dois conceitos.
1.c. Raciocínio:é a função que relaciona os juízos. O processo de raciocínio representa um modo especial de ligação entre conceitos, de sequência de juízos, de encadeamento de conhecimentos, derivando sempre um dos outros.
Processo do pensamento:
2.a. Forma:é a estrutura do pensamento, o que dá uma ordenação, levando a um pensamento bem estruturado.
2.b. Curso:é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e ritmo ao longo do tempo.
2.c. Conteúdo:é aquilo que dá substância ao pensamento, os seus temas predominantes, os seus assuntos em si.
Semiologia:
3.a. Alterações da forma do pensamento:
3.a.1.Desintegração dos conceitos:as palavras se desprendem de seu significado original e adquirem novas significações, modificando-seos conceitos, formando-se conceitos menos rígidos totalmente incompreensíveis. Os conceitos se desfazem e uma mesma palavra passa a ter significados cada vez mais diversos. A ideia de determinado objeto e a palavra que o designa passam a não mais coincidir. Ex.: ateu não significa mais descrente em Deus, mas passa a significar a teu (comando), portanto, obediente a Deus.
3.a.2.Condensação ou fusão de conceitos:duas ou mais ideias são condensadas ou se fundem em um outro conceito diferente. Ex. vou viajar num vapor a vela. Juntou barco a vapor com barco a vela.
3.a.3.Fuga de Ideias:é uma perturbação da estrutura do pensamento, secundária a uma aceleração maior do curso do pensamento, caracterizada por uma variação incessante do tema e uma incapacidade absoluta de levar o raciocínio a uma conclusão. Acompanha-se de uma tendência irresistível a falar, podendo levar à logorreia, verdadeira torrente de palavras relacionadas por assonância e sem sentido lógico. Ex.: Boa tarde! Sim, boa tarde, se a vida é tão doce como mel. Gosta também de açúcar? - fábrica de açúcar - a cana e a corda- não quer enforcar-se? Segundo Jaspers, estes enfermos interrompem a todo instante e sem motivo aparente o curso do pensamento, começando a dizer uma coisa e logo em seguida outra, não conseguindo fixar-se em um único objetivo.
3.a.4.Pensamento desagregado, disparatado ou, afrouxamento dos nexos associativos:há uma profunda perda do enlace associativo, total perda da coerência do pensamento. O enlace entre as palavras ou ideias encontra-se afrouxado, tornando o pensamento obscuro ocorrendo em graus extremos a salada de palavras.
3.b. Alterações do curso do pensamento:
3.b.1.Aceleração do Pensamento (taquipsiquismo):o pensamento flui de forma muito acelerada, uma ideia se sucedendo a outra muito rapidamente. Costuma refletir-se na linguagem que também fica acelerada (logorreia).
3.b.2.Lentificação, Inibição ou Retardo do Pensamento (bradipsiquismo):há uma diminuição da velocidade do pensamento. Geralmente apresenta-se unido a lentidão de todos os processos psíquicos. Caracteriza-se pela diminuição do número de representação evocáveis na unidade de tempo e pela lentidão do curso do pensamento.
3.b.3. Interrupção, bloqueio ou barragem do pensamento:Interrupção súbita do curso do pensamento que dura alguns instantes, aparecendo imediatamente na linguagem, e depois há retorno ao pensamento anterior ou segue para outro pensamento. Há uma parada no curso do pensamento. Sintoma comum na esquizofrenia. Muitas vezes está associado ao delírio de roubo do pensamento.
3.b.4.Circunstancialidade:pensamento que só atinge a sua meta após muitas voltas e disgressões desnecessárias. É pouco direto e objetivo, mas atinge a sua meta.
3.b.5.Tangencialidade ou descarrilhamento do pensamento:pensamento que se perde em disgressões desnecessárias e se desloca para assuntos relacionados, mas sem atingir a sua meta; não há aceleração do pensamento associada. A diferença entre a circunstancialidade e a tangencialidade é que nacircunstancialidadeo	 indivíduo atinge sua	meta e na tangencialidade não.
3.b.6. Prolixidade:incapacidade para selecionar as representações essenciais das acessórias, assim o pensamento não desenvolve o tema principal, ao contrário, perde-se a todo instante numa série de pormenores desnecessários, dando ao raciocínio um aspecto arrastado e difícil. Ao ser interrompido, o paciente retoma do ponto que parou ou começa tudo de novo, usando as mesmas palavras.
3.b.7.Perseveração:tendência a repetição automática e frequente do mesmo pensamento, mesmo fora do contexto adequado.
3.b.8.Compulsão a pensar:o paciente sente-se forçado a pensar. Caracteriza-se pelo aparecimento na consciência de pensamentos indesejados, ao lado daquilo que é desejado, pensamentos estes de conteúdo casual e que se manifestam independente da vontade do doente. Alguns enfermos se queixam de: “ter pressa de pensar", "as ideias se atropelam em minha cabeça", "urgência de pensar, acumulação de pensamentos". Alguns queixam-se de que alguém os força a pensar e nestes casos é muito parecido com o pensamento feito.
3.c. Alterações no conteúdo do pensamento:
3.c.1.Pensamento Obsessivo:pensamentos que sem que a tonalidade afetiva o explique, aparecem na consciência com o sentimento subjetivo de obrigatória e persistência. Não podem ser afastados pelos esforços voluntários ainda que o indivíduo se dê conta de sua falta de fundamento e também reconheça namaioria dos casos a falsidade de seu conteúdo e o seu caráter francamente patológico. É típico do distúrbio obsessivo-compulsivo.
3.c.2.Ideias Sobrevaloradas ou Prevalentes:conjunto de ideias que, em virtude de sua tonalidade afetiva, adquire predominância sobre todos os demais pensamentos e se conserva por longo tempo ou indefinidamente. Exerce poderosa ação sobre a vida mental e o paciente experimenta a sensação de ter perdido a liberdade mental e coloca todo o poder da mente (energia psíquica) a serviço das mesmas. Ex.: Comerciante que	trabalha a vida	toda, para na	velhice tornar-se arqueólogo, por que desde criança tinha a ideia fixa de ser arqueólogo. Nestes termos as ideias prevalentes podem ser positivas ou negativas, sendo consideradas patológicas de acordo com seu conteúdo.
3.c.3. Pobreza do conteúdo do pensamento, pensamento vago ou pobre:é um pensamento de pouco conteúdo que quase não subministra informação, vago, repetitivo e estereotipado, mas quantitativamente normal. O indivíduo fala pouco e não diz nada.
3.c.4.Pensamento	Concreto	(concretismo):incapacidade de se realizar o pensamento abstrato e de distinguir entre o simbólico e o concreto. Pode ocorrer por falta de cultura, por ignorância ou pode ser patológico. O concretismo é um pensamento primitivo por estar limitado às percepções imediatas. É uma incapacidade para abstrair.
3.c.5.Irresponsabilidade ao falar:o indivíduo fala o que lhe vem à cabeça, sem a menor censura, por mais absurdo que seja, mas o seu conteúdo não tem a constância nem tem a convicção dos delírios. Fala qualquer besteira e não o que acredita estar certo, diferentemente do impulsivo que fala suas verdades sem pensar nas consequências.
3.c.6. Pensamento autístico (derreista):pensamento que obedece às suas próprias leis, utiliza as relações lógicas habituais na medida em que se tornam convenientes, porém não se acha ligado de nenhuma maneira as leis da lógica. Nos casos mais acentuados, tudo transcorre como se o indivíduo estivesse submerso	num estado onírico. Está dirigido pelas necessidades afetivas, sendo pensado mediante símbolos, analogias, conceitos fragmentários e vinculações acidentais. É a fonte das ideias delirantes. É muito comum nas crianças pequenas, que tem o pensamento egocêntrico. Ex.: Não anoiteceu por que eu não dormi. Comum nos casos de esquizofrenia.
3.c.7.Perseveração:tendência a repetição automática e frequente do mesmo pensamento, mesmo fora do contexto adequado.
3.c.8.Delírios:conjunto de juízos falsos, que se desenvolvem em consequência de condições patológicas preexistentes que não se corrigem racionalmente. São juízos infundados que ocorrem ao indivíduo, o qual os vivencia como verdades incontestáveis e retira delas consequências, como um juízo fundamentado. É um transtorno pertinente à formação dos juízos. A premissa é falsa, mas o raciocínio que se desenvolve a partir desses princípios falsos é perfeitamente correto. Possuem em determinado grau, não necessariamente delimitado, os seguintes caracteres. 1) convicção extraordinária com que lhes adere a certeza subjetiva incomparável; 2) impossibilidade da influenciabilidade por parte da experiência e de raciocínios lógicos; 3) impossibilidade do conteúdo. Para se reconhecer algo como delírio, há de se analisar a realidade cultural do indivíduo, pois existem crenças absurdas que são sancionadas culturalmente. Ex.: Em uma	comunidade adepta do candomblé, um indivíduo que se diz possuído por espíritos, não está delirante, por que esta crença já está institucionalizada na comunidade.

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