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RESPONSABILIDADE CIVIL Introdução • Direito francês: culpa/autonomia: só haveria que se falar em responsabilidade caso houvesse na conduta a culpa. Porém, se o autor fizesse tal conduta lesiva por sua livre e espontânea vontade, haveria a imputação de responsabilização também. • Século XIX – surto da revolução industrial: a partir de então se passa a falar sobre responsabilidade objetiva, onde não mais haveria a necessidade de culpa para responsabilizar alguém por uma lesão. Lembrando que as pessoas aqui passam a ter a sua autonomia limitada pelo Estado. Tal limitação passa a ser a dignidade da pessoa humana. 02 – Corre lação entre ato ilícito X responsabilidade: nos casos de estado de necessidade não haverá responsabilização do indivíduo, ou então caso o bem seja do causador do dano. MATERIAL ORDINÁRIO: ALGO CORRIQUEIRO Fato NATURAL JURÍDICO EXTRAÓRDINARIO HUMANO ILÍCITO NEG. JUR ÍDICO LÍCITO ATO JUR. EM SENTIDO ESTRITO. OBS: mesmo o ato sendo lícito, poderá sobre ele recair a responsabilização. Ou seja, desde que haja dano a outrem, o indivíduo causador do dano terá o dever de indenizar. Para o Código Civil de 96, a responsabilidade estava atrelada a tão somente o ato ilícito. Porém, com o Código de 2002, tanto os atos ilícitos como os lícitos estão suscetíveis a gerar o dever de indenizar. 03 – Tendências do Direito Civil a partir da Constituição Federal/88: O novo conceito traz tanto o dano patrimonial como o dano extrapatrimonial. A pessoa poderá ser responsabilizada caso o dano decorra de ato próprio, fato de terceiro ou fato de coisa. Passa-se a fazer uma analise partindo do pressuposto da dignidade da pessoa humana, no qual a autonomia passa a ser privada. 04 – Conceito: 4.1 – tradicional: para René Savatier, é a obrigação de reparar o dano causado ao patrimônio de outrem, por ato próprio e culposo. 4.2 – contemporâneo: para Maria Helena Diniz, é um conjunto de medidas preventivas e/ou reparatórias tendentes a reparar o dano patrimonial ou extrapatrimonial, por ato próprio, fato de terceiro ou fato de coisa, com base na culpa ou no risco da atividade. 05 – Função: • restabelecer o equilíbrio econômico: restabelecer o status quo. • restituição da vítima • prevenção de novos danos: através da punição pedagógica. OBS: para grande parte da doutrina, punir e prevenir não são a mesma coisa. 5.1 – argumentos favoráveis ao caráter punitivo-pedagógico: a) existe o “meio aborrecimento”, não sendo ele suscetível a indenização. b) o caráter punitivo-pedagógico tem a intenção de prevenção – função de prevenção = aplicar um valor maior do que o dano causado para prevenir novos danos. Ou seja, majorar o dano moral com o intuito de prevenir novos atos danosos idênticos. Reparar tem caráter punitivo? A doutrina entende que majorando o valor do dano seria uma forma de punição do agente causador. 06 – Posicionamento da Responsabilidade Civil na Teoria do Direito: 07 – Espécies de responsabilidade • contratual X extracontratual: Contratual: é a violação do dever jurídico pactuado entre as partes. OBS: clausula geral = boa-fé: o nosso ordenamento adota a boa-fé em dois sentidos: 1- subjetivo, que analisa a intenção, vontade psicológica, objetivo, comportamento de lealdade e confiança. 2- objetivo: Na relação contratual é adotado o critério objetivo: função interpretativa, integrativa e limitadora. OBS: venire contra factum proprium: princípio que proíbe um comportamento contraditório. Os pressupostos contidos aqui são: conduta; expectativa; investimento; comportamento contraditório. OBS: “tuo quoque” = não fazer com o outro o que não desejaria que fosse contigo. OBS: violação positiva do contrato: função integrativa da boa-fé. Será: Violação = culpa presumida = culpa presumida gera inversão do ônus da prova. O autor do dano é quem deve provar que não agiu de má-fé. Extracontratual: é a violação de um dever jurídico imposto por lei. OBS: o código civil de 2002 diz que os responsáveis respondem pelos atos dos incapazes tanto na relação contratual como na relação extracontratual. OBS: menor = responsabilidade subsidiária: o menor (incapaz) responde de forma subsidiaria não podendo ser violado o mínimo existencial. Para o Direito Civil, violar um contrato é mais gravoso do que violar uma lei. DUTY TO MITIGATE THE OWN LOSS – é o dever de mitigar o próprio prejuízo. • Responsabilidade civil e penal: – Influencia do direito penal no direito civil: Anterioridade: quando a sentença penal for proferida antes da sentença cível. O Código de Processo Penal e o Código de Processo Civil permitem que o juiz da esfera cível suspenda o processo para aguardar o processo penal. É uma faculdade do juiz. Analise de mérito: é quando a sentença penal analisar autoria e materialidade. OBS: sentença absolutória por falta de prova não irá influenciar na esfera cível. OBS 2: será possível que o juiz da esfera penal fixe o valor da indenização, ou então estabeleça um valor mínimo para tal. Desta forma, irá dar celeridade ao processo cível uma vez que será necessário apenas executar o valor estabelecido ou então quantifica-lo. OBS 3: O nome da ação de execução da sentença penal que arbitra o valor indenizatório e que ocorre na esfera cível é AÇÃO EX DELITO. Legitimados: Inconstitucionalidade progressiva: O STF definiu que o Ministério Público será o legitimado para as ações ex delito em favor de pessoas hipossuficientes quando não houver Defensoria Pública no local. • Prescrição: Art. 200 CC - a prescrição da pretensão reparatória civil só começa a contar quando houver o transito em julgado da sentença penal. OBS: a prescrição criminal não influencia na responsabilidade civil. O mesmo ato poderá gerar dois processos distintos. Um na esfera cível e outro na esfera penal. Lembrando que na esfera penal, o interesse lesado é o da sociedade, enquanto que na esfera cível o interesse lesado é o individual (patrimônio do individuo). OBS 2: Na esfera penal, o menor é ator de ato inflacionário, respondendo pelo ECA. Enquanto que na esfera civil ele responde de maneira subsidiaria e condicionada. OBS 3: o Direito Civil nunca influencia no Direito Penal. Entretanto, o Direito Penal poderá influenciar no Direito Civil. Emancipação A emancipação voluntária e judicial gera responsabilidade solidária para os pais, enquanto que a emancipação legal cessa a responsabilidade dos pais. • Responsabilidade objetiva X Responsabilidade subjetiva A diferença entre essas duas espécies é a analise da culpa que ocorre apenas na responsabilidade subjetiva. O Art. 927 determina como regra geral a responsabilidade subjetiva e, excepcionalmente a responsabilidade objetiva. Com relação a responsabilidade objetiva, esta se subdivide em: Com risco integral: é aquela que não se pode alegar caso fortuito ou força maior. Sem risco integral: é aquela que pode se alegar qualquer excludente do nexo de causalidade, quais sejam, caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva da vítima e fato de terceiro. • Pressupostos: 1 – conduta 2 – nexo de causalidade 3 – dano 4 – culpa (responsabilidade subjetiva) Conduta Própria: quando é o próprio agente que atua. Impropria: quando decorre de uma conduta de terceiro (fato de outrem) ou um fato da coisa. 1 – por fato de outrem: ART 923 CC I – pais: os pais respondem objetivamente e não cabe ação de regresso em relação aos seus filhos. II – tutores e curadores: os tutores e curadores respondem por seus tutelados e curatelados objetivamente. III – empregador: o empregador responde objetivamente quando o dano gerado for pelo empregadoou trabalhador. Ressalva-se que, em que o pese o Código utilizar o termo empregado, não é necessário que em tal relação estejam presentes todos os requisitos do vínculo de emprego. IV – hoteleiros e estabelecimentos: o estabelecimento será responsabilizado por qualquer que seja o dano causado entre os hospedes, ou entre um hospede e um terceiro. OBS: exceto os pais, neste caso, cabe ação de regresso contra o real causador do dano. No entanto, a responsabilidade analisada será a subjetiva. 2 – por fato de coisa: ART. 936 CC. I – animal: o dono ou detentor irá responder pelos danos que o animal causar a terceiros. Exceto se estiver presente culpa exclusiva da vitima ou caso fortuito ou força maior. Cabe alegar: caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima. OBS: animais em estrada, a responsabilidade será solidária entre o poder público e o proprietário do animal, e se a via for privatizada, entre a concessionaria e o proprietário do animal. II – coisa lançada/caída: responderá quem habita o imóvel, e não cabe alegação de caso fortuito. OBS: em caso de anonimato, pela teoria da causalidade alternativa, todos os condôminos irão responder solidariamente. Cabe responsabilizar: quem habita o imóvel OBS: não cabe alegar caso fortuito III – ruína de prédio: entende-se por ruína toda e qualquer estrutura que se desprenda do prédio por falta de manutenção e cuidado. Nestes casos, responderá o proprietário do prédio. Cabe ação de regresso contra o construtor tendo em vista que este tem o prazo de 5 anos para garantir a solidez da construção. Cabe responsabilizar o proprietário do imóvel.
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