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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Teorias Econômicas Aplicadas à Contabilidade Aula 04 Prof. Clecio Steinthaler Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Vivemos em um mundo onde as transações econômicas extrapolaram do limite nacional para o internacional. Torna-se fácil comprar e vender qualquer coisa, basta darmos alguns cliques e pronto! Mas, o que tornou possível essa facilidade econômica? Qual é o item que permite avaliar economicamente um bem, manter um poder de compra indistinto durante o tempo? Ou seja, compro quando eu desejar, pois a forma de pagar será a mesma. Exatamente: a moeda. Já imaginou um mundo sem moeda? Voltaríamos ao período do escambo, onde no início não havia moeda. Praticava-se uma simples troca de mercadoria por mercadoria, com todas as dificuldades que advêm desse processo, pois cada envolvido nessa transação deve ter exatamente o que o outro deseja, senão não tem negócio. Escambo. Fonte: <http://portaleconomia.com.br/moedas/dinheironomundo.shtml>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Contextualizando O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Esse sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade monetária. Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor. Mas, até chegarmos a essa evolução, um longo caminho foi percorrido, e a moeda passou por diversas fases: Moeda-mercadoria Algumas mercadorias, como o gado, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras. Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. O sal foi outra moeda-mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Interessante Ambas deixaram as marcas de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, até hoje: a) Utilizamos as palavras pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). b) A palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 E assim foi na história, uma sucessão de bens que representavam a moeda, até chegarmos ao atual sistema monetário. Tema 1: Moeda, conceitos, funções e circulação na economia Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal foi eleito como principal padrão de valor. Sua evolução foi constante e sempre trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc. Moeda em formato de objetos A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro. É o caso das moedas faca e chave, que eram encontradas no Oriente; e do talento, moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, que circulou na Grécia e em Chipre. Moedas antigas Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor. Foram cunhadas, na Grécia, moedas de prata, e na Lídia são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Moeda antiga. Fonte: < http://arlloufill.com/pages/a-historia-das-moedas>. Ouro, Prata e Cobre Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isso levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles confeccionados. Com o advento do papel-moeda, a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária da moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas de metais, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco. Moeda de papel Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel. Moeda de papel – recibo. Fonte: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinheiro>. Cheque Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada vez mais se desmaterializa, assumindo formas abstratas. Uma das primeiras formas foi o cheque, que, pela simplicidade de seu uso e pela segurança que oferecia, foi progressivamente adotado por número sempre maior de pessoas nas atividades de seu dia a dia. Cartões A evolução nos trouxe os cartões, tanto de crédito, quanto de débito, ocupando, hoje, na economia uma função de “quase moeda”, pois passou a ser aceito universalmente. Entre outras vantagens, proporcionam agilidade na movimentação de somas, impedindo o entesouramento do dinheiro em espécie e diminuindo a necessidade de troco. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 A moeda pode ser definida como sendo a unidade representativa de valor aceita como instrumento de troca numa comunidade, esta possui três funções: Meio de troca – intermediário entre as mercadorias (com a moeda, você adquire o que deseja, ou seja, ela é universalmente aceita nas transações econômicas); Unidade de conta – ser o referencial das trocas, o instrumento pelo qual as mercadorias são cotadas. O valor de um bem é a expressão numérica de sua quantificação em moeda; Reserva de valor – poder de compra que se mantém no tempo, ou seja, com uma determinada quantidade de moeda você poderá comprar um bem hoje, amanhã ou no próximo mês, pois a moeda mantém seu poder de compra no tempo. Tipos de moeda Moeda-mercadoria Moeda-papel (possui lastro) Papel-moeda ou moeda fiduciária (não possui lastro) Conceitos monetários Cédula (ou papel-moeda) – moeda de papel, de curso forçado e sem lastro metálico, garantida pelo patrimônio nacional; Numerário – conjunto de cédulas e moedas metálicas, emitidas ou não, com ou sem condições de circulação, devido ao seu estado físico de apresentação; Meio circulante – conjunto de cédulas e moedas metálicas em circulação; Unidade monetária – valorque serve de base ao sistema monetário; Poder liberatório – poder de liberar débitos de efetuar pagamentos; Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Padrão monetário – denominação da unidade de moeda de um país (no Brasil, o Real; nos EUA, o Dólar, etc.); Curso forçado – obrigatoriedade de aceitação, determinada por ato governamental. Sistema monetário Como já vimos na seção Contextualizando, o conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário, que é regulado através de legislação própria e organizado a partir de um valor-base (unidade monetária). Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas. Tema 2: Instrumentos de política monetária O objetivo desses instrumentos é a “condução” dos índices econômicos, e tem como missão básica a rolagem da dívida interna do Tesouro Nacional e o controle do processo inflacionário, através de quatro diretrizes: a) Depósito compulsório São recolhimentos obrigatórios de recursos (dinheiro depositado) que as instituições financeiras fazem ao Banco Central. A sua composição é basicamente de duas formas: Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 Reserva legal – representado pela parcela de cada depósito à vista ou de recursos de terceiros (cobrança de títulos, tributos, cheques administrativos); Reservas de livre movimentação – constituídas em duas formas: a) Caixa no sentido restrito – mantido das tesourarias das agências, para atender aos saques intempestivos, conhecido como encaixe técnico, sendo permitido em média 20 a 25% do saldo médio de cada agência; b) Caixa no sentido amplo – representado pelas reservas incidentes do compulsório, e mantido junto ao Banco Central, representa a capacidade de liquidez do banco. Seu efeito sobre as condições monetárias é influenciar o multiplicador monetário, ampliando ou reduzindo o volume de recursos (dinheiro) que os bancos podem emprestar aos seus clientes, controlando, dessa forma, a oferta de crédito, pela quantidade de dinheiro disponível para que os bancos possam emprestar a seus clientes. Se os bancos têm menos dinheiro para emprestar, os juros são maiores, pois a oferta de dinheiro é menor. Se os bancos têm mais dinheiro para emprestar, os juros são menores pois a oferta é maior. ju ro s m ai o re s Ju ro s m en o res Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Atualmente, estão em vigor as seguintes modalidades de depósitos compulsórios: Recolhimento compulsório sobre Recursos à Vista; Recolhimento compulsório sobre Recursos a Prazo; Encaixe Obrigatório sobre Recursos de Depósitos de Poupança. Exemplo: os cheques sacados contra um banco (compensados ou via TED) são canalizados pelo Banco do Brasil, acarretando um débito na conta de reserva do banco sacado junto ao BC. Na medida em que esses débitos não sejam contrabalançados por novos depósitos, o banco perde reservas; ou seja; o banco perde reservas quando compra títulos ou faz empréstimos, e ganha reservas pela cobrança de títulos ou tributos, e ainda pela venda de títulos privados. Para compensar as perdas de reservas, os bancos recorrem ao mercado interbancário e, em último caso, ao redesconto do BC mediante títulos de sua emissão, com garantia de títulos governamentais, ou ativos representados por seus créditos de empréstimos concedidos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 b) Redesconto bancário Instrumento pelo qual o qual o Banco Central concede “empréstimos” aos bancos comerciais a taxas acima das praticadas no mercado. Os chamados empréstimos de assistência à liquidez são utilizados pelos bancos comerciais somente quando existe insuficiência de caixa (fluxo de caixa), ou seja, quando a demanda de recursos depositados não cobre suas necessidades. Vamos exemplificar: as pessoas depositam valores em conta corrente (salários, aposentadorias, etc.), sendo que normalmente esses depósitos são feitos em volumes maiores de recursos, mas os gastos são realizados diariamente. Dessa forma, na média diária, sempre haverá diferença entre o que foi depositado e o que foi sacado. Havendo sobra de dinheiro, o banco pode emprestar, via financiamentos, cheques especiais, etc., mas supondo que em um determinado período os saques sejam maiores que a média dos valores que o banco tem naquele momento, então o Banco pede ao Banco Central um “empréstimos temporário”, dando como garantia os contratos de crédito que o próprio banco tem. Olha só: imagine que um cliente A depositou no banco R$ 100,00. Quais são os passos do Banco? 1. Depósito R$ 100,00 2. Deposito compulsório – R$ 60,00 (recolhido ao Banco Central) 3. Sobrou saldo de R$ 40,00, que o banco empresta a um cliente B, que saca esse valor. 4. Saldo do banco em caixa fica igual a R$ 0,00 5. Agora, o cliente A resolve sacar o valor que depositou (é seu direito, afinal fez um depósito). 6. Ops... problema... o caixa do Banco está “zerado”... solução: 7. O banco pede devolução do Deposito compulsório de R$ 60,00 Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 8. Empresta do Banco Central R$ 40,00, dando como garantia o contrato de empréstimo. 9. Devolve os R$ 100,00 ao cliente A. Como funciona esse processo na prática? Quando a intenção do Banco Central é injetar dinheiro no mercado, ele baixa a taxa de juros para estimular os bancos comerciais a pegar estes empréstimos. Os bancos comerciais, por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer ao mercado, consequentemente, a economia aquece. E quando o Banco Central tem por necessidade retirar dinheiro do mercado, as taxas de juros concedidas para estes empréstimos são altas, desestimulando os bancos comercias a pegá-los. Desta forma, os bancos comerciais que precisam cumprir com suas necessidades imediatas, enxugam as linhas de crédito, disponibilizando menos crédito ao mercado, com isso, a economia desacelera. c) Mercado aberto de títulos públicos Os títulos públicos são ativos de renda fixa que têm por finalidade captar recursos para o financiamento da dívida pública e financiar atividades do Governo Federal, como educação, saúde e infraestrutura. Emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar a dívida pública nacional, representam a disponibilidade financeira do governo federal brasileiro. Ao comprar um título público, você “empresta dinheiro” para o governo brasileiro em troca do direito de receber, no futuro, uma remuneração por este empréstimo, ou seja, você receberá o que emprestou mais os juros sobre esse empréstimo. Esses títulos possuem diversas características: Grande previsibilidade de retorno; Liquidez diária; Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Baixo custo; Baixíssimo risco de crédito (pois os títulos públicos são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional). Ou seja, não existe o risco de o emissor dos títulos declarar falência e não lhe pagar, como pode ocorrer nos títulos emitidos por bancos privados. Isso faz com que o mercado se refira ao Tesouro Selic (LFT) como o investimento livre de risco em nossa economia. O principal caminho para investirem títulos públicos é o Tesouro Direto, o programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a BM&F Bovespa para a venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, por meio da internet. Os títulos públicos disponíveis para negociação no Tesouro Direto são: Letras do Tesouro Nacional (LTN); Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F); Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B); Notas do Tesouro Nacional – NTN-B Principal (NTN-B); Notas do Tesouro Nacional – Série C (NTN-C); Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Cabe ressaltar que os títulos públicos são negociados apenas escrituralmente, isto é, não existe um documento físico que representa o título. A garantia da aplicação ocorre por meio do número de protocolo gerado a cada operação, e o título adquirido fica registrado no CPF do comprador. Guia do Tesouro Direto. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 Fonte: <https://www.modalmais.com.br/blog/artigos/guia-do-tesouro-direto>. d) Contingenciamento do Crédito Finalmente, a última diretriz é o contingenciamento do crédito, que é uma medida utilizada no equilíbrio da economia, e sua função é exclusivamente controlar de forma direta a oferta de crédito. Pode ocorrer através da redução do número de parcelas para financiamentos ou da redução da elevação do valor mínimo de pagamento de saldos dos cartões de crédito. Assim, quem financiava um automóvel em 36 parcelas, pode ter uma oferta de apenas 12 parcelas. Como o valor da prestação torna-se alto, diminui as compras, reduzindo os preços. Igualmente na utilização do cartão de crédito, pois se for obrigatório o pagamento integral da fatura a cada vencimento, assim seu uso será mais racional, com menos compras e menos endividamento. É um instrumento importante da política monetária, pois os brasileiros gastam mais que os americanos, por mês, para pagar suas dívidas. Segundo o Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 Banco Central, os valores pagos só a títulos de juros e encargos sobre bens financiados representam 25% dos salários, enquanto nos Estados Unidos as despesas financeiras consomem apenas 16% da renda das famílias. Tema 3: Taxa de juros e mercado A taxa de juros é um índice utilizado em economia e finanças para registrar a rentabilidade de uma poupança ou o custo de um crédito. Portanto, é uma relação entre dinheiro e tempo, calculada em porcentagem e, com frequência, aplica-se de forma mensal ou anual. Existem dois tipos de indicadores que permitem medir a taxa de juros, a taxa de juros nominal, que é a porcentagem aplicada na hora de realizar o pagamento dos juros; e a taxa de juros real, que é o custo financeiro real da operação. Você pode até não saber da existência delas ou mesmo da diferença entre uma e outra, mas a taxa nominal e a taxa real de juros influenciam, e muito, nas suas economias. A taxa de juro nominal corresponde ao ganho monetário obtido por determinada aplicação financeira. E a taxa de juros real corresponde ao ganho que se obtém em termos de poder de compra por determinada aplicação. É a taxa de juros nominal, descontada a inflação no período Composição de uma taxa de juros A taxa real de juros é composta polos seguintes elementos: inflação, imposto e spread (4%), que é a diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam aos aplicadores (taxas passivas) e a que eles cobram dos tomadores de recursos (taxas ativas), devendo cobrir o risco do banco, seu custo operacional e a margem de lucro. Quanto maior a instabilidade econômica e quanto menor a concorrência no setor bancário, maior será ser o spread. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Taxas referenciais de mercado Taxa Selic: Taxa Especial de Liquidação e Custódia, representa a taxa referencial de juros determinada pelo Banco Central do Brasil, e é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros. Formalmente, os objetivos do Copom são: "implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o Relatório de Inflação". A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias. O Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que tem o voto de qualidade; os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania. Também participam do primeiro dia da reunião os chefes dos seguintes departamentos do Banco Central: Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban); Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab); Departamento Econômico (Depec); Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep); Departamento das Reservas Internacionais (Depin); Departamento de Assuntos Internacionais (Derin); Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin). A primeira sessão dos trabalhos conta ainda com a presença do chefe de gabinete do presidente, do assessor de imprensa e de outros servidores do Banco Central, quando autorizados pelo presidente. Tema 4: Inflação, as políticas de combate e seus reflexos na economia Inflação é a alta constante do nível de preços, que provoca a redução do poder aquisitivo da moeda. Deflação é a redução generalizada de preços, que provoca o aumento do poder aquisitivo da moeda. A inflação sempre foi considerada um mal para a sociedade, não só por representar um imposto disfarçado, generalizadamente cobrado de todos os cidadãos, mas principalmente porque a desvalorização da moeda dificulta a previsão econômica e provoca a perda do poder aquisitivo de pessoas físicas e jurídicas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Conceitos relativos à inflação -10 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Tempo In fla çã o (v ar ia çã o do In di ce d e pr eç o) Deflação Inflação aceleração inflacionária Hiperinflação Conceitos Inflação: aumento generalizado e contínuo do nível geral de preços; a contrapartida da inflação é a perda do poder aquisitivo da moeda; Deflação: baixa generalizada e contínua do nível geral de preços; a contrapartida da deflação é o aumento do poder aquisitivo da moeda; Aceleração inflacionária: é a elevação da taxa de inflação; Hiperinflação: termo utilizada para designar aumentos muito grandes de preços. Concepção estruturalista da inflação O processo de urbanização e crescimento industrial pressionam a demanda por produtos agrícolas e, quando a oferta não é adequada, há elevação dos preços, dando origem a choques de oferta. As causas determinantes do processo inflacionário são:Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 a) Liberação do crédito – a liberação do crédito, com juros menores e maiores facilidades para endividamento, induz as pessoas a comprarem mais. Como a oferta de produtos permanece estável, mas a procura aumenta, os preços tendem a subir, o que acarreta inflação; b) Legislação social liberal – os reajustes salariais em índices acima dos níveis de inflação transferem aos preços finais esse custo, exigindo novo reajuste, que, novamente, transfere o custo a preços finais, e assim sucessivamente; c) Finanças públicas desequilibradas – os déficits públicos são cobertos por empréstimos do Banco Central, criando-se um poder aquisitivo não correspondente à disponibilidade de bens e serviços. Os principais fatores são Crescimento exagerado da burocracia estatal; Pagamento de subsídios; e Gastos com crescimento vegetativo do Estado; d) Tributação excessivamente pesada – transfere ao preço final da mercadoria uma alíquota que diminui o poder real de compra. Esse processo é mais evidente nas economias subdesenvolvidas, onde a tributação indireta é a preferida. O processo inflacionário pode ser classificado em quatro formas: 1. Inflação crônica – é decorrente da permanência do subdesenvolvimento; 2. Inflação aguda – é decorrente de fatores extemporâneos, manifestando- -se de maneira violenta e abrupta; 3. Inflação moderada – desenvolve-se obedecendo à equação de uma reta, com taxas de acréscimo inferiores à taxa média dos juros para empréstimos do mercado; 4. Inflação galopante – ocorre quando as taxas de desvalorização monetária provocam, no início, moderada perda do poder aquisitivo, que vai aumentando a ritmos crescentes, a ponto de tornar insuportável a erosão inflacionária. É através desse processo que surge a espiral Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 inflacionária, que ocorre quando o aumento do nível geral de preços provoca reajustamentos salariais, que, por sua vez, repercutem sobre os preços, tornando imperioso novos reajustes salariais. Quantos aos efeitos da inflação sobre a economia 1. Estimuladora: caracterizada quando a desvalorização da moeda nacional ocorre a uma taxa de juros inferior às praticadas no mercado monetário; 2. Inibidora: ocorre quando o percentual de valorização monetária for igual à taxa média ponderada dos juros dos empréstimos; 3. Descapitalizadora: ocorre quando o percentual de desvalorização monetária for superior à taxa média dos juros praticados no mercado. Tema 5: Medidas de inflação e os números índices Índices de preços são números que agregam e representam os preços de uma determinada cesta de produtos. Sua variação mede, portanto, a variação média dos preços dos produtos da cesta. Podem se referir, por exemplo, a preços ao consumidor, preços ao produtor, custos de produção ou preços de exportação e importação. Os índices mais difundidos são os índices de preços ao consumidor, que medem a variação do custo de vida de segmentos da população (a taxa de inflação ou deflação). Por que existem tantos índices de preços no Brasil? Como herança de décadas de inflação crônica, os agentes econômicos brasileiros se habituaram a conviver com grande variedade de índices de preços. Apesar dessa variedade, os índices calculados no país se classificam em três grupos principais: Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 Os índices de preços ao consumidor de cobertura nacional apurados pelo IBGE; Os índices gerais de preços apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas; O índice de preços ao consumidor, apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Qual é a importância dos principais índices de preços? O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é considerado o índice oficial de inflação do país. Reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. Medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no comércio para o público final. Seu período de coleta vai do dia 1º ao dia 30 ou 31, dependendo do mês. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios (para verificar valores de aluguel) e concessionárias de serviços públicos. Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista. São considerados nove grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo, são consideradas as variações de preços de 465 subitens. O INPC/IBGE foi criado, inicialmente, com o objetivo de orientar os reajustes de salários dos trabalhadores. O Sistema Nacional de Preços ao Consumidor (SNIPC) efetua a produção contínua e sistemática de índices de preços ao Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 consumidor, tendo como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio). O INPC abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 5 salários-mínimos (aproximadamente 50% das famílias brasileiras), cujo chefe é assalariado em sua ocupação principal e residente nas áreas urbanas das regiões, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e demais residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas abrangidas. Sua abrangência geográfica compreende as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. Calculado pelo IBGE entre os dias 1º e 30 de cada mês, compõe-se do cruzamento de dois parâmetros: a pesquisa de preços nas onze regiões de maior produção econômica, cruzada com a Pesquisa de Orçamento Familiar. O IGP-DI é calculado mensalmente pela FGV. Foi instituído em 1944, com a finalidade de medir o comportamento de preços em geral da economia brasileira. É uma média aritmética, ponderada, dos índices IPA, ponderada em 60%; IPC, pondera em 30%; INCC, pondera em 10%. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e registra a inflação de preços, desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Esse índice é formado pelo Índice de Preços por Atacado- Mercado (IPA-M), Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC-M) e Índice Nacional do Custo da Construção-Mercado (INCC-M), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. A pesquisa de preços é feita entre o dia 21 do mês anterior até o dia 20 do mês atual. Esses indicadores medem itens como bens de consumo Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 (alimentação, por exemplo) e bens de produção (matérias-primas, materiais de construção, entre outros). Entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo, remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de internet e cigarro, entre outros). Abrange toda a população, sem restrição de nível de renda. O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) é o índice que mede a variação dos preços demateriais, mão de obra e matéria-prima da construção civil. Calculado mensalmente pela FGV, é utilizado como base para o reajuste do valor dos imóveis habitacionais em construção, justamente para que acompanhe o aumento do preço dos materiais, mão de obra e matéria-prima, uma vez que sofrem alterações ao longo da obra. O INCC é aplicado nos casos onde há financiamento do imóvel em construção. Se o comprador optar pelo pagamento à vista, não sofrerá o reajuste. Já para os que optarem por uma entrada, com o financiamento do valor restante, o INCC será incidido sobre todo o saldo devedor, até o seu quitamento total. Na Prática 1. Conceitualmente, define-se regime monetário como: a) O conjunto de leis, regulamentos e usos que definem as bases, as estruturas, os elementos e o funcionamento do sistema nacional. b) O conjunto de leis e regulamentos que definem as bases, as estruturas, os elementos e o funcionamento do sistema financeiro nacional. c) O conjunto de leis e regulamentos que definem as bases, as estruturas, os elementos e o funcionamento do sistema do Banco Central do Brasil. Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 d) O conjunto de leis e regulamentos que definem as bases, as estruturas, os elementos e o funcionamento do Copom. e) NDA Resposta: letra B. 2. Por definição, as medidas econômicas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda e encarecer os empréstimos são denominadas de: a) Política Fiscal restritiva. b) Política Cambial restritiva. c) Política Monetária Restritiva. d) Política Econômica restritiva. e) NDA Resposta: letra C 3. Quanto às afirmações a seguir, assinale as CORRETAS>. I. O equilíbrio do mercado monetário determina o nível da taxa de juros da economia. II. Quanto maior o nível de renda, maior será a taxa de juros necessária para o equilíbrio do mercado. III. O governo só poderá estimular a demanda agregada e estimular a economia por meio da política econômica, se houver capacidade ociosa no setor produtivo. Podemos dizer que: a) I e II estão corretas. b) II e III estão corretas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 c) I, II e III estão corretas. d) Somente uma afirmação está correta. e) Não há afirmação correta. Resposta: letra C. 4. O que representa para uma economia, em termos de estabilidade e crescimento, a redução dos índices de inflação? Resposta padrão: Um crescimento sustentável, pois permite previsibilidade na condução de projetos econômicos, além de melhorar os índices de confiança do consumidor, o que induz a um processo de aquecimento de demanda, com reflexos diretos na sociedade. Síntese Estudamos os instrumentos de política monetária, cujo objetivo é a condução dos índices econômicos, e tem como missão básica a rolagem da dívida interna do Tesouro Nacional. Estudamos a taxa de juros e a sua formação, analisamos os processos inflacionais e, finalmente estudamos, os vários índices que medem a inflação. Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 Referências FERREIRA, Paulo W. Analise de Cenários Econômicos. Curitiba: InterSaberes, 2015. MICHELS, Erico. Fundamentos de Economia. Curitiba: InterSaberes, 2013. VASCONCELLOS, Marco A. S. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva. WESSELS, Walter. Economia. Tradução de Sara Gedanke. São Paulo: Saraiva, 1998. VASCONCELOS, Marco A. S.; DIVA, Benevides P.(Org). Manual de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva.
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