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TOPOGRAFIA Prof. David Dantas david.dantas@delmiro.ufal.br Delmiro Gouveia-AL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO ENGENHARIA CIVIL UTILIZAÇÃO DE MEDIDAS DE UM LEVANTAMENTO ALTIMÉTRICO SUMÁRIO DA AULA CONSTRUÇÃO DE PERFIS DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE DE PONTOS CURVAS DE NÍVEL Apresentar os conceitos relacionados a utilização prática de medidas de um levantamento altimétrico na engenharia civil. OBJETIVO CONSTRUÇÃO DE PERFIS CONSTRUÇÃO DE PERFIS: DEFINIÇÃO Perfis transversais: são cortes verticais do terreno ao longo de uma determinada linha. Um perfil transversal é obtido a partir da interseção de um plano vertical com o terreno. É de grande utilidade em engenharia, principalmente no estudo do traçado de estradas. CONSTRUÇÃO DE PERFIS: DEFINIÇÃO Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), o perfil é a representação gráfica do nivelamento e a sua determinação tem por finalidade: � O estudo do relevo ou do seu modelado, através das curvas de nível; � A locação de rampas de determinada declividade para projetos de engenharia e arquitetura: edificações, escadas, linhas de eletrificação rural, canais e encanamentos, estradas etc.; � O estudo dos serviços de terraplanagem (volumes de corte e aterro). Durante a representação de um perfil, costuma-se empregar escalas diferentes para os eixos X e Y, buscando enfatizar o desnível entre os pontos, uma vez que a variação em Y (cota ou altitude) é menor. CONSTRUÇÃO DE PERFIS: DEFINIÇÃO O perfil de uma linha do terreno pode ser de dois tipos: � Longitudinal: determinado ao longo do perímetro de uma poligonal (aberta ou fechada), ou, ao longo do seu maior afastamento (somente poligonal fechada). � Transversal: determinado ao longo de uma faixa do terreno e perpendicularmente ao longitudinal. CONSTRUÇÃO DE PERFIS: LEVANTAMENTO O levantamento de um perfil, para poligonais abertas ou fechadas, é feito da seguinte forma: � Determina-se a linha principal a ser levantada e faz-se o estaqueamento desta linha em intervalos de 5m, 10m ou 20m, com a ajuda de balizas e trena ou de teodolito. � Faz-se o levantamento altimétrico desta linha e determinam-se todos os seus desníveis. � Determinam-se também as linhas transversais às estacas da linha principal com a ajuda de um teodolito. � Faz-se o estaqueamento das linhas transversais com a mesma precisão da linha principal, ou seja, em intervalos de 5m, 10m ou 20m. � Faz-se o levantamento destas linhas transversais e determinam-se todos os seus desníveis. � Representam-se os valores dos desníveis obtidos e das distâncias horizontais entre as estacas em um sistema de eixos ortogonais. Desta forma, cada interseção de duas linhas ortogonais (x e y) dará como resultado um ponto definidor do perfil. CONSTRUÇÃO DE PERFIS: LEVANTAMENTO O desenho final do perfil deverá compor uma linha que une todos os seus pontos definidores. DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE ENTRE PONTOS DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE ENTRE PONTOS: DEFINIÇÃO Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), a declividade ou gradiente entre pontos do terreno é a relação entre a distância vertical e horizontal entre eles. Em porcentagem, a declividade é dada por: Em valores angulares, a declividade é dada por: 100(%)d ⋅= DH DV =° DH DV arctgd DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE ENTRE PONTOS: DEFINIÇÃO Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), acima, as declividades classificam-se em: DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE ENTRE PONTOS: DEFINIÇÃO A tabela apresenta os valores das inclinações máximas para rampas recomendados pelas Normas para Projeto de Estradas de Rodagem do DNER. Classe do Projeto Região (Relevo) Plana Ondulada Montanhosa Classe 0 3 4 5 Classe I 3 4,5 6 Classe II 3 5 7 Classe III 4 6 8 Classe IV 4 a 6 6 a 8 8 a 10 Inclinação Máxima das Rampas (%) DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE ENTRE PONTOS: EXERCÍCIOS 1. Dados os valores abaixo, construir um perfil longitudinal com Ex = 1:1000 e Ey = 1:100, sabendo-se que as estacas foram cravadas de 20m em 20m. 2. Em relação ao exercício anterior, determinar a declividade das rampas que ligam: a) a estaca 3 à estaca 4; b) a estaca 1 à estaca 2. 3. Em relação ao exercício anterior, determine a cota de uma estaca situada a 15,80m da estaca 1. 4. Determine a declividade entre dois pontos, em porcentagem e em valores angulares, sabendo-se que a cota do primeiro ponto é 471,37m e a cota do segundo ponto é 476,77m. A distância horizontal entre eles é de 337,25m. 5. Qual deve ser a cota de um ponto B, distante 150m de um ponto A, sabendo-se que o gradiente entre eles é de –2,5%. CURVAS DE NÍVEL CURVAS DE NÍVEL: DEFINIÇÃO As curvas de nível ou isolinhas são linhas curvas fechadas formadas a partir da interseção de vários planos horizontais com a superfície do terreno. CURVAS DE NÍVEL: DEFINIÇÃO Cada uma destas linhas, pertencendo a um mesmo plano horizontal tem, evidentemente, todos os seus pontos situados na mesma cota altimétrica, ou seja, todos os pontos estão no mesmo nível. Os planos horizontais de interseção são sempre paralelos e equidistantes e a distância entre um plano e outro denomina-se Equidistância Vertical. CURVAS DE NÍVEL: DEFINIÇÃO Segundo DOMINGUES (1979), a equidistância vertical das curvas de nível varia com a escala da planta e recomendam-se os valores da tabela abaixo. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS As curvas de nível, segundo o seu traçado, são classificadas em: � MESTRAS: todas as curvas múltiplas de 5 ou 10 metros. � INTERMEDIÁRIAS: todas as curvas múltiplas da equidistância vertical, excluindo-se as mestras. � MEIA-EQUIDISTÂNCIA: utilizadas na densificação de terrenos muito planos. As curvas mestras são representadas por traços mais espessos e são todas cotadas. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Como mostra a figura a seguir (GARCIA, 1984), curvas muito afastadas representam terrenos planos. Da mesma forma que curvas muito próximas representam terrenos acidentados. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A maior declividade (d%) do terreno ocorre no local onde as curvas de nível são mais próximas e vice-versa. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Para o traçado das curvas de nível, os pontos notáveis do terreno (aqueles que melhor caracterizam o relevo) devem ser levantados altimetricamente. É a partir destes pontos que se interpolam, gráfica ou numericamente, os pontos definidores das curvas. Em terrenos naturais (não modificados pelo homem) as curvas tendem a um paralelismo e são isentas de ângulos vivos e quebras. CURVAS DE NÍVEL: NORMAS PARA O DESENHO DE CURVAS DE NÍVEL 1. Duas curvas de nível jamais devem se cruzar. 2. Duas ou mais curvas de nível jamais poderão convergir para formar uma curva única, com exceção das paredes verticais de rocha. CURVAS DE NÍVEL: NORMAS PARA O DESENHO DE CURVAS DE NÍVEL 3. Uma curva de nível inicia e termina no mesmo ponto, portanto, ela não pode surgir do nada e desaparecer repentinamente. 4. Uma curva pode compreender outra, mas nunca ela mesma. 5. Nos cumes e nas depressões o relevo é representado por pontos cotados. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Depressão e Elevação: são superfícies nas quais as curvas de nível de maior valor envolvem as de menor no caso das depressões e vice-versa para as elevações. Colina, Monte e Morro: a primeira é uma elevação suave, alongada, coberta de vegetação e com altura entre 200 a 400m. A segunda é uma elevação de forma variável, abrupta, normalmente sem vegetação na parte superior e com altura entre 200 a 300m. A terceira é uma elevação semelhante ao monte, porém, com altura entre 100 e 200m. Todas aparecem isoladassobre o terreno. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Espigão: constitui-se numa elevação alongada que tem sua origem em saliências do terreno que se destacam da serra principal (cordilheira) formando os vales secundários ou laterais. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Corredor: faixa de terreno entre duas elevações de grande extensão. Talvegue: linha de encontro de duas vertentes opostas (pela base) e segundo a qual as águas tendem a se acumular formando os rios ou cursos d’água. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Vale: superfície côncava formada pela reunião de duas vertentes opostas (pela base). Podem ser de fundo côncavo, de fundo de ravina ou de fundo chato. Neste, as curvas de nível de maior valor envolvem as de menor. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Divisor de águas: linha formada pelo encontro de duas vertentes opostas (pelos cumes) e segundo a qual as águas se dividem para uma e outra destas vertentes. CURVAS DE NÍVEL: PRINCIPAIS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NATURAIS Dorso: superfície convexa formada pela reunião de duas vertentes opostas (pelos cumes). Podem ser alongados, planos ou arredondados. Neste, as curvas de nível de menor valor envolvem as de maior. CURVAS DE NÍVEL: OBTENÇÃO DE CURVAS DE NÍVEL Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), após o levantamento planialtimétrico do terreno pode-se empregar um dos três métodos abaixo para a obtenção das curvas de nível: a) Quadriculação É o mais preciso dos métodos e também é o mais demorado e dispendioso. Recomendado para pequenas áreas, consiste em quadricular o terreno (com piquetes) e nivelá-lo. A quadriculação é feita com a ajuda de um teodolito/estação (para marcar as direções perpendiculares) e da trena/estação (para marcar as distâncias entre os piquetes). CURVAS DE NÍVEL: OBTENÇÃO DE CURVAS DE NÍVEL Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), após o levantamento planialtimétrico do terreno pode-se empregar um dos três métodos abaixo para a obtenção das curvas de nível: b) Irradiação Taqueométrica Método recomendado para áreas grandes e relativamente planas. Consiste em levantar poligonais maiores (principais) e menores (secundárias) interligadas. Todas as poligonais devem ser niveladas. Esta irradiação é feita com o auxílio de um teodolito e trena ou de estação total. No escritório, as poligonais são calculadas e desenhadas, os pontos irradiados são locados e interpolados e as curvas de nível são traçadas. CURVAS DE NÍVEL: OBTENÇÃO DE CURVAS DE NÍVEL Segundo GARCIA e PIEDADE (1984), após o levantamento planialtimétrico do terreno pode-se empregar um dos três métodos abaixo para a obtenção das curvas de nível: c) Seções Transversais Método utilizado na obtenção de curvas de nível em faixas, ou seja, em terrenos estreitos e longos. Consiste em implantar e levantar planialtimetricamente os pontos definidores das linhas transversais à linha longitudinal definida por uma poligonal aberta. No escritório, a poligonal aberta e as linhas transversais são determinadas e desenhadas, os pontos de cada seção são interpolados e as curvas de nível são traçadas. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Com o levantamento topográfico altimétrico são obtidos diversos pontos com cotas/altitudes conhecidas. A partir destes é que as curvas serão desenhadas. Cabe salientar a necessidade das coordenadas planas dos pontos para plotá-los sobre a carta. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS O que se faz na prática é, a partir de dois pontos com cotas conhecidas, interpolar a posição referente a um ponto com cota igual a cota da curva de nível que será representada. A curva de nível será representada a partir destes pontos. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Entre os métodos de interpolação mais importantes destacam-se: a) Interpolação Gráfica A interpolação das curvas baseia-se em diagramas de paralelas e divisão de segmentos. São processos lentos e atualmente pouco aplicados. a.1) Diagrama de Paralelas Neste método traça-se um diagrama de linhas paralelas equidistantes em papel transparente, correspondendo as cotas das curvas de nível. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Rotaciona-se o diagrama de forma que as cotas dos pontos extremos da linha a ser interpolada coincidam com os valores das cotas indicadas no diagrama. Uma vez concluída esta etapa, basta marcar sobre a linha que une os pontos, as posições de interseção das linhas do diagrama com a mesma. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Entre os métodos de interpolação mais importantes destacam-se: a.2) Divisão de Segmentos Inicialmente, toma-se o segmento AB que se deseja interpolar as curvas. Pelo ponto A traça-se uma reta r qualquer, com comprimento igual ao desnível entre os pontos A e B, definindo-se o ponto B´. Emprega-se a escala que melhor se adapte ao desenho. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Marcam-se os valores das cotas sobre esta reta e une-se o ponto B´ ao ponto B. São traçadas então retas paralelas à reta B´B passando pelas cotas cheias marcadas na reta r. A interseção destas retas com o segmento AB é a posição das curvas interpoladas. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Entre os métodos de interpolação mais importantes destacam-se: b) Interpolação Numérica Utiliza-se uma regra de três para a interpolação das curvas de nível. Devem ser conhecidas as cotas dos pontos, a distância entre eles e a equidistância das curvas de nível. Tomando-se como exemplo os dados acima, sabe-se que a distância entre os pontos A e B no desenho é de 7,5 cm e que o desnível entre eles é de 12,9m. Deseja-se interpolar a posição por onde passaria a curva com cota 75m. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS É possível calcular o desnível entre o ponto A e a curva de nível com cota 75m ( 75m - 73,2 = 1,8m). Sabendo-se que em 7,5 cm o desnível entre os pontos é de 12,9 m, em "x“ metros este desnível será de 1,8 m. Neste caso, a curva de nível com cota 75m estará passando a 1,05cm do ponto A. CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS Da mesma forma, é possível calcular os valores para as curvas 80 e 85m (respectivamente 3,9 e 6,9cm). CURVAS DE NÍVEL: MÉTODOS PARA INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS No traçado das curvas de nível, os pontos amostrados podem estar em formato de malha regular de pontos. Neste caso, as curvas de nível são desenhadas a partir desta malha. A sequência de trabalhos será: � Definir a malha de pontos; � Determinar a cota ou altitude de todos os pontos da malha; � Interpolar os pontos por onde passarão as curvas de nível; � Desenhar as curvas. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO: INTERPOLAÇÃO E TRAÇADO DE CURVAS DE NÍVEL 1. Determine os pontos de cota inteira para o terreno da figura abaixo, levantado pelo método da quadriculação. Interpole e desenhe as curvas de nível com equidistância vertical de 1m. As estacas estão cravadas em intervalos regulares de 20m. SUMÁRIO DA AULA Foram apresentados os conceitos gerais relacionados a utilização prática de medidas de um levantamento altimétrico na engenharia civil. CONCLUSÃO CONSTRUÇÃO DE PERFIS DETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE DE PONTOS CURVAS DE NÍVEL
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