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Histórico Bela Vista -Sao Paulo - PUP

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prefeitura do municipio de sao paulo
secretaria municipal de cultura
nadia marzola
bela vista
~
( pe~~amento do patrim6nio historico
l(,.....'..v .'-e gl fivisao do arquivo historicoc\ t: :'3"-), / LBN 1293237fa e-
. .
_.....
serie : historia dos bairros de sao paulo
volume 15: bela vista
HISTORIA DOS BAIRROS DE sAo PAULO
Vol. Batrro
1 Bras
2 Pinheiros
3 Penha
4 Santo Amaro
5 Jardim da Saude
6 Santana
7 Sao Miguel Pauusta
8 Vila Mariana
9 Born Retiro
10 So
11 Ibirapuera
12 Luz
13 Nossa Senhora do 0
14 Ipiranga
15 Bela Vista
PRIMEIRO PR£MJO 00 Xl CONCURSO DE MONOGRAFIAS SOBRE A HISTORIA DOS
BAIRROS DE sao PAULO. PRQMOVIDO PELA DIVISAO DO ARQUIVO HISTORtCO
00 DEPARTAMENTO 00 PATRIMQNIO HISTQRICO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE
CULTURA, E OUTORGAOQ PElA CO MiSSAO JULGADORA CONSTITUiOA PELOS
PAQFESSQRES ERNANI SILVA BRUNO , MYRIAM ELLIS E TiTO uvio FERREIRA
INDICE
1. INTRODU.;:Ao 13
2. A EVOLU.;:AO DE sAo PAULO 17
3. A CHACARA DO BEXIGA 33
3.1. Origem do nome 34
3.2. A chacara e seus sucesstvos donos 38
3.3. A chacara e seus arredores .... 40
3.4. 0 Piques e 0 Largo do Bexiga ,........ 40
3.5. 0 Anhangabau e suas pontes 49
3.6. 0 Matadouro 51
3.7. A Santa Casa da Miseric6rd ia 52
4. A EVOLU.;:AO URBANA DO BAIRRO DO BEXIGA 57
4.1. 0 cresci menta do Batrro 58
4.2. Os imigrantes ttatianos em Sao Paulo 73
4.3. 0 Bexiga : seus cortiCos, suas vilas, seu samba e suas
mstcnas 8 1
4.4. Bexiga - suas ruas e suas hist6rias 96
4.4.1. A Rua e 0 Coronel Santo Anton io . 96
4.4.2. Rua Joao Passalacqua 98
4.4.3. Rua Conselhei ro Ramalho ,................. 99
4.4.4. Rua Artu r Prado . 101
4.4.5, Rua Patrn 103
4.4.6, Rua Barata Ribeiro 104
5. 0 BAIRRO DA BELA VISTA HOJE 107
6. A BROADWAY PAULISTANA 115
7. 0 PROGRAMA DE RENOVA.;:AO URBANA 121
8. VILA ITORORO . 125
9. BIBLIOGRAFIA . 135
t . INTRODUCAO
Todas as cldaoes que passaram par um rapido processo de urbani-
zacao perderam. nesse processo, os etos que as Iigavam com suas
origens.
Sao Paulo nao foge a regra, hoje pouco resta de seu passado e.
mesmo esse pouco. nac e vatortzaoo.
Toco proc esso de desenvotvimento traz consigo a mumpucecac das
obras de intraestrutura. a oc upac ac de extensas areas do solo ur-
bano: a reconstrucao sabre 0 mesmo tracad c urbane. de edificios
cada vez maiores, gerando uma grande concentracac derroqrafica.
o crescun entc processa-se a vetocidades cada vez matcres. des -
truindo e detorrnandc comptetamente a paisagem. e descaractert-
zendc as construcoes mats antigas. extinguindo tradtcoes. enf im,
elim inando todo e quatqver contato que 0 usuano da cidade devena
ter com a sua histcria , seu passad o e suas tracncoes.
Mas essa talta de contato com 0 passado traz. tambem. umempobre-
ctmento das rerecces que 0 tnd tvid uo mantem com sua comunidade,
fazend o com que oeix e de extsttr certa atetivldade do lndlvld uo para
com a mesma.
A tnexistencia dessa atetiv tdade tavorece 0 gradual desapareci-
mento das tradicoes. festas, etc.• destruindo comp tetamente 0 "ci-
dacac" em toea sua plen itude.
Tatvez a talta de conhecimento do passado. 0 pouco valor dado ao
antigo, ao tradiclona l. sela o principa l motive dessa passfvidace lace
a destruicao.
Este trabathc pretence mostrar um pouco da hist6r ia de um dos mais
significat ivos e pttc rescos bai rros de sao Paulo: a BELA VISTA.
15
A Bela Vista, como cutros tradicionais bairros de Sao Paulo. esta
cercenoc complelamenle suas carect eristicas. suas tradicoes. e 56
nao tc ! completamente destrulda cere esoecuracao Irnobiliarta por-
que seu trecado urbane e 0 tamanh o de seus fetes nao tavoreceram
ess e processo.
Cumpre observar que este estudo nao pretende ser um rraberno
"cientlftco". mas apenas uma cole tanea de tude 0 que toi d ire e
escnto a respeito de Bela Vista . E apenas uma "cotaqem" des pes-
quisas reanzaoas sobre a bau ro. e propoe-se a apresentar os tatos de
forma 16gica. mas nem sempre cronotccrc e. isto e,as tatcs nao serao
apre sentados de uma lorma tempora l, mas stm de acordo com 0
interesse do assuntc .
Inicialmente . procurou-se apresentar uma anal ise da evoiueao ur-
bana de Sao Paulo. pots como a Bela Vista surg iu em um momento
muito caracterlsttco da hist6r ia pautistana. evalido que seja dado ao
tetter a oportunidade de tracar um parateto entre a evorucac urbana
do bairro e a evorocao de Sao Paulo.
Quando 0 bairrc to! arruaoo. em 1879, Sao Paulo ca ssava por um
momento multo tmportante. pots tatcres externos, ec onomic os e so-
crate ftzeram com que a ctda de comeca sse a evotutr. a c rescer e a
tomar rercoes rna's urbanas , adqu ir indo certa importancia no cenar!o
ecooonuco brasilei ro.
E asstm como a Bela Vista, que onqm anamente to! a cnacara do
Bexiga , outras chacaras tcram arruadas no mesmo pertodo canoe
orige m a novos batrros.
Deverro s observer que. durante 0 presente estudo. os nomes Bela
Vista e Bex iga serao utili zados para des ignar 0 mesmo local, pais 0
Bexiga de outrora to! a genese da Bela Vista atuaf. embora a area do
sundtstntc da Bela Vista abrarua uma area maior do que a do Bexiga
origi nal.
o segundo capitulo deste trabatho procura tazer uma analise da
origem do nome dado ao bair ro. Como e pc rque surgiu esse nome; e
quais foram os prc pnetarlos da chacara do Bexiga antes que esta
fosse arruada.
Esle capitulo contem. tarnbem, urn pouco da nistorta do largo do
Pique s. que depots se uniu ao largo do Bexiga para formar a Praca da
Bandetra. tara sobre 0 Matadouro Municipal que existiu na regiao:
sobre 0 C6rrego do Anhangabau e sobre 0 terreno doado a Santa
Casa de Miseric6rd ia para que ali fosse cons trutdo um hosp ital. 0
que nao sucedeu.
o Irabalho toi subdivid tdo em Ires partes: 0 bauro antes de ser
arruado (1879); a evorucao do bairro ap6s 0 arruamento e 0 batrro
hoie e sua situacao.
16
A evorccao do bairro ap6s 1879 foi bastante raploa e a homogenei-
dade das casas co mprova eSSB rap ida evolucao. A Bela Vista foi, 80
lade do Bras, 0 batrrc dos ltal lanos. E eo essa populacao italiana que
val caracterizar protundamente 0 balrro.
Hoje, a Bela Vista, co mo outros ba irras q ue envolvem 0 centro de Sao
Paulo, apre senta-se bastante deteriorada, necessitand o de estimu-
los profundos para a sua revitallz acao.
A Bela Vista acha-se pressionad a por dais centros em expan sao: 0
centro da ci dade proprtamente otto. eo novo centro que S8 concentra
na area da Av. Pauttsta : e devido as suas caractertsticas. ttpo de late,
sistema viano inadequado, etc., enconlra -se prati camente estag-
nada entre essas duas areas.
No entanto, a Bela Vista possut uma caractert stica interessante, pais
ao contrario de outros bair tos dete riorad os. possui vida pr6pr ia e a
noite se transtorma numa especre de "Broadway paulistana'', para
receber uma poputacao f lutuante que utiliza suas canttnas. seus
teatros. suas boites, etc.
Em 1974, a COGEP - Coordenadoria Gera l do Ptanelarnento -
etetuou um estudo de renovacao urbana para a area; os prtnctpala
objetivos e conclusoes desse programa de renovaca o urbana
encontram-se em um dos capit ufos oeste estudo. onde apre sentam-
se tambem algum as consideracces sobreo prob lema da renovacao
urbana.
Dos edi ficios exis tentes na area, a Vila Itororo eum dos mats caracte-
risticos e pttorescos. 0 que just ifica a apresentacao de sua histone e
da proposta, etabo rada per um grupo de arou itetos. para 0 methor
aproveitamento da mesma.
A Vila ttororo. embora nao represente nenhum tipo caracter istico de
arqutteture. pode ser consi derada uma esoecre de "monumento"
dentro da area . Entendendo-se por rnonurnento: "certas obras car re-
gadas de uma mensagem espi ritual do oasseoo. que sao no presente
a testemunho vivo das tradicoes de um povo''. (CARTA DE VENEZA,
1964).
Em suma. a obje tiva basico deste Hvro to! mostrar um pouco da
htstorta de urn bairro. hist6ria que, dev idoao desenvolvimento de
Sao Paulo, se esta peroendo. Procurou-se mostrar Lim pouco das
tradtcces . dos fatos pito rescos. enfim , um povco do que 0 progresso
esta destrutndo.
2. EVOLUC;AO URBANA DE sao PAULO
Nos prime iros secutos. Sao Paulo toi uma povoacao de interesses
peri6d icos: sua econcrnia. voltada para a subsis tencla. nee tavore-
ceu 0 oesenvorvtmento do povoado ale meados do secure XIX.
o relative isolamento em que se encontrou a vtla. durante grande
parte de sua existencla. contnbuiu para caractertzar e d iferenclar
Sao Paulo de outras ci dades brasiteiras. Da sua iocanzacao. em
planaIto de d ificil acesso. resultou a falta de contato da vile com a
Metropole. desde os tempos colonials.
Em 1585, em uma tnrormacao enviada a C6rte, Anch ieta escrevia: "A
quarta vila na capitania de Sao Vicente ePiral ininga. que esta a dez
ou doze laguas pe lo sertao a centre. vac lapor umas serras tao attas
que d ificultosamente podem subi r nenhuns anim als. e os homens
sobern rom trabalho e as vezes de gatinhas para nao despenharem-
ee, e par ser 0 caminho tao mau e ter rutm serventta padecem os
moradores e os nossos grandes trabalhos". (1)
Sob 0 ponto de vista cultural 0 isolamento paulistano teria repercus-
sees nota veis. Co mo satie nto u Sergi o Bua rque de Holanda,
desenvolvendo-se com mala liberdade e abandonc do que em outras
capitanias . a ecac co lonizadora reallzou-se aqui par um processo de
ada ptacao continua a ccncncees especif icas do ambiente amen-
cano. nac se erijando logo em formas lntlexivels . mas retrocedendo a
padr6es rudes e primitivos. (2)
Essa eoeptacac as coootcoes do amb iente americana deve-se so-
bretudo. a indole dos portug ueses. nos qua is notava-se a ausenci a
completa, ou quase complete, de qualquer orgulho de raca. lsto se
explica pelo tate de serem as portug u~ses . ja ao tempo do descobri-
mento do Brasil. um cove de mesnccs. tavorecendo assim maier
19
Inteqracao co m 0 povc native . assirnitandc usos e costumes ind ige-
nas e passando. inc lusive a util izar 0 id ioma local , Apenas no decor-
rer do secure XVIII , a Hng ua port uguesa conseguiu suplantar compte-
tamente 0 usa do idioma indi gena. no ptanattc de Piral ininga .
Durante as secutos XVI e XVII a principal atividade econormca da
capi tania de Sao Vicente, atua ! Estado de Sao Paulo, era insigni fi-
cante em reracaoas outra s capi tanias. Segundo Caio Prado Junior,
as pnnclpais fonte s de renda da capitania eram 0 comercto de
escravos indios preados no sertao e vendidos nos centros agricolas
do Htoral. e 0 com erclo de gada que vinha dos ca mpos do sui com
de stino a marinha e sobretudo ao Rio de Janeiro. (3) Mesmo sua
posicao aeourenca . cc moaraca com as capltanlas do Norte, era
bastante destavoravel.
a porto de Santos, face aos portos de cutras cidades brasileiras.
apresentava um movimento pequeno com 0 exterior, pots co mo nos
pr imeiros tempos a exportaca o brasileira conslstta em grand es pro-
d utos co lonials. que representavam a base fundamenta l oa vida no
pais, os portos de maier exoortacao coincidiam com as rnaiores
cid ades. Era a qualidade de entrepostos comerciais que tazta a
importancta de centres como 0 Rio de Jane iro, Bahia, Rec ife , Sao
Luis do Maranhao ou Belern do Para. (4)
a desenvolvimento urbane da Vila de sao Paulo, nos seus pr imeires
secures de existencia to ! lnciplente. restrinqindo-se ao triang ulo
htstcrico e crescendo morosamente em tOrna do Colegio dos Jesul-
tas. Do pequeno povoado irradiavam, em fins do sec ure XVI, ape nas
c inco caminhos, que a ccrocavam em contato com 0 "sertao": em
direc;ao a leste, procurance 0 Tamand uatei, 0 de Tabat ing uera ; para
o sui 0 do Ipi ranga - comeco do Caminho do Mar e 0 de lbi ra·
puera, futuramente de Santo Amaro ; para oeste 0 Ca minho de Pinhei-
res; e para norte 0 do Guare. (5) E desses cinco caminhos, os mats
significativos, nos primeiros sec ufcs tcram 0 de Ib irapuera, 0 de
Pinheiros e 0 do Mar.
a Caminho de Ibirapuera teve, depots. a oen omrnacao pitoresca de
"Caminho do Carro que va! para Santo Amar o". De acordo com
pesq uisas de Nuto Santana , 0 seu pr imei ro trecho podia ter sido 0
correspondente a futura rua da Cruz Preta (mats tarde do Princ ipe e
depois Quintino Boca iuva). (6) Dai contln uava. seg undo Afonso A. de
Freitas, pe lo local q ue mais tarde seria 0 campo de Sao Gonc;alo e 0
tracado cortespondente as ruas ag ora denominadas Rodrigo Silva,
da Liberdade, Verguei ro, Dom ingos de Mora is e itineranos da antiga
linha de bond es de Santo Amaro. (7)
Como os acidentes de al guns pontos do morro do Oaaquacu - que
era atravessaoc pel a estrada. na lambada entre as c6rregos Annan-
20
ga bau e Cambuc! - atraoatbavam 0 transite, torrre-se depots um
caminho novo pa ra Santo Amaro, Afonso A. de Freitas escreveu que
as reterenctas a esse caminho novo co mecaram a aparecer em fins
do secu!o XVlI (8). Parece, no entanto que ere loi te.to em 1640 ( 9).
Parti e da baixao a do Verde ou do Curral (depcia do Bex iga ou largo
do Riachuetc). segu indo pete rumo co rrespondenle as ruas agora
cnamadas de Santo Amaro, Brigad eiro Luiz Antoni o, lambada do
Caaquacu e bac ia do Rio Pinheiros ate entroncar co m a Caminho do
Carro antes de cheqar a povoacao de Santo Amaro.
o Cami nho de Ptnbetros. em 1560. comecava no atua ! largo da Se.
logo aces as tai pas (tortlticacao existente) que circund avam a vl!a .
vtndc a cnamar-se mate tarde, em 1600. 0 seu primeiro trecho. 0 que
estava em tod o 0 ptanatto. "Caminho q ue va! direito para Santo
Antonio", de onde surg iu " Rua Dtrelta ". Ap6s a ig reja de Santo
Antonio, contornava a esquerda. precipitando-se perc morro ate ga-
nhar 0 vale do Annanqabau. que atravessava. rumo de Pinheiros,
Carapic uiba, M'Bcl. napecenca. Sarueri e Parnaiba. de um taoo.e do
outre. depots de sua cuurcacec no alto do Pacae mbu. d ir ig ia-se a
Embuacava. e, com 0 co rrer dos tempos, ao Jaragua, Tai pas. Jund tal
e todos os povoad os Que extstiam nessa dtrecao. (10)
I:. importante observar que esses caminhos. numa lase posterior de
desenvclvtmentc urbane. determinaram as linha s de crescirnentc da
ctdaoe em expansao.
Luis Sara observou q ue a formacao da Vila de Sao Paulo nac obede-
ceu nem ao tipo ctasstco -c-torrnacao em tome da igrej a. do mercado
e da casa de ad ministracao (a sua Casa da Camara, no q ufnhentrsmo
e no sei scentismo andou sempre funcionando em predios alugados
de partrcu tares. 0 que e bern signif icat ivo) - nem ao chamado npo
ipodamico: crta dc na base do reucuraoo e empregado tarqamente
no Brasil (11). Sua formacao foi espon tanea, oanc o em resuttado.
nos pr imeiros tempos um cu rioso tipo de aqfom eracao : povoacao de
restdencia transit6ria para a maioria de seus morad ores prtnci pais .
que neta mant inham casas apenas para tratarem de algum neg6cio.
ou entao. para passarem os dom ingos e otas de festas reuctoses.
Exceto nesses dias. poucas pessoas f icavam na cidade. Estavam
sempre nas suas chacaras ou entao pe los bosq ues e ca mpos acata
de Ind ios (12).
A situacao pouco se mod if icou ate os utttmos anos do sec ure XVIII.
Mas sob-etude no comeco do setecentismo - em tome de 1720 -
era por Isso ainda be stante reduzida a area da c ida de . 0 seu nucleo
urbanizadc se conce ntrava todo no triang ulo, em cuios vertices -
lembrou Alcantara Machado -c- ficavam as igrej as de Sao Franc isco.
de Sao Bento e do Carma. A esquerda do Anhangabau e ad ireita do
21
Tamanduatei na "banda do alem'' eram as campos de cnacao. as
currais de gada, as matas do Caaguacu e do tp irang a. as chacaras e
as casas de campo (13 ).
No seculo XVIII, devido a descoberta de ouro ern Minas Gerais, a
cidade Iicou pratica mente oeerovoaoa . restendc na pcvoacao e
reg;Qe s vizinhas apenas as mulheres, c.tancas e algun s escravos
ind ios encar regados do ptantio de alguns ce reals destinad os asub-
sistenci a da poput acao. A pobreza da povoacac e de sua oc ouracaoera grande, como grande era tembem 0 atraso em que se encontrava
a provinc iana Vila de Sao Paulo, em retacao as outras crcaoes
brasltetras. que viviam ainda a epoca aurea do ec ccar.
A descoberta de ouro ern Minas Gerais repre sentou, de lnlcio. um
tater negativo para Sao Paulo. Parallsou-se 0 pouco que havia de
atividade pastern. extraviando-se os reoanhos. Nao sobrava gente
para rotear as terras. (14) A emrc racao continua para as zonas aurite-
rae - como oc orrera no seisc entismo com a caca ao bugre - fez
com que se despovoassem de forma sensfvet, scbretudc a part ir de
meados do setecennsmo. a cidade e a capitania
Entretanto a pr6pria "mineracao" havia de trazer Ind tretamente con-
seqoerc ias favoraveis para a capitAnia e oepois a provincia de sao
Paulo. As transfcrmacoes provocadas pelo ciclo brasileiro do aura
determinaram aos poucos 0 destocamento do eixo econc rrnco da
Colonia, do nordeste para 0 centro-sur, transferindo-se a pr6pr ia
capi tal do Brasil para 0 Rio de Janeiro em 1763. E a necessid ade de
abastectmento da populacao concentrad a nas minas e na nova capt-
tal estim ulou as at ividades econornicas da populacao. inclusive em
Sao Paulo (15)
Em fins do secujc XVIII. Sao Paulo ja apresentava uma significat iva
producao acucare fra. se comperarmos com sua producao anterior,
obtendo maior lucro com a agricultura (principalmente 0 plan tio de
acccan do que com a mmeracao. (16)
A sncacac em Sao Paulo se tornou mais tavoravet com a abertura dos
portos brasuetros ao come-etc internac ional em 1808. As reracoes
comerciai s e a nevenacao de cabotagem da antig a capilania de Sao
Vicente se ampliaram - mostrou Saint-Hila ire - os tremens da terra
desenvctveram as suas ptantacces e os engenhos se mult ipl ica ram
(17) .
Mas nao bouve tempo para que toea essa transtorrnacao econcmtca
e soc ial da capitania se retletis se dec tsivamente na existencia de
sua capital ate a eooca da inoepenoencia do pais ou ate alguns anos
mats tarde . Apesar da orqanlzacao de alg uns service s de interesse
coletivo e de ernpreendtmentos que contribuiam para rnethorar um
pouco as suas condicces - de urbantsmo. de hig iene, de educacao
SAO PAULO - 1800
0 " " DO 0
o Area urban izada
23
- de urn modo geral a cidade se ressentia ainda. ate 0 primeiro
quartel do ottocentismo. de longo peslodo de decaden cia e de em-
pobrecimento em que esttvera mergulhado 0 "pais dos pauustas"
durante uma grande oorcac dos tempos colonials. (1B)
Em 1823 a ctd ade de Sao Paulo recebe u 0 titulo de Imperial Cidade
de Sao Paulo, 0 que nao imped iu que ela continuasse com seu
aspecto acanhado e provi ncia no. aspecto que 56 tol se modificand o
qraca s it mstaracao da Faculdade de Diretto que trouxe com seus
estudantes roves habttos e costumes para a mesma.
De modo qerat , se pode d izer Que 0 carater fund amental da povo-
acao paulislana nos seusprimeiros quase Ires securesde exlstencia
(aproximadamente de 1554 a 1828) - a despeit o do objetivo de
conversao dos ind ios, que determinou a sua tundacao e os seus
primeiros impulsos, e apesar de sua lenla evotucao para entreposto
comerc ial a partir de fins do setecentismo - tot 0 de um arratat de
sertani stas. Esse carater nao pede ser perd ido de vista ao se evoca -
rem as suas casas, as suas ruas, os seus jard ins, as suas chacaras.
os seus caminhos e as suas pontes. 0 seu abasteci mento e a sua
industria, e as ativtdades Intelectua!s, arttsticas ou relig iosas dos
seus rnoradores durante os tempos co lonia is. (19)
Nos pr imeiros 30 anos do seculo XIX a area urban a rompeu, um
pouco, os contomos do esquema prim itivo. pete menos em algumas
cnrecces. estabelecend o-se uma certa conti nuidade entre a zona
central e alguns "bairros" que se desenv olviam para ale m do Anhan-
gabau ou do Tamanduatei, embora esses "bairros" nada mare
tossem do que chacaras. rocas. sruos. enfim, areas semi -rurais.
Em 1822, alem do nucle o pnrmttvo edificado no ponte! tormado peres
dots nos hist6ricos, Alonso A. de Freitas assina lou, em um artigo. os
batrros que se estend iam alem oesses cc rrenos: quem salsse do
centro pela ponte do Tapannotm ou do Lavapes encontrarta. a ca-
minho do Ipiranga, uma ooputacao de 42 habitantes dlstrlbulcos per
8 log os; pa ra alern da ponte d o Lo rena (o u d o Piq ues),
desdobravam-se os bairros do Piques , de Pinheiros, de Embuacava
e de Piraiuca ra, com um tola l de 150 togos e 763 habitantes: e
transpondo-se a ponta do Franca, sobre 0 Tamand uatei , cheqava-se
na planlcie. aos bairros do Bras, do Pari e do Tatuape, c uja poputa-
ceo total oecava por 186 habttantes dis tribuidos por 36 fogos. (20).
As chacaras que cerc avarn a cidade ocupavam grandes areas . lirni-
land o a povoacao por lodos os lados: ao norte, alern da ponte da
constnutcao. a chaca ra de Miguel Carlos ; para teste, depois do
Tamandualel, a do Ferrao e a do Oscrfo. antiga do Meneses:ao sui d a
Tabatinguera, a da Dona Ana Machado; a sudeste, a chac ara da
Glor ia, entre os rios Tamanduatel. Cambuc! e Ipi ranga , eo stt!o do
24
Tapannotm entre 0 Rio Cambuct 0 C6rrego do Lavapes e a Estrada
do Mar: ao sui as cbacaras do Fagundes e do C6nego Fidelis : a
sudoeste, oeuenoc 0 Anhangabau. as campos ao estataiadetro Be-
xiga e mai s lange 0 sit io do Sert6rio; a oeste da cidade a cnacara de
Martin ho da Silva Prado, onde ticava 0 tanque Reline ou do Bexiga, e
adlante do campo dos CUHOS a do Marechal Arcuche de Toledo
Rendon. Mats pr6xima. entre 0 Acu e 0 Piques. a chacera do Barao de
ltapetininga; e a noroeste, na direca o de Santa Efig lm ia mas dtstante
da ci dade, a do Campo Redondo. (2 1)
A part ir de meados do secuto XIX vanes tatores concorreram para
que se alterass e 0 panorama ecoremtco e social do pais e particu-
larmenle da provinc ia de Sao Paulo.
Urn deles. a deslocamento da primaz ia econcmtca . das vel has reqi -
ces agrico las do norte para as do centro -sui do Brasil. acompa-
nhando a decaoencia da lavou ra tradtcicnal da cana -oe -ac cca r. e o
oesenvotvimento consrcerave t de uma cuttura ate entao modeste : a
do cafe. Na provinc ia de Sao Paulo nessa eooca j t:. era , alias, bem
visivel a substrtutcao do ecccer pe la nova tavoura.
sao Paulo, que ros seus lres pnrreiros secuos de existencia teve um
desenvolvimento modesto devldo asua insig nificante econom ia e ao
tsota mento em que se encontrava. passa a sentir os eteitos da ri-
q ueza gerada.pelo cafe e. enq uanto as ci dades do norte se manuve-
ram como express6es da c fvmaacao do ac ecar. embora oecadente.
Sao Pau lo passou a reftenr uma econ omta apoiada suce sstvamente
no acccar e no cafe. Ate meados do ottocentts mo. sobretudo no
ec ocar. movimentado por tropas q ue rumavam para Santos e um
pouco no cornercro de gado traz ido do Rio Grande do SuI. Em
seguida, e cada vez mats acen tuadarnente no cafe. de que a ci dade
se tornaria a metr6pole ou a quase-me tropote. Em fins do seculo
passado as mdustna s e 0 co rnerc!o de maoumrsrros para as tazen -
das de cafe co mecaram a marcar densamentete a paisagem paulis-
tana. Foi entao que Sao Pau lo pa ssou a se caracterizar ac ima de tudo
como cidade de neg 6c ios. (22)
A partir de 1850 inumeros tatores contrtbulram para 0 cresci mento
urbano de Sao Paulo. 0 princ ipal tater. sem duvtd a. liqa-se ao surto
cateeirc, mas toram as consequenc las e as ne ce ssidades de econo -
mia ca teetra que determ inaram esse crescimento acelerado.
Entre 1860 e 1868 foi construi da a Sao Peulo-Rauway (atual Red e
Fertoviana Federa l). Essa terrovia to! constru ida para favorecer 0
escoamento mais rap ido do cafe pa ra 0 porto de Santos . onde seria
exportado.
SAO PAULO - 1890
o Area jtl urban izada em 1800
Areas de iormecac mats recente (1850 -1890)
_ _ _-+ Vias de ligacAo com 0 "sertac''
26
Ap6s a Sao Paulo-Railway, de senvctveu-se uma de nsa rede Ierrovia-
ria q ue colocou a Capita l como centro de uma ampla reqtao q ue Ihe
serviu de merceoopotencial.
A riq ueza proporcionada pelo cere tevou ao cescnnenr c do centro
urbane de Sao Paulo. onde sa lnstata ram age ntes finance iros, aqen-
tes de seguros. casas comissartas. bancos. etc.
E importante notar que , ao contrarfc do acucar. q ue exiqia Que 0
fazendeiro morasse junto ao engenho. 0 cafe posstburtou ao aqncul-
lor, morar na ctceoe. onoe inc lusive poder ia cui da r melhor da co-
mercrauzacao de seu produto.
Em 1870 jil era evtoente 0 rapldo crescl menlo de Sao Paulo, e
Alme ida Nogueira escrevia que acabava na cldade 0 "o tero dos
trovedores para co mecar 0 dos Ind ustnais''. "0 prtctpe perteito. sua
alleza serenlsstma 0 estudante, ia ser depeste pete caixeiro-vlajante.
Caiam as rotutes. as manti lhas, arruavam-se a campo do Cha, a
Bexiga, 0 Zunega, entravam no alinhamento a Bras, a M06ca, a Ponte
Grande. A tenha percra a encanto. uma servida peta Ioccmouva. pel o
bonde e pete gas corrente" (23)
Em outras patavras. Sao Paulo cresc e e passa a adqulnr um aspecto
moderno e cosmopolita. Para Richard N. Morse, essa rap idez de
ccsmcoonzacao deve ser encarada como a resultado final de um
perlodo de qestaceo durante 0 qual a cidade vinha sendo gradual e
psicologicamente orientada para receber em bl oco os elementos da
culture europeia. trazida pe lo grande afluxo de imig rantes, e pela
maior fac itidade de co munlcecao com a Europa. (24)
A nqueza concncronaca perc cafe e a Iigar;ao terroviana com a C6rte
foram sobretudo elementos q ue contribuiram para romper 0 isol a-
menta em q ue vlveram. nos prime iros secu tos. os moradores de
Piratinin ga.
No plano politi co brasuerro. na segunda metade do seculo XIXocor-
reram grandes mudan cas:abcncao da escravatura. Procremacao da
Republ ica, incentivo a imiqracao. etc. A eboucac da escravatura e 0
incentivo it imigrar;ao vao favo rece r ainda mais a crescimentc paulis-
tano, pa is grande parte de ssa mao de obra nac e absorvida cera
lavoura e passa a habitat a ci da de e a exercer atividades tip icamente
urbanas.
A aboncso representou para Sao Paulo, assim como para todo 0
Brasil, urn marco d ivis6rio entre d uas epoces: uma baseada na envi-
dade ag ricola, v inculada a um sistema inteiramente baseado na mao
de obra escrava. e outra vcltada para nova s envro aoes. princ ipa l-
mente atividades urbanas, ond e 0 capital, que era em pre gado na
co mpra e menutencac de urn sletema escravoc rata a ftemente lucre -
27
tlvo. reftul as cidades em buses de novo emprego. Surg iram entec
imciativ as e empresas comerclais. finance iras e ind ustriai s de toda
especre. Articu tavam-se dessa forma elementos que mamconterir a
provincia urns tercac dtterente e urns pos tcac de re16v0 economtcc e
pol itico multo maior dentro do pais.
a incentivo economico recebido por Sao Paulo, a partir de meados
do seculo XIX fez com que muitas chacaras exis tentes 8 0 redor do
nucleo primitive comecassern a ser arruadas e toteadas . Foram bern
poucas as chacaras que resistiram ate as ultirnos anos do seculo XIX
ou as primeiros do secure atuat. Esse cre scimento respond ia, sem
d uvida 80 desenvolvimento da oo ouracao urbana, determ inado in-
elusi ve pete uxacao na cidade de imigrantes, sobretudo italianos.
torctou-se. entao. em Sao Paulo, uma ep idemia , para usar a expres-
sao de Pierre Mombeiq. uma ep idem ia de urban izaCao. Epidemia
pela rapidez da propaqacao do proce sso: ep idemia por seus aspe c-
tos pato l6gicos de c rescirnento desordenado. sem infraestrutura.
(25)
E assim a cidade 'oi se expand indo. segu indo os antiaos caminhos
como rmntc bem sintetizou Caio Prado Jr.
"As linhas pela s quais se fez esta tnec nacao que ecompa-
nhcu. como era natural, as antigas estrada s fixaram 0
tracadodas grandes artertas de hoje . Desceu para 0 Hete.
segui ndo as elevacoe s que ficavam no angulo formado
pelas varzeas deste rio e do Tamand uatei e riscand o 0
tracad o atual das ruas Brigadeiro Tob ias e Florencio de
Abreu. Para 0 Tamanduatel. atravessando-se e seguindo
afem. sempre para leste. toi margeando a estrada que
tevava as cldades e povoacoes do Vale do Parafba. Em
sentido opOSIO, a exoen sac da cidade encontra os obsta-
cutes da topografia ac identad a do rnacico. Envereda
peres espig6es, acompa nnando as estradas que procu -
ram os altos, porque at encon tram um terrene melhor e
porque, para irem alem. tern de gal gar 0 espiqao mestre
do macic o que techa a cidade para 0 SuI. Tree sao estes
estrada s onnctoars: a prime ira toma 0 div isor entre 0 Ta-
manduate l e 0 Annanqabau. e e hoje representaoa pete
Rua da Liberdade. que continua pete Rua Verguei ro ate a
estrada do mesmo; a outra, correcanoc no fundo do vale
do Anhanq abau. no ponlo onde esle recebe seu afluente
Saracu ra. procure 0 d ivisor destes rtacbos. e e nos d ias
que correm a Rua Santo Amaro prolongada peta Av. Bn-
gadeiro Luis Antonio (cujo setor mais pr6ximo ao centro e
28
de origem muito mats recente) : finalmente. a ult ima des -
tee estrada s q ue seguem para 0 sui ea q ue demand a as
atoe tas e oovoacoe s Que se formam nas margens dos Rios
Ptnherros e seus atruentes. bem como a Leete da Capital
esta est-ada principia no mesmo pont e que a anterior ,
atcanca. por uma taoetra ingreme, 0 alt o do espiqao que
separa 0 Anhangabau do Pacaernbu, seguindo por ele.
Este cammho e hoje reprodczido pela Rua da Consolacao.
Ficou assim delineada a ctdade e bal izado 0 seu cresci-
menlo. Este tel. inic ialmente de preterencta e quase ex-
clusivamente , no interior do macico princ ipal da cidade .
As ptanicie s que 0 cercarn salvo ao longo ca s estradas
que atra vesse m para Leste e para Norte. fica ram oesertas :
terrene ing rato, verzeoso. poucc saudavet . n ing uem 0
queri a. E tater recente que lhes deu vida e imputsionou
para elas 0 cresctm ento da cidade. Sao as eslradas de
ferro. Esta s nao acompa nham as ant iga s vias de comur u-
cacao. situadas em regra nos altos; mstatarn-se naquetas
baixad as onoe encont ram urn terrene rnais igual e tac!l.
cosen do-se ernbora. para ftcarem proxlmas. as rampa s
que urmtarn0 macico onoe estava concentrada a ctc aoe."
126\
As pnmeiras grandes transformacces urbanas oco rreram na press-
dencia de Jcac Teodoro:
"Ao Dr. Joao Teodoro Xavier. que prestc nu Sao Paulo
de sde 21 de oezembro de 1872 ate 29 de maio de 1875.
coube a gl6r ia de haver mtciado . no seu oarr teuco go-
verne. a transfcrmacac desta g rande capital. navenc o 0
mesmo pre sidente tatec tdo. ern extrema pobreza. a 31 de
ounrbro de 1878". t oque escrevia , em 1910, Antonio
Eg id io Martins, acrescentando : "Os melhoramentos reatr-
zados pel o presidente Dr. Joao Teod oro toram os seguin-
tee: sub stitufcao dos terrenos patuoosos e rniasmaticos.
em trente ao antigo mercado da Rua 25 de Marco. por um
dos passeios mats aprazlvets e saudavets. a ilha do s
Amores, no lugar onde exisle hoje (19 10) 0 Mercado do
Peixe e 0 Almoxarilado Munic ipal: beleza e sequ ranca do
morro do Carrno. med onho outrora par suas alias e rumo-
sas muratha s de peora: abertura da Aua do Hospicio
(atual Pedroso Alvarenga) ate a ponte ca Mo6ca; tendo
sio o urn dos trabalnos mais crsoe ncroscs eeta s grandes e
Importantes obras de arte cons trufdas amargem do rio (...)
a construc ao da Rua Conde d'Eu. hoje Gene ra l Gucerto.
29
de 982 metros de extensao e 13 de tarqu ra e as melhora-
mentos nctevete da s Ruas do Pari e do Gasc metro e do
exten so aterrado deste nome, com 2000 metros de com-
prtmento e 12 de largura, pondo -o em comuotcacao co m 0
centro da cidaoe".
Urna da s rUBSacabou, por esc .sac da munic ipatidade. ficando co m
o seu nom e. Essa rUB. unindo 0 ba irro da Luz ao Bras, uni a as duas
estacoes. A Rua Helvet ia por sua vez. punha em comuru cacao a Luz
com as Campos Elfseos . A Glicerio era uma nova sald a para Santos
contoma noo 0 nucteo htstcn co. Como se ve to t muita nabil ao pro mo-
ver a l igac;:ao entre novos bairros... Fo ! um dos raros qovernante sa 58
preoc upar com a estetica urban a. (27)
A Pauuc eia de ruas estrei tas e casas rnode stas. que cabia no trtan-
qut o e extstiu ate a Primeira Grande Guerra - cbservou Caio Prad o
Jr. - era a sede de um Sao Paulo poderosamente agricola - 0 Sao
Paulo do cafe - em que imperava uma forte artstoc rac ta terr itor ial:
gente que tinha ma is orgulho da tazenda que da cidade, e quando
pen sava em cidaoe sttuava essa ctdade na Europa . a rigor em Paris.
A Paulicela de agora preside os oe stmos de outro Sao Paulo, de um
Sao Paulo indu str ial , que viv e no plano de uma economta mats
tntensamente modema. cujo espirito sobrepuiou a mentaud ac e. os
usos e os costumes da economia tati tundtarta. Embcra nouv esse
resmcces a tazer a certos aspectos do quadro da Pauliceia antiga at
esoocaoce . a tate eque a cidade superou a sua conoreao anterior de
metr6po le do cafe: e entre os tatorea do seu cresc imento -que pode
ser, sem demagog ia. c lassific ado de extraordinar to - alem do surto
cateeiro na provinc ia a partir da sequnda metade do ottoceonsmo. e
do desenvolv imento da imigraCao, part icu larmente a italiana. na-
q uele mesmo per iod o - deve de fate ser tembrac a. a partir aproxt-
mad amente da Prime ira Grande Guerra, a expanaao decisive do
parque ind ustr ial pauli stano, exigindo espacos enormes para a loca-
nzacao de tabncas e de oticinas. traduz fndo-se no loteamento de
grandes propriedades na area suburbana. (28)
A cldade. que contava menos d e 60 mi l ed iticacoes em 1918-1919,
estava com quase 100 mi l em 1928, com ma is de 230 mil nas zona s
urbanas e suburbanas em 1944 e com mai sde 300 mi l em 1954. (29)
A cnse de 1929, embora tivesse afelado e determinado 0 fim da
monoc ultura cateefra. em nada atetou 0 crescimento urbane de sao
Paulo. Apenas intensif icou 0 proces so de Ind uatrializacao Iniciadc
durante a Primeira Guerra Muncia r. E esse processo de tndustnaliza-
cac tavcreceu ainda mats a exoensac urbana de sao Paulo.
30
Urna planta da cidade. ela borada par Sara Bras il. em 1930. nos
mostra uma cidaoe ono e h8. urn eq uilibria entre parq ues e areas
construldas. uma ctdade que ainda 58 mostra humana e com condi-
coes ace ttavels de vida.
No entant o. 0 cresc! menlo desordenado, a talta de infraestrulura que
acompanhasse esse crescimenlo, as d ifi culd ades de trans porte e a
eeoec uracao imobiliarta destruiram esse equilibria a part ir da de-
ca da de 40.
A cresc ente ind ustriali aacao. 0 ftuxo migrat6r io aeentuada nas deca-
das de 50 e 60, leva ram Sao Paulo a um processo de rnetrcpotizaceo
irreverstvel. a ponto da ci dade adqui ri r urn aspecto de c ldaoe provi-
sor!a, once nada esta acabado. " Nada sobrou oa ci dade ant iga : nem
casa. nem terre . nem igreja, nem convento. (..,) Aqui as cas as vivem
menos do que as hcmens ". cheqou a escrever Antoni o de Alcantara
Machado, acre sce ntando: "E se afastam para atarpar as ruas. Nem
M nada acabado, definitivo" (30)
Sao Paulo cresceu sem qualquer planejamento , e ess a tatta de p lane-
jamento taz co m que hoje a ci dade apresente a aspecto de "c'dade
proviscrla" c ttado par Alcantara Machado. pais ad equa-te as neces-
sidades impostas par seu cresci mento taz com que se tome necessa-
ria mutila-te. derrubar casas, abr ir vias de cncuracso. trnplantar
novas meios de transpo rts . enfim. co rrigi r todas as distorcces oriun -
das de seu raptdc cresctmento.
Mas co m essa febre de urbantzacao to! se destruindo a " memoria" da
ctd ade . Hoje, q uem fica alg uns anas fora de Sao Paulo. ao voltar nao
a reconhece mais. encontrando. par out ro lado. uma c idade co mpte-
tamente di ferente da q ue conheceu. E rssc taz co m que 0 pa unsta no
pe rca seus elos de Iiga (faOco m a passad o. As u acrcees sao esq ue-
ctdas. as monumentos do passado destruidos e a c ldaoe de sca rac -
tertzada.
o paulistano pa ssa a nao dar valor a seu pa ssad o, a oesconhecer sua
hist6ria, a hist6r ia de sua rua. de seu batr ro. de sua cidad e.
As retacce s passam a func ionar a um nivel impesso al , e 0 pr inc ipa l
prej udicado e a indivlduo. que ve suas reracces soclais. culturais e
atetiv as empobrecidas.
2. EVOLUCAO URBANA DE sAO PAULO - NOTAS
1. PRADO. Paulo - Paulistica , pags. 8 e 9
2. BRUNO. Ernani Silva - Histor ias e Tradic6e s de Sao Paulo. vel.
I, pag . 41
3. PRADO J r., Caio- Formacao do Brasil ContemporAneo. peg. 61
4. PRADO Jr., Calc - op. cit.. pag . 229
5. SANTANA, Nuto - Sao Paulo Historico. vet. I.. psg. 115
6. SANTANA, Nuto - op . cn. . pag, 49
7. FREITAS, Afonso A. de - "A cidade de Sao Paulo no ano de
1822", Rev. do lost. Hist. e Geog. de Sao Paulo , XXIII, pag .
131
8. FREITAS. Afonso A. de - Pros acto do Dic ionar io Etimol6 icc,
Hist6rico, To raf i co~ Estat lstico, io r icc, ib lio riCO
e tnoqr ICO ustra 0 e ao au 0 , p g.
9. MONTEIRO, Zenon Fleuri - Reconstituicao do Cam inho de
Carro para Santo Ama ro, peg. 134
10. SANTANA. Nuto - op. crt.. vet . l. pag. 124-
11. SAIA. Luis - "Fontes prfmanas para 0 estudo das habitacoes
das vias de co mur ucacao e dos aglomerados humanos em
Sao Paulo no secuto XVI", Ins!. de Adm inst. da Facu ldade de
Ci l!'ncias Economic as e Admin istrat ivas da USP, pag. 3 e 4
12. TAUNAY, Afonso de E. - Non Ducor, Duco, pag. 211
32
13. OLIVEIRA, J . J . Machado d' - Quadro Hist6rico da Provinc ia de
Sao Paulo ate as anos de 1822, pags. 144-1 46
15. PRADO Jr., Caio -ap. ci t .• pag. 73
16. BRUNO, Ernani Silva - ap . cit. , vet. J, pag. 91
17. SAINT-HILAIRE, Auguste de - Viagem aProvinc ia de Sao Paulo,
pag 89
t a. BRUNO, Ernani Silva - op . ctt., vet. I. paqs. 93 e 94
19. BRUNO, Ernan i Silva - op . c tt., vo t. I, pag. 96
20. FRElTAS, Afonso A. de - "Sao Paulo no d ia 7 de setembro de
1822" Rev. do Inst il. Hist. e Geo9· de Sao Pau lo, XXII. peg . 3
21. BRUNO, Ernan i Silva - op. c it., vel. I. pag . 205
22. BRUNO, Ernani Silva - op. clt., vol. I, pag. 45
23. NOGUEIRA, Alme ida - Academia de Sao Paulo. VIII, paq. 128
24. MORSE, Richard N. - Sao Paulo - Raizes Oitocentis tas da
Metr6pole - paq . 474
25. TOLEDO, Bened ito Lima de - " Um secure, tres ctdades" -
Suptemento do Centenarto de 0 Estado de Sao Paulo de
28/02/1976
26. TOLEDO, Bened ito Lima de - op. ci t.
27. TOLEDO, Bened ito Lima de - c p. ci t.
28. BRUNO, Ernan i Silva - Op . cft.. vel. III. paqs. 1315, 1316
29, BRUNO, Ernani Silva - op. ci t.. vol. III, paq . 1323
30, BRUNO, Ernani Silva - op. cn.. vet . III, pag . 1319
3. A CHACARA DO BEXIGA
3.1. ORIGENS DO NOME
Ate hole nao sabemos ao certo pcrque 0 balrro recebeu esse nome .
Existem vanas hip6 teses, mas nao to! posslve ! determinar qual e a
verdade ira.
Uma das hip6teses d iz que 0 nome do barrro der ivou da Ohacara do
Bexiga. pertencente a um certo Antonio Bexiga au Antonio Manuel.
que passuia urns estalagem no local .
A essa estataqem sa refere Saint-H ilaire. quando de sua passagem
'per Sao Paulo. em 1819. d fzend c que alquern the ind icou a hospeda-
ria de um ta l Bexiga que pcssuta dentro d a c idadevastas pastagens.
(1)
A cnacara do Bexiga ucava a sudoeste do que se convencionou
chamar, em princ ip ia do seculo XIX, de " Cidad e Nova". Ladeavarn-
na as vias pubttca a de Santo Amaro e da Oonsotacac. Na area
compreendi da per essas duas vias , prolo ngando-se para 0 fund o na
rnrecao do espiqac da atual Av. Paulis ta. existiam apena s campos.
vales e co ltnas. (2)
Segundo plantas antigas. a reside ncia do estata iadetro Bexiga fi-
cava ad ireita do na cho Saracura e aesquema do nacho do Bexiga,
tendo na frente o Anhangabau. E, de accrdo com Joao B.C. Agu irra. 0
inl cio da Rua Santo Antonio constitu ira. no passado. 0 pat io existente
junto ao rancho. ond e eram presos os ar nmais. ticandc em torno
oeste os quartinhos dos h6spedes. De acordo com Saint-Hil aire. 0
pat io "era urn lugar cheio de lama-uma buraqueira danada". TOOos
os quartinhos tinham portas para 0 terre iro : eram umidos e de uma35
" imundice repuqnante''. sem forro e sem [anetas e la o estrertos que
mesmo com a bagagem toda empilhada restava pouco eepaco para
o vlajante e seus co mpannetros se mexerem. (3)
t: interessante obse rver que na mesma obra. Saint-Hilaire d iz: -
"Exi ste em Sao Paulo uma ponte chamad a " Ponte do Bexiga" e que
ta lvez tenha a nome do hotetetro ou de algum de seus prede cesso-
res", Na cescncao refere-se nitidamente por duas vezes a "urn ho-
nesto Bex ig a" que ali vivia na ocasrao . Porque . entao . esse "alq um
de seus predecessores?". Sera que a alcunha passou de pat para
ftlno ou 0 hole leiro nao deu 0 nome ao lugar e su n 0 lugar q ue the
transmttiu a oestcnacao? (4)
Surge m, entao . novas hlpoteses sabre a origem do nome dado ao
bair to. 0 t ustortado r Nuto Santana . que foi chefe da sub-divisao d e
Doc umentacao Hist6rica do Departamento de Cul tura da Preteitura
Munic ipal de Sao Paulo. tevanta out ras hip6tes es em seu liv re "Sao
Paulo Hlst or tco". Uma dessas hip6 teses diz respeito a variola ou
"bexfqa" como era poputarmente conhectda.
Sao Paulo sotreu vanes surtos de vario la durante sua tustcr!a. oa-
lando a reterencia mars ant iga de 1564: diz a vereanca de 29 de ebru
daque!e ana que "as coencas foram rnuitas e as bex igas rnataram
mutta gente e os que escaparam estao atnda que nao podem traba -
Ihar" (5). vern oa t a hipotese de q ue 0 local tenha serv ido de refug io
aos bextqosos. dando 0 nome ao bauro. No entanto sabemos que a
reqiao da Tabating uera. quando era arrabaloe da Vi la. teve uma casa
para esse fim em epocas longevas ; 0 mesmo se deu com a Rua de
Sao Bento. per ftca r tambem distante do centro, Um edital tnedito de
1724 se retere mesmo a uma "rua das Bexiqas'' que nela se situava -
e que nada ttnna. port anto. a ver com 0 bairto do Bexiga . (6)
Por volta de 1837. mais ou menos. a regiao proplcia para tsso era 0
Pacaem bu. E os negros de Santos ou do Rio de Janeiro nao entravam
na ctdade sem uma quarentena obr iga l6 ria num rancho existente na
reqiao do t .ava pes.
Uma terceira hip6tese baseia -se nos escritos de Joao Batista C.
Aguirra . que afi rma que 0 dono da cbacara que the deu 0 nome toi
Anton io Bextq a. cu jo tnventario consta a esse pes qu isado r estar em
um dos cart6 rios de Santos.
A pr tmetra vis ta reso parece razoavel. Pe!o menos. le-se na "Berni-
niscencta", de Joao Lutz Promessa. na rerecao cos sepultamentos na
Igreja de Santo Antonio de Santos (uvrc abertc a 8 de janeiro de 1726.
por Manuel Jeronymo de Oli veira - Ministro). 0 seg uinte: " N. 15-
Antonio Bex ig a, falec ido em Sao Paulo em 13 de junho de 1857.
de ixando a q uantia de 100$000 de esmola para a Ordem Terceira''.
36
Neste case. nao se tratava de urn apel ido po r ete resid ir em urn ant igo
sino de bexigosos ou ter sofrido da motestra. Parece Que "Bexiga"
era seu verdadei ro nome.
No entanto. ccntestando eS68 opin iao. Nuto Santana apresenta pelo
menos dais conternporaneos chamados " Bexiga" e urn outre - Jo-
aqu im Pedro Maia -c-que tambem teve esse apel ido. Segundo consta
esse Joaqu im Pedro Mara tomou parte ali va na Bernarda de Fran-
cisco Ignacio, em 1821. No d ta da famosa rebeliao Joaquim Ped ro
Maia -0 Bex iga - ajudou a levantar 0 povo espantadico pelas rUB S
da c tdaoe. Azeved o Marques, em seus "Apontamentos Hist6ricos",
transcreveu 0 que Andre da Silva Gomes escreveu sabre aq uela
secncao que data de 1821, dlz que "saindo do q uarte l em tamber
tocendo a rebate pel as ruas rnais Irequentadas da eid ade e apucaoo
o rnceno tarto oenominado par alcunha 0 "Bexiga". a tocar 0 sino d a
Casa da Camara, toi bastante isso a atrair apraca da dita easa muita
gente, porem da batxa plebe ". (8)
Nos papers do Arq uivo Agu irra - pnmetro tabellae d e sao Paulo.
existe atooa um out ro Bexiga : Anton io Pereira 8e xiga, que eomprou
uma casa de Dona Mar iaJustina de Camargo em 25de abrn de 1842.
Muitos anos antes, aparece tam bem um Antonio Pereira Piques q ue
fez doacaode uma casa a Matheus Pereira, em 2 de setembrode 1783.
Para Joao B. C. Aguirra. Antonio Pereira Bexiga e Antonio Perei ra
Piques senam a mesma peasc a. No entanto. seg undo Nuto Santana.
pete recenseamento de 1777 (9) esse Antoni o Pereira Piq ces estava.
na eooca co m 60 anos. Era casedo com Joana Igna eia; viviam em
eompanhia de uma liberta de nome trta e de dots ag regados, alem de
sets escravos. (10)
Pe!o q ue se pode deduzir e praticamente imposstvet que Antoni o
Perei ra Piques e Antonio Pereira Bexiga fossem a mesma pessoa .
po ts nesse caso. em 1842, Antonio Pereira Bexiga estaria com 125
ancs. 0 que nos par ece exage rado. No entanto e posstve! q ue Antotuo
Pere ira Bex iga tosse um descentend e de Antonio Pere ira Piques,
mas nunca o proprio.
Ja Afonso A. de Freitas nos da uma nova versao qua nto ao nome do
bai rro. Para ele Bex iga viria de " bexiga de boi''. q ue 0 dono da
cnac ara vendetta e que era, na eroce. um necccto bastante tucra-
ttvo.
Segu ndo Note Santana. essa e uma hip6tese que deve ser co nside-
rada . pots 0 neg6cio de tripa s toi bern explorado em Sao Paulo,
extstmdo para sua venda. inclusiv e, umas carroct nnas que per cor -
riam as ruas "ao chouto de umas onecas ancias. enquanto o tropeiro.
37
no alto da bol eia. soprava numa trombeta de ct utre. com loda terce
dos boles, umas notas em sustenido ".
Alem o tsso 0 matadou ro to! naq uetas cercanras tronteinco achaca ra
Que veto da r nome ao bauro. (11)
Embcra exis ta muita controvers!e quanta aorigem do nome, pode -se
com certeza. delinir a data do aparec tmento do nome do batrro: entre
1789 e 1792. Eo que afirma Nolo Santana. ba seadoemtres documen-
tos hi st6ricos bern pouco con hect dos. perten centes aos papers da
Subd ivis ao de Documentacao Histonca do Departamento de Cultura
(atua! Oivisao do Arq uivo Histori co ) e ao Arq uivo Ag uirra.
o primeiro documeoto. datado de 30 de janei ro de 1793. escecmca
que propnetar ios de carros devenam conc unr 250 carradas d e
padra do Bexiga ao Chetar fz da Misertcord ta. que estava sendo
construjdo. E a cnacao mats ant iga que se conhece da patavra
Bexiga co mo nome da reqiao. E como esse doc umento eo de jane iro
de 1793, deduz-se que em 1792 0 batrto ja era conhectdo par esse
nome.
No entanto existe um out ro documento, datadc de 18 de aqosto de
1789, no qua l Antonio Mart ins de A lmeida vendeu a Franc isc o Mar-
l ins do Monte " uma chacara chamada do Gusmao sita nesta capital
na paragem cbamada Anhangabau de Cima com casa de vlvenda no
valo r de 1:500$000". (12)
Esse documento Ievanta uma duvida : seria esta chac ara do Gusmao
a mesma chacara do Bexiga? Seg undo a rocanzacaoeo bem posstvel.
Essas terras fcram vendidas por Domin gos Martins do Monte (com
certeza parente do pr imeiro) ao capitao Melchior Pereira. E uma
escrttura medita reza q ue, em 6 de tevereiro de 1794. esse mesmo
cacnao Melchior Pereira vendeu a Antonio Soares Cav athe iro Gomes
e Abreu "uma chacara nesta cidade na paragem Anhangabau de no-
minada vulgarmente Bexiga, cerca da em rod a de vales . e de um
pedaco na frente de talpa e uma morada de casas de sua vivenda ".
por 2:45$000. (13)
Como pod emos observar nesse espa code tempo entre 1789 e 1794 0
loca l passou a ser conhecido "vulgarmente por Bextqa". Mas a
dUvida persiste: porque 0 local recebeu esse nome?
Tomando pdr base 0 surg imento da denc minacac - Bexiga -nesse
espaco de tempo , podemos concluir q ue: em primei ro lugar, Anton io
M'lnue l ou Antonio Bexiga - 0 estarejaoerro que nospedou Saint
Hilaire em 1819, nao de u a nome ao bairro. Pode ser q ue ele lenha
recebtoo esse nom e de seus predecessores. ou q ue 0 local Ihe
tivesse transmitid o a alc unha.
38
Ja a fupotese Ievantada par Afonso A. de Freitas nos pare ce mats
enquadrada no tempo, pais 0 matadouro fo! cons trutdo ern torna de
1773-1774, e pede ser que 0 nome tenha se originado do com ercio de
" bexiga de boi" efetuado no local.
A hip6tese levantadapar Joao B. C. Agu irra nos parece mvia vel. pois
Antonio Bexiga faleceu em 1857, e a d enomtnacao do ba irro existia
desde 1792, au seja 65 anos antes. Emats provavel q ue esse Antonio
Bexiga loss e 0 'proprio Anton io Manue l da esla lagem.
Eaastm as duvtdas e as nrcoteses co nttnuam. como e porque surgiu
esse nome? Qual das hip 6teses apresentadas mais se aproxima oa
realidad e?
Estas sao questoes que atnda nao conseguiram ser solucionadas.
32. A CHACARA E SEUS SUCESSIVOS DONOS
A hist6ria do Bexig a equa se tao antiga qua nto a de Pirat in inga , nao a
his t6ria do batrro do Bexi ga, hole den ominado Bela Vista, e elm da
chacara que deu nome ao batrro.
Por volta de 1559, todas as tetras. q ue depots iriam formar 0 Bexiga.
taztam parte oa sesmarta do "Capac" e pertenciam a Anton io Pinto.
que foi tabellae em Santos .
Posteriormente, a area fez parte da sesmarta doada a Femao Dias
Pais Leme. tic-avo de Femao Dtas Pais, que a deu como dote, asua
fiJha Mar ia Leme. quand o esta se casou co m Manuel Joao Branco.
FOi , a segui r, propriedade de Ana Leme. que a legou a sua sobrtnha
Francisca Lira,
Por volta de 1750. essa area era conhecto a co mo chacara da Sa-
marnbata . pertencend o ao histor iad or Pedro Taques.
Jaem 1773 essa area pertencia a Antonio Martin s de Almeida, senoo
conhectda. entao. como chacara do Gusmao.
Em 1789, segundo documentos enc ontrados por Nuto Santana (14), a
cnacara do Ouernao tot vendida a Franci sco Martins do Monte, Logo
apes to! vendida por Dom ingos Mart ins do Monte ao capitao Melch ior
Pereira. E em 1794, 0 ca pttao Melchi or Pereira vendeu-a a Antonio
Soares Cavatheiro Gome s e Abreu.
Quando da venda da cha cara a Antonio Soares Cavathe trc Gomes e
Abreu, 0 nome "Bexiqa'' ja aparece des ignando 0 local, do qua l
podemos deduzir que nesse eeosco de tempo entre 1789 e 1794,
algo ou alquem transmitiu esse nome ao loca l.
39
Depois 56 vamos encontrar referencia a cnacara do Bexiga nos
escr itos de Samt-Hitaire. quando de sua passagem por Sao Paulo em
1819 (15). Nessa epoca 0 loc al jtt perten cta a Anton io Manuel ou
Antonio Bexiga.
Seg undo d ados hist6ricos cconect oos . a restdencta do ch aca retro e
depots estatajeceuc Antonio Bexiga , locauzava·se no inicio da hoie
Rua Santo Antonio ou no mlcio da Rua Santo Amar o. E era tambem
nesse mesmo local Que se erguia um vasto rancho que servia de
pousada aos q ue vmha m das band as de Sorccaba a l im de vender,
aq ut. seus antmat s. preter toco expo-los no Largo do Piques, onde 58
reatizava. em eras certos, uma espec !e de feira livre . Diante do
rancho bavia uma area Hmpa. na qua l S8 prendiam. em estacas, as
antma ts cujos donas all apeavam para vender au co mprar coiaas.
Num dos lados do Largo, na parte once oterreno se apresentava mais
plano e seco. estend ia-se uma ttletra de quartmhos q ue eram aluqa-
dos aos vtajantes ca rec idos de pouso. (16)
A chaca ra do Bexiga, em meados do secu!o passa do , era urn lugar
muito mats selvagem do q ue se paderia depreender de urn pr imei ro
cantata com a nistona de Sao Paulo.
Saint-Hilaire nos tala de vastas areas cuttivadas . " ptantacoes sime -
trices de jabuticabeiras e laranje iras dentro de cercados ". e e corsa
sab ida a abundancia das jabuticabe iras para as tacos do Bexiqa. E
coisa menos sabida. contudo. que nas mesmas tetras entre as ruas
da ccosoracac e Santo Amaro. cacavam-se veaoos . perdtzes. e.
como afirma Ernani Silv a Bruno "ate escravos fug idos". (17)
De tate. nessa epoce . a repressao aos escravos fugit ivos e aquilom-
bados era severa . Eles se escond iam nas capoei ras e capmzats que
havta em lorna do Tanque Reuno. no Bexiga, e em outros pontes do
Anhangab au e do Saracura . Petas Alas da Camara Munic ipa l de Sao
Paulo verifi camos que. em 1831, membrcs da Adnuntstracao chega-
ram a ped ir 0 Iechamento do c6 rrego do Anhangabau "para a parte
do Bexiga ", em cujas margen s se acoita vam rao rces e esc ravos
rebe ldes. Mas espaco para esccnderljc havreavontaoe na q uinta de
Franci sco Machad o, nas chacaras Strei b, Miguel Carlos, do Sertorio.
do Barao de Limeira.
A chaca ra do Bexiga pertenc eu. tambem. a Thomas Luis Alvares.
mais conhecido como Thomas Cruz, que depots a veodeu. em 1878,
a Anton io Jose Leite Braga. (18)
E segundo alguns documentos. este ultimo comprador. aproveitand o
a "te bre de urbaruzacao" (19) q ue dominava Sao Paulo, prcmoveu a
arruamento de toda a area. imciando oepois a vend a das respecttvas
cates. par precos ao atcance de todas as bal sas, a fim de tormar. 0
mats depressa poss fvef. um novo bauro para a ctdade oautistana.
40
Em 28 de ju lho de 1879, foi feita a seguinte anuncio no jarnal "A
Provincia de Sao Paulo", atua! " 0 Estado de Sao Paulo" :
"Terrenos no Bexiga - Vendern -se estes magnificos ter-
renos as bra cas au em totes. com pastas au mal as, a
vontade do comprador. Nao h8. nada a deseja r neste s
terrenos, dent ro da ctdade. aqua cortente. em d iversas
tontes. lindos golpe s de vis ta, para bon itas chacaras. ruas
de 60 patmos de tarqura; precos baratts simos. desde 20$,
30$, 40$, ate 50$ a brace. com 30 bra cas e rnais de runoos.
confor me a localidade escothida. A ptanta acha -se nas
enemas de Santo Antonio, no Bexiga , pod endo ser exami-
nado a q ualq uer hera. tanto a planta co mo as terrenos
Para tratar com as proprietanos na mesma otictna au com
E. Rangel Pestana, Rua da Imperatriz, n.c 44".
Este Sr. Antonio Jose Leite Braga taleceu e a viu va caso u, em segun-
das noocras. com 0 Sr. Fernando de Albuquerq ue, que prosseg uiu
nas vendas dos totes anunciados e. conseq uentemente. na torrnacao
do bairro do Bexiga.
3 3 A CHACARA E SEUS ARREDORES
Neste item, procvraremos contar um pouco do que hav ia em torno da
chacara do Bexig a, inclusive na mesma.
Contaremos um pouco da htetcna do Largo do Piques q ue pratica -
mente toi. junto com 0 Largo do Bextqa. 0 ponto intcia l do bairro.
Falaremos tambem sobre 0 Matad ouro Munic ipal. locatizaoo junto a
chacara. e sob re 0 Annanqabau. seus afluen tes e suas pontes,
Pode surgi r uma d uvtd a: porq ue tater sobre esses locals?
Porqu e ele s. por sua proximidade com a chacara. esttveram intima-
mente relacionados co m a mesma e seu desenvotvimento.
3.4. 0 PIQUES E 0 LARGO DO BEXIGA
o desenvolvtrn ento de muitas zonas da ctdade fOI cond ici onado, em
parte, pelos caminhos antig os, como depots 0 tot pete estrad a de
ferro, e recentern ente. pete estrad a de roda qem.
Eevi dente que por onc e passavam essas vias de Hqacao as ativ ida -
de s co merciats se co ndensavam oano o origem a peq uenos nucleos
de pop utacao. as vezes em torno dos prop nos ranchos ou pousos. A
ptanta de Sao Paulo de 1800-1870, de Afonso A. de Freitas (20),
41
assmarava a existenc ta de urn pouso au rancho urn pouco atem da
ponte do Ferrao, na futu re Av. Rangel Pestana. De outre no Lavapes. a
marge m da Estrada de Santos. De out ro no Bextqa. e de outro ainda
no Guare.
D do Bex iga e o do Lavapes. observou Vie ira Bueno q ue eram as mais
trequentados por serem as procurados ceres trope s que passavam
para Santos . (21 )
Devido ao tra nsito de tropa s e carros de bot que atravessa vam a
ci dade, em 1791. a governador Lorena teve de estabeleceros pont es
onc e as tropas e carros de bot oevenam estac.onar. Esses carros de
bo i e as trope s cond uziam manlimento s para a cidade. procede ntes
de Atiba!a . de Parnaiba, de Mag i das Cruzes. Aq ueles que vinham
dos d istritos de Atibaia e de Parnaiba ,como entravam na cioaoe cere
oeste, oevena m estactonar na chac ara do Bexiqa. entre 0 Anhanga-
bau e 0 nacho Saracura
Segundo 0 his loriado r Paulo Cursino de Moura (22), 0 largo do Piq ues
e a propria "velharia " da cid aoe . nascence praticamente com a
mesma.
No mesmo artiq o. Paulo Cursmc de Moura (23) anansa a origem do
nome do local. Segundo ete . a denomtnacao " Piq ues" aeom panha a
tnstcrta da c idade desde tempos imemona is. vemo-tacttada em
todos os histonaoores. 0 nome da rua e como 0 ape lido : nasc e do
aspe cto exte rior que caractenza 0 local ou 0 ind ividuo. Diz-se: cth a 0
"muteta". 0 "coxo". 0 "z arotho". etc. - pe lo d efeito ou pete grotesco
da s pessoas. Do mesmo modo, o tsserarn os antigos - "Mata Fome "
design and o as proximidades do matadouro porque oe ste sa la a
carne que aume ntava a cidade: "Curros" ao largo onc e bavia coni-
das de touros; "Lav apes" devido ao rio onde os tabereus tavavam os
pes antes de subi rem para 0 povoao o. Simpl es c ircunstancia s extr tn-
secas .
Ora ,~ nao fug iu a esta regra qera l. Que sig ni fica piques?
Pod e derfvar 0 nome~ do br inq uedo ehamado~ horne-
ntmo do tem~o sera tao con r ecroo das crrances. No ent anto, se-
gundo Pau lo ursine de Moura, 0 bnnq uedo foi uma ccnseq uenc ia
do nome do larg o, ja exis tente. e nao eete ccnsequencia daq uete.
Brineavam as cnances de outrora no Piq ues, co mo brinca ram no
Largo da Forca. da Potvora. da Bica de Baixo, do Carmo. provindo dai
os nomes des brtnquedos - "Anqottnha '', " Bento q ue bento. frade",
Outra origem sene do figurativo - pique, - no sentido de "toq ue
satlnco a atquem. atrontoso. para 0 picar". tao ao saber da ecoca
ant iga provmciana. era comum ter-se piques co m atq uem. E os
piques por da ea aquela pa lha , ser tam tarnutares naque la baixada de
42
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Praca das Bande iras - antigo Largo do Bexiga
No canto superior d ireito observamos 0 comeco da R. Santo Antonio
43
Praca da Bandeira - antigo Largo do Bexiga
No lado esquerdo da foto notamos 0 infcio da Rua de Sao Amaro
44
Lgo da Memor ia - deta lhe do trabatn o do arquiteto Victor Dubugras
45
urn rio hospitaleiro, onc e, ao tado da Ponle do Lorena , se reuniam
tavadeiras pigueiras, pe !o mist er de .. lavarem, ao de scampado.
roupa suja de todo mundo... (24)
Embora essa pudesse ser a ori gem doc nome, 0 largo do Piques e
anteri or as tavaoetras.
Segun do 0 ci tado autor, 0 nom e viria pelo acidentado do terrene. A
~ eram todas as ladeiras em volta, toda a encosta. Oualquer
desc ida para aq ue!e cen tro do vale eraa~. Esta locucao adver-
b ial - a p ique - degenerou, oa giria popular , para stmplesmente
piqu e ou piques, sen do lodas as tao e trae~_ A con ftuencia dos
~ detertrunou a oenerenaacao do nome a tud o em derredor, ao
~urgiu a oenomma cao qen ertca - Largo do Piques, tsto e. dos
Piques.
Co mo q ueiram, o fata e que 0 Piques dom inou todas as epocas da
vila e depo is cidaoe de Sao Paulo .
As denomma cce s nao de stroem a ant iga - 0 Piques sera sempre 0
Piq ues. (25)
Em 1908 , a Camara Munic ipal alterou 0 nome da taoetra do Piques
para Qu ir ino de Andrade, mas 0 nome ant igo perstst!u por muito
tempo, tatvez dev ido a Iigayao q ue 0 largo do Piq ues e a ladei ra tern
co m a hi st6r ia de Sao Pau lo.
Em 1814 fo i co nstrui da a Pirem fde do Piques. Sua construcao deve-
se a Dan ie l Pedro Mulier, q ue havta sroo encarregado, no mesmo
ano. da abertura da Estrada do Piques (atual Rua da Consotacao)
rumo a Soroc aba.
Essa piramtoe fOI projetada em homenagem ao tr iunvirato que go-
vernava a ctoece. co mo seu autor af irmou em cuero de 12 de Outub ro
de t 814 envtado aos membros da Junta Proviscria. Segundo 0 Arq ul-
teto Benedito Lima de Toledo (26) esse documento euma verdade ira
certidao de bati smo do Obelisco.
Contudo, exretem outras atnbuicces ao monumento: segundo Ernani
Silva Brun o (27) a Ptramlde toi uma homenagem do Conde de Pa lma
ao Govemador Lorena. Numa das versces da "Plan-Htstona da Ci-
dade de Sao Paulo" de Afon so A. de Freitas a pframlde aparece como
" monumento comemorativo da e fevacao do Brasil a Reino Un ido,
1815". (Na verdade 0 monumento s6 ticou conctutdo nesse ano).
Atem disso, apanta-se a obra co mo monumento a tundacao dos
cursos juridicos e a tcnoacao da "bucha''.
Esta ultima tese foi retomada recentemente par Afonso Arinos de
Mello Franco no seu livro sobre Rodrigues Alves, 0 Que e surpreen-
46
dente, dado 0 anacronismo: 0 monumento e de 1814, as cursos
jurid icos toram fundados em 1827 e a " bucha" em 1840. (28)
Na mesma ocasiao. Daniel Pedro Mulle r construiu uma caoauzacao
para aba stecer 0 Jard im da Luz e 0 Conventc da Luz. Essa canalize-
CaD partie do Tanque aeuro q ue ncava nas nascentes do Saracu ra.
attuente do Anhangabau e atravessava tod a a "Cidade Nova" em
canahzacao a ceu aberto. Com sabra s do materiel que uti l izara neSSB
cora. Multer construiu 0 Ohatar iz do PIques. 0 pedreiro que construiu
o obeusco . 0 cbatanz e, provavelmente. a caneuzscao loi Vicente
Gomes Pereira, 0 Mestre Vicentinho.
o Chatanz do Piques. ou da Mem6ria, desapareceu em 1876, epoca
em que dave ter havido uma reforma de vulto dando ao local a
aparencia que conservana ale 1919. (29)
No Largo, junto ao obeusco do Piques, reatizavam-se uma vez par
semana. concorr idos tei foes de escra vos.
Logo q ue 0 sol se aprumava e ja nao se viam restos de garoa no ar.
tam-se chegando ao Largo os ctasstcos senhores de carca de br im
branco. eng omada. sobrecasaca de lasucotma. cnapeu alto, preto.
ou um leg itime "panama" branco. Ao ate nunca tattavam as nc bres
da mas, prmctpatmente sinhazinhas cloroticas, de rosl inhos pauoos.
rnantitha de seda e vestidao repolhudo apenas justa ria c intura e no
busto rig orosamenle esp artlthado . Davern etas aq uele estranho es-
petacufo um marcan te sentrdo de profunda pteoaoe cnsta. Acompa-
nnevam "0 senhcr seu pel ", muitas vezes se viam obrigadas a ler 0
que dizia 0 ectta r cotadc num pedaco de tabua. a g uisa de tabuteta.
co m respeito as cotacoes das "pecas" a serem leiloadas...
Negro be m teitc - 420SOOO
Molecac - 350$000
Moleque - 168$000
Cnouto. bom oncia ! - 700$000
- Mulato de Partes ou Ol ic ial - 750$000
- Trombeteiro - 700$000
- Mutate de Partes. boa - 840$000
Negra coztnbetra. ladina - 350$000
Negro sem dentes e mete cansado - 200$000
pecas sem recomendacao - 150$000
Motequmhos oesce - 80$000. (30)
Co m a aoonc ao. os leuoes termtnaram. mas l icou na memoria 00
Largo a tr tste recorda cao desses tempos
Mas a princip al toneso do largo nao era ligada ao cornercic de
escravos. e stm ao movtmentc de tropa s. Esse movlmento era tao
47
frequente que houve. inclusive. em meados do secure passado. urn
estabetectmento de fazen das a vareio q ue tomou 0 nome da Lola dos
Trope iros. (31)
Em 1855. em terrenos da chacara do Cadete Santos, a Camara
Municipal abriu a Rue Formosa - " rUBQue continuando a do hospital
dt zta em 1853 0 [oma l "0 Comptta dor" - pete margem esquerda do
Anhangab au, ern terreno do senhor Comendado r Santos Silv a, va sai r
ao lado da ponte do Lorena, onde indfcar a reta. a l im de co muntcer
mais co moda mente 0 Acu (Sao Joao) co m 0 Piques. (32) Era uma
necessidade premente na epoca. e 0 Correia Paulistano assina-
lava:... esse lugar de grand es transecoea do mercao o (0 Piq ues), 0
ponte de chegada de grandes trope s q ue vern do sui e interio r da
provinc ia, acha-se separaoo de uma be la porcao da cidade, igua l-
mente povoada e concorrroa. par um terren e este ril e inutil. Ouere-
mas d izer que a habttante do Piques que quiser ir para a lado da Luz,
isla e. a trequesta de Santa Efigenia, au h8 de atrav essar esse
de stitacetrc escabroso q ue se chama Rua Nova de Sao Jose (Libera
Badar6), ou de ga lgar esse penh asco que se chama tadetra da Rua
da Palha (Sete de Abr il). (33)
Com 0 arruamento e toteamento dos terrenos pr6ximos ao Larg o do
Piq ues, logo toi teito um novo bairro, chamado por muttos de "Cidade
Nova", Com Isso. a peq uena area a qu e ca vam c nome de "Patio c os
Anima is" passou a ser chamada "Terretrc" e. em segui da, " Largo do
Bex iga ".
Desse mod o, 0 "L argo do Bexig a" e 0 "Largo do Piquesvtigavam-se
de mane ira pouco ou nada perceptlve f. js que a ur nca d fvtsao ex is·
tente eraa noenctat ura. poi s 0 espa((o era 0 mesmo.
Em 1865, algumas atteracoes foram feitas nas denommacoes de
largos e rues de Sao Paulo; e 0 Largo do Bexiga recebeu urn novo
nome - Largo do Biachuef o. em homenagem abata lna do mesmo
nome .
o Largo do Bex iga. hoje parte da Praca da Bande tra. fo! outrora qua se
q ue possessao de Manuel Jose da Ponte, 0 pacato e servtcal morador
nas imediacoes do Rio Annanqabau. q ue par ali serpenteava e se-
g uia, abeiranoc a celin a por onde e 0 Parque do Anhangabau hole.
atraveasando por duas ponies (oat 0 nome do "seu'' Manuel Jose da
Ponte) -a do Lo rena. no Anhangabau de Ci ma e a d a Abdfcacao ou
do Acu. perto do antigo mercado de Sao Jose, atual Praca do Correia.
no Anhangabau de Baixo.
Estas pontes tiveram. em loda a sua vida. a mesma sobrecarga de
que 0 Viaduta do CM se q ueixa. nos nassos e tas. Para a c idade
daquete tempo, a sua estrutura de madeira, escounca. embora na
48
serraria do atemao Sydow, estabelecido onde hoje esla locatlzado 0
Teatro Munic ipal, nao comportava 0 trans ite q ue todo se taz ta per
etas. transite nctadarrente de carrcs de bot de eixo move ! e rod antes
arrombadorea de estradas. Atem disso, de tem pos em tem pos. as
grandes cnuv as S 8 incumbiam de d emolir e arra star as pon tilh6es.
pelo que um sene prob lema para a mumclpancaoe sempre foi a
travessia do rio Anhangaba u. (34)
Como ja dissemos 0 Largodo Piq ues era 0 ponto de converqencia de
tropas de mutas. enq uanto que do outre lado do vale do Anhanqabau.
o largo do Riachuelo era 0 ponto de co nverqencta de carras de bel
vtnoos de Santo Amaro carreg ados de mad eira e ped ra para con stru-
ceo.
Em 1883, Pettard soucnou autortzacao para constru ir um caminho de
ferro unindo 0 Piques a Santo Amaro. e [usttticava seu ped ido ale-
ga ndo q ue "na tetra semanal das madei ras de construcao em Sao
Paulo, no Largo do Riachuelo, antigo Piques, nas sextas-teiras e
sabados acodem 300 carras de eix c movel. No entente essa estrad a
nao foi construld a porque , ap6s 0 adventc da terrovta. 0 comerc io do
Piques cc mecou a decair. mudando para a zona da Estacao da Luz.
No entente, Everatdo Valim Pereira de Souza, nas suas recorda cces.
observou que ate aq uela epoca (Proclamacao da Repub lica) 0 Pi-
ques - de onde trtadiavam q uase todas as estradas antigas - era
local onde havia uma oorcao de oousos para trop as. (35) Para Isso
ere contava co m suas Invemadas multo boas, sempre alimentadas
petas aguas do rrnste nc so nacho Saracu ra. Nos anuncios dos alma-
naques Sec kle r (nos anos de 1885 a 1888) ainda se encontravam
vanes mcrcacees Que refletem essa lunC;;ao do Piq ues: uma especie
de boca d a ci dade voltada para a sertao. com seu chatartz. as suas
pontes, os seus nachos. as suas tcscecanas. as suas mvem adas e
os seus tenaoores. (36)
Mas. ao mesmo tempo que luncionava como ponto de trradiacao des
caminhas de ligaC;;ao co m a sertao. a Piques era tarnbem zona de
baixa orosuturcao. com prelas sentadas em cadeiras nas carcacas.
seno o conhec ido co mo "Abaix'o Piques". (37)
Junto aPiramide do Piq ues, ou Obelisco da Memoria , exrste hoje a
Largo da Memor ia.
Em fins do secure XIX, esse larqo to! cercado com attas grades, como
era habrto eotao. ficando sempre lechado e com mato c rescend o a
vontade. Com essa eoarencra chegou a 1919 quando Washington
Luiz encarregou Victor Dubugras da ereboracao de um projeto para 0
novo largo. Essa obra enouadrava-se no programa de c bras de stine-
das a comemorar a Centenaric da rnceoen oen cra.
49
Com tsso a largo da Mem6ria inteqrava-se ao Parque do Anhanga-
ball.
A Lade ira oa Mem6ria, passou a ser uma rua exctusfva pa ra pesdes-
tres. uma das prime iras do genera na cid ade. A praca mantern sua
carecterlsttca de ponto de intensa circulacao e as escadas sao
entattzadas adqui rindo tneqavet sentido cultural. de carater "art-
nouveau".
o Obeus co to! vatortzac o peta construcao ao fundo de um chafariz
que veto quebrar a rigidez do Paredao . 0 brazao da cidade, ideali-
zado por Guilherme de Alme ida e Wasth Rodr igues aparece, pela
pr tmetra vez em obra publ ica, nos azulejo s. (38)
Com 0 passer do tempo 0 Largo do Piq ues absorveu tnteira mente 0
do Bextq a. ou do Riachue fo - com a nome e tude. respeitando
apenas a oenomrnacao do bairto. que nao h8 muito temp o ainda era
chamado de Bexiga.
Poster iormente , ampliou-se mais ainda , e de Largo do Piques passou
a denominar-se Praca da Bande ira.
Ho]e nao extste. no loca l, naoe que recorde aqueles tempos: 0
Anhangaba u encontra-se canatizado. as pontes sumirarn. nao existe
mats a vema estatap ern do Bexiga e mesmo a Largo d a Mem6ria,
escond ido em um canto c a Praca. perdeu muito de seu encanto.
35 0 ANHANGABAU E SUAS PONTES
No ant igo largo do Riachue!o. que tambem loi denomtnado do Piques
e do Bexiga, ex'stt rarn duas pontes sabre 0 hist6rico Anhanqabau.
que par al i ainda ca rre canauz edo.
A pr imeira Iicava no cami nho de Pinheiros, atual Rua da consoraceo.
Era a ponte do Piques au do Lorena, nome que Ihe deram em home-
nagem ao penutnmo capltao -qenerat de Sao Paulo, Bernard o Jose de
Lorena. Loca lizava-se tronteirtco ao ponte onde corneca a Av. Nove
de Jul ho.
A segun da ponte sttuava-se no principio da Ladei ra de Santo Amaro,
era menor e fo! conheci da por ponte do Bexiga ou de Antonio Manuel,
que parece to! 0 dono de estalagem existente no local.
A ponte do Bexiga to! reparada em oezembro de 1829, constnnndo-
se perto um aterro. Em 1831 loi novamente posto em pratica o' con -
serto do paredao dela, senoo 0 mesmo avahdo em 29$880 reis .
E atnda nesse ana estive ram tquatrnente em conco rrencia. para
serem arrematadas por quem menos as tiz esse. as obras segu intes :
50
"A reectncacao da calcada da ladeira, chamada de Anton io Manuel,
ate 0 correpo Anhanqabau. aval iada na quanl ia de 320$000 reis : 0
ate rra e 0 concerto da lade ira. q ue do mesma cc rreoo sob e para 0
Maladouro, em cintas de pedra. avattado em 431$44 0 reis : e 0 con-
certo da blca cnamaoa de Antonio Manuel, junto ao dito correqo.
avaliado em 168$400 reis''.
Par ai ve-se que a ladeira de Anton io Manuel e urna e a ladei ra q ue
sobe para 0 Matadouro, outra: a primeira pare ee-se a atua l rua do
Ouvtdor e a seqund a a rUB de Santo Amaro. (39)
Atem dessas pontes existiu tambern a ponte da Lirnpe za. na atua l rUB
da Assembleia . no trec ho em que 0 rio ficou conhecido pete nome de
ribeirao d a Limpeza, por passar pelo antig o matadouro da RUB Hu-
marta e porque nele tarnoem eram tettos os oesoej os da antiga
cadeia do largo de Sao ecncarc. atua! Praca Joao Mendes.
Nas proximidades oeste ponta existiu uma nascente, tendo side nela
ed ifi cad o em 1744, per um celebre pedreiro da epo ca. chamado
Cipriano Funtam, 0 pnmetro chafariz de Sao Paulo. (40)
o Anhangabau -c- tambem conhec tdo por C6rrego oes Almas - deu
multo trabalho ate sua canallzac ao. reg istrando a hist6ria, vanes
enchente s ocasi onals perc mesmo.
Em 1850, por ocasiao de um temporal bastante vio tento. transboroa-
ram os Tanq ues Heuno e do Bexiga , cresc eram as anuas do Annan-
qabau. desabaram pontes. Houve tounoacces. casas destruidas,
gente morreu afogada. (40 ) vanes anos ante s - em 1837 - 0
prob lema havia side apresentado a Camara. dettberand o-se enteo
q ue se fizesse um orcamento para limpeza do c6rrego e aument o de
suas margens nos lugares em que estivessem tao est rettas que
emba racassem 0 cu rso da s aquas. Algum tempo depots da enchente
grande - isto e.em 1856, a munlclpalldade teve de mandar desobs -
t ruir 0 Anhangabau. E em 1862 propunha-se que se mandasse exa-
miner 0 rio des de a ponte do Piques ate a do Miguel Carl os, para se
ver 0 melhora mento que poderia ser fei to em seu leito . para que por
ccasrac das grandes enchen tes nao houvesse tnundacao dos qum-
tars ribeirinhos. (41)
o c6 rrego do Anhangab au foi canaltzado em 1906, em quase tod o
seu teajetc. exceto pa ra 0 Jado das nascentes,no Paralso. (42) Nas-
cenoo nesse loc al, desenvolveu -se ele em direcao geral de sui a
norte - esc reveu Afonso A de Freita s - parale lame nte as Ruas
Vergu eiro e Liberdade, cortando as ruas Joao Juuao. Pedroso, Hu-«;:-.:.:..:::...:.
malta. Condessa de Sao Joaquim, Jaceg uai, Assembleta, Asdruba l ,
Nascimento, Largo do Plachueto. Ai co ntorna 0 plana Ito central da
ctdade peres ba ixadas do Viaduto do Cha. Av. Sao Joao, Rua H oren-
51
cia de Abreu e extremo da Viole e Cinco de Marco, desembocando no
Tamand uate i. A sua cava profunda, desde a Rua Paral so ate 0 Largo
do Riachuelo toi pe rden dc com 0 tempo sua denomi naca o secular -
notou Freitas - msens ivetmente subst itui da pela do Vale do ttororo.
(43)
Como obs ervou Gaia Prado Junior, a estrutura da ctdade toi g rand e-
mente intruenciad a pete retevo. que Ihe Impos sobretuco as viadutos .
Os rertos do Anha ngabau. do Saracura e do Bexiga. pnncipatrnente.
d ivid iam a ci da de em co mpartimentos de co munic acao d ifici l, for-
ca ndo a construc ao dessas passagens. (44)
A zona onde co ma 0 Annanqabau de Ctm a esta tntet ramente modifi-
cada: a Anhangabau e seus aflu ente s - Bex iga e Sarac ura - !oram
canauz ados. desaparecenoo. consequentemente. suas ponte s, Da
hist6rica bica de Anton io Manuel, na qual se locatizou em 1744 0
pnmei ro cbatartz de Sao Pau lo, s6 resta a memoria. Os pred ios
prtmttivos. com excessao de alguns, jf! raros. que te imosamente
conservam 0 aspecto colonial, tora m substit uldos. E assirn tude. ou
quase tuoo. eagora novo no batrro. menos 0 nome q ue, para tod os os
eteitos continua senco Bexiga.
3 6 0 MATAOOURO
Para 0 tustortador Antonio Egid io Mart ins 0 mata douro "era na Rua de
Santo Amaro, nas tmeo .acoes da Capel a de Santa Cruz e Rua Jaca-
rehy ....' (45)
Em 1773, to i fe ito de talpa de pna o "com tada a sequrance". 0 curra!
do consetho. Fe-te Lourenco Ignac io Vie ira Antunes, pete preco de
pataca cec a tal pa de 25 pa lmos de compndo. dots e mete de largo e
quatro d e alto. As tat pa s cobnr-se-ia m de cap tm. E serta um rancho
novo " para os cna do res botarem suas rezes". (46)
As reze s eram "reqtstradas no uvro do currat do Conce lho (Meta -
douro)". senoo que cada reg ist ro Importava em urn vln tem. (47)
Segundo Nuto Santana (48), em 1773·1774, 0 mate douro jf! era na
ladeira de Santo Amaro, enq uanto que 0 acouque tica va na rua Pad re
Tome Pinto, atua ! Quint ino Bocaiuva.
Ainda em 1830, tada a carne co nsu mida na creede de sao Paulo,
vinna do matadouro extstente na taoeira de Santo Amaro. devendo-se
observer que nesse loca l nao havla quatq uer preocuoacao co m a
hi giene. sendo as raze s abatidas e sangradas sobre um chao de terra
revolvida.
52
Nesse mesrro ana, a CAmara obse rvou em uma de suas reunfees.
que era contrarta bem pub lico a conse rvaceo do matadouro e do
curral no lugar em que etes se achavam. pais situados em uma
ccstcac vtzinha e sobranceira ao centro da cidade, a cnecao dos
ventos da minantes ainda contribu ia para aca rretar sobre a povoacao
lodas as exatacoes putr ida s que oan se etevavam em grande quanti-
dade, do sangue e dos demais restos da s rezes q ue se matavam (49).
Alem d isso 0 Anhangabau atraves sandc esse matadouro pub lico.
recebl a 0 sangue dos bois abat idos. E as moradores do Piq ues, do
Acu e da zona da ponte da Constitulcao. por onde ele passava.
assi sli am a part ir da s duas horae da tarde ao desuzar da verme lha
torrente tedorenta. (50)
Em 1852 Inlc tou-se a con struca o de um novo rnatadouro. entre as
Ruas Humaita e Pitangui. 0 Dr. Jose Tomas Nab uco d e Araujo,
quando. a 1.0 d e maio de 1852, abriu os traba lhos d a Assembt eta
Provincial. assim se expressou no seu d iscurso a oroocsnc desse
tato: "0 novo matadouro acha-se em execucao. conforme 0 plano do
enqenhetro C, A. Bresser. arrematado pe te tran ces Aq uiles Martin
c'E stadens. que algumas outra s obras tem feit o com perlcia e pert er-
cao de arte : esse ed ific io ja chegou ao ponto de rece ber c terhado. e
em breve, talvez dentro de dots meses, sera conctutdo."
o matad ouro nao demorou por ali senao um quarto de sec u!o, ate
1877, pois con tinuava poluindo 0 c6rrego do Anhanqabau. 0 que fez
com que a Camara Munici pa l resotve sse aca ba r co m esse mata-
oou ro e construir um novo na Vil a Mariana.
Em 5 de janei ro de 1879, foi sctenemente inaugurado 0 novo mata -
douro. na Vila Mar iana, projeto do Eng. Alberto Kuhlmann.
3.7. A SANTA CASA DE MISERICORDIA
Jose Antonio Leite Braga, respon savel pelo arruamento do Bexiqa.
otereceu uma quad ra de seus terrenos, co m 8475 braces quad rada s,
a Irmandade da Santa Casa de Misericordia. Havia porem uma co n-
dicao: a de aquela irmandade fazer ed ificar ali um hospita l oesnnaoo
aos pobres d e Sao Paulo. Esse terrene ncave entre as atuais Ruas de
Santo Anton io, Aooncac. Sao Domingos e Major Diogo.
No d ia 1.° de outubro de 1878. reauzou-se a cctccac ac da primeira
pedra do mesmo. 0 ate foi pres id ido pe lo b tspo diocesano. 0 , lino
Deodato Rodrigues de Carvalho . Compareceram mui tos sarcedotes
e mats de dua s mil pessoas. Depots da bencao da peora. loi eta
cond uztda em padicta ate 0 Iuqar em qu e tmna de ser lancada par D.
Pedro II. Que vtstt ava Sao Paulo peta terce ira vez . Acompennavam-
53
no. na oc astao. 0 senador Joao Lins V. C. de Sinimbu, entao cre st-
dente do Conset ho de Mmlstros. 0 Dr. Joao Batista Pereira, Prest-
den te d a ProvIncta. e 0 comendadc r Joaq uim Egidio de Sousa
Aranha. depois marques de Ires Rios.
u ma guarda de nonra do Corpo de Permanentes. postada nas Ime-
ctacoes. prestou as cc nunenctes de praxe. 0 pa vo ovacionou as
autoridades presente s e tod os se rettraram. finda a cenmoma. re-
vando a methor tmpressao sobre 0 loca l do futuro hosp ital.
Tal. porem, nao aconteceu . Os medicos da capital, ouvidos a res-
petto. foram de parece r contrarfo. Ali era 0 local mats contraind icado
para um estabefecimentc daquela natureza.
Nile sabemo s bem 0 que alegaram, a pretexto que indicaram. 0 certo
e que 0 hospital da Santa Casa nac chegou a ser construldo no
Bexiga . Outro loca l foi escolhido. (51)
E desse modo. 0 Bexiga nao teve 0 seu hospital.
3. A CHACARA DO BEXIGA - NOTAS
1. SAINT·HILAIRE, Auguste de - Via gem aProv inc ia de Sao Paulo.
pegs. 161 e segui ntes
2. SANTANA, Nulo - Sao Paulo Htstonco. vet . I, pag, 153
3. SAINT·HILAI RE, Aug uste de - c p. ci t , vet. I, oaos. 161 e
seguintes
4. SANTANA, Nuto - op. ci l. , vo l. I, peg s 153 e seguintes
5. SANTANA, Nuto - op. c it., vel. I, paqs. 153 e seguintes
6. Ordens Regi as, vo ls. 166 e 157
7. SANTANA, Nuto - op. ci t., vo l. I, paps. 153 e segui ntes
8. Doc umentos Intere ssantes para a Hist6ria de Sao Paulo, vol. I,
pag. 98
9. Maca 0 .0 1 do Argu ivo do Estado de Sao Paulo
10. SANTANA , Nuto - op. ci t., vo l. I, pags 153 e seguintes
11. SANTANA Nul o - ap. c it., vol . I, paq s. 153 e seguintes
12. SANTANA, Nuto - ap. c it. , vel. l , paqs. 153 e seguintes
13 ARQUIVO AGU IRRA
14. SANTANA, Nuto - c p. ctt.. vet I, oacs. 153 e segu intes
15. SAINT·HI LAIRE, Augu ste de - op. cit. vol. I, pags 161 e seguin-
tes
55
16. MARQUES, Gabriel - RUBs e Trad icOe s de Sao Paulo
17. BRUNO, Ernani Silva - Hist6r ias e Trad i<:6es de Sao Paulo,
vel II
19. Expressao multo uti liz ada par Pierre Monbeig
20. FREITAS, Afonso A. de - Ptan'Historta da Cidade de Sao Paulo
no periodo de 1800·1874
21. BUENO, Franci sco de Assis Viei ra - "A Cidade de Sao Paulo -
Recordacoes Evocadas de Memcr ta" - Rev. do Centro de
Ci€mc ias, Lelras e Artes, cemotnas. Ana II, n.O 1, 2, e 3
22. MOURA, Paulo Cursino de - Sao Paulo de Outro,a, pag. t07
23. MOURA, Paulo Cursino de - cp. ctt.. pag , 108
24. MOURA, Paulo Oursrno de - op. cu.. pag. 108
25. MOURA, Paulo Curstno de - ap. c it., pag. 108
26. TOLEDO, Beneo ttc Lima de '-- "Em urn secure, r rfls Cid ades-
II", Suplemento do Centenano de 0 Estado

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