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Universidade Federal do Pampa – Campus Bagé Engenharia de Alimentos Operações Unitárias da Engenharia de Alimentos I BA001163 Profª. Drª. Catarina M. de Moura PENEIRAMENTO E MOAGEM DO MILHO DE PIPOCA T.T.A. SANTIAGO¹, A.L. GONÇALVES², T.R. SILVA³ Universidade Federal do Pampa, Curso de Engenharia de Alimentos ¹e-mail: andressa.glima@outlook.com, ²mst_cp@hotmail.com, ³t.rafaellesilva@gmail.com RESUMO Devido à importância da classificação das partículas em algumas operações unitárias da indústria química, buscou-se determinar as curvas de análises granulométricas, o diâmetro médio de Sauter das amostras de milho in natura e moídas através de ensaios de peneiramento, bem como as constantes das equações de Rittinger, Kick e Bond, através da operação de moagem em moinhos de facas e bolas. O comportamento das curvas obtidas assemelhou-se ao encontrado na literatura. Após sucessivas etapas de moagem esperava-se uma redução do tamanho das partículas, que pôde ser comprovada a partir dos diâmetros de Sauter obtidos 5,56 mm para o milho in natura, 0,77 mm para o milho moído no moinho de facas e 0,82 mm para o milho moído no moinho de bolas. As constantes de Kick 68,39 kWh/ton, Rittinger 120,27 kWh/ton e Bond (Wi) 4448,91 kWh/ton. Os resultados deste experimento mostraram a importância dos ensaios de peneiramento na caracterização de partículas integrada a técnicas de moagem para se obter uma granulométrica homogênea e satisfatória. 1. INTRODUÇÃO Muitas das operações unitárias existentes na indústria química são operações envolvendo partículas sólidas. Dependendo do sistema envolvido nas operações, é necessário classificar estes sólidos com relação as suas propriedades. O método comumente utilizado para obter as características granulométricas de uma amostra é o peneiramento concomitantemente com a moagem das partículas através de uma série de telas com aberturas padronizadas (YANG, 2003). O peneiramento é a operação de separação de uma amostra de partículas em frações de diferentes tamanhos. Cada partícula tem apenas as possibilidades de passarem ou ficarem retidas. Os produtos do peneiramento chamam-se “oversize” ou retido e “undersize” ou passante (CHAVES, 2003). A granulométrica por peneiramento, além de não diferenciar as formas das partículas, nos fornece apenas uma aproximação do valor médio do seu diâmetro, denominado como diâmetro de Sauter, descrito pela Equação 1: A moagem é uma operação unitária de fragmentação ou redução de tamanho, onde o tamanho dos sólidos é reduzido pela aplicação de forças de impacto, compressão e abrasão. Esta operação aumenta a área superficial do sólido, uniformizando tamanhos e aumentando a eficiência de etapas posteriores de processamento (www.ufrgs.com.br). É considerada muito ineficaz do ponto de vista energético. Somente uma pequena parte da energia é empregada realmente para a ruptura ou fragmentação do sólido. A maior parte se dirige para a deformação dos sólidos e a criação de novas linhas de sensibilidade que pode produzir a ruptura sucessiva dos fragmentos. O resto da energia se dissipa em forma de calor. O trabalho necessário para fragmentar os sólidos é proporcional ao aumento de superfície produzido (www.ufrgs.com.br). As leis de Kick, Rittinger e Bond são leis empíricas que relacionam o trabalho necessário para fragmentar a unidade de massa do sólido com uma variação de tamanho. A mais antiga relação proposta para o cálculo da energia gasta na moagem é a Lei de Rittinger, segundo a qual o trabalho é proporcional a criação de superfície. Dada pela Equação 2: A Lei de Kick, descrita abaixo pela Equação 3, tem por base a suposição de que o trabalho para moer certa quantidade de sólido só depende da relação entre os tamanhos da alimentação e produto. Sendo D1 e D2 (para as Equações 2 e 3) os diâmetros médios da partícula. O D1 antes, e D2 após o processo de moagem. A Lei de Bond dada pela Equação 4 emprega um expoente entre os dois tamanhos da alimentação resultando em dependência com o inverso da raiz do diâmetro da partícula. Onde D1 é o diâmetro que retém 20 % antes do processo de moagem e D2 o diâmetro que retém 20 % das partículas, depois do processo. O presente artigo objetivou determinar as curvas de análises granulométricas e o diâmetro médio de Sauter das amostras in natura e moídas, bem como as constantes das equações de Rittinger, Kick e Bond para operação de moagem. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A matéria-prima utilizada para a realização deste trabalho foram grãos de milho de pipoca. Para a análise granulométrica, o equipamento utilizado foi o agitador eletromagnético com peneiras de diferentes Mesh exibido na Figura 1. Figura 1: a) Peneiras para análise granulométrica; b) Agitador eletromagnético Fonte: Autores (2017). A moagem dos grãos de milho de pipoca foi realizada em moinho de facas, na figura 2 é possível observar o moinho de facas e o milho de pipoca já moído. Figura 2: Moinho de facas. Fonte: Autores (2017). No ensaio de peneiramento o grupo selecionou as peneiras a serem utilizadas para o milho de pipoca in natura. Após a escolha das mesmas, pesaram-se cada peneira vazia e uma amostra de 200,7g de milho de pipoca. Com o conjunto de peneiras montadas no agitador eletromagnético, o sistema foi alimentado com a amostra, e submetido ao tempo de 10 min sob agitação em nível 5. A intensa vibração do agitador fez com que as partículas passassem pela série de peneiras que estavam encaixadas uma sobre a outra, sendo decrescente o tamanho das malhas das mesmas. Dado o tempo de agitação, retirou-se o conjunto e pesaram-se cada peneira cuidadosamente para não haver perda do material. As amostras de milho de pipoca in natura foram submetidas a uma primeira etapa de trituração, utilizando o moinho de facas (Figura 2). A amostra foi alimentada pela parte superior do equipamento, e o impacto causado pelas facas reduziu o tamanho das partículas. Com alimentação contínua, o moinho operou por um tempo de 2 min, e com o auxílio de um multímetro, mediu-se a corrente transmitida para o moinho durante a moagem. O material obtido resultante dessa moagem passou novamente pelo processo de peneiramento, descrito anteriormente. As partículas de milho de pipoca previamente moídas pelo moinho de facas também passaram pelo processo peneiramento. Para os cálculos dos diâmetros médios de Sauter fez-se uso da Equação 1. Para as constantes de Kick, Rittinger e Bond usou-se as Equações 2, 3 e 4 respectivamente. Considerando-se tensão de 380 V e corrente média de aproximadamente 2,38 A. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a realização do experimento, a partir dos dados obtidos experimentalmente, obteve-se as Figuras 4, 5 e 6, 7, 8 e 9 apresentadas abaixo, respectivamente. Figura 4: Distribuição granulométrica fração retida pipoca in natura. Fonte: Autores (2017). Figura 5: Distribuição granulométrica acumulada pipoca in natura. Fonte: Autores (2017). Figura 6: Distribuição granulométrica fração retida pipoca moída 0.0000 0.2000 0.4000 0.6000 0.8000 1.0000 0 2 4 6 8Fr aç ão m ás si ca r et id a Diâmetro de partícula (mm)Análise Granulométrica Fração Retida 0.0000 0.5000 1.0000 1.5000 0 2 4 6 8 Fr aç ão A cu m u la d a Diâmetro de partícula (mm) Análise Granulométrica Retida Acumulada e Passante Acumulada Retida Acumulada Passante Acumulada Fonte: Autores (2017). Figura 7: Distribuição granulométrica acumulada pipoca moída Fonte: Autores (2017). Figura 8: Distribuição granulométrica fração retida peneiramento pipoca não moída Fonte: Autores (2017). Figura 9: Distribuição granulométrica fração retida peneiramento pipoca não moída Fonte: Autores (2017). As figuras nos permitem visualizar a fração retida, retida acumulada e passante acumulada para a amostra em diferentes estágios (in natura e moída pelo moinho de facas). Visto que os comportamentos das curvas obtidas se assemelham às encontradas na literatura de acordo com Foust, 2008 pôde-se constatar que a granulométrica das partículas é homogênea. A Tabela 1 a seguir apresenta os diâmetros médios de Sauter. Tabela 1: Diâmetro médio de Sauter para milho de pipoca in natura, moído em moinho de facas. dS in natura (mm) dS moinho de facas (mm) dS Peneira (mm) 4,350058404 1,0477 1,517806393 Fonte: Autores (2017). De acordo com os valores apresentados na Tabela 1, constatou-se que o diâmetro de Sauter das partículas que foram submetidas à trituração são menores comparados ao do milho in natura, já que esse procedimento baseia-se na diminuição do tamanho das mesmas. Porém, encontrou-se diâmetro maior, que é justificado pelas condições ambientes e da amostra, tendo em vista a umidade relativa do ar. Pelas Equações 2, 3 e 4 obteve-se os valores das constantes de Kick, Rittinger e Bond, respectivamente, apresentados na Tabela 2 abaixo. 0.0000 0.1000 0.2000 0.3000 0.4000 0.5000 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Fr aç ão m ás si ca r et id a Diâmetro de partícula (mm) Análise Granulométrica Fração Retida 0.0000 0.5000 1.0000 1.5000 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Fr aç ão A cu m u la d a Diâmetro de partícula (mm) Análise Granulométrica Retida Acumulada e Passante Acumulada Retida Acumulada Passante Acumulada 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.1 0.2 0.3Fr aç ão m ás si ca r et id a Diâmetro de partícula (mm) Análise Granulométrica Fração Retida 0 0.5 1 1.5 0 0.1 0.2 0.3 Fr aç ão A cu m u la d a Diâmetro de partícula (mm) Análise Granulométrica Retida Acumulada e Passante Acumulada Retida Acumulada Passante Acumulada Tabela 2: Valores das constantes de Bond, Kicke e Rittinger. Wi (Bond) (kWh/ton) KK(kWh/ton) KR(kWh/ton) 57,389 177,0044 34,7762 Fonte: Autores (2017). Os valores encontrados para as constantes diferem devido às equações serem baseadas em leis empíricas, e por termos trabalhado em condições diferentes nas quais estas foram fundamentadas. 4. CONCLUSÃO As curvas de análise granulométricas obtidas através desse experimento estão de acordo com a literatura, podendo-se afirmar assim, que ensaios de peneiramentos são técnicas promissoras de caracterização de partículas, quanto à classificação e descrição quanto a sua granulométrica. A escolha correta do conjunto de peneiras é um dos principais fatores que influenciam nesses valores, porque a partir delas obtiveram-se curvas de granulométrica satisfatórias. As técnicas de moagem devem ser integradas para se obter uma granulométrica homogênea e obter uma redução considerável do tamanho das partículas. Observou-se essa redução a partir dos valores de diâmetros de Sauter obtidos para as partículas in natura 4,350058404 mm, moída em moinho de facas 1,0477 mm, e passada nas peneiras novamente amostra não moída no moinho de facas 1,517806393 mm. As constantes das equações de Kick, Rittinger e Bond encontradas para a operação de moagem foram 177,0044 kWh/ton, 34,7762 kWh/ton e 57,389 kWh/ton, respectivamente. 5. NOMENCLATURA Figura 10 – Nome e unidade das simbologias usadas ao longo do artigo. Fonte: INCROPERA (1990) 6. REFERÊNCIAS CHAVES, A. P; PERES, A. E. C. (2003), Teoria e prática do tratamento de minérios / britagem, peneiramento e moagem. 2 ed. Signus Editora, São Paulo. CREMASCO, M. A Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidomecânicos. Blucher, São Paulo, 2012. FOUST, A. S.; WENZEL, L. A.; CLUMP, C. W.; MAUS, L.; ANDERSEN, L. B. (2008), Princípios das Operações Unitárias. 2 ed. LTC, Rio de Janeiro. INCROPERA, F.P.; DEWITT, D.P. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa, 3a edição, LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., R. J. 1990. MOAGEM, A FEIRA. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/afeira/operacoes- unitarias/transformacao/moagem>. Acesso em: 16 de set. de 2017.
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