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255 PALESTRA MAGNA 24/05 – O Zootecnista no atual contexto da realidade socioeconômica brasileira. Prof. Dr. Mário Hamilton Vilela 10:30 - 12:00 256 O Zootecnista no atual contexto da realidade socioeconômica brasileira. Mario Hamilton Vilela mhvilela@pucrs.br NESSA PALESTRA SERÃO ABORDADOS OS SEGUINTES TÓPICOS: Introdução, contrastes ou paradoxos da realidade brasileira, organização do processo produtivo, política para o desenvolvimento nacional, política desenvolvimentista de valorização do homem, uma visão da globalização. conservadorismo x desenvolvimento, perfil do profissional do futuro, profissional empreendedor, crise do mercado de trabalho e conclusões. 1. Introdução: Será apresentado, neste trabalho, uma ampla e crítica visão da atual situação do mercado de trabalho enfrentado pelos profissionais de ciências agrárias, com ênfase para o zootecnista. Mostra alternativas e sugestões para a melhor convivência dentro desse atual quatro da realidade socioeconômica brasileira. 2. Contrastes ou paradoxos da realidade brasileira: Nesse tópico, é apresentada de uma forma objetiva a situação brasileira com seus paradoxos e/ou contrastes, No Brasil, hoje, convive-se com ilhas de tecnologia de ponta que fazem inveja aos países mais desenvolvidos do mundo, ombreando com gritantes índices de miséria. Ocupa o Brasil, em termos de desenvolvimento econômico, posição que vai da décima quinta até a nona economia mundial. Mas as desigualdades sociais são as mais perversas possíveis, o que nos coloca entre os setenta países mais pobres do mundo. Comparando a situação de distribuição de renda do Brasil, apenas com os coirmãos da América Latina, vemos que nos encontramos como um dos piores nesse contexto. Vinte por cento (20%) da população mais pobre brasileira recebe apenas 2% da renda nacional. Trinta por cento (30%) da população brasileira já está apresentando sinais de desnutrição. Reportando-se à população rural, que é o alvo de nossa palestra, onde o nosso profissional vai atuar, por incrível que pareça, a situação é mais alarmante; no meio rural, os índices de nutrição já alcançam os quarenta por cento (40%). No tocante à carga tributária brasileira, a mesma é a mais alta do mundo. Hoje cada emprego custa mensalmente à atividade empresarial cento e oito por cento (108%). A carga tributária do produto “in natura”, no Brasil, é também uma das mais elevadas; para não ir longe, vamos compará-la só com os países vizinhos dentro do MERCOSUL em que a situação é desproporcionalmente gritante, como mostra o quadro abaixo: 257 A burocracia existente no Brasil é desenfreada, o nosso atraso socioeconômico é muito acentuado, a inflação já é bem visível e o parque industrial brasileiro está sucateado. As migrações internas são muito altas, provocando grandes inchaços nas metrópoles. O desemprego é generalizado, hoje já temos mais de 12 milhões de desempregados, além disso, a qualificação da mão-de-obra é muito baixa A mortalidade infantil atinge níveis preocupantes, a miséria e a fome estão se acentuando rapidamente. O nosso PIB fechou o segundo semestre do ano de 2016 com queda de 0.6% e no ano despencou 4.6%. Apesr de tudo a economia rural cresceu e aumentou o poder de consumo das classes mais baixas especialmente em grãos e carnes. Outros aspectos negativos encontrados pelos produtos agrícolas brasileiros de exportação são: as barreiras protecionistas e/ou fitossanitárias, além dos subsídios interpostos pelos países desenvolvidos que impedem a entrada de nossos produtos. Todos esses óbices obrigam o governo brasileiro a negociar com intensidade e de uma forma demorada com a Organização Mundial de Comércio - OMC, na busca da ampliação do acesso a esses mercados e nas reduções dos subsídios. Por outro lado, muitos desses indicadores negativos fazem com que a confiabilidade para investimentos empresariais no País seja baixa. 3. Organização do processo produtivo. Urge, no País, que se organize o processo produtivo, para tal, é necessária muita coragem cívica e vontade política de nossos dirigentes e isso deve ser realizado com a devida e a necessária seriedade, com desprendimento e patriotismo, Caso as medidas não sejam tomadas com esses ingredientes, os próximos cenários socioeconômicos serão muito mais trágicos. 4. Política para o desenvolvimento nacional. 258 Para que o Brasil atinja a organização proposta acima, exige-se, com urgência, uma nova ordem econômica, que traga maior volume de conhecimentos e tenha competência e capacidade para gerar novas tecnologias. Tudo isso na busca incessante da produção de mais empregos e da redistribuição de riqueza. Só assim o Brasil conseguirá produzir mais e não, como muitos pensam redistribuído o que existe, Urge com a devida rapidez atender as necessidades básicas da população brasileira. O povo está desejoso de desenvolvimento, quer acabar com o flagelo do fantasma da recessão e almeja uma estabilidade política. Para que todos esses objetivos sejam efetivamente alcançados, deve-se despertar consciências para que se apontem novos rumos. Necessita-se também de muita criatividade para se obter a tão necessária geração de empregos. O problema brasileiro não é conjuntural, é, sem dúvida, estrutural. O País necessita de uma política que atenda as reais necessidades do homem, que provoque condições de fixá-lo, de uma forma digna e justa, suas raízes em seu ambiente de trabalho. Tenha como fim o homem, caso não se proceda dessa forma, o País corre um grande e iminente risco na conquista e manutenção de seus objetivos nacionais. Obviamente para que tudo isso seja possível, são necessárias reformas de profundidade e o aprimoramento da pesada máquina administrativa pública. Isso tudo só será possível com uma ampla revisão do texto constitucional que atinja uma reforma estrutural e sobre tudo a mais abrangente reforma política. Só assim será possível mudar a fisionomia socioeconômica da realidade brasileira. No Brasil, são necessárias profundas modificações na sua fisionomia social, cultural, política, econômica e, principalmente, no aspecto ético. Para se enfrentar todas essas mazelas e/ou desafios da sociedade brasileira, há que existir uma preparação necessária com a devida seriedade e com uma competência tecnologia adequada. Do tudo até aqui exposto, o que com a máxima brevidade tem que se romper ´é com esse anacrônico desenvolvimento que não saberia dizer se é por inércia ou por inépcia, deixo isso ao julgamento dos leitores. Para esse efetivo rompimento, deve existir uma vontade política dos nossos dirigentes e de cada um de nós para mudar a estrutura da sociedade e, mais do que nunca, entendermos que temos que mudar a nossa mentalidade. Em função desse raciocínio, é que imaginamos para o País uma política conforme apresentada no próximo item. 5. Política desenvolvimentista da valorização do homem. Essa política, na nossa ótica, deve ter como âmago a educação, que busque desenvolver habilidades com um estudo voltado para o trabalho, ou seja, o mais vivenciado possível, o menos discursivo, o mais técnico e prático, com maiores investimentos em escolas no meio rural e com ênfaseno treinamento da população rural. 6. Uma visão de globalização. Infelizmente não se pode tracejar nada, em país nenhum, sem levar em conta a globalização que hoje é um caminho sem volta. Todas as políticas planejadas não podem se afastar do contexto da globalização. 259 Agora, a globalização em sua forma desumana na base do capitalismo selvagem, deve ser combatida, pois desafia, inclusive, o desenvolvimento apregoado aqui, de valorização do homem - aquele que coloca sempre o ser humano como o centro e agente de qualquer processo de desenvolvimento, desafia, também a ética profissional, fere a valorização ética do exercício profissional. 7. Conservadorismo x desenvolvimento. Existe no nosso processo de desenvolvimento, notadamente, onde atuamos ainda muitos resquícios do conservadorismo que é ainda bastante acentuado; por outro lado o desenvolvimento, lamentavelmente, ainda é o mais devastador possível. Esse muitas vezes procura o dito desenvolvimento às expensas da natureza e até da exploração do próprio ser humano. Para minimizarmos esse paradoxo, deve-se procurar a conjugação de ambos, com uma maior consciência social e vontade política, obtendo-se com rapidez o que já foi abordado em outro tópico desta exposição, mais conhecimento científico para a geração de novas tecnologias adequadas ao processo de desenvolvimento nacional. Dado ao exposto, verifica-se que as prioridades para o País atingir o seu desenvolvimento pleno são com investimentos maciços - pela ordem - em educação, ciência e tecnologia e na agricultura. A fronteira agrícola está se esgotando, portanto, o desenvolvimento deve ser o vertical, (com aumento de produtividade) e, para tal é necessário cada vez mais de um bom nível de qualificação dos recursos humanos (de toda ordem). 8. Grandes desafios para o ensino agrícola e pesquisa. Os aspectos mencionados no item anterior mostram, com clareza, que tudo o ali exposto é, sem dúvida, um grande desafio para o ensino agrícola e a pesquisa. No Brasil, hoje, as questões sociais, técnicas e ambientais devem ser tratadas no mesmo nível. O atual cenário agrícola brasileiro exige que seja priorizada uma política de opção pela agricultura familiar (a que abrange a classe média rural) conjuntamente com um forte apoio ao agronegócio, pois esses dois segmentos conduzidos tecnicamente são os que vão responder melhor dentro de uma noção de sustentabilidade. De acordo com a definição abaixo: “de uso de tecnologias adequadas as condições do ambiente regional e mesmo local e de previsões e prevenções dos impactos negativos, sejam sociais, econômicos e ambientais. O objetivo final é a garantia de que os agro ecossistemas sejam produtivos e sustentáveis ao longo do tempo,” (Flores e ali, 1991). Hoje, graças, à atuação eficiente do ensino agrícola juntamente com a pesquisa e com a priorização das políticas aqui elencadas, nos últimos anos a área com cultivos vegetais e/ou animais cresceu 30% e a produção aumentou 94%. O desenvolvimento econômico é totalmente inconcebível sem uma dimensão humana e ambiental, esses dois aspectos devem sempre caminhar juntos na busca do crescimento da 260 riqueza nacional. E, a racionalização do processo produtivo só se conseguirá com pessoal qualificado. Algumas recomendações ou sugestões para melhor se enfrentar os desafios da educação agrícola e da pesquisa dentro do atual cenário da realidade rural brasileira: a) manter um programa de educação de atualização permanente e continuada; b) estimular a modernização, flexibilização e atualização dos cursos de graduação e pós- graduação especialmente no que diz respeito às grades curriculares; c) criar oportunidades de trabalho para o recém-formado como o primeiro emprego, visando à geração de renda; d) investir maciçamente, como foi enfatizado ao longo desta exposição, em educação, ciência e tecnologia; e) democratizar ou socializar a informação no campo, pois a força do campo é extraordinária. O profissional de ciências agrárias é o grande responsável pelo manejo racional dentro do contexto aqui examinado. Esse profissional deve saber adaptar o solo para os cultivos animais ou vegetais e/ou vice versa, adequando esses aos tipos de solo, levar sempre em conta a infraestrutura existente, para dessa forma, eleger adequadamente o processo produtivo, definindo, assim, os tipos de exploração a serem implantados. Tudo isso, sempre a mercê do clima (que jamais pode ser contrariado, sob pena de insucesso) dentro de suas duas facetas norteadoras: temperatura e umidade. O que resumidamente pode ser percebido no esquema- gráfico abaixo: 9. Perfil do profissional do futuro. Na atual década, para atuar na conjuntura difícil aqui retratada, o profissional de Zootecnia deve possuir, uma formação mais abrangente possível, com conhecimentos universalizados, espírito de livre iniciativa com características empreendedoras, com mais capacidade na tomada de decisão e principalmente com enorme responsabilidade social. Será que é a formação suficiente? Além dessas características, esse profissional deve ter profunda vivência do meio rural, ampla visão do contexto onde está inserido e conhecer as várias realidades do País. 261 Só a teoria, sem a vivência, não constrói o profissional. Dentro de um mercado globalizado, o profissional deve saber usar os conhecimentos técnico-científicos, desenvolver potencialidades para atuar, sem agredir a natureza, e conhecer a potencialidade do homem do campo. Em suma, o novo profissional deverá ser um eterno estudante. O profissional de Zootecnia deve ter a devida competência para transformar conhecimentos e habilidades em realizações. Ter adequada capacidade administrativa e a criatividade necessária. Os Zootecnistas devem ter competência adequada para serem formuladores e executores da política de desenvolvimento rural trazendo, a solução para os problemas rurais do País. Devem, também, ter condições de saber analisar as principais tendências para o futuro. Ter uma ampla visão do crescimento de economia mundial para a próxima década. Ter condições de observar as mudanças nas demandas mundiais e estar sempre atento aos conceitos estratégicos. Resumindo, o perfil do profissional para a próxima década: possuir formação integral e sólida, capacitação técnica, visão humanística, ética frente à vida, formação mais abrangente e adequada possível às necessidades do mercado de trabalho, ter bom senso, talento e responsabilidade socioambiental. Deve ainda, possuir conhecimentos em computação e línguas; ser polivalente, capaz de atuar em várias áreas; ter capacidade inovadora, ser criativo, ter predisposição para mudanças, possuir capacidade analítica e espírito crítico, ter percepção das tendências do futuro, ter emoção e razão integradas, saber trabalhar em equipe, ser afeito à atualização e formação permanente e ser plural. 10. Profissional Empreendedor. O profissional empreendedor não é aquele que é capaz de atuar na pesquisa, no ensino e na extensão, com perfil de empregado. É um profissional que teve em seu currículo profissional disciplinas, como: Mercado, Marketing, Ética e Exercício Profissional entre tantas outras que condicionam o profissional para a área do empreendedorismo.Um profissional empreendedor é aquele que tem uma visão mais universal semelhante à visão do empresário. É aquele capaz de atuar no mercado mais livremente, não dependendo só das decisões governamentais. É vocacionado para as atividades privadas capaz de atuar com razoável competência em parcerias e/ou terceirizações. É o profissional capaz de ampliar horizontes, saber tomar decisões relacionadas dentro de uma empresa rural de o que produzir, como produzir, e para quem produzir. Logo depois de formado possuir condições de: - organizar firma ou empresa para atuar diretamente no mercado; - empreender parcerias com o poder público; - assumir serviços através da terceirização; - não ficar na dependência de concursos públicos e participar de pronto das atividades produtivas. É um profissional que atua no processo produtivo como ator e não como mero espectador. Domina a universalização dos conhecimentos. O profissional empreendedor possui capacidade de ser competitivo, sabe como reduzir custos desprezando as inferências, elimina os desperdícios e aprimora as técnicas, tudo na conquista 262 da obtenção de maior produtividade. Vale-se das informações numéricas e quantitativas em tempo real e da qualificação no campo temporal. Trabalha na mudança de rumos, buscando sempre novas alternativas, é criativo e, consequentemente, tem liderança. O Zootecnista empreendedor não pode ter uma formação terminada, deve ser um indivíduo treinável. O currículo mínimo nada mais é do que um indicador de direções, um marco referencial, pois como se sabe: “o verdadeiro currículo não está nas matérias e disciplinas, mas nas ideias e concepções daqueles que as lecionam e daqueles que as apreendem” É claro que a formação final é dentro de sua atividade profissional, e deve ser continuada e contínua. O fortalecimento das Instituições de Ensino Superior e das Entidades de Classe é importante para o desenvolvimento de fóruns realizados por ambas. A valorização do Código de Ética Profissional é outro aspecto importante. A luta pela defesa e ampliação de mercado de trabalho deve ser constante. O profissional, de um modo geral, estará sempre submetido aos riscos e oportunidades advindos da globalização. A qualificação dos recursos humanos é fundamental, o profissional empreendedor deve conhecer a cadeia produtiva em toda a sua plenitude, para tal deve ter iniciativa, criatividade e espírito de ação, só assim entrará com qualificação no atual mercado altamente competitivo. As empresas dão ênfase ‘à competitividade e os respectivos avanços tecnológicos atuam como uma faca de dois gumes, ora criando empregos e outras vezes eliminando muitos. Nada vale reclamar da tecnologia, o profissional empreendedor saberá desenvolver potencialidades para o exercício das respectivas funções. Por último, é o profissional que tem condições de centrar a sua atividade político–profissional visando desenvolver um trabalho com ética, dignidade e muita seriedade, sempre na busca da geração de mais emprego e de um melhor bem-estar social. Tudo isso para um maior desenvolvimento para o País. Dentro deste contexto complexo, onde o profissional empreendedor poderá atuar não se pode deixar de examinar, embora rapidamente, as características e exigências da empresa da próxima década: - eficiência e eficácia; agilidade administrativa; Integração com comunidade, governo e produção; abertura a novas tecnologias, preocupação constante com valores éticos; preocupação com formação permanente, acompanhamento dos ritmos de mudanças da sociedade e priorização à valorização do conhecimento. 12. Crise do Mercado de Trabalho. É igual à vivenciada pela atual conjuntura nacional. Existem poucos e mal remunerados empregos no setor privado, No segmento público, a situação é de muito menos oferta e com remunerações péssimas; aqui, infelizmente, ainda predomina o paternalismo estatal. 263 Esse cenário é um campo fértil para o profissional empreendedor, por esse ser eclético e competente. 13. Conclusões. No atual cenário econômico brasileiro, urge que sejam estabelecidas políticas sérias e duradouras de valorização do profissional que tenha qualificação e conhecimento, mas sobretudo ética e que com essas características possa assumir um compromisso social com a comunidade onde está inserido e com o Pais. Nesse quadro de Liberação e Globalização da Economia, se o Zootecnista atuar de uma forma desunida ou desorganizada conseguirá muito pouco, deve saber fazer o Marketing de seu produto (a Zootecnia), vender a sua imagem com muito profissionalismo. Congregar-se através de seus Sindicatos e Associações para mudar efetivamente o discurso, fazendo com que suas identidades tornem-se o braço político da classe. Chega de se fazer política profissional de uma forma amadorística. Hoje, a moeda do futuro mais poderosa que existe é o conhecimento. Esse não para, busque-o permanentemente. O zootecnista deve, antes de tudo, saber somar para competir com qualidade no mercado ocupacional. A recomendação final é de que o Zootecnista lute muito, mas de uma forma organizada e unida fundamentalmente na busca gradativa e constante da reformulação necessária e urgente da Lei 5.550 Pode 04/12/1968 e na criação do seu Conselho Profissional. Concluindo, ficam aqui três importantes mensagens para a devida reflexão: “Conhecimento não é acúmulo de informação,é competência para agir.” (Lair Ribeiro) “Quero mudar as coisas, quero ver as coisas acontecerem, não quero apenas falar sobre elas” ( J. K Galbraith) “Ai dos povos que tenham grandes extensões de terras e não as ocupam, porque outros, menos contemplados talvez queiram ocupá-las” (Papa João XXIII)
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