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AULA 03 – PERCOLAÇÃO II Mecânica dos solos avançada e introdução de obras em terra Prof. Kaio Vilas Boas Kurimori REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA Numa situação como a das fundações da barragem, exemplificada na aula anterior, o gradiente de saída poderia ser reduzido com a colocação de uma camada de areia grossa ou pedregulho no pé de jusante da barragem. Esse aspecto pode ser estudado pelo modelo de duas areias em um permeâmetro. REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA No exemplo mostrado na figura abaixo as medidas estão indicadas em metros. Se as duas areias tiverem peso específico igual a 19 KN/m³ e o mesmo coeficiente de permeabilidade, os diagramas das pressões totais e neutras é o mostrado na fig. (b) e o gradiente é: REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA O gradiente crítico desta areia é: e o coeficiente de segurança à situação de areia movediça é: Considere-se, agora, que a areia B seja 4 vezes mais permeável do que a areia A: REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA Parte da carga que provoca percolação, h = 0,15m, dissipa-se em cada areia. A soma das duas parcelar é a carga total: 𝒉𝑨 + 𝒉𝑩 = 𝒉 = 𝟎, 𝟏𝟓 Com base no princípio da continuidade (a vazão da areia A é igual à vazão de areia B) e na Lei de Darcy, tem-se: REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA Com as três últimas expressões, calculam-se todos os dados de um problema de duas areias em um permeâmetro. No exemplo, considerado, substituindo-se as duas primeiras expressões na terceira e aplicando-se os dados conhecidos, tem-se: 𝐿𝐴 = 𝐿𝐵 = 0,10 𝐴𝐴 = 𝐴𝐵 REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA Da carga total, 80% se dissipam em A e só 20% se dissipam em B. Os gradientes em cada uma das areias passam a ser: A areia A, embora com gradiente superior ao crítico, está protegida contra piping pela ação bloqueadora da areia B, na saída do fluxo, o coeficiente de segurança com relação ao piping foi aumentado para: REDUÇÃO DO GRADIENTE DE SAÍDA DESAFIO 01. Em grupos de no máximo 4 alunos. Calcule para o exemplo demonstrado em aula a tensão efetiva no encontro da areia A com a areia B, considerando que: LEVANTAMENTO DE FUNDO Na figura abaixo (c), o diagrama mostra que a tensão efetiva é positiva em qualquer ponto. Se a carga h fosse elevada até atingir 0,18 m, o diagrama de pressões neutras se desviaria para a direita e na face inferior da areia A, encostaria no diagrama das tensões totais. 𝝈′ = 𝟒, 𝟖 − 𝟒, 𝟓 = 𝟎, 𝟑𝑲𝑷𝒂 𝟎, 𝟏𝟖 − 𝟎, 𝟏𝟓 = 𝟎, 𝟎𝟑𝒎 𝝁 = 𝟎, 𝟎𝟑 𝒙 𝟏𝟎 = 𝟎, 𝟑𝑲𝑷𝒂 LEVANTAMENTO DE FUNDO O gradiente de saída na areia B ainda seria muito menor do que o gradiente critico, mas a tensão efetiva na face inferior da Areia A seria nula. Isso indica que a areia A deixaria de atuar sobre a peneira que a sustentava, e o peso total das areias seria contrabalançado pela força de percolação. Qualquer novo acréscimo de carga hidráulica provocaria um levantamento dos grãos de areia no permeâmetro e sua completa dispersão. Portanto a segurança contra forças de percolação não se restringe à possibilidade de piping, devido ao gradiente de saída. O fenômeno de levantamento de fundo também pode ocorrer quando se escava argila, e existe sob ela areia com água sob pressão. Atingida certa profundidade, o peso da argila e sua coesão podem não ser suficientes para contrabalançar a pressão da água. FILTROS DE PROTEÇÃO A areia B, no exemplo anterior, pode ser considerada como um filtro de proteção da areia A, na medida em que confina a areia A e as forças de percolação que se desenvolvem nela são relativamente baixas. Entretanto, um segundo aspecto deve ser satisfeito por um filtro de proteção: é necessário que os seus vazios não sejam tão abertos a ponto de os grãos finos de areia A possam passar por eles. Os filtros de proteção são empregados sempre que houver transição entre camadas de solo muito diferentes (por exemplo, de uma argila compactada para o enrocamento, em barragens) e percolação de água. FILTROS DE PROTEÇÃO Os critérios para projeto de filtros de proteção, propostos por Terzaghi, ainda hoje empregados após constantes verificações práticas, baseiam-se nas curvas granulométricas dos materiais. São dois: Indica que o filtro deve ser mais permeável do que o solo. Limita o tamanho dos finos do filtro, de forma que não deixem passagem para os grãos de solo FILTROS DE PROTEÇÃO O significado de D15 e D85 é semelhante ao das definições de D10 e D60 no estudo da uniformidade da granulometria. No exemplo da figura a seguir, o material P não é um bom filtro para o solo S, porque não é muito mais permeável do que ele, enquanto que o material R não é adequado, por ser muito grosso e, eventualmente, permitir a passagem de finos do solo S pelos seus vazios. O material Q satisfaz as duas condições. FILTROS DE PROTEÇÃO FILTROS DE PROTEÇÃO Em todos os estudos feitos até aqui, considerou-se que a posição relativa dos grãos não se altera com a passagem da água. É o que acontece na grande maioria das areias. Em algumas, entretanto, uma descontinuidade de granulometria, como a indicada na figura, permite que as partículas mais finas da areia se infiltrem pelos vazios deixados pelos grãos grossos e sejam carreadas pela água de percolação. Essas areias não são filtros de si próprias. PERMEÂMETROS HORIZONTAIS A apresentação de toda aula foi feita com permeâmetros em que o fluxo era vertical, porque o caso permite o desenvolvimento de temas importantes, como o do gradiente crítico. Problemas com a de percolação da água pela areia grossa da fundação da barragem da aula passada podem ser associados a um permeâmetro com fluxo horizontal. Na próxima figura mostra-se um caso de duas areias com variação da carga ao longo do trajeto. PERMEÂMETROS HORIZONTAIS As forças de percolação, nesse caso são horizontais. Não há possibilidade de areia movediça, pois elas não se contrapõem á gravidade. Qual é então a sua ação? Elas alteram a pressão que as areias exercem sobre as peneiras que as contém lateralmente, diminuem a força sobre a peneira da esquerda e aumentam a força sobre a peneira da direita. Em fluxos oblíquos, a força de percolação atua no sentido do fluxo. Só a componente vertical influi na tensão vertical efetiva. EXEMPLO 01 EXEMPLO 01 No permeâmetro da figura ao lado, a areia A ocupa a posição horizontal, com L=20cm, A=100cm², com k = 4x10-3 cm/s. A areia B ocupa a posição vertical, com L=10cm, A = 400cm², e k=2x10-3 cm/s. Qual é a possibilidade de ocorrer o estado de areia movediça nas areias A e B. EXEMPLO 01 EXEMPLO 01 EXEMPLO 02 Exemplo 02 No permeâmetro do exemplo anterior, calcule a tensão efetiva no ponto central da areia B. EXEMPLO 02 Exemplo 02 EXERCÍCIOS LISTA DE EXERCÍCIOS POSTADA NA PÓS-AULA, NÃO VALE NOTA PARCIAL.
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