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brincadeiras africanas para a educacao infantil e o ensino fundamental

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https://novaescola.org.br/conteudo/7117/brincadeiras-africanas-para-a-educacao-infantil-e-
o-ensino-fundamental
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 307, 13 de Novembro | 2017
Língua Portuguesa
Brincadeiras africanas para a
Educação Infantil e o Ensino
Fundamental
Garrafinhas, Labirinto, Mete-mete e matacuzana: conheça jogos da África
Larissa Darc
Ilustração: Minna Miná
As crianças de cabelo liso zombavam das meninas com cabelo crespo. Quem tinha a pele mais escura não era
convidado para algumas brincadeiras. Ao observar a interação no intervalo da EE Narciso da Silva César, em
Araraquara (SP), a professora Maria Fernanda Luiz notou como as relações raciais interferiam na convivência
entre os estudantes. E resolveu que o contato das turmas de 3º e 4º anos com a cultura africana poderia
acontecer por meio das brincadeiras infantis e, de quebra, combateu os sinais de racismo.
Para ensiná-las aos alunos, Maria convidou estudantes africanos da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) e do Núcleo de Estudo e Pesquisa União Africana da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Alguns
vieram até a escola, outros explicaram as regras via Skype ou vídeo. O importante, para a turma, foi o contato
com eles, que mostraram um pouquinho da cultura de países como Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São
Tomé e Príncipe e Cabo Verde, orientando os alunos na execução das brincadeiras.
Garrafinha
A brincadeira angolana é realizada por dois grupos de três a oito pessoas cada um. No centro do espaço
para o jogo (pode ser uma quadra, ou qualquer outro espaço livre), uma equipe enche e esvazia
garrafinhas com areia. Enquanto isso, a outra equipe arremessa uma bolinha, tentando atingir as pessoas
do centro. A dinâmica lembra o jogo de queimada. Quando acertam alguém, as equipes trocam de lugar.
O objetivo não é ganhar ou perder, e sim se divertir (veja vídeo em bit.ly/jogo-garrafinhas).
Labirinto
Vinda de Moçambique, pode ser brincada na quadra ou no pátio da escola. Com um giz, desenha-se um
labirinto no chão e as crianças devem começar na extremidade externa do desenho (elas podem ficar em
pé ou usar uma pedra para representar cada jogador). Para avançar pelo caminho, os jogadores tiram par
ou ímpar e o vencedor de cada rodada avança para a posição seguinte. Isso se repete várias vezes e
quem chegar ao final primeiro ganha a partida (veja vídeo em bit.ly/jogo-labirinto).
As crianças estranharam os sotaques regionais, mas nem por isso deixaram de reparar nas regras, um dos
pedidos de Maria Fernanda à turma. Aprendida a atividade, as crianças a registravam em seu caderno para
que, depois, pudessem praticá-la. As produções foram feitas de maneira individual e coletiva. Juntos, eles
discutiram sobre como redigir os textos para que outras pessoas entendessem o jogo e aprenderam a usar o
imperativo. Em alguns momentos, a docente organizou os alunos em duplas para escrever. "Algumas
expressões faladas nos outros países eles não conheciam e precisaram procurar no dicionário. Foi ótimo, pois
estávamos trabalhando a ordem alfabética", explica ela. Além de revisados, os textos produzidos foram
ilustrados, compondo um livro entregue à Coordenadoria Executiva Especial de Promoção da Igualdade Racial
da cidade de Araraquara. Assim, o conhecimento dos pequenos pôde se multiplicar para outros lugares.
Garrafinha, Labirinto e Matacuzana (leia nos destaques desta reportagem) estão entre as atividades lúdicas
registradas pelos alunos. Fabiano Maranhão, mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos e
especialista em relações étnico-raciais, defende a relevância de trazer para a escola esses saberes. "As
brincadeiras praticadas na África podem ser uma boa porta de entrada para narrar a memória desse
continente com 54 países", diz ele. O contato com essa diversidade dá chance de diminuir preconceitos. "Na
escola a trajetória dos africanos e afro-brasileiros é estudada unicamente a partir da escravização. Mas não
exploramos as reais origens dessas pessoas. Por isso, quis apresentar o ponto de vista de quem nasceu e
cresceu no continente africano", conta a educadora, que também é pesquisadora do Grupo de Estudos em
Educação das Relações Étnico-Raciais da Unesp. Em paralelo às brincadeiras, Maria Fernanda promoveu
contação de histórias, rodas de danças com ritmos afro-brasileiros, exibição de vídeos e oficinas de teatro,
entre outras atividades. Foram dois anos de trabalho planejado para mudar o olhar para a contribuição negra
na sociedade. O conjunto de atividades, que recebeu o nome Brincando e Conhecendo a África, rendeu à Maria
Fernanda o 7º Prêmio Educar para Igualdade Racial e Gênero na categoria Professora do Ensino Fundamental.
Matacuzana
O desafio, que deu origem a jogos como "três-marias", exige pedrinhas e um buraco no chão. Caso não
esteja em um lugar com terra, recorte um círculo de papel para delimitar o campo. O objetivo é jogar as
pedrinhas para cima, tirar uma ou mais do buraco e pegar de volta a sua antes que ela caia no chão.
Quem erra passa a vez. Vence quem tirar mais pedras do buraco.
Mete-Mete
Para brincar, basta ter um elástico e três crianças. Duas esticam o elástico, colocando-o em volta das
pernas, enquanto a do meio salta e canta "Mete-Mete/tira-tira/ mete vai ao meio e sai para fora/mete e
tira". Ela deve pular uma vez dentro e outra fora. Há variações de passos e formas de pular e as crianças
podem aumentar o desafio subindo a altura do elástico. Quem tocar nele passa a vez.
"É essencial que as crianças conheçam as histórias de outros países, suas brincadeiras e costumes", defende
Tizuko Morchida, pesquisadora da USP e coordenadora do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos.
"O brincar é uma forma de expressão que possibilita aprender a interagir com os outros. Em jogos com regras,
as crianças vivem situações que envolvem emoção, imaginário e valores", explica a especialista. A mudança de
postura dos alunos de Maria Fernanda, com certeza, foi gradual, mas hoje o clima na hora do recreio é outro.
"Quem fazia piadas percebeu como as suas atitudes magoavam os outros." Também mudou a autoestima dos
que eram deixados de lado. Eles se fortaleceram ao perceber que não eram culpados por serem tratados
daquela forma. Viram que quem precisava mudar não eram eles, e sim quem os discriminava."

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