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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO - CEUNES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS - DCN CLEITON DE SOUZA BERALDO JULIANA CERCHI GONÇALVES PAULO ANDRÉ PRATA DECOTÉ PHILIPE TEIXEIRA ZAMBALDI DIFRAÇÃO DA LUZ POR FENDAS PROFESSOR PAULO SÉRGIO MOSCON FÍSICA EXPERIMENTAL II SÃO MATEUS - ES 2016 1 INTRODUÇÃO Um dos principais objetivos da física é compreender a natureza da luz, um objetivo difícil de atingir porque a luz é um fenômeno extremamente complexo. Entretanto, graças exatamente a essa complexidade, a luz oferece muitas oportunidades para aplicações práticas, algumas das quais envolvem a difração sofrida pela luz ao atravessar uma fenda estreita. Quando uma onda encontra um obstáculo que possui uma abertura de dimensões comparáveis ao comprimento de onda, a parte da onda que passa pela abertura se alarga (é difratada) na região que fica do outro lado do obstáculo. Figura 1 - Difração de uma onda. Um feixe luminoso que passa por uma fenda sofre um alargamento (é difratado). Parte 1 - Difração por fenda única Considere o estudo da figura produzida por ondas luminosas planas de comprimento de onda 𝜆 ao serem difratadas por um anteparo 𝐵 com uma fenda estreita e comprida de largura 𝑎, como o que aparece na figura 2. Quando a luz difratada chega à tela de observação 𝐶, ondas provenientes de diferentes pontos da fenda sofrem interferência e produzem na tela uma série de franjas claras e escuras (máximos e mínimos de interferência) que são chamadas de figura de difração. Para determinar a posição da primeira franja escura (ponto 𝑃1), divide-se mentalmente a fenda em duas regiões de mesma largura 𝑎/2. Em seguida, estende-se até 𝑃1 um raio luminoso 𝑟1 proveniente da extremidade superior da região de cima e um raio luminoso 𝑟2 proveniente a extremidade superior da região de baixo. Traça-se também em eixo central que passa pelo centro da fenda e é perpendicular à tela 𝐶; a posição do ponto 𝑃1 pode ser definida através do ângulo 𝜃 entre a reta que liga o centro da fenda ao ponto 𝑃1 e o eixo central. 2 Figura 2 - Os raios provenientes da extremidade superior de duas regiões de largura 𝒂/𝟐 sofrem interferência destrutiva no ponto 𝑷𝟏 da tela de observação C. Para produzir a primeira franja escura os raios 𝑟1 e 𝑟2 devem estar defasados de 𝜆/2 ao chegarem ao ponto 𝑃1. Essa diferença de fase se deve à diferença entre as distâncias percorridas. Para determinar essa diferença escolhe-se um ponto 𝑏 sobre a trajetória do raio 𝑟2 tal que a distância de 𝑏 a 𝑃1 seja igual à distância total percorrida pelo raio 𝑟1. Nesse caso, a diferença entre as distâncias percorridas pelos dois raios é igual à distância entre 𝑏 e o centro da fenda. Quando a tela de observação 𝐶 está próxima da tela 𝐵, como na figura 2, a figura de difração que aparece na tela 𝐶 é difícil de descrever matematicamente. Os cálculos se tornam muito mais simples, porém, quando a distância 𝐷 entre a tela 𝐶 e a tela 𝐵 é muito maior que a largura 𝑎 (𝐷 ≫ 𝑎). Nesse caso, pode-se supor que 𝑟1 e 𝑟2 são paralelos, fazendo um ângulo 𝜃 com o eixo central, conforme mostra a figura 3. Figura 3 - Para 𝑫 ≫ 𝒂 pode-se supor que os raios 𝒓𝟏 e 𝒓𝟐 são aproximadamente paralelos, fazendo o mesmo ângulo 𝜽 com o eixo central. 3 A diferença de percurso é dada por (𝑎/2) 𝑠𝑒𝑛 𝜃 que deve ser igual a 𝜆/2. Portanto, a primeira franja escura é dada por: 𝑎 2 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝜆 2 ⟺ 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝜆 A posição da segunda franja escura pode ser determinada da mesma forma, exceto pelo fato de que agora, divide-se a fenda em quatro regiões de mesma largura 𝑎/4 e, em seguida, traça-se raios 𝑟1, 𝑟2, 𝑟3 e 𝑟4 da extremidade superior de cada uma dessa regiões até um ponto 𝑃2, onde está localizada a segunda franja escura. 𝑎 4 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝜆 2 ⟺ 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 2𝜆 As franjas escuras subsequentes seguem a mesma analogia e, de forma genérica, tem-se a equação geral: 𝑎 2𝑚 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 𝜆 2 ⟺ 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚𝜆 (1) para 𝑚 = 1, 2, 3, … (mínimos – franjas escuras). Portanto, em um experimento de difração por uma fenda as franjas escuras correspondem às posições para as quais a diferença de percurso 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃 entre os raios superior e inferior é igual a 𝜆, 2𝜆, 3𝜆, … . Agora, o interesse é encontrar uma expressão para a intensidade 𝐼(𝜃) da figura de difração em função de 𝜃. A teoria da difração por fenda única demonstra que a intensidade luminosa é dada pela função: 𝐼(𝜃) = 𝐼0 ( 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝛼 ) 2 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝛼 = 𝜋𝑎 𝜆 𝑠𝑒𝑛𝜃 (2) O símbolo 𝛼 é apenas um parâmetro conveniente para expressar a relação entre o ângulo 𝜃 que especifica a posição de um ponto na tela de observação e a intensidade luminosa 𝐼(𝜃) nesse ponto. 𝐼0 é o valor máximo da intensidade, que ocorre no máximo central (ou seja, 𝜃 = 0). 4 Parte 2 - Difração por fenda dupla Uma onda plana de luz monocromática incide em duas fendas 𝑆1 e 𝑆2 do anteparo 𝐵; ao atravessar as fendas a luz é difratada, produzindo um figura de interferência na tela 𝐶. Em seguida, escolhe-se um ponto arbitrário 𝑃 sobre a tela; o ângulo entre o eixo central e a reta que liga o ponto 𝑃 ao ponto médio das duas fendas é chamado de 𝜃. O ponto 𝑃 é o ponto de encontro dos raios 𝑟1 e 𝑟2. Figura 4 - Os raios luminosos que partem das fendas 𝑺𝟏 e 𝑺𝟐 (que se estendem para dentro e para fora do papel) se combinam em 𝑷, um ponto arbitrário da tela 𝑪 situado a uma distância 𝒚 do eixo central. De forma análoga a difração por fenda única, a mudança da diferença de fase ocorre devido à diferença Δ𝐿 entre as distâncias percorridas pelas duas ondas. Quando Δ𝐿 é zero ou um número inteiro de comprimentos de onda, as ondas chegam ao ponto comum exatamente em fase e a interferência nesse ponto é totalmente construtiva, ou seja, o ponto 𝑃 se torna o centro de uma franja clara. Por outro lado, quando Δ𝐿 é um múltiplo ímpar de metade do comprimento de onda, as ondas chegam ao ponto comum com uma diferença de fase de exatamente meio comprimento de onda e a interferência é totalmente destrutiva. Considerando a distancia 𝐷 entre as fendas e a tela muito maior que a distancia 𝑑 entre as fendas, pode-se supor que os raios 𝑟1 e 𝑟2 são aproximadamente paralelos e fazem o mesmo ângulo 𝜃 com o eixo central. 5 Figura 5 - Para 𝑫 ≫ 𝒅 pode-se supor que os raios 𝒓𝟏 e 𝒓𝟐 são aproximadamente paralelos e fazem um ângulo 𝜽 com o eixo central. Utilizando o triângulo formado na figura 5, tem-se que: 𝛥𝐿 = 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 No caso de um franja clara, 𝛥𝐿 deve ser igual a zero ou a um número inteiro de comprimento de onda. Esta condição pode ser expressa na forma 𝛥𝐿 = 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = (𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜)(𝜆) 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚𝜆 (3) para 𝑚 = 0, 1, 2, … (máximos – franjas claras). No caso de um franja escura, 𝛥𝐿 deve ser um múltiplo ímpar de metade do comprimento de onda. 𝛥𝐿 = 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = (𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 í𝑚𝑝𝑎𝑟) ( 1 2 𝜆) 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = (𝑚 + 1 2 ) 𝜆 (4) para 𝑚 = 0, 1, 2, … (mínimos – franjas escuras). Levando em conta o efeito da difração, a intensidade da figura de interferência de duas fendas é dada por 𝐼(𝜃) = 𝐼𝑚(𝑐𝑜𝑠 2𝛽) ( 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝛼 ) 2 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝛽 = 𝜋𝑑 𝜆 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑒 𝛼 = 𝜋𝑎 𝜆 𝑠𝑒𝑛𝜃 (5) sendo 𝑑 a distância entre os centros das fendas e 𝑎 é a larguradas fendas. 6 Parte 3 - Difração por fendas múltiplas Um dos dispositivos mais úteis para o estudo da luz e dos objetos que emitem e absorvem luz é a rede de difração. Esse dispositivo utiliza um arranjo semelhante ao do experimento de dupla fenda, exceto pelo fato de que o número de fendas, também chamadas de ranhuras, pode chegar a milhares por milímetro. Figura 6 - Rede de difração simplificada, com apenas cinco fendas, que produz uma figura de interferência em uma tela de observação distante. A capacidade de uma rede de difração de resolver (separar) linhas de diferentes comprimentos de onda depende da largura das linhas. A meia largura da linha é definida como o ângulo Δ𝜃𝑚𝑙 entre o centro da linha (𝑚 = 0) e o primeiro mínimo de intensidade. O primeiro mínimo ocorre no ponto em que a diferença entre as distâncias percorridas pelo raio superior e pelo raio inferior é igual a 𝜆. Para uma rede com 𝑁 ranhuras, cada uma separada da vizinha por uma distância 𝑑, a distância entre as ranhuras situadas nas extremidades da rede é 𝑁𝑑 e, portanto, a diferença entre as distâncias percorridas pelos raios que partem das extremidades da rede é 𝑁𝑑 𝑠𝑒𝑛(Δ𝜃𝑚𝑙). Assim, o primeiro mínimo acontece para 𝑁𝑑 𝑠𝑒𝑛(Δ𝜃𝑚𝑙) = 𝜆 (6) Como Δ𝜃𝑚𝑙 é pequena, 𝑠𝑒𝑛(Δ𝜃𝑚𝑙) ≈ Δ𝜃𝑚𝑙 (em radianos). Fazendo essa aproximação na equação 6 obtém-se a seguinte equação para a meia largura da linha central: Δ𝜃𝑚𝑙 = 𝜆 𝑁𝑑 (7) 7 Figura 7 - (a) A meia largura de linha 𝚫𝜽𝒎𝒍 da linha central; (b) As ranhuras superior e inferior de uma rede de difração com 𝑵 ranhuras estão separadas por uma distância 𝑵𝒅. Chamando a distância entre o centro da linha e o primeiro mínimo de intensidade de ∆𝑦, tem-se que 𝑡𝑎𝑛(𝛥𝜃𝑚𝑙) = ∆𝑦/𝐷. Como Δ𝜃𝑚𝑙 é pequena, 𝑡𝑎𝑛(Δ𝜃𝑚𝑙) ≈ Δ𝜃𝑚𝑙 e Δ𝜃𝑚𝑙 ≈ ∆𝑦/𝐷. Assim: Δ𝜃𝑚𝑙 = ∆𝑦 𝐷 = 𝜆 𝑁𝑑 ⟺ ∆𝑦 = 𝜆𝐷 𝑁𝑑 (8) MATERIAIS E MÉTODOS Materiais Uma fonte de luz branca com lente acoplada; Um laser de luz vermelha; Uma tela com N = 2, 5 e 10 fendas de espaçamento idêntico entre elas; Uma tela com fendas duplas com espaçamentos de 0,2; 0,4; e 0,6 mm entre elas. A abertura das fendas são idênticas; Uma tela com fendas únicas e aberturas de 0,1; 0,2 e 0,3 mm entre elas; Rede de difração com 1000 fendas; Régua milimetrada. 8 Métodos Realizou-se a montagem experimental conforme a figura 8. Para que as medidas fossem feitas da melhor forma possível, a tela com a rede de difração foi colocada perpendicularmente ao feixe do laser. Isso foi feito enviando o feixe refletido no vidro novamente para a saída do laser e repetiu-se toda vez que a tela com as fendas foi trocada. Fixou-se uma folha de papel com fita adesiva na parede do laboratório. Assim foi possível registrar com um lápis o perfil da difração. Figura 8 - Montagem experimental para a difração da luz por fendas. Parte 1 - Difração por fenda única Montou-se o conjunto com o laser, a tela com fenda única e anteparo. Usou-se inicialmente a fenda com abertura de 0,1 mm. Projetou-se o padrão de difração/interferência sobre o a parede, tal que os padrões de difração pudessem ser facilmente observados. Utilizou-se uma trena para medir a distância da tela com fenda única a parede. Desenhou-se sobre a folha na parede, a lápis, o padrão de difração, indicando claramente as posições dos máximos e mínimos. Mediu-se com uma régua a largura do máximo central. Deslizou-se a tela com a rede de difração sobre o suporte, tal que a abertura da fenda ficou 0,2 mm. Subiu-se cerca de 3 cm a folha de papel sobre o anteparo. Novamente utilizou-se uma trena para medir a distância da tela com a parede. E então foi feito o mesmo para a abertura de 0,3 mm. 9 Parte 2 - Difração por fenda dupla Substituiu-se a tela de fenda única por uma que possui fendas duplas, separadas pelas distâncias de 0,2, 0,4 e 0,6 mm. Antes de iniciar as medidas, deslizou-se sobre o suporte, a tela com fenda dupla, aumentando continuamente a distância entre as aberturas até 0,6 mm. Para cada separação, desenhou-se cuidadosamente sobre a folha na parede, a lápis, o padrão de difração, indicando claramente as posições dos máximos e mínimos. Usando a fenda dupla com separação 0,6 mm, mediu-se a largura do máximo central e calculou-se a abertura das fendas. Tomou-se agora, a distância entre 4 franjas à esquerda e 4 franjas à direita da franja central. Foi obtido uma média destas distâncias e também o desvio padrão. De posse do valor de distâncias médio e o comprimento de onda da luz laser, fez-se um cálculo da distância entre o anteparo e a tela com as fendas duplas. Parte 3 - Difração por fendas múltiplas Substituiu-se o conjunto de fendas duplas pelo conjunto com fendas múltiplas. Moveu- se a tela para a esquerda, aumentando o número de fendas, desde dois até cinco fendas. Observou-se as mudanças que ocorrem no padrão de difração. De acordo com a figura 9, substituiu-se o laser pela lanterna com luz branca. Tomou-se agora a tela com a rede de difração (1000 fendas por milímetro). Ligou-se a lanterna e foi observado o padrão de difração sobre o anteparo. Figura 9 - Montagem experimental para a difração da luz branca. 10 RESULTADOS E DISCUSSÃO Parte 1 - Difração por fenda única O anexo 1 apresenta as figuras de difração de um feixe de luz verde passando por uma fenda, dupla fenda e múltiplas fendas. Ao inserir um feixe de luz verde em uma fenda, a medida que o tamanho da fenda aumentava, o tamanho do máximo central diminuia. Observe que ao começar com 𝑎 > 𝜆 e tornando a fenda cada vez mais estreita, mantendo o comprimento de onda constante, o ângulo para o qual aparece a primeira frenja escura se tornará cada vez maior; em outras palavras, a difração é maior para fendas mais estreitas. Quando a largura da fenda é igual ao comprimento de onda o ângulo correspondente à primeira franja escura é 90º. Como são as primeiras franjas escuras que delimitam a franja clara central toda a tela de observação é iluminada. Para observar esse fenômeno, mediu-se da distância entre a fenda e o anteparo, que foi de 𝐷 = (213,00 ± 0,05) 𝑐𝑚 e, em seguida, construiu-se a tabela 1 com as medições feitas da largura dos máximos centrais. Tabela 1 - Distância entre os centros dos primeiros mínimos. Largura da fenda (𝑎) (𝑚𝑚) Máximo central (𝑦 ± ∆𝑦) (𝑐𝑚) 0,1 2,20 ± 0,05 0,2 1,20 ± 0,05 0,3 0,70 ± 0,05 Da equação 1 é possível obter o comprimento de onda do laser. O primeiro mínimo é dado por 𝑚 = 1 e o ângulo 𝜃 é obtido conforme ilustra a figura 8. 11 Figura 10 - Máximo central para a tela com fenda única. Como 𝜃 é pequeno pode-se usar a aproximação tan 𝜃 ≈ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ≈ 𝜃. tan 𝜃 = 𝑦 2⁄ 𝐷 ≈ 𝜃 Portanto, a equação 1 se resume a equação 9. 𝜆 = 𝑦𝑎 2𝑚𝐷 ± 𝑦𝑎 2𝑚𝐷 ( ∆𝑦 𝑦 + ∆𝑎 𝑎 + ∆𝐷 𝐷 ) (9) Substituindo os valores da tabela 1, é possível encontrar o valor do comprimento de onda, conforme mostra a tabela 2. Tabela 2 - Valor do comprimento de onda. Largura da fenda (𝑎) (𝑚𝑚) Comprimento de onda (𝜆 ± ∆𝜆) (𝑛𝑚) 0,1 516 ± 12 0,2 563 ± 24 0,3 493 ± 35 Portanto, o comprimento de onda médio encontrado para o laser é de (524 ± 24) 𝑛𝑚. O valor indicado pela embalagem do laser é de (532 ± 10) 𝑛𝑚. A pequena variação média é explicada pela imprecisão dos instrumentos de medidas utilizadas e, também, pelo fato de que o laser não estavacom sua intensidade máxima devido a pilha fraca. 12 Parte 2 - Difração por fenda dupla Houve uma mudança no padrão de difração de fenda única para fenda dupla, pois com a fenda dupla tem-se concomitante um padrão de interferência, que pode ser visto na figura 11. Figura 11 - Efeitos combinados de difração e interferência. Esse padrão é produzido quando um onda de 650nm passa por uma dupla fenda de 3µm com uma distância de 18µm. Observe que o padrão de difração funciona como um envoltório e controla a intensidade e a regularidade do espaçamento da interferência máxima. A figura de interferência descrita pela figura 11 combina os efeitos de interferência e difração. Ambos são efeitos de superposição, já que resultam da combinação no mesmo ponto de ondas com diferentes fases. Quando as ondas se originam em um pequeno número de fontes coerentes como no experimento de dupla fenda com 𝑎 ≪ 𝜆, o processo é chamado de interferência. Quando as ondas se originam na mesma frente de onda, como no experimento com uma única fenda, o processo é chamado de difração. Esta distinção entre interferência e difração pode ser conveniente, mas não deve-se esquecer de que ambas resultam de efeitos de superposição e quase sempre estão presentes simultaneamente. No anexo 1 têm-se as figuras de difração de dupla fenda com a distância entre as fendas de 0,2, 0,4, 0,6 mm. Com o aumento da distância entre as fendas tem-se um número maior de máximos de interferências dentro do envoltório central de difração. Isto pode ser visto também de acordo com a equação: 13 Para calcular a espessura 𝑎 das fendas utiliza-se a equação 9 rearranjada. 𝑎 = 2𝑚𝐷𝜆 𝑦 ± 2𝑚𝐷𝜆 𝑦 ( ∆𝑦 𝑦 + ∆𝜆 𝜆 + ∆𝐷 𝐷 ) Para 𝑑 = 0,4 𝑚𝑚 tem-se que 𝑦 = (1,00 ± 0,05) 𝑐𝑚. Portanto, a espessura das fendas é 𝑎 = (2,27 ± 0,16 ) ∙ 10−4 𝑚. Para o cálculo da espessura da fenda, foi escolhido a placa de 𝑑 = 0,4 𝑚𝑚 visto que a placa de 𝑑 = 0,6 𝑚𝑚 apresentou uma escala de difícil precisão para as medidas. Como notado no anexo 1, a largura do máximo central de difração se modifica. Isso é explicado pela equação 3. Quanto maior é a distância 𝑑 entre as fendas, menor será o ângulo 𝜃, e quanto menor 𝜃 menor será o máximo central. 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚𝜆 Na equação 5, os máximos de interferência correspondem à condição 𝛽 = 𝑛𝜋 (𝑛 = 0, ±1, ±2, …). Substituindo estes valores de 𝛽 e o valor de 𝑠𝑒𝑛𝜃 na equação 5 obtém-se a separação ou a largura (Λ) entre máximos (ou mínimos) de interferência consecutiva. A separação entre as franjas adjacentes (Λ) é constante. Λ = 𝜆𝐷 𝑑 Para o cálculo da distância de 𝐷 ± ∆𝐷 mediu-se as franjas adjacentes a franja central para 𝑑 = 0,4 𝑚𝑚. Tabela 3 - Valores medidos da distância entre franjas adjacentes. Λ1 (𝑚𝑚) Λ2 (𝑚𝑚) Λ3 (𝑚𝑚) Λ4 (𝑚𝑚) Λ𝑚 (𝑚𝑚) δΛ (𝑚𝑚) 2,5 2,0 1,5 2,0 2,0 0,3 𝐷 ± ∆𝐷 pode ser cálculo por: 𝐷 = 𝛬𝑑 𝜆 ± 𝛬𝑑 𝜆 ( ∆𝛬 𝛬 + ∆𝜆 𝜆 + ∆𝑑 𝑑 ) A distância 𝐷 ± ∆𝐷 encontrada foi de (1,5 ± 0,3) 𝑚, sendo este valor discrepante em relação ao valor medido de 𝐷 = (213,00 ± 0,05) 𝑐𝑚. A diferença foi causada por erros relacionados a imprecisão nos instrumentos de medida das franjas adjacentes visto 14 que eram medidas muito pequenas. Para o cálculo da distância do obstáculo à tela de observação, foi escolhido a placa de 𝑑 = 0,4 𝑚𝑚 visto que a placa de 𝑑 = 0,6 𝑚𝑚 apresentou uma escala de difícil precisão para as medidas. Parte 3 - Difração por fendas múltiplas No experimento de fendas múltiplas ao variar o número de fendas de 𝑁 = 2 até 𝑁 = 10 observou-se que a largura dos máximos centrais de difração diminuiu. Isso pode ser comprovado pela equação 8 onde a distância entre o centro da linha e o primeiro mínimo de intensidade (∆𝑦) é inversamente proporcional ao número 𝑁 de ranhuras. Outra diferença notada com o aumento do número de fendas foi que os picos ficam mais estreitos, isso porque as linhas de difração são mais estreitas tornando a meia largura de linha Δ𝜃𝑚𝑙 menor. As redes de difração são usadas para determinar os comprimentos de onda emitidos por fontes luminosas de todos os tipos. Ao substituir o laser de luz verde por uma lanterna com luz branca na tela de 1000 fendas por milímetro foi possível observar uma luz branca no centro e ao lado um arco íris, conforme mostra a figura 12. Figura 12 - Espalhamento da luz branca para os diferentes comprimentos de onda na rede de difração. 15 Esse fato é observado pois a rede de difração distingue as linhas cujos comprimentos de ondas são muito próximos para linhas muito estreitas. Esse fenômeno é conhecido como resolução (𝑅). A resolução de uma rede de difração é dada por: 𝑅 = 𝑁𝑚 Como usou-se 𝑁 = 1000 obteve-se uma grande resolução sendo possível observar a separação dos comprimentos de onda da luz visível. As cores com maiores comprimentos de onda ficaram mais distantes da linha central pois com o aumento de 𝜆 tem-se um aumento no ângulo 𝜃, como mostra a equação seguinte. 𝑑 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚𝜆 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, foi possível observar o processo de difração por uma fenda simples, assim como definir equações para a abertura da fenda por onde a luz é difratada, a distância entre a fenda e o anteparo, e as distâncias entre o máximo central e os mínimos parciais. Umas das aplicações desses conceitos é na identificação de elementos químicos pela técnica de espectroscopia onde um feixe de luz é incidido sobre um elemento gerando um estudo da interação entre radiação e matéria como uma função do comprimento de onda. De fato, historicamente, espectroscopia referia-se a ao uso de luz visível dispersa de acordo com seu comprimento de onda por um prisma. Outra aplicação é o uso de hologramas que são criados iluminando um objeto com um laser e usando a luz espalhada pelo objeto para impressionar um filme fotográfico, sendo usado, como por exemplo, para evitar a falsificação de cédulas e cartões de crédito. Outra parte importante do experimento foi a visualização da rede de difração onde pequenas ranhuras espalham o feixe de luz branca como pode ser observado em um CD. Quando o CD é iluminado com uma fonte de luz branca a luz difratada forma faixas coloridas que representam as figuras de difração associadas aos diferentes comprimentos de onda da luz incidente. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: ótica e física moderna. Tradução e revisão bibliográfica de Ronaldo Sérgio de Biasi. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. P. 147-148. 2. Roteiros de Experiências. Física Experimental II, Engenharia de Produção e Química. São Mateus/ES.
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