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Artigo de Reação O Estado de Exceção

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Artigo de Reação – Estado de Exceção
Jonas Barato
O Estado de Exceção é uma situação oposta ao Estado de direito, decretada por um governante em situações de emergência nacional, como quando sob grave ameaça à ordem constitucional democrática ou calamidade pública. Qual o verdadeiro risco de se adotar o Estado de exceção num país democrático (e regulado por uma Constituição) e como isso se assemelha da aplicação de um Estado de Exceção numa monarquia absolutista?
Um Estado que adota uma Constituição procura garantir, por essa, os direitos sociais e civis, para seu povo, o qual escolhe seus representantes (na maioria das vezes) democraticamente, e, quiçá, adotando sufrágio universal, a exemplo do Brasil. Um governo que declara Estado de Sítio, por exemplo, passa a ter autoridade para suspender esses direitos adquiridos e instaurados pelo texto constitucional, a “norma primeira”, segundo as palavras de Hans Kelsen em sua obra Teoria Pura do Direito. Sendo assim, um governante que declara que seu país deve adotar essa maneira de Estado, incorpora o poder de, por meio de decretos, realizar atos, que podem não considerar os direitos fundamentais dos cidadãos. Em Estado de Sítio, um decreto poderia suspender temporariamente a ação do Congresso, por exemplo, como já ocorrido durante o período da Ditadura Militar Brasileira. Abrindo-se exceções ao governo, corre-se o risco de esfacelarem-se todas as conquistas que, ao longo do tempo, por meio de lutas sociais, foram alcançadas pelo povo, ou mesmo por seus representantes no governo. Dá-se o “direito” de um presidente tornar-se o Estado (como no absolutismo francês de Luís XIV), ao invés de governá-lo, o que seria um gigantesco retrocesso perante o sistema democrático. Já numa monarquia absolutista, o governante (monarca) pode realizar o que quiser e como quiser, como o fizeram diversos absolutistas nos séculos passados. A vigia realizada pelo direito, num Estado de Direito, para que se certifiquem de que a lei está sendo aplicada para regulação dos atos não existe numa monarquia, bem como não existe num Estado de Exceção; ou seja, se manterá a liberdade para as atitudes que do governante provêm. Sendo assim, à semelhança de um Estado de Exceção aplicado a um anterior Estado de Direito, seria “legalizada” a utilização desmedida da força, bem como o descumprimento de preceitos fundamentais, sob o preceito de que a exceção do Estado de Lei (o Estado de Exceção), nesse caso, seria justificada pelo desejo de alcançar o bem maior, uma melhoria na situação da população do Estado em questão. Dessa maneira, o Estado de Exceção aproxima-se imensamente da monarquia absolutista, retirando a voz do povo em predileção da vontade do presidente, bem como ocorre na atual política brasileira.

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