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RESENHA - DEMOCRACIA OU BONAPARTISMO (Losurdo)

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RESENHA
LOSURDO, D. DEMOCRACIA OU BONAPARTISMO. TRIUNFO E DECADÊNCIA DO SUFRÁGIO UNIVERSAL. TRAD. DE LUÍS SÉRGIO HENRIQUES. SÃO PAULO/ RIO DE JANEIRO, ED. UNESP / UFRJ, 200.
Thaís Alves Tavares 20172530027
1) Discuta a defesa do sufrágio universal como mito da democracia liberal. 
Losurdo demonstra que a democracia e o voto universal, que foram arrancados ao liberalismo econômico e político, são conquistas de amplos movimentos sociais. A defesa do sufrágio censitário (em oposição ao sufrágio universal), do colégio uninominal (oposição à representação proporcional) e o tratamento das massas trabalhadoras como "crianças", "bestas de cargas" são algumas das propostas antidemocráticas; o autor argumenta o debate da constituição dos direitos e explora as resistências dos teóricos liberais e elitistas em aceitar a participação políticas das classes trabalhadoras. A universalização do sufrágio foi um momento decisivo no processo da emancipação humana.
2) O que Domenico Losurdo define como emancipação e des-emancipação das classes populares? 
Losurdo se empenha em desconstruir o caráter linear dado a relação entre emancipação política e a sua posterior desemancipação pela concepção evolucionista da tradição liberal. Esse processo se refere aos obstáculos enfrentados pelos diferentes estratos sociais em diferentes países e épocas é ilustrado nos primórdios do regime representativo moderno na Inglaterra e França. O autor cita Loboulaye e diz que o sufrágio pode ser perigoso, pois só pode ser considerado bom se os cidadãos sejam sábios, moderados e amigos da justiça e da verdade; critica o fato de o voto ser aberto à homens que não tem instrução, o que pode causar desajuste. 
Segundo Hayek, para haver democracia não tem de haver reconhecimento de todos os direitos políticos; ideais como esse são utilizados para justificar a discriminação censitária. Losurdo enxerga, no processo de des-emancipação, de implementação da democracia diante das RIs, a iminente oscilação entre duas tentações:
1. bonapartismo planetário, utilização dos meios de comunicação e o gradativo desaparecimento das organizações, Nova Ordem Internacional;
2. discriminação censitário cometida para com os países mais pobres.
Dessa forma, trata-se de um reflexo das raízes imperialistas, dominantes e controladores, mostrando que mesmo frente ao um dito processo de des-emancipação, tudo acaba por permanecer no âmbito teórico, assim como o ideal da democracia.
3) Por quais razões Losurdo acredita que o modelo eleitoral de representação proporcional e o sistema multipartidário contribuem para a emancipação das classes populares, enquanto os sistemas uninominal e bipartidário favorecem o domínio do poder pelas elites? 
Para apresentar sua preferência pela representação proporcional e o sistema multipartidário, Losurdo cita Kelsen, o mesmo se diz descrente em qualquer regime bonapartista, um povo inteiro não pode sentir-se representado por apenas um líder. Kelsen defende a democracia, mas associada à representação partidária, excluindo o colégio uninominal, fazendo com que todos os indivíduos tenham o mesmo valor político; quando existe um único indivíduo eleito, a ideia de representação do povo perde necessariamente a última aparência de fundamento, a representação uninominal cria um líder local, marginalizando os partidos que são a estrutura básica da democracia.
Junto com o sufrágio universal, a representação proporcional e o sistema multipartidário, chamados a dar concretude ao princípio "um homem, um voto", é reivindicada através de apelo à "Declaração dos Direitos do Homem, que confere a qualquer direito de participar, 'pessoalmente ou mediante o próprio representante', da elaboração da lei" (Losurdo apud Huard, 2004, p.213). A partir dessa declaração, Losurdo usa uma citação de Lachapelle:
A representação proporcional [...] é o complemento lógico do sufrágio universal, do qual Lamartine deu a seguinte definição: "o direito e igual para todos os cidadãos e é absoluto. Nenhum cidadão pode dizer a outro: sou mais soberano do que você!". Para que este princípio seja aplicado, é necessário que o valor representativo de cada sufrágio seja o mesmo, que o voto de um eleitor radical tenha o mesmo valor que o de um eleitor socialista ou de um eleitor moderado, e vice-versa. Ora, esté claro que tal resultado só pode ser alcançado atribuindo a cada fração importante do corpo eleitoral uma representação proporcional ao número dos votos de que ela dispõe, e não decidindo que será apenas a maioria dos eleitores a ser representada em cada circunscrição. (Lachapelle, 1911, p. 36 ss.)
Schmitt observa que o voto uninominal torna possível uma relação pessoal do eleitor com um líder reconhecido, enquanto que o voto em lista, se proporcional, abole a relação pessoal, reforçando o poder da organização de partido. Losurdo expõe que o colégio uninominal possui 3 vantagens para o bonapartismo:
I. personalizando a luta eleitoral, dissolve o partido em indivíduos;
II. reproduz a relação entre o líder carismática, por um lado, e massa amorfa e desarticulada por outro;
III. faz de cada deputado representante não da nação, mas apenas o representante de um colégio local ou dos interesses neles predominantes; permite ao presidente-imperador destacar-se acima de todos, como único intérprete da nação.
4) Como a personalização do poder e a centralidade do líder carismático contribuem para a interdição do debate político? 
As características do bonapartismo ficam claras com Napoleão. Segundo Losurdo, ele enxerga na massa a fonte de poder. A força de um regime estaria no fato dele ser popular. A tática é simples, Napoleão se dizia representante da nação e não dos partidos. Depois, ele compara os partidos, grupos políticos organizados e os órgãos de imprensa a ele ligados com os instrumentos de coerção e de sufocamento da espontaneidade do eleitorado, o qual deve "libertado" de tudo isto para se entregar à relação direta com o líder carismática e indiscutido da nação. Luís Napoleão, reintroduz o sufrágio universal, mas no âmbito de um regime em que o momento “democrático” se limita a aclamação plebiscitária de um líder carismático e inconteste, que desvencilhado de partidos, sindicatos e de qualquer obstáculo, fala diretamente ao povo e pretende ser seu intérprete exclusivo. 
É necessário destacar que o bonapartismo usa os preceitos tanto dos liberais como dos republicanos para manter o poder do líder carismático. Outro dado apontado por Losurdo é que a personalização do poder e a celebração do líder carismático também encontram sua expressão no âmbito da qual começa a se fazer sentir o culto ao herói solitário e ao gênio que se coloca bem acima da banalidade e da mediocridade comum e diante do qual as massas são como material em estado bruto. A arma utilizada para controlar as massas e obter grande sucesso é a propaganda publicitária que cria a imagem do líder e dos seus adversários. 
Losurdo enuncia que o fim dos partidos rígidos culmina com a despolitização das massas, a perda do debate político e abre campo para o líder governar uma multidão criança. O autor evidencia que os meios de democracia direta podem ser utilizados para a legitimação de uma liderança carismática, de um líder, além do fato que o discurso da defesa da democracia direta não soluciona a questão do direito das minorias, a defesa de um pluralismo político.
5) Qual é o papel da propaganda no modelo de poder bonapartista? Aborde a importância do controle dos meios de comunicação de massa na eficácia da estratégia de construção de uma opinião pública hegemônica.
No último capítulo de seu livro, Losurdo diz que a propaganda em massa serve para unificar o pensamento das pessoas, por meio de mensagens com baixo conteúdo ideológico, mas com alto poder de persuasão indireta. O triunfo do bonapartismo soft se dá pela existência de um líder ao centro, fortalecido pela investidura popular do tipo plebiscitário, amplos poderes que exerce e que pode estender com o estado de exceção, figura da busca constante da liberdade,e dispondo de um gigante aparelho propagandístico e de persuasão oculta a seu favor.
Em seu entendimento, seriam característicos do bonapartismo: a normalização do estado de exceção, o militarismo, o anticomunismo, o caráter plebiscitário dos processos eleitorais, o constante apela às massas por parte dos chefes de Estado, a personalização do poder político e seu correlato culto à personalidade, a forte propaganda política, a ideia de uma "missão imperial" conduzida por um líder e a "exportação do conflito" por meios bélicos. Losurdo desabafa, descrente na existência da democracia, uma vez que a mídia, os parlamentares, a elite, tudo conspira pela manutenção da não participação popular legítima.

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