Buscar

impugna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE OSASCO – SÃO PAULO.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Proc. n. 2009.63.06.005076-4
RESTABELECIMENTO DE AUXILIO DOENÇA
 
 
 
 
MARLENE GOMES DOS SANTOS, já qualificada nos autos do processo que move em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, por seus advogados subscritos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, impugnar o laudo pericial, de acordo com as razões de fato e direito a seguir expostas:
 
A autora alegou e provou, através de laudos médicos, ser portadora de pressão grave, com sintomas psicóticos, variando o diagnóstico da doença (CID F 91+ F28 + F 33.8).
 
Assim, fez-se necessária a realização de perícia médica. Contudo, o laudo pericial não merece acolhida, haja vista que em apenas uma consulta e, sem solicitação de exames complementares, é impossível constatar a incapacidade laborativa da autora.
 
Insta observar o laudo médico em anexo, datado de 29/03/2010, o Dr. Emmanuel Oluwatuyi, CRM 74649, afirma, categoricamente, que a autora não possui condições laborativas, confrontando, assim, o laudo pericial emitido pelo jurisperito. Veja-se:
 
 
DO QUANTO DISPOSTO NO LAUDO MÉDICO EMITIDO PELO DR. EMMANUEL
 
 
1. A autora apresenta distúrbio de condutas, desde criança, caracterizados por comportamentos agressivos
 
2. O comportamento psicótico da autora persiste até o presente momento.
 
3. A autora tem dificuldades de relacionamentos interpessoais.
 
4. A autora já esteve internada em hospital psiquiátrico, com acompanhamento neurológico.
 
5. A razão de vários diagnósticos ocorre em virtude de ainda estar sendo investigado o problema psiquiátrico da autora, com hipóteses de epilepsia, transtorno mental e comportamental, devido à doença física.
 
6. O especialista, ainda, afirma que testemunhou período de delírio alucinativo persistente em aproximadamente 04 ou 06 meses.
 
7. Por fim, o laudo é categórico ao afirmar que “MARLENE APRESENTA PROGNÓSTICO VARIÁVEL E, EM FUNÇÃO DE SEU RELACIONAMENTO DIFICIL COM OS DEMAIS, TEM SE PREJUDICADO NO QUE ATINGE A SUA CAPACIDADE PRODUTIVA
 
 
 
 Ora Excelência, a perícia médica realizada por perita judicial mostra-se imprestável, cingindo-se a responder, de modo sintético, aos quesitos. Ademais, é notório que para uma melhor analise das doenças de cunho psicológicas, fazem-se necessárias várias consultas médicas.
 
 A título de exemplificação, imagine-se uma pessoa portadora de distúrbio bipolar. Sabe-se que estas pessoas, de forma periódica, mudam de comportamento. Em alguns dias estão bem, noutros dias apresentam crises de pânico ou depressão. Em outras palavras, pessoas como a autora têm comportamento psiquiátrico variável. Assim, resta evidente que é impossível, em uma única consulta médica, identificar-se o problema de saúde da autora. 
 
 
 Não se olvide o costumeiro procedimento do perito. (ele já tem um laudo padrão, pouco importando a subjetividade do periciando) Aliás, infelizmente, todos os peritos judiciais vêm adotando um mesmo formulário, o que representa acentuada desídia, uma vez que nem se dão ao trabalho de emitir o proprio laudo. Valem-se, outrossim, do método “copia cola”.
 
Cabe salientar a complexidade do caso em apreço, que requer uma perícia acurada, isto é, para um completo, adequado e preciso diagnóstico sobre a enfermidade da autora, faz-se necessárias várias análises, exames e acompanhamentos, pois, conforme é cediço, hoje o paciente apresenta características saudáveis, ao passo que, amanhã, poderá está em estado de profunda crise.
 
Repisa-se, é temerário atestar, em decorrência de uma única consulta, que a autora está apta ao trabalho, sem levar em consideração os laudos médicos apresentados, inclusive, o Laudo que ora se anexa aos autos.
 
 
 
Laudos médicos divergentes não justifica suspensão de benefício previdenciário - in dubio pro misero
 
 A despeito de o laudo médico, apresentado pela perita judicial representar uma réplica de tantos outros apresentados pelos peritos, que não se debruçam sobre o assunto e nem se atêm às doenças dos periciados, limitando-se a transcrever formulários já prontos, demonstrando exacerbada desídia, há, contudo, no presente caso, um outro laudo médico emitido por um profissional competente, que destoa do posicionamento da douta júris perita, cuja cópia acosta-se, neste ato.
 
 Dessa forma, resta evidente que alguém está mentido. Isto é, ou o perito judicial, que demonstrando desídia, apresentou um laudo que, aliás, já vem sendo apresentado por todos os demais peritos, independentemente de quem seja o periciado. De outro lado, um médico que a moléstia da paciente, há .... anos é totalmente divergente do laudo apresentado pela perita judicial.
 
 Assim sendo, urge indagar: QUAL LAUDO MERECE MAIS CREDIBILIDADE, O LAUDO DE UM PERITO JUDICIAL QUE É APRESENTADO, DA MESMA FORMA E EM QUALQUER CASO, INDEPENDENTEMENTE DE QUEM SEJA O PERICIADO, EIS QUE JÁ ESTÁ PRONTO, OU O LAUDO DE UM PROFISSIONAL QUE REALMENTE EXAMINOU A PACIENTE E CONSTATOU A DOENÇA?
 
 No caso em apreço, observa-se que dois profissionais emitiram pareceres diversos, conflitantes e divergentes. Por outro lado, sabe-se que só existe uma verdade. Nesse passo a divergência entre laudos médicos já vêm sendo, há muito, enfrentada pelas jurisprudências conforme a seguir transcrito:
 
 
 
Nº do processo: 20090020051282AGI a 2ª Turma Cível deu provimento a um agravo de Instrumento para restabelecer-lhe o pagamento de benefício previdenciário. A decisão unânime foi respaldada no princípio basilar da infortunística, segundo o qual na incerteza dos fatos deve-se sempre beneficiar o segurado.
A autora afirma que em maio de 1998, após o diagnóstico de LER nos membros superiores, obteve a concessão de auxílio doença acidentário - benefício que perdurou até julho daquele ano. Em abril de 1999, passou a receber auxílio doença previdenciário, cujo pagamento ocorreu até agosto de 2007, quando o INSS determinou a cessação de tal pagamento, obrigando-a a retornar ao trabalho. Todavia, voltou a requerer o auxílio em janeiro de 2008, uma vez que não houve melhora em seu quadro clínico. Tendo o benefício sido negado, tanto na via administrativa quanto em ação liminar, a autora interpôs agravo de instrumento a fim de modificar a decisão. 
O INSS, por sua vez, defende a manutenção da liminar proferida, afirmando que os laudos produzidos por profissionais do seu quadro atestam a plena recuperação da autora, viabilizando a retomada de suas atividades laborativas. Ressalta, ainda, que os mencionados laudos consubstanciam-se em documentos oficiais e revestem-se de presunção de veracidade. 
Ao proferir voto favorável à concessão do benefício, a desembargadora relatora registra a evolução cronológica do diagnóstico da autora, com os seguintes dados constantes no processo: 2004 - laudo de ultrassonografia realizado na rede de saúde pública sugere processo inflamatório em ambos os membros superiores; 2005 - relatório médico da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal consigna que a paciente padece de tendinite crônica; ainda em 2005 - relatório elaborado pela Universidade Católica de Brasília (onde a paciente foi admitida na Clínica Escola de Fisioterapia) registra edema, limitação da amplitude de movimento, fraqueza muscular e limitação de movimento da cervical; 2007 - submetida a programa terapêutico experimental na instituição de ensino, não apresentou melhoras, sendo consignado na oportunidade, que não haveria previsão de alta; 2008 - relatório médico do Centro Clínico de Diagnóstico atesta que a autora não apresenta condição clínica para exercitar suas funções laborais habituais. 
Diante de tais fatos, a relatora ressalta entendimentodo TJDFT no sentido de que "havendo dúvida acerca da capacidade laborativa do segurado, ante a discrepância das conclusões estampadas em diferentes laudos médicos, há que prevalecer aquele que for mais benéfico ao trabalhador, consoante jurisprudência". A magistrada destaca, ainda, que o perigo de lesão grave e de difícil reparação é evidente, uma vez que, estando a autora inviabilizada de retomar as atividades profissionais habituais, "é certo que, sem a percepção de salário e sem o benefício que lhe vinha sendo destinado, sua subsistência estará, inquestionavelmente, comprometida". Além disso, caso seja constatado que se encontra efetivamente incapacitada, o retorno ao trabalho poderá trazer-lhe consequências físicas ainda mais gravosas, conclui. 
Assim, em razão da dúvida quanto à capacidade laborativa da autora e, principalmente, ante o caráter alimentar de que se reveste o benefício pretendido, os desembargadores decidiram manter o pagamento do auxílio previdenciário, até que a questão seja suficientemente esclarecida na ação originária. Para se alcançar tal objetivo, os julgadores determinaram, ainda, que a autora seja submetida à perícia, que deverá ser realizada por profissional vinculado à Vara de Ações Previdenciárias, a fim de dirimir quaisquer dúvidas. 
 
Por derradeiro, deve ser observada a medicação que a autora faz uso, ou seja, observa-se que ela faz uso de medicamentos chamados popularmente de tarja preta, são medicamentos que, nas doses terapêuticas, produzem efeitos colaterais de grande significância. Quem utiliza esses medicamentos tem uma atenção prejudicada e não podem desenvolver atividades onde a atenção é muito necessária.
 
 
CONCLUSÃO
 
Tem-se dois Laudos Médicos conflitantes, um emitido por um profissional cuidadoso, que se valeu de vários exames, consultas e acompanhamentos que se protraíram no tempo e, de outra banda, tem-se um laudo emitido por alguém que busca receber honorários periciais, valendo-se do famoso método “copia-cola”, para emitir um laudo, sem nenhum critério e sem nenhum exame ou acompanhamento, para descobrir a doença da autora.
 
Assim, tendo certeza de que Vossa Excelencia tem acesso a vários laudos médicos emitidos pelo perito judicial em apreço, com certeza, Vossa Excelencia perceberá que ele adota laudo padrão, com que objetivo, não se sabe. 
 
 
Face o exposto, impugna-se o laudo pericial, ante a sua imprestabilidade. Requer-se a total PROCEDENCIA da ação, nos exatos termos dos pedidos formulados na exordial.
 
Nestes termos,
Pede deferimento.
 
 
São Paulo, 30 de Março de 2010.

Continue navegando