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O PAPEL DA ENGENHARIA CIVIL EM UMA SOCIEDADE DESIGUAL

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O PAPEL DA ENGENHARIA CIVIL EM UMA SOCIEDADE DESIGUAL
APRESENTAÇÃO
Este trabalho cumpre exigência para avaliação da disciplina de Sociologia. Aborda o tema “O Papel do Engenheiro em uma Sociedade Desigual” e está dividido em 5 capítulos: 01. Introdução, 02. A Responsabilidade do Engenheiro, 03. A Engenharia Civil, 04. Globalização, Dependência e Exclusão Social - O Caso Brasileiro, 05. Ações Sociais de Engenheiros da Sinduscon, e 05. ANEXOS.
01. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo, na primeira parte mostrar que as responsabilidades do engenheiro civil não estão estagnadas somente em construções de prédios ou outras obras, mas também tem um papel fundamental na sociedade.
Na segunda parte apresentamos um esboço de como a globalização vem afetando a realidade brasileira. Caracterizamos brevemente o fenômeno atual da globalização, analisando aspectos econômicos, políticos e culturais que lhe são inerentes e apresentando um conjunto de suas consequências para os países do Terceiro Mundo. Na primeira seção consideramos a trajetória dos modelos de desenvolvimento adotados no Brasil nas últimas décadas, a transformação das mediações de hegemonia política no país, a exclusão social e a alienação cultural provocada por estes movimentos, enfatizando o modo como a nação vem se submetendo às medidas globalitárias e adotando o neoliberalismo. Na segunda seção, referimo-nos a elementos da teoria que suporta a conduta do governante Fernando Henrique Cardoso e a algumas práticas globalitárias adotadas em sua eleição e em seu governo. Na terceira seção, analisamos como vem se acentuando a negação das liberdades democráticas (públicas e privadas) sob o capitalismo atual. Na quarta seção apresentamos alguns elementos da construção de uma alternativa de esquerda - socialista, ecológica, democrática e popular - ao presente cenário brasileiro, apontando algumas iniciativas de transformação social. Por fim, na conclusão, apresentamos alguns equívocos da teoria econômica de Fernando Henrique que, em razão dos quais, pode ser tomada como um suporte ideológico na justificação do modelo de desenvolvimento neoliberal que o país vem adotando, acentuando a dependência e subserviência externa. 
02. A Responsabilidade do Engenheiro
I - Considerações Preliminares sobre a Responsabilidade
A vida em sociedade, necessariamente, impõe ao homem um sentimento gregário, manifesto através do relacionamento com outros homens.
Seja do ponto de vista meramente relacional ou mais propriamente profissional, surge como fenômeno decorrente uma espécie de contrapartida social de todos atos praticados, implicando na necessária assunção dos efeitos daí decorridos. Surge então a figura da responsabilidade. 
Intimamente relacionada com toda manifestação da atividade humana em sociedade, percebese que ela não é fenômeno que diga respeito exclusivamente ao mundo jurídico, relacionando-se a todos os domínios da vida social. Assim, se o homem, intimamente, acusar a ocorrência de máconduta ou máação, estará diante de uma responsabilidade moral. Se em seu relacionamento cotidiano frente outros homens, afastarse das prescrições estatuídas no Ordenamento Jurídico, estará diante da responsabilidade propriamente dita ou jurídica. 
A expressão responsabilidade (do latim respondere, da raiz latina spondeo = ‘responder a’; ‘comprometer-se’; ‘corresponder a compromisso, ou a obrigação, anterior’), na precisa acepção de JOSÉ DE AGUIAR DIAS, exprime a idéia de equivalência, de contraprestação, de correspondência, sendo possível, diante disso, fixar uma noção, sem dúvida, ainda imperfeita, de responsabilidade no sentido de repercussão obrigacional da atividade do homem. (1) Conseqüentemente, a responsabilidade jurídica é a resultante direta da ação pela qual o homem manifesta seu comportamento tendo em vista uma obrigação imposta pela Lei. G. MARTON (2),  compôs uma definição bastante precisa da responsabilidade:
Responsabilidade é a situação de quem, tendo violado uma norma qualquer, se vê exposto às conseqüências desagradáveis decorrentes dessa violação, traduzidas em medidas que a autoridade encarregada de velar pela observação do preceito lhe imponha, providências estas que podem ou não estar previstas. 
PONTES DE MIRANDA, um dos próceres destacados da teoria jurídica pátria, vê no conceito de responsabilidade um aspecto próprio da realidade social, a partir de um processo de adaptação das relações que surgem e se desenvolvem na sociedade consolidado na sanção. Nessa perspectiva, se destaca a noção apriorística de responsabilidade, corporificada na fórmula latina neminem laedere, da qual adveio o princípio jurídico da proibição de ofender (3). 
A partir desse entendimento, a responsabilidade civil pressupõe uma perturbação de caráter individual que afeta diretamente a esfera patrimonial, coisa que conduz necessariamente a reparação do eventual dano imposto, isto por razões de pleno interesse social. Assim, o dano suportado por um determinado indivíduo inserto em sociedade, implica em repercussão considerável perante a coletividade, vindo a afetar o bemestar de seus membros, motivo pelo qual deve obrigatoriamente ser reparado em sua mais ampla plenitude, tudo tutelado pelo Direito. 
II – A Culpa e o Dano
No desenvolvimento genérico da noção de responsabilidade civil, ao longo da história, destaca-se o dever de reparar o dano causado. A esse respeito, em nosso Sistema Jurídico, vige o princípio da responsabilidade fundado na teoria da culpa, originando a denominada responsabilidade subjetiva. 
A essência da responsabilidade subjetiva assenta-se, fundamentalmente, na pesquisa ou indagação de como um determinado comportamento adotado por um agente, contribui para o prejuízo sofrido pela vítima. Assim, não é considerado apto a gerar o efeito ressarcitório um fato humano qualquer. Somente será gerador deste efeito uma determinada conduta, que a ordem jurídica reveste de certos requisitos ou de certas características, implicando necessariamente num abalo ao patrimônio alheio. (4) 
A culpa, em sentido amplo, pode ser definida como sendo a violação de um dever preexistente, originando um dano a outrem. Nesse particular, a dano surge como sendo a ofensa que uma pessoa causa à outra resultando na diminuição ou destruição de seu patrimônio juridicamente tutelado. É a consolidação do princípio romano: “Damnum et damnatio et quasi deminutione  patrimonii dicta sunt”. (5)Noutras palavras, a culpa consiste numa ação irrefletida do agente sem a necessária cautela, deixando de adotar as precauções recomendadas pela experiência como capazes de prevenir eventuais resultados lesivos.
Nesse particular, necessário destacar-se a regra geral para a aferição da responsabilidade civil, estatuída no Art. 159, do Código Civil Brasileiro:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
É a fórmula originária aquiliana, que persiste ao longo dos séculos pela precisão de sua concepção.
A respeito da culpa, assevera ALVINO LIMA:
“A culpa continua a ser em princípio, o fundamento básico da responsabilidade aquiliana, embora se lhe tenha ampliado o conceito, usando-se critérios técnicos para o alargamento de seu âmbito de ação”. (6)
Da noção de culpa, emergem suas modalidades: há imprudência quando o agente procede precipitadamente ou sem prever integralmente os resultados de sua ação; há negligência, quando existe omissão de certas etapas procedimentais, cuja realização teria evitado o resultado danoso; há imperícia, quando ocorre inaptidão ou conhecimento insuficiente do agente para a prática de determinado ato. Sinteticamente, imprudência é fazer demais, negligência é fazer de menos e imperícia é fazer mal feito ou errado.
Decorrente da Teoria da Culpa, basicamente, o dano é o resultado lógico de uma cadeia causal composta, de um lado, pelo lesado; de outro, pelo agente que provocou o dano e unindo ambos pólos deve ficar perfeitamente caracterizado o nexo causalou seja, o vínculo que une o lesado ao agente lesionador concretizado pela ocorrênciade uma conduta culposa.
Juridicamente, dano, derivado da expressão latina damnum, significa todo mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a outrem, da qual possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa dele ou um prejuízo a seu patrimônio.(7) 
MAZEAUD e TUNC, sobre o mesmo tema, sustentaram que  “não é suficiente, para que seja exigível a responsabilidade civil, que o demandante haja sofrido um prejuízo, nem que o demandado tenha agido com culpa. Deve reunir-se um terceiro e último requisito, a existência de um vínculo de causa e efeito entre a culpa e o dano; é necessário que o dano sofrido seja a conseqüência da culpa cometida" (8). 
O ponto nuclear da culpa é a previsibilidade. Destarte, é a previsibilidade ou evitabilidade do resultado indesejado que condiciona a ilicitude da ação culposa. Por previsibilidade, deve-se entender a capacidade de previsão dos eventos passíveis de ocorrerem segundo as regras técnicas ou da experiência.
III - A Responsabilidade Civil e o exercício da Engenharia
III.1 – Preliminarmente
Desde os primórdios da civilização, a atividade de transformação permanente do homem em seu habitat, provocou com o decorrer do tempo determinadas especializações que propiciaram o surgimento gradual do que hoje conhecemos por profissões.
No Antigo Testamento, encontramos menção ao trabalho como um castigo imposto por Deus para a expiação do pecado original. Com a transformação do mundo bíblico, no Novo Testamento, contrariamente, o ócio é condenado, erigindo-se o trabalho como utilidade social, santificando-o como meio de alcançar a vida eterna (9). 
Em Roma e na Grécia, havia uma desvalorização generalizada do trabalho, fosse ele de natureza manual ou intelectual.
Com o advento do cristianismo, houve uma alteração radical no sentido de valorizar o trabalho como forma de coadjuvância na obra da criação divina. 
Na idade média e no renascimento, a necessidade de planejar e construir as cidades, redundou no desenvolvimento da urbanística, valorizando o trabalho dos arquitetos e engenheiros.
Avançando um pouco mais na história, com a diferenciação acentuada das atividades profissionais gerando assim os múltiplos ofícios, tivemos o surgimento dos Colégios Profissionais, dotados de poder político e social, que editavam normas sobre o exercício do ofício propriamente dito. (10)
O desenvolvimento técnico científico e a difusão profissional, já na idade moderna e contemporânea, conduziram a uma valorização das profissões liberais, basicamente com os contornos sócio jurídicos que hoje possuem. 
III.2 - A Profissão de Engenheiro
A profissão de engenheiro, hoje, no Brasil, está regulamentada pela Lei Nº 5.194, de 24/12/66, sendo normatizada e fiscalizada pelo sistema formado pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA e pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA’s, conforme os Arts. 24 e 25, da Lei Instituidora.
É oportuno  destacar o Inciso XIII, do ARTIGO 5º da Carta Magna. Diz o citado dispositivo Constitucional: 
“( ...)
ARTIGO 5º ................................................................................................................
( ...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício, ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; (...)”
Pelo princípio constitucional da recepção, a Lei Nº 5.194/66, por apresentar compatibilidade com os imperativos da CARTA DE 1988,  foi recebida pela mesma, tendo sua força legal convalidada, representando a Lei fundamental que disciplina e regulamenta a atividade do engenheiro no País.
Operacionalmente, o CONFEA, agindo como comando hierárquico centralizado do sistema, de conformidade com o que dispõe o Art. 26, da Lei Nº 5.194/66, disciplina todas as atividades profissionais, vez que existe para supervisionar, disciplinar e julgar as questões envolvendo a prática da engenharia no âmbito de sua competência.
Para que possam dar efetividade ao exercício do “munus” público do qual são dotados, na obtenção da segurança social, os Conselhos de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, com base na prerrogativa expressa que lhe confere o Artigo 27, alíneas ”c”, “e”, “f” e “n”, da Lei Instituidora, exercem seu poder regulamentar e disciplinar através do Código de Ética Profissional do Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo.
Os campos de atuação profissional do engenheiro, conforme dispõe o Art. 1º, da Lei Nº 5.194/66, cingem-se basicamente:
a) ao aproveitamento e utilização de recursos naturais;
b) a meios de locomoção e comunicações;
c) a edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;
d) a instalações e meios de acesso a costas, cursos, e massas de água e extensões terrestres;
e) ao desenvolvimento industrial e agropecuário.
Esses campos de atuação possuem como atividades e atribuições profissionais ( Art. 7º, Lei Nº 5.194/66 ): 
a) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária;
b) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica;
c) ensino, pesquisa, experimentação e ensaios;
d) fiscalização de obras e serviços técnicos;
e) direção de obras e serviços técnicos;
f) execução de obras e serviços técnicos;
g) produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.
III.3 – A Responsabilidade Civil
Assim como nos outros casos que demandam uma análise fática dos eventos que podem culminar na obrigação ressarcitória, é o Art. 159, do Código Civil Brasileiro, o marco referencial inicial para o estabelecimento do necessário nexo causal entre a culpa e o dano.
O exercício da engenharia, assim como de outras profissões liberais, demanda necessariamente uma relação bilateral, comutativa e recíproca, materializando-se através de um contrato – Artigos 1.079 e seguintes, do Código Civil Brasileiro, ensejando a partir daí as conseqüências legais pertinentes – Artigos 1.056, do Código Civil Brasileiro. Consoante isso, o Estatuto Civilista, em seu Artigo 1.216, respalda a contratação de qualquer espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial.
A relação engenheiro/cliente é contratual, porque de um lado, temos alguém que toma um serviço específico; de outro, temos alguém que possui os conhecimentos necessários para prestar esse serviço; intermediando ambos, temos um liame comum, representado pelo objetivo a ser atingido pelo serviço prestado, que ao final redundará numa contrapartida econômica ao esforço profissional despendido. Assim, vemos caracterizados os elementos básicos de um contrato: as partes, o objeto e o preço.
Estabelecida a natureza da relação profissional, mister se faz abordar-se a primordial questão da responsabilidade que a envolve.
A responsabilidade civil do engenheiro, no âmbito do nosso Ordenamento Jurídico, está fundamentada, basicamente, sob dois Diplomas Legais: O Código Civil Brasileiro e as Leis Nº 5.194, de 24/12/66 e 6.496, de 7/12/77.
No Código Civil Brasileiro, Livro III, Direito das Obrigações, Título IV, Capítulo V, Dos Vícios Redibitórios (Arts. 1.110 a 1.106) e no Título V, Capítulo IV, Seção III, Da empreitada (Arts. 1.237 a 1.247), estão estatuídas as regras básicas que norteiam a responsabilidade do engenheiro.
O vício redibitório, na dicção da Lei Civil (Art. 1.101, C.C.), é todo aquele defeito oculto que torna a coisa imprópria ao uso ao qual foi destinada ou represente uma depreciação em seu valor. Transportando essa noção para a atividade profissional do engenheiro, pode-se dizer que o vício redibitório, ou defeito oculto, surge toda vez que o profissional executa de maneira imperfeita ou imprópria um contrato, vindo a produzir um resultado inadequado aos fins a que originalmente se propôs.
Mais específicas ainda são as normas civis relacionadascom a empreitada, instituto jurídico tipicamente voltado para as obras de engenharia, se bem que não exclusivamente.  
Na acepção técnico jurídica, instituto, do latim institutum, é a expressão usada para designar “o conjunto de regras e princípios jurídicos que regem certas entidades ou certas situações de direito”. (11)
Pelo contrato de empreitada, o empreiteiro (engenheiro ou construtor) ao contratar a construção de uma obra, poderá assumi-la integralmente, com o fornecimento de trabalho e materiais, ou parcialmente, somente com o fornecimento de trabalho. Nesse contexto, o trabalho, por imposição das Leis Nº 5.194/66 e 6.496/77, se reveste de alto conteúdo especializado, demandando um profissional habilitado para assumir a responsabilidade técnica pela obra. 
A Lei Nº 5.194/66, estabelece como condição indispensável para o exercício da engenharia, o registro do diploma de graduação em curso regular de engenharia no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA da jurisdição onde o profissional for exercer sua atividade (Art. 2º, § único, Lei Nº 5.194/66). Paralelamente ao registro profissional, indispensável, a teor da Lei Nº 6.496/77, a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART para a consecução da obra. A ART, para os efeitos legais, define os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia e será efetuada por profissional ou empresa construtora no CREA respectivo. 
Colocadas essas premissas, impende destacarmos especialmente a norma expressa pelo Art. 1.245, do Código Civil:
“Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se, não o achando firme, preveniu em tempo o dono da obra.”
O conteúdo da norma transcrita possui alguns elementos cuja compreensão torna-se indispensável para a caracterização da responsabilidade civil.
O primeiro deles refere-se a questão obrigacional. Diz o Art. 1.245, que a responsabilidade do profissional decorre do contrato. Essa assertiva deve ser entendida a partir do conteúdo do contrato de empreitada ou de construção da obra. Essa modalidade de contrato comporta  dois tipos de obrigações como já se disse: uma obrigação parcial, que inclui o trabalho de erigir a obra (Arts. 1º e 7º, Lei Nº 5.194/66) e outra, integral, que, além desse trabalho em si, envolve o fornecimento dos materiais necessários a sua consecução (Art. 1.237, C.C.). Se parcial, a responsabilidade  do engenheiro refere-se tão somente ao seu trabalho; se integral, a responsabilidade abrange também a escolha dos materiais.
Um aspecto que merece ser ressaltado é o relativo à concepção da obra. Muito embora o Código Civil não se refira expressamente aos vícios ou deficiências na concepção da obra, nem por isso ficam estes eximes de gerar a conseqüente responsabilização do profissional que a projetou. Se a Lei Civil apresenta uma deficiência normativa a esse respeito, deve-se lançar mão de uma visão sistemática do Ordenamento Jurídico pertinente, onde a responsabilidade é imanente ao exercício profissional, defluindo das normas regulamentadoras da engenharia como atividade técnica especializada. 
Outro elemento imanente à norma está relacionado com o prazo dentro do qual a responsabilidade ocorre: cinco anos.  Esse prazo necessita de uma correta interpretação para que não pareça colidente com o prazo vintenário, constante do Art.177, do Código Civil.
No âmbito da doutrina jurídica, dois institutos relacionados ao fenômeno temporal destacam-se: a decadência e a prescrição. A prescrição representa a perda do direito de ação, isto é, do direito de alguém ir buscar o pronunciamento judicial para ver dirimido um conflito de interesses. Já a decadência, é o perecimento do direito em si mesmo considerado, positivado pelas normas substantivas constantes do Ordenamento Legal.  
A fixação do prazo qüinqüenal, face o Art. 177 citado, representa a estipulação de uma presunção legal de responsabilidade pela solidez e segurança da obra, assim como também em função dos materiais utilizados. Noutras palavras, esse prazo representa uma garantia para a obra, um direito objetivo do contratante em se ver ressarcido por problemas conceptuais e de execução da mesma.
O prazo de cinco anos estabelecido pela norma é decadencial, representando a perda do direito da presunção de responsabilidade. Assim, a responsabilidade decorrente do Art. 1.245, se perfectibiliza bastando ao contratante da obra provar o fato, enquanto o engenheiro/construtor só se exonera se provar a culpa exclusiva do proprietário, caso fortuito ou força maior, nos termos da Lei Civil, Art. 1.058. 
Tendo fluido o prazo qüinqüenal, decai o direito de invocação da presunção de responsabilidade, restando ao contratante ou dono da obra, a discussão com base no Art. 159, da Lei Civil, pelo prazo vintenário (Art. 177, C.C.), onde a prova da culpa é uma incumbência daquele, que deverá caracterizar adequadamente a cadeia causal para a formação da culpa.
O Superior Tribunal de Justiça, objetivando dirimir eventuais dúvidas remanescentes com relação ao entendimento da norma constante no Art. 1.245, estabeleceu a Súmula Nº 194:
 “Prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos da obra”.
03. A Engenharia Civil
O Engenheiro Civil cuida de todas as construções ligadas à vida nas cidades, como edifícios, casas, rodovias, barragens, ferrovias, portos ou grandes usinas de geração de eletricidade. Cabe à Engenharia Civil a responsabilidade pela manutenção da civilização urbana. Entre os diversos ramos da Engenharia no Brasil, a Civil tem o maior grau de auto-suficiência, com capacidade de realizar qualquer tipo de obra no país, bem como atuar em diversos países estrangeiros.A habilitação em Engenharia Civil é dividida em dois PERÍODOS; nos primeiros entra a parte básica com ênfase nas disciplinas de Física, Química, Resistência dos Materiais, Matemática e Fenômenos de Transporte. No PERÍODO considerado profissionalizante onde as disciplinas são dividas entre cinco Departamentos: Estruturas; Hidráulica e Saneamento; Transportes; Geotecnia  e Arquitetura e Planejamento. Além das disciplinas técnicas, os alunos da Engenharia Civil estagiam em empresas, desenvolvem trabalhos em laboratório e elaboram projetos profissionais. Apesar de várias especializações possíveis na vida do Engenheiro Civil, o Curso propicia a mesma formação para todos os estudantes.  Existe também no Curso de Engenharia Civil uma preocupação com a pesquisa científica. 
04. Globalização, Dependência e Exclusão Social - O Caso Brasileiro
1. Um Breve Panorama Econômico, Político e Cultural da Globalização
O capitalismo, em sua atual etapa de globalização, em seus aspectos econômicos, políticos, informativo-educacionais e éticos, restringe cada vez mais o exercício das liberdades públicas e privadas da maioria da população mundial em benefício da liberdade privada dos que dispõem de capital. 
Sob o aspecto econômico, a humanidade assiste uma nova revolução tecnológica, com um fabuloso aumento de produtividade que, todavia, demanda menos trabalho vivo para a produção de um mesmo volume de mercadoria, gerando ao capitalista um volume maior de excedente que não pode ser reinvestido lucrativamente, em seu todo, na produção de uma maior quantidade de bens, pois não há mercado - isto é, pessoas com dinheiro - que possa consumi-los. Se tal reinvestimento ocorresse, a oferta seria muito superior à procura e a superprodução provocaria uma queda catastrófica nos lucros. Como consequência de tal modelo, têm-se o desemprego e o aumento capitais voláteis girando o mundo em busca de valorização sob taxas de juros elevadas. 
Com a disputa por mercados se acirrando internacionalmente têm-se, em contrapartida, uma concentração de capital cada vez maior - com certos grupos incorporado os grupos rivais ou dominando seusmercados - e uma internacionalização do capital, forçando as economias dependentes a uma inserção subordinada no mercado internacional.
Neste contexto, a organização de blocos econômicos e mercados comuns, criando uma peculiar regionalização do mundo, suprime mecanismos políticos de preservação das economias nacionais frente ao movimento dos capitais internacionais, gerando grandes mercados de diversas magnitudes e potencialidades face à competição internacional (ver tabela 1)
Algumas das novas tecnologias, como a biotecnologia e tecnologia dos materiais, vem permitindo a substituição de matérias-primas, enfraquecendo a posição internacional de países cuja economia centra-se em sua exportação. Além disso, notam-se mudanças na cadeia produtiva, com a concentração de capitais em diferenciados setores em razão das alterações tecnológicas e de estratégias empresariais. Com a restruturação e racionalização empresariais, têm-se a flexibilização do processo produtivo, que envolve novas formas de organização empresarial, de informalização e de precarização das relações de trabalho. 
Outro aspecto peculiar e inovador é a gênese de uma economia baseada no conhecimento, a economia centrada na produção e comercialização de bens intangíveis (softwares e objetos sígnicos, por exemplo) que supõem o valor de troca do conhecimento (que, entretanto, se reproduz sem necessitar de novo trabalho vivo). Estes elementos geram um outro quadro econômico, demandando novas especializações tanto nos países de capitalismo avançado quanto nos de capitalismo dependente, criando também novas formas de exclusão e uma nova forma de divisão internacional do trabalho. O setor de produção e comercialização de bens intangíveis vem se tornando o principal segmento de concentração de capital. 
Esse quadro de mudanças provocou o drama do desemprego e do emprego precário por toda a parte, uma vez que tais movimentos de transformação produtiva ocorrem em função do lucro - e não da redução da jornada de trabalho com distribuição de renda, da manutenção do emprego ou da cidadania - provocando, por um lado, a concentração da renda e, por outro, o aumento da pobreza e da exclusão social.
Em particular, a dependência que os países do Terceiro Mundo sofrem dos capitais externos sob esse modelo de globalização capitalista é cada vez maior, sendo sentida tanto no peso das dívidas externas e internas quanto nos sobressaltos das crises de fuga de capitais voláteis das bolsas de valores desses países.
Destaque-se também que urbanização verificada nas últimas décadas, nas regiões para onde se deslocam os investimentos capitalistas, acirra um conjunto de contradições urbanas que são agravadas pelo desemprego dos que não são incorporados por estas novas unidades produtivas ali instaladas, bem como, pela falta de políticas públicas no atendimento das demandas sociais, uma vez que os estados, cobrando menos impostos sobre as atividades econômicas, concedendo incentivos fiscais para o estabelecimento de novas empresas em certas regiões e pagando juros sobre dívidas internas e externas, têm menos recursos para cobrir tais despesas.
A contrapartida deste modelo de globalização é a acelerada degradação ambiental do planeta, com fenômenos de poluição do ar, solo, rios e mares provocados tanto pela busca incessante do lucro, operada pelo capital, quanto pela procura de paleativos para a sobrevivência, operada por populações marginalizadas. O consumo irresponsável de recursos não renováveis e a degradação dos ecossistemas aponta para dramáticas crises ecológicas com fenômenos de mudanças climáticas, desertificações, etc, que se fazem sentir com alterações climáticas em diversas regiões do planeta.
Por fim, a revolução digital em curso, proporcionada pelo desenvolvimento da informática, tende a interferir em medições econômicas, políticas e culturais da maior parte do mundo, possibilitando: a) a produção de mercadorias intangíveis que trafegam pelas redes digitais e que são reproduzíveis virtualmente, b) o desenvolvimento de novos mecanismos hegemônicos e contra-hegemônicos de informação que interferem nos cenários políticos e c) a interferência cultural que redes, como a Internet, começam a desempenhar. Aqui novamente se reencontram mecanismos de exclusão e de dominação cultural, em particular, sob a forma de dominação de padrões e sistemas que se impõem internacionalmente mesmo sem serem os melhores. O correlato econômico dessa imposição é o fluxo do capital acumulado pelos detentores dos padrões e sistemas, que tendo patentes e direitos de cópia sobre os mesmos, recebem valores por sua adoção e constante atualização. A desigualdade internacional e entre classes no interior das nações também é gritante no uso dos aparelhos e instrumentos de comunicação digital e analógica , que caracterizam as sociedades conectadas em rede (ver tabela 2). 
Assim, sob a lógica da globalização, economicamente considerada, as mediações materiais que poderiam ser disponibilizadas para ampliar a margem de exercício das liberdades pública e privada do conjunto da população do planeta - provocando uma sensível redução da jornada de trabalho e proporcionando incremento ao bem estar de todos - ficam sob o controle de um conjunto de agentes privados que amplia cada vez mais sua liberdade restringindo cada vez mais as liberdades dos demais. 
Politicamente, o mundo assistiu nas últimas duas décadas um processo de modernização conservadora, uma vez que as transformações que vêm ocorrendo no conjunto dos países conservam as clássicas estruturas capitalistas de organização social, reproduzindo as desigualdades econômicas já consideras. Neste sentido, o neoliberalismo torna-se um corpo doutrinário justificador de reformas políticas e econômicas que aparentemente visam promover a liberdade da sociedade civil, mas que, de fato, ampliam a liberdade dos grandes agentes econômicos internacionais, ao mesmo tempo em que restringem as liberdades públicas em sua dimensão material, seja pelo desmonte das mediações estatais estabelecidas com esse fim, seja pela subtração de mediações materiais a uma grande parcela da sociedade que fica desempregada e marginalizada do processo produtivo e de consumo. Em ambos os casos a liberdade pública fica prejudicada em benefício da liberdade do grande capital.
Com a queda do socialismo do leste europeu, uma nova geopolítica internacional suplanta o conflito leste-oeste pelo conflito norte-sul, ficando os países pobres e dependentes submetidos à política estabelecida pelas sete grandes potências do mundo, organizadas em blocos econômicos que se fecham sobre seus interesses, pressionando os demais países a adotarem políticas subservientes. A nova configuração geopolítica não apenas considera a importância de regiões estratégicas sob o aspecto de produção de matérias-primas (como no caso do petróleo do golfo pérsico) como sob o aspecto do cinturão de segurança que separa o norte rico das ondas de migrantes bárbaros do sul. Desse modo, o conflito leste-oeste vai sendo substituído pelo conflito entre norte e sul entre ricos e empobrecidos.
Com o fim da guerra fria alteram-se também os parâmetros de intervenção geopolítica. Certos organismos internacionais - como instâncias da ONU - tendem a perder importância frente a decisões das potências vencedoras da guerra do golfo que passam a definir critérios próprios para intervenções internacionais.
Emerge também o fenômeno da planetarização, caracterizando a interferência de nações sobre outras ou, mesmo, de setores da sociedade civil de diversos países pressionando outros países quanto a condução de suas políticas. A planetarização, contudo, tem servido mais aos interesses dos grandes capitais que aos interesses sociais, embora algumas pressões internacionais por direitos humanos, contra testes nucleares, entre outras ações, tenham significativa importância neste novo quadro. 
Destaque-se ainda que o globalitarismo, como esvaziamento substancial da democracia, se afirma em sociedades que sofrem alto impactodas mídias - em particular a TV - promovendo a manutenção de governos formalmente democráticos, eleitos e reeleitos com o concurso da formação da opinião pública através dos grandes meios comunicativos, que asseguram a hegemonia política do neoliberalismo, mesmo em meio à exclusão social que ele provoca. 
Em síntese, o neoliberalismo, politicamente, tem enfraquecido a capacidade de os governos promoverem políticas que assegurem a cidadania, ao passo que coloca como tarefa prioritária destes - em particular no caso dos países dependentes - assegurar a estabilidade de moedas nacionais, o que significa adotar, conforme este projeto, políticas de juro e câmbio que acabam por remunerar o capital financeiro com os recursos que poderiam, pelo contrário, ser investidos em saúde, educação, etc. O globalitarismo, por sua vez, virtualiza a prática política e fragiliza o controle substancialmente democrático do poder político que é intrumentalizado por uma razão formalizada. 
Sob o aspecto educativo e informativo, cabe considerar que, com o surgimento e desenvolvimento dos novos meios de informação e comunicação, o capitalismo adquiriu o estatuto de principal sistema semiótico modelizante. Em outras palavras, as novas mediações comunicativas permitem não apenas gerar signos mas agenciar interpretantes afetivos, intelectuais e energéticos que engajam as subjetividades em processos de produção, consumo e eleição, sob complexos fenômenos de alienação cultural nos quais as semioses hegemônicas, geradas pela conversão de capitais em signos, permitem uma recuperação ainda maior de lucro ou de prestígio político pelas ações humanas que desencadeiam gerando-se interpretantes de diversas ordens. 
Sob o aspecto da produção, a qualificação dos trabalhadores (para que operem com as novas tecnologias) e processo de reestruturação produtiva valem-se de inúmeras mediações pedagógicas, psicológicas e de outras ordens que estratificam os sujeitos sob novos papéis tais como colaborador, crítico, solidário, etc, situando em um novo patamar o processo de alienação no trabalho, colocando a serviço do capital territórios subjetivos anteriormente inexplorados, como a inteligência emocional. 
Sob o aspecto do consumo, a disputa por mercado implica em agenciar o consumidor, engajá-lo em determinados processos de consumo, o que exige uma intervenção comunicativa capaz de mover-lhe à aquisição de determinado produto e não outro, a recorrer a determinado serviço e não outro. Com tal finalidade geram-se publicidades, agenciando-lhe interpretantes afetivos, energéticos e intelectuais - o que coloca, também, em um novo patamar a alienação no consumo.
Com efeito, os agenciamentos semióticos e os processos produção de subjetividade não apenas constróem representações de mundo que são compreensões inadequadas da realidade objetiva, não apenas geram imaginários e utopias alienantes, como especialmente, criam canais de vazão de fluxos de desejos, medos, angústias e outras intensidades que são direcionados no movimento de reprodução do capitalismo, recapturando até mesmo as linhas de fuga do sistema sob sua semiose hegemônica. 
A Semiose Capitalística torna-se, assim, capaz de modelizar qualquer outro regime de signos ou ação sob a lógica do acúmulo privado. As estratificações subjetivas, isto é, demarcações de papéis sociais operados sob diversos regimes de signos das famílias, escolas, igrejas, clubes e demais instituições sociais que cumprem especial papel mediador educacional são modelizadas sob a lógica de reproduzir os ciclos do capital. Mesmo imagens de protestos sociais ou de ações subversivas podem ser modelizadas com a finalidade de reproduzir o capital, isto é, de gerar lucro sendo esvaziadas de seu conteúdo político, como ocorrem com inúmeras peças publicitárias que recuperam esses signos para a venda de mercadorias - como a recuperação da imagem de Chê Guevara para vender detergentes no Brasil - ou com a produção de filmes e seriados televisivos que geram bons retornos financeiros explorando temas políticos subversivos com leituras históricas distorcidas para tornar o enredo mais atraente e palatável ao público. De outra parte, as semioses simbólicas sobre os signos indiciais apresentadas nos telejornais fazem crer que inúmeras lutas por justiça social e em defesa dos direitos adquiridos pelos trabalhadores são motivadas por posições políticas retrógradas que dificultam a modernização econômica que beneficiaria a todos. Os interpretantes hegemônicos gerados sob as reformas neoliberais engajam a sociedade na defesa deste projeto agenciando, ilusoriamente, a esperança de dias melhores para todos.
Por sua parte, as políticas de financiamento internacional para a educação exigem reformas educativas que concebem a educação como mediação para o desenvolvimento econômico pela formação de capital humano ao invés de compreender a educação como mediação do exercício da cidadania - o que supõe não apenas a qualificação profissional, mas o desenvolvimento de habilidades críticas que permitam o exercício das autonomias singulares em meio aos conflitos e contradições sociais com vistas à construção da cidadania, em particular, no desmonte das semioses que agenciam as subjetividades e na singularização dos interpretantes afetivos, energéticos e intelectuais que permitem qualificar os exercícios de liberdade pessoal em sintonia com a expansão das liberdades públicas..
O mito de que o desemprego se resolve com a educação difunde-se massivamente, embora os que promovam tal difusão saibam que, mesmo havendo a qualificação do conjunto dos excluídos e marginalizados, não haverá lugar para todos no processo produtivo capitalista - o que já se nota pela quantidade de doutores, técnicos e outros profissionais qualificados que não conseguem nele inserir-se.
Considere-se também que a privatização do ensino e a evasão escolar, premida pela necessidade de o jovem contribuir com o orçamento doméstico em meio à crise do desemprego, provocam exclusões dramáticas de amplos segmentos do acesso ao saber.
Por fim, os fenômenos de mundialização vem se expandindo, com manifestações culturais locais sendo recuperadas sob a espira do capital. Em contraposição, até o presente momento, ações culturais subversivas através de redes internacionais de comunicação ainda não conseguem, em geral, transitar da interferência cultural para intervenções de caráter político e econômico. 
Em síntese, o desenvolvimento de novas tecnologias e procedimentos educativos, que massivamente interferem no inconsciente das pessoas, possibilita um novo fenômeno hegemônico de condução da organização social, seja nos processos econômicos de produção e consumo, seja nos processos políticos de eleições democráticas. Compreendida basicamente como fator de produção pelos organismos internacionais de financiamento, a educação formal é esvaziada de seu papel qualificador do exercício da cidadania. Mesmo as instâncias tradicionalmente centrais no processo educativo como a família, a escola, as igrejas e os partidos perdem cada vez mais terreno frente às novas mídias que, institucionalmente, estão sob controle de grupos privados capitalistas que tratam a informação e a cultura como mercadoria e não como mediações do exercício ético da liberdade. 
Considerada sob a perspectiva ética, a globalização propõe a iniciativa dos agentes privados em função de seu interesse particular como a referência da conduta que contribui para o bem coletivo, uma vez que a mão invisível do mercado faria com que ao buscar o seu bem privado o indivíduo contribuísse para a realização do bem comum. Desse modo, um individualismo exacerbado atravessa o conjunto das relações sociais e as subjetividades vão ficando cada vez mais insensíveis ao sofrimento alheio. Graças a um solidarismo virtual, os indivíduos podem mesmo discretamente chorar ao assistir um drama semioticamente bem montado sobre crianças em um filme no cinema, mas não se comovem com as crianças sujas que vivem pelas calçadas nas ruas dos centros urbanos, cujoapelo estético está muito longe da beleza cinematográfica. Sob o aspecto da ética, portanto, podemos considerar que um individualismo exacerbado vai se afirmando promovido pelo neoliberalismo. Tal individualismo nega que a promoção da liberdade pública seja um imperativo ético para a conduta privada, desobrigando os indivíduos de preocuparem-se com transformações sociais que visem garantir a cada pessoa as mediações materiais, políticas, educativas e informacionais que lhe permitam exercer eticamente sua liberdade e realizar-se dignamente como um ser humano.
Alguns estudiosos têm analisado quais são as mais fortes conseqüências desse modelo de globalização para os países do Terceiro Mundo(3). Convém lembrar, todavia, que o processo de globalização inclui também em sua espira de desenvolvimento e enriquecimento algumas regiões dentro dos países do Terceiro Mundo e uma certa parcela da população em meio à totalidade social, razão pela qual o projeto neoliberal é defendido também por certas elites nos países do Terceiro Mundo. As conseqüências que apontamos a seguir consideram o conjunto das relações que afetam a maioria ou todas as pessoas, e não as possíveis vantagens de uma pequena parcela dos setores nacionais que se beneficiam do atual modelo de globalização. Estes itens, com algum cuidado, podem ser generalizados para os países ou regiões do Terceiro Mundo, considerando-se os demais aspectos já analisamos anteriormente, verificando-se a sua ocorrência em níveis variados caso a caso. 
1) Incorporação de empresas de capital nacional por empresas transnacionais em razão de não suportarem a concorrência, provocando a rápida desativação de várias unidades produtivas em razão destes grupos transnacionais produzirem sob novos procedimentos organizativos e com tecnologias mais avançadas, o que permite a produção de um maior volume de mercadorias com um menor número de trabalhadores empregados;
2) Subalternização de empresas de capital nacional que são contratadas de modo terceirizado pelas grandes empresas transnacionais que se instalam nos países periféricos e que, tendo uma estratégia mundial de crescimento, podem desativar grandes unidades a qualquer momento, deslocando-as para outras regiões, deixando, assim, as empresas locais terceirizadas à sua própria sorte, provocando graves conseqüências econômico-sociais. 
3) Com a depreciação do valor das matérias-primas em razão de inovações no setor de tecnologia dos materiais e de engenharia genética, que possibilitam a substituição de inúmeros tipos destas matérias ou a sua produção alternativa, ficam prejudicadas as economias dos países que têm na exportação de matérias-primas sua principal fonte de divisas;
4) Pressão de déficites na balança comercial dos países periféricos em razão de importação de tecnologias para a modernização do parque produtivo, bem como pela da degradação do valor dos produtos de exportação e, ainda, em razão dos instrumentos de âncora cambial adotados com a finalidade de manter estabilidade monetária e de não afastar capitais estrangeiros que atuam nos mercados de títulos públicos;
5) Dependência de tecnologias de ponta, especialmente da tecnologia da informação, ocorrendo significativas queimas de capital para importá-las; contudo, a sua rápida obsoletização exige repetidas importações sucessivas de bens tangíveis e intangíveis mais avançados, o que leva a uma fabulosa sangria de capitais, sem nunca atingir um grau de modernização de ponta nestes setores frente aos países de capitalismo avançado; 
6) As economias ficam dependentes dos fluxos de capital internacional, sobre os quais não têm autonomia; os fluxos de capitais voláteis, fictícios ou especulativos geram um clima de aparente estabilidade econômica que nada tem de duradoura, podendo gerar fortes crises ao sinal seguro de alterações no câmbio ou na taxa de juros que lhes reduza a rentabilidade;
7) Enfraquecimento do controle das economias nacionais pelos governos federais, em razão da internacionalização das finanças, bem como, pela acentuada penetração de capitais internacionais; 
8) Submetimento da economia nacional a variadas oscilações em razão da interdependência dos países nos blocos econômicos e mercados comuns que integram, ocorrendo pressões sobre determinados segmentos econômicos nacionais que ficam prejudicados por esses acordos; 
9) Acirramento dos desequilíbrios econômicos regionais, em razão das vantagens econômicas comparativas existentes em certas regiões dos países ou blocos que possuem maiores economias de aglomeração, melhores condições de infra-estrutura e maior facilidade de integração regional dentro dos mega-mercados;
10) Surgimento de ilhas de prosperidade, isto é, de algumas regiões em que o desenvolvimento econômico se acentua por nelas se investirem somas significativas de capital em atividades produtivas modernizadas que alavancam o crescimento local; 
11) Inchamento de cidades para onde os pobres se deslocam em movimentos migratórios em busca de emprego, assistência pública e melhores condições de vida, pressionando o surgimento de grandes metrópoles e megalópoles; 
12) Ampliação do montante das dívidas externa e interna em razão de empréstimos feitos para equilibrar pagamentos e rolagem de títulos;
13) Transferência para o exterior de poder sobre importantes decisões econômicas que envolvem investimentos e produção em amplos segmentos econômicos, principalmente os setores mais modernos, que ficam desnacionalizados em razão dos processos de privatizações; 
14) Perda da soberania das nações em razão de sua subordinação não apenas às regras da OMC, hegemonizada pelos países de capitalismo avançado, mas especialmente de sua subordinação às decisões das empresas industriais e financeiras multinacionais, bem como, aos interesses dos blocos econômicos dos quais o país faça parte;
15) Exclusão social de significativa parcela da população das diversas regiões dos países, parcela essa que não participa dos resultados do progresso econômico e social que ocorre nas ilhas de prosperidade. 
16) Desemprego em massa, como resultado do processo de modernização dos setores produtivos que se realiza com a finalidade de ampliar os níveis de produtividade e competitividade das empresas nos mercados interno e externo, introduzindo novas tecnologias e sistemas de gerenciamento.
17) Ampliação da informalidade e de práticas econômicas consideradas contravenção ou imoralidade, como contrabando, pirataria, narcotráfico, prostituição, trabalho infantil, etc.
18) Retorno de doenças infecto-contagiosas que já haviam sido controladas, por falta de investimentos públicos em saúde e infra-estrutura - água, esgoto, vacinação, etc.
19) Pressões de devastação ambiental, sendo o meio ambiente degradado tanto pela competição capitalista que busca maximizar lucros diminuindo custos, instalando no Terceiro Mundo as "indústrias sujas" - aproveitando brechas de legislação e fiscalização - quanto para promover alguma melhora imediata à vida das pessoas excluídas dos processo produtivos e da assistência por políticas públicas; 
20) Decomposição do tecido social ampliando-se as desigualdades sociais na distribuição de renda, no acesso às condições básicas de vida, no acesso e na qualidade de interpretação da informação, etc;
21) Agravamento dos indicadores da qualidade de vida;
22) Aumento da violência e criminalidade, em razão das tensões sociais provocadas pela exclusão econômica de significativas parcelas da população com necessidades elementares insatisfeitas e que, concomitantemente, são agenciadas pelas mídias a participarem de processos modelizados de consumo; 
23) Ameaça de convulsões sociais com desdobramentos político-institucionais que podem afetar os regimes democráticos liberais: saques, revoltas contra a ausência de políticas públicas, contra a falta de empregos, etc, podendo haver a ascensão de movimentos nacionalistas de direita que capitalizem tais insatisfações;
24) Perda nacional de referenciais culturais identificadores, em razão de fenômenostransnacionais de produção de subjetividade em que operam, especialmente, as mídias eletrônicas veiculando mensagens em tempo real pelo mundo todo, e em razão da publicidade que produz imaginários em torno de uma certa configuração de sociedade de consumo; 
25) Tendência dos regimes políticos tornarem-se mais globalitários, esvaziando-se a democracia de seu caráter de assegurar a liberdade pública, reduzindo-a aos ritos eleitorais com escolhas orientadas pelas mídias, à adoção legislativa de políticas que favorecem os grandes grupos econômicos transnacionais, à implementação executiva da modernização conservadora e ao exercício judiciário de assegurar a legalidade da imposição da nova ordem e, em casos extremos, como vem ocorrendo no Brasil, assegurar o repasse do patrimônio público aos grupos privados, manifestando-se favoravelmente à legalidade de processos de privatização e concorrências entre outros. 
05. Ações Sociais de Engenheiros da Sinduscon
Ação de Saúde e Cidadania
No dia 31 de maio foram beneficiados pelo Dia de Saúde e Cidadania da Construção Civil, nada menos que 4.500 pessoas, entre operários, funcionários das empresas de construção e seus familiares. Para se ter uma idéia, no ano passado, quando o evento foi realizado pela primeira vez, foram atendidas cerca de 2.500 trabalhadores, quase a metade do número alcançado este ano. A realização do Dia de Ação de Saúde e Cidadania foi liderada pelo presidente do Sinduscon/PE, Antônio Carrilho, e idealizada no primeiro semestre de 2002, pelas diretorias de Ação Social e Cidadania do Sinduscon/PE (Ângela Melo), de Saúde e Segurança do Trabalho (Renildo Guedes) e de Relações Trabalhistas (Érico Furtado) com a parceria da Presidente do Marreta, Dulcilene Moraes. Para tirar o projeto do papel, foram firmadas algumas parcerias indispensáveis para o seu êxito. Entre elas pode-se ressaltar o apoio do SESI/PE e da EMTU. Da organização à prática, levou-se apenas um mês.
Ação Social
Integrando Operário e Construtor
Confira aqui o resultado de alguns dos projetos desenvolvidos pela diretoria:
I Copa Sinduscon de Futebol
Um outro projeto da Diretoria de Ação Social e Cidadania do Sinduscon/PE foi a realização da I Copa Sinduscon de Futebol de Campo. Com o objetivo de promover uma maior interação não só entre patrão e empregado, mas também entre os próprios trabalhadores, além de ser uma forma de lazer a mais para o operário e sua família.
Concurso de Cartões de Natal
O concurso de pintura que deu origem ao Cartão de Natal do Sinduscon/PE deste ano foi lançado pela Diretoria de Ação Social e Cidadania no dia 03 de junho. Estavam concorrendo os trabalhadores da construção civil que cursaram as aulas de alfabetização nos canteiros de obras. Os 135 trabalhos inscritos foram julgados por uma comissão composta por artistas plásticos e catedráticos da área de design. No dia 17 de outubro foi realizada uma exposição com os 15 finalistas em mais uma formatura em alfabetização dos operários da construção.
Alfabetização 
Nos últimos quatro anos, já foram alfabetizados, em parceria com o SESI, 1.432 trabalhadores nos canteiros de obras, através do programa “Alfabetizar é Construir”.O carro-chefe da Diretoria de Ação Social e de Cidadania da entidade busca alfabetizar o trabalhador tornando-o mais apto a exercer as suas funções e praticar a sua cidadania. A construtora participante do Programa arca com todas as despesas de lanche, salário da professora, aquisição de material didático e a estrutura física das salas.A aulas são realizadas durante seis meses, no turno da noite. O SESI contribui enviando professores para os canteiros e supervisionando o desempenho das turmas. O que motiva o construtor a aderir cada vez mais ao programa é o fato de que sabendo ler e escrever, o operário ganha condições para participar de cursos de capacitação e prevenção de acidentes no trabalho, além de dar um novo sentido à sua cidadania.
06. ANEXOS

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