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Direito Penal – Parte Especial – OAB
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Direito Penal – Parte Especial – OAB – 2ª edição / 
Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Edi-
tora IOB, 2013.
ISBN 978-85-63625-16-8
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Crimes contra a Vida, 9
1. Aspectos Constitucionais dos Crimes contra a Vida, 9
2. Homicídio Simples, 10
3. Homicídio Privilegiado, 11
4. Homicídio Qualificado – Parte I, 12
5. Homicídio Qualificado – Parte II, 14
6. Homicídio Culposo, 15
7. Infanticídio, 16
8. Induzimento, Instigação e Auxílio a Suicídio, 17
9. Aborto, 18
10. Hipóteses Permissivas do Aborto, 19
11. Aborto de Feto Anencéfalo, 20
12. Crimes contra a Vida – Questões Finais, 21
Capítulo 2 – Das Lesões Corporais, 23
1. Lesões Corporais, 23
2. Lesão Corporal Grave, 25
3. Lesão Corporal Grave – Antecipação do Parto, Incapacidade 
Permanente e Enfermidade Incurável, 26
4. Lesões Corporais Gravíssimas, 28
5. Lesão Corporal Seguida de Aborto I, 29
6. Lesão Corporal Seguida de Aborto II, 31
7. Hipóteses de Diminuição de Pena e Lesão Corporal Privilegiada, 32
8. Lesão Corporal Culposa, 34
9. Lesão Corporal Culposa no Trânsito e Violência Doméstica, 35
10. O Crime de Lesões Corporais Perante a Lei nº 12.720/2012, 37
Capítulo 3 – Da Periclitação da Vida e da Saúde, 39
1. Perigo de Contágio Venéreo, Perigo de Contágio de Moléstia 
Grave e Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem, 39
2. Abandono de Incapaz e Exposição 
ou Abandono de Recém-nascido, 41
3. Omissão de Socorro, Condicionamento de Atendimento Médico-
hospitalar Emergencial e Maus-tratos, 42
Capítulo 4 – Crimes contra a Honra, 44
1. Crimes contra a Honra – Introdução, 44
2. Elementos Objetivos e Diferenciações, 45
3. Tipo Objetivo, 46
4. Sujeitos dos Crimes, 47
5. Tipo Subjetivo do Crime e Tentativa de Injúria, 48
6. Exceção da Verdade e Intimidade da Vítima, 49
7. Exceção da Verdade e Exceção de Notoriedade I, 50
8. Exceção da Verdade e Exceção de Notoriedade II, 51
9. Exclusão – Hipóteses, 53
10. Calúnia, Difamação e Injúria – Retratação, Pedido de Explicações 
e Ação Penal, 54
Capítulo 5 – Dos Crimes contra a Liberdade Individual, 56
1. Dos Crimes contra a Liberdade Individual: Constrangimento 
Ilegal e Ameaça, 56
2. Sequestro e Cárcere Privado, 58
3. Violação de Domicílio (Arts. 150 a 154 CP e Lei nº 9.099/1995), 61
Capítulo 6 – Crimes contra o Patrimônio, 64
1. Furto – Bem Jurídico Tutelado, 64
2. Consumação do Crime de Furto, 65
3. Furto Simples e Furto Privilegiado, 66
4. Furto – Causa de Aumento de Pena e Qualificadora, 67
5. Qualificadoras do Furto, 68
6. Furto de Coisa Comum, 68
7. Princípio da Insignificância, 69
8. Furto de Uso, 70
9. Furto – Aspectos Processuais, 70
10. Roubo Próprio, 71
11. Roubo Impróprio, 72
12. Causas de Aumento de Pena no Crime de Roubo – Parte I, 73
13. Causas de Aumento de Pena no Crime de Roubo – Parte II, 74
14. Roubo Qualificado, 75
15. Extorsão – Elementares Típicas, 76
16. Extorsão Qualificada, 77
17. Extorsão Mediante Sequestro, 78
18. Extorsão Mediante Sequestro – Crime Hediondo e Delação 
Premiada, 78
19. Estelionato – Art. 171, Caput, 79
20. Estelionato Privilegiado e Ilícito Civil, 80
21. Estelionato – Outras Fraudes e Súmulas, 81
22. Estelionato – Diferença de outros Tipos Penais, 82
23. Receptação, 83
24. Receptação – Forma Qualificada e Culposa, 84
25. Imunidade Penal, 86
Capítulo 7 – Dos Crimes contra a Dignidade Sexual, 87
1. Estupro – Introdução – Elementos, 87
2. Estupro – Forma Omissiva – Tipos, 88
3. Estupro – Conflito de Leis, 90
4. Estupro – Tipo subjetivo – Consumação, 91
5. Estupro – Forma Qualificada, 92
6. Estupro – Causas de Aumento – Ação Penal, 93
7. Estupro de Vulnerável, 95
8. Estupro de Vulnerável – Modalidades, 96
9. Estupro de Vulnerável – Tipo Subjetivo – Consumação – Forma 
Qualificada – Conflito de Leis, 97
Capítulo 8 – Dos Crimes contra a Família, 99
1. Previsão Constitucional de Família, 99
2. Bigamia, 100
3. Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento, 101
4. Conhecimento Prévio de Impedimento, 102
5. Simulação de Autoridade para Celebração de Casamento, 103
6. Simulação de Casamento, 104
Capítulo 9 – Crimes contra a Paz Pública, 105
1. Incitação ao Crime, 105
2. Apologia de Crime ou Criminoso, 106
3. Associação Criminosa, 107
4. Constituição de Milícia Privada, 107
Capítulo 10 – Crimes contra a Fé Pública, 109
1. Falsificação de Documento Público e Particular, 109
2. Falsificação de Documento Público e Particular – Espécies de 
Documento – Condutas Típicas, 110
3. Falsificação de Documento Público e Particular – Tipo Subjetivo 
– Consumações – Particularidades, 112
4. Falsidade Ideológica, 113
5. Diferença entre Falsidade Ideológica e Falsidade Material, 114
6. Uso de Documento Falso, 115
7. Falsa Identidade, 117
Capítulo 11 – Crimes contra a Administração Pública, 119
1. Peculato, 119
2. Peculato – Elementos Subjetivos – Consumação, 120
3. Peculato Furto e Peculato Culposo, 122
4. Peculato Mediante Erro de Outrem, 123
5. Concussão, 125
6. Excesso de Exação, 126
7. Corrupção Passiva, 127
8. Corrupção Ativa e Corrupção Passiva, 129
9. Corrupção Passiva Privilegiada –Prevaricação, 130
10. Resistência, 132
11. Desobediência, 133
12. Desacato, 135
13. Tráfico de Influência e Exploração de Prestígio, 136
14. Denunciação Caluniosa, Comunicação Falsa de Crime ou de 
Contravenção, 138
15. Falso Testemunho, 140
Capítulo 12 – Crimes contra a Administração da Justiça, 142
1. Arts. 338 e 339 do CP, 142
2. Arts. 340 e 341 do CP, 143
3. Arts. 342 e 343 do CP, 144
4. Arts. 344 e 345 do CP, 145
5. Arts. 346 e 347 do CP, 147
6. Arts. 348 e 349 do CP, 148
7. Arts. 349-A e 350 do CP, 149
8. Arts. 351 e 352 do CP, 150
9. Arts. 353 e 354 do CP, 151
10. Arts. 355 e 356 do CP, 152
11. Arts. 357 e 358 do CP, 153
12. Art. 359 do CP e Questões, 154
Capítulo 13 – Dos Crimes contra as Finanças Públicas, 157
1. Lei de Responsabilidade Fiscal – Bem Jurídico Tutelado, 157
2. Crimes contra Finanças Públicas I, 159
3. Dos Crimes contra as Finanças Públicas II, 161
4. Crimes contra as Finanças Públicas – Art. 359-D, 163
Capítulo 14 – Crimes contra a Organização do Trabalho, 165
1. Crimes contra a Organização do Trabalho – Introdução, 165
2. Bem Jurídico e Competência, 166
3. Atentado contra a Liberdade de Trabalho (Arts. 197 e 198), 167
4. Atentado contra a Liberdade de Trabalho (Art. 198), 168
5. Atentado contra a Liberdade de Associação (Art. 199), 169
6. Paralisação do Trabalho Seguida de Violência ou Perturbação da 
Ordem (Art. 200), 170
7. Paralisação do Trabalho de Interesse Coletivo (Art. 201), 170
8. Invasão de Estabelecimento Industrial, Comercial ou Agrícola – 
Sabotagem, 171
9. Frustração de Direito Assegurado por Lei Trabalhista, 172
10. Frustração de Lei sobre a Nacionalização do Trabalho (Art. 204), 173
11. Exercício de Atividade com Infração por Decisão Administrativa 
(Art. 205), 174
12. Recrutar Trabalhadores, Mediante Fraude, com o Fim de Levá-los 
para Território Estrangeiro, 175
13. Art. 207 e Questões de Concurso,176
Capítulo 15 – Condicionamento de Atendimento e Fraudes em 
Certames, 178
1. Condicionamento de Atendimento Médico-hospitalar 
Emergencial e Fraudes em Certames de Interesse Público, 178
Capítulo 16 – Crimes Informáticos, 181
1. Crimes Informáticos – Introdução, 181
2. Art. 154-A do CP, 182
3. Arts. 154-A e 154-B do CP, 183
4. Arts. 266 e 298 do CP, 184
Gabarito, 186
Capítulo 1
Crimes contra a Vida
1. Aspectos Constitucionais dos Crimes 
contra a Vida
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudados aqui os aspectos constitucionais destes crimes.
1.2 Síntese
A vida humana é um bem importante e, portanto, é protegida pelo Direito. 
O bem jurídico “vida humana” é protegida pelo Direito. 
A vida humana é representada no plano constitucional, no internacional 
e no legal. 
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No plano constitucional, tem-se no art. 5º que todos têm direito à vida. Ain-
da, a Constituição Federal prevê a vedação à pena de morte, como regra, mas 
excepcionalmente esta pena existe, em caso de guerra declarada. 
No plano internacional, encontra-se a proteção do direito à vida no Pacto 
de San José da Costa Rica. Ressalte-se que o Pacto referido, que é a formaliza-
ção normativa da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a partir de 
decisão do STF, ganhou status de norma supralegal, sendo superior ao Código 
Penal e inferior a Constituição Federal. 
É possível observar que o legislador selecionou condutas para que se proteja 
o bem mais importante, qual seja a vida. 
A vida tem término com a morte encefálica, pois o que prevalece é o previs-
to na Lei dos Transplantes. Esta é a morte juridicamente estipulada no Brasil.
O conceito de vida traz discussão. Faz-se necessário entender que o Direito 
põe a salvo, desde o momento da concepção, os direitos do nascituro, de acordo 
com o disposto no Código Civil. Assim, juridicamente, o Direito protege a vida 
humana desde a concepção, já que criminaliza o aborto, que é a interrupção 
da gestação antes do nascimento do feto. 
Para fins penais, é preciso que se observe uma classificação importante:
– Vida endouterina: significa a vida humana no interior da mãe. Aqui se 
trabalha somente com o aborto.
– Vida humana extrauterina: há três tipos penais para que se proteja a 
vida humana: infanticídio, homicídio e induzimento, instigação e auxí-
lio ao suicídio.
Exercício
1. A vida humana é considerada juridicamente extinta:
a) Com a morte pulmonar.
b) Com a morte cardíaca. 
c) Com a morte encefálica.
d) Nenhuma das anteriores.
2. Homicídio Simples
2.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, sen-
do estudado agora o homicídio simples.
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2.2 Síntese
O homicídio simples está previsto no caput do art. 121 do Código Penal:
“Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.”
O homicídio é crime contra a vida, porém não necessariamente doloso. O 
dolo no homicídio pode estar presente, ocorrendo quando a pessoa quer uma 
finalidade ou assume o risco deste resultado. Ainda, o homicídio pode ser co-
missivo (ação) ou omissivo.
Matar alguém é um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Da mesma forma, para ser vítima de um homicídio basta ser uma pessoa hu-
mana com vida.
Há algumas denominações especiais para o homicídio que devem ser ob-
servadas. 
A primeira é o parricídio, homicídio praticado contra o pai. O homicídio 
praticado contra a própria mãe é denominado matricídio. O homicídio pratica-
do contra o irmão recebe o nome de fratricídio. O homicídio praticado contra 
a esposa é denominado uxoricídio. O homicídio contra o feto recebe o nome 
de feticídio. 
Exercício
2. Assinale a alternativa incorreta:
a) O homicídio é punido tanto na forma dolosa quanto na forma culposa.
b) No homicídio o dolo pode ser direto ou eventual.
c) Homicídio sem a localização do corpo não é punível.
d) Parricídio é o homicídio do próprio genitor.
3. Homicídio Privilegiado
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, sen-
do estudado agora o homicídio privilegiado.
3.2 Síntese
O § 1º do art. 121 do Código Penal traz algumas situações em que o legisla-
dor entendeu pela diminuição da pena. Estabelece o dispositivo: “Se o agente 
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comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou 
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.”.
A pena da pessoa que aqui se enquadra sofre uma redução de um sexto a 
um terço, ficando a critério do magistrado. 
A natureza jurídica do homicídio privilegiado é uma causa especial de di-
minuição de pena. 
Quanto ao homicídio praticado sob relevante valor moral, tem-se como 
exemplo a eutanásia.
Em relação ao homicídio praticado por relevante valor social, trata-se de 
um motivo que busca ajudar toda a sociedade. Exemplo: sujeito que mata o 
traidor da pátria. 
É preciso entender os requisitos do homicídio privilegiado na questão do 
domínio de violenta emoção. Faz-se necessário que o sujeito esteja sob o do-
mínio de violenta emoção e que seja logo após injusta provocação. Se o sujeito 
estiver somente sob influência de uma emoção, por exemplo, haverá apenas 
uma atenuante genérica, prevista no art. 65, III, “c”, do CP (que serve para 
qualquer crime).
Ressalte-se que os requisitos do homicídio privilegiado passional são cumu-
lativos e não alternativos.
Ainda, o homicídio privilegiado nunca será hediondo, porém é possível ho-
micídio privilegiado qualificado. 
Exercício
3. Assinale a alternativa correta:
a) O homicídio privilegiado jamais será hediondo.
b) Reconhecido o privilégio, a redução da pena é facultativa;.
c) Reconhecido o privilégio ocorrerá a extinção da punibilidade.
d) A eutanásia qualifica o homicídio.
4. Homicídio Qualificado – Parte I
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o homicídio qualificado.
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4.2 Síntese
Qualificadora é um acréscimo na reprimenda do agente. A pena do homi-
cídio simples vai de seis a vinte anos e do qualificado dobra-se a pena mínima, 
indo de doze a trinta anos (pena máxima prevista).
Cumpre observar que não há previsão na legislação penal brasileira para o 
homicídio premeditado ser qualificado. Assim, homicídio premeditado não é 
qualificado, por ausência de previsão legal.
O art. 121, § 2º, II, traz o motivo fútil. Futilidade diz respeito a uma des-
proporção entre a pessoa ter escolhido matar uma pessoa e a razão do crime. 
Exemplo: sujeito mata o outro porque a vítima é canhota ou porque torce por 
determinado time.
O inciso I apresenta o motivo torpe. Torpeza significa repugnância, o su-
jeito mata o outro para receber dinheiro ou por qualquer outro motivo que 
cause repúdio nas pessoas. É preciso ressaltar que sempre que envolver quantia, 
dinheiro, o motivo é torpe. 
Um nome frequente na doutrina é o chamado homicídio mercenário, 
aquele praticado com finalidade lucrativa. Trata-se de motivo torpe e, portan-
to, qualificado.
Faz-se necessário observar que na Lei dos Crimes Hediondos, tem-se o ho-
micídio qualificado, existindo também o homicídio simples quando praticado 
em atividade típica de grupo de extermínio. 
Indaga-se se é possível matar alguém sem motivo algum. A primeira posição 
se dá no sentido de que matar alguém sem motivo caracteriza o motivo fútil. 
A segunda posição se dá no sentidode que não é qualificado, pois a legalidade 
estrita do Direito Penal prevalece.
Exercício
4. Assinale a alternativa correta:
a) Todo homicídio será crime hediondo.
b) A promessa de pagamento é motivo fútil.
c) A pena do homicídio fútil é menor que a pena do homicídio torpe.
d) A futilidade e a torpeza são qualificadoras motivacionais do ho-
micídio. 
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5. Homicídio Qualificado – Parte II
5.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado ainda o homicídio qualificado e os meios de execução.
5.2 Síntese
O inciso III do § 2º do art. 121 traz o emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum. A justificativa deste inciso é que a pessoa mata a vítima com sofrimen-
to intensificado e desnecessário. 
Na Lei de Tortura, a pena é aumentada quando ocasiona morte de quem 
está sendo torturado. No Código Penal, a pena do homicídio é aumentada 
quando a tortura é usada como meio para matar. A diferença entre as situações 
está no dolo do agente. 
O inciso IV traz a traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
O inciso V traz a situação em que o homicídio é cometido para assegurar a 
execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
É preciso entender que pelo princípio da taxatividade, se o sujeito pratica 
um homicídio para assegurar a execução de uma contravenção penal e não de 
um crime, não há incidência da qualificadora. 
Se a pessoa foi morta vítima de uma tocaia, trata-se de uma situação pre-
vista no inciso IV. 
Exercício
5. Não é meio insidioso ou cruel que qualifica o homicídio:
a) Veneno.
b) Explosivo.
c) Asfixia.
d) Premeditação.
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6. Homicídio Culposo
6.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o homicídio culposo.
6.2 Síntese
O homicídio culposo está previsto no § 3º do art. 121 do CP, tendo como 
pena a detenção, de um a três anos.
É preciso observar aqui que o homicídio culposo no trânsito está previsto 
no art. 302 do CTB.
A culpa pode ocorrer por negligência, imprudência ou imperícia. A negli-
gência lembra omissão. Imprudência se dá quando a pessoa é descuidada. A 
imperícia está direcionada à aptidão para desempenho de certas atividades que 
exigem um conhecimento técnico (ex.: engenheiro, médico).
O § 4º traz uma causa de aumento de pena relacionada ao homicídio cul-
poso: “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou 
se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo dolo-
so o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos”.
Nota-se que a parte final do dispositivo traz hipóteses de aumento de pena 
em caso de homicídio doloso, quando o crime for praticado contra pessoa me-
nor de 14 ou maior de 60 anos.
O § 5º trata do perdão judicial, que tem natureza jurídica de sentença de-
claratória de extinção da punibilidade do agente (Súmula nº 18 do STJ). Dessa 
forma, observa-se que o perdão judicial não gera reincidência. 
Em caso de perdão judicial, o juiz reconhece a existência do crime de 
homicídio, mas não aplica a pena se as consequências da infração atingirem o 
agente de forma tão grave que a pena se mostra desnecessária. 
O § 6º do art. 121 dispõe: “A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a 
metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação 
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.”. 
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Exercício
6. Sobre o perdão judicial no homicídio: 
a) Só cabe para o homicídio culposo.
b) Cabe para o homicídio privilegiado.
c) É exclusivo do homicídio no trânsito.
d) Não extingue a punibilidade do agente.
7. Infanticídio
7.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o nfanticídio.
7.2 Síntese
O infanticídio está previsto no art. 123 do Código Penal: “Matar, sob a 
influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos”.
O bem jurídico protegido é a vida humana, mas aqui há algumas peculia-
ridades. 
O sujeito ativo do delito é a mãe. O pai, matando o filho logo após o parto, 
responde por homicídio, já que não está sob a influência do estado puerperal, 
que é uma elementar típica do crime de infanticídio. 
A vítima do infanticídio é o próprio filho, durante ou logo após o parto. O 
momento em que se fala em infanticídio e não aborto é com o rompimento da 
bolsa e início da primeira contração. 
Ainda, a mãe pode praticar infanticídio por omissão, não dando o leite à 
criança, por exemplo. 
Ressalte-se que se trata de um crime próprio, ou seja, exige uma qualidade 
especial do agente delitivo, qual seja a mãe sob influência do estado puerperal. 
É importante entender que se a mãe mata o filho de forma acidental, 
responde por homicídio culposo, já que não existe infanticídio culposo. 
Outro ponto importante é que o nascimento com vida do recém-nascido é 
requisito para o infanticídio. 
Faz-se necessário observar, ainda, que o estado puerperal não se comunica. 
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Exercício
7. Assinale a alternativa correta quanto ao crime de infanticídio:
a) O feto em gestação pode ser vítima de infanticídio prematuro.
b) O requisito para o crime de infanticídio é o nascimento do recém-
-nascido com vida.
c) O estado puerperal pode acometer o pai da criança.
d) O médico obstetra pode ser autor do infanticídio. 
8. Induzimento, Instigação e Auxílio a 
Suicídio
8.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o induzimento, a instigação e o auxílio a suicídio.
8.2 Síntese
O art. 122 do CP traz o crime de induzimento, instigação ou auxílio a sui-
cídio. Ressalte-se que o suicídio não é crime; a responsabilidade é daquele que 
induz, instiga ou auxilia a pessoa a se matar. 
A pena para este tipo penal é reclusão de dois a seis anos se o suicídio se 
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta 
lesão corporal de natureza grave. 
A pena é duplicada em dois casos: havendo motivo egoístico e vítima sem 
capacidade de resistência ou com capacidade diminuída. 
Se a vítima for inimputável por doença mental, não podendo avaliar o sui-
cídio por conta própria, a pessoa que induz, instiga ou auxilia responde por 
homicídio. 
Havendo motivo egoístico, este deve estar ligado à pessoa que instigou, in-
duziu ou auxiliou, não podendo ser algo alheio à situação do criminoso. 
O ato de suicidar-se é um indiferente penal se for feito por contra própria, pois 
existe um princípio geral do direito que diz que o direito não pune a autolesão. 
Exceção: quando a pessoa pratica a conduta para fins de recebimento de seguro ou 
para fraudar a Previdência Social.
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Exercício
8. Assinale a alternativa incorreta sobre induzimento, instigação ou auxí-
lio a suicídio:
a) O suicídio é tipificado pela lei penal.
b) A instigação a suicídio acarreta a responsabilidade penal.
c) Caso o suicídio não aconteça, nem exista lesão corporal, não há 
crime.
d) Se o crimeé praticado por motivo egoístico a pena é duplicada.
9. Aborto
9.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o aborto.
9.2 Síntese
O aborto está previsto nos arts. 124 a 128 do Código Penal. Quem responde 
criminalmente pelo crime de aborto poderá ser a gestante ou um terceiro. A 
gestante responde quando pratica autoaborto ou aborto consentido. Já o tercei-
ro responde quando pratica com ou sem o consentimento da gestante. 
Note que existe uma gradação de penas quando se observa os dispositivos 
acima referidos.
Aborto é cessar a vida dentro do útero da mãe, pois tendo sido iniciado o 
trabalho de parto, os crimes serão de infanticídio ou homicídio, dependendo 
de quem cometeu o crime.
Ressalte-se que para se provar o aborto, é preciso que a perícia prove que há 
vida intrauterina.
Se uma manobra abortiva é praticada durante a gestação, mas a morte do 
feto ocorre após seu nascimento com vida, ainda assim há o aborto, já que a 
conduta abortiva ocorreu durante a gestação. No entanto, se o feto é expulso 
com vida, apesar das manobras abortivas, e o agente pratica uma nova conduta 
para matar a criança, há concurso material entre o aborto tentado e o homicí-
dio ou infanticídio consumado. 
Aborto causado por inobservância de um dever objetivo de cuidado, a ges-
tante não responde, já que não existe aborto culposo. Contudo, se um terceiro 
o pratica de forma culposa, o agente responde por lesão corporal culposa.
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O art. 127 traz a forma qualificada: “As penas cominadas nos dois artigos 
anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos 
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza 
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.”
O art. 126, parágrafo único, cuida do consentimento da gestante. É preciso 
entender que esta gestante deve ser maior e capaz. 
Exercício
9. São de competência do Tribunal do Júri:
a) O autoaborto.
b) Aborto com o consentimento da gestante.
c) Aborto sem o consentimento da gestante.
d) Todas as anteriores.
10. Hipóteses Permissivas do Aborto
10.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, sen-
do estudado agora o aborto e as hipóteses permissivas.
10.2 Síntese
Há duas hipóteses permissivas em lei: o aborto necessário e o aborto senti-
mental. 
O aborto necessário é aquele praticado pelo médico para salvar a vida da 
gestante. Ressalte-se que é permitido por lei quando for a única e última hipó-
tese para se salvar a vida da gestante.
A segunda hipótese é denominada aborto sentimental, que traz o caso em 
que a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Observe que é desnecessário que haja autorização judicial para que seja 
feito aborto em caso de estupro. Todavia, o médico pode solicitar a autorização 
para que confirme a gravidez resultante de estupro.
Ainda, não é preciso que o estuprador esteja sendo investigado pela polícia 
ou haja uma condenação transitada em julgado para que a gravidez seja inter-
rompida.
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Note, ademais, que o médico, no caso de aborto necessário, não está vincu-
lado ao consentimento da gestante. 
O aborto econômico é aquele em que a mãe mata o próprio filho ou con-
sente para que um terceiro o faça, pois não possui condições financeiras para a 
criação da criança. Tal modalidade não é permitida por lei.
O aborto honoris causa é aquele realizado para salvar a honra da gestante, 
não sendo este permitido pela legislação vigente. 
O aborto eugênico é aquele praticado quando se descobre, por exames mé-
dicos, que o feto tem malformação, sendo este também proibido pela legislação 
pátria.
Exercício
10. Assinale a alternativa verdadeira:
a) Para o aborto necessário, o médico necessita de autorização judicial.
b) Para o aborto sentimental, o médico necessita de autorização judicial.
c) Hipóteses de aborto legais dispensam autorização judicial por não 
caracterizarem infração penal.
d) Além da autorização judicial, o aborto sentimental requer consen-
timento da gestante.
11. Aborto de Feto Anencéfalo
11.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo estudado agora o aborto de feto anencéfalo.
11.2 Síntese
A questão do feto anencéfalo diz respeito à gestação de um conjunto de 
células em formato humano, destituído de vida. 
Durante a vigência da lei anterior a 1988, para a interrupção da gestação 
nesses casos, utilizava-se a ADPF como último recurso para o controle da cons-
titucionalidade. 
O STF entendeu que aborto é crime contra a vida e feto anencéfalo não 
possui cérebro, não possuindo vida. Não tendo vida no feto, não há crime con-
tra a vida e, portanto, interrupção de gestação de feto anencéfalo não é aborto. 
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Faz-se necessário entender que o STF não criou norma permissiva para a 
realização do aborto. 
A ementa da ADPF 54 dispõe:
ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica, surgindo abso-
lutamente neutro quanto às religiões. Considerações.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER 
– LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – DIGNIDADE – 
AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME – 
INEXISTÊNCIA. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção 
da gravidez de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, 
incisos I e II, do Código Penal.
Exercício
11. Na ADPF 54, o STF decidiu que:
a) O aborto de feto anencefálico não é crime.
b) O aborto de feto anencefálico é inconstitucional.
c) Não existe aborto em caso de anencefalia.
d) A vida humana começa com a fecundação.
12. Crimes contra a Vida – Questões Finais
12.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os chamados “crimes contra a vida”, 
sendo analisadas questões finais acerca do tema.
12.2 Síntese
Se o vírus HIV é transmitido a outra pessoa, de acordo com entendimento 
do STF, não há tentativa de homicídio, ainda que o vírus seja transmitido do-
losamente.
É possível que uma pessoa responda por tentativa de homicídio e homicídio 
consumado contra uma mesma pessoa, desde que em contextos diferentes. 
Se um militar mata um civil, a competência é da Justiça Comum, porém se 
um militar mata um militar a competência é da Justiça Militar. 
É preciso, ainda, diferenciar o crime de periclitação da vida e saúde de 
outrem da tentativa de homicídio. A resposta aqui está no dolo do agente. 
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Quanto ao crime de latrocínio, este não é crime contra a vida, trata-se de 
crime contra o patrimônio.
No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras repara-
ções: I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e 
o luto da família; II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os 
devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (art. 948, CC).
Exercício
12. Não é considerado por lei um crime doloso contra a vida:
a) Homicídio privilegiado.
b) Infanticídio.
c) Aborto.
d) Suicídio.
Capítulo 2
Das Lesões Corporais
1. Lesões Corporais
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas as lesões corporais, crimes previstos no 
art. 129 do Código Penal. Será vista a figura da lesão corporal simples, 
também chamada de lesão corporal leve.
1.2 Síntese
“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal seguida de morteV – aborto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis 
o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
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Diminuição de pena
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a in-
justa provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa: 
Pena – detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º No caso de lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre 
qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses 
dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121
Violência Doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, côn-
juge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospi-
talidade:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são 
as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço 
se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.”
A lesão será leve quando não produzir incapacidade para ocupações habi-
tuais por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, 
sentido ou função, aceleração de parto, incapacidade permanente para o traba-
lho, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou fun-
ção, deformidade permanente, aborto e lesão corporal seguida de morte, ou 
seja, o critério para que reste configurada a lesão leve é o critério da exclusão: 
há delito de lesão corporal leve sempre que o fato não se enquadra na descrição 
dos §§ 1º e 2º do art. 129, que definem as lesões graves e gravíssimas. 
Com o advento da Lei nº 9.099/1995, os crimes de lesões corporais leves e 
de lesões corporais culposas, continuam sendo de ação penal pública, porém, 
pública condicionada à representação do ofendido, conforme o art. 88 da Lei 
nº 9.099/1995.
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Exercício
13. (Técnico Judiciário TJ-MG – 2005) Tício, durante uma discussão com 
Mévia, sua esposa, desfere-lhe um disparo de arma de fogo, que a atin-
ge na altura do pescoço. Mévia, apesar de ferida, permanece com vida. 
No momento em que a vê ensanguentada, Tício, arrependido de haver 
efetuado o disparo, deixa de prosseguir na execução do crime de homi-
cídio e leva a esposa ao hospital mais próximo. O ferimento não afeta 
qualquer órgão, sentido ou função de Mévia, causando-lhe apenas feri-
mentos de natureza leve.
Considerando-se o caso descrito, é CORRETO afirmar que a conduta 
de Tício deve ser tipificada como:
a) Homicídio simples, na modalidade tentada. 
b) Lesões corporais graves. 
c) Lesões corporais graves, na modalidade tentada. 
d) Lesões corporais leves.
2. Lesão Corporal Grave
2.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas as lesões corporais, crimes previstos no 
art. 129 do Código Penal. Será vista a figura da lesão corporal grave, 
prevista no § 1º, do art. 129. 
2.2 Síntese
A lesão corporal de natureza grave está prevista no § 1º do art. 129 do Có-
digo Penal. Vejamos:
“Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.”
A lesão corporal de natureza gravíssima está prevista no § 2º do art. 129 do 
Código Penal e resulta da:
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“I – incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente.”
O crime de lesão corporal grave são aquelas lesões que são as lesões de 
vulto, grandes, ponderáveis. 
Exercícios
14. (Defensor Público da União – 2010) Para a configuração da agravante 
da lesão corporal de natureza grave em face da incapacidade para as 
ocupações habituais por mais de trinta dias, não é necessário que a 
ocupação habitual seja laborativa, podendo ser assim compreendida 
qualquer atividade regularmente desempenhada pela vítima. 
15. (Agente Federal da Polícia Federal – 2004) Em cada um dos itens se-
guintes, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada. 
Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em consequência, 
passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor 
praticou crime de lesão corporal de natureza grave, classificado como 
crime instantâneo. 
3. Lesão Corporal Grave – Antecipação 
do Parto, Incapacidade Permanente e 
Enfermidade Incurável
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas as lesões corporais, crimes previstos no 
art. 129 do Código Penal. Será vista a figura da lesão corporal gravíssi-
ma, prevista no § 2º, do art. 129. A rubrica do artigo não traz a denomi-
nação “gravíssima”, porém, é usual na doutrina e na jurisprudência o uso 
sistemático desta terminologia. 
3.2 Síntese
De acordo com o inciso IV, § 1º, do art. 129 do Código Penal:
“Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 1º Se resulta:
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IV – aceleração de parto: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.”
É indispensável do ponto de vista médico legal ou jurídico, que o produto 
da concepção venha à luz com vida. Se o feto morrer, o evento será o aborto, 
previsto no § 2º. 
A perícia deverá ser realizada tendo o vista a gestante e o feto. No feto, 
deverá ser provado que é prematuro e que nasceu vivo.
O crime de lesão corporal de natureza gravíssima tem suas hipóteses reu-
nidas no § 2º; são as espécies que pelo maior dano vital merecem retribuição 
penal mais elevada. São elas: 
I – incapacidade permanente para o trabalho; 
II – enfermidade incurável; 
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto. 
A incapacidade permanente para o trabalho, constante do inciso I, é o esta-
do de quem é ou está incapaz de realizar o trabalho. A impossibilidade deverá 
ser permanente. Entende-se por trabalho a atividade que o indivíduo exerce 
conscientemente para fins econômicos. Trabalho que deve ser honesto e lícito.
O inciso II traz a enfermidade incurável, que é a doença irremediável, ne-
cessita existir séria alteração na saúde. Tem como pressupostos:
a) está implícita a incurabilidade, pois é um fato consolidado;
b) está explícita que é a falta ou perturbação de uma ou mais funções, isto é, 
é a alteração ou abolição definitiva de uma ou mais funções, seja de 
natureza congênita ou não; 
c) está explícita que apesar do transtorno da função ou das funções, goza a 
pessoa de relativo grau de saúde.
Exercício
16. (Magistratura – SP – 2000) Pode-se aceitar como configurada a debi-
lidade permanente de membro se, em decorrência da lesão corporal 
sofrida, a vítima:
a) Sofre paralisia de um braço;
b) Perde um dedo da mão;
c) Perde uma das mãos; ou 
d) Perde totalmente um dos braços.D
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4. Lesões Corporais Gravíssimas
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os crimes de lesões corporais, previstos no 
§ 2º, do art. 129 do Código Penal, sendo especificamente estudadas neste 
capítulo as hipóteses de lesão corporal gravíssima, nas figuras dos seus 
incisos III, IV, quais sejam, as figuras da perda ou inutilização do 
membro, sentido ou função, e o inciso IV traz a hipótese de deformidade 
permanente. 
4.2 Síntese
O presente capítulo teve como objetivo o estudo do crime de lesão corpo-
ral de natureza gravíssima. As hipóteses previstas nos incisos III e IV cuidam 
das figuras da perda ou inutilização do membro, sentido ou função e, ainda, 
a deformidade permanente. O inciso III do § 2º do art. 129, menciona como 
resultados a perda ou inutilização do membro, sentido ou função. Essa perda 
tem o sentido de ablação, ou seja, a mutilação ou amputação de um membro, 
sentido ou função. A mutilação seria a hipótese causada por uma violência, e a 
amputação por aquela hipótese causada por uma cirurgia. A simples debilidade 
de membro, sentido ou função não constitui a lesão gravíssima deste inciso III.
Foi vista ainda a hipótese de cirurgia de mudança de sexo no transexual, 
não sendo considerada pela doutrina, tal perda de membro como uma lesão 
corporal gravíssima, pela evolução dos costumes e o consentimento do ofendi-
do. Em relação à cirurgia para mudança de sexo, ela é admitida pelo desenvol-
vimento da medicina. Percebeu-se que essa cirurgia traz grande melhoria na 
vida da transexual. 
Por fim, o inciso IV traz a hipótese de deformidade permanente. No as-
pecto objetivo, é o dano estético visível, duradouro e passível de causar vexa-
me. Deformar significa alterar a forma original e configura-se quando ocorre a 
modificação duradoura de uma parte do corpo humano da vítima. É posição 
majoritária ser a lesão visível e irreparável, e as condições da vítima devem ser 
levadas em consideração. Ex.: cicatrizes de larga extensão, perda de orelha, 
mutilação de nariz.
Em relação ao inciso V, cuida da possibilidade de aborto preterintencional, 
quando o agente quer apenas causar lesões corporais que causam o aborto. Se 
o agente deseja o aborto ou assume o risco de produzi-lo, responde pelo crime 
de aborto em concurso com delito de lesões corporais, com uma pena maior do 
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que a prevista para essa hipótese do inciso V. Portanto, o que está em questão 
é o dolo do agente. Se o dolo for o de causar o aborto, não há que se falar no 
inciso V.
Exercício
17. (Assessor Jurídico TJ – PI – 2010) João, com intenção de matar, agre-
diu José a golpes de faca, ferindo-o no abdome. Atendido por terceiros, 
José foi levado a um hospital. Quando estava sendo medicado, ocorreu 
um incêndio no hospital e José morreu queimado. Nesse caso, João 
responderá por:
a) Lesões corporais leves.
b) Lesões corporais graves.
c) Homicídio doloso.
d) Tentativa de homicídio.
e) Homicídio culposo. 
5. Lesão Corporal Seguida de Aborto I
5.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas os crimes de lesões corporais, previstos 
no § 2º, do art. 129 do Código Penal, sendo especificamente estudadas 
neste capítulo as hipóteses de lesão corporal gravíssima, nas figuras do 
seu inciso V, que cuida do aborto. 
5.2 Síntese
O crime de aborto qualificado nada mais é que um crime qualificado pelo 
resultado. O art. 129 do Código Penal prevê os crimes de lesão corporal de 
natureza gravíssima, na sua figura qualificada pelo aborto (inciso V). 
Temos neste inciso uma hipótese de crime preterdoloso (com o dolo na 
conduta antecedente e culpa na conduta consequente). A figura preterdolosa 
foi criada pelo legislador com o intuito de encontrar uma pena intermediária 
para esses casos dramáticos. 
Vejamos o art. 127 do Código Penal: “As penas cominadas nos dois artigos 
anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos 
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meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza 
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.” 
O art. 129 prevê a lesão corporal, propriamente dita, agravada pela figura 
do § 2º, inciso V, do art. 129, em que está previsto que a pena da lesão corporal 
será aumentada caso resulte aborto, com pena de reclusão de 2 a 8 anos, ao 
contrário da figura preterdolosa do art. 127, no qual há dolo na prática do abor-
to e culpa na eventual lesão corporal ou morte. 
Vejamos o art. 44 do Código Penal: 
“As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de 
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o 
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer 
que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade 
do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente.”
O sursis, suspensão condicional da pena, admite a possibilidade de sua apli-
cação nesses casos e não se refere ao crime ser cometido com violência ou 
grave ameaça. Vejamos o art. 77 do Código Penal: 
“A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, 
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I – o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade 
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do 
benefício;
III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste 
Código. 
§ 1º A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do 
benefício. 
§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, 
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior 
de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.”
Exercício
18. (Ministério Público – DF – 2003) Pode o Magistrado conceder sursis 
num processo, sabedor que já fora concedido sursis ao mesmo senten-
ciado em outro processo? 
a) Tudo dependerá de que tipo de delito o réu praticou. 
b) Não pode, eis que o sursis só é concedido a réus primários. 
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c) Pode, desde que preenchidos os requisitos previstos no Código Penal.
d) Não pode, tendo em vista que só compete ao Juiz das Execuções 
Criminais a concessão do sursis. 
6. Lesão Corporal Seguida de Aborto II
6.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os crimes de lesões corporais, na hipótese 
prevista no § 3º, do Código Penal, qual seja, a lesão corporal seguida de 
morte. Também será vista mais profundamente a questão do preterdolo. 
6.2 Síntese
O crime de lesão corporal seguida de morte é um típico crime preterdolo-
so, ou seja, com dolo no antecedente e culpa no consequente. 
Diz o § 3º o seguinte: Lesão corporal seguida de morte. Se resulta morte e 
as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu 
o risco de produzi-lo. Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
O crime da lesão corporal seguida de morte trata-se, em verdade, de um 
homicídio preterdoloso ou preterintencional; as duas denominações estão cor-
retas. Então, resumidamente, a lesão inicial é punida a título de dolo, enquanto 
o resultado que qualifica o comportamento inicial é praticado mediante culpa, 
no sentido de imprudência, negligência ou imperícia, conforme previsão do 
art. 19 do Código Penal. 
Os crimes preterdolosos são os crimes mistos, pois o agente é punidoa títu-
lo de dolo e de culpa. Também é sancionado por culpa por ter causado outro 
resultado além do que desejava. A lesão corporal seguida de morte é o melhor 
exemplo, pois o agente é punido pela conduta dolosa, a lesão, e pelo resultado 
culposo, a morte.
No dolo direto, a vontade do agente em busca do resultado criminoso é 
retilínea. Se o agente quer matar a vítima, ele age para que isso ocorra. 
Já no dolo eventual, o agente visa um resultado, mas assume o risco de 
produzir outro resultado, não o quer, mas assume o risco, é indiferente. Ex.: 
racha. O agente que pratica o homicídio decorrente de racha, é indiferente às 
pessoas que estão assistindo.
Na culpa consciente, o agente não deseja o resultado, embora o vislumbre, 
esperando ser possível evitá-lo.
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Na culpa inconsciente, o agente quer atingir determinado resultado, mas 
não vislumbra o que pode acontecer.
O art. 18 do Código Penal prevê: 
“Diz-se o crime:
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido 
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”
A ação penal será pública incondicionada, mas de competência do Juiz sin-
gular, ou seja, nessa hipótese, apesar do evento morte, o delito não será julgado 
pelo Tribunal do Júri.
Exercício
19. (Magistratura – SP – 2006) Ao tipificar o crime de “lesão corporal se-
guida de morte”, o art. 129, § 3º, do Código Penal (Se resulta morte e 
as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem 
assumiu o risco de produzi-lo) contempla:
a) Uma hipótese exclusiva de crime culposo. 
b) Uma forma exclusiva de dolo direto. 
c) Uma forma exclusiva de dolo eventual. 
d) Uma forma autenticamente preterdolosa.
7. Hipóteses de Diminuição de Pena e Lesão 
Corporal Privilegiada
7.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os crimes de lesões corporais, nas hipó-
teses previstas no § 4º, do Código Penal, qual seja, a lesão corporal pri-
vilegiada, além das hipóteses de substituição de pena, previstas no § 5º.
7.2 Síntese
O crime de lesão corporal privilegiada previsto no § 4º diz que se o agente 
comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob 
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o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o 
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. E diz ainda o § 5º:
“O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção 
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.”
O texto legal é idêntico ao referente ao homicídio privilegiado, previsto no 
art. 121, § 1º. 
O relevante valor social leva em consideração o interesse de ordem coleti-
va. Para o direito, relevante valor é um valor importante para a sociedade, tal 
como o patriotismo, lealdade, inviolabilidade. O relevante valor moral já é algo 
mais individual. 
Vejamos o art. 65 do Código Penal: 
“São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(...)
III – ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
(...)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento 
de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, pro-
vocada por ato injusto da vítima;
(...)
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o 
provocou, além da violenta emoção, que é chamada na doutrina de “túnel da 
emoção”, apenas se caracterizando após a injusta provocação da vítima.” 
Exercício
20. (Ministério Público Estadual – PE – 2002) Francisco teve seu carro 
furtado. Soube, por testemunhas, que o autor da subtração foi Fernan-
do. No dia seguinte, localizou-o numa via pública do bairro, dirigindo 
o veículo subtraído, e o abordou. Fernando desferiu-lhe vários golpes 
com uma barra de ferro, causando-lhe ferimentos graves, deixando, a 
seguir, o local com o automóvel que subtraíra. Diante disso, Fernando 
cometeu crime de: 
a) Furto e crime de lesões corporais graves, em concurso material. 
b) Roubo impróprio. 
c) Roubo qualificado pelo resultado, em virtude de ter resultado le-
sões corporais graves. 
d) Furto tentado e crime de lesões corporais graves, em continuação. 
e) Roubo simples e crime de lesões corporais graves, em concurso 
material. 
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8. Lesão Corporal Culposa
8.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os crimes de lesões corporais, na hipótese 
prevista no § 6º, do Código Penal, qual seja, a lesão corporal culposa. 
8.2 Síntese
A lesão corporal culposa, prevista no § 6º do art. 129, prevê a pena de de-
tenção, de dois meses a um ano quando a lesão for culposa. 
A lesão culposa é, em verdade, a figura do caput (ofender a integridade cor-
poral ou a saúde de outrem), embora com outro elemento subjetivo: a culpa. É 
um tipo aberto que depende da interpretação do juiz para poder ser aplicado. A 
culpa, conforme o art. 18, II do Código Penal, é constituída por imprudência, 
negligência ou imperícia. Portanto, lesionar alguém por imprudência, negli-
gência ou imperícia concretiza esse tipo penal incriminador. 
O conceito de culpa é o comportamento voluntário desatencioso voltado 
a um determinado objetivo lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, 
não desejado, mas previsível, que podia ter sido evitado. O dolo é a regra, a 
culpa é exceção e precisa vir delineada no tipo penal. 
Vejamos o inciso II do art. 33 do Código Penal Militar. 
“Diz-se o crime:
Culpabilidade
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II – culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, 
ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circuns-
tâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe leviana-
mente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
Excepcionalidade do crime culposo
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido 
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Imprudência é a forma ativa de culpa, comportamento sem cautela, reali-
zado com precipitação ou insensatez. Ex.: dirigir em alta velocidade, dentro da 
cidade, onde há pessoas circulando. 
Negligência é caracterizada como forma passiva de culpa. Assume atitude 
inerte por puro descuido ou desatenção, quando tem o dever de cuidado obje-
tivo. Ex.: deixar arma de fogo ao alcance de criança.
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Imperícia é a imprudência no campo técnico, pressupondo um ofício ou 
uma profissão. Incapacidade ou falta de conhecimento necessário para o exer-
cício. Ex.: do médico que deixa de tomar a cautela em relação à assepsia em 
cirurgia.
Na culpa consciente, o agente quer um determinado resultado, mas apesar 
de visualizar outro resultado possível, não o deseja. Não quer que o segundo 
resultado ocorra. 
Na culpa inconsciente, o agente quer atingir determinado resultado e não 
imagina outra possibilidade, embora seja previsível. 
Exercício
21. (Ministério Público – MG – 2009) Marque a única alternativa COR-
RETA: No meio de uma briga em uma boate, João bateu, proposi-
tadamente, seu copo de uísque no rosto de Zé, vindo a cortar-lhe o 
rosto por 14 cm, além de perfurar seu olho, diminuindo-lhe a visão. O 
Ministério Público ofereceu denúncia contra João porcrime de lesão 
grave devido a debilidade permanente da visão. Atuando como advo-
gado do assistente do Ministério Público, qual deveria ser a correta 
capitulação deste delito?
a) Tentativa de homicídio doloso, pois um copo de vidro é um objeto 
reconhecidamente letal.
b) A capitulação está correta, pois existem dois olhos, logo seu cliente 
não perdeu a visão, tendo-a apenas debilitada.
c) Lesão corporal de natureza gravíssima, considerando a deformidade 
permanente acarretada por um corte de 14 cm no rosto de seu cliente.
d) Lesão de natureza grave, mas caracterizada pelo afastamento das 
ocupações habituais por mais de 30 dias, pois qualquer pessoa que 
tem um corte deste tamanho no rosto fica sem poder tomar sol por 
mais de 30 dias.
9. Lesão Corporal Culposa no Trânsito e 
Violência Doméstica
9.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas a hipótese de lesão corporal culposa no 
trânsito (Lei nº 9.503/1997), as hipóteses que aumentam a pena do delito 
de lesão corporal (art. 129, § 7º), e ainda, a figura do 129, § 9º, trazida 
pela Lei Maria da Penha, a qual cuida da violência doméstica.
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9.2 Síntese
A lesão corporal culposa praticada no trânsito, prevista no nosso Código 
de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997), não mais se aplica, portanto, o tipo 
penal do art. 129, § 6º, à lesão corporal cometida na direção de veículo auto-
motor, pois o Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997), no seu art. 
303, estipulou um tipo incriminador específico. 
A partir de 2001, com a Lei nº 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais), 
a qual ampliou o conceito de crime de menor potencial ofensivo, os delitos 
de lesão corporal no trânsito e participação em “racha” transformaram-se em 
infrações de menor potencial ofensivo (pena máxima não superior a 2 anos).
A ação penal para o homicídio culposo será pública condicionada, de acor-
do com a regra do art. 88 da Lei nº 9.099/1995. 
Para os delitos de embriaguez ao volante, por força do art. 291, parágrafo 
único do Código de Trânsito Brasileiro, assim, apesar de ser um crime de com-
petência do juízo comum, pena de 3 anos, é possível o instituto da transação 
penal.
Em relação ao delito de lesão corporal culposa, é admitido o instituto da 
lesão composição civil, art. 74 da Lei nº 9.099.
Em relação o § 8º, trata-se de uma causa extintiva de punibilidade, que é o 
conhecido perdão judicial. 
O perdão judicial vale tanto para o homicídio, como para a lesão corporal, 
desde que ambos na forma culposa.
O juiz pode conceder o perdão judicial, se as consequências da infração 
atingir o agente de forma grave, que a sanção penal se torne desnecessária.
O § 8º constitui a aplicação legal, dado o princípio de que o homem é 
punido pelo próprio fato que ele praticou. Deve haver entre o agente e a vítima 
vínculo afetivo com razoável expressão.
Com o advento da Lei nº 9.099/1995, a lesão corporal culposa e a lesão 
corporal culposa e a dolosa leve passaram a depender de representação. 
Nos termos do § 9º, em face a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/1906, a 
qual cuida da questão da violência doméstica, e altera a questão da ação públi-
ca condicionada à representação, quando a agressão se enquadrar nos termos 
da lei. A violência contra a mulher é sinônimo de violência doméstica.
Antes da Lei Maria da Penha, os crimes cometidos pelos maridos contra 
as mulheres eram julgados pelos Jecrim, como crimes de menor potencial 
ofensivo.
A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) veda que os crimes cometidos 
contra as mulheres por seus maridos, companheiros e namorados sejam jul-
gados pelos Juizados Especiais Criminais, e tratados como crimes de “menor 
potencial ofensivo”.
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A partir dessa lei, o crime de estupro praticado pelo marido em ambiente 
familiar, será julgado pelo juizado de violência doméstica contra a mulher, 
enquanto que o mesmo crime praticado por um colega de trabalho num am-
biente de trabalho será julgado pela justiça comum.
Sexo refere-se à diferença biológica, e gênero compreende a série de signi-
ficados culturais atribuídos a essas diferenças biológicas.
De acordo com o art. 5º, parágrafo único da Lei Maria da Penha, as rela-
ções homoafetivas entre mulheres estão amparadas pela lei.
As relações entre pessoas do sexo masculino, mas com gênero feminino, 
também não estão excluídas da Lei Maria da Penha.
Exercício
22. (Delegado de Polícia – DF – 2005) Quando conduzia veículo automo-
tor, sem culpa, Fulano atropela um pedestre, deixando de prestar-lhe 
socorro, constituindo tal conduta, em tese, a prática de: 
a) Omissão de socorro, prevista no art. 135 do Código Penal. 
b) Lesão corporal culposa, com o aumento de pena previsto no art. 
129, § 7º, do Código Penal. 
c) Expor a vida de outrem a perigo, previsto no art. 132, do Código 
Penal. 
d) Omissão de socorro, prevista no art. 304, da Lei nº 9.503/1997. 
e) Lesão corporal culposa na condução de veículo automotor, com o 
aumento de pena previsto no art. 303, parágrafo único, da Lei nº 
9.503/1997. 
10. O Crime de Lesões Corporais Perante a 
Lei nº 12.720/2012
10.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos os crimes de lesões corporais perante nova 
Lei nº 12.720/2012.
10.2 Síntese
Essa lei cuida do extermínio de seres humanos, e alterou apenas 3 artigos 
do Código Penal, o 121, o 129 e o 288.
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Para compreender a alteração, é necessário compreender as alterações tra-
zidas ao homicídio pela mesma lei.
A lesão corporal prevista no art. 129 do Código Penal tem no seu caput a 
sua figura simples. Vejamos: “Art. 129. Ofender a integridade corporal ou 
a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.”
A nova lei em seu art. 3º alterou o § 7º do art. 129 do Código Penal, que 
cuida do aumento da pena para esse crime.
O texto anterior dizia o seguinte: “§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se 
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.”
A nova redação diz o seguinte: “§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) 
se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.”
O § 6º do artigo anterior também foi criado pela nova lei, e traz a seguinte 
redação: “§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime 
for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio.”
Quando falamos em milícia privada, entende-se um grupo armado de pes-
soas, civis ou não, tendo como finalidade anunciada, devolver a segurança e a 
paz retiradas das comunidades mais carentes.
Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam o espaço territorial e a pro-
teção oferecida nesse espaço, ignoram o monopólio estatal de controle social, 
valendo-se da violência ou grave ameaça para atingir os seus objetivos.
Por grupo de extermínio entende-se a reunião de pessoas, matadores, justi-
ceiros, tendo como finalidade a matança generalizada de pessoas, supostamen-
te etiquetadas como marginais ou perigosas.
Nesse sentido, quando esses termos se relacionam com a lesão corporal, 
esses grupos podem querer impor seu poder paralelo por meio de violência, 
não de morte, o que majorará a pena.
Essa nova lei é incriminadora, sendo, portanto, irretroativa.
Capítulo 3
Da Periclitação da Vida e da 
Saúde
1. Perigo de Contágio Venéreo, Perigo de 
Contágio de Moléstia Grave e Perigo para a 
Vida ou Saúde de Outrem
1.1 Apresentação
Nesta unidade, abordaremos a matéria relativa aos crimes de periclitação 
da vida e da saúde, sendo estudados os crimes de perigo.
1.2 Síntese
Periclitação é uma palavra que significa que a vida e a saúde ficaram expos-
tas a uma situaçãode perigo por conta do que o sujeito fez.
É preciso entender que os crimes aqui tratados punem a simples colocação 
de outrem em perigo.
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A doutrina trata espécies de crimes de perigo. Há o crime de perigo con-
creto, em que se deve provar que alguém realmente ficou em situação de 
risco e existe o crime de perigo abstrato, em que não há necessidade de tal 
comprovação.
O crime de perigo individual é aquele que atinge pessoas determinadas e 
o crime comum ou coletivo é aquele em que o número de pessoas é indeter-
minado.
Crime de perigo atual ocorre quando o dano acontece no presente; no cri-
me de perigo iminente, o dano está prestes a acontecer; e no crime de perigo 
futuro, há distanciamento de tempo.
O primeiro crime previsto é o crime de perigo de contágio venéreo, dispos-
to no art. 130, tendo a seguinte redação:
“Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato li-
bidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está 
contaminado:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.”
O crime de perigo de contágio de moléstia vem previsto no artigo seguinte:
“Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que 
está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
O § 1º do art. 130 traz um crime qualificado:
“§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
O § 2º estabelece:
“§ 2º Somente se procede mediante representação.”
Assim, enquanto a vítima não representar, nada pode fazer o Estado contra 
aquele réu.
Por fim, o art. 132 é chamado de crime subsidiário, pois se todos os outros 
crimes não existissem, todas aquelas condutas seriam enquadradas neste dis-
positivo:
“Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
grave.”
O parágrafo único traz a seguinte redação:
“Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a expo-
sição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas 
para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em 
desacordo com as normas legais.”
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2. Abandono de Incapaz e Exposição 
ou Abandono de Recém-nascido
2.1 Apresentação
Nesta unidade, abordaremos a matéria relativa aos crimes de periclitação 
da vida e da saúde, sendo estudados agora o crime de abandono de capaz 
e o crime de exposição ou abandono de recém-nascido.
2.2 Síntese
O art. 133 do CP traz o crime de abandono de incapaz e o art. 134 traz 
exposição e abandono de recém-nascido.
A redação do art. 134 traz:
“Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.”
É possível observar que o dispositivo traz uma elementar peculiar, um dolo 
específico. As elementares do tipo penal precisam estar preenchidas para que 
a pessoa cometa este crime.
Se do fato de abandono ou exposição resultar ao recém-nascido lesão cor-
poral de natureza grave, a pena será maior. Se resultar na morte do recém-
-nascido, a pena será de dois a seis anos. Observa-se que se trata de crime pre-
terdoloso, uma vez que há dolo na conduta e culpa no resultado.
O art. 133 traz a seguinte redação:
“Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância 
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
tantes do abandono:
Pena – detenção, de seis meses a três anos.”
Se a pessoa que foi abandonada for um idoso, será preciso que se observe o 
que traz o Estatuto do Idoso.
Quanto ao abandono do incapaz, os parágrafos trazem uma pena maior se 
do abandono resultar lesão corporal de natureza grave ou morte.
O § 3º do art. 133 traz causas de aumento de pena:
“§ 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou 
curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.”
No Direito Penal, prevalece o Princípio da Taxatividade e, portanto, o com-
panheiro não entra no inciso II.
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3. Omissão de Socorro, Condicionamento 
de Atendimento Médico-hospitalar 
Emergencial e Maus-tratos
3.1 Apresentação
Nesta unidade, abordaremos a matéria relativa aos crimes de periclitação 
da vida e da saúde, sendo estudados os crimes de omissão de socorro, 
condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial e maus-
-tratos.
3.2 Síntese
Omissão de socorro é um crime omissivo próprio.
Dispõe o art. 135 do Código Penal:
“Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro 
da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta 
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.”
O crime de maus-tratos vem previsto no art. 136 do mesmo diploma legal:
“Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, 
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a 
a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou 
disciplina:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.”
Os parágrafos deste dispositivo estabelecem:
“§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos.”
O art. 135-A traz o crime de condicionamento de atendimento médico-
-hospitalar emergencial:
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“Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, 
bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como con-
dição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.”
Nota-se que o verbo do tipo é exigir e não solicitar, ou seja, se houver solici-
tação o sujeito poderá se recusar e o atendimento deverá ser feito.
Ainda, é preciso entender que o atendimento deve ser emergencial, ou seja, 
sem emergência, não há que se falar neste crime.
Outro ponto que deve ser observado é que para que este crime esteja ca-
racterizado, é preciso que o hospital, atendente ou alguém previamente faça 
esta exigência. Isso porque, se houver atendimento e depois pedido do cheque-
-caução, não haverá este crime.
Exercício
23. No crime de abandono de incapaz, a pena aumenta-se de 1/3, exceto:
a) Se o abandono ocorre em lugar ermo.
b) Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou 
curador da vítima.
c) Se resulta na morte do incapaz.
d) Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Capítulo 4
Crimes contra a Honra
1. Crimes contra a Honra – Introdução
1.1 Apresentação
Nesta unidade, iniciaremos o estudo dos crimes contra honra.
1.2 Síntese
A honra pode ser objetiva: reputação social, atributos morais, intelectuais 
ou físicos, o que as pessoas pensam a nosso respeito ou subjetiva: autorrespeito, 
o que nós pensamos de nós mesmos.
No crime de calúnia, protege-se a honra objetiva, bem como no crime de 
difamação.
No crime de injúria, protege-se a honra subjetiva.O consentimento do ofendido exclui o crime, por ser a honra bem jurídico 
disponível. Quando isso ocorre, de acordo com Cesar Bittencourt exclui-se a 
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tipicidade; já conforme Damásio, exclui-se a ilicitude. Já outros doutrinadores 
adeptos da Teoria Conglobante defendem que se exclui a tipicidade material.
Há crimes contra a honra previstos em legislação esparsa, como no Código 
Eleitoral, na Lei de Segurança Nacional e no Código Penal Militar.
O STF entendeu que a Lei de Imprensa não foi recepcionada pela Cons-
tituição, portanto, não se aplica mais seus dispositivos, e sim o Código Penal.
A Imunidade Parlamentar está prevista no art. 53 da CF. Vejamos: 
“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quais-
quer de suas opiniões, palavras e votos.”
Para haver a imunidade parlamentar deve ocorrer a pertinência temática. O 
STF entende que a ofensa proferida dentro do Congresso é imune, mas, fora, não.
Súmula nº 245 do STF está desatualizada, pois hoje há 2 posicionamentos.
Segundo o STF, quando ocorre a imunidade parlamentar, se trata de uma 
hipótese de exclusão da tipicidade. Se o parlamentar não pratica o fato típico, 
aquele que é partícipe também não responde por nada.
Exercícios
24. (Ministério Público – DF – 2009) Calúnia atinge a honra objetiva, 
enquanto a difamação e injúria atingem a honra subjetiva.
25. (Magistratura TRT 1ª Região 2012 – Cespe) O objetivo único jurídico 
da injúria é a honra objetiva da vítima.
2. Elementos Objetivos e Diferenciações
2.1 Apresentação
Estudaremos os tipos objetivos dos crimes contra a honra.
2.2 Síntese
A calúnia é a imputação de fato definido como crime a outrem. Fato espe-
cífico, determinado, considerado crime.
Deve haver a elementar falsamente: fato ou autoria falsa.
A difamação é a imputação de fato ofensivo à reputação da vítima, que não 
é considerado crime. Esse fato pode ser verdadeiro ou falso, definido como 
contravenção penal, com ofensa à honra objetiva. 
Ocorre quando o difamante quer ofender a honra alheia.
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Á injúria não se imputa fato, há a atribuição de qualidade negativa. O fato 
deve ser vago impreciso, com adjetivos negativos.
Falar que outra pessoa é corrupta, não é calúnia e sim injúria. Qualidade 
negativa são adjetivos.
Embora na calúnia exista elementar falsamente, em alguns casos, mesmo 
se o fato imputado for verdadeiro, haverá a calúnia.
Exercício
26. A calúnia consiste em imputar, falsamente a alguém, fato definido 
como crime ou contravenção.
27. Para caracterização do delito de difamação, é indiferente que a impu-
tação seja falsa ou verdadeira.
28. A distinção entre injúria e difamação é que nesta o agente atribui fato 
ofensivo à reputação da vítima.
3. Tipo Objetivo
3.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos as peculiaridades dos crimes contra a honra.
3.2 Síntese
A calúnia, imputação de fato criminoso a alguém, de acordo com o § 1º 
do art. 138 do Código Penal, também responde pelo crime aquela pessoa que 
tendo consciência da calúnia, divulga a outros.
Formas de calúnia:
I – explícita;
II – implícita ou equívoca. Não imputa diretamente o fato;
III – reflexa: também imputa crime a outra pessoa, envolvendo reflexamen-
te outra pessoa no suposto crime.
Na injúria, deve ser imputada uma qualidade negativa a outrem, e o fato 
pode ser impreciso, genérico.
Além de palavras, pode haver outro meio de cometer injúria, pela agressão 
(tapa na cara com intuito de humilhar). Ofende além da honra, a integridade 
corporal. Além da injúria, responde pela lesão corporal.
Na injúria, pode haver imputação de fato determinado considerado crime, 
desde que somente na presença da vítima, uma vez que é necessário, que para 
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que ocorra calúnia ou difamação, outras pessoas devam saber. Neste caso, a 
ofensa é apenas à honra subjetiva, mesmo que o fato seja falso
A injúria real ofende a honra e integridade corporal. De acordo com o art. 
140, § 2º, a injúria consiste em violência ou vias de fato que por sua natureza 
ou pelo meio empregado se considera aviltantes. Pena: detenção de 3 meses a 
1 ano e multa além da pena correspondente à violência. 
É um crime de injúria e lesão corporal.
Há casos de violências que respondem como injúuria e crime autônomo.
Se a injúria for real, há pena bis in idem.
Exercício
29. Uma pessoa, em ambiente reservado, disse a um funcionário público: 
“Eu sei que você recebeu dinheiro para arquivar um procedimento.” 
Qual é o crime cometido?
4. Sujeitos dos Crimes
4.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos a injúria preconceituosa e analisaremos 
quais são os sujeitos dos crimes contra a honra.
4.2 Sintese
A injúria preconceituosa está prevista no art. 140, § 3º, do CP.
É a injúria que consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, 
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Injúria preconceituosa não é a mesma coisa Racismo.
A injúria preconceituosa atinge a honra subjetiva e é prescritível, segundo 
o STF.
O racismo promove a segregação, ofende a dignidade humana e atinge a 
coletividade.
Sujeitos dos crimes contra a honra: 
I – sujeito ativo: qualquer pessoa;
II – sujeito passivo: peculiaridades.
A pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia, conforme a doutrina majo-
ritária, sim, uma vez que pode cometer crime ambiental. O STF e STJ não 
admitem.
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Em relação à difamação a doutrina admite que a pessoa jurídica seja vítima, 
O STF admite; porém, o STJ não admite.
A pessoa jurídica não pode ser vítima de injúria. Não há como ofender 
honra subjetiva de pessoa jurídica.
Morto pode ser sujeito passivo de calúnia. A calúnia contra morto é punida, 
contudo, o sujeito passivo é o familiar. Em relação à difamação e injúria, não 
há dispositivo legal e não se admite.
Em relação ao menor de 18 anos ou inimputável, há calúnia, de acordo 
com a doutrina majoritária.
Em relação à difamação, pode ser sujeito passivo.
Em relação à injúria, pode ser sujeito passivo, desde que tenha capacidade 
de entender a ofensa.
Desonrados: podem ser sujeitos passivos, pois mesmo desonrados, sempre 
há um resquício de honra.
Exercício
30. (Ministério Público – SP – 2010) O Prefeito de uma cidade do interior 
de São Paulo, durante o discurso na cerimônia pública, chamou um 
funcionário público ali presente, sobre quem recaía suspeita de prática 
de ilícito penal, de negro sujo. Qual a tipicidade da conduta em face 
da existência de eventual suspeita de conflito aparente de normas a 
incidir sobre o fato?
5. Tipo Subjetivo do Crime e Tentativa de 
Injúria
5.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos o tipo subjetivo dos crimes.
5.2 Síntese
Os elementos subjetivos do tipo são:
I – dolo: consciência e vontade de estar imputando falsamente a prática de 
um fato definido como um crime ou fato ofensivo à reputação, ou consciência 
e vontade de estar ofendendo a dignidade e o decoro da vítima.
II – especial: o animus, firme propósito de ofender a honra da pessoa.
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III – animus: caluniandi, difamandi, injuriandi;
IV – deve haver a intenção de ofender, se não houver intenção, mesmo 
ofendendo a honra, não há crime de injúria;
V – deve haver o animus jocandi, criticande.
De acordo com o art. 138, § 1º, responde também pelo crime de calúnia, 
aquela pessoa que sabendo da falsa imputação, a propala ou divulga. Para isso, 
exige-se o dolo direto.
O crime praticado quando está com os ânimos exaltados,

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