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RESENHA CRÍTICA Sabrina de Oliveira Pinto* A seguir, uma análise crítica, tendo como bases principais os textos Sociologia da Educação: Campo de Conhecimento e Novas Temáticas (v. 15, p. 95-117) de Maria Gohn, A Sociologia da Educação: Para Quê? Teoria e Educação (n. 3, 1991, p. 29-42) de Baudelot e A Sociologia da Educação Entre o Funcionalismo e o Pós-modernismo (p. 13-28) de Tomaz Silva. *** GOHN, Maria da Gloria. Sociologia da Educação: Campo de Conhecimento e Novas Temáticas. Educação Linguagem, v. 15, p. 95-117, 2012 Este texto retrata os fundamentos teóricos da sociologia da educação, através de autores clássicos e contemporâneos, nacionais e internacionais, e as principais temáticas. Tem como função principal ajudar pesquisadores e profissionais que trabalham com a disciplina na escola básica brasileira. São diversos os autores abordados neste texto, com suas particularidades, metodologias e muitos deles adeptos do marxismo, e teóricos da sociologia da educação. E ao concluir, aborda resultados do desenvolvimento da Sociologia da Educação como disciplina curricular no Brasil. E as influências dos autores mencionados no conjunto do texto, nas atuais abordagens. Um tema interessante, que põe de encontro autores que contribuem para o fortalecimento e enriquecimento da Sociologia da Educação no Brasil. Diante de todos esses fatos que vêm ocorrendo no Brasil, nestes últimos anos, é importante para professores e alunos se integrarem de forma crítica, e teórica ao que eles estão vivenciando na prática. *** BAUDELOT, Christian. A sociologia da educação: para quê? Teoria e Educação, n. 3, 1991, p. 29-42. Neste texto, Baudelot reflete sobre a Sociologia da educação, a partir do questionamento “É útil ou inútil ensinar a Sociologia (em geral) e a Sociologia da Educação ( em particular) aos futuros professores?”. Baseia-se nas pesquisas feitas por E. Durkheim, fundador da Sociologia da Educação na França e no exterior, e o primeiro a formular suas próprias respostas para essa pergunta, unindo o teórico e o empírico. Ele trata das relações sociais que afetam a instituição escolar. Como a diversidade do corpo discente, que não recebia a devida prioridade. Ele propõe que a Sociologia da Educação deve ser ensinada desde aos alunos do ensino normal aos professores do secundário. E a importância da apropriação dos métodos sociológicos pelo professor, para que ele passe a entender o sistema de ensino, a diversidade do seu corpo estudantil, que através da prática ele possa chegar a respostas teóricas. “A Sociologia da educação permite aos professores distinguir na escola entre o que depende dele e o que não depende”. Ao discorrer do texto, Baudelot faz uma breve apresentação da importância dos estudos de Durkheim para a educação e para a escola e a sua militância da moral laica. Para ele tudo era social na educação, a escola era uma instituição que socializava novas gerações. Durkheim se preocupava com o processo educacional e a maneira como a sociologia poderia servir para que a educação francesa se desvencilhasse das amarras religiosas existentes em seu tempo. Os esforços para conferir um estatuto científico à Sociologia e as primeiras análises propriamente sociológicas do processo educativo se mantiveram juntas. Essas análises tinham relação com a possibilidade de se instituir uma educação de cunho laico e republicano, em contraposição à presença religiosa e monarquista no sistema de ensino francês. Esse texto aborda também a importância da democratização do ensino. Como a política da meritocracia não se valia quando eram intelectuais versus operários (20% e 80% respectivamente), divisão feita pela escola capitalista da época. Este texto leva ao leitor contemporâneo a fazer uma análise comparativa da progressão do ensino, das conquistas, da política esquerdista e da importância das influências das classes sociais na diversificação do corpo doscente e na luta por igualdade de ensino. SILVA, Tomaz Tadeu da. A sociologia da educação entre o funcionalismo e o pós-modernismo. In: _____. O que produz e o que reproduz em educação. Ensaios de sociologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. p. 13-28 Este texto contém, 10 páginas e 07 subtítulos. O objetivo deste artigo é cartografar temas sobre a Sociologia da Educação, baseando-se em teorias de autores como Althusser, Bowles, Gintis, Baudelot, Establet, Wilis, Michael Young, Bourdieu e Passeron. Silva trata das diferentes ideologias, processos sociais, distinções teóricas da SE, desde o paradigma do funcionalismo ao pós-modernismo, não como uma evolução ou desenvolvimento da disciplina, mas como um renascimento da mesma. No tópico “Sociologia da Educação: uma ou várias?” revemos uma discussão já feita no texto “Sociologia Da Educação: Para quê?” de Baudelot, onde há esse questionamento sobre a Sociologia da Educação em sua totalidade, com a heterogeneidade de referenciais teóricos e ideológicos e que também há dois lados que quebram essas diferenças, que a Educação tem papel fundamental na transmissão, inculcação, moldagem e manipulação das consciências para a produção e reprodução das classes e sobre a importância da unificação da teoria e da prática neste mesmo tema. Para o autor a SE era uma “disciplina acadêmica altamente envolvida numa aceitação e numa justificação da ordem existente”, entrando aí no funcionalismo. *** A Sociologia da Educação tornou-se uma peça importante para a sociologia em geral. Os três textos reforçam a discussão sobre a importância do ensino da Sociologia da Educação para os professores. E sim, é muito importante para a compreensão da sociedade externa, da diversidade do corpo discente e até mesmo para tomar consciência sobre o seu papel de agente provocador de opiniões, o poder de induzir o questionamento crítico sobre as práticas sociais e a subjetividade. A inclusão dos estudos da diversidade nas grades curriculares das escolas, e as relações da sociologia da educação com a cultura, a tecnologia, com as classes e a conversação entre sociólogos, pedagogos, antropólogos pesquisadores e professores em geral foram abordados de forma descritiva e fortalecedor da ideia central que é a importância do estudo e a função da Sociologia da Educação. Apesar de contextos, linguagem e anos diferentes, os autores manteram-se fies a importância do teórico e do prático andarem juntos, para obter um resultado favorecedor às reflexões e questionamentos dentro da Sociologia da Educação. Referências Bibliográficas: GOHN, Maria da Gloria. Sociologia da Educação: Campo de Conhecimento e Novas Temáticas. Educação Linguagem, v. 15, p. 95-117, 2012 SILVA, Tomaz Tadeu da. A sociologia da educação entre o funcionalismo e o pós-modernismo. In: _____. O que produz e o que reproduz em educação. Ensaios de sociologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. p. 13-28 BAUDELOT, Christian. A sociologia da educação: para quê? Teoria e Educação, n. 3, 1991, p. 29-42. DURKHEIM, Émile. El socialismo. Madrid: Nacional, 1982. P. 287-8